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TEORIA DO CRIME

Estrutura do Crime
Teoria do Crime – é a parte do Direito Penal que nos ajuda a compreender o
que é o crime. A teoria do Crime é uma construção dogmática que nos proporciona o
caminho lógico para averiguar se há crime em cada caso concreto.
O conceito de Crime é visto em dois sentidos - sentido formal e sentido
material.
Crime em sentido formal é definido como facto voluntário declarado punível
pela lei penal. (art. 1 do CP). O crime é um facto Social em que cada crime é um crime,
não existem crimes iguais, porque cada crime tem a sua história, sua individualidade.
Crime em sentido material – é um facto, um comportamento humano voluntário
que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos fundamentais. Ou ainda, Crime é um
facto humano que é típico, ilícito e culpável.

Acção: é tomada como sinonimo de comportamento humano.


Classificação dos Crimes quanto à acção. As acções no Direito Penal podem
ser: acção comissiva – consiste num facere e acção omissiva – consiste num non
facere.
Não há crime sem acção, não admitimos a adoção de crimes de mera suspeita
(agente é punido pela suspeita despertada por seu modo de agir)
Acção Comissiva / Crimes comissivos → são crimes em que seu tipo penal
incriminador prevê uma conduta positiva, de acção, de fazer. São as chamadas normas
proibitivas, que proíbem a realização de determinados comportamentos.
Acção omissiva / Crimes Omissivos → Tais crimes ao contrário do último
tratado, impõe a realização de um comportamento, de uma ação, portanto a não
realização desta ação importa na ocorrência do crime omissivo. São chamadas normas
preceptivas, aquela que exige um comportamento positivo do agente. Ou seja consiste
na abstenção de uma actividade que o agente devia e podia realizar.
A omissão poderá ter relevância penal tanto quando o agente não faz o que
deveria ser feito, ou quando faz algo diferente do que era o imposto por lei.
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Existem duas espécies de crimes omissivos: Crimes omissivos próprios ou
puros e Crimes omissivos impróprios ou impuros.

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Crimes omissivos próprios ou puros o legislador impôs o dever de agir no
próprio tipo penal incriminador (preceito preceptivo). São crimes de mera conduta, nos
quais o legislador não estabeleceu nenhum resultado naturalístico, descrevendo
simplesmente o acto omissivo (conduta negativa), e consequentemente, estabelecendo
uma regra genérica de agir para não incorrer no mesmo. A simples omissão é causa
suficiente para a consumação, independente de qualquer resultado consequente. (Ex.
Art. 250.º CP).
Crimes omissivos impróprios ou impuros ou Comissivos por omissão, o
sujeito ativo da infração é punido em um tipo penal incriminador que descreve o
resultado que ele deveria ter impedido, mas não impediu. São chamados agentes
garantidores. Caso tais agentes se omitam, e sua omissão colabore para a produção do
resultado descrito em um tipo comissivo, tal resultado será atribuído ao omitente. Ex.
Salva vidas que se omite em um socorro, poderá ser responsabilizado no tipo comissivo
de homicídio, em caso de morte da vítima.
Garantidores: pais, professores, médicos, bombeiros, agentes de segurança
pública, etc.
A omissão penalmente relevante é aquela que resulta de um dever Jurídico de
agir para evitar o resultado típico. Esta obrigação jurídica de agir tem como fonte:
 A Lei;
 Negocio Jurídico ou Contrato;
 Uma situação de perigo criada pelo próprio omitente;

Hipóteses de exclusão de conduta:


1. Coação física e moral Irresistível - Elimina a voluntariedade.Ex: uma
pessoa arrastada pelo vento atinge fortemente outra pessoa e causa fortes
lesões. Neste casonão é possível imputar dolo ou culpa, ou seja, a conduta
não é considerada.
2. Actos reflexos – Os atos reflexos são movimentos corpóreos, que ocorrem
estimulados por fatores externos. Excluem a conduta e a responsabilização
penal, em razão da ausência da voluntariedade. Ex:uma pessoa sofre choque
elétrico e, no ato de reflexo, atinge outrem vindo a causar-lhe lesões.
3. Estados de inconsciência - eliminam a consciência do agente, e assim o 4

dolo e a culpa, como o sonambulismo e hipnose.


4. Facto natural e actos de animal.

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Nexo de causalidade
É a relação de causalidade/causa e efeito entre conduta e resultado, que é a
modificação de algo no mundo exterior. Vale lembrar que nem todo crime possui
resultado, e consequentemente, também não terá nexo causal.
Teorias sobre relação de causalidade.
a) Teoria da equivalência dos antecedentes causais ou da conditio sine qua
non. De acordo com tal teoria, tudo que concorre para o resultado é causa, e havendo
mais de uma condição concorrendo para o evento criminoso todas se equivalerão na
causalidade.
b) Teoria da Causalidade Adequada – de acordo com essa teoria a causa é a
condição mais adequada a produzir o resultado.
c) Teoria da Imputação Objetiva – Essa teoria procura limitar a causalidade
natural fundada na Teoria da equivalência dos equivalentes causais. Para tanto procura
encontrar critérios mais objetivos para a verificação da existência de relação de
imputação entre conduta e resultado. O que ela pretende efetivamente observar é se o
agente produziu um risco juridicamente relevante e proibido ao bem jurídico.
As causas podem ser:- Absolutamente Independentes - Relativamente
Independentes.
Causa Absolutamente Independente: não tem nenhuma vinculação com
actividade criminosa, surgem por si mesmas, e portanto não podem ser atribuídas a ele.
São aquelas causas que produzem resultados ainda que não houvesse qualquer conduta
do agente
Causa Absolutamente Independente são divididas em 3 espécies:
a) Absolutamente independentes Pré-existentes (Anterior à conduta do
agente) Ex: Uma pessoa vai à casa de outra, para matá-la, dispara os tiros e
posteriormente o laudo aponta que a pessoa já estava morta por envenenamento.
b) Absolutamente independentes Concomitantes/causa hipotetica
(Simultânea à conduta do agente) Ex.: Um sujeito atira duas vezes e erra e antes de
atirar a terceira vez, o teto desaba sobre a vítima, e ela morre.
c) Absolutamente independentes Supervenientes/interrupção o nexo de
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causualidade (Posterior à conduta do agente) Ex: O agente entra na casa da vítima e
atira, mas não a mata, causando apenas ferimentos não letais. Após a sua saída da casa a

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mesma desaba matando a vítima. Não sendo a conduta do agente causadora da morte da
vítima.
Causa Relativamente independente. Esta Causa tem ligação com a ação do
criminoso, ou seja, está agregada a conduta do agente constituindo em regra concausa
na produção do resultado com base na teoria da equivalência das condições.

Causas relativamente independentes são divididas em 3:


a) Relativamente independente Pré-existente (Anterior à conduta do agente)
Ex: o agente atira em local não letal na vítima e não a mata, mas a pessoa era
hemofílica e tal doença produz uma hemorragia fora do comum causada pelo tiro,
levando a vítima a morte.
b) Relativamente independente Concomitantes/causa hipotética (Simultânea a
conduta do agente)
Ex: o agente atira na direção de uma pessoa, e ela morre vítima de parada cardíaca
causada pelo susto (nexo entre a ação do agente e o fato).
c) Relativamente independente Superveniente (Posterior à conduta do agente).
Ex: Um agente atira e não consegue matar. A pessoa é levada em uma ambulância para
o hospital, porém um acidente ocorrido no caminho causa a morte da vítima.

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