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Teoria Geral
Evolução histórica
• Início do Direito Comercial:
1 fase (época medieval): Corporações de ofício; caráter privado e subjetivo das regras
2 fase (1808 – Código Francês “napoleônico”): Codificação das regras ; teoria dos atos
de comércio (objetivação do direito) e monopólio estatal com a formação do Estado
Moderno (não abarcava atividades de prestação de serviço, atividades rurais,
negociação de imóveis, etc – não deu ao direito comercial a necessária abrangência,
se resumia, em geral, a atividades de troca, mas com o passar do tempo o comércio se
mostrou bem mais complexo e diversificado )
3 fase (1942 – Código italiano) : teoria da empresa (em sentido jurídico, empresa
significa QUALQUER atividade econômica organizada e não o local, bens ou sociedade,
apenas. Empresário, por sua vez, é quem exerce, profissionalmente, essa atividade. O
foco do direito comercial deixa de ser o ato comercial em si, e a natureza deste ato,
passando a preocupar-se com a forma do ato, sendo assim, qualquer ato pode passar
a ser considerado comercial a depender da forma como seria exercido. O direito
empresarial passa, assim, a ter a abrangência devida e requisitada pelo mundo
moderno capitalista).
Atualidade
Princípio da função social da empresa : o funcionamento da empresa envolve muito
mais do que a simples busca de um retorno positivo do capital empregado. Ainda que
preservada a busca pelo lucro, a empresa deve estar atenta a sua inserção no tecido
social de forma participativa e solidária.(Art. 5º, inc. XXIII, da CF). Projeta-se, por
exemplo, através do cuidado e da defesa do consumidor, da preservação do meio
ambiente ecologicamente equilibrado, etc.
Empresa e empresário
• Art.966, CC. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços. (traz, implicitamente, o conceito de empresa=atividade)
• Empresário (empresário individual ou sociedade empresária) :
a)Profissional(exerce atividade habitualmente, assumindo os seus riscos)
b)Exerce atividade econômica (lucratividade)
c)Com organização ( articula os diversos fatores de produção: capital, mão
de obra, insumos e tecnologia = técnica)
d)Para produção ou circulação de bens ou serviços (abrangência da
atividade empresarial = qualquer atividade = teoria da empresa)
Empresário individual – pessoa física que exerce individualmente a atividade
empresarial (responsabilidade ilimitada)
Sociedade empresária – pessoa jurídica que personifica para os fins da lei a
atividade empresarial (sócio não é empresário) + Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada - EIRELI( novo inciso VI do art.44 e novo art.980-A,
do CC)
•
Obrigatoriedade do registro
Art. 967, CC. É obrigatória a inscrição do empresário no registro público de empresas mercantis da
respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Registro Público de empresas = Junta Comercial
Serve para promover a regularidade da atividade empresarial, não para sua caracterização = Efeito
declaratório do registro (empresário sem registro encontra-se meramente em situação irregular)
Finalidades do registro empresarial: publicidade, segurança, controle, eficácia, etc (Art.29, da Lei 8.934 de
1994)
• Art.969, CC. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro
registro público de empresas mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição
originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no
registro público de empresas mercantis da respectiva sede.
Outros atos praticados pela Junta Comercial: Autenticação dos livros empresariais e matrícula dos
auxiliares do comércio ( tradutores, leiloeiros, etc)
Situações excepcionais
• Situações excepcionais de alguns agentes econômicos:
-Profissionais liberais (atividade econômica apenas constitui
empresa se for mero elemento da cadeia empresarial, ou seja, se
estiver absorvida pelos fatores de produção ) – Art.967, parágrafo
único, CC
-Atividade rural (registro facultativo e simplificado) – Art.970, 971 e
984,CC
-Sociedades anônimas (não importa a atividade, sempre constituirá
empresa) – Art.982, CC
-Cooperativas (não importa o objeto, não configurará empresa) –
Art.982,CC
- EIRELI (a inscrição no seu caso tem poder constitutivo, qualificando
o empresário individual como pessoa jurídica, preservando o seu
patrimônio pessoal, caso o capital social esteja integralizado) - Art.
980 – A, CC
Impedimentos
• Quem não pode exercer atividade empresarial?
Os impedidos = pessoas plenamente capazes para os atos da vida civil, mas impedidas por
lei em virtude de alguma situação funcional ou penal. Exs:
1) Magistrados e membros do MP, Deputados e Senadores
2) Funcionários públicos (Art. 117, X, Lei 8112 de 1990)
3) Militares da ativa (Art. 29, Lei 8880 de 1980)
4) Condenados por alguns crimes ( Art. 1.011,§1,CC)
Os incapazes = aqueles que não se encontram em pleno gozo da sua capacidade civil, ou
seja, capacidade de assumir por si só direitos e obrigações (Art. 3º, 4º e 5º, do CC)
Os incapazes podem, excepcionalmente, obter autorização judicial para exercer a atividade
empresarial em caso de necessidade de continuação da atividade, em virtude de incapacidade
superveniente ou sucessão empresarial (Art. 972 a 976,CC – princípio da preservação da
empresa)
• E se algum impedido exercer a atividade empresarial ?
Ele responderá pelas obrigações contraídas (Art. 973, CC) e será considerado irregular,
arcando com as penalidades que a lei estabelecer, por exemplo, a incidência em crime
falimentar em caso de falência, já que não possui direito à recuperação judicial ( Art. 48, da Lei
de Falências)
Observação: SÓCIO=EMPRESÁRIO ? NÃO!!!
Incapaz e impedido podem ser sócios de sociedade empresarial, contanto que não seja
administrador ou sócio com responsabilidade ilimitada (porque, neste caso, se
assemelhariam ao empresário individual)
Registro Empresarial
• Arquivamento (registro do ato constitutivo da empresa)
Art.29, Lei 8934 – acesso público aos registros, sem necessidade de prova de interesse
Art.36, Lei 8934 – prazo para realização do ato de arquivamento = 30 dias
Art. 36. Os documentos referidos no inciso II do art. 32 deverão ser apresentados a arquivamento na
junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do
arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a partir do despacho que o
conceder.
Art.40, Lei 8934 – exame da formalidade do ato levado para arquivamento
OBS.: Já há projeto para extinguir essa dicotomia e todas as empresas passarem a ser registradas
através de denominação, já que a utilidade da firma (possibilitar a assinatura e registro da
empresa através do seu nome empresarial) na prática não é reconhecida. O sócio ou empresário,
em que pese possuir uma “firma” empresarial, usualmente, assina o seu nome civil nos
documentos pertinentes na própria Junta Comercial.
Nome Empresarial
• Princípios:
Veracidade – o nome empresarial possui a finalidade de identificar de maneira fidedigna o empresário,
de modo que se este princípio não for observado o empresário poderá arcar com consequências
patrimoniais, como registrado nos § 3º , Art. 1.158 e parágrafo único do Art. 1.157, do CC. (vide
também o art. 1.165, CC.)
Novidade – o nome empresarial deve ser novo, não podendo ser igual ou muito semelhante a outro já
registrado. A proteção decorrente desta proibição é restrita ao território da Junta Comercial, ou seja,
limita-se à área de abrangência do estado na qual o empresário foi registrado. A fiscalização compete as
Juntas Comerciais a partir do registro (≠ marca = possui proteção em todo território nacional)
Art. 1.166, CC. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as
respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do
respectivo estado. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território
nacional, se registrado na forma da lei especial. (pedido especial formulado perante o DNRC – Lei 8.934
de 1994)