You are on page 1of 3

Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

9o EP 2016/2 EAR Matemática Semana 11 - NA 9 Gabarito Coords. C. Maia & H. Clark

Exercı́cio 1. (a) Seja f : R → R uma função tal que

|f (x) − f (a)| ≤ K|x − a| para todo x ∈ R e K > 0. (?)

Mostre que f é contı́nua em a por meio da definição ( e δ - Definição 9.1 das NA 9);
(b) Mostre, por meio do critério sequencial, que a função f : R → R dada por f (x) = x2 +3 é contı́nua
em x0 = 2.

Prova: (a) Aqui deve-se seguir o roteiro de demonstração de continuidade pela definição, que é muito
parecido com o roteiro para a demonstração de limite pela definição. Seja  > 0 dado; deve-se
determinar δ = δ() > 0 tal que se x ∈ R e |x − a| < δ então |f (x) − f (a)| < . Ora, fazendo-se
um rascunho (faça!! você terá que saber fazer sozinho) e usando a hipótese (?) descobre-se que basta
tomar δ = /K > 0. De fato, seja x ∈ R tal que |x − a| < δ = /K. Então tem-se por (?) que

|f (x) − f (a)| ≤ K|x − a| < Kδ = K = .
K
Assim, se |x−a| < δ então |f (x)−f (a)| < . Logo, para cada  > 0 mostrou-se que existe δ = /K > 0
tal que para todo x ∈ R, se |x − a| < δ então |f (x) − f (a)| < . Logo, por definição, f é contı́nua no
ponto a. 2
(b) Seja (xn )n∈N uma sequência qualquer em R = Dom f tal que xn → 2 quando n → ∞. Como
x0 = 2 ∈ R = Dom f e f (2) = 7, é preciso mostrar a partir da hipótese anterior que a sequência de
imagens (f (xn ))n∈N converge para 7.
Ora, mas a seguinte linha de raciocı́nio é verdadeira por resultados de limite de sequência já
estudados:
lim xn = 2 ⇒ lim x2n = 4 ⇒ lim (x2n + 3) = 7.
n→∞ n→∞ n→∞

Portanto, sendo f (x) = x2 + 3 para x ∈ R, tem-se que

lim f (xn ) = lim (x2n + 3) = 7 = f (2).


n→∞ n→∞

Mostrou-se que: para toda sequência em R = Dom f que converge para 2, a sequência das
imagens tende a f (2) = 7. Por isto, pelo critério sequencial para continuidade tem-se que a função f
é contı́nua em x = 2.
Atenção: está errado, como indica o próprio enunciado do critério sequencial, usar sequências par-
ticulares para mostrar a continuidade de uma função num ponto. Note que o critério diz para toda
sequência que converge para o ponto, ....

Exercı́cio 2. Mostre, procedendo como no item (a) do Exercı́cio 1, que a função f do item (b) do
mesmo exercı́cio é contı́nua no intervalo [a, b] para todos a, b ∈ R positivos e a < b.

1
Prova: Seja c um ponto qualquer em [a, b]. Usando a definição de f tem-se que |f (x) − f (c)| =
|x2 − c2 | = |x − c||x + c|. Pela desigualdade triangular (Proposição 2.2), |x + c| ≤ |x| + |c| = b + c.
Portanto,
|f (x) − f (c)| ≤ (b + c)|x − c| para todo x ∈ [a, b].
Desta desigualdade e usando o item (a) do Exercı́cio 1 tem-se para todo  > 0 que δ = /(b + c) > 0
satisfaz a condição de que f é contı́nua em [a, b]. Faça todos os detalhes e convença-se desta afirmação
final.

Exercı́cio 3. Seja f : R → R definida por

 1

se x > 0,
f (x) = x
0 se x ≤ 0.

Mostre que f não é contı́nua em x = 0.


Sugestão: use o critério sequencial.

Prova: Pelo critério sequencial de descontinuidade, para mostrar a descontinuidade de f em x = 0


basta exibir uma sequência particular, (xn )n∈N , de pontos do domı́nio de f , que convirja para 0 e
tal que a sequência de imagens (f (xn ))n∈N não convirja para f (0) = 0. Por exemplo, a sequência
((−1)n /n)n∈N converge para 0 mas a sequência de imagens é (0, 2, 0, 4, 0, . . . , ), que é divergente.

Exercı́cio 4. Seja f : R → R a função de Dirichlet, isto é



1 se x ∈ Q,
f (x) =
0 se x ∈ R \ Q (irracional).

Mostre que f é descontı́nua em todo ponto de R usando o Critério Sequencial para Descontinuidade.

Prova: É suficiente mostrar a descontinuidade de f em um ponto α ∈ R qualquer fixado. Sendo α ∈ R


há duas possibilidades: α ∈ Q ou α ∈ R \ Q. Inicia-se pelo primeiro caso. Seja α ∈ Q ⊂ R. Então
α ∈ R é ponto de acumulação de R \ Q, e daı́, pelo estudado acima existe uma sequência (βn )n∈N ,
com βn ∈ R \ Q tal que lim βn = α. Por hipótese (definição de f ) f (βn ) = 0 para todo n ∈ N e
n→∞
f (α) = 1. Portanto,
lim f (βn ) = 0 6= f (α) = 1. (∗)
n→∞

Agora, considera-se que α ∈ R \ Q ⊂ R. Note que, α ∈ R é ponto de acumulação de Q, e portanto,


existe uma sequência (γn )n∈N , com γn ∈ Q tal que lim γn = α. Por hipótese (definição de f ),
n→∞
f (γn ) = 1 para todo n ∈ N e f (α) = 0. Portanto,

lim f (γn ) = 1 6= f (α) = 0. (∗∗)


n→∞

De (∗) e de (∗∗) tem-se o resultado desejado.

Exercı́cio 5. Sejam f : X ⊂ R → R contı́nua em x0 e f (x0 ) > 0. Mostre que existe uma vizinhança,
Vδ (x0 ), de x0 na qual f (x) tem o mesmo sinal que f (x0 ). Ou seja, existe δ > 0 tal que f (x) > 0 para
todo x ∈ X ∩ (x0 − δ, x0 + δ).
Sugestão: Utilize a definição de continuidade para o caso particular de  = f (x0 )/2.
Lembre-se que: x ∈ Vδ (x0 ) ⇔ x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) ⇔ |x − x0 | < δ.

2
Prova: Por hipótese f é contı́nua em x0 . Então, por definição, para todo  > 0 dado existe δ = δ > 0
(que depende de  e do ponto x0 ) tal que,

para todo x ∈ X se |x − x0 | < δ então |f (x) − f (x0 )| < . (∗)

Daı́, escolhendo em particular,  = f (x0 )/2 > 0, tem-se para este  que existe δ > 0 tal que para
todo x ∈ X se |x − x0 | < δ então f (x0 )/2 < f (x) < 3f (x0 )/2 (use (∗) e faça as contas). Logo,
f (x) > f (x0 )/2 > 0 para todo x ∈ X ∩ Vδ (x0 ).

Exercı́cio 6. Seja f : R → R uma função contı́nua em x0 . Mostre que existe δ > 0 tal que f é
limitada em (x0 − δ, x0 + δ).

Prova: Sendo f contı́nua em x0 então, por definição, existe δ = δ(, x0 ) > 0 tal que, para todo x ∈ R
se |x − x0 | < δ então |f (x) − f (x0 )| < . Isto equivale a ter, para todo x ∈ R que

se x0 − δ < x < x0 + δ então f (a) −  < f (x) < f (a) + .

Assim, se x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) então f (x) ∈ (f (a) − , f (a) + ). Logo, f é limitada em (x0 − δ, x0 + δ).

Exercı́cio 7. Seja g : R → R definida por g(1) = 0 e g(x) = 2 se x 6= 1, e seja f : R → R tal que


f (x) = x + 1 para todo x ∈ R. Mostre que lim (g ◦ f )(x) 6= (g ◦ f )(0). Por que isso não contradiz o
x→0
Teorema 9.3?

Prova: 0 é ponto de acumulação de D(f ) = D(g◦f ). Logo, pode-se tratar de limite por meio de limite.
Para todo x 6= 0, (g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(x + 1) = 2, porque x + 1 6= 1. Logo lim (g ◦ f ) = lim 2 = 2.
x→0 x→0
Por outro lado, (g ◦ f )(0) = g(f (0)) = g(1) = 0 6= 2. Mas a função g não é contı́nua em y = 1 = f (0),
e portanto, está fora das hipóteses do Teorema 9.3.

Exercı́cio 8. Dê exemplo de uma função f : [0, 1] → R que seja descontı́nua em todo ponto de [0, 1]
mas tal que |f | seja contı́nua em [0, 1].

Solução: Uma solução é 


1 se x ∈ Q ∩ [0, 1],
f (x) =
−1 se x ∈ (R \ Q) ∩ [0, 1].

You might also like