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com plenitude até o final do século XVIII (em alguns países, até parte do século XIX), momento em
que os movimentos sociais e políticos levaram a uma nova mudança de rumos.
Sistema acusatório.
Surgiu basicamente no direito Grego e Romano, tendo como características:
a) a atuação dos juízes era passiva;
b) as atividades de acusar e julgar estão encarregadas a pessoas distintas;
c) adoção do princípio no procedat iudex ex officio, não se admitindo a denúncia anônima nem processo
sem acusador legítimo e idôneo;
d) previsão do delito de denunciação caluniosa;
e) acusação era por escrito e indicava as provas;
f) havia contraditório e direito de defesa;
g) o procedimento era oral;
h) os julgamentos eram públicos, com os magistrados votando ao final sem deliberar.
Sistema Inquisitório.
O sistema inquisitório, na sua pureza, é um modelo histórico. Até o século XII,
predominava o sistema acusatório. Essa substituição foi fruto, basicamente, dos defeitos da inatividade
das partes, levando à conclusão de que a persecução criminal não poderia ser deixada nas mãos dos
particulares, pois isso comprometia seriamente a eficácia do combate à delinquência.
Os poderes do magistrado foram posteriormente invadindo cada vez mais a esfera de
atribuições reservadas ao acusador privado, até o extremo de se reunir no mesmo órgão do Estado as
funções que hoje competem ao Ministério Público e o Juiz.
O sistema inquisitório muda a fisionomia do processo de forma radical. O que era um duelo
leal e franco entre acusador e acusado, com igualdade de poderes e oportunidades, se transforma em
uma disputa desigual entre o juiz-inquisidor e o acusado.
Frente a um fato típico, o julgador atua de ofício, sem necessidade de prévia invocação, e
recolhe (também de ofício) o material que vai constituir seu convencimento.
O processado é a melhor fonte de conhecimento e, como se fosse uma testemunha é
chamado a declarar a verdade sob pena de coação.
O juiz atua como parte, investiga, dirige, acusa e julga. Com relação ao procedimento,
era escrito, secreto e não contraditório.
No transcurso do século XIII foi instituído o Tribunal da Inquisição ou Santo Ofício (ano
de 1201 com Inocêncio III, para perseguir hereges na Espanha), para reprimir a heresia e tudo que fosse
contrário ou que pudesse criar dúvidas acerca dos Mandamentos da Igreja Católica.
A lógica inquisitorial está centrada na verdade absoluta e, nessa estrutura, a heresia era o
maior perigo, pois atacava o núcleo fundante do sistema. Fora dele não havia salvação. Isso autoriza o
“combate a qualquer custo” da heresia e do herege, legitimando até mesmo a tortura e a crueldade nela
empregada. O herege, explica Leonardo Boff, não apenas se recusa a aceitar o discurso oficial, senão
que cria novos discursos a partir de novas visões.
Surgiram em determinados lugares, especialmente nas Igrejas, determinados lugares,
gavetas ou caixas, destinadas a receber as denúncias anônimas de heresia. O que se buscava era
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exclusivamente punir o pecado e a heresia, em uma concepção unilateral do processo. Uma vez obtida
a confissão, o inquisidor não necessita de mais nada, pois a confissão é a rainha das provas.
O sistema inquisitório predominou até o final do século XVIII, início do século XIX,
momento em que a Revolução Francesa, os novos postulados de valorização do homem e os movimentos
filosóficos que surgiram com ela repercutiam no processo penal, removendo paulatinamente as novas
características do modelo inquisitivo.
Livros: O Queijo e os Vermes – Carlo Ginzburg – Editora Companhia das Letras; O Nome
da Rosa – Umberto Eco.
Filmes: O Nome da Rosa; Joana D’Arc; Giordano Bruno.
Sistema Misto.
Há uma fase inicial inquisitiva, na qual se procede a uma investigação preliminar e a uma
instrução preparatória, e uma fase final, em que se procede ao julgamento com todas as garantias do
processo acusatório.
Ele é bifásico, sendo que na primeira (preliminar), não há contraditório e é sigilosa; já na
segunda (instrução), caracteriza-se como o sistema acusatório, com contraditório e ampla defesa.
Surgiu com o Code d’Instruction Criminelle (Código de Processo Penal) francês, em 1808.