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Lucas Pavione

2
Direito
Administrativo

2016
Capítulo

VIII
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

\ Leia a lei:
ͳ ŽŶƐƟƚƵŝĕĆŽ&ĞĚĞƌĂů͕ĂƌƚƐ͘ϭϰ͕Αϵ͘Ǒ͕ϭϱ͕s͕ϯϳ͕Αϰ͘Ǒ͕ϴϱ͕s͖>Ğŝϴ͘ϰϮϵͬϵϮ

ͳǤ౧.X

Todos que, de alguma forma, lidam com a coisa pública, devem


adotar um comportamento ético e moral, atuando de maneira hones-
–ƒǡŠ‘”ƒ†ƒǡ‹’ƒ”…‹ƒŽ‡•‡’”‡œ‡Žƒ†‘’ƒ”ƒ‘ϐ‹‡Ž…—’”‹‡–‘†‡
suas atribuições legais, buscando a satisfação do ‹–‡”‡••‡’ï„Ž‹…‘, e
não seu próprio interesse ou de terceiro.
A exigência de uma conduta proba dos agentes públicos é ineren-
te ao próprio Estado Democrático de Direito, a ponto de integrar a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão a previsão de que “a
sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua
administração” (art. 15).
É o que se denomina ’”‘„‹†ƒ†‡ƒ†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒ; e a atuação des-
…‘ˆ‘”‡“—‡Ž‡•†‡˜‡”‡•’‘†‡Ž‡˜ƒ”…‘ϐ‹‰—”ƒ­ ‘†ƒ’”ž–‹…ƒ†‡—
ato de ‹’”‘„‹†ƒ†‡ƒ†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒ.
A tutela da ’”‘„‹†ƒ†‡ƒ†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒ…‘ϐ‹‰—”ƒǦ•‡…‘‘—†‹-
”‡‹–‘†‹ˆ—•‘, por se tratar de um ‹–‡”‡••‡‡–ƒ‹†‹˜‹†—ƒŽ, de modo
que sua defesa encontra respaldo na maior parte dos ordenamentos
democráticos atuais.
314 vol. 2 – DIREITO ADMINISTRATIVO • Lucas Pavione

Os atos de ‹’”‘„‹†ƒ†‡ƒ†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒ estão previstos expres-


samente na CF/88 como passíveis de punição, destacando-se os arts.
14, § 9º, 15, V, 37, § 4º e 85, V. No plano infraconstitucional o tema é
disciplinado principalmente pela ‡‹ͺǤͶʹͻȀͻʹ, conhecida como ‡‹
†‡ ’”‘„‹†ƒ†‡†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒȋ Ȍ, juntamente com todos os de-
mais microssistemas de tutela dos interesses difusos e coletivos.
Anteriormente, as Constituições que cuidaram de disciplinar o
tema (principalmente a partir da Constituição de 1946) preocupavam-
-se em reprimir aos atos que importassem em ‡”‹“—‡…‹‡–‘‹ŽÀ…‹-
–‘†‘ƒ‰‡–‡’‘”‹ϐŽ—²…‹ƒ‘—…‘ƒ„—•‘†‡…ƒ”‰‘‘—ˆ—­ ‘’ï„Ž‹…ƒǡ
ou de emprego em entidade autárquica, com a possibilidade, na forma
da lei de •‡“—‡•–”‘ e ’‡”†‹‡–‘ dos bens ilicitamente acrescidos
ao seu patrimônio. Em complemento às disposições constitucionais,
merecem destaque as seguintes leis:
ȈԘ‡‹ ͵Ǥͳ͸ͶȀͷ͹: também conhecida como ‡‹ ‹–‘„‘
‘†×‹-
Ǧ ŽŠƒ, regulamentou o •‡“—‡•–”‘ e a ’‡”†ƒ em favor da Fa-
zenda Pública dos bens adquiridos pelo servidor público, por
‹ϐŽ—²…‹ƒ †‘ …ƒ”‰‘ ‘— ˆ—­ ‘ ’ï„Ž‹…ƒǡ ‘— †‡ ‡’”‡‰‘ ‡ ‡-
tidade autárquica, sem prejuízo da responsabilidade criminal
eventualmente apurada.
ȈԘ‡‹͵ǤͷͲʹȀͷͺ: conhecida como ‡‹‹Žƒ…‹–‘, regulamentou
o sequestro e o perdimento de bens nos casos de enriquecimen-
–‘‹ŽÀ…‹–‘ǡ’‘”‹ϐŽ—²…‹ƒ‘—ƒ„—•‘†‘…ƒ”‰‘‘—ˆ—­ ‘Ǥ
Assim, antes mesmo do advento da Lei Federal nº 8.429/92, já era
possível a repressão aos atos que importassem em ‡”‹“—‡…‹‡–‘
‹ŽÀ…‹–‘ do agente público.
A atual sistemática legal prevê três modalidades de atos de impro-
bidade administrativa, que importem em: a) ‡”‹“—‡…‹‡–‘‹ŽÀ…‹–‘
†‘ƒ‰‡–‡; b) ’”‡Œ—Àœ‘ƒ‘’ƒ–”‹Ø‹‘’ï„Ž‹…‘; c) ˜‹‘Žƒ­ ‘†‡’”‹-
…À’‹‘•†ƒ†‹‹•–”ƒ­ ‘‹…ƒ. Todos serão estudados em tópico
próprio mais adiante.

ʹǤ౧  .!

O termo improbidade tem sua origem no latim – improbitate – e


•‹‰‹ϐ‹…ƒǡ†‡–”‡‘—–”ƒ•ƒ…‡’­Ù‡•ǡ†‡•‘‡•–‹†ƒ†‡ǡˆƒŽ•‹†ƒ†‡ǡ†‡•‘”ƒ-
dez, corrupção.
Cap. VIII • IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 315

A origem da palavra colabora apenas em parte para a compreen-


são e conceituação dos atos de improbidade administrativa, porque
todos os termos pressupõem ‹–‡­ ‘ †‘ ƒ‰‡–‡ para sua prática.
Entretanto, como veremos adiante, a LIA admite sanções também
para a prática de ƒ–‘•…—Ž’‘•‘• de improbidade administrativa, nas
hipóteses de prejuízo ao erário. Ou seja, o legislador não só busca a
punição do agente corrupto ou desonesto, como também daquele que
age com desídia no exercício de suas funções e no trato da coisa pú-
blica.
Um ponto que gera confusão entre os doutrinadores e na jurispru-
dência refere-se à acepção dos termos ’”‘„‹†ƒ†‡ƒ†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒe
‘”ƒŽ‹†ƒ†‡ƒ†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒ, existindo as seguintes correntes: a) são
expressões sinônimas; b) o conceito de moralidade é mais amplo que
o de probidade; c) o conceito de probidade é mais amplo que o de mo-
ralidade. Entendemos mais adequada esta última corrente, haja vista
que além do princípio da moralidade, a probidade abrange os demais
princípios que regem a atuação administrativa.
Feitas tais considerações, podemos conceituar o ato de improbi-
dade administrativa como uma conduta contrária e violadora do pri-
mado da probidade administrativa, decorrente de uma ação ou omis-
são, que implique em enriquecimento ilícito do agente ou outrem,
prejuízo ao erário ou violação de princípio da Administração Pública,
sujeita às sanções e suas gradações previstas na lei.

͵Ǥ౧ A 

Por algum tempo foi objeto de discussão na doutrina a natureza


jurídica dos atos de improbidade administrativa, partindo-se da diver-
sidade de sanções previstas na LIA, que possuem ƒ–—”‡œƒ’‘ŽÀ–‹…ƒ
(suspensão dos direitos políticos), ƒ†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒ (a perda da função
pública, proibição de contratar com o Poder Público ou de receber be-
‡ϐÀ…‹‘•‘—‹…‡–‹˜‘•ϐ‹•…ƒ‹•‘—…”‡†‹–À…‹‘•Ȍ‡…À˜‡Ž (ressarcimento ao
erário, perda dos bens acrescidos ilicitamente e multa).
O entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante atual-
mente, e que deve ser seguido nos concursos públicos, aponta no
sentido de que os atos de improbidade administrativa constituem-se
como ‹ŽÀ…‹–‘•†‡…ƒ”ž–‡”…‹˜‹Ž lato sensu‘—‡š–”ƒ’‡ƒŽ.
316 vol. 2 – DIREITO ADMINISTRATIVO • Lucas Pavione

Em razão disso, o entendimento dominante é de que o trato da


matéria reserva-se à …‘’‡–²…‹ƒ’”‹˜ƒ–‹˜ƒ†ƒ‹ ‘ (art. 21, I, CF),
ao passo que as demais ‘”ƒ•†‡ƒ–—”‡œƒƒ†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒ (pro-
cedimentais ou materiais) e de ’”‘…‡†‹‡–‘•‡ƒ–±”‹ƒ’”‘…‡•-
•—ƒŽ são de competência concorrente de todos os entes (art. 24, XI, e
30, I e II, CF).

ͶǤ౧

Podemos arrolar os seguintes elementos essenciais ou constituti-


vos do ato de improbidade:
ȈԘ—Œ‡‹–‘ƒ••‹˜‘: prejudicado pelo ato (art. 1.º da LIA);
ȈԘ—Œ‡‹–‘–‹˜‘: pratica o ato ou induz ou concorre para sua prá-
–‹…ƒ‘—†‡Ž‡•‡„‡‡ϐ‹…‹ƒ†‹”‡–ƒ‘—‹†‹”‡–ƒ‡–‡ȋƒ”–•ǤͳǤ͑‡͵Ǥ͑ȌǢ
ȈԘ–‘À’”‘„‘, que importe em enriquecimento ilícito, prejuízo
ao erário ou atente contra princípios da Administração Pública,
isolada ou concomitantemente;
ȈԘŽ‡‡–‘ —„Œ‡–‹˜‘: †‘Ž‘ (todas as modalidades) ou …—Ž’ƒ
(apenas cabível para prejuízo ao erário).

ͷǤ౧  

O ato de improbidade pressupõe a existência de um •—Œ‡‹–‘’ƒ••‹-


˜‘ (o ofendido, que é prejudicado pelo ato) e do •—Œ‡‹–‘ƒ–‹˜‘ (o ofen-
sor, que pratica o ato). O rol destes sujeitos é trazido pelo art. 1º da LIA:
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer ƒ‰‡–‡
’ï„Ž‹…‘, servidor ou não, contra a ƒ†‹‹•–”ƒ­ ‘†‹”‡–ƒ, ‹†‹”‡–ƒ ou
ˆ—†ƒ…‹‘ƒŽ de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal, dos Municípios, de Território, de ‡’”‡•ƒ‹…‘”’‘”ƒ†ƒ
ao patrimônio público ou de ‡–‹†ƒ†‡ para cuja criação ou custeio o
‡”ž”‹‘ ŠƒŒƒ …‘…‘””‹†‘ ‘— …‘…‘””ƒ com ƒ‹• †‡ …‹“—‡–ƒ ’‘”
…‡–‘†‘’ƒ–”‹Ø‹‘‘—†ƒ”‡…‡‹–ƒƒ—ƒŽ, serão punidos na forma
desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei
os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de ‡–‹†ƒ†‡
“—‡”‡…‡„ƒ•—„˜‡­ ‘, „‡‡ϐÀ…‹‘‘—‹…‡–‹˜‘ǡϐ‹•…ƒŽ‘—…”‡†‹–À…‹‘,
Cap. VIII • IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 317

de ה‰ ‘’ï„Ž‹…‘ bem como daquelas para cuja …”‹ƒ­ ‘‘—…—•–‡‹‘


o erário haja concorrido ou concorra com ‡‘•†‡…‹“—‡–ƒ’‘”
…‡–‘†‘’ƒ–”‹Ø‹‘‘—†ƒ”‡…‡‹–ƒƒ—ƒŽ, limitando-se, nestes ca-
sos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
dos cofres públicos.
O conhecimento do rol de sujeitos do ato de improbidade admi-
nistrativa é um dos temas mais recorrentes em concursos, daí a neces-
sidade de sua sistematização e assimilação.

ͷǤͳǤ౧—Œ‡‹–‘ƒ–‹˜‘

—Œ‡‹–‘ƒ–‹˜‘ será qualquer ƒ‰‡–‡’ï„Ž‹…‘, •‡”˜‹†‘” ou  ‘. Será


considerado agente público, todo aquele que exerce, ƒ‹†ƒ“—‡–”ƒ•‹–‘-
”‹ƒ‡–‡ ‘— •‡ ”‡—‡”ƒ­ ‘, por ‡Ž‡‹­ ‘, ‘‡ƒ­ ‘, †‡•‹‰ƒ­ ‘,
…‘–”ƒ–ƒ­ ‘ ou “—ƒŽ“—‡”‘—–”ƒˆ‘”ƒ†‡‹˜‡•–‹†—”ƒ ou ˜À…—Ž‘, man-
†ƒ–‘, …ƒ”‰‘, ‡’”‡‰‘ ou ˆ—­ ‘ nas entidades mencionadas no artigo 1º.

\ ATENÇÃO
EĆŽĐŽŶĨƵŶĚŝƌŽĐŽŶĐĞŝƚŽĚĞĂŐĞŶƚĞƉƷďůŝĐŽƚƌĂnjŝĚŽƉĞůĂ>/ĐŽŵĂƋƵĞůĞƐĞƐƚĂďĞůĞĐŝĚŽƐ
ƉĞůŽſĚŝŐŽWĞŶĂů;Ăƌƚ͘ϯϮϳͿĞŶĂ>Ğŝϴ͘ϭϭϮͬϵϬ;Ăƌƚ͘Ϯ͘ǑͿ͘KĐŽŶĐĞŝƚŽƚƌĂnjŝĚŽŶĂ>/Ġ
ŵĂŝƐĂŵƉůŽ͘

O que se vê é que o conceito de sujeito ativo é bastante amplo, ten-


do o legislador buscado dar a máxima proteção possível à probidade.

ͻǤͷǤͷǤ౯“—‡•– ‘‡˜‘Ž˜‡†‘‘•ƒ‰‡–‡•’‘ŽÀ–‹…‘•

A jurisprudência do STF acabou por criar uma exceção à abran-


gência do conceito de sujeito ativo da LIA: os ƒ‰‡–‡•’‘ŽÀ–‹…‘•.
Apesar de inegavelmente os ƒ‰‡–‡• ’‘ŽÀ–‹…‘• formalmente se
enquadrarem no conceito de ƒ‰‡–‡ ’ï„Ž‹…‘, no julgamento da Re-
clamação 2.138/DF, o STF entendeu que a LIA não se aplica àqueles.
No caso concreto, o STF analisava a aplicação da LIA aos Ministros de
Estado, tendo prevalecido o entendimento de que tais agentes polí-
ticos estão submetidos à sistemática dos chamados …”‹‡• †‡ ”‡•-
’‘•ƒ„‹Ž‹†ƒ†‡ estabelecido no art. 102, I, c, da CF/88 e regulamen-
tado pela Lei 1.079/50, ou seja, não praticam ƒ–‘•†‡‹’”‘„‹†ƒ†‡
318 vol. 2 – DIREITO ADMINISTRATIVO • Lucas Pavione

ƒ†‹‹•–”ƒ–‹˜ƒ previstos na LIA. Do contrário, poderia ser cometido


um bis in idem, com o mesmo fato sendo punido duplamente.
A decisão proferida pelo STF fez com que outros agentes políticos
buscassem simetria de tratamento, sob o argumento de que também
possuiriam regime de responsabilidade peculiar.
Diante de tal quadro, que importaria em inevitável enfraquecimen-
to da LIA, em um primeiro momento a jurisprudência passou a restrin-
gir o conteúdo da expressão ƒ‰‡–‡•’‘ŽÀ–‹…‘•. Assim, não seriam todos
os agentes políticos excluídos da aplicação da LIA, mas somente ƒ“—‡-
Ž‡•“—‡’‘••ƒ…‘‡–‡”…”‹‡•†‡”‡•’‘•ƒ„‹Ž‹†ƒ†‡’”‡˜‹•–‘•ƒ
‘•–‹–—‹­ ‘ ‡†‡”ƒŽ‡ǡ…‘•‡“—‡–‡‡–‡ǡ‡•–‡Œƒ‡…‹‘ƒ†‘•
ƒ‡‹ͳǤͲ͹ͻȀͷͲ (RESP 764.836/SP). O STF posicionou-se no sentido
de que os parlamentares não praticam crime de responsabilidade, es-
tando, portanto, sujeitos à LIA (Rcl nº 5.126/RO-AgR).
Mas o tema ainda é vacilante na jurisprudência, principalmente
após o julgamento pelo STJ da Reclamação 2.790/SC. Segundo o novo
entendimento, inexiste norma constitucional que imunize os agentes
políticos de responsabilização por prática de ato de improbidade admi-
nistrativa, excetuados atos de improbidade praticados pelo presidente
da República (art. 85, V, da CF/1988), cujo julgamento se dá em regime
especial pelo Senado Federal (art. 86, da CF). Portanto, não haveria in-
compatibilidade entre o regime especial de responsabilização política
e o regime estabelecido pela LIA, tendo sido feitas algumas ressalvas
somente no que se refere ao órgão competente para impor as sanções
quando houver previsão de foro privilegiado ratione personae.

\ POSIÇÃO DO STJ
;͘͘͘Ϳ͞ĞdžĐĞƚƵĂĚĂĂŚŝƉſƚĞƐĞĚĞĂƚŽƐĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞƉƌĂƟĐĂĚŽƐƉĞůŽWƌĞƐŝĚĞŶƚĞĚĂZĞƉƷ-
ďůŝĐĂ;Ăƌƚ͘ϴϱ͕sͿ͕ĐƵũŽũƵůŐĂŵĞŶƚŽƐĞĚĄĞŵƌĞŐŝŵĞĞƐƉĞĐŝĂůƉĞůŽ^ĞŶĂĚŽ&ĞĚĞƌĂů;Ăƌƚ͘
ϴϲͿ͕ŶĆŽŚĄŶŽƌŵĂĐŽŶƐƟƚƵĐŝŽŶĂůĂůŐƵŵĂƋƵĞŝŵƵŶŝnjĞŽƐĂŐĞŶƚĞƐƉŽůşƟĐŽƐ͕ƐƵũĞŝƚŽƐĂ
ĐƌŝŵĞĚĞƌĞƐƉŽŶƐĂďŝůŝĚĂĚĞ͕ĚĞƋƵĂůƋƵĞƌĚĂƐƐĂŶĕƁĞƐƉŽƌĂƚŽĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞƉƌĞǀŝƐƚĂƐ
ŶŽĂƌƚ͘ϯϳ͕ΑϰǑ͘ ^ĞƌŝĂ ŝŶĐŽŵƉĂơǀĞů ĐŽŵĂŽŶƐƟƚƵŝĕĆŽĞǀĞŶƚƵĂů ƉƌĞĐĞŝƚŽŶŽƌŵĂƟǀŽ
ŝŶĨƌĂĐŽŶƐƟƚƵĐŝŽŶĂůƋƵĞŝŵƉƵƐĞƐƐĞŝŵƵŶŝĚĂĚĞĚĞƐƐĂŶĂƚƵƌĞnjĂ͟;ZĐů͘Ϯ͘ϳϵϬͬ^͕:ĞĚĞ
ϬϰͬϬϯͬϮϬϭϬͿ͘

O próprio STF vem relevando em seus julgados a não-observância


erga omnes da decisão proferida na Rcl. 2138-6/DF, indicando, em al-
‰—•…ƒ•‘•ǡ ‘•‡”‡•–‡‘’‘•‹…‹‘ƒ‡–‘†‡ϐ‹‹–‹˜‘†ƒ‘”–‡žš‹ƒǡ
muito por conta da alteração da composição do STF após o julgamento
Cap. VIII • IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 319

da Rcl. 2138-6/DF. Nesta toada, o STF reconheceu, por exemplo, a


existência de ”‡’‡”…—•• ‘‰‡”ƒŽ com relação à aplicação da LIA aos
prefeitos, ainda pendente de julgamento (ARE 683235 RG/PA), tema
“—‡’”ƒ–‹…ƒ‡–‡Œž–‹Šƒ•‹†‘’ƒ…‹ϐ‹…ƒ†‘Ǥ–‡ƒƒ‹†ƒ ‘ˆ‘‹ƒ’”‡-
ciado, merecendo acompanhamento por parte do leitor, pois é possí-
vel que o STF estabeleça diretrizes claras para a solução dos litígios
envolvendo o tema.

ͷǤʹǤ౧—Œ‡‹–‘ƒ••‹˜‘

—Œ‡‹–‘’ƒ••‹˜‘ do ato de improbidade poderá ser qualquer uma


das entidades que foram mencionados no art. 1º caput e parágrafo
único. Fracionemos o dispositivo para facilitar o estudo:
ƒȌԘƒ†‹‹•–”ƒ­ ‘’ï„Ž‹…ƒ†‹”‡–ƒ‡‹†‹”‡–ƒ de qualquer dos po-
deres dos entes da federação. Neste ponto, vale destacar que a
empresas públicas ou sociedades de economia mista também
podem ser sujeitos passivos, a despeito de serem pessoas jurí-
dicas de direito privado;
„ȌԘ‡–‹†ƒ†‡’ƒ”ƒ…—Œƒ…”‹ƒ­ ‘‘—…—•–‡‹‘ o Estado (em sentido
amplo) haja concorrido ou concorra …‘ƒ‹•†‡ͷͲΨ†‘’ƒ-
–”‹Ø‹‘‘—”‡…‡‹–ƒƒ—ƒŽ;
…ȌԘ‡–‹†ƒ†‡•“—‡”‡…‡„ƒ•—„˜‡­ ‘ǡ„‡‡ϐÀ…‹‘‘—‹…‡–‹˜‘ǡϐ‹•-
cal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
com ‡‘• †‡ ͷͲΨ †‘ ’ƒ–”‹Ø‹‘ ‘— †ƒ ”‡…‡‹–ƒ ƒ—ƒŽ,
Ž‹‹–ƒ†‘Ǧ•‡ǡ‡•–‡•…ƒ•‘•ǡƒ•ƒ­ ‘’ƒ–”‹‘‹ƒŽ”‡’‡”-
…—•• ‘†‘‹ŽÀ…‹–‘•‘„”‡ƒ…‘–”‹„—‹­ ‘†‘•…‘ˆ”‡•’ï„Ž‹…‘•.
Ex.: serviços sociais autônomos, organizações sociais.

\ ATENÇÃO
sĂůĞƉƌĞƐƚĂƌďĂƐƚĂŶƚĞĂƚĞŶĕĆŽŶĂƉĂƌƟĐŝƉĂĕĆŽĚŽƐƚĂĚŽŶŽƉĂƚƌŝŵƀŶŝŽŽƵƌĞĐĞŝƚĂĂŶƵ-
Ăů͕ŚĂũĂǀŝƐƚĂŽƌĞŇĞdžŽĚĞƚĂůĐŝƌĐƵŶƐƚąŶĐŝĂŶĂĮdžĂĕĆŽĚĂsanção patrimonial aplicável͘
ƐƚĞƚĞŵĂĠŵƵŝƚŽĐŽďƌĂĚŽĞŵĐŽŶĐƵƌƐŽƐ͗sĞũĂŽĞƐƋƵĞŵĂĂďĂŝdžŽ͗

WĂƌƟĐŝƉĂĕĆŽĚŽƐƚĂĚŽŶŽWĂƚƌŝŵƀŶŝŽŽƵZĞĐĞŝƚĂŶƵĂůʹ^ĂŶĕĆŽƉĂƚƌŝŵŽŶŝĂů͗
>ŝŵŝƚĂĚĂăĐŽŶƚƌŝďƵŝĕĆŽĞƐƚĂƚĂůфϱϬйх^ĂŶĕĆŽƉĂƚƌŝŵŽŶŝĂůŝƌƌĞƐƚƌŝƚĂ
320 vol. 2 – DIREITO ADMINISTRATIVO • Lucas Pavione

Surge a seguinte questão: e se a contribuição do Estado para a for-


mação do patrimônio ou receita anual da pessoa jurídica for ‹‰—ƒŽƒ
ͷͲΨ? A LIA não apresenta resposta a esta questão, de modo que o
intérprete deverá optar por enquadrar o caso concreto em uma das
hipóteses constantes do quadro supra. Entendemos a solução deve-
rá ser a mais favorável ao acusado (limitação à contribuição estatal),
pois, em matéria de direito administrativo sancionador, como é o caso
da LIA, deve prevalecer o princípio da ’”‡•—­ ‘†‡‹‘…²…‹ƒ.

ͻǤ͸ǤͷǤ౯‘…‘””²…‹ƒ †‡–‡”…‡‹”‘• ’ƒ”ƒ ƒ’”ž–‹…ƒ†‘ƒ–‘†‡‹’”‘-


„‹†ƒ†‡
As disposições da LIA se aplicam também a –‡”…‡‹”‘• que, mes-
‘  ‘ •‡†‘ ƒ‰‡–‡• ’ï„Ž‹…‘•, ‹†—œƒ ou …‘…‘””ƒ para a
prática do ato de improbidade ou †‡Ž‡•‡„‡‡ϐ‹…‹‡ sob qualquer for-
ma direta ou indireta.
A expressão “no que couber”, presente no art. 3.º da LIA, traz ex-
’”‡••‹˜‘•‹‰‹ϐ‹…ƒ†‘ƒ‘†‹•’‘•‹–‹˜‘ǡŒž“—‡ǡ†‡˜‹†‘ƒ ‘’”‘š‹‹†ƒ†‡
destes terceiros com os sujeitos passivos, algumas sanções previstas
na LIA tornam-se incompatíveis àquela situação, como, por exemplo,
a perda da função pública.
A atuação do terceiro pressupõe —ƒ …‘†—–ƒ ’”‹…‹’ƒŽ †‘
ƒ‰‡–‡’ï„Ž‹…‘, na medida em que o terceiro ‹†—œ ou …‘…‘””‡ para
a prática do ato.
Todavia, é possível que a ação de improbidade seja movida apenas
contra o terceiro, mesmo que o agente público tenha sido diretamente o
responsável pela prática do ato de improbidade. Pode ocorrer situação
em que o agente público, induzido ou sob concorrência do terceiro, pra-
tique o ƒ–‘ˆ‘”ƒŽ‡–‡…‘•‹†‡”ƒ†‘À’”‘„‘, mas sua conduta seja
carecedora de algum elemento essencial para o enquadramento nas
disposições LIA, como, por exemplo, †‘Ž‘. Ex: o servidor, induzido por
…‘†—–ƒ†‘Ž‘•ƒ de terceiro, pratica …—Ž’‘•ƒ‡–‡ ato que viola prin-
cípio da Administração Pública. Nesta situação, o servidor não praticou
ato de improbidade (falta de elemento subjetivo), mas o terceiro sim.

͸Ǥ౧      

—ƒ†‘‘Ž‡‰‹•Žƒ†‘”†‡ϐ‹‹—‘•ƒ–‘•†‡‹’”‘„‹†ƒ†‡ƒ†‹‹•–”ƒ–‹-
˜ƒǡƒ–—–‡Žƒ‘”ƒ–‹˜ƒϐ‹š‘—Ǧ•‡‡–”²•’‹Žƒ”‡•„ž•‹…‘•ǣƒ˜‡†ƒ­ ‘ƒ‘
Cap. VIII • IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 321

‡”‹“—‡…‹‡–‘‹ŽÀ…‹–‘†‘ƒ‰‡–‡’ï„Ž‹…‘, a ’”‘–‡­ ‘ƒ‘’ƒ–”‹Ø-
‹‘’ï„Ž‹…‘ e o ”‡•‰—ƒ”†‘†‘•’”‹…À’‹‘•“—‡”‡‰‡ƒ†‹‹•-
–”ƒ­ ‘ ‹…ƒ. A LIA prevê, portanto, três modalidades de atos de
improbidade, previstos em seus ƒ”–•ǤͻǤ͑ǡͳͲ‡ͳͳ.
É importante ressaltar que o rol de condutas trazido nos referidos
dispositivos da LIA é ‡”ƒ‡–‡‡š‡’Ž‹ϐ‹…ƒ–‹˜‘, permitindo que o
intérprete, no caso concreto, possa enquadrar outras condutas, desde
que se amoldem em uma das situações genéricas descritas no caput
de cada um dos artigos.

\ ATENÇÃO
Ɛ ƋƵĞƐƚƁĞƐ ŽďũĞƟǀĂƐ ĚĞ ĐŽŶĐƵƌƐŽƐ ĐŽƐƚƵŵĂŵ ĐŽďƌĂƌ ĞƐƚĞ ƚĞŵĂ ĚĞ ĨŽƌŵĂ ŵĂŝƐ ƐƵ-
ƉĞƌĮĐŝĂů͘ĞƵŵĂŵĂŶĞŝƌĂŐĞƌĂů͕ƐĞĞdžŝŐĞĚŽĐĂŶĚŝĚĂƚŽŽƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽƐ͗
ĂͿƋƵĂŝƐƐĆŽĂƐŵŽĚĂůŝĚĂĚĞƐĚĞĂƚŽƐĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞ͖ďͿƌŽůŵĞƌĂŵĞŶƚĞĞŶƵŶĐŝĂƟǀŽ
ĚĂƐĐŽŶĚƵƚĂƐƉƌĞǀŝƐƚĂƐŶĂ>/͖ĐͿĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽƉƵƌŽĞƐŝŵƉůĞƐĚĞƐƚĂƐĐŽŶĚƵƚĂƐĞƐĞƵ
ĐŽƌƌĞƐƉŽŶĚĞŶƚĞĞŶƋƵĂĚƌĂŵĞŶƚŽĞŵƵŵĂŽƵŽƵƚƌĂŵŽĚĂůŝĚĂĚĞ͘

͸ǤͳǤ౧–‘•“—‡‹’‘”–ƒ‡‡”‹“—‡…‹‡–‘‹ŽÀ…‹–‘†‘ƒ‰‡–‡

Previstos no ƒ”–Ǥͻ͑†ƒ , são considerados os atos de improbi-


dade mais graves, fazendo incidir as sanções mais gravosas.
‘ϐ‹‰—”ƒǦ•‡ ‘ ƒ–‘ “—ƒ†‘ ‘ •—Œ‡‹–‘ ƒ–‹˜‘ aufere qualquer tipo
de ˜ƒ–ƒ‰‡’ƒ–”‹‘‹ƒŽ‹†‡˜‹†ƒ em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade em quaisquer das entidades
que podem se enquadrar no conceito de •—Œ‡‹–‘’ƒ••‹˜‘.
O legislador exige que tenha havido algum ƒ…”±•…‹‘ ao patrimô-
nio do ímprobo, •‡Œƒ‘— ‘‘”‹‰‹ž”‹‘†‘‡”ž”‹‘’ï„Ž‹…‘. Não há,
assim, correlação necessária entre o enriquecimento ilícito do agente
e um dano material ao patrimônio público.

\ POSIÇÃO DO STJ
͞;͘͘͘ͿKĞŶƌŝƋƵĞĐŝŵĞŶƚŽŝůşĐŝƚŽĂƋƵĞƐĞƌĞĨĞƌĞĂ>ĞŝĠĂŽďƚĞŶĕĆŽĚĞvantagem econômi-
caĂƚƌĂǀĠƐĚĂĂƟǀŝĚĂĚĞĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂĂŶƟũƵƌşĚŝĐĂ͘KĞŶƌŝƋƵĞĐŝŵĞŶƚŽƉƌĞǀŝƐƚŽŶĂ>Ğŝ
ϴ͘ϰϮϵͬϵϮ não pressupõe lucro ou vantagem senão apropriação de qualquer coisa͕
ĂŝŶĚĂƋƵĞƉƌŽƉŽƌĐŝŽŶĂůĂŽƚƌĂďĂůŚŽĚĞƐĞŶǀŽůǀŝĚŽ͕ŵĂƐviciado na sua origem͘KĨƌƵƚŽ
ĚŽƚƌĂďĂůŚŽ͕ĐŽŵŽĚĞƐĂďĞŶĕĂ͕ŶĞŵƐĞŵƉƌĞĠůşĐŝƚŽ͕ŐĞƌĂŶĚŽŽĞŶƌŝƋƵĞĐŝŵĞŶƚŽŝůşĐŝƚŽă
ůƵnjĚĂŵĞŶƐůĞŐŝƐ͟;ZƐƉϰϯϵϮϴϬͬZ^͕ũ͘ĞŵϬϭ͘Ϭϰ͘ϮϬϬϯͿ͘
322 vol. 2 – DIREITO ADMINISTRATIVO • Lucas Pavione

A LIA enumera algumas situações que se enquadram nesta moda-


lidade de ato de improbidade:
I – receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imó-
vel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta,
ƒ–À–—Ž‘†‡…‘‹•• ‘ǡ’‡”…‡–ƒ‰‡ǡ‰”ƒ–‹ϐ‹…ƒ­ ‘‘—’”‡•‡–‡†‡
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições
do agente público;
II – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facili-
tar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou
a contratação de serviços pelas entidades enquadradas no con-
ceito de sujeito passivo por preço superior ao valor de mercado;
III – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-
cilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o for-
necimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor
de mercado;
IV – utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprieda-
de ou à disposição de qualquer das entidades enquadradas no
conceito de sujeito passivo, bem como o trabalho de servidores
públicos, empregados ou terceiros contratados por essas enti-
dades;
V – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de
ƒœƒ”ǡ†‡Ž‡‘…À‹‘ǡ†‡ƒ”…‘–”žϐ‹…‘ǡ†‡…‘–”ƒ„ƒ†‘ǡ†‡—•—”ƒ‘—
de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal
vantagem;
VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avalia-
ção em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quan-
tidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado-
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades enquadradas
no conceito de sujeito passivo;
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza
cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à
renda do agente público;
VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consul-
–‘”‹ƒ‘—ƒ••‡••‘”ƒ‡–‘’ƒ”ƒ’‡••‘ƒϐÀ•‹…ƒ‘—Œ—”À†‹…ƒ“—‡–‡Šƒ
interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou
Cap. VIII • IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 323

omissão decorrente das atribuições do agente público, durante


a atividade;
IX – perceber vantagem econômica para intermediar a liberação
ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
X – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
‘—‹†‹”‡–ƒ‡–‡ǡ’ƒ”ƒ‘‹–‹”ƒ–‘†‡‘ϐÀ…‹‘ǡ’”‘˜‹†²…‹ƒ‘—†‡-
claração a que esteja obrigado;
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades enquadradas no conceito de sujeito passivo;
XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades enquadradas
no conceito de sujeito passivo.

͸ǤʹǤ౧–‘•“—‡‹’‘”–ƒ‡’”‡Œ—Àœ‘ƒ‘‡”ž”‹‘

Previstos no ƒ”–ǤͳͲ†ƒ ǡ•‡…‘ϐ‹‰—”ƒ” ‘“—ƒ†‘ǡ’‘”—ƒƒ­ ‘


ou omissão, dolosa ou culposa, do agente houver ’‡”†ƒ’ƒ–”‹‘‹ƒŽ,
†‡•˜‹‘, ƒ’”‘’”‹ƒ­ ‘, ƒŽ„ƒ”ƒ–ƒ‡–‘ ou †‹Žƒ’‹†ƒ­ ‘†‘•„‡•‘—
Šƒ˜‡”‡• de um dos sujeitos passivos.
Não é necessário que o agente tenha se enriquecido ilicitamente
’ƒ”ƒƒ…‘ϐ‹‰—”ƒ­ ‘†‡•–ƒ‘†ƒŽ‹†ƒ†‡†‡ƒ–‘†‡‹’”‘„‹†ƒ†‡Ǥ
 ‡—‡”ƒƒŽ‰—ƒ••‹–—ƒ­Ù‡•‡“—‡•‡…‘ϐ‹‰—”ƒ”ž†ƒ‘ƒ‘
erário:
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpo-
”ƒ­ ‘ƒ‘’ƒ–”‹Ø‹‘’ƒ”–‹…—Žƒ”ǡ†‡’‡••‘ƒϐÀ•‹…ƒ‘—Œ—”À†‹…ƒǡ†‡
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimo-
nial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
Ȃ’‡”‹–‹”‘—…‘…‘””‡”’ƒ”ƒ“—‡’‡••‘ƒϐÀ•‹…ƒ‘—Œ—”À†‹…ƒ’”‹-
vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acer-
vo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei,
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;
Ȃ†‘ƒ”’‡••‘ƒϐÀ•‹…ƒ‘—Œ—”À†‹…ƒ„‡…‘‘ƒ‘‡–‡†‡•’‡”•‘-
ƒŽ‹œƒ†‘ǡƒ‹†ƒ“—‡†‡ϐ‹•‡†—…ƒ–‹˜‘•‘—ƒ••‹•–²…‹ƒ•ǡ„‡•ǡ”‡-
das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
Cap. VIII • IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 341

Ύഩ^ĞŶĆŽĮŐƵƌĂƌŶŽƉŽůŽĂƟǀŽ͕ŽDWĂƚƵĂƌĄŽďƌŝŐĂƚŽƌŝĂŵĞŶƚĞ͕ĐŽŵŽĮƐĐĂůĚĂůĞŝ͕ƐŽďƉĞŶĂ
ĚĞŶƵůŝĚĂĚĞ;Ăƌƚ͘ϭϳ͕Αϰ͘ǑͿ͘KDW͕ĂŝŶĚĂ͕ƉŽĚĞƌĄ͕ĚĞŽİĐŝŽ͕ĂƌĞƋƵĞƌŝŵĞŶƚŽĚĞĂƵƚŽƌŝĚĂĚĞ
ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂŽƵŵĞĚŝĂŶƚĞƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽĨŽƌŵƵůĂĚĂĚĞĂĐŽƌĚŽĐŽŵŽĚŝƐƉŽƐƚŽŶŽĂƌƚ͘
ϭϰ͕ƌĞƋƵŝƐŝƚĂƌĂŝŶƐƚĂƵƌĂĕĆŽĚĞŝŶƋƵĠƌŝƚŽƉŽůŝĐŝĂůŽƵƉƌŽĐĞĚŝŵĞŶƚŽĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀŽ;Ăƌƚ͘ϮϮͿ͘
ΎΎഩƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽƉŽƌĂƚŽĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞĐŽŶƚƌĂĂŐĞŶƚĞƉƷďůŝĐŽŽƵƚĞƌĐĞŝƌŽďĞŶĞĮĐŝĄƌŝŽ͕
ƋƵĂŶĚŽŽĂƵƚŽƌĚĂĚĞŶƷŶĐŝĂŽƐĂďĞŝŶŽĐĞŶƚĞ͕ĐŽŶƐƟƚƵŝĐƌŝŵĞ;Ăƌƚ͘ϭϵͿ͘

ͳ͵Ǥ౧V ǧA౧

dMW/Kͳ^1Ed^
WŽĚĞŵŽƐ ĐŽŶĐĞŝƚƵĂƌ Ž ĂƚŽ ĚĞ ŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞ ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂ ĐŽŵŽ
ƵŵĂĐŽŶĚƵƚĂĐŽŶƚƌĄƌŝĂĞǀŝŽůĂĚŽƌĂĚŽƉƌŝŵĂĚŽĚĂƉƌŽďŝĚĂĚĞĂĚ-
ŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂ͕ ĚĞĐŽƌƌĞŶƚĞ ĚĞ ƵŵĂ ĂĕĆŽ ŽƵ ŽŵŝƐƐĆŽ͕ ƋƵĞ ŝŵƉůŝƋƵĞ
&/E/K
ĞŵĞŶƌŝƋƵĞĐŝŵĞŶƚŽŝůşĐŝƚŽĚŽĂŐĞŶƚĞŽƵŽƵƚƌĞŵ͕ƉƌĞũƵşnjŽĂŽĞƌĄƌŝŽ
ŽƵǀŝŽůĂĕĆŽĚĞƉƌŝŶĐşƉŝŽĚĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽWƷďůŝĐĂ͕ƐƵũĞŝƚĂăƐƐĂŶ-
ĕƁĞƐĞƐƵĂƐŐƌĂĚĂĕƁĞƐƉƌĞǀŝƐƚĂƐŶĂůĞŝ͘

EdhZ KƐĂƚŽƐĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂĐŽŶƐƟƚƵĞŵͲƐĞĐŽŵŽŝůşĐŝ-
:hZ1/ ƚŽƐĚĞĐĂƌĄƚĞƌĐŝǀŝůůĂƚŽƐĞŶƐƵŽƵĞdžƚƌĂƉĞŶĂů͘

ͻഩ^ƵũĞŝƚŽWĂƐƐŝǀŽ;
ͻഩ^ƵũĞŝƚŽƟǀŽ;
ELEMENTOS ͻഩƚŽşŵƉƌŽďŽ͕ƋƵĞŝŵƉŽƌƚĞĞŵĞŶƌŝƋƵĞĐŝŵĞŶƚŽŝůşĐŝƚŽ͕ƉƌĞũƵşnjŽ
^^E//^ ĂŽĞƌĄƌŝŽŽƵĂƚĞŶƚĞĐŽŶƚƌĂƉƌŝŶĐşƉŝŽƐĚĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽWƷďůŝĐĂ͕
isolada ou concomitantemente;
ͻഩůĞŵĞŶƚŽ ^ƵďũĞƟǀŽ͗ dolo (todas as modalidades) ou culpa
;ĂƉĞŶĂƐĐĂďşǀĞůƉĂƌĂƉƌĞũƵşnjŽĂŽĞƌĄƌŝŽͿ͘
ͻഩ^ƵũĞŝƚŽĂƟǀŽ͗ƐĞƌĄƋƵĂůƋƵĞƌĂŐĞŶƚĞƉƷďůŝĐŽ͕ƐĞƌǀŝĚŽƌŽƵŶĆŽ͘
ͻഩ^ƵũĞŝƚŽƉĂƐƐŝǀŽ͗ƉŽĚĞƌĄƐĞƌƋƵĂůƋƵĞƌƵŵĂĚĂƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐĞŶƟĚĂ-
des: a) administração pública direta e indireta de qualquer dos
ƉŽĚĞƌĞƐĚŽƐĞŶƚĞƐĚĂĨĞĚĞƌĂĕĆŽ͘ďͿĞŶƟĚĂĚĞƉĂƌĂĐƵũĂĐƌŝĂĕĆŽ
ŽƵĐƵƐƚĞŝŽŽƐƚĂĚŽ;ĞŵƐĞŶƟĚŽĂŵƉůŽͿŚĂũĂĐŽŶĐŽƌƌŝĚŽŽƵĐŽŶ-
SUJEITOS ĐŽƌƌĂĐŽŵŵĂŝƐĚĞϱϬйĚŽƉĂƚƌŝŵƀŶŝŽŽƵƌĞĐĞŝƚĂĂŶƵĂů͖ĐͿĞŶƟ-
ĚĂĚĞƐƋƵĞƌĞĐĞďĂŵƐƵďǀĞŶĕĆŽ͕ďĞŶĞİĐŝŽŽƵŝŶĐĞŶƟǀŽ͕ĮƐĐĂůŽƵ
ĐƌĞĚŝơĐŝŽ͕ĚĞſƌŐĆŽƉƷďůŝĐŽďĞŵĐŽŵŽĚĂƋƵĞůĂƐƉĂƌĂĐƵũĂĐƌŝĂ-
ĕĆŽŽƵĐƵƐƚĞŝŽŽĞƌĄƌŝŽŚĂũĂĐŽŶĐŽƌƌŝĚŽŽƵĐŽŶĐŽƌƌĂĐŽŵŵĞŶŽƐ
de 50% do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes
ĐĂƐŽƐ͕ĂƐĂŶĕĆŽƉĂƚƌŝŵŽŶŝĂůăƌĞƉĞƌĐƵƐƐĆŽĚŽŝůşĐŝƚŽƐŽďƌĞĂĐŽŶ-
ƚƌŝďƵŝĕĆŽĚŽƐĐŽĨƌĞƐƉƷďůŝĐŽƐ͘
342 vol. 2 – DIREITO ADMINISTRATIVO • Lucas Pavione

ͻഩƚŽƐƋƵĞŝŵƉŽƌƚĂŵĞŵĞŶƌŝƋƵĞĐŝŵĞŶƚŽŝůşĐŝƚŽĚŽĂŐĞŶƚĞ͖
MODALIDADES DE ͻഩƚŽƐƋƵĞŝŵƉŽƌƚĂŵĞŵƉƌĞũƵşnjŽĂŽĞƌĄƌŝŽ͖
ATOS DE ͻഩƚŽƐƋƵĞĂƚĞŶƚĂŵĐŽŶƚƌĂƉƌŝŶĐşƉŝŽƐĚĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽ͖
/DWZK/ ͻഩŽůŽĞƵůƉĂ͖
D/E/^dZd/s
ͻഩŽŶĚƵƚĂƋƵĞƐĞĞŶƋƵĂĚƌĂĞŵŵĂŝƐĚĞƵŵĂŵŽĚĂůŝĚĂĚĞĚĞĂƚŽƐ
de improbidades.
ƌĞƐƉŽŶƐĂďŝůŝĚĂĚĞƉĞůĂƉƌĄƟĐĂĚĞĂƚŽƐĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞĂĚŵŝŶŝƐ-
ELEMENTO ƚƌĂƟǀĂĠƐƵďũĞƟǀĂ͘ŶĞĐĞƐƐĄƌŝŽŽĞůĞŵĞŶƚŽƐƵďũĞƟǀŽƉĂƌĂƋƵĞĂ
^h:d/sK ĐŽŶĚƵƚĂ şŵƉƌŽďĂ ƐĞ ĐŽŶĮŐƵƌĞ͕ ŽďƐĞƌǀĂŶĚŽͲƐĞ ƐĞ Ž ĂŐĞŶƚĞ ĂŐŝƵ
com dolo ou culpa.

ͻഩ>/ƉƌĞǀġƐĂŶĕƁĞƐĐŝǀŝƐ͕ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂƐĞƉŽůşƟĐĂƐ͕ŵĂƐŶĆŽ
SANÇÕES
ĐƵŝĚĂĚĞƐĂŶĕƁĞƐƉĞŶĂŝƐƉĂƌĂŽşŵƉƌŽďŽ͘

KĂƌƚ͘ϭϯĚĂ>/ĐŽŶĚŝĐŝŽŶĂĂƉŽƐƐĞĞĞdžĞƌĐşĐŝŽĚĞƋƵĂůƋƵĞƌĂŐĞŶ-
ƚĞƉƷďůŝĐŽăĂƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽĚĞĚĞĐůĂƌĂĕĆŽĚŽƐďĞŶƐĞǀĂůŽƌĞƐƋƵĞ
>ZK
ĐŽŵƉƁĞŵŽƐĞƵƉĂƚƌŝŵƀŶŝŽ͕ĂĮŵĚĞƐĞƌĂƌƋƵŝǀĂĚĂŶŽƐĞƌǀŝĕŽĚĞ
E^s>KZ^
ƉĞƐƐŽĂĐŽŵƉĞƚĞŶƚĞ͘KĚŝƐƉŽƐŝƟǀŽĨŽŝƌĞŐƵůĂŵĞŶƚĂĚŽƉĞůŽĞĐƌĞƚŽ
ϱ͘ϰϴϯͬϬϱ͘
ͻഩƐƐƵƐƉĞŝƚĂƐĚĞĐŽŵĞƟŵĞŶƚŽĚĞĂƚŽĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞ͕ŽƵŵĞƐ-
mo sua pronta constatação, surgirão na própria Administração,
cabendo-lhe, ĚĞ ŽİĐŝŽ, apurar o ocorrido por meio de seus
agentes.
ͻഩEĆŽƐĞŝŶŝĐŝĂŶĚŽĚĞŽİĐŝŽ͕Ă>/ƉƌĞǀġƋƵĞƋƵĂůƋƵĞƌƉĞƐƐŽĂƉŽ-
ĚĞƌĄƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂƌăĂƵƚŽƌŝĚĂĚĞĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂĐŽŵƉĞƚĞŶƚĞƉĂƌĂ
ƋƵĞƐĞũĂŝŶƐƚĂƵƌĂĚĂŝŶǀĞƐƟŐĂĕĆŽĚĞƐƟŶĂĚĂĂĂƉƵƌĂƌĂƉƌĄƟĐĂĚĞ
ato de improbidade.
ͻഩƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽƉŽĚĞƌĄƐĞƌĞƐĐƌŝƚĂŽƵƌĞĚƵnjŝĚĂĂƚĞƌŵŽ, con-
ƚĞŶĚŽ͗ĂͿƋƵĂůŝĮĐĂĕĆŽĚŽƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂŶƚĞ͖ďͿĂƐŝŶĨŽƌŵĂĕƁĞƐƐŽ-
WhZKKdK
ďƌĞŽĨĂƚŽĞƐƵĂĂƵƚŽƌŝĂ͖ĐͿĂŝŶĚŝĐĂĕĆŽĚĂƐƉƌŽǀĂƐĚĞƋƵĞƚĞŶŚĂ
/DWZK/
conhecimento.
E^Z
D/E/^dZd/s ͻഩhŵĂǀĞnjƌĞĐĞďŝĚĂĂƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽ͕ŽƉƌŽĐĞĚŝŵĞŶƚŽĂƐĞƌĂĚŽ-
ƚĂĚŽ ƌĞƐƉĞŝƚĂƌĄ Ž ƉƌĞǀŝƐƚŽ ŶĂ >ĞŝƐ ϴ͘ϭϭϮͬϵϬ͕ ĂƉůŝĐĄǀĞů ĂŽƐ ƐĞƌ-
ǀŝĚŽƌĞƐ ƉƷďůŝĐŽƐ ĐŝǀŝƐ͕ ŶĂ >Ğŝ ϲ͘ϴϴϬͬϴϬ͕ ĐŽŶĨŽƌŵĞ ƐĞ ƚƌĂƚĞ ĚĞ
ŵŝůŝƚĂƌĞƐĞŽƐĚĞŵĂŝƐĞŶƚĞƐƐĞŐƵŝƌĆŽĂƐĚŝƐƉŽƐŝĕƁĞƐƐĞŵĞůŚĂŶ-
ƚĞƐƉƌĞǀŝƐƚĂƐĞŵƐĞƵƐĞƐƚĂƚƵƚŽƐĨƵŶĐŝŽŶĂŝƐ͘ƉůŝĐĄǀĞůĂŝŶĚĂĂ>Ğŝ
ϵ͘ϳϴϰͬϵϵŶŽƋƵĞĨŽƌĐŽŵƉĂơǀĞůĐŽŵŽƉƌŽĐĞĚŝŵĞŶƚŽĚĞĂƉƵ-
ração do ato.
ͻഩ ĐŽŵŝƐƐĆŽ ƉƌŽĐĞƐƐĂŶƚĞ ĚĂƌĄ ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ĂŽ DŝŶŝƐƚĠƌŝŽ
WƷďůŝĐŽĞĂŽdƌŝďƵŶĂůŽƵŽŶƐĞůŚŽĚĞŽŶƚĂƐĚĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞ
ƉƌŽĐĞĚŝŵĞŶƚŽ ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀŽ ƉĂƌĂ ĂƉƵƌĂƌ Ă ƉƌĄƟĐĂ ĚĞ ĂƚŽ ĚĞ
improbidade.
Cap. VIII • IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 343

ͻഩEŽĮŵĚŽƉƌŽĐĞĚŝŵĞŶƚŽŝŶǀĞƐƟŐĂƚſƌŝŽ͕ƐĞĂĐŽŵŝƐƐĆŽƉƌŽĐĞƐ-
sante entender pela ŝŶĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞƉƌĄƟĐĂĚŽĂƚŽĚĞŝŵƉƌŽ-
ďŝĚĂĚĞ ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂ͕ Ž ƉƌŽĐĞĚŝŵĞŶƚŽ ƐĞƌĄ ĂƌƋƵŝǀĂĚŽ͘ DĂƐ͕
caso a comissão se convença da ƉƌĄƟĐĂĚŽĂƚŽĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞ
ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂ͕ƉŽĚĞƌĄĂƉůŝĐĂƌĂƐĂŶĕĆŽĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂĐĂďşǀĞů
WhZKKdK ŶŽ ĞƐƚĂƚƵƚŽ ĨƵŶĐŝŽŶĂů ĞƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂƌĄ ă WƌŽĐƵƌĂĚŽƌŝĂ ĚŽ ſƌŐĆŽ
/DWZK/ ŽƵĂŽDŝŶŝƐƚĠƌŝŽWƷďůŝĐŽƉĂƌĂƋƵĞƌĞƋƵĞŝƌĂĂŽũƵşnjŽĐŽŵƉĞƚĞŶƚĞ
E^Z a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que
D/E/^dZd/s tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio
ƉƷďůŝĐŽŽƵĂƚĠŵĞƐŵŽƉĂƌĂƋƵĞƐĞũĂĚĂĚŽŝŶşĐŝŽăƉĞƌƐĞĐƵĕĆŽ
ĐƌŝŵŝŶĂů͕ĐĂƐŽĂĐŽŶĚƵƚĂĚŽŝŶĚŝĐŝĂĚŽĐŽŶĮŐƵƌĞĐƌŝŵĞ͘
ͻഩŽŶƐƟƚƵŝĐƌŝŵĞĂƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽƉŽƌĂƚŽĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞĐŽŶƚƌĂ
ĂŐĞŶƚĞƉƷďůŝĐŽŽƵƚĞƌĐĞŝƌŽďĞŶĞĮĐŝĄƌŝŽ͕ƋƵĂŶĚŽŽĂƵƚŽƌĚĂĚĞ-
núncia o sabe inocente.
ͻഩ>ĞŐŝƟŵĂĚŽƐ͗DŝŶŝƐƚĠƌŝŽWƷďůŝĐŽŽƵƉĞůĂƉĞƐƐŽĂũƵƌşĚŝĐĂŝŶƚĞƌĞƐ-
ƐĂĚĂ͘^ĞŵŽǀŝĚĂƉĞůĂƉĞƐƐŽĂũƵƌşĚŝĐĂŝŶƚĞƌĞƐƐĂĚĂ͕ŽDŝŶŝƐƚĠƌŝŽ
WƷďůŝĐŽ ŽďƌŝŐĂƚŽƌŝĂŵĞŶƚĞ ĚĞǀĞƌĄ ƐĞƌ ŝŶƟŵĂĚŽ Ğ ĂƚƵĂƌĄ ĐŽŵŽ
ĮƐĐĂůĚĂůĞŝ͕ƐŽďƉĞŶĂĚĞŶƵůŝĚĂĚĞ͘
ͻഩWƌŽĐĞĚŝŵĞŶƚŽ͗ƐĂĕƁĞƐĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞƚƌĂŵŝƚĂƌĆŽƉĞƌĂŶƚĞŽ
:ƵşnjŽŽŵƵŵ;ĞƐƚĂĚƵĂůŽƵĨĞĚĞƌĂůͿ͕ƐĞŶĚŽǀĞĚĂĚĂƐƵĂĚŝƐƚƌŝďƵŝ-
ĕĆŽĂŽƐ:ƵŝnjĂĚŽƐƐƉĞĐŝĂŝƐ&ĞĚĞƌĂŝƐĞĂŽƐ:ƵŝnjĂĚŽƐƐƉĞĐŝĂŝƐĚĂ
&ĂnjĞŶĚĂWƷďůŝĐĂŶŽąŵďŝƚŽĚŽƐƐƚĂĚŽƐ͕ĚŽŝƐƚƌŝƚŽ&ĞĚĞƌĂů͕ĚŽƐ
dĞƌƌŝƚſƌŝŽƐĞĚŽƐDƵŶŝĐşƉŝŽƐ͘
ƐƚĂŶĚŽĂŝŶŝĐŝĂůĞŵĚĞǀŝĚĂĨŽƌŵĂ͕ŽũƵŝnjŵĂŶĚĂƌĄĂƵƚƵĄͲůĂĞŽƌĚĞ-
ŶĂƌĄĂŶŽƟĮĐĂĕĆŽĚŽƌĞƋƵĞƌŝĚŽ͕ƉĂƌĂŽĨĞƌĞĐĞƌŵĂŶŝĨĞƐƚĂĕĆŽƉŽƌ
ĞƐĐƌŝƚŽ͕ƋƵĞƉŽĚĞƌĄƐĞƌŝŶƐƚƌƵşĚĂĐŽŵĚŽĐƵŵĞŶƚŽƐĞũƵƐƟĮĐĂĕƁĞƐ͕
dentro do prazo de ƋƵŝŶnjĞĚŝĂƐ. Este procedimento é chamado de
ŵĂŶŝĨĞƐƚĂĕĆŽƉƌĠǀŝĂĞŽĐŽƌƌĞĂŶƚĞƐĚĂĐŝƚĂĕĆŽĚŽĂŐĞŶƚĞ͘
K/s/>
ͻഩZĞĐĞďŝĚĂĂŵĂŶŝĨĞƐƚĂĕĆŽ͕ŽũƵŝnj͕ŶŽƉƌĂnjŽĚĞƚƌŝŶƚĂĚŝĂƐ, em de-
/DWZK/
ĐŝƐĆŽĨƵŶĚĂŵĞŶƚĂĚĂ͕ƌĞũĞŝƚĂƌĄĂĂĕĆŽ͕ƐĞĐŽŶǀĞŶĐŝĚŽĚĂŝŶĞdžŝƐ-
D/E/^dZd/s
tência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da
ŝŶĂĚĞƋƵĂĕĆŽ ĚĂ ǀŝĂ ĞůĞŝƚĂ͘ ZĞĐĞďŝĚĂ Ă ƉĞƟĕĆŽ ŝŶŝĐŝĂů Ğ ĞƐƟǀĞƌ
ŽũƵşnjŽĐŽŶǀĞŶĐŝĚŽĚĂƉůĂƵƐŝďŝůŝĚĂĚĞĚŽƉĞĚŝĚŽ͕ĚĞƚĞƌŵŝŶĂƌĄĂ
citação do réu para apresentar contestação. Contra esta decisão
ĐĂďĞƌĄĂŐƌĂǀŽĚĞŝŶƐƚƌƵŵĞŶƚŽ͘
ͻഩŝŶƐƚƌƵĕĆŽƉƌŽĐĞƐƐƵĂůŽďƐĞƌǀĂƌĄĂƐĚŝƐƉŽƐŝĕƁĞƐĚŽƌŝƚŽŽƌĚŝŶĄ-
rio.
ͻഩ ƐĞŶƚĞŶĕĂ ƋƵĞ ũƵůŐĂƌ ƉƌŽĐĞĚĞŶƚĞ ĂĕĆŽ Đŝǀŝů ĚĞ ƌĞƉĂƌĂĕĆŽ ĚĞ
dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente deter-
ŵŝŶĂƌĄŽƉĂŐĂŵĞŶƚŽŽƵĂƌĞǀĞƌƐĆŽĚŽƐďĞŶƐ͕ĐŽŶĨŽƌŵĞŽĐĂƐŽ͕
ĞŵĨĂǀŽƌĚĂƉĞƐƐŽĂũƵƌşĚŝĐĂƉƌĞũƵĚŝĐĂĚĂƉĞůŽŝůşĐŝƚŽ͘
ͻഩƉĞƌĚĂĚĂĨƵŶĕĆŽƉƷďůŝĐĂĞĂƐƵƐƉĞŶƐĆŽĚŽƐĚŝƌĞŝƚŽƐƉŽůşƟĐŽƐ
ƐſƐĞĞĨĞƟǀĂƌĆŽĐŽŵŽƚƌąŶƐŝƚŽĞŵũƵůŐĂĚŽĚĂƐĞŶƚĞŶĕĂĐŽŶĚĞ-
natória.
344 vol. 2 – DIREITO ADMINISTRATIVO • Lucas Pavione

ͻഩdƌĂŶƐĂĕĆŽ͕ĂĐŽƌĚŽŽƵĐŽŶĐŝůŝĂĕĆŽ͗>/ǀĞĚĂĂƚƌĂŶƐĂĕĆŽ͕ĂĐŽƌ-
ĚŽŽƵĐŽŶĐŝůŝĂĕĆŽŶĂƐĂĕƁĞƐĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂ͘
ͻഩdƵƚĞůĂƐ ĚĞ ƵƌŐġŶĐŝĂ ŶĂ ĂĕĆŽ ĚĞ ŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞ ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƟǀĂ͗
declaração de indisponibilidade de bens, sequestro de bens,
ĂĨĂƐƚĂŵĞŶƚŽĚŽĂŐĞŶƚĞ͕ƐĞŵĂĨĂƐƚĂƌĂƐŽƵƚƌĂƐĐĂƵƚĞůĂƌĞƐƉƌĞǀŝƐ-
tas no CPC e do poder geral de cautela do juiz.
ͻഩWƌĞƐĐƌŝĕĆŽ͗ĂĂĕĆŽĚĞŝŵƉƌŽďŝĚĂĚĞƐĞƌĄƉƌŽƉŽƐƚĂŶŽƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐ
ƉƌĂnjŽƐ͗ĂͿƚĠĐŝŶĐŽĂŶŽƐĂƉſƐŽƚĠƌŵŝŶŽĚŽĞdžĞƌĐşĐŝŽĚĞŵĂŶ-
ĚĂƚŽ͕ĚĞĐĂƌŐŽĞŵĐŽŵŝƐƐĆŽŽƵĚĞĨƵŶĕĆŽĚĞĐŽŶĮĂŶĕĂ͖ďͿĞŶ-
ƚƌŽĚŽƉƌĂnjŽƉƌĞƐĐƌŝĐŝŽŶĂůƉƌĞǀŝƐƚŽĞŵůĞŝĞƐƉĞĐşĮĐĂƉĂƌĂĨĂůƚĂƐ
K/s/> ĚŝƐĐŝƉůŝŶĂƌĞƐƉƵŶşǀĞŝƐĐŽŵĚĞŵŝƐƐĆŽĂďĞŵĚŽƐĞƌǀŝĕŽƉƷďůŝĐŽ͕
/DWZK/ ŶŽƐĐĂƐŽƐĚĞĞdžĞƌĐşĐŝŽĚĞĐĂƌŐŽĞĨĞƟǀŽŽƵĞŵƉƌĞŐŽ͘KĞƐƚĂƚƵƚŽ
D/E/^dZd/s ĚŽƐƐĞƌǀŝĚŽƌĞƐƉƷďůŝĐŽƐĨĞĚĞƌĂŝƐ;>Ğŝϴ͘ϭϭϮͬϵϬͿŶĆŽƉŽƐƐƵŝƉƌĞǀŝ-
são da chamada demissão a bem do serviço público, razão pela
qual, em regra, deve ser aplicado o prazo prescricional de 5 anos
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