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Políticas públicas
Políticas públicas sofrem com a cultura da distribuição de cargos de confiança e da disseminação da idéia de que o
funcionalismo não é competente
Ela lembra que o projeto começou a ser forjado em 1994 pelo ex-ministro
Bresser Pereira e que aos poucos é implementado em vários níveis de poder. A
professora Ianni diz que a atual gestão da cidade de São Paulo, por exemplo,
pretende dar forma à idéia. Projeto de lei que terceiriza os serviços com as
chamadas "organizações sociais", as OSs (pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos), já foi aprovado pela Câmara Municipal em dezembro. Ela vê
com cautela essa transferência de papéis. O próprio Conselho Municipal de
Saúde, que aprovou um documento dia 22 de dezembro, observa que o modelo
defendido pela atual gestão da Prefeitura de São Paulo contraria os preceitos do
Sistema Único de Saúde (SUS) de universalização do atendimento público, abre
brechas para a administração pública burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) e pode ser usado de forma eleitoreira.
Ianni acredita que não dá para pensar só sob o ponto de vista burocrático e de
estruturas, que são materiais. "Avaliar qual o tipo de ação que se vai ter em
relação aos servidores públicos na hora de definir uma política pública é
fundamental. Sabemos, por exemplo, que a saúde mental do trabalhador está
relacionada à organização do trabalho. Adoecer ou ficar alheio ao trabalho são
formas de se defender de estruturas institucionais perversas." Segundo ela, essa
é uma conseqüência que se vira contra o próprio funcionalismo, pois em cima de
mais esse fator os gestores reforçam sua tese de que o melhor mesmo é a
terceirização.
http://crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/146/frames/fr_politicas_publicas.aspx 2/2