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Teoria Política e do Estado

Teoria Geral do Estado


O estudo da Teoria Geral do Estado surge com Jellinek numa tentativa de analisar e conceituar
o Estado. Em sua obra trata da Teoria Geral do Estado, em si, num âmbito teórico, buscando
estabelecer os princípios fundamentais do Estado, e também trata em parte sobre a Teoria Particular
do Estado, que falaria sobre o Estado de uma forma mais empírica, real, analisando e comparando os
sistemas dos Estados, de um determinado grupo ou de todos em geral, e também analisando
especificamente alguns aspectos de Estados isolados, porém esta parte da obra ele não finalizou.

Jellinek estuda o Estado através de uma análise social e jurídica deste, já outros juristas fazem
suas próprias analises baseadas em outras visões, como Groppali, que faz essa análise em dimensão
social, política e jurídica, ou Kelsen, que separa o direito de todas as influências éticas, morais e
religiosas, tratando ele apenas de forma jurídica, dizendo que o estado é a personificação do Direito.

A Teoria Geral do Estado é vista de forma diferente em diferentes países, possuindo outros
nomes e, até mesmo, outros aspectos. E o objetivo principal da matéria é responder a origem, a
organização, o funcionamento e as finalidades do Estado.

Apesar de mesclar várias características de outras ciências, a Teoria Política e Geral do Estado,
como também pode ser chamada, constitui-se como uma ciência autônoma. Ele se verifica como em
parte uma ciência descritiva e em parte como uma ciência normativa, pois mescla a visão de como o
Estado "é" e como "deve ser".

Em relação ao surgimento do Estado não há um consenso, de forma que cada filósofo político
vai tratar dos "por quês" do Estado a partir de uma visão diferente. Já em relação à sua nomenclatura,
a palavra "Estado" é derivada de "Status" e só veio surgir com o significado que têm hoje no livro "O
Príncipe", de Maquiavel, no final da Idade Média. Até então existiam várias palavras diferentes para
denominá-lo, como Reino, República, Principado, Polis e outros.

Evolução do Estado
Ao longo do tempo o homem viveu sobre aspectos organizacionais diferentes. Jellinek dividiu
a história dos tipos diferentes de Estado em "tipos históricos fundamentais", usando como critério
principal características que relacionam e ajudam a entender o Estado Moderno.

O Estado antigo representa os grandes impérios de 3000 A.C., nos quais não havia um Estado
realmente definido. O governo se dava por meio de teocracias, onde, ou o soberano era a
representação do Deus na terra e sua vontade era a mesma de Deus (os Faraós), ou o soberano era
uma espécie de comunicador da vontade de Deus, como uma conexão entre Deus e os homens
(sacerdotes e homens de Deus, como era no Estado de Israel). Os povos eram agregados de seguidores
da dada religião e a sociedade se dividia em castas, onde cada um exercia uma função. Não havia
noção de território como unidade fixa, era mais como uma noção de dominação e expansão mundial.

O Estado helênico inova, trazendo o conceito grego de "polis" (cidade-estado), que eram
totalmente onipotentes e independentes em si, e os primeiros conceitos de cidadania, por meio da
qual os cidadãos gregos (homens, maiores de 21 anos e atenienses "puros") possuíam direitos de
tomar parte nas decisões políticas, porém, ainda não tinham um conceito de liberdade privada. O
território das cidades-estados eram, em geral, pequenos e autossuficientes.
O Estado romano possuiu a "civitas" romana, que pode ser considerada uma continuação da
ideia grega de polis, mas possuindo um grande território, com uma certa ideia de expansão parecida
com a do Estado Antigo. Mas aqui há a separação entre as esferas pública e privada, a primeira
referente governo e organização do Estado e a segunda ao "pater familias", que seria a figura do
patriarca de posse do controle central da família, sendo as duas esferas totalmente não relacionadas
e independentes uma da outra. No que se refere à estrutura política, passou de Realeza, por
República, à Império.

O Estado medieval, de acordo com Dallari é caracterizado por três elementos, o cristianismo,
as invasões bárbaras e o feudalismo. Entretanto as invasões bárbaras são apenas condições desse
período, mas não fazem parte fundamental dele, no que diz respeito ao Estado. Já o cristianismo, ou
igreja cristã, não é exclusivo apenas desse período, mas possui uma função especial nele, no que se
refere a luta pelo poder, por isso é uma característica peculiar. Já o feudalismo é a principal
característica do Estado medieval, já que representa a fragmentação do poder, e esta nada mais é do
que a constante disputa pelo poder, entre o Rei, os senhores feudais e a igreja. A organização da
sociedade se dá basicamente por Senhores e Servos, não há uma união de "povo". Também não há
um território único e cada feudo possui um soberano diferente. E não há uma fonte do direito única,
já que há sempre o conflito entre os preceitos da igreja e do senhor.

O Estado moderno não tem uma definição específica, cada autor tem uma interpretação
própria desses conceitos. A mais aceita é a de Jellinek, que diz "Estado moderno é o Estado, enquanto
unidade de associação, organizado conforme uma Constituição. E que proteja e reconheça os direitos
individuais do povo".

Quanto a origem do Estado moderno, há uma disparidade de teorias que, individualmente,


não podem ser efetivamente comprovadas. As principais premissas para essas teorias são: "O
nascimento do Estado se dá com o nascimento do Estado moderno, em 1648, com o tratado de
Westfália"; "O surgimento do Estado se dá junto com o surgimento do homem"; e "O Estado é um
fenômeno natural, existente antes do homem". Dentro destas haveriam ainda subteorias, como o
contratualismo, o jusnaturalismo e o organicismo, que derivam da segunda premissa.

Para o Jusnaturalismo, segundo as suas várias vertentes, o Estado pode ter a origem a partir
de Deus e sua vontade divina, do instinto natural do homem, inerente ao seu ser, ou da razão humana,
por meio de um ato de vontade, que seria o próprio contratualismo. O contratualismo busca uma
definição da origem do Estado por meio de um argumento racional que trate em primeiro lugar que o
Estado é firmado por um pacto ou contrato social, onde a sociedade passe de um estado de natureza
para um estado civil. Os principais autores contratualistas são Hobbes, Locke e Rousseau.

Justificações Político-Filosóficas do Estado


Maquiavel precisava acabar com as forças que desagregavam o Estado, fortificando e
unificando a força política. Ele estuda e trata do Estado concreto, como é, apesar de entender com ele
deve ser. Sua principal fala diz que no estado de natureza as pessoas levam a sociedade à ruina e à
desordem, e para impedi-las é necessário que o Príncipe funde o Estado (como Principado ou
República) e use de poder para acabar com a ação das forças desagregadores do Estado, e manter a
ordem, através, também, da virtude, que é a capacidade do Príncipe de fazer o que for preciso, quando
for preciso, para alcançar este fim. Maquiavel também dita que o Príncipe dotado de virtude atrairá
pra si fortuna (sorte).

Hobbes diz que no estado de natureza , onde, a princípio, todos os indivíduos são iguais, e por
isso acabam desejando a mesma coisa, fazendo com que, num ambiente de assimetria de informação,
cada indivíduo tende a antecipar a ação do outro, que seria atacar primeiro, graças a desconfiança e
medo que elas têm de perder a vida. Para evitar esse conflito eterno os homens entram num acordo
"sui generis", feito apenas entre eles, para abdicar de todos os seus direitos e se submeterem à um
poder Soberano que teria o poder absoluto. A única obrigação do Soberano seria garantir a vida dos
cidadãos, e caso houvesse falha no cumprimento deste direito, ou o cidadão tivesse sua vida
ameaçada, eles teriam a liberdade de quebrar o contrato.

Locke trata de um estado de natureza onde o homem é livre e dono de suas propriedades
(vida, liberdade e bens), sendo estas fruto de seu trabalho, numa situação que quanto mais trabalhar
mais propriedade o indivíduo tem. Em um determinado momento alguém acaba infligindo a
propriedade de outro e como não há nenhum órgão que crie leis, regule-as e julgue os conflitos, eles
acabam entrando em guerra. Para evitar isso, com o intuito de proteger suas propriedades, os
indivíduos fazem um contrato em que elegem um grupo de legisladores (dotados da força soberana),
que, por sua vez, vinculará o executivo e o judiciário, assim, criando o estado civil.

Montesquieu se preocupa mais em questões práticas do Estado do que com a origem do


mesmo. Sua principal obra trata da Teoria da Separação dos Poderes, na qual diz que se todos os
poderes estiverem nas mãos de um mesmo homem o Estado estaria perdido. Então separa os poderes
de forma que não podem interferir nas ações uns dos outros, mas podem impedir o abuso alheio do
poder, fazendo um mútuo controle de obrigações para que um não sobreponha o outro, o chamado
sistema de "freios e contrapesos". Dessa forma o poder executivo seria regido pelo Rei, que teria
obrigações gerais com o Estado e teria o poder de revogar leis e convocar as assembleias do legislativo.
O legislativo seria responsável pela elaboração de leis e verificar se elas estão sendo executadas, e
seria formado, em parte, por pessoas comuns e ,em parte, por nobres, que teriam esse cargo
hereditário, mas apenas teriam poder de veto sobre as leis. O judiciário deveria julgar os casos de
acordo com as leis, e deveria ser composto por um conjunto de nobres e pessoas comuns, para que
fosse sempre justo, e deveria mudar esse conjunto periodicamente.

Kant diz que o Estado é um meio para o indivíduo. Sua principal base é o imperativo categórico,
teoria pela qual o homem deve agir sempre como se suas ações fossem se tornar leis universais. Pra
ele as pessoas só podem ser livres seguindo as leis que elas mesmo se impõe, se submetendo
completamente ao Estado, tendo sempre a noção de que todos estão fazendo o mesmo.

Hegel, defensor do organicismo, diz que o indivíduo só se conceitua como ser, dentro do
Estado, enquanto estiver inserido nele. Para ele o Estado é um meio para a cooperação total dos
indivíduos, através a união e da convivência em harmonia, e que o homem só pode ser livre como
parte do Estado. Também diz que a complexidade do Estado é um definidor da liberdade que os
indivíduos têm nele, e que o mais complexo (moderno) seria o mais livre, e os mais simples, os menos
dotados de liberdade. Hegel é um crítico do contratualismo, dizendo que historicamente suas teorias
são inválidas.

Kelsen é defensor da Teoria Monista do Estado, na qual confunde o direito e o Estado como
um órgão só, sendo o Estado uma ordem jurídica descentralizada e fonte do direito. De acordo com
ele o Estado é uma ordem de coação, dotada de órgãos específicos para a aplicação de normas, tendo
estas objetivo de controlar as condutas dos indivíduos. Kelsen denomina os três elementos
constitutivos do Estado, como o território, o povo e o poder, diz que a origem do Estado está numa
norma hipotética fundamental, a Constituição, e traz o conceito fundamental do Estado como
detentor de direitos e deveres, dotado de personalidade jurídica.
Elementos Definidores do Estado
As concepções desses elementos definidores do Estado variam de acordo com os autores,
podendo também estrar presente um quarto elemento ou quinto elemento, como a finalidade de
Groppali.

A teoria jurídica tradicional trata dos três elementos já citados. Sendo: o povo uma unidade
jurídica formada por pessoas que têm sua conduta regulada por uma ordem jurídica nacional; o
território uma unidade jurídica, e não natural ou geográfica, sem fronteiras naturais, mas dotado de
uma característica de descontinuidade, onde é válido o exercício da coerção do Estado por uma ordem
jurídica nacional; e o poder é a representação da validade e da eficácia da ordem jurídica nacional a
qual o povo está submetido, tendo como característica principal a soberania, dada de forma una,
indivisível, imprescritível e inalienável, e pode ser distinguido em três poderes componentes: o
legislativo, o executivo e o judiciário.

A soberania possui também um caráter interno e externo, sendo o primeiro o poder total
dentro do seu território, e o segundo a igualdade plena frente outros Estados.

A norma jurídica pode ser definida como uma conduta social imposta pela imperatividade das
normas, sendo esta os poderes de coação, coerção e sanção.

A personalidade jurídica do Estado seria a capacidade de reconhecer uma entidade abstrata


com capacidade de deter direitos e deveres para com certas responsabilidades jurídicas.

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