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Jellinek estuda o Estado através de uma análise social e jurídica deste, já outros juristas fazem
suas próprias analises baseadas em outras visões, como Groppali, que faz essa análise em dimensão
social, política e jurídica, ou Kelsen, que separa o direito de todas as influências éticas, morais e
religiosas, tratando ele apenas de forma jurídica, dizendo que o estado é a personificação do Direito.
A Teoria Geral do Estado é vista de forma diferente em diferentes países, possuindo outros
nomes e, até mesmo, outros aspectos. E o objetivo principal da matéria é responder a origem, a
organização, o funcionamento e as finalidades do Estado.
Apesar de mesclar várias características de outras ciências, a Teoria Política e Geral do Estado,
como também pode ser chamada, constitui-se como uma ciência autônoma. Ele se verifica como em
parte uma ciência descritiva e em parte como uma ciência normativa, pois mescla a visão de como o
Estado "é" e como "deve ser".
Em relação ao surgimento do Estado não há um consenso, de forma que cada filósofo político
vai tratar dos "por quês" do Estado a partir de uma visão diferente. Já em relação à sua nomenclatura,
a palavra "Estado" é derivada de "Status" e só veio surgir com o significado que têm hoje no livro "O
Príncipe", de Maquiavel, no final da Idade Média. Até então existiam várias palavras diferentes para
denominá-lo, como Reino, República, Principado, Polis e outros.
Evolução do Estado
Ao longo do tempo o homem viveu sobre aspectos organizacionais diferentes. Jellinek dividiu
a história dos tipos diferentes de Estado em "tipos históricos fundamentais", usando como critério
principal características que relacionam e ajudam a entender o Estado Moderno.
O Estado antigo representa os grandes impérios de 3000 A.C., nos quais não havia um Estado
realmente definido. O governo se dava por meio de teocracias, onde, ou o soberano era a
representação do Deus na terra e sua vontade era a mesma de Deus (os Faraós), ou o soberano era
uma espécie de comunicador da vontade de Deus, como uma conexão entre Deus e os homens
(sacerdotes e homens de Deus, como era no Estado de Israel). Os povos eram agregados de seguidores
da dada religião e a sociedade se dividia em castas, onde cada um exercia uma função. Não havia
noção de território como unidade fixa, era mais como uma noção de dominação e expansão mundial.
O Estado helênico inova, trazendo o conceito grego de "polis" (cidade-estado), que eram
totalmente onipotentes e independentes em si, e os primeiros conceitos de cidadania, por meio da
qual os cidadãos gregos (homens, maiores de 21 anos e atenienses "puros") possuíam direitos de
tomar parte nas decisões políticas, porém, ainda não tinham um conceito de liberdade privada. O
território das cidades-estados eram, em geral, pequenos e autossuficientes.
O Estado romano possuiu a "civitas" romana, que pode ser considerada uma continuação da
ideia grega de polis, mas possuindo um grande território, com uma certa ideia de expansão parecida
com a do Estado Antigo. Mas aqui há a separação entre as esferas pública e privada, a primeira
referente governo e organização do Estado e a segunda ao "pater familias", que seria a figura do
patriarca de posse do controle central da família, sendo as duas esferas totalmente não relacionadas
e independentes uma da outra. No que se refere à estrutura política, passou de Realeza, por
República, à Império.
O Estado medieval, de acordo com Dallari é caracterizado por três elementos, o cristianismo,
as invasões bárbaras e o feudalismo. Entretanto as invasões bárbaras são apenas condições desse
período, mas não fazem parte fundamental dele, no que diz respeito ao Estado. Já o cristianismo, ou
igreja cristã, não é exclusivo apenas desse período, mas possui uma função especial nele, no que se
refere a luta pelo poder, por isso é uma característica peculiar. Já o feudalismo é a principal
característica do Estado medieval, já que representa a fragmentação do poder, e esta nada mais é do
que a constante disputa pelo poder, entre o Rei, os senhores feudais e a igreja. A organização da
sociedade se dá basicamente por Senhores e Servos, não há uma união de "povo". Também não há
um território único e cada feudo possui um soberano diferente. E não há uma fonte do direito única,
já que há sempre o conflito entre os preceitos da igreja e do senhor.
O Estado moderno não tem uma definição específica, cada autor tem uma interpretação
própria desses conceitos. A mais aceita é a de Jellinek, que diz "Estado moderno é o Estado, enquanto
unidade de associação, organizado conforme uma Constituição. E que proteja e reconheça os direitos
individuais do povo".
Para o Jusnaturalismo, segundo as suas várias vertentes, o Estado pode ter a origem a partir
de Deus e sua vontade divina, do instinto natural do homem, inerente ao seu ser, ou da razão humana,
por meio de um ato de vontade, que seria o próprio contratualismo. O contratualismo busca uma
definição da origem do Estado por meio de um argumento racional que trate em primeiro lugar que o
Estado é firmado por um pacto ou contrato social, onde a sociedade passe de um estado de natureza
para um estado civil. Os principais autores contratualistas são Hobbes, Locke e Rousseau.
Hobbes diz que no estado de natureza , onde, a princípio, todos os indivíduos são iguais, e por
isso acabam desejando a mesma coisa, fazendo com que, num ambiente de assimetria de informação,
cada indivíduo tende a antecipar a ação do outro, que seria atacar primeiro, graças a desconfiança e
medo que elas têm de perder a vida. Para evitar esse conflito eterno os homens entram num acordo
"sui generis", feito apenas entre eles, para abdicar de todos os seus direitos e se submeterem à um
poder Soberano que teria o poder absoluto. A única obrigação do Soberano seria garantir a vida dos
cidadãos, e caso houvesse falha no cumprimento deste direito, ou o cidadão tivesse sua vida
ameaçada, eles teriam a liberdade de quebrar o contrato.
Locke trata de um estado de natureza onde o homem é livre e dono de suas propriedades
(vida, liberdade e bens), sendo estas fruto de seu trabalho, numa situação que quanto mais trabalhar
mais propriedade o indivíduo tem. Em um determinado momento alguém acaba infligindo a
propriedade de outro e como não há nenhum órgão que crie leis, regule-as e julgue os conflitos, eles
acabam entrando em guerra. Para evitar isso, com o intuito de proteger suas propriedades, os
indivíduos fazem um contrato em que elegem um grupo de legisladores (dotados da força soberana),
que, por sua vez, vinculará o executivo e o judiciário, assim, criando o estado civil.
Kant diz que o Estado é um meio para o indivíduo. Sua principal base é o imperativo categórico,
teoria pela qual o homem deve agir sempre como se suas ações fossem se tornar leis universais. Pra
ele as pessoas só podem ser livres seguindo as leis que elas mesmo se impõe, se submetendo
completamente ao Estado, tendo sempre a noção de que todos estão fazendo o mesmo.
Hegel, defensor do organicismo, diz que o indivíduo só se conceitua como ser, dentro do
Estado, enquanto estiver inserido nele. Para ele o Estado é um meio para a cooperação total dos
indivíduos, através a união e da convivência em harmonia, e que o homem só pode ser livre como
parte do Estado. Também diz que a complexidade do Estado é um definidor da liberdade que os
indivíduos têm nele, e que o mais complexo (moderno) seria o mais livre, e os mais simples, os menos
dotados de liberdade. Hegel é um crítico do contratualismo, dizendo que historicamente suas teorias
são inválidas.
Kelsen é defensor da Teoria Monista do Estado, na qual confunde o direito e o Estado como
um órgão só, sendo o Estado uma ordem jurídica descentralizada e fonte do direito. De acordo com
ele o Estado é uma ordem de coação, dotada de órgãos específicos para a aplicação de normas, tendo
estas objetivo de controlar as condutas dos indivíduos. Kelsen denomina os três elementos
constitutivos do Estado, como o território, o povo e o poder, diz que a origem do Estado está numa
norma hipotética fundamental, a Constituição, e traz o conceito fundamental do Estado como
detentor de direitos e deveres, dotado de personalidade jurídica.
Elementos Definidores do Estado
As concepções desses elementos definidores do Estado variam de acordo com os autores,
podendo também estrar presente um quarto elemento ou quinto elemento, como a finalidade de
Groppali.
A teoria jurídica tradicional trata dos três elementos já citados. Sendo: o povo uma unidade
jurídica formada por pessoas que têm sua conduta regulada por uma ordem jurídica nacional; o
território uma unidade jurídica, e não natural ou geográfica, sem fronteiras naturais, mas dotado de
uma característica de descontinuidade, onde é válido o exercício da coerção do Estado por uma ordem
jurídica nacional; e o poder é a representação da validade e da eficácia da ordem jurídica nacional a
qual o povo está submetido, tendo como característica principal a soberania, dada de forma una,
indivisível, imprescritível e inalienável, e pode ser distinguido em três poderes componentes: o
legislativo, o executivo e o judiciário.
A soberania possui também um caráter interno e externo, sendo o primeiro o poder total
dentro do seu território, e o segundo a igualdade plena frente outros Estados.
A norma jurídica pode ser definida como uma conduta social imposta pela imperatividade das
normas, sendo esta os poderes de coação, coerção e sanção.