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NEUROCIÊNCIAS
AULA 1 e 2
VIVIANE N L O MEDEIROS
“O homem deve saber que, de nenhum outro lugar, se não do
cérebro vem alegria, o prazer, o riso e a recreação, e a
tristeza, melancolia, pessimismo e as lamentações. E então, de
uma maneira especial, adquirimos sabedoria e conhecimento,
e vemos e ouvimos para saber o que é justo e o que não é, o
que é bom e o que é ruim, o que é doce e o que é sem sabor...
E pelo mesmo órgão tornamo-nos loucos e delirantes, e
sentimos medo e o terror nos assola... Todas essas coisas
provêem do cérebro quando este não está sadio...Dessa
maneira sou da opinião de que o cérebro exerce um grande
poder sobre o homem.”
(Hipocrates, Da Doença Sacra, IV A.C)
1.Introdução
A palavra neurociência é nova. O estudo do sistema nervoso no entanto, é
tão antigo como a própria ciência. Compreender como o sistema nervoso
funciona requer conhecimento sobre muitas coisas, desde a estrutura das
moléculas da água até as propriedades elétricas e químicas do encéfalo.
2.Origens da Neurociência
Hipócrates (469 -379 AC): pai da medicina, acreditada que o encéfalo
não estava apenas envolvido nas sensações, mas também era sede da
inteligência.
Aristóteles (384-322 AC): Agarrava se a crença que o coração era o
centro do intelecto. Ele propunha que o encéfalo era um radiador para
resfriar o sangue que era por sua vez superaquecido pelo coração. O
temperamento dos seres humano era então explicado pela grande
capacidade de resfriamento do encéfalo.
Galeno (130-200 DC): médico dos gladiadores, concordava com a visão
de Hipócrates. No entanto sua opinião sobre o cérebro foi mais
influenciada pelas dissecações em animais. O primeiro mais macio
(cérebro) seria o recipiente das sensações e o segundo mais duro
(cerebelo) deveria comandar os músculos. A concepção de Galeno durou
1500 anos.
René Descartes (1596-1650): Um dos defensores da visão funcional do
cérebro baseado nos fluidos. Embora ele acreditasse que o cérebro e o
comportamento pudessem ser explicados por essa teoria. Descartes
formulou que o cérebro controlaria o comportamento apenas na extensão
na qual esse se assemelharia ao dos animais. As capacidades mentais
humanas existiriam fora do cérebro, na mente. Acreditava que a mente era
entidade espiritual que receberia sensações e comandos de movimentação
através de uma comunicação com a máquina, o cérebro, através da
glândula pineal.
Na virada do século, o cientista italiano Luigi Galvani e o biólogo alemão
Emil du Bois-Reymond mostraram que os músculos se contraem quando os
nervos são estimulados eletricamente, e que o cérebro em si é capaz de
gerar eletricidade.
Essas descobertas finalmente acabaram com a idéia de que os nervos
comunicavam-se com o cérebro através do movimento de fluídos.
Franz Joseph Gall: Médico e neurologista no final do século
XVIII, propôs que regiões distintas do córtex cerebral
controlariam funções distintas.
Frenologia
1. Amorosidade 22. Construtividade
2. Filoprogeniedade 23. Comparação
3. Amor paternal 24. Causalidade
4. Adesão 25. Vitalidade
5. Amizade 26. Idealismo
6. Combatividade 27. Benevolência
7. Destrutividade 28. Imitatividade
8. Secretividade 29. Generatividade
9. Aquisitividade 30. Firmeza
10. Auto-estima 31. Temporalidade
11. Aprovatividade 32. Eventualidade
12. Cautela 33. Habitatividade
13. Individualidade 34. Reverência
14. Localidade 35. Veneração
15. Forma 36. Consciensiosidade
16. Memória verbal 37. Esperança
17. Linguagem 38. Maravilhosidade
18. Coloração 39. Tamanho
19. Tonalidade 40. Peso e
20. Calculatividade resistência
21. Numerosidade 41. Ordem
Nos últimos anos da década de 1820, Pierre Flourens, na França, tentou
isolar as contribuições de diferentes partes do sistema nervoso para o
comportamento, pela remoção (em animais) dos centros funcionais
identificados por Gall.
Flourens concluiu que regiões cerebrais específicas não são as únicas
responsáveis por comportamentos específicos, mas que todas as regiões
cerebrais participam para cada função mental.
―Todas as percepções, todas as volições ocupam o mesmo local nesses
órgãos cerebrais; as faculdades de perceber, de conceber, de querer,
constituem, simplesmente, uma faculdade que é, em essência, uma só.‖
(Flourens)
(hipótese do campo agregado)
No final do século XIX os estudos de Charles Darwin sobre
evolução formaram palco para observação sistemática das ações e
do comportamento.
1889: Santiago Ramón y Cajal, em A doutrina do neurônio, propõe
que os neurônios são elementos independentes e unidades básicas
do cérebro. Divide o Prêmio Nobel de 1906 com Camilo Golgi.
Por volta de 1900 Sigmund Freud abandona a neurologia ainda no
inicio para estudar psicodinâmica. O sucesso da psicanálise
freudiana ofuscou a psiquiatria fisiológica por meio século.
1906: Santiago Ramón y Cajal descrevem como os neurônios se
comunicam. Ainda em 1906 Alóis Alzheimer descreve a
degeneração pré-senil.
1909: Korbinian Broadman descreve as 52 áreas corticais
distintas com base na estrutura neural. Essas áreas são
utilizadas até hoje.
1914: O fisiologista britânico Henry Hallett Dale isola a
acetilcolina o primeiro neurotransmissor descoberto. Ganha o
primeiro Prêmio Nobel em 1936.
1919: O neurologista irlandês Gordon Morgan Holmes
relaciona a visão com a córtex estriado (a córtex visual
primário).
1924: Os primeiros eletroencefalogramas (ECG) são
desenvolvidos por Hans Berger.
1934: O neurologista português Egas Moniz executa a
primeira operação de leucotomia (conhecida como mais tarde
por lobotomia). Ele também inventou a angiografia, uma das
primeiras técnicas que captava a imagem do cérebro.
1953: Brenda Milner descreve o paciente H.M que perde a
memória após remoção cirúrgica de porção de ambos os
lobos temporais .
Com o avanço tecnológico, atualmente conseguimos visualizar
estruturas cerebrais e sua capacidade de desempenhar
funções específicas. Como resultado, a idéia que as diferentes
regiões do cérebro são especializadas para diferentes
funções é, atualmente, aceita como um dos pilares da ciência
do cérebro.
3. Grandes áreas da neurociência
1) Neurociência molecular: trata a função das moléculas;
2) Neurociência celular: estuda a constituição e função das células no sistema
nervoso;
3) Neurociência sistêmica: descreve e analisa as regiões do sistema nervoso e está
ligado à neuroanatomia. Em outras palavras, divide o sistema nervoso em partes e
nomeia estas partes e busca compreender as suas funções;
4) Neurociência comportamental: ligada diretamente à psicologia, especialmente
a psicologia comportamental. Relaciona o estudo do organismo com o meio,
centrando o seu estudo sobre os comportamentos internos, como pensamentos,
emoções e os comportamentos visíveis como a fala, gestos e outras ações, em geral.
5) Neurociência cognitiva: centra o seu estudo sobre os comportamentos ainda
mais complexos como memória, aprendizagem, enfim, a capacidade cognitiva de
uma determinada pessoa em um determinado momento.
Níveis de análise do SN
1) Cognitivo: comportamental
3) Celular: propriedades de
células unitárias
4) Subcelular: biofísica de
canais iônicos
5) Molecular: mecanismos de
ação das proteínas e
neurotransmissores
O estudo dos diferentes níveis de análise requer ferramentas amplificadoras dos sentidos
humanos: microscopia, ressonância, eletrofisiologia, etc.
Córtex Espessura
1mm = 0,001m X 10
cerebral 3mm
Terminação sináptica
Sinapse 1 m = 10m X 10.000.
1 m
Fenda Fenda
0,1 m = 100 m X 100.000
sináptica 20 m
Espessura
Membrana 10 m X 1.000.000
5 m
Diâmetro do canal
Canal iônico 1 m X 10.000.000
0,5 m
Divisão funcional do SISTEMA NERVOSO
SISTEMA NERVOSO MOTOR
- Conjunto de neurônios relacionados com as funções motoras
somáticas e viscerais
Plano sagital
Linha média
Plano transversal
superior
inferior
O ENCÉFALO situa-se
dentro do crânio
3. Estrutura do Sistema nervoso
Central
Divisão do sistema Nervoso- segundo
critérios Anatômicos
4.1 Telencéfalo
Telencéfalo é o nome dado aos hemisférios cerebrais, separados pela
fissura longitudinal superior. Cada hemisfério possui quatro pólos: frontal,
temporal, parietal e occipital e três faces: inferior, súpero-lateral e medial.
Abaixo do córtex cerebral existem diversos agrupamentos organizados de
neurônios e feixes de fibras constituindo as estruturas subcorticais. As
principais são o corpo caloso, o fórnix, a área septal, o hipocampo, a
amígdala e os núcleos da base.
Embora os hemisférios cerebrais pareçam similares do ponto de vista
anatômico, e ocorra uma integração das diversas funções neurais entre os
hemisférios através do corpo caloso, existe uma assimetria funcional,
também conhecida como lateralização de funções, em que uma
determinada função de um hemisfério não é compartilhada pelo outro.
O hemisfério esquerdo está relacionado à análise linear do pensamento
lógico e matemático e na realização de tarefas que envolvam símbolos
abstratos, como o pensamento verbal.
O hemisfério direito está relacionado à análise holística (percepção de
configurações e estruturas globais), com o pensamento intuitivo, a orientação
espacial, e está envolvido com a expressão não-verbal, integrando apenas a
percepção de palavras isoladas, mas não sentenças semânticas.
4.1.1 Córtex Cerebral
O córtex forma a superfície com circunvoluções do cérebro em homens e animais superiores. Consiste em
camadas múltiplas de neurônios interconectados de forma complexa. O córtex forma a superfície com
circunvoluções do cérebro em homens e animais superiores. Consiste em camadas múltiplas de neurônios
interconectados de forma complexa.
O sulco central ou de Rolando é ladeado por dois giros corticais paralelos. O giro anterior localiza-se no
lobo frontal e é chamado de giro pré-central. O giro posterior localiza-se no lobo parietal e é chamado
de giro pós-central.
O giro pré-central é o centro cortical primário da motricidade voluntária, e o giro pós-central constitui a
área cortical sensorial primária, somestésica ou somato-sensorial. O córtex visual primário está
localizado na parte mais posterior do córtex occipital, e o córtex auditivo primário está situado no lobo
temporal, no giro temporal transversal de Heschl.
Todas as áreas primárias são topograficamente arranjadas de forma a existir uma representação
sistemática e ordenada no córtex das diferentes partes do corpo, das diferentes formas de estimulação
auditiva e das diversas áreas do campo visual. Lesões destes sítios corticais levam a déficits altamente
específicos, tais como cegueira para uma determinada área do campo visual, perda auditiva seletiva,
perda da sensação de uma parte do corpo ou uma paralisia localizada de um membro ou de um grupo
muscular.
A extensão dos danos determina o tamanho da perda sensorial ou o déficit motor. Margeando as áreas
sensoriais ou motoras primárias estão as áreas corticais de associação que, como o nome indica, servem
para conectar as funções sensoriais e motoras. Estas áreas processam aspectos mais complexos da
modalidade sensorial ou motora.
CÓRTEX CEREBRAL
TÁLAMO
Núcleos funcionalmente distintos
Principal relê de retransmissão cerebral
- Sensorial
- Motora
- Sistema Límbico
HIPOTÁLAMO
Muitos núcleos funcionalmente distintos
Coordenação das funções autonômicas e
neuroendócrinas
Expressões das emoções
EPITÁLAMO
Integra funções olfativas
4.2 Diencéfalo
É constituído pelo tálamo, subtálamo e hipotálamo.
O tálamo (em grego significa ―antecâmara‖) processa e funciona como relê das
informações sensoriais provenientes das regiões mais caudais do sistema nervoso e que
se dirigem para o córtex cerebral.
O principal componente do subtálamo é o núcleo subtalâmico de Luys, envolvido na
regulação da postura e do movimento. Lesões desse núcleo resultam em uma síndrome típica
denominada hemibalismo, caracterizada por movimentos anormais involuntários das
extremidades e do tronco.
O hipotálamo está situado ventralmente ao tálamo e constitui menos que 1% do volume total
do encéfalo, mas contém um grande número de circuitos neuroniais relacionados às
funções vitais. Estes circuitos regulam a temperatura corporal, freqüência cardíaca,
pressão arterial, osmolaridade sangüínea, ingestão de alimento e água.
A hipófise é constituída pela hipófise anterior (adeno-hipófise), a pars intermedia e pela
hipófise posterior (neuro-hipófise). Neurônios da região medial do hipotálamo, na sua porção
basal, secretam hormônios reguladores que caem no sistema porta-hipofisário, rede de
vasos sangüíneos localizada na eminência média, que conecta o hipotálamo à hipófise
anterior ou adeno-hipófise.
4.3 Rombencéfalo
O bulbo, a ponte e o cerebelo constituem o
rombencéfalo na divisão embriológica do SNC.
4.3.1 Bulbo
O bulbo contém núcleos e tratos que levam a informação
sensorial para os centros superiores do cérebro como
núcleos e vias que deles trazem comandos motores para a
medula espinal.
4.3.2 Ponte
A ponte é a porção do tronco encefálico situada ventralmente ao cerebelo,
entre o bulbo e o mesencéfalo. A ponte funciona como estação para as
informações provenientes dos hemisférios cerebrais e que se dirigem
para o cerebelo.
Na transição entre o bulbo e a ponte está localizado o locus coeruleus,
principal fonte de inervação noradrenérgica do SNC, que possui importante
papel no controle do comportamento emocional e no ciclo sono-vigília.
4.3.3 Mesencéfalo
É a porção mais cranial do tronco encefálico. É atravessado pelo
aqueduto cerebral. Se passarmos uma linha imaginária cortando o
aqueduto ao meio, podemos separar:
região dorsal – o teto mesencefálico formado pelos corpos quadrigêmios
região ventral – o tegmento mesencefálico.
Este último é formado por uma parte constituída por fibras longitudinais, a
base do pedúnculo cerebral, e por uma parte constituída principalmente
por aglomerados de corpos celulares, que é o tegmento.
O tronco encefálico também contém os núcleos dos 12 pares de nervos
cranianos, com a exceção do I (nervo olfatório) e do II (nervo óptico).
Ainda destacam-se na linha média do mesencéfalo ventral, os chamados
núcleos da rafe, origem da inervação serotoninérgica do SNC. As vias
serotoninérgicas participam de inúmeros processos comportamentais
importantes; as vias ascendentes atuam na regulação do sono,
comportamento emocional e alimentar e as vias descendentes estão
envolvidas na regulação da dor.
A substância negra em função de sua conexão recíproca com os núcleos da
base tem sido considerada uma estrutura funcionalmente a eles relacionada e
como tal está envolvida no controle da atividade dos músculos
esqueléticos.
Além de neurônios organizados em núcleos bem definidos que inervam
músculos, glândulas e vísceras, o tronco encefálico também contém neurônios
organizados funcionalmente, mas sem formar núcleos bem definidos
entremeados por fibras de passagem. Estes neurônios constituem a
formação reticular (do latim reticulum). Eles têm uma função única no SNC que
é a regulação da atividade cerebral envolvida com os níveis de alerta e atenção.
Formação Reticular
FORMAÇAO RETICULAR
+ - - +
XI
Nervos Cranianos
N. motores somáticos
N. motores viscerais
N. motores viscerais especiais
MEDULA
SUBSTÂNCIA BRANCA
Há 4 plexos nervosos
CERVICAL
BRAQUIAL
LOMBAR
SACRAL
Dermátomo: território cutâneo de inervação sensorial da pele por uma única raiz dorsal
O dermátomo é
identificado pelo nome
da raiz que o inerva.
SNP Somático
Todos os nervos espinhais que inervam a pele, as articula-ções e os
músculos que estão sob controle voluntário constituem o SNP
somático.
Os axônios motores somáticos, que comandam a contração
muscular, originam-se de neurônios motores na medula espinhal
ventral. Os somas celulares dos neurônios motores situam-se dentro
do SNC porem seus axônios estão predominantemente no SNP.
Os axônios sensoriais somáticos que inervam e coletam
informação da pele, músculos e articulações, entram na medula
espinhal pelas raízes dorsais, Os corpos destes neurônios localizam
se fora da medula espinhal em agrupamentos chamados de
gânglios da raiz dorsal. Existe um gânglio da raiz dorsal para cada
nervo espinhal.
SNP visceral ou Vegetativo
O SNP visceral, também chamado do sistema nervoso vege-tativo
(SNV), ou involuntário, ou autônomo, está constituído de neurônios
que inervam órgãos internos, vasos sanguíneos, glândulas.
Axônios sensoriais viscerais carreiam, ao SNC, informação a
respeito de funções viscerais, tais como pressão e conteúdo de
oxigênio do sangue arterial.
As fibras viscerais motoras comandam a contração e o
relaxamento dos músculos lisos que formam as paredes dos
intestinos e dos vasos sangüíneos, a velocidade de contração do
músculo cardíaco e a função secretora de várias glândulas, por
exemplo, o SNP vegetativo controla a pressão sanguínea pela
regulação da freqüência cardíaca e do diâmetro dos vasos
sanguíneos.
5- Neurofisiologia
O sistema Nervoso Funciona Como dispositivo
capaz de perceber variações energéticas do meio
externo ou interno do organismo, analisar essas
variações quanto a sua qualidade, intensidade e
localização para, finalmente organizar
comportamentos que constituem uma resposta
elevada ao estímulo que foi apresentado ao individuo.
5.1 Neurônios
Os neurônios são as células excitáveis do sistema nervoso. Os
sinais são propagados por meio de potenciais de ação, ou
impulsos elétricos, ao longo da superfície neuronal. Os neurônios
comunicam-se uns com os outros por sinapses, formando redes
funcionais para o processamento e armazenamento das
informações.
Uma sinapse tem três componentes:
o terminal axonal de uma célula,
o dendrito da célula receptora,
E um processo de célula glial.
A fenda sináptica é o espaço entre esses componentes.
A forma como o sistema nervoso se apresenta deve-se a uma
organização particular de suas células. Segundo a disposição dos
corpos celulares (soma) e dos prolongamentos (axônios) dos
neurônios surgem as diversas estruturas neurais características do
sistema nervoso central.
Axônios (Aferentes e Eferentes)
Derivados do latim, as expressões aferente ("que
leva") e eferentes ("que traz"), indicam se os Axônios
estão transportando informações até ou a partir de um
ponto em particular.
Considere os axônios do SNP como estando em relação a
um ponto de referência situado no SNC. Os axônios
sensoriais somáticos ou viscerais, que trazem informação
para o SNC, são aferentes,
Enquanto aqueles que emergem do SNC para inervar
músculos e glândulas, são os axônios eferentes.
Classificação dos Neurônios
a-) Neurônios aferentes ou sensoriais. São responsáveis por levar uma
informação dos receptores ou órgãos do sentido até o sistema nervoso
central. Por via de regra, o neurônio aferente contém apenas um longo
dendrito e um axônio curto, enquanto que a forma do corpo celular é
arredondada.
b-) Neurônio eferentes ou motores. São responsáveis por levar uma
informação do sistema nervoso central para os músculos e glândulas.
Por via de regra, estes neurônios possuem um longo axônio e pequenos e
numerosos dendritos.
c-) Interneurônios ou neurônios associativos. Constituem a maior parte
dos neurônios. São todos aqueles que estão entre um neurônio aferente e
eferente. São responsáveis pela decodificação e gerenciamento das
informações provenientes dos neurônios aferentes, assim como todo o
processo de tomada de decisão que eventualmente será comunicada ao
neurônio eferente.
De acordo com o tamanho e forma de seus prolongamentos, a maioria
dos neurônios pode ser
classificada em um dos seguintes tipos:
- Neurônios multipolares: apresentam mais de dois prolongamentos
celulares. Representa a grande maioria das células nervosas.
- Neurônios bipolares: possuidores de um dendrito e de um
axônio. Ex: retina, mucosa olfatória.
- Neurônios pseudo-unipolares: apresentam próximo ao corpo
celular prolongamento único, mas este logo se divide em dois,
dirigindo-se um ramo para periferia e outro para o SNC. Ex:
neurônios localizados em gânglios espinhais.
5.2 Glia
Glia ou Neuróglia, são células glias que distribuem-se amplamente
pelo SNC e diferenciam-se por serem menores e não gerarem sinais
elétricos. Existem dois tipos principais:
Micróglia: Células fagocitárias que são mobilizadas pela
presença de lesão, infecção ou doenças;
Micróglia:
Controle motor pelo córtex cerebral. Estão indicadas as áreas pré-motora e motora
suplementar em vista dorsal (A) e medial (B). As principais projeções destas
regiões se dirigem para a área motora primária localizada na frente do sulco
central. A representação das diversas regiões do corpo no córtex motor primário se
dá em proporção equivalente a sua destreza e agilidade (C).
Trajeto do trato córtico-espinal na medula espinal. 1 — Trato córtico-espinal lateral, as fibras
cruzam na decussação das pirâmides no bulbo. 2 — Trato córtico-espinal anterior, cujas fibras
não cruzam no bulbo. A maioria dessas fibras cruza na comissura anterior da medula para o lado
oposto (2a) e poucas fibras permanecem no mesmo lado (2b). 3 — Interneurônio. 4 — Colaterais
recorrentes. 5 — Neurônio motor. 6 — Célula de Renshaw.
Postura e movimento
Trajeto do trato córtico-espinal na medula espinal. 1 — Trato córtico-espinal lateral, as fibras cruzam na
decussação das pirâmides no bulbo. 2 — Trato córtico-espinal anterior, cujas fibras não cruzam no bulbo. A
maioria dessas fibras cruza na comissura anterior da medula para o lado oposto (2a) e poucas fibras
permanecem no mesmo lado (2b). 3 — Interneurônio. 4 — Colaterais recorrentes. 5 — Neurônio motor. 6 —
Célula de Renshaw.
Lesões da via piramidal
Resulta em;
Paresias ou paralisia, ou seja, dificuldade ou incapacidade de
realização de movimentos voluntários.
Na paresia faltam os movimentos de precisão e o ajuste motor fino.
Após um período inicial de paralisia flácida, a paralisia é
espástica, havendo hipertonia muscular, reflexos tendinosos
hiperativos e diminuição ou abolição dos reflexos cutâneos.
Os tipos de paralisia mais comumente encontrados são a
hemiplegia, uma paralisia espástica (quando resultante da síndrome
do neurônio motor superior), acometendo apenas um lado do corpo;
a monoplegia, paralisia de apenas um membro; a displegia,
paralisia de dois. membros, os superiores ou os inferiores; a
quadriplegia (ou tetraplegia) e a hemiplegia alterna (ou paralisia
cruzada).
Controle motor pelo Cerebelo
O cerebelo é constituído por duas regiões principais: os hemisférios e o vermis.
Essas áreas projetam-se para os núcleos cerebelares profundos que servem como
plataforma para as fibras que chegam e para as que saem do cerebelo.
Assim organizado, o cerebelo exerce a função de:
a) armazenamento de informações motoras essenciais na manutenção do equilíbrio do
corpo, através das conexões do lobo flóculo-nodular (arquicerebelo) com os núcleos
vestibulares e neurônios motores inferiores;
b) de monitorar o grau de contração dos músculos graças às conexões do paleocerebelo
— lobo anterior, pirâmide e úvula — com os fusos neuromusculares e órgãos
neurotendíneos, que permite realizar movimentos mais elaborados como o nado dos
peixes e o vôo dos pássaros;
c) de coordenar movimentos delicados, assimétricos e complexos, em função das amplas
conexões do neocerebelo (lobo posterior, exceto a pirâmide e a úvula), com os neurônios
do córtex motor, que nos permite, por exemplo, tocar um instrumento musical.
O arquicerebelo conecta-se extensamente com os núcleos
vestibulares ele é também conhecido como cerebelo vestibular.
Em razão da estreita relação anatômica do paleocerebelo com
as vias sensoriais proprioceptivas da medula ele é também
chamado de cerebelo espinal.
Enquanto que as densas conexões do neocerebelo com o córtex
motor lhe conferem a denominação de cerebelo cortical.
O córtex cerebelar está disposto em forma de folhas transversais
e é subdividido em três camadas denominadas, a partir da
superfície externa, de molecular, células de Purkinje e granular.
No que se refere ao planejamento e execução do
movimento, após o processamento das informações,
os núcleos cerebelares as enviam de volta ao córtex
motor, através de uma via rápida que passa pelos
pedúnculos cerebelares superiores e fazem uma
sinapse intermediária no tálamo ventrolateral.
O controle ou ajuste dos movimentos mais precisos e
delicados é realizado através de uma alça
“extrapiramidal” constituída pela via cerebelo –
núcleo rubro - tálamo ventrolateral – córtex cerebral.
Em vista do exposto, podemos observar a influência do cerebelo na elaboração,
organização e curso de todos os movimentos iniciados pelo córtex motor.
Há uma sinalização rápida e completa do córtex cerebelar para toda a série de
descargas de impulsos que trafegam pelo “trato piramidal”.
Na execução de um movimento, o cerebelo participa organizando-o e
atualizando-o, baseando-se na análise das informações sensoriais que
sinalizam acerca da posição e velocidade dos movimentos dos membros a cada
instante.
Essa operação constitui um planejamento de curto prazo que se sobrepõe ao
planejamento de longo prazo efetuado pelo córtex cerebral.
Isso explica porque na aprendizagem de um movimento o realizamos inicialmente
de forma vagarosa com intensa concentração mental. Com a prática e o
conseqüente aprendizado motor, aumenta a quantidade de movimentos pré-
programados, resultando em uma maior facilidade e rapidez na execução dos
mesmos.
Presume-se que o cerebelo guarde uma grande
quantidade de informações codificadas em sua rede
neuronial de forma que ele pode interferir sobre qualquer
tipo de atividade na “via piramidal”, corrigindo
adequadamente a resposta motora.
É importante notar que existe no córtex cerebelar uma
organização modular que trabalha em associação com os
segmentos do córtex cerebral envolvidos com cada
componente da ação a ser executada. É a integração destes
módulos em ambos os córtices que determina a atividade
motora final coordenada.
Sinais clínicos de lesões cerebelares
Obesidade
Hiperfagia
Lesão Hipotálamo lateral (HL)
A lesão deste núcleo causa cessação da ingestão de alimentos
(afagia) e de líquidos (adipsia) e, eventualmente, morte por
inanição, a menos que os animais sejam submetidos a um
esquema de alimentação e hidratação forçadas.
8.2 Controle Homeostático
Ritmos
a) Circadianos: vigília-sono (periodicidade em torno de 24h)
b) Infradianos: batimento cardíaco (periodicidade < 24h)
c) Ultradianos: ciclo menstrual, ciclo das marés (periodicidade > 24h)
EX: pessoas mantidas em cavernas por períodos de várias semanas ou meses continuam dormindo e
acordando com uma periodicidade de aproximadamente 25h!
PADRÕES DE SECREÇÃO HORMONAL EM
RELAÇÃO AO SONO
Órgão Núcleo-
Trato retino- Outras áreas do SNC Ritmos
fotossensível supraquiasmático
hipotalâmico Órgãos efetuadores circadianos
(HIPOTÁLAMO)
Relógio Biológico
Glândula Ritmos
Pineal infradianos
Mecanismos neurais da ritmicidade
AFERÊNCIAS
Retina (Trato retino-hipotalamico)
EFERÊNCIAS
Outros núcleos do hipotálamo
Tálamo
a) SONO NÃO-REM
b) SONO REM
Representação esquemática das áreas e conexões neurais envolvidas com a comunicação verbal no hemisfério
esquerdo. A área de Broca está próxima da região do córtex motor (giro pré-central) responsável pelo controle dos
movimentos da articulação verbal, expressão facial e fonação. A área de Wernicke está situada na porção superior
e posterior do lobo temporal, próxima ao córtex auditivo primário. As áreas de Broca e Wernicke estão conectadas
pelo fascículo arqueado.
15.1 Diferenças Funcionais entre os
Hemisférios
Direito Esquerdo
Não-verbal •Verbal
Sintético •Analítico
Concreto •Simbólico
Analógico •Abstrato
Não-temporal •Temporal
Espacial •Digital
Intuitivo •Lógico
Holístico •Linear
Características da linguagem
Três elementos identificados na linguagem: a forma, o conteúdo e o uso apresentam distintas representações no cérebro.
Perturbações no funcionamento desses circuitos neurais têm importantes implicações clínicas.
Distúrbios de linguagem
Afasia de Broca: dano na porção posterior do terceiro giro frontal esquerdo (área de Broca).
Afasia de Wernicke: déficit na compreensão da linguagem em decorrência de lesões das partes
superiores e posteriores do lobo temporal esquerdo.
Afasia de Condução: Refere-se a lesões no fascículo arqueado que interconecta as áreas de
Wernicke e de Broca. Em geral, decorre de lesão do giro supramarginal do lobo parietal.
Afasia Anômica: Resulta de lesões nos aspectos ventro posteriores do lobo temporal esquerdo.
Trata-se de uma afasia em que a única dificuldade situa-se em encontrar as palavras corretas para
expressar os pensamentos.
Afasia Global: Como o nome indica, os pacientes com este tipo de afasia são incapazes de falar,
compreender, ler, escrever ou nomear objetos. Resulta de lesões na região do sulco de Sylvius,
comprometendo as áreas de Wernicke, Broca e o fascículo arqueado.
Afasias Transcorticais: Estas afasias são decorrentes de lesões fora, mas próximas, das regiões
primariamente associadas com a linguagem.
Aprosódias :Este componente é constituído basicamente pela musicalidade, entonação e inflexões da
fala, e pela gesticulação associada. Denomina-se aprosódia a perturbação do componente afetivo
ou emocional da linguagem. Acredita-se que este distúrbio seja decorrente de prejuízos funcionais do
hemisfério direito, uma vez que este hemisfério atua no controle dos aspectos emotivos e afetivos da
linguagem.
Gaguez
16 Plasticidade
Plasticidade cerebral refere-se a modificações que ocorrem no SNC dos
organismos com o fim de adequá-los às novas exigências impostas pelo meio,
seja no nível funcional através do aumento da eficiência da transmissão
sináptica, seja no nível estrutural através do crescimento neuronial. Encontramos,
também, exemplos notáveis de plasticidade cerebral em relação às nossas
habilidades lingüísticas.
A remoção do hemisfério direito resulta em hemiplegia grave (paralisia de um lado
do corpo, no caso o esquerdo), mas o paciente ainda conserva uma boa
capacidade lingüística.
A remoção do hemisfério esquerdo, entretanto, traz problemas bem mais graves,
uma vez que além da hemiplegia direita, o indivíduo perde a sua capacidade de
comunicação verbal.
17. Consciência
Renné Descartes dava início à doutrina conhecida como hipótese dualística ou
dualismo, onde mente e cérebro seriam, portanto, entidades independentes e
distintas.
Com isso, Descartes dava início à doutrina conhecida como hipótese dualística ou
dualismo.
A mente teria um papel central e seria o ponto de partida do processo de
formação da consciência enquanto que restaria ao cérebro apenas uma
participação meramente secundária.
Na prática médica, a consciência é vista em oposição à inconsciência ou coma e
compreende o estado de alerta associado à capacidade de responder
adequadamente a certos estímulos externos.
A apatia, a amnésia, a afasia e a demência, embora prejudiquem o conteúdo da
consciência, não impedem que respostas apropriadas sejam dadas aos estímulos
convencionais, de forma que a consciência é ainda considerada preservada nestas
condições.
Vários pesquisadores envolvidos com o estudo da consciência admitem que diversos
estados de consciência podem ser identificados. Estes estados podem combinar-se e
originar níveis de consciência mais elaborados. Dos mais elementares aos mais
complexos, estes estágios podem ser resultado:
a) da identificação através dos canais sensoriais (somestésico, visual, auditivo,
olfatório etc.) do que está ocorrendo no meio ambiente do indivíduo;
b) do reconhecimento das regiões do corpo, através do processamento combinado
das informações que chegam pelos canais sensoriais;
c) da identificação consciente da necessidade de repor as substâncias
consumidas pelo metabolismo corporal (fome, sede) ou de eliminar produtos do
metabolismo ou substâncias desnecessárias;
d) do reconhecimento pelo indivíduo da necessidade de manter o
comportamento sexual;
e) da localização temporal e espacial do indivíduo através do cotejamento das
informações armazenadas na memória;
f) da manifestação através dos sonhos das alterações fisiológicas que ocorrem
durante o sono;
g) da expressão do pensamento, raciocínio, intencionalidade.
Devem ser notados também os estados alterados de consciência como os
produzidos por drogas e decorrentes de alucinações vivenciadas por indivíduos
alcoólicos, esquizofrênicos e pela senilidade .
Através de uma análise integrada de todas estas modalidades podemos
dizer que as informações que chegam ao nosso cérebro são interpretadas
à luz de todos os sinais sensoriais que estão a elas associados, bem como
são analisadas com base no contexto emocional e na experiência prévia
armazenada na memória.
Assim, atributos inerentes à consciência como auto-conhecimento, julgamento
e capacidade de integração de várias funções mentais superiores
dependem fundamentalmente de substratos neurais que se desenvolveram
em estruturas como o córtex cerebral, especialmente o córtex frontal.
Alterações do estado de consciência
Coma: estado em que não é possível despertar uma pessoa mesmo com fortes
estímulos.
Estupor: estado em que apenas estímulos externos vigorosos e diretos são
capazes de despertar o paciente.
Confusão/Obnubilação: compreensão inadequada das impressões exteriores,
com perplexidade e prejuízos de atenção e orientação; é estar "sonolento".
Hiperalerta: estado de hiperatividade autonômica e respostas exageradas
(causadas por uso de drogas (anfetaminas, cocaína), abstinência
(benzodiazepínicos), ou estresse pós-traumático.
Referência Bibliográfica
Ramachandran, V S OS Fantasmas no cérebro uma investigação dos mistérios - da
mente humana/V S Ramachandran, Sandra Blakeslee; tradução de Antônio
Machado, prefácio, Oliver Sacks - 2ª ed - Rio de Janeiro: Record, 2004
V.S. Ramachandran. O que o cérebro tem para contar Desvendando os mistérios da
natureza humana Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges, Revisão técnica: Edson
Amâncio neurocirurgião, doutor pela Universidade Federal de São Paulo – Unifesp.
Bear, Mark F. Neurociências: desvendando o sistema nervoso / Mark F Bear; Barry
W. Connors e Michacl A. Paradiso; coord, trad. Jorge Alberto Quilifeldt... let al.|. -
2.ed. - Porto Alegre : Artnied, 2002. 1. Neurociências. I. Connors, Barrj- W. II.
Paradiso, Michael A. III. Título.
Brandão, M L . As Bases Biológicas do Comportamento: Introdução à Neurociência.
INeCISBN 85-12-40630-5.
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