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INTRODUÇÃO ÀS

NEUROCIÊNCIAS

AULA 1 e 2
VIVIANE N L O MEDEIROS
 “O homem deve saber que, de nenhum outro lugar, se não do
cérebro vem alegria, o prazer, o riso e a recreação, e a
tristeza, melancolia, pessimismo e as lamentações. E então, de
uma maneira especial, adquirimos sabedoria e conhecimento,
e vemos e ouvimos para saber o que é justo e o que não é, o
que é bom e o que é ruim, o que é doce e o que é sem sabor...
E pelo mesmo órgão tornamo-nos loucos e delirantes, e
sentimos medo e o terror nos assola... Todas essas coisas
provêem do cérebro quando este não está sadio...Dessa
maneira sou da opinião de que o cérebro exerce um grande
poder sobre o homem.”
(Hipocrates, Da Doença Sacra, IV A.C)
1.Introdução
 A palavra neurociência é nova. O estudo do sistema nervoso no entanto, é
tão antigo como a própria ciência. Compreender como o sistema nervoso
funciona requer conhecimento sobre muitas coisas, desde a estrutura das
moléculas da água até as propriedades elétricas e químicas do encéfalo.
2.Origens da Neurociência
 Hipócrates (469 -379 AC): pai da medicina, acreditada que o encéfalo
não estava apenas envolvido nas sensações, mas também era sede da
inteligência.
 Aristóteles (384-322 AC): Agarrava se a crença que o coração era o
centro do intelecto. Ele propunha que o encéfalo era um radiador para
resfriar o sangue que era por sua vez superaquecido pelo coração. O
temperamento dos seres humano era então explicado pela grande
capacidade de resfriamento do encéfalo.
 Galeno (130-200 DC): médico dos gladiadores, concordava com a visão
de Hipócrates. No entanto sua opinião sobre o cérebro foi mais
influenciada pelas dissecações em animais. O primeiro mais macio
(cérebro) seria o recipiente das sensações e o segundo mais duro
(cerebelo) deveria comandar os músculos. A concepção de Galeno durou
1500 anos.
 René Descartes (1596-1650): Um dos defensores da visão funcional do
cérebro baseado nos fluidos. Embora ele acreditasse que o cérebro e o
comportamento pudessem ser explicados por essa teoria. Descartes
formulou que o cérebro controlaria o comportamento apenas na extensão
na qual esse se assemelharia ao dos animais. As capacidades mentais
humanas existiriam fora do cérebro, na mente. Acreditava que a mente era
entidade espiritual que receberia sensações e comandos de movimentação
através de uma comunicação com a máquina, o cérebro, através da
glândula pineal.
 Na virada do século, o cientista italiano Luigi Galvani e o biólogo alemão
Emil du Bois-Reymond mostraram que os músculos se contraem quando os
nervos são estimulados eletricamente, e que o cérebro em si é capaz de
gerar eletricidade.
 Essas descobertas finalmente acabaram com a idéia de que os nervos
comunicavam-se com o cérebro através do movimento de fluídos.
 Franz Joseph Gall: Médico e neurologista no final do século
XVIII, propôs que regiões distintas do córtex cerebral
controlariam funções distintas.
Frenologia
 1. Amorosidade  22. Construtividade
 2. Filoprogeniedade  23. Comparação
 3. Amor paternal  24. Causalidade
 4. Adesão  25. Vitalidade
 5. Amizade  26. Idealismo
 6. Combatividade  27. Benevolência
 7. Destrutividade  28. Imitatividade
 8. Secretividade  29. Generatividade
 9. Aquisitividade  30. Firmeza
 10. Auto-estima  31. Temporalidade
 11. Aprovatividade  32. Eventualidade
 12. Cautela  33. Habitatividade
 13. Individualidade  34. Reverência
 14. Localidade  35. Veneração
 15. Forma  36. Consciensiosidade
 16. Memória verbal  37. Esperança
 17. Linguagem  38. Maravilhosidade
 18. Coloração  39. Tamanho
 19. Tonalidade  40. Peso e
 20. Calculatividade  resistência
 21. Numerosidade  41. Ordem
 Nos últimos anos da década de 1820, Pierre Flourens, na França, tentou
isolar as contribuições de diferentes partes do sistema nervoso para o
comportamento, pela remoção (em animais) dos centros funcionais
identificados por Gall.
 Flourens concluiu que regiões cerebrais específicas não são as únicas
responsáveis por comportamentos específicos, mas que todas as regiões
cerebrais participam para cada função mental.
 ―Todas as percepções, todas as volições ocupam o mesmo local nesses
órgãos cerebrais; as faculdades de perceber, de conceber, de querer,
constituem, simplesmente, uma faculdade que é, em essência, uma só.‖
(Flourens)
(hipótese do campo agregado)
 No final do século XIX os estudos de Charles Darwin sobre
evolução formaram palco para observação sistemática das ações e
do comportamento.
 1889: Santiago Ramón y Cajal, em A doutrina do neurônio, propõe
que os neurônios são elementos independentes e unidades básicas
do cérebro. Divide o Prêmio Nobel de 1906 com Camilo Golgi.
Por volta de 1900 Sigmund Freud abandona a neurologia ainda no
inicio para estudar psicodinâmica. O sucesso da psicanálise
freudiana ofuscou a psiquiatria fisiológica por meio século.
 1906: Santiago Ramón y Cajal descrevem como os neurônios se
comunicam. Ainda em 1906 Alóis Alzheimer descreve a
degeneração pré-senil.
 1909: Korbinian Broadman descreve as 52 áreas corticais
distintas com base na estrutura neural. Essas áreas são
utilizadas até hoje.
 1914: O fisiologista britânico Henry Hallett Dale isola a
acetilcolina o primeiro neurotransmissor descoberto. Ganha o
primeiro Prêmio Nobel em 1936.
 1919: O neurologista irlandês Gordon Morgan Holmes
relaciona a visão com a córtex estriado (a córtex visual
primário).
 1924: Os primeiros eletroencefalogramas (ECG) são
desenvolvidos por Hans Berger.
 1934: O neurologista português Egas Moniz executa a
primeira operação de leucotomia (conhecida como mais tarde
por lobotomia). Ele também inventou a angiografia, uma das
primeiras técnicas que captava a imagem do cérebro.
 1953: Brenda Milner descreve o paciente H.M que perde a
memória após remoção cirúrgica de porção de ambos os
lobos temporais .
 Com o avanço tecnológico, atualmente conseguimos visualizar
estruturas cerebrais e sua capacidade de desempenhar
funções específicas. Como resultado, a idéia que as diferentes
regiões do cérebro são especializadas para diferentes
funções é, atualmente, aceita como um dos pilares da ciência
do cérebro.
3. Grandes áreas da neurociência
 1) Neurociência molecular: trata a função das moléculas;
 2) Neurociência celular: estuda a constituição e função das células no sistema
nervoso;
 3) Neurociência sistêmica: descreve e analisa as regiões do sistema nervoso e está
ligado à neuroanatomia. Em outras palavras, divide o sistema nervoso em partes e
nomeia estas partes e busca compreender as suas funções;
 4) Neurociência comportamental: ligada diretamente à psicologia, especialmente
a psicologia comportamental. Relaciona o estudo do organismo com o meio,
centrando o seu estudo sobre os comportamentos internos, como pensamentos,
emoções e os comportamentos visíveis como a fala, gestos e outras ações, em geral.
 5) Neurociência cognitiva: centra o seu estudo sobre os comportamentos ainda
mais complexos como memória, aprendizagem, enfim, a capacidade cognitiva de
uma determinada pessoa em um determinado momento.
Níveis de análise do SN

1) Cognitivo: comportamental

2) Sistema: interação entre


varias unidades celulares

3) Celular: propriedades de
células unitárias

4) Subcelular: biofísica de
canais iônicos

5) Molecular: mecanismos de
ação das proteínas e
neurotransmissores
O estudo dos diferentes níveis de análise requer ferramentas amplificadoras dos sentidos
humanos: microscopia, ressonância, eletrofisiologia, etc.

Estrutura Tamanho Unidade de Aumento


Medida
Extensão:
Encéfalo 1cm = 0,1m 1
15 cm

Córtex Espessura
1mm = 0,001m X 10
cerebral 3mm

Unidade Corpo celular


0,1mm = 100 m X 100
Celular 0,1mm

Estrutura Axônio e dendrito


0,01mm = 10 m X 1.000
subcelular 10 m

Terminação sináptica
Sinapse 1 m = 10m X 10.000.
1 m

Fenda Fenda
0,1 m = 100 m X 100.000
sináptica 20 m

Espessura
Membrana 10 m X 1.000.000
5 m

Diâmetro do canal
Canal iônico 1 m X 10.000.000
0,5 m
Divisão funcional do SISTEMA NERVOSO
SISTEMA NERVOSO MOTOR
- Conjunto de neurônios relacionados com as funções motoras
somáticas e viscerais

SISTEMA NERVOSO SENSORIAL


- Conjunto de neurônios relacionadas com as funções de
SISTEMA decodificação e interpretação dos estímulos originados nos
NERVOSO órgãos sensoriais somáticos e viscerais

SISTEMA NERVOSO INTEGRATIVO


- Conjunto de neurônios que realizam a integração sensorial e
motora, além de interpretar e elaborar comandos motores
Planos referenciais do corpo

Plano coronal ou frontal

Plano sagital

Linha média
Plano transversal
superior

inferior
O ENCÉFALO situa-se
dentro do crânio
3. Estrutura do Sistema nervoso

 Encéfalo e medula espinhal – coberto pelas meninges: Dura-


máter, Aracnóide e Pia-máter.

 Anatomicamente, ele está organizado ao longo dos eixos


rostrocaudal e dorsoventra
4. Divisão do sistema Nervoso-
segundo critérios embrionários
Esquema de cortes transversais de embriões progressivamente mais velhos, ilustrando a
formação do sulco neural, tubo neural e crista neural (a a f). Nas fotos de microscopia
eletrônica de varredura, evidencia-se o início do desenvolvimento das vesículas encefálicas
primárias durante a formação e a elevação da prega neural craniana (g) e o fechamento do
tubo neural na quarta semana (h) e formação do prosencéfalo (F), Mesencéfalo (M) e
Rombencéfalo (H).
4. Divisão do Sistema Nervoso

 Central
Divisão do sistema Nervoso- segundo
critérios Anatômicos
4.1 Telencéfalo
 Telencéfalo é o nome dado aos hemisférios cerebrais, separados pela
fissura longitudinal superior. Cada hemisfério possui quatro pólos: frontal,
temporal, parietal e occipital e três faces: inferior, súpero-lateral e medial.
Abaixo do córtex cerebral existem diversos agrupamentos organizados de
neurônios e feixes de fibras constituindo as estruturas subcorticais. As
principais são o corpo caloso, o fórnix, a área septal, o hipocampo, a
amígdala e os núcleos da base.
 Embora os hemisférios cerebrais pareçam similares do ponto de vista
anatômico, e ocorra uma integração das diversas funções neurais entre os
hemisférios através do corpo caloso, existe uma assimetria funcional,
também conhecida como lateralização de funções, em que uma
determinada função de um hemisfério não é compartilhada pelo outro.
 O hemisfério esquerdo está relacionado à análise linear do pensamento
lógico e matemático e na realização de tarefas que envolvam símbolos
abstratos, como o pensamento verbal.
 O hemisfério direito está relacionado à análise holística (percepção de
configurações e estruturas globais), com o pensamento intuitivo, a orientação
espacial, e está envolvido com a expressão não-verbal, integrando apenas a
percepção de palavras isoladas, mas não sentenças semânticas.
4.1.1 Córtex Cerebral
 O córtex forma a superfície com circunvoluções do cérebro em homens e animais superiores. Consiste em
camadas múltiplas de neurônios interconectados de forma complexa. O córtex forma a superfície com
circunvoluções do cérebro em homens e animais superiores. Consiste em camadas múltiplas de neurônios
interconectados de forma complexa.
 O sulco central ou de Rolando é ladeado por dois giros corticais paralelos. O giro anterior localiza-se no
lobo frontal e é chamado de giro pré-central. O giro posterior localiza-se no lobo parietal e é chamado
de giro pós-central.
 O giro pré-central é o centro cortical primário da motricidade voluntária, e o giro pós-central constitui a
área cortical sensorial primária, somestésica ou somato-sensorial. O córtex visual primário está
localizado na parte mais posterior do córtex occipital, e o córtex auditivo primário está situado no lobo
temporal, no giro temporal transversal de Heschl.
 Todas as áreas primárias são topograficamente arranjadas de forma a existir uma representação
sistemática e ordenada no córtex das diferentes partes do corpo, das diferentes formas de estimulação
auditiva e das diversas áreas do campo visual. Lesões destes sítios corticais levam a déficits altamente
específicos, tais como cegueira para uma determinada área do campo visual, perda auditiva seletiva,
perda da sensação de uma parte do corpo ou uma paralisia localizada de um membro ou de um grupo
muscular.
 A extensão dos danos determina o tamanho da perda sensorial ou o déficit motor. Margeando as áreas
sensoriais ou motoras primárias estão as áreas corticais de associação que, como o nome indica, servem
para conectar as funções sensoriais e motoras. Estas áreas processam aspectos mais complexos da
modalidade sensorial ou motora.
CÓRTEX CEREBRAL

LOBO FRONTAL: processamentos complexos


(cognição, planejamento e iniciação dos
movimentos voluntários)
LOBO PARIETAL: área de projeção e processamento
somestésico
LOBO TEMPORAL: área de projeção e
processamento auditivo.
LOBO OCCIPITAL: área de projeção e
processamento visual
INSULA: fica oculto sob os lobos frontais e temporal

Cada hemisfério é dividido em 5 lobos


Ressonância magnética funcional
enquanto se pensa sobre Ética e Moral
4.1.2 Corpo Caloso
 Com cerca de 200 milhões de fibras, o corpo caloso constitui o
mais poderoso sistema de ligação entre os dois hemisférios
cerebrais. Está situado na base da fissura longitudinal do
cérebro.
4.1.3 Área Septal e Hipocampo
 Estas duas estruturas são aqui consideradas em conjunto, primeiro porque
mantêm estreita conexão anatômica, e segundo porque compartilham um
papel de grande importância nas funções cognitivas, particularmente na
análise de informação espacial, na consolidação da memória e integração
do comportamento emocional.
 O hipocampo é constituído de duas massas neuroniais, uma em cada
hemisfério, encurvadas e mergulhadas na intimidade do córtex temporal.
Em sua trajetória no sentido ventral, esses agrupamentos neuroniais se
juntam na linha mediana através das comissuras hipocampais e conectam-
se com a área septal, através do giro supra-caloso.
 A área septal e o hipocampo constituem-se no substrato neural do
sistema de inibição comportamental que é ativado por situações de
estresse emocional ou ansiedade.
4.1.4 Bulbos olfatórios
 O prolongamento do telencéfalo, conhecido como bulbo olfatório, situa-se
abaixo da face orbital do lobo frontal, projetando-se através dos tratos
olfatórios até o córtex olfatório do lobo temporal e área septal. A porção
do córtex temporal que recebe as informações Hipocampo olfativas é
denominada rinencéfalo.
4.1.5 Amígdala
 É uma formação cinzenta, esferóide, situada no lobo temporal, na porção
terminal do corno inferior do ventrículo lateral, nas proximidades da cauda do
núcleo caudado.
 A amígdala é constituída de vários núcleos. A grosso modo, podemos dizer que
ela é constituída de um grupo nuclear córtico-medial, que se conecta
principalmente com o hipotálamo e tronco encefálico, e outro basolateral,
que se conecta com o tálamo e partes do córtex cerebral. A amígdala dá
origem a duas importantes vias: a stria terminalis e a via amigdalofugal. A stria
terminalis inerva o núcleo do leito da stria terminalis, a área septal, o núcleo
acumbens e termina no hipotálamo ventromedial .
 Atualmente, vários autores concordam que a amígdala está envolvida na
aprendizagem e memória de informações condicionadas aversivas. A
estimulação desta estrutura em animais de laboratório produz um amplo
espectro de reações autonômicas e emocionais características do medo e
lembram a ansiedade no homem
4.1.6 Núcleos da base
 São constituídos pelos núcleos caudado, putame e globo pálido. Estes núcleos de
matéria cinzenta estão imersos no seio dos hemisférios cerebrais e fazem a
conexão entre o córtex motor e outras regiões do córtex cerebral.
 Os núcleos da base associados às zonas associativas do córtex cerebral, ao
tálamo e ao cerebelo participam do planejamento e programação dos
movimentos intencionais, de forma que à medida que a aprendizagem se
consolida, os pormenores da execução dos movimentos tornam-se automáticos,
não exigindo mais o esforço consciente das fases iniciais de sua execução.
4.2 Sistema Ventricular
 O sistema ventricular é o resultado da persistência da natureza tubular do
tubo neural da fase embrionária durante a fase adulta. As cavidades
centrais do tubo neural permanecem no adulto sob a forma de ventrículos
encefálicos.
 O sistema ventricular consiste de dois ventrículos laterais (localizados no
telencéfalo), um terceiro ventrículo (no diencéfalo) e um quarto ventrículo
(localizado dorsalmente à ponte e ao bulbo). Os dois ventrículos laterais,
um no interior de cada hemisfério, comunicam-se com o terceiro ventrículo
no diencéfalo através do forame interventricular ou de Monro. O terceiro
ventrículo comunica-se com o quarto ventrículo na ponte através de um
estreito aqueduto (o aqueduto cerebral ou de Sylvius).
 Circula neste sistema ventricular o fluido encéfalo-espinal (líquor), cuja
composição química é a mesma do fluido que banha as células do
encéfalo.
DIENCEFÁLO

TÁLAMO
Núcleos funcionalmente distintos
Principal relê de retransmissão cerebral
- Sensorial
- Motora
- Sistema Límbico

HIPOTÁLAMO
Muitos núcleos funcionalmente distintos
Coordenação das funções autonômicas e
neuroendócrinas
Expressões das emoções

EPITÁLAMO
Integra funções olfativas
4.2 Diencéfalo
 É constituído pelo tálamo, subtálamo e hipotálamo.
 O tálamo (em grego significa ―antecâmara‖) processa e funciona como relê das
informações sensoriais provenientes das regiões mais caudais do sistema nervoso e que
se dirigem para o córtex cerebral.
 O principal componente do subtálamo é o núcleo subtalâmico de Luys, envolvido na
regulação da postura e do movimento. Lesões desse núcleo resultam em uma síndrome típica
denominada hemibalismo, caracterizada por movimentos anormais involuntários das
extremidades e do tronco.
 O hipotálamo está situado ventralmente ao tálamo e constitui menos que 1% do volume total
do encéfalo, mas contém um grande número de circuitos neuroniais relacionados às
funções vitais. Estes circuitos regulam a temperatura corporal, freqüência cardíaca,
pressão arterial, osmolaridade sangüínea, ingestão de alimento e água.
 A hipófise é constituída pela hipófise anterior (adeno-hipófise), a pars intermedia e pela
hipófise posterior (neuro-hipófise). Neurônios da região medial do hipotálamo, na sua porção
basal, secretam hormônios reguladores que caem no sistema porta-hipofisário, rede de
vasos sangüíneos localizada na eminência média, que conecta o hipotálamo à hipófise
anterior ou adeno-hipófise.
4.3 Rombencéfalo
 O bulbo, a ponte e o cerebelo constituem o
rombencéfalo na divisão embriológica do SNC.
4.3.1 Bulbo
 O bulbo contém núcleos e tratos que levam a informação
sensorial para os centros superiores do cérebro como
núcleos e vias que deles trazem comandos motores para a
medula espinal.
4.3.2 Ponte
 A ponte é a porção do tronco encefálico situada ventralmente ao cerebelo,
entre o bulbo e o mesencéfalo. A ponte funciona como estação para as
informações provenientes dos hemisférios cerebrais e que se dirigem
para o cerebelo.
 Na transição entre o bulbo e a ponte está localizado o locus coeruleus,
principal fonte de inervação noradrenérgica do SNC, que possui importante
papel no controle do comportamento emocional e no ciclo sono-vigília.
4.3.3 Mesencéfalo
 É a porção mais cranial do tronco encefálico. É atravessado pelo
aqueduto cerebral. Se passarmos uma linha imaginária cortando o
aqueduto ao meio, podemos separar:
 região dorsal – o teto mesencefálico formado pelos corpos quadrigêmios
 região ventral – o tegmento mesencefálico.
 Este último é formado por uma parte constituída por fibras longitudinais, a
base do pedúnculo cerebral, e por uma parte constituída principalmente
por aglomerados de corpos celulares, que é o tegmento.
 O tronco encefálico também contém os núcleos dos 12 pares de nervos
cranianos, com a exceção do I (nervo olfatório) e do II (nervo óptico).
 Ainda destacam-se na linha média do mesencéfalo ventral, os chamados
núcleos da rafe, origem da inervação serotoninérgica do SNC. As vias
serotoninérgicas participam de inúmeros processos comportamentais
importantes; as vias ascendentes atuam na regulação do sono,
comportamento emocional e alimentar e as vias descendentes estão
envolvidas na regulação da dor.
 A substância negra em função de sua conexão recíproca com os núcleos da
base tem sido considerada uma estrutura funcionalmente a eles relacionada e
como tal está envolvida no controle da atividade dos músculos
esqueléticos.
 Além de neurônios organizados em núcleos bem definidos que inervam
músculos, glândulas e vísceras, o tronco encefálico também contém neurônios
organizados funcionalmente, mas sem formar núcleos bem definidos
entremeados por fibras de passagem. Estes neurônios constituem a
formação reticular (do latim reticulum). Eles têm uma função única no SNC que
é a regulação da atividade cerebral envolvida com os níveis de alerta e atenção.
Formação Reticular
FORMAÇAO RETICULAR

Área onde ocorre uma difusa rede de neurônios de projeção ascendente e


descendente e circuitos locais de integração.
Do tronco originam-se dos seus
respectivos núcleos, os tratos que
descem em direção à medula espinhal
onde influenciam os núcleos de
neurônios motores e os circuitos
medulares locais.

-T. rubro espinhal


-T. teto-espinhal
-T. reticulo espinhal
-T. vestíbulo espinhal

+ - - +

Neurônios motores medulares


NUCLEOS DO TRONCO ENCEFÁLICO

XI
Nervos Cranianos

 Além dos nervos que se originam na medula


espinhal e inervam o corpo, existem 12 pares de
nervos cranianos originários no tronco encefálico
que inervam principalmente a cabeça
Os nervos cranianos estão relacionados a três funções principais:

 inervação sensorial e motora da cabeça e pescoço;


 inervação dos órgãos dos sentidos;
 inervação parassimpática dos gânglios autonômicos que controlam
importantes funções viscerais, tais como a respiração, pressão
arterial, freqüência cardíaca e deglutição. Eles são numerados na
seqüência rostro-caudal em que perfuram a dura-máter em direção a
seus alvos.
 Alguns são exclusivamente sensoriais como o I (nervo olfatório), o II
(nervo óptico) e o VIII (nervo vestiíbulo-coclear).
 Outros são puramente motores, como o são o III (oculomotor), o IV
(troclear), o VI (abducente), o XI (nervo acessório) e o XII
(hipoglosso).
 Os restantes são mistos, isto é fornecem inervação motora e sensorial,
como é o caso dos nervos V (trigêmeo), VII (facial), IX
(glossofaríngeo) e X (vago).
ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL
TRONCO ENCEFÁLICO DOS NERVOS CRANIANOS

Emergência de 10 dos 12 pares cranianos

A substancia branca e cinzenta do tronco


encefálico difere da medula.

N. motores somáticos
N. motores viscerais
N. motores viscerais especiais

N. sensoriais somáticos gerais


N. sensoriais somáticos especiais
N. Sensoriais viscerais
N. Sensoriais viscerais especiais

Vias de passagem de fibras nervosas


Formação reticular (áreas associativas)
NERVOS CRANIANOS
Nervo Craniano Emergência Principal função

I. Olfatório Telencéfalo Sentido especial (Olfação)


II. Óptico Diencéfalo Sentido especial (Visão)
III. Óculo-motor Mesencéfalo Motricidade somática
IV. Troclear Mesencéfalo Motricidade somática
V. Trigêmeo Ponte Sensibilidade e motricidade
somáticas
VI. Abducente Bulbo/ponte Motricidade somática
VII. Facial Bulbo/ponte Motricidade somática e
sentido especial (Gustação)

VIII. Acústico- Bulbo Sentido especial


vestibular (Audição/Equilíbrio)
IX. Bulbo Sensibilidade e motricidade
Glossofaríngeo somáticas
X. Vago Bulbo Sensibilidade visceral e
motricidade visceral
XI. Acessório Bulbo e medula Motricidade somática
XII. Hipoglosso Bulbo Motricidade somática
4.4 Cerebelo
 o cerebelo não é parte do tronco encefálico, mas em função de sua
posição anatômica, para efeito de classificação, ele é normalmente
agrupado com a ponte, integrando o metencéfalo.
 O cerebelo desempenha um importante papel na regulação dos
movimentos finos e complexos, bem como na determinação temporal e
espacial de ativação dos músculos durante o movimento ou no ajuste
postural. Projeta-se reciprocamente para o córtex cerebral, sistema
límbico, tronco encefálico e medula espinal.
A MEDULA é dividida em 4 regiões topográficas. O seu
comprimento total é menor do que canal vertebral, mas os nervos
espinhais guardam correlação topográfica com os respectivas
vértebras.
4.1 Medula Espinhal
É a estrutura mais caudal do SNC, recebendo informações da pele,
articulações, músculos e vísceras, constitui a estação final para o envio
de comandos motores. Longitudinalmente, a medula espinal apresenta-se
como uma estrutura uniforme. Os corpos celulares dos neurônios situam-se
na sua parte central (área acinzentada ao corte transversal), e as vias
ascendentes e descendentes estão localizadas na periferia (aspecto
esbranquiçado).
MEDULA
SUBSTÂNCIA CINZENTA
 A medula espinhal comunica-se com o corpo através dos
nervos espinhais, que formam parte do SNP.
 Cada nervo espinhal associa-se com a medula espinhal
mediante a raiz ventral e dorsal.
 Sistema Nervoso Periférico (SNP)
NERVOS ESPINAIS

Nervos espinhais: União de uma raíz


ventral (motora) e dorsal (sensorial).

O tronco do nervo espinhal é funcionalmente


misto e deixa o canal vertebral pelo forame
intervertebral.

Ramo dorsal : inerva a pele e músculos da


região dorsal do tronco, da nuca e região
occipital da cabeça.

Ramo ventral: inerva a pele, musculatura, ossos


e vasos dos membros e região antero-lateral do
pescoço e tronco.
Fibras descendentes Fibras ascendentes
(motoras) (sensitivas)

MEDULA
SUBSTÂNCIA BRANCA

A substancia branca é a região de tráfego


de fibras nervosas mielinizadas

1) do encéfalo para a medula


(Vias descendentes)

2) da medula para o encéfalo


(Vias ascendentes)

3) fibras próprias da medula


(Tratos proprioespinhais)
COMPONENTES FUNCIONAIS DE UM NERVO ESPINHAL
Fibras sensitivas somáticas gerais Fibras motoras somáticas
Pele, músculos, tendões e articulação Músculos estriados esqueléticos
Fibras sensitivas viscerais Fibras motoras viscerais
Músculos lisos, cardíaco e glândulas
Quando atingem o sitio de
inervação, as fibras nervosas se
ramificam em terminações
nervosas.

Fibras motoras: terminações


motoras que formam as junções
neuro-musculares.

Fibras sensoriais: terminações


sensitivas que possuem a
capacidade de converter
diferentes formas de energia
física ou química em impulso
nervoso.
NERVOS ESPINHAIS
1) Unissegmentar: derivados de um segmento
medular

2) Plurissegmentar: derivados de vários segmentos


medulares

Os nervos espinhais torácicos são todos


unissegmentares
Vários nervos espinhais são plurissegmentares, i.e. derivados de plexos
PLEXOS: formação
anatômica onde as fibras
dos ramos ventrais se
entrelaçam sem perder a
funcionalidade individual
das suas fibras

Há 4 plexos nervosos
CERVICAL
BRAQUIAL
LOMBAR
SACRAL
Dermátomo: território cutâneo de inervação sensorial da pele por uma única raiz dorsal

O dermátomo é
identificado pelo nome
da raiz que o inerva.
SNP Somático
 Todos os nervos espinhais que inervam a pele, as articula-ções e os
músculos que estão sob controle voluntário constituem o SNP
somático.
 Os axônios motores somáticos, que comandam a contração
muscular, originam-se de neurônios motores na medula espinhal
ventral. Os somas celulares dos neurônios motores situam-se dentro
do SNC porem seus axônios estão predominantemente no SNP.
 Os axônios sensoriais somáticos que inervam e coletam
informação da pele, músculos e articulações, entram na medula
espinhal pelas raízes dorsais, Os corpos destes neurônios localizam
se fora da medula espinhal em agrupamentos chamados de
gânglios da raiz dorsal. Existe um gânglio da raiz dorsal para cada
nervo espinhal.
SNP visceral ou Vegetativo
 O SNP visceral, também chamado do sistema nervoso vege-tativo
(SNV), ou involuntário, ou autônomo, está constituído de neurônios
que inervam órgãos internos, vasos sanguíneos, glândulas.
 Axônios sensoriais viscerais carreiam, ao SNC, informação a
respeito de funções viscerais, tais como pressão e conteúdo de
oxigênio do sangue arterial.
 As fibras viscerais motoras comandam a contração e o
relaxamento dos músculos lisos que formam as paredes dos
intestinos e dos vasos sangüíneos, a velocidade de contração do
músculo cardíaco e a função secretora de várias glândulas, por
exemplo, o SNP vegetativo controla a pressão sanguínea pela
regulação da freqüência cardíaca e do diâmetro dos vasos
sanguíneos.
5- Neurofisiologia
 O sistema Nervoso Funciona Como dispositivo
capaz de perceber variações energéticas do meio
externo ou interno do organismo, analisar essas
variações quanto a sua qualidade, intensidade e
localização para, finalmente organizar
comportamentos que constituem uma resposta
elevada ao estímulo que foi apresentado ao individuo.
5.1 Neurônios
 Os neurônios são as células excitáveis do sistema nervoso. Os
sinais são propagados por meio de potenciais de ação, ou
impulsos elétricos, ao longo da superfície neuronal. Os neurônios
comunicam-se uns com os outros por sinapses, formando redes
funcionais para o processamento e armazenamento das
informações.
 Uma sinapse tem três componentes:
 o terminal axonal de uma célula,
 o dendrito da célula receptora,
 E um processo de célula glial.
 A fenda sináptica é o espaço entre esses componentes.
 A forma como o sistema nervoso se apresenta deve-se a uma
organização particular de suas células. Segundo a disposição dos
corpos celulares (soma) e dos prolongamentos (axônios) dos
neurônios surgem as diversas estruturas neurais características do
sistema nervoso central.
Axônios (Aferentes e Eferentes)
 Derivados do latim, as expressões aferente ("que
leva") e eferentes ("que traz"), indicam se os Axônios
estão transportando informações até ou a partir de um
ponto em particular.
 Considere os axônios do SNP como estando em relação a
um ponto de referência situado no SNC. Os axônios
sensoriais somáticos ou viscerais, que trazem informação
para o SNC, são aferentes,
 Enquanto aqueles que emergem do SNC para inervar
músculos e glândulas, são os axônios eferentes.
Classificação dos Neurônios
 a-) Neurônios aferentes ou sensoriais. São responsáveis por levar uma
informação dos receptores ou órgãos do sentido até o sistema nervoso
central. Por via de regra, o neurônio aferente contém apenas um longo
dendrito e um axônio curto, enquanto que a forma do corpo celular é
arredondada.
 b-) Neurônio eferentes ou motores. São responsáveis por levar uma
informação do sistema nervoso central para os músculos e glândulas.
Por via de regra, estes neurônios possuem um longo axônio e pequenos e
numerosos dendritos.
 c-) Interneurônios ou neurônios associativos. Constituem a maior parte
dos neurônios. São todos aqueles que estão entre um neurônio aferente e
eferente. São responsáveis pela decodificação e gerenciamento das
informações provenientes dos neurônios aferentes, assim como todo o
processo de tomada de decisão que eventualmente será comunicada ao
neurônio eferente.
 De acordo com o tamanho e forma de seus prolongamentos, a maioria
dos neurônios pode ser
 classificada em um dos seguintes tipos:
 - Neurônios multipolares: apresentam mais de dois prolongamentos
celulares. Representa a grande maioria das células nervosas.
 - Neurônios bipolares: possuidores de um dendrito e de um
axônio. Ex: retina, mucosa olfatória.
 - Neurônios pseudo-unipolares: apresentam próximo ao corpo
celular prolongamento único, mas este logo se divide em dois,
dirigindo-se um ramo para periferia e outro para o SNC. Ex:
neurônios localizados em gânglios espinhais.
5.2 Glia
 Glia ou Neuróglia, são células glias que distribuem-se amplamente
pelo SNC e diferenciam-se por serem menores e não gerarem sinais
elétricos. Existem dois tipos principais:
 Micróglia: Células fagocitárias que são mobilizadas pela
presença de lesão, infecção ou doenças;
 Micróglia:

Astrócitos: encontram-se nas regiões dos corpos celulares e


envolvem se superficialmente aos vasos sanguíneos função
nutritiva.
Oligodendrócitos: Formação da bainha de mielina no SNC.
 Nos Nervos periféricos este papel é delegado às células de
Schwann.
Esquema ilustrativo da histogênese das
células do sistema nervoso central
5.3 Fibras Nervosas
 As fibras nervosas são constituídas por um axônio e suas bainhas envoltórias. Grupos de fibras nervosas
formam os feixes ou tractos do SNC e os nervos do SNP.
 Todos os axônios do tecido nervoso adulto são envolvidos por dobras únicas ou múltiplas formadas por
uma célula envoltória. Nas fibras nervosas periféricas esta célula é denominada célula de Schwann.
 No SNC as células envoltórias são os oligodendrócitos. Axônios de pequeno diâmetro são envolvidos por
uma única dobra da célula envoltória, constituindo as fibras nervosas amielínicas.
 Nos axônios mais calibrosos a célula envoltória forma uma dobra enrolada em espiral em torno do axônio.
Quanto mais calibroso o axônio, maior o número de envoltórios concêntricos provenientes da célula de
revestimento.
 O conjunto desses envoltórios concêntricos é denominado bainha de mielina, e as fibras são chamadas
fibras nervosas mielínicas. A condução do impulso nervoso é progressivamente mais rápido em axônios de
maior diâmetro e com bainha de mielina mais espessa.
 Fibras Mielínicas: nestas fibras as células envoltórias se enrolam em espiral e suas membranas formam um
complexo lipoprotéico denominado mielina. A bainha de mielina é descontínua, pois se interrompe em
intervalos regulares, formando os nódulos de Ranvier. O intervalo entre dois nódulos é denominado
internódulo.
 Fibras Amielínicas: existem tanto no sistema nervoso central como no periférico. As fibras amielínicas
periféricas são também envolvidas pelas células de Schwann, mas neste caso não ocorre o enrolamento em
espiral.
5.4 Condução impulso nervoso
 Quando, em repouso, o neurônio apresenta carga elétrica externa
positiva e interna negativa. Diz-se, então, que o neurônio em repouso está
polarizado.
 Diante de um estímulo nervoso adequado a permeabilidade da
membrana ao sódio aumenta, o que acarreta um fluxo desses íons para
o interior do neurônio, determinando uma inversão da polaridade, o
ambiente interno torna-se positivo e o ambiente externo torna-se
negativo.
5.5 Sinapses
 São articulações terminais estabelecidas entre um
neurônio e outro (interneurais) ou entre um neurônio e
uma fibra muscular (neuromuscular) ou entre um
neurônio e uma célula glandular (neuroglandulares). Na
qual um neurônio transmite o impulso nervoso para o
outro através da ação de mediadores químicos ou
neurotransmissores. Esta transmissão dinâmica do
impulso nervoso de um neurônio para outro depende
de estruturas altamente especializadas.
 Embora a maioria das sinapses se estabeleça entre o
axônio e o dendrito (axo-endrítica), ou entre o axônio e o
corpo celular (axo-somática), há também sinapses, entre
dendritos (dendro-dendríticas) e entre axônios (axo-
axônicas).
 Nas sinapses, as membranas das duas células nervosas
ficam separadas por um espaço, denominado fenda
sináptica.
 Essas duas membranas estão firmemente aderidas entre si.
No local da sinapse, as membranas são denominadas pré-
sináptica (do terminal axônico) e pós-sináptica (de um
dendrito, pericário, axônio ou célula efetora).
5.5.1 Sinapse elétrica
 As sinapses elétricas, mais simples e evolutivamente
antigas, permitem a transferência direta da corrente
iônica de uma célula para outra.
 Ocorrem em sítios especializados denominados junções
gap ou junções comunicantes. Nesses tipos de junções
as membranas pré-sinápticas (do axônio - transmissoras
do impulso nervoso) e pós-sinápticas (do dendrito ou
corpo celular - receptoras do impulso nervoso) estão
separadas por apenas 3 nm.
5.5.2 Sinapse Química
 As membranas pré e pós-sinápticas são separadas por uma fenda
com largura de 20 a 50 nm - a fenda sináptica. A passagem do
impulso nervoso nessa região é feita, então, por substâncias
químicas: os neuro-hormônios, também chamados mediadores
químicos ou neurotransmissores, liberados na fenda sináptica.
 O terminal axonal típico contém dúzias de pequenas vesículas
membranosas esféricas que armazenam neurotransmissores - as
vesículas sinápticas. A membrana dendrítica relacionada com as
sinapses (pós-sináptica) apresenta moléculas de proteínas
especializadas na detecção dos neurotransmissores na fenda
sináptica - os receptores.
5.6 Principais mediadores químicos
 Neuro-hormônios: São substâncias secretadas na circulação por um
neurônio.
 Neuromediadores: São substâncias que participam da resposta pós-
sináptica ao transmissor. Os exemplos mais salientes são o AMP cíclico e o
GMP cíclico que atuam como segundos mensageiros em sítios específicos de
transmissão sináptica.
 Neuromoduladores: Em geral os neuromoduladores aumentam ou
diminuem de forma mais prolongada a excitabilidade neuronial de uma
determinada região. Entre os neuromoduladores, destacam-se a amônia,
o CO2, os hormônios esteróides circulantes, a adenosina e as
prostaglandinas.
 Neurotransmissores: são produzidos em sítios celulares não sinápticos
como, por exemplo, as células gliais.
5.6.1 Neurotransmissores
 O encéfalo tem incontáveis compostos químicos
diferentes. Como podemos definir quais desses
compostos químicos são usados como transmissores?
 Ao longo dos anos, neurocientistas estabeleceram
certos critérios que devem ser atingidos para que
uma molécula possa ser considerada um
neurotransmissor.
 1. A molécula deve ser sintetizada e estocada no
neurônio pré-sináptico;
 2. A molécula deve ser liberada pelo terminal do
axônio pré-sináptico sob estimulação;
 3. A molécula, quando experimentalmente
aplicada, deve produzir uma resposta na célula
pós-sináptica que mimetiza a resposta produzida
pela liberação do neurotransmissor do neurônio
pré-sináptico.
Neurotransmissores
 A maioria dos Neurotransmissores situa-se em três categorias, são
elas:
 Aminoácidos
 Aminas Biológicas
 Peptídeos

 A liberação de neurotransmissores é desencadeada pela chegada


de um potencial de ação ao terminal axonal. A despolarização da
membrana do terminal provoca a abertura de canais de cálcio
sensíveis à voltagem na zonas ativas, os quais são similares aos
canais de sódio, exceto por serem permeáveis aos íons Ca"' em vez
de a íons Na".
5.6.1.2 Aminas biogênicas
 As aminas biogênicas incluem:
 As catecolaminas:
 Dopamina
 Noradrenalina
 Adrenalina
 Indolamina:
 serotonina ou 5-hidroxitriptamina
 Neurotransmissores 35 (5-HT).

 A biossíntese das aminas biogênicas é feita a partir da conversão


de aminoácidos na presença de enzimas específicas.
Neurotransmissores e neuromediadores
 Acetilcolina (ACh)
 Neuromediador envolvido em muitos comportamentos, bem com atenção,
aprendizado e memória:
 Movimento - os movimentos de nossos músculos são promovidos pela
liberação da acetilcolina dos neurônios colinérgicos para as fibras
musculares.
 Sono REM - durante a fase de sono profundo (sono REM), a acetilcolina é
liberada da ponte.
 Aprendizado e memória . em animais de laboratório, ao bloquear a
liberação da acetilcolina, cria-se um déficit no aprendizagem e memória.
Em alguns casos a colina (somente) é sugerida facilitar o processo de
aprendizado e memória.
 Doença de Alzheimer- está associada, em 90% dos casos, com perda de
neurônios colinérgicos no prosencéfalo basal e hipocampo.
Serotonina (5HT):
 Neurotransmissor que possui interferências no humor, na ansiedade e na agressão.
 Desordens de humor - a diminuição da liberação de serotonina no sistema nervoso central
está associada a desordens de humor e depressão.
 Costuma-se tratar esses pacientes com medicamento que bloqueiam a recaptação da
serotonina para o terminal pré-sináptico (ex. fluoxetina, o Prozac). - Desordem obsessiva
compulsiva - associada a redução nos níveis de serotonina no sistema nervoso central, é
geralmente tratada por meio da inibição da recaptação da serotonina.
 Apetite . é reduzido por drogas que elevam a serotonina no encéfalo (geralmente amina) -
Comportamento agressivo e suicídio - tem sido associado a reduzidos níveis de serotonina no
encéfalo.
 Latência de sono . a latência de sono (tempo que a pessoa levar para dormir) é diminuída
com .triptofano., um aminoácido necessário para a síntese de serotonina. Esse dado sugere
que a serotonina pode ter um papel importante na indução do sono.
 Obs.: O leite é rico em triptofano, o que sugere que um copo de leite antes de dormir pode
facilitar o sono.
 Percepção - as sinapses serotoninérgicas estão presentes no córtex cerebral e estão
envolvidas nos processos de percepção.
DOPAMINA (DA)

 Controla níveis de estimulação e controle motor em muitas áreas encefálicas.


Quando os níveis de dopamina estão extremamente baixos os pacientes são
incapazes de se mover voluntariamente.
 Doença de Parkinson - acontece devido degeneração de neurônios dopaminérgicos
oriundos da substância negra, que enviam as suas projeções para o estriado, o
qual está envolvido no controle motor do movimento. A doença de Parkinson é
tratada com L-DOPA, o precussor da dopamina no encéfalo.
 Esquizofrenia - é uma patologia causada pelo excesso de dopamina liberada para
o terminal póssináptico. Há a hipótese que existe uma excessiva estimulação
dopaminérgica no lobo frontal (causado talvez pela ativação de gens) É tratada
por drogas que bloqueiam a ligação da dopamina no receptor pós-sináptico.
NORADRENALINA (NA)
 Esse neurotransmissor está relacionado a excitação físico e mental, bem
como é conhecido por promover o bom humor. É produzido no locus
coeruleos e atua como mediador dos batimentos cardíacos, pressão
sanguínea, conversão de glicogênio em energia e outros.
 Atenção e alerta - a liberação da noradrenalina facilita a atenção e o
alerta durante o dia. Durante o sono REM os níveis de noradrenalina estão
reduzidos;
 Estresse - Nos estresse .crônico., verifica-se redução na liberação da
noradrenalina. Porém, no estresse agudo a noradrenalina é liberada da
glândula adrenal e atua na amplificação do sistema nervoso simpático.
 Humor - a depressão por redução na captação de noradrenalina pode ser
tratada com algumas drogas que evitam a sua recaptação
 Aprendizado e memória - a noradrenalina é importante nos processos de
aprendizado e memória.
ÁCIDO GAMA AMINO BUTÍRICO (GABA)

 É o principal neurotransmissor inibitório do encéfalo. O


processo inibitório ocorre quando o GABA se liga ao
receptor, permitindo dessa forma a entrada de Cloro para
dentro da célula. Responsável pela sintonia fina e
coordenação dos movimentos entres outros.
 Há hipóteses que a deficiência de GABA leva a algumas
formas de Esquizofrenia. Nesse sentido a deficiência da
inibição GABAérgica seria o distúrbio primário para a
atividade estriatal dopaminérgica excessiva no transtorno.
Droga como o Valium, ressalta o efeito do GABA na
sinapse. Outros neurotransmissores inibidores são a glicina e
a taurina.
GLUTAMATO
 O glutamato é o principal neurotransmissor do
encéfalo.
 A atuação do glutamato é fundamental no processo de
memória. curiosamente, o glutamato também está
envolvido no processo de suicídio celular, uma vez que
o excesso de glutamato é neurotôxico e mata a célula
por excesso de influxo de cálcio. - a doença do Lou
Gherig (als), doença em que o glutamato é produzido
em grande quantidade, causa morte neuronal da
medula espinhal e do tronco cerebral.
PEPTÍDEOS
 Endorfinas / encefalinas - são neurotransmissores peptídicos opiáceos endógenos
capazes de modular a dor e reduzir o estresse. São encontrados em vários locais
no encéfalo (sistema límbico, mesencéfalo). Eles também são produzidos por
glândulas pituitárias e liberados como hormônios e envolvidos na redução da dor,
pressão (eles aumentam a produção de dopamina) e hibernação.
 Todos os opiáceos (endógenos ou sintéticos) alteram o comportamento porque agem
nos receptores de encefalina do encéfalo.
 Substância P- é um dos neurotransmissores que mediam a experiência de dor. É
encontrado em toda via da dor e sua liberação pode ser bloqueada pela
encefalina.
 Neuropeptidio Y / Polipeptídio YY: - NPY e PPYY, são neurotransmissores
encontrados no hipotálamo, particularmente no núcleo paraventricular. São
correlacionados com distúrbios de apetite, podendo levar a excessiva ingesta de
comida e armazenamento de gordura
 Neuromediadores: São substâncias que participam da
resposta pós-sináptica ao transmissor. Os exemplos
mais salientes são o AMP cíclico e o GMP cíclico que
atuam como segundos mensageiros em sítios
específicos de transmissão sináptica.
6. Controle da postura e do
movimento.
 No estudo do componente somático do sistema nervoso, com suas aferências e
eferências, destacam-se dois elementos-chaves em nossa vida de relação: o
neurônio e a célula muscular esquelética.
 É através dos músculos que o homem pode atuar sobre o meio ambiente e
com ele se interrelacionar. É através da interface entre o neurônio e a
miocélula, as chamadas placas motoras do sistema nervoso somático, que
estabelecemos nossa interação com o meio ambiente.
 O controle nervoso da postura e do movimento é uma das funções mais
importantes do sistema nervoso central.
 A organização motora se estabeleceu, portanto, em estruturas neurais
dispostas hierarquicamente, de forma que as estruturas primariamente
responsáveis pela tarefa, os centros motores, situam-se em forma de cascata,
de baixo para cima, nas várias porções do SNC desde a parte
filogeneticamente mais antiga, a medula, até a mais recente, o córtex cerebral.
Controle Motor pelo córtex
 A atividade motora complexa (por exemplo, a atividade
esportiva, gestos, linguagem ou a atividade envolvida na
operação de instrumentos eletrônicos ou musicais, etc.) tem
no córtex motor o seu ponto de partida, dado que ele
conecta e dá continuidade ao processo iniciado em áreas
sensoriais e de associação do córtex cerebral.
 O córtex motor está localizado no giro pré-central e
corresponde à área 4 de Brodmann, e contém uma
população característica de células gigantes (50 a 80 μm
de diâmetro) em forma de pirâmides, conhecidas como
células piramidais ou células de Betz.
 As células piramidais do córtex motor fornecem um
canal direto do cérebro para os neurônios do corno
ventral da medula, os motoneurônios.
 As áreas pré-motora e motora suplementar também
são organizadas somatotopicamente e se projetam
para o córtex motor e para várias estruturas motoras
subcorticais. Estas áreas têm um papel mais refinado no
controle motor com uma participação decisiva no
planejamento e programação de funções motoras.
Sistema Piramidal
 O ―sistema piramidal‖, ―via ou trato piramidal‖ ou ainda trato
córtico-espinal, como é usualmente denominado, fornece uma
via motora direta entre o córtex, o tronco encefálico e a
medula espinal. Encontramos células piramidais no córtex
motor, área pré-motora, e lobo parietal.
 O feixe de fibras desse sistema recebe o nome ―piramidal‖
porque ele percorre, na altura do bulbo, uma estrutura
denominada pirâmide. Ele consiste de axônios descendentes
do “trato piramidal” e das áreas do córtex nas quais eles se
originam. As fibras “piramidais” descendentes do bulbo
formam os tratos córtico-espinais e descem pelo funículo
lateral na substância branca da medula.
Trato córtico-espinal com suas subdivisões anterior e lateral no seu trajeto para a
medula
Postura e movimento

Controle motor pelo córtex cerebral. Estão indicadas as áreas pré-motora e motora
suplementar em vista dorsal (A) e medial (B). As principais projeções destas
regiões se dirigem para a área motora primária localizada na frente do sulco
central. A representação das diversas regiões do corpo no córtex motor primário se
dá em proporção equivalente a sua destreza e agilidade (C).
Trajeto do trato córtico-espinal na medula espinal. 1 — Trato córtico-espinal lateral, as fibras
cruzam na decussação das pirâmides no bulbo. 2 — Trato córtico-espinal anterior, cujas fibras
não cruzam no bulbo. A maioria dessas fibras cruza na comissura anterior da medula para o lado
oposto (2a) e poucas fibras permanecem no mesmo lado (2b). 3 — Interneurônio. 4 — Colaterais
recorrentes. 5 — Neurônio motor. 6 — Célula de Renshaw.
Postura e movimento

Trajeto do trato córtico-espinal na medula espinal. 1 — Trato córtico-espinal lateral, as fibras cruzam na
decussação das pirâmides no bulbo. 2 — Trato córtico-espinal anterior, cujas fibras não cruzam no bulbo. A
maioria dessas fibras cruza na comissura anterior da medula para o lado oposto (2a) e poucas fibras
permanecem no mesmo lado (2b). 3 — Interneurônio. 4 — Colaterais recorrentes. 5 — Neurônio motor. 6 —
Célula de Renshaw.
Lesões da via piramidal
 Resulta em;
 Paresias ou paralisia, ou seja, dificuldade ou incapacidade de
realização de movimentos voluntários.
 Na paresia faltam os movimentos de precisão e o ajuste motor fino.
Após um período inicial de paralisia flácida, a paralisia é
espástica, havendo hipertonia muscular, reflexos tendinosos
hiperativos e diminuição ou abolição dos reflexos cutâneos.
 Os tipos de paralisia mais comumente encontrados são a
hemiplegia, uma paralisia espástica (quando resultante da síndrome
do neurônio motor superior), acometendo apenas um lado do corpo;
a monoplegia, paralisia de apenas um membro; a displegia,
paralisia de dois. membros, os superiores ou os inferiores; a
quadriplegia (ou tetraplegia) e a hemiplegia alterna (ou paralisia
cruzada).
Controle motor pelo Cerebelo
 O cerebelo é constituído por duas regiões principais: os hemisférios e o vermis.
 Essas áreas projetam-se para os núcleos cerebelares profundos que servem como
plataforma para as fibras que chegam e para as que saem do cerebelo.
 Assim organizado, o cerebelo exerce a função de:
 a) armazenamento de informações motoras essenciais na manutenção do equilíbrio do
corpo, através das conexões do lobo flóculo-nodular (arquicerebelo) com os núcleos
vestibulares e neurônios motores inferiores;
 b) de monitorar o grau de contração dos músculos graças às conexões do paleocerebelo
— lobo anterior, pirâmide e úvula — com os fusos neuromusculares e órgãos
neurotendíneos, que permite realizar movimentos mais elaborados como o nado dos
peixes e o vôo dos pássaros;
 c) de coordenar movimentos delicados, assimétricos e complexos, em função das amplas
conexões do neocerebelo (lobo posterior, exceto a pirâmide e a úvula), com os neurônios
do córtex motor, que nos permite, por exemplo, tocar um instrumento musical.
 O arquicerebelo conecta-se extensamente com os núcleos
vestibulares ele é também conhecido como cerebelo vestibular.
 Em razão da estreita relação anatômica do paleocerebelo com
as vias sensoriais proprioceptivas da medula ele é também
chamado de cerebelo espinal.
 Enquanto que as densas conexões do neocerebelo com o córtex
motor lhe conferem a denominação de cerebelo cortical.
 O córtex cerebelar está disposto em forma de folhas transversais
e é subdividido em três camadas denominadas, a partir da
superfície externa, de molecular, células de Purkinje e granular.
 No que se refere ao planejamento e execução do
movimento, após o processamento das informações,
os núcleos cerebelares as enviam de volta ao córtex
motor, através de uma via rápida que passa pelos
pedúnculos cerebelares superiores e fazem uma
sinapse intermediária no tálamo ventrolateral.
 O controle ou ajuste dos movimentos mais precisos e
delicados é realizado através de uma alça
“extrapiramidal” constituída pela via cerebelo –
núcleo rubro - tálamo ventrolateral – córtex cerebral.
 Em vista do exposto, podemos observar a influência do cerebelo na elaboração,
organização e curso de todos os movimentos iniciados pelo córtex motor.
 Há uma sinalização rápida e completa do córtex cerebelar para toda a série de
descargas de impulsos que trafegam pelo “trato piramidal”.
 Na execução de um movimento, o cerebelo participa organizando-o e
atualizando-o, baseando-se na análise das informações sensoriais que
sinalizam acerca da posição e velocidade dos movimentos dos membros a cada
instante.
 Essa operação constitui um planejamento de curto prazo que se sobrepõe ao
planejamento de longo prazo efetuado pelo córtex cerebral.
 Isso explica porque na aprendizagem de um movimento o realizamos inicialmente
de forma vagarosa com intensa concentração mental. Com a prática e o
conseqüente aprendizado motor, aumenta a quantidade de movimentos pré-
programados, resultando em uma maior facilidade e rapidez na execução dos
mesmos.
 Presume-se que o cerebelo guarde uma grande
quantidade de informações codificadas em sua rede
neuronial de forma que ele pode interferir sobre qualquer
tipo de atividade na “via piramidal”, corrigindo
adequadamente a resposta motora.
 É importante notar que existe no córtex cerebelar uma
organização modular que trabalha em associação com os
segmentos do córtex cerebral envolvidos com cada
componente da ação a ser executada. É a integração destes
módulos em ambos os córtices que determina a atividade
motora final coordenada.
Sinais clínicos de lesões cerebelares

 lesões no cerebelo produzem distúrbios motores ipsilaterais;


 dificuldade em manter o equilíbrio do corpo;
 não podem realizar movimentos que envolvam várias articulações
ao mesmo tempo.
 Os movimentos são demasiadamente curtos ou amplos demais, e as
correções são também excessivas e exigem grande concentração
mental.
 tremor intencional que se manifesta quando o paciente tenta
realizar o movimento, mas que não ocorre durante o curso do
movimento
 hipotonia que é uma redução do tônus muscular decorrente da
fadiga muscular fácil e a ataxia (incoordenação motora; andar
cambaleante).
Núcleos da base e via extrapiramidal
no controle motor
 Os núcleos da base representam uma importante
conexão subcortical entre o córtex motor e o
restante do córtex cerebral. Atuam, portanto, na
interface entre o planejamento, programação e
ação motora com as demais funções corticais.
Eles são constituídos por grandes estruturas, bem
delimitadas, entre as quais se destacam o núcleo
caudado, o putame e o globo pálido.
Distúrbios no sistema extrapiramidal

 Denominam-se distúrbios ―extrapiramidais‖ as perturbações na


postura e nos movimentos involuntários decorrentes do mau
funcionamento dos núcleos da base.
 Os principais transtornos são o excesso de movimentos involuntários
e espontâneos, e um aumento persistente do tono muscular sem
nenhuma alteração essencial nos reflexos espinais. Clinicamente,
distinguem-se dois grupos de sintomas: as hipercinesias e as
hipocinesias.
 As condições hipercinéticas, aquelas em que há movimentos
excessivos e anormais, incluem a Coréia, atetose e balismo. Nas
síndromes parkinsonianas existem tanto os sintomas hiper como os
hipocinéticos, sintomas motores caracterizados por bradicinesia ou
pobreza de movimentos (uma forma de hipocinesia), tremores e
rigidez (hipercinesia)
7. Comportamento reprodutivo.
Em geral, classificamos os processos vegetativos básicos em três categorias: reprodução, metabolismo
e integração humoral. Estes processos vegetativos são considerados processos orgânicos fundamentais.

O comportamento sexual é um comportamento motivacional, como são os comportamentos


exploratório, alimentar e emocional, com os quais o comportamento sexual compartilha alguns
mecanismos neurais.
Eixo hipotálamo-hipófise-gônadas na regulação do comportamento sexual. O controle ocorre em
três níveis: fatores reguladores hipotalâmicos, hormônios da adenoipófise e hormônios sexuais
secretados pelos testículos ou ovários. Os fatores reguladores hipotalâmicos alcançam a
adenoipófise pelo sistema de vasos porta-hipofisário.
 O comportamento reprodutivo é regulado primariamente através
de hormônios lançados na circulação sangüínea pelas glândulas
sexuais e pela hipófise anterior (adenoipófise).
 O comportamento reprodutivo, bem como vários outros processos
fisiológicos básicos, estão sob controle dos hormônios secretados
pela adenoipófise, os chamados hormônios gonadotróficos
hipofisários.
 A sua secreção é fortemente influenciada pelos hormônios das
gônadas (estrogênio e progesterona dos ovários e testosterona dos
testículos) e pelos hormônios reguladores de origem hipotalâmica,
também conhecidos como fatores liberadores ou inibidores dos
hormônios secretados na adenoipófise.
8. Comportamento Alimentar
8.1 HIPOTÁLAMO – Centros de controle
 O papel do hipotálamo na regulação do apetite se assemelha a um
transdutor. Ele integra os múltiplos sinais sensoriais que dão conta do meio
interno e mantém a homeostase do organismo através da ativação e
desativação do comportamento de busca do alimento pelo animal.
 HVM tem sido denominado centro da saciedade, e o HL, centro da fome ou
centro da alimentação
 A lesão do hipotálamo ventromedial provoca aumento na ingestão de
alimentos e no peso corporal.
Lesão HVM (hipotálamo ventro medial)

 Obesidade
 Hiperfagia
Lesão Hipotálamo lateral (HL)
 A lesão deste núcleo causa cessação da ingestão de alimentos
(afagia) e de líquidos (adipsia) e, eventualmente, morte por
inanição, a menos que os animais sejam submetidos a um
esquema de alimentação e hidratação forçadas.
8.2 Controle Homeostático

 o hipotálamo desempenha um papel central na regulação da


homeostase do meio interno através de ajustes neuroendócrinos e
comportamentais.
 As condições internas que ativam o comportamento voluntário são
referidas como estados motivacionais ou impulsos.
 São esses estados motivacionais que induzem o indivíduo à ação. Assim,
por exemplo, a regulação comportamental da temperatura corporal
através de calafrios ou do ―esfregar das mãos‖ pode ser compreendida
como um ―drive‖ associado à regulação da temperatura.
 Sexo, curiosidade, fome e sede também podem ser entendidos da mesma
forma, uma vez que representam estados que geram impulsos que visam a
atender as necessidades específicas do organismo.
9. Aprendizagem e memória
 Os três fatores básicos no estabelecimento da aprendizagem e
memória são:
 A aquisição,
 O armazenamento ou retenção
 A evocação de informações.
 Estes processos, em conjunto, conferem ao indivíduo os requisitos
mínimos para sua adaptação ao meio em que vive.
 Uma das definições correntes indica que a aprendizagem
corresponde à aquisição de novos conhecimentos do meio e, como
resultado desta experiência, ocorre a modificação do
comportamento, enquanto que a memória é a retenção deste
conhecimento.
 aprendizagem tem-se optado por um termo mais geral que é a plasticidade
cerebral que se refere a alterações funcionais e estruturais nas sinapses (zonas
ativas de contato) como resultado de processos adaptativos do organismo ao
meio.
 A história dos estudos com condicionamento clássico começou com Ivan
Pavlov, fisiologista russo, prêmio Nobel em 1904. A partir de seus estudos
pioneiros, hoje sabemos que a base do condicionamento clássico é a
associação entre estímulos.
TIPOS DE APRENDIZAGEM E MEMÓRIA

 Quanto à duração: memória sensorial, de curto e


longo prazo;
 Quanto à conscientização ou não do conteúdo:
memória declarativa (permite relato verbal ou não-
verbal) e memória procedimental;
 Quanto ao conteúdo da memória consciente: memória
episódica e semântica.
 Plasticidade cerebral
Fases da Memória de Longo Prazo (MLP):

a) Aquisição (recepção de sinais; duração de


milissegundos);
b) Retenção ultra-rápida (frações de segundo a
segundos);
c) Retenção de curto prazo e indução da MLP
(minutos a horas);
d) Consolidação (durante o sono);
e) Retenção Duradoura (1 dia);
f) Recuperação (reativação do padrão).
Transferência e armazenamento de informações nos bancos de memória. As informações
relevantes são passadas de um estágio para o outro subseqüente. A repetição (mental ou
verbal) favorece a transferência do conteúdo da memória primária para a secundária.
10. Comportamento emocional
 Existe grande concordância na proposição de que emoção
e motivação estão estreitamente relacionados.
 Assim, se definirmos estado motivacional por um impulso ou
―drive‖ que impele o organismo a alguma ação que visa a
satisfação de objetivos ou resulta em aumento ou diminuição
de um conflito.
 A emoção seria a conseqüência de um comportamento
motivado, quer tenha ou não cumprido sua finalidade.
 As bases anatômicas do comportamento emocional estão
localizadas no sistema límbico, onde se destaca o papel
do hipotálamo.
 De fato, inúmeras são as evidências indicando que a estimulação do
hipotálamo produz efeitos autonômicos, endócrinos e motores
que se assemelham àqueles observados em vários estados
emocionais, sugerindo que esta estrutura coordena e integra as
emoções.
 Realmente, tem sido demonstrado em estudos com lesão que
diferentes núcleos hipotalâmicos podem estar associados a
comportamentos emocionais específicos.
 Enquanto a lesão do núcleo hipotalâmico lateral provoca
amansamento, a sua estimulação induz raiva. Por outro lado,
animais com lesão do hipotálamo medial tornam-se bastante
excitáveis e apresentam respostas agressivas com
facilidade,animais com este tipo de lesão apresentam também
alteração no comportamento sexual e obesidade.
Sistema límbico
11 . SONO
 Características gerais do sono não-rem
 Relaxamento muscular progressivo
 Manutenção do tono muscular
 Progressiva redução de movimentos aumento
progressivo de ondas lentas no eletrencefalograma
(20%-50% no sono iii/ mais de 50% no sono iv
 Ausência de movimentos oculares rápidos/
respiração e ecg regulares.
Características do Sono REM
 Hipotonia-atonia muscular
 Movimentos fásicos e mioclonias multifocais/
emissão de sons movimentos oculares rápidos.
 Eletrencefalograma com predomínio de ritmos
rápidos/ semelhanças com o traçado de vigília e
de sono não-rem na fase 1 respiração e ecg
irregulares.
 Sonhos
Cronobiologia: disciplina que estuda os ritmos biológicos

Ritmos
a) Circadianos: vigília-sono (periodicidade em torno de 24h)
b) Infradianos: batimento cardíaco (periodicidade < 24h)
c) Ultradianos: ciclo menstrual, ciclo das marés (periodicidade > 24h)

Marcapassos: osciladores primários, que exibem ritmicidade geneticamente determinada,


auto-sustentada, endógena, mesmo na ausência de pistas temporais externas (= relógio
biológico).

EX: pessoas mantidas em cavernas por períodos de várias semanas ou meses continuam dormindo e
acordando com uma periodicidade de aproximadamente 25h!
PADRÕES DE SECREÇÃO HORMONAL EM
RELAÇÃO AO SONO

•CORTICOSTERÓIDES/ H. TIREOIDEANO/ INSULINA (matinal)

•TESTOSTERONA / H. DO CRESCIMENTO /H. ANTIDIURÉTICO (sono NREM)

•COLECISTOQUININA / BOMBESINA (pós-prandial)

• MELATONINA (pico noturno)


Relógio ambiental =temporizador externo

A privação de temporizadores externos (ritmo claro-escuro) não abole e nem


desorganiza o ciclo vigília-sono, ainda que fique um pouco defasado.
ZEITGEBERS

Vias aferentes Vias eferentes Ritmos Biológicos

Temporizador externo Temporizador interno


Claro-escuro Relógio biológico
Duração do fotoperíodo SNC

Órgão Núcleo-
Trato retino- Outras áreas do SNC Ritmos
fotossensível supraquiasmático
hipotalâmico Órgãos efetuadores circadianos
(HIPOTÁLAMO)

Relógio Biológico

Glândula Ritmos
Pineal infradianos
Mecanismos neurais da ritmicidade

Núcleo supraquiasmatico (NSQ) : Relógio biológico

AFERÊNCIAS
Retina (Trato retino-hipotalamico)

EFERÊNCIAS
Outros núcleos do hipotálamo
Tálamo

O NSQ cicla mesmo quando as conexões neurais são eliminadas


ou quando os núcleos são mantidos em cultura e possui um ritmo
próprio.

Porem pode se sincronizar aos ritmos ambientais externos como as


oscilações fotoperiodicas.
Tipos e estágios do Sono
O sono tem dois estados:

a) SONO NÃO-REM
b) SONO REM

O sono Não-REM apresenta 4


estágios, durante os quais as
ondas se tornam cada vez mais
lentas e aumentam a amplitude. O
EEG se torna sincronizado e a
profundidade do sono aumenta.

O sono REM é um tipo de sono


onde EEG fica dessicronizado e
ocorre movimentos rápidos dos
olhos (rapid eyes movements).
A arquitetura do sono varia entre as pessoas e com a idade
Distúrbios do sono
 Insônia: dificuldade de início ou manutenção do sono
 Apnéia obstrutiva do sono
 Excessiva atonia muscular (diafragma, faringe) durante sono de ondas lentas
 Indivíduo não chega a acordar, permanece em estágio 1
 Obesos – causas mecânicas

 Hipersônias: sonolência exagerada e crises de sono durante a vigília


 Narcolepsia
 Distúrbio de sono paradoxal
 Perda de neurônios do hipotálamo
 Genética?
 Parassônias: distúrbios de acordar
 Terror noturno infantil, sono paradoxal sem atonia, sonabulismo
 Atingem mecanismos de transição entre sono paradoxal e vigília
12. Mecanismos da dor
 A dor é um dos processos de primordial importância para a
sobrevivência do indíviduo.
 A maior parte dos neurônios envolvidos no processamento
da informação dolorosa pertence a áreas filogeneticamente
antigas, como as paredes mediais e caudais dos
ventrículos, o tálamo, o hipotálamo e a substância
ativadora reticular ascendente do tronco encefálico.
 Algumas destas áreas também são dotadas de circuitos
neurais responsáveis pelo alívio da dor.
Vias de condução da dor. À esquerda está representado o feixe somatossensorial de condução lenta, a via paleo-espinotalâmica,
multissináptica. À direita está representado o feixe somatossensorial de condução rápida, a via neo-espinotalâmica, com poucas conexões
sinápticas. Estas vias ascendem pelo trato ventrolateral, fazem sinapses no tálamo e alcançam o córtex sensorial (áreas SI e SII). Observe as
múltiplas conexões da via paleo-espinotalâmica com a formação reticular e áreas límbicas, como a substância cinzenta periaquedutal (SCP)
e giro do cíngulo.
13. Atenção
 Atenção é o nome dado ao caráter direcional e à seletividade dos processos
mentais organizados. Essa atenção seletiva é um processo complexo, com vários
componentes como o alerta, a concentração, a seleção, a perscrutação e a
exploração.
 Através deste processo mantemo-nos vigilantes sobre o curso e o desenvolvimento
de nossas ações de acordo com os planejamentos que realizamos.
 Os processos que determinam a atenção envolvem atividades cooperativas na
formação reticular, sistema límbico e estruturas corticais e subcorticais
associadas à função sensorial e motora.
 De maneira geral, podemos dizer que dentre as estruturas cerebrais que processam
as informações relativas à atenção destacam-se, seqüencialmente, a formação
reticular, tálamo e as áreas corticais responsáveis primariamente pelo
processamento de um determinado estímulo particular, como o córtex occipital se o
estímulo é visual, o córtex temporal, se o estímulo é auditivo, etc.
14. Pensamento, sensação e
percepção.
 Atualmente, o uso das técnicas de imagens cerebrais tem contribuído, sobremaneira,
para o nosso conhecimento dos processos subjacentes à atividade dos neurônios no
momento em que recebem um determinado estímulo, geram a percepção dos sinais que
recebemos, a formação de imagens e o pensamento.
 A sensação pode ser entendida como o resultado imediato da entrada em
atividade de receptores sensoriais, enquanto a percepção está associada à etapa
final deste processo, que resulta no reconhecimento e na identificação do objeto.
 A representação no cérebro de cada elemento constitutivo do objeto visto como a
forma, a cor, o tamanho, ocorre em áreas específicas e definidas do córtex
occipital visual.
14.1 Áreas de associação
 O estudo do pensamento e da linguagem sobrepõe-se, assim, à compreensão do
papel funcional das áreas de associação que são subdivididas em três porções: o
córtex pré-frontal, o córtex límbico e o córtex associativo parieto-têmporo-occipital.
 Embora todas as três áreas de associação estejam envolvidas em várias funções
superiores, uma certa especialização pode ser observada em cada uma delas.
 Assim:
 O córtex pré-frontal está envolvido com a cognição e ações motoras;
 O córtex parieto-têmporo-occipital com funções sensoriais mais elaboradas e
com a linguagem;
 O córtex límbico com a memória, emoção e aspectos motivacionais do
comportamento.
Representação esquemática da superfície cortical mostrando as O córtex de associação límbico consiste de várias subáreas
áreas de associação localizadas em diferentes lobos: o córtex orbitofrontal, porções
do lobo temporal e o giro do cíngulo.
14.2 Distúrbios do pensamento
 As psicoses são os distúrbios psiquátricos mais severos dentre todas
as doenças psiquiátricas, e são caracterizadas pelo aparecimento
dos seguintes sintomas:
 distúrbios do pensamento e do afeto,
 Alucinações;
 Delírios;
 As psicoses são geralmente classificadas como psicoses orgânicas e
idiopáticas. As orgânicas são tipicamente associadas a alterações
neuropatológicas identificáveis, tóxicas ou metabólicas. As psicoses
idiopáticas não têm causa definida, como o próprio nome indica
(psicoses maníaco-depressivas e esquizofrenia).
15.Linguagem
 A linguagem constitui-se em um sistema arbitrário de sinais e símbolos que funciona como um
processo intermediário entre o pensamento e o mundo externo .
 As primeiras evidências indicando que o hemisfério esquerdo é dominante no controle
da fala e da escrita e que o hemisfério direito é responsável por funções mnemônicas
não-verbais, foram obtidas em 1861 por Paul Broca, o qual após estudos em pacientes
neurológicos associou distúrbios da linguagem à lesão do lobo frontal do hemisfério
esquerdo. ―Nós falamos com o hemisfério esquerdo‖, escrevia Broca na época
 Com a progressão destes estudos estas evidências foram confirmadas e esta região,
situada no quadrante póstero-lateral do lobo frontal esquerdo, passou a ser chamada
de área de Broca.
 Uma outra região de grande importância para a linguagem ficou conhecida como área
de Wernicke, em homenagem a Carl Wernicke, que foi o primeiro cientista a descrever
uma hipertrofia de uma parte do giro temporal superior esquerdo, localizada logo
atrás do giro de Heschel, a área auditiva primária.
 Cerca de 80% dos cérebros humanos apresentam assimetrias causadas por
desenvolvimentos especiais do córtex cerebral nas regiões anterior (área de Broca) e
posterior (área de Wernicke) da fala.
Áreas primárias da linguagem no cérebro. A área de Broca é a área motora da linguagem localizada no giro póstero-
lateral do lobo frontal esquerdo. A área de Wernicke está localizada no lobo temporal póstero-superior e inclui o centro
de compreensão auditiva. As áreas de Broca e Wernicke estão ligadas por fibras bidirecionais do fascículo arqueado que
passam pelos giros angular e supramarginal do córtex de associação parieto-têmporo-occipital.

Representação esquemática das áreas e conexões neurais envolvidas com a comunicação verbal no hemisfério
esquerdo. A área de Broca está próxima da região do córtex motor (giro pré-central) responsável pelo controle dos
movimentos da articulação verbal, expressão facial e fonação. A área de Wernicke está situada na porção superior
e posterior do lobo temporal, próxima ao córtex auditivo primário. As áreas de Broca e Wernicke estão conectadas
pelo fascículo arqueado.
15.1 Diferenças Funcionais entre os
Hemisférios
 Direito Esquerdo
 Não-verbal •Verbal
 Sintético •Analítico
 Concreto •Simbólico
 Analógico •Abstrato
 Não-temporal •Temporal
 Espacial •Digital
 Intuitivo •Lógico
 Holístico •Linear
Características da linguagem

componentes Representação Distúrbio clínico

FORMA Circuitos neuronais responsáveis Doenças do cerebelo, afasia de


pela atividade motora Broca

CONTEÚDO Representação de imagens, Afasia de Wernicke, afasia de


idéias e conceitos. Córtex de condução e esquizofrenia
associação
USO Identidade individual e Aprosódias, distúrbios do afeto e
percepção do contexto social do pensamento
pelo indivíduo. Córtex de
associação

Três elementos identificados na linguagem: a forma, o conteúdo e o uso apresentam distintas representações no cérebro.
Perturbações no funcionamento desses circuitos neurais têm importantes implicações clínicas.
Distúrbios de linguagem
 Afasia de Broca: dano na porção posterior do terceiro giro frontal esquerdo (área de Broca).
 Afasia de Wernicke: déficit na compreensão da linguagem em decorrência de lesões das partes
superiores e posteriores do lobo temporal esquerdo.
 Afasia de Condução: Refere-se a lesões no fascículo arqueado que interconecta as áreas de
Wernicke e de Broca. Em geral, decorre de lesão do giro supramarginal do lobo parietal.
 Afasia Anômica: Resulta de lesões nos aspectos ventro posteriores do lobo temporal esquerdo.
Trata-se de uma afasia em que a única dificuldade situa-se em encontrar as palavras corretas para
expressar os pensamentos.
 Afasia Global: Como o nome indica, os pacientes com este tipo de afasia são incapazes de falar,
compreender, ler, escrever ou nomear objetos. Resulta de lesões na região do sulco de Sylvius,
comprometendo as áreas de Wernicke, Broca e o fascículo arqueado.
 Afasias Transcorticais: Estas afasias são decorrentes de lesões fora, mas próximas, das regiões
primariamente associadas com a linguagem.
 Aprosódias :Este componente é constituído basicamente pela musicalidade, entonação e inflexões da
fala, e pela gesticulação associada. Denomina-se aprosódia a perturbação do componente afetivo
ou emocional da linguagem. Acredita-se que este distúrbio seja decorrente de prejuízos funcionais do
hemisfério direito, uma vez que este hemisfério atua no controle dos aspectos emotivos e afetivos da
linguagem.
 Gaguez
16 Plasticidade
 Plasticidade cerebral refere-se a modificações que ocorrem no SNC dos
organismos com o fim de adequá-los às novas exigências impostas pelo meio,
seja no nível funcional através do aumento da eficiência da transmissão
sináptica, seja no nível estrutural através do crescimento neuronial. Encontramos,
também, exemplos notáveis de plasticidade cerebral em relação às nossas
habilidades lingüísticas.
 A remoção do hemisfério direito resulta em hemiplegia grave (paralisia de um lado
do corpo, no caso o esquerdo), mas o paciente ainda conserva uma boa
capacidade lingüística.
 A remoção do hemisfério esquerdo, entretanto, traz problemas bem mais graves,
uma vez que além da hemiplegia direita, o indivíduo perde a sua capacidade de
comunicação verbal.
17. Consciência
 Renné Descartes dava início à doutrina conhecida como hipótese dualística ou
dualismo, onde mente e cérebro seriam, portanto, entidades independentes e
distintas.
 Com isso, Descartes dava início à doutrina conhecida como hipótese dualística ou
dualismo.
 A mente teria um papel central e seria o ponto de partida do processo de
formação da consciência enquanto que restaria ao cérebro apenas uma
participação meramente secundária.
 Na prática médica, a consciência é vista em oposição à inconsciência ou coma e
compreende o estado de alerta associado à capacidade de responder
adequadamente a certos estímulos externos.
 A apatia, a amnésia, a afasia e a demência, embora prejudiquem o conteúdo da
consciência, não impedem que respostas apropriadas sejam dadas aos estímulos
convencionais, de forma que a consciência é ainda considerada preservada nestas
condições.
 Vários pesquisadores envolvidos com o estudo da consciência admitem que diversos
estados de consciência podem ser identificados. Estes estados podem combinar-se e
originar níveis de consciência mais elaborados. Dos mais elementares aos mais
complexos, estes estágios podem ser resultado:
 a) da identificação através dos canais sensoriais (somestésico, visual, auditivo,
olfatório etc.) do que está ocorrendo no meio ambiente do indivíduo;
 b) do reconhecimento das regiões do corpo, através do processamento combinado
das informações que chegam pelos canais sensoriais;
 c) da identificação consciente da necessidade de repor as substâncias
consumidas pelo metabolismo corporal (fome, sede) ou de eliminar produtos do
metabolismo ou substâncias desnecessárias;
 d) do reconhecimento pelo indivíduo da necessidade de manter o
comportamento sexual;
 e) da localização temporal e espacial do indivíduo através do cotejamento das
informações armazenadas na memória;
 f) da manifestação através dos sonhos das alterações fisiológicas que ocorrem
durante o sono;
 g) da expressão do pensamento, raciocínio, intencionalidade.
 Devem ser notados também os estados alterados de consciência como os
produzidos por drogas e decorrentes de alucinações vivenciadas por indivíduos
alcoólicos, esquizofrênicos e pela senilidade .
 Através de uma análise integrada de todas estas modalidades podemos
dizer que as informações que chegam ao nosso cérebro são interpretadas
à luz de todos os sinais sensoriais que estão a elas associados, bem como
são analisadas com base no contexto emocional e na experiência prévia
armazenada na memória.
 Assim, atributos inerentes à consciência como auto-conhecimento, julgamento
e capacidade de integração de várias funções mentais superiores
dependem fundamentalmente de substratos neurais que se desenvolveram
em estruturas como o córtex cerebral, especialmente o córtex frontal.
Alterações do estado de consciência

CONSCIÊNCIA: capacidade de reconhecimento da realidade externa e interna e


a capacidade de responder aos estímulos: refere-se ao grau de vigília que se
encontra uma pessoa.

ALTERAÇÕES DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA

Coma: estado em que não é possível despertar uma pessoa mesmo com fortes
estímulos.
Estupor: estado em que apenas estímulos externos vigorosos e diretos são
capazes de despertar o paciente.
Confusão/Obnubilação: compreensão inadequada das impressões exteriores,
com perplexidade e prejuízos de atenção e orientação; é estar "sonolento".
Hiperalerta: estado de hiperatividade autonômica e respostas exageradas
(causadas por uso de drogas (anfetaminas, cocaína), abstinência
(benzodiazepínicos), ou estresse pós-traumático.
Referência Bibliográfica
 Ramachandran, V S OS Fantasmas no cérebro uma investigação dos mistérios - da
mente humana/V S Ramachandran, Sandra Blakeslee; tradução de Antônio
Machado, prefácio, Oliver Sacks - 2ª ed - Rio de Janeiro: Record, 2004
 V.S. Ramachandran. O que o cérebro tem para contar Desvendando os mistérios da
natureza humana Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges, Revisão técnica: Edson
Amâncio neurocirurgião, doutor pela Universidade Federal de São Paulo – Unifesp.
 Bear, Mark F. Neurociências: desvendando o sistema nervoso / Mark F Bear; Barry
W. Connors e Michacl A. Paradiso; coord, trad. Jorge Alberto Quilifeldt... let al.|. -
2.ed. - Porto Alegre : Artnied, 2002. 1. Neurociências. I. Connors, Barrj- W. II.
Paradiso, Michael A. III. Título.
 Brandão, M L . As Bases Biológicas do Comportamento: Introdução à Neurociência.
INeCISBN 85-12-40630-5.
Obrigada
 vivinlom@hotmail.com
 22 99900-9288
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