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A integração regional pode ser entendida como um sistema que visa estabelecer
associações entre estados a partir de pontos comuns de interesses e valores
compartilhados entre eles. Trata-se, por certo, de uma fonte de interesses de membros
da sociedade acadêmicos em geral. Especificamente neste meio, a integração em
questão tem se tornado uma disciplina independente, na medida em que possui, assim
como muitas outras, objeto, métodos e fontes próprios e, dessa forma, capacidade para
desenvolvimento de teoria próprio.
Não obstante, é preciso visualizar que não se busca, nesta análise, afastar pontos
de interseções comuns de aplicação metodológica entre direito internacional clássico e
direito de integração a qualquer custo; o que se busca, na verdade, é demonstrar que, a
partir de inovações trazidas, passa-se a demandar por métodos que consigam “supri-las”
com êxito.
Autores como Díaz Labrano e Molina del Pozo têm posicionamento majoritário
no que fiz ao fato de que o Mercosul ser um processo devidamente amparado pelos
princípios da integração, que tem como intuito formar um mercado comum. Isso pode
ser pensado, ainda, graças ao fato daquele oscilar, em uma zona de transição, entre a
cooperação e comunitarização. “A integração seria o instrumento adequado para
regular o comportamento dos Estados-membros e das pessoas – públicas ou privadas –
bem como dos atos ditados pelos órgãos do processo no âmbito do Mercosul. No
entanto, esse direito, por sua singularidade e aspecto inovador, está consubstanciado
pelos limites da ordem interna de cada partícipe e como tal circunstância determina a
necessidade de mandamentos imperativos para fazer cumprir a norma acordada nos
órgãos integradores” (p. 149).
Por não contar com mecanismos institucionais comuns, a obrigação dos Estados-
membros da integração pode se encontrar em momento específico de enfraquecimento.
Não obstante, destaca-se esse fato única e exclusivamente para mostrar que a falta de
coercibilidade é capaz de inviabilizar a implementação de um mercado comum entre os
Estados-membros, por exemplo, o que não resulta em falta de reconhecimento de um
direito específico ou mesmo autônomo, tendo em vista que assim continua sendo
entendido. “Pode parecer paradoxal a existência de um direito que não forneça
instrumentos jurídicos e os imperativos legais para conformar um substrato normativo
que venha a determinar e limitar a atuação do estado que participa de um espaço
multinacional integrado. A realidade nos leva a aceitar não só a existência desse direito,
mas defender até mesmo sua aplicabilidade, mesmo que ainda não integralmente
observado pelos Estados” (p. 150).
Ainda, cabe retornar ao que foi dito incialmente e primar, em larga medida, pelo
devido reconhecimento com relação a um sistema próprio, por mais que este
compartilhe alguns pontos em específicos com o direito internacional, “mas que permite
aos Estados associados integrar-se num acordo com disposições comuns, sem que tenha
especificamente adotado a supranacionalidade num sentido amplo” (p.156), cuja
diferenciação entre instituições supranacionais, organizações de integração e relações de
cooperação internacional “resultam na diversidade da natureza jurídica, das funções,
competências e alcance das atribuições de cada uma delas” (p.156).