O documento discute a centralização e descentralização de políticas educacionais no Brasil. A centralização se refere ao poder do governo federal em impor regras educacionais, enquanto a descentralização transfere autoridade para governos locais implementarem políticas. A desconcentração difere da descentralização ao transferir atribuições sem apoio adequado. A implementação de políticas sempre ocorre localmente, exigindo entendimento das competências federativas e conceitos como centralização, descentralização e desconcentração.
O documento discute a centralização e descentralização de políticas educacionais no Brasil. A centralização se refere ao poder do governo federal em impor regras educacionais, enquanto a descentralização transfere autoridade para governos locais implementarem políticas. A desconcentração difere da descentralização ao transferir atribuições sem apoio adequado. A implementação de políticas sempre ocorre localmente, exigindo entendimento das competências federativas e conceitos como centralização, descentralização e desconcentração.
O documento discute a centralização e descentralização de políticas educacionais no Brasil. A centralização se refere ao poder do governo federal em impor regras educacionais, enquanto a descentralização transfere autoridade para governos locais implementarem políticas. A desconcentração difere da descentralização ao transferir atribuições sem apoio adequado. A implementação de políticas sempre ocorre localmente, exigindo entendimento das competências federativas e conceitos como centralização, descentralização e desconcentração.
Já no início do texto postado na semana anterior, Sarmento (2012) toca num
problema central no debate sobre as políticas educacionais no tempo presente. A autora inicia o seu texto inquirindo o dilema de “centralizar ou não as políticas da Educação”. Qual a importância dessa preocupação? De fato, o autoritarismo é tendenciosamente centralizador (OLIVEIRA, 2007), limita a participação, a autonomia local e impõe regras construídas pelo auto. Historicamente, essa perspectiva orientou a política no Estado brasileiro até que a abertura à participação contribuiu para a criação de caminhos que levaram à negociações mais democratizantes, desde o final da década de 1970.
A imposição do poder político centralizado é própria de ditaduras e à
descentralização corresponde a criação de novas possibilidades de participação dos governos locais nos rumos da política nacional. Abordando as políticas atuais no tempo presente, Sarmento (2012) discorre sobre a centralização no sentido dos usos das atribuições estatuídas para a União, enquanto nível de governo da república federativa do Brasil, por parte do governo federal. Trata-se da tendência recente, investigada por Oliveira (2014), do aprofundamento das ações da União no cumprimento da sua atribuição suplementar de apoiar, tecnicamente e financeiramente, os sistemas de ensino dos entes federativos subnacionais. Este aspecto será estudado de forma pormenorizada na última unidade de estudos desta disciplina.
Com a centralização do poder na esfera da União, a outra face da centralização
seria a descentralização. Maria Hermínia Tavares de Almeida (2005) considera que a descentralização
é um termo ambíguo, que vem sendo usado indistintamente para descrever
vários graus e formas de mudança no papel do governo nacional por meio de: a) transferência de capacidades fiscais e de decisão sobre políticas para autoridades subnacionais; b) transferência para outras esferas de governo de responsabilidades pela implementação e gestão de políticas e programas definidos no nível federal e c) deslocamento de atribuições do governo nacional para os setores privado e não-governamental (ALMEIDA, 2005, p. 30). Por isso, Almeida (2005, p. 30) explicita que a descentralização ocorre quando há “transferência de autoridade e responsabilidade, no que diz respeito a funções públicas, do governo central para governos locais”, ao que se alinha Arretche (2011, p. 16) quando analisa a implementação de políticas no contexto da prática e complementa tal conceito considerando ser a descentralização a “institucionalização no plano local de condições técnicas para a implementação de tarefas de gestão de políticas sociais”, após a referida transferência de autoridade e de responsabilidades.
Em sua análise dos processos de municipalização, Oliveira (1999, p.14) mostrou
que institucionalizar políticas no plano local sem o correspondente apoio para desenvolver as tarefas propostas caracteriza a desconcentração, que é um conceito diferente de descentralização. Na desconcentração a União transfere atribuições aos governos locais, sem, no entanto, dar-lhes o apoio material e institucional necessário para o sucesso das políticas a serem desenvolvidas. Na desconcentração há delegação de funções do centro para o local, objetivando assegurar a eficácia do poder central. A municipalização do ensino foi intensamente induzida por esta via Oliveira (1999, p.14).
Na descentralização há busca da eficácia em relação ao poder local. Nesse
contexto ganha destaque a autonomia que, mais do que um interesse do poder público local, é uma exigência tendo em vista o aspecto organizacional e administrativo dos sistemas de ensino e das escolas públicas que os integram.
Estudamos na semana anterior as competências dos entes federativos e pudemos
perceber que, pela natureza do Estado Federativo, a União tem atribuições não somente amplas, mas também centralizadoras. Os estados e municípios, além de suas atribuições, têm institucionalizado a sua autonomia como entes federativos, assim podem legislar e decidir sobre a direção política em acordo com os interesses dos governos locais. Por isso, a descentralização corresponde ao status quo dos estados e dos municípios, enquanto entes federativos autônomos.
Embora a União tenha atribuições amplas e seja função do Estado induzir
políticas públicas educacionais, a implementação delas sempre ocorre no plano local, ou seja nos estados e nos municípios. É nesse processo que emerge a dialética entre a centralização e a descentralização, afastando-se de qualquer sentido maniqueísta, ao contrário, exigindo a compreensão das competências e atribuições dos entes federativos e de conceitos importantes que ajudam a caminhar em direção ao contexto da prática, quando são implementadas as políticas da União, dos estados e dos municípios e de onde emergem as demandas de formulação e reformulação dessas políticas, ou seja, das leis.
Já no sétimo período e, portanto, alunos de diversas disciplinas que propõem ou
já propuseram estudar as políticas públicas, o seu planejamento e a sua gestão, devem ter lido muitos textos que discorrem sobre a descentralização das políticas. Convidamos vocês a trazerem, também, as suas reflexões sobre os textos já estudados em outras disciplinas para o enlace com as reflexões suscitadas pelos estudos realizados nesta disciplina: Educação Brasileira: legislação e sistema.
No que diz respeito ao estudo da legislação educacional, destacamos a
importância de conhecer de forma pormenorizada as seguintes orientações normativas estatuídas: artigo 211 da CRFB de 1988 e LDBEN de 1996, título IV todo. Dos artigos 15 a 20 – sistemas na LDBEN, a lei chega a estabelecer como os recursos chegam nas escolas. Nos desdobramentos dessa discussão é que conseguimos analisar o impacto da lei na organização dos sistemas de ensino. Vamos começar a pensar nesses aspectos?
REFERÊNCIAS
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