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Faculdade de Direito
Departamento de Direito Privado
APOSTILA 13
Conceito:
Características gerais:
Toda legislação referente a condomínio e incorporação imobiliária está contida nesta Lei
que sofreu poucas alterações até agora. (ver Lei 4.864/65)
A Lei 4.591/64 trata do condomínio, da convenção, das despesas comuns, seguro, incêndio,
demolição e reconstrução obrigatória, utilização da edificação ou do conjunto de
edificações, administração do condomínio e assembléias gerais.
b) princípio puro – idéia comunitária: corporifica o conjunto, unificando-o sob a luz dos
interesses grupais – Tem caráter dinâmico – A maioria é a lei do grupo unificado.
Na prática não se encontram puros esses dois princípios. A política legislativa é que deve
definir qual o princípio que se deve dar maior relevo.
Por ato entre vivos ou por testamento, com inscrição obrigatória no Registro Imobiliário,
dele constando a individualização de cada unidade, sua identificação e discriminação, bem
com a fração ideal sobre o terreno e partes comuns, atribuída a cada unidade, dispensando-
se a descrição interna da unidade.
Resulta:
O condomínio horizontal pode ainda resultar de ato inter vivos consistentes em divisão de
edifício comum, de arrematação em hasta pública, de doação, dote ou compra de frações de
edifícios de apartamentos, desde que este tenha o status de propriedade horizontal.
Art. 2º - cada unidade com saída para a via pública, diretamente ou por processo de
passagem comum, será sempre tratada como objeto de propriedade exclusiva, qualquer que
seja o número de suas peças ou destinação, inclusive edifício-garagem, com ressalva das
restrições que se lhe imponham.
Ainda poderá ser acrescida outras regras de interesse geral dos condôminos, objetivando a
paz social.
a) que estabeleçam limitações de uso e gozo das coisas comuns que não são úteis ou
necessárias à tutela do interesse comum.
b) Que estabeleçam a inalienabilidade da fração autônoma (possibilidade de aceitação se
tiver prazo determinado)
c) Estabeleçam limitação ao exercício normal do direito de propriedade – concessão de
posse, uso ou gozo a estranhos – a título de usufruto, uso, habitação ou locação.(lícito
se for imposta limitação de locação para determinados fins)
d) Limitação de alienar a unidade autônoma a mais de uma pessoa ou a ser submetida a
venda a aceitação do administrador ou demais co-proprietários ( dúvida na doutrina)
e) Cláusulas que exonerem algum condômino da contribuição para as despesas com as
coisas comuns e serviços que utilize.
f) Igualmente cláusulas que confiram irresponsabilidade ao administrador, ou o exonerem
de prestar contas de sua gestão
g) Cláusulas que fixem o prazo de vigência do condomínio, findo o qual se volverá ao
estado de comunhão in genere
h) Que subordinem os proprietários de frações autônomas a fiscalização vexatória ou
humilhante.
i) Cláusulas que desrespeitem normas imperativas da Lei 4.591/64. (ver art. 3º -
indivisibilidade das áreas comuns e utilização exclusiva por qualquer condômino,
estabelecer período superior a dois anos para o mandato do síndico, que alterem o
quorum legal para a alteração da convenção, etc.)
Elaboração da convenção
Observar que, em regra, tem-se aceitado a minuta registrada fazendo-se apenas uma
transcrição para regulamentá-la como a oficial – interesse apenas do incorporador enquanto
condômino.
Força da convenção
Para Valdomiro Azevedo Silva – “uma vez aprovada a convenção, esta adquire força
obrigatória para todos os condôminos. Sua natureza estatutária atinge até aqueles que não a
assinaram ou porque estavam ausentes ou porque se recusaram a fazê-lo em discordância
dos seus termos”.
Despesas do Condomínio
Extraordinárias – aquelas não previstas, de caráter eventual, e que devem ser efetuadas para
acudir situação emergencial, ou ainda, de forma programada e não emergente, com o fim de
atender ao interesse da maioria, com aprovação da assembléia, conforme diretrizes da
convenção. (grandes reformas, por exemplo)
Síndico do condomínio
Pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, condômino ou não eleito pela assembléia geral
na forma prevista na convenção.
O síndico é o único representante em juízo ou fora dele do condomínio, sendo seu cargo e
funções intransferíveis
Eleição será feita pela assembléia de condôminos, na forma prevista na convenção, com
mandato de dois anos, permitida reeleição.
Assembléia poderá ser ordinária ou extraordinária contanto que conste na ordem do dia a
eleição.
Remuneração do síndico: será fixada pela assembléia que o elegeu de acordo com a
convenção, salvo se esta dispuser diferentemente (a própria convenção pode fixar o valor
ou mesmo dispor que o síndico não será remunerado). A remuneração poderá ser direta ou
indireta. Em geral é indireta mediante a dispensa do pagamento da taxa de condomínio. A
remuneração direta pode ser justificada, em alguns casos, por facilitar a contabilidade do
condomínio. É importante saber que não há vínculo empregatício entre síndico e
condomínio. A Lei silenciou sobre remuneração para o subsíndico. Contudo, dependendo
das atribuições que lhe sejam estabelecidas pela convenção, é razoável que o subsíndico
também perceba remuneração. A Lei também silenciou sobre remuneração para os
membros do Conselho Consultivo.
Poderá ser eleito um conselho fiscal que tomará periodicamente as contas do síndico ao
longo de sua gestão.
Assembléias Gerais
Estrutura rígida para atender aos fins a que visa o instituto do condomínio em edificações –
existência de um órgão com funções deliberativas denominado assembléia geral de
condôminos. Podem ser ordinária e extraordinária
As assembléias gerais extraordinárias poderão se realizar a qualquer tempo sempre que seja
necessário discutir matérias de interesse do condomínio.
a) síndico
b) condôminos que representem ¼, no mínimo, do condomínio, sempre que os interesses
gerais o exigirem
c) qualquer morador do edifício ou pessoa interessada, para apreciar recurso contra atos do
síndico, conforme prevê o § 3º do art. 22 – necessidade de previsão na convenção.
d) pelo conselho consultivo
As decisões das assembléias gerais são soberanas para todos os condôminos, exceto se
houver deliberação em contrário tomada em outra assembléia, ou por declaração de
nulidade contida em decisão proferida pela autoridade judiciária competente.
Os votos são proporcionais às frações ideais do terreno e partes comuns pertencentes a cada
condômino, salvo se dispuser em contrário a convenção. O locatário terá direito a voto se
estiver munido de procuração do proprietário. Também poderá votar em casos que não
envolvam despesas extraordinárias, caso o proprietário não compareça a assembléia.
Quorum – maioria simples de votos (metade + 1), salvo os caso em que a Lei ou a
convenção exigir quorum qualificado.
Para a prática dos atos elencados no art. 10 da Lei 4.591/64, necessária se faz a
aquiescência da unanimidade dos outros condôminos, mesmo tendo o § 2 o do referido
artigo ter mencionado apenas a mudança da fachada
Obrigatoriedade da comunicação, nos 8 dias subsequentes à assembléia, das deliberações
contidas nas assembléias gerais pelo síndico sob pena de não valer em relação ao
condômino não avisado. Deve ser feita a publicação mediante edital, registro ou protocolo.
Extinção do condomínio
a) extingue-se pela concentração de todas as frações ideais de terreno sob o poder de uma
mesma pessoa – fusão da propriedade de todas as unidades sob um mesmo titular.
b) extingue-se pela desapropriação total do prédio. Se a desapropriação for parcial o
condomínio continua a existir
c) extingue-se pela destruição do edifício, por incêndio ou outro sinistro, causa que tem
equivalência ao perecimento do imóvel, conforme art. 589, IV do CC.
Neste caso havendo destruição total ou se destruir 2/3 da edificação poderá mediante
assembléia geral especialmente convocada para tal finalidade deliberar sobre a reconstrução
ou venda do terreno e materiais remanescentes.
Obs.: Com relação à manutenção de animais no prédio, deve haver disposição pertinente
na convenção. Se omissa, não poderá, em princípio, ser censurada. Se a convenção
vedar somente a presença de animais que causem incômodo aos vizinhos ou ameacem
sua segurança, as questões que surgirem serão dirimidas em função da prova dessas
situações de fato. Se a proibição for genérica, atingindo animais de qualquer espécie,
poderá mostrar-se exagerada na hipótese de um condômino possuir um animal de
pequeno porte e inofensivo. Por essa razão tem os tribunais exigido a demonstração de
que o animal, de alguma forma, prejudica a segurança, o sossego ou a saúde dos
condôminos. As cláusulas restritivas e proibitivas da convenção devem ser, assim,
interpretadas em consonância com as normas legais referentes aos condomínios,
especialmente os arts. 10 e 19 da Lei 4.591/64 e 554 do Código Civil.
Obs.: Atentar para a interpretação jurisprudencial do art. 3o, IV, da Lei 8.009/90: O
dispositivo tratou de institutos afeitos ao direito tributário, o que, a priori, excluiria a
chamada “taxa” de condomínio. Contudo, o STJ decidiu que: “É passível de penhora o
imóvel residencial da família, quando a execução se referir a contribuições condominiais
sobre ele incidentes” (rel. Ministra Eliana Calmon - Revista do STJ 107/309). No mesmo
sentido: Resp 99.685-RS, rel. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira.
Obs.: Por absoluta falta de tempo, não utilizei o Novo Código Civil na elaboração deste
material. No futuro próximo, a partir da vigência do referido diploma legal, a
atualização será necessária.