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Pé de Arte, Cultura e Educação é uma Contato :

associação sem fins lucrativos, com sede: (75) 3246 1060


pace.ong@gmail.com
Avenida Dr. Antônio Muniz, 50 http://pace.orgfree.com
São Gonçalo dos Campos, BA
CEP 44330-000 Jornalista responsável para esta edição :
Vera Schumann (MTb 0368/Al)

NOVO ESPAÇO
PARA A ONG
A PACE está com novo endereço! A ONG
alugou um espaço para as atividades do
projeto na Rua Manoel Dias, nº30, no bairro da
Pitubinha, em agosto deste ano.

Nossa casinha tem sala de leitura, com nossa mini


biblioteca em formação, onde as crianças podem
fazer seus empréstimos e ler a vontade. Temos
sala de costura, para a Oficina de Corte e Costura,
uma sala para os computadores, para a Oficina de
Cultura Digital, cozinha, banheiro e quarto para
guardar os materiais das oficinas.

As atividades de teatro e corpo são desenvolvidas


na área externa, que foi reformada com ajuda
das famílias do projeto.

Em nosso espaço estão previstos atividades


culturais para crianças e jovens durante os
domingos. No mês de setembro e outubro,
estreamos o espaço com teatro de bonecos,
maquiagem artística e cinema infantil.

Funcionamos em vários horários:

Manhã - Segundas e quartas – 8 às 11 horas


Tarde – segunda a sexta-feira – 14 às 17 horas
Noite – segunda e quarta – 18 às 20 horas
Sábado – 9 às 12 horas
E aos domingos na programação cultural – 15 às
17 horas

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está no início, mas já estamos sendo acolhidos e
AÇÃO GRIÔ incentivados por todos. Desejamos que este
projeto cresça para toda a escola. Nossa meta é

O griô, palavra que tem origem africana, é um


caminhante, cantador, poeta, contador de
histórias, reiseros, rezaderos, parteiras,
que atinja a rede municipal de ensino, que a
pedagogia griô seja incorporada nas práticas
educativas das escolas, reverenciando e pedindo a
genealogistas, artistas, comunicador tradicional, benção aos nossos mestre e griôs da tradição oral.
mediador político da comunidade, personalidade
que possui sabedorias transmitidas de forma oral. No final de julho, em Lençóis, na Chapada
Diamantina, houve a primeira coordenação do
A Ação Griô Nacional representa o movimento de ano para 20 griôs aprendizes da Bahia. Neste
aproximação dos saberes tradicionais à educação encontro, de relatos e trocas de experiência,
formal. Este é um dos projetos do Ministério da vivenciamos o ritual do griô e visualizamos
Cultura que atinge várias regiões e municípios do estratégias de trabalho que nos auxiliarão em
Brasil, um deles é São Gonçalo dos Campos. nossa prática, nos enriquecendo de
conhecimentos, encantamento e sedução que a
pedagogia griô nos possibilita.

Um novo encontro estará previsto para outubro


com educadoras, representantes legais das
instituições, griôs, mestres e griôs aprendizes.

Aqui em nossa cidade, a Ação Griô está sendo


introduzida pela griô aprendiz Lívia Castro, e pela
PACE, no cotidiano da escola Municipal Nelson
Pessoa. O griô aprendiz, ou a griô, é quem faz o
intercambio dos griôs e da escola, como também Nestes encontros também estamos discutindo e
constrói o projeto junto com o educador. Neste avaliando a proposta da Lei Griô Nacional. A carta
projeto temos a participação dos griôs Bô, com o pedido, que escrevemos no encontro
Marizé, Antônio de Abécio e Mestre Geraldo, nacional em Brasília, em novembro de 2008, já
juntamente com as educadoras Patrícia e Andréia. chegou as mãos de nosso presidente. Breve
iniciaremos nossa companha com mais de um
Em nosso projeto criamos e recriamos metodos milhão de assinaturas.
diferenciados de aprendizagem, através de aula
passeio, poesia, educação ambiental, horta Para acompanhar a Ação Griô Nacional acesse os
orgânica, literatura de cordel, reciclagem, artes sites:
plásticas, teatro de bonecos, música, entre outras www.nacaogrio.org.br
atividades, aliado ao currículo escolar. www.graosdeluzegrio.org.br

Nosso desafio de encantar as salas de aula ainda

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CORTANDO TRISTEZA O aprendizado em corte e costura é também uma forma
de sustentabilidade?
COSTURANDO ALEGRIA Rita - Elas trabalham para sua sobrevivência. Esse
projeto é para a sobrevivência delas, para ajudar a

R ita Maria Barreiros, carinhosamente


chamada pelo amigos de Xú é parceira da
PACE desde 2008, ministrando a oficina,
complentar a renda da família, da casa, na
alimentação dos filhos.
Quais os produtos criados pelas aprendizes?
muitíssimo requisitada, de Corte e Costura para Rita - Elas já confeccionaram sacolas retornáveis,
30 aprendizes. Nossa pró consedeu uma almofadas, pano de prato, lençóis, colchas, short,
entrevista para o jornal, confiram. saias, vestidos, calças, figurino para as peças de
teatro da ONG.
Quando você começou a se interessar pela arte da Existe algum projeto em vista?
costura? Rita - Existe o projeto da cooperativa, para elas se
Rita - Começei a costurar com 12 anos, manterem, produzam para o bairro, para
costurando para as bonecas, aprendi a fazer sociedade, para a o mercado.
roupinhas que vendia para minhas amigas. Fui Como se sente realizando este trabalho?
educada para bordar, costurar. Depois da banca, Rita - Estou muito feliz em poder promover este
eu era obrigada a costurar, minha mãe que me aprendizado para pessoas que achavam que não
ensinou. eram capazes de produzir, de costurar, que nunca
Como surgiu a oportunidade de trabalhar com este conseguiriam aprender.
projeto?
Rita - Surgiu de uma conversa, eu contei que
tinha vontade de ensinar o que eu mais gostava
de fazer, eu estava aposentada e eu queria passar
a diante o meu aprendizado.
Como é desenvolvido o trabalho com as alunas?
Rita - No projeto eu inicio a pessoa a costurar. A
aluna não sabe costurar, nunca costurou e eu
começo do beabá da costura. A relação com os
materiais, o reconhecimento do tecido, aprender
a sentar em uma máquina, a alinhavar uma
costura, é o início de tudo.

Para eles não tinha coisa melhor que


ARTÍSTAS EM AÇÃO montar e apresentar espetáculos teatrais.
Durante o tempo que permaneceram na ONG, as
crianças poderam conhecer e aprender muito

U m grupo de teatro para jovens sempre foi o


objetivo da PACE e este ano conseguimos
formar o grupo, dando continuidade às oficinas.
sobre o universo das artes cénicas e foram essas
aprendizagens que facilitaram muito a criação do
grupo, batizado Artista em Ação.

N ossas crianças viraram adolescentes e como


de costume os interesses também
mudaram. Mesmo com muita vontade de fazer
O grupo conta com a participação de 11
jovens, no inicio era uma aula semanal e agora já
são duas. Misturando teoria e prática já são mais
parte da ONG, com o passar do tempo as de 6 meses de trabalho.
atividades não lhes encantava tanto quanto
antes. Ainda tinha a diferença de idade entre os A estreia foi em 03 de outubro com a peça,
integrantes, que provocava desinteresse para O Santo e A Porca de Ariano Suassuna, no Festival
alguns. Com todas essas diferenças acabamos Nacional de Teatro em Feira de Santana.
perdendo alguns laços que foram feitos.

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entre leitura e escrita, ou seja, a ação-reflexão-
RELATO SOBRE A ação, supracitando Paulo Freire tem sido
EXPERIÊNCIA NA fundamental por possibilitar que as mesmas
discutam, explorem e compreendam a
OFICINA DE LEITURA, regularidade e o funcionamento da língua.

ESCRITA E Aproveito esse momento para expor as falas-


LETRAMENTO. reflexões de duas crianças que participam da
oficina e usarei a primeira letra do nome delas
para identificar os trechos, criança (H) e criança
(J):

Há pró! Então de uma palavra a gente pode formar


João Guimarrães Rosa, Grandes Sertões: Veredas. outra? Criança (H)

A o refletir como tem sido a minha prática


educativa na ONG Pé de Arte, Cultura e
Educação, reportei-me a Guimarães, sobretudo,
A fala dessa criança demonstra que ela está
pensando sobre a escrita, pois depois de termos
lido o livro de Bartolomeu Campos de Queirós
porque este período de quatro meses como “História em 3 atos”, ela foi percebendo através
professora, com as crianças e com todos do do jogo das letras e palavras: G, P e R, gato, pato,
projeto tem sido um aprendizado verdadeiro. ato, rato, grato, prato que o autor utiliza na
Sinto-me participante ativa, enquanto ser que história, que poderíamos formar outras palavras.
sabe, vê, sente, luta, ouve e é ouvida, enquanto Essa aula foi muito rica e rendeu outra reflexão
ser que mantém uma relação íntima e necessária na mesma oficina. Depois que exploramos bem a
com os outros. história convidei os alunos para montarmos uma
lista coletiva, com o nome deles no quadro e de
De acordo com isso compreendo que o nosso um a um viriam escrever o nome de um dos
cotidiano tem sido construído de maneira colegas. Em um dado momento apareceu o nome
objetiva e intersubjetiva ao mesmo tempo, uma de uma das colegas faltando um S e
vez que esse tempo doado constitui-se como um imediatamente a aluna que respondia por esse
desafio dia-dia, na medida em que tentamos nome disse:
acertar e algumas vezes erramos, mudamos o
percurso, dialogamos solidária e politicamente. Está faltando um S, escreve com dois (SS) e assim tem
som de Z. Criança (J)

Esse episódio entre tantos outros demonstram


que elas estão pensando sobre a escrita e a leitura
percebendo a continuidade de algumas
construções. Por isso, utilizo o nome deles nas
atividades. Construímos listas, receitas, histórias,
trilhas numéricas, adivinhas entre outras coisas
que as ajuda a conhecer e interpretar o mundo.

Procuro organizar nossos encontros de modo que


as crianças possam entrar em contato com o
conhecimento questionando-o, fazendo relações
com o que já sabem e levantando hipóteses
alternativas sobre o que vão aprendendo. Assim
percebo que a oficina tem proporcionado a elas
um movimento de pensar o inter-relacionamento

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Assim vejo o quanto a minha mediação tem sido Conforme Brandão (1992, p. 2),
fundamental nessa caminhada apesar de só nos
encontrarmos um único dia por semana, desse Ninguém escapa da educação. Em casa, na igreja ou na escola, de
modo não poderia deixar de falar e agradecer aos um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com
outros professores que atuam na ONG e fora dela, ela: para aprender, pra ensinar, para aprender - e - ensinar. Para
uma vez que de acordo com o poema de João saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias
Cabral de Melo Neto, “um galo sozinho não terce misturamos a vida a educação. Com uma ou várias: educação?
uma manhã; ele precisará sempre de outros galos. Educações.
(...) para que amanhã, desde uma teia tênue, se vá
tecendo, entre todos os galos”. E por fazer parte da nossa vida, a educação
configura-se como processo de formação de
Dentro desse contexto, considero que as relações valores. A ação educativa instala-se e se desdobra,
sociais vivenciadas e experienciadas no cotidiano no seio das práxis culturais, mediante as relações
da ONG promovem o conhecimento e a intersubjetivas e sociais em que seus conteúdos e
emancipação do humano. Sendo assim, o educar métodos devem representar os repertórios da
deve ser construído através de um caminho cultura viva e vivida pelos sujeitos.
dialógico que leva ao encontro do outro e de se
mesmo.

O CONSELHO Mas o Conselho não é perfeito. Seu trabalho é


lento e pouco divulgado. Mas, dependendo da
MUNICIPAL DE MEIO sociedade civil, ele é naturalmente limitado pela
baixa participação da população nas associações
AMBIENTE existentes, sobretudo em relação ao meio
ambiente. São três as associações em São Gonçalo
Q uando ajudamos na criação do Conselho
Municipal de Meio Ambiente, no início do
que têm a defesa do meio ambiente como objetivo
nos seus estatutos. Pior ainda: duas grandes
ano de 2008, foi com o objetivo de incluir a escolas públicas do município, Agripina e
sociedade civil em um setor onde, como ainda Polivalente, convivem com um verdadeiro lixão
acontece em tantos outros, o poder executivo no seu entorno direto. Os seus alunos passam a
podia fazer o que bem queria. Tal concentração metade do dia com os pés literalmente no lixo.
do poder nas mãos de um único homem pode ser
rastreada ao longo da história do Brasil : Afinal, as ações do Conselho devem envolver uma
carlismo, coronelismo, colonialismo... E os efeitos variedade de atores, das mega-empresas sediadas
para o meio ambiente geralmente foram no município à direção das escolas, passando
desastrosos. O modelo construido, quando não pelos orgãos públicos e pelos indivíduos. Devem
reconhece abertamente a sua incapacidade em também multiplicar as abordagens: educação
respeitar a natureza, esconde-se atrás de grandes ambiental, planejamento ambiental,
campanhas nas quais pretende consertar na licenciamento... Tudo isso com 9 membros e seus
opinião pública os estragos feitos no planeta, suplentes, todos voluntários, que não recebem
chamadas de limpeza verde (do inglês, green remuneração nenhuma. É difícil ? É lento? É sim.
washing).
Mas os Conselhos municipais, quando envolvem
A fundação do Conselho marcou a entrada da realmente a população, são um verdadeiro e
sociedade civil no processo das decisões saudável contra-poder às derivas do poder
ambientais em São Gonçalo dos Campos. Permitiu centralizado. São uma porta de entrada para a
ainda a criação do primeiro Conselho municipal sociedade civil conhecer realmente o que é feito,
realmente independente: ele mesmo nomeia os o que pode ser feito, e decidir como será feito :
seus membros, elege o seu Presidente e organize um esboço de democracia direta.
o seu calendário anual sem intervenção do poder
executivo municipal.

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CULTURA DIGITAL objetivo de formar o olhar das 8 participantes:
como são feitos os trabalhos já existentes, como

N
podemos utilizar as ferramentas do computador
ão se ouve facilmente falar de Cultura
para publicar e divulgar trabalhos?
Digital, embora as palavras, separadas, são
bem conhecidas. Cultura Digital é o uso das
Decididamente oposto ao controle das mídias por
tecnologias digitais (computadores, vídeo,
empresas ou agências, PACE resolveu utilizar as
fotografia...) como transmissor das manifestações
tecnologias livres para realizar a oficina. Os
culturais locais. Com a internet, é possível
computadores funcionam com o Ubuntu, uma das
divulgar festas de São Gonçalo dos Campos para o
numerosas versões do Linux em português.
mundo todo. É possível também receber notícias
Ubuntu é uma palavra que vem da África do Sul,
de grupos folclóricos residentes do outro lado do
onde se fala Zulu e Xhosa. Ela quer dizer “um ser
país.
só é um ser, através de outros”.

Utilizamos também vários programas livres, para


trabalhar todos os conteúdos, entre outros gimp
para a fotografia, inkscape para o grafismo,
audacity para o áudio e lives para o vídeo... Estes
programas foram criados por pessoas que
decidiram oferecer a tecnologia,
voluntariamente. Todos os trabalhos realizados
na oficina serão também publicados em licença
livre (Creative Commons).

A oficina acontece todos os sábados, das 9 às 12


Para permitir que esta realidade chegue até nós, é
horas, na sede da associação.
preciso entender como funciona. A oficina, que
começou no final do mês de agosto, tem o

Este ano contamos com uma nova merendeira,


PALAVRA ÀS Nega. “Eu faço de tudo um pouquinho: ajuda as prós,
MERENDEIRAS ajudo na merenda, na arrumação, na limpeza do
espaço, nos passeios, participo das aulas e dos
espetáculos.”
“A merenda é uma novidade para as crianças, elas não
tem uma merenda adequada na escola. Elas não
comem frutas, verduras não gostam. Teve uma criança
que nunca tinha chupado uma laranja, contou que a
mãe nunca tinha dado. Ela se melou toda, pois não
sabia chupar.”

Depois da merenda, as crianças têm obrigações:


lavam e enxugam os pratos todos os dias. Alguns
dias, em atividades programadas, elas mesmas
fazem o lanche, como: salada de fruta, bolos e
biscoitos.

“Quando chega a hora da merenda elas ficam


perguntando: tia Val, qual é a merenda hoje? Eu tenho
prazer de fazer merenda para estas crianças, faço com
amor.”

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PONTO DE CULTURA, O instalações já existentes. Além disso, também
oferece equipamentos que amplifiquem as
QUE É? possibilidades do fazer artístico e recursos para
uma ação contínua junto às comunidades.

O Ponto de Cultura é a ação que articula todas


as demais ações do Programa Cultura Viva,
iniciativas desenvolvidas pela sociedade civil, que
Nos dias 08 a 10/07 foi realizado o 1° Encontro da
Rede de Pontos de Cultura em Salvador, no Hotel
firmaram convênio com o Ministério da Cultura, Fiesta da Bahia. Esse evento teve a presença de
por meio de seleção por editais públicos, um representante de cada Ponto de Cultura e de
tornando-se assim Pontos de Cultura, pessoas ligadas à cultura como Célio Turino
impulsionando as ações que já existem nas (Secretário Nacional de Programas e Projeto do
comunidades. Ministério da Cultura, Márcio Meirelles
(Secretário de Cultura da Bahia), Márcio Griô
(Representante da Bahia na Comissão Nacional de
Pontos de Cultura) e ainda do Governador da
Bahia ,Jacques Vagner.

Esse evento teve como objetivo o intercâmbio de


todos os Pontos de Cultura da Bahia contribuindo
com o dialogo entre os pontos e a discussão de
temas vistos no 1° Fórum dos Pontos de Cultura
da Bahia. O encontro foi bem proveitoso para
reunir instituições e pessoas interessadas na
constituição de uma comunicação compartilhada,
colaborativa e democrática em função do maior
Atualmente, existem mais de 650 Pontos de objetivo delas que é a divulgação da cultura do
Cultura espalhados pelo país, diante de tal país como fonte para a mobilização social.
desenvolvimento criaram articulações entre
diversos Pontos as Redes de Pontos de Cultura. O convênio entre o Ministério da Cultura com os
projetos já existentes vem contribuir para
O papel do Ministério da Cultura é o de levar garantir a visibilidade e a consolidação do
recursos e novas capacidades a projetos com trabalho cultural.

O PAPEL DAS específica. A cultura local existe, os grupos


culturais estão formados, as festa tradicional
ORGANIZAÇÕES consolidada, mas a organicidade para que esta
riqueza se mantenha de forma digna ainda é uma

S egundo a estudiosa Lívia Marques Carvalho,


em seu livro “O ensino da arte em ONGs”,
estas instituições têm avançado muito na área de
questão para se discutir e se exigir dos poderes
públicos.

desenvolvimento local e de lutas populares. Um


dos méritos das ONGs é ter, na educação, um dos
seus eixos principais. Este avanço é resultado de
estratégias e métodos eficientes, dos quais o
Estado tem dificuldade de atingir e não é do
interesse dos setores privados.

Outro papel das ONGs está na discussão dos


recursos da cultura, da formação do Conselho de
Cultura e da implantação de uma secretaria

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João, para a qual não temos direito de opinar que cultura e que educação queremos? Com que
pelas atrações jamais. No Departamento de recursos? Os grupos culturais deveriam fazer
Cultura, que deveria estar instalado na Secretaria parte deste orçamento? Para definir o destino
de Educação, Cultura e Esporte, nunca foi visto se deste recurso a comunidade deveria participar?
quer uma mesa destinada a cultura. A educação
precisa avançar muitíssimo: formações Os recursos que temos para a cultura,
continuadas, estrutura básica para seu administrados pelos nossos gestores públicos,
funcionamento, educação ambiental. A verba vêm desaparecendo junto com a fumaça de
maior do orçamento municipal é para a nossas fogueiras juninas, ano após ano, e para
educação, mas falta muito o que aprender a nossa educação contamos com alguns educadores
gerenciar esta área tão carente de tudo. e diretores sensíveis, de boa vontade, mas,
infelizmente, não é tudo.
A PACE, enquanto Ponto de Cultura, reabre
questões nunca respondidas em nosso município:

FORMAÇÃO PARA afro-brasileira, indígena, baiana e são gonçalense.


O resultado foi gratificante tanto para as
EDUCADORES educadoras quanto para nós do PACE por vê-las
tão envolvidas, participando e atentas a cada

E
informação compartilhada.
ste ano, em fevereiro, reunimos 25
educadores da rede pública de ensino e
Em 2010, a formação irá continuar, esperamos
ONGs em uma formação sobre as Relações Etnico-
que com maior adesão dos educadores. A
raciais no curso Yrê Ayó, oferecido pela doutora
capacitação terá outras temáticas: arte-educação,
em história Vanda Machado em parceria com a
educação ambiental e a pedagogia Griô. Oficinas e
Secretaria de Cultura da Bahia.
vivências serão oferecidas com a parceria do
Ponto de Cultura Ciranda de Bonecos, localizada
A formação aconteceu no Recanto Vó Ninho,
em Rio de Contas na Chapada Diamantina.
Hotel Fazenda de um dos poucos padrinhos são-
gonçalenses da ONG. Durante dois dias de muitas
trocas, aprendizado, companheirismo, prazer e
alegria. Questionamentos e ricas discussões
aconteceram de baixo da sombra de árvores
frondosas e quiosques, em rodas de conversa
aconchegantes e vivências.

Redescobrimo-nos, recontamos nossa história,


traçamos novos caminhos para a educação
democrática dentro de nossas salas de aula,
respeitando a crença de cada uma e a etnia de
cada povo, banindo a descriminação racial, a
ignorância e o preconceito de nossos ambientes
escolares. Falamos das parteiras, das rezadeiras,
das nossas iaiás, da nossa ancestralidade que
povoou e povoa a história de nossa coletividade.
Este encontro nos fez celebrar a nossa identidade,

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