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A autora agradece & Fundagdo Instituto de Pesquisas Eco nomicas de S80 Paulo, particularmente 30 Or. Jose Pastore, ela possibiidage de realizar esta ands, que integra um Conjunto de wabalhos que so reai2am, sob os auspivios do Ministério do Trabalho, com dados da PNAD 1973 forneci os pela Fundacio IBGE Por outro lado, agradece também & Ora a Elza de Oliveira pelos sugestbes apresentadas verso orig ral deste trabaiho ORIGEM SOCIAL, ESCOLARIDADE E OCUPACAO APARECIDA JOLY GOUVEIA Da Faculdade de Filosofia, Letras e Citnelas Humanas da LUnivesiande oe Sé0 Paulo. ——— RESUMO Com base em dados da PNAD-1973 investigase a relagio ‘entre origem social, educagdo @ ocupaedo comparando-ee trade lhadores masculinos femininos de SGo Paulo e do Nordest, Embora os niveis de escolaridode de So Paulo sejam mais eleva: os, desigualdades edueactonais sstaciaces 8 origem social ver came tanto af como ne Nordeste. Conforme era de esperar, nu ‘ma como noutra r2gigo, @ posiefo ocupacional depende do nivel {educacional do trabalhador; entretanto, 0 "etelto” da excolarida {de depende da origem socisl. Ser mulher ndo canstitul uma des: vantagem para a obtangdo de escolaridade mais com o magma ni vel de excolaridade as mulheres tendem 2 colocarse em acupe $6es inferiores s dos homens. SUMMARY Data from the 1973 Labor Force Survey (PNAD) are used to investigate the relationship between social origin, education and occupation in two unequally developed regions in Brazil, na ‘aly, $30 Paulo and the Northeast Although levels of schooling are higher in Séo Paulo, a some pattern of socal related educatio nal unequaltis prevails in the two regions. As expected, occups tional postions is related to educational level, but the “effect” ‘of education is not independent of social origin. Being a woman 1s nat detrimental to the extent of schooling, but, even when Controlled for education, women’s postions tend to be lower than men's Cad. Pesq., S80 Paulo, (32):3-30, Fev. 1980 O peotems ds tases ene o- ‘gem social, escolaridade e emprego insere-se numa linha de preocupacdes que nio se restringem a esfera académi- <2. O interesse mais amplo que 0 tema tem despertado, prende-se, de um lado, & erenca de que a educagio cons- titui hoje fator importante na determinaggo do status ‘ocupacional e conseqiientemente da situago econdmica do individuo e, de outro, & esperanca de que, por essa via, se possa contribuir para a reducio das desigualdades sociais. ais nogées tém sido alimentadas pela teoria do ca: pital humano, teoria essa, entretanto, que tem sido obje- to de algumas controvérsias, relacionadas com aspectos ‘metodologicos ¢ conceituais, mas, por outro lado, funda- mentadas também na andlise dos resultados de sua apli- cagio (Sobel, 1978) De qualquer forma, mediatizada principalmente pe- la produtividade do trabalhador, como postula esse teo- ria, ou intrincadamente mesclada com outros fatores, a re- lac entre educacao e status merece ateneo pois, no Bra- sil como em outros pases, estimulada por generalizados anseios, a demanda efetiva por escolarizecdo continua crescendo, sem que se tornem claras, entretanto, as con- seqiiéncias sociais da expansio dos sistemas escolares’ Contudo, investigar @ questo dos retornos da edu: cago nio significa necessariamente aceitar a idéia de que 2 possibilidade de mobilidade individual por essa via tor ‘na menos penosas as iniqiidades sociais. Ao contrério, julgando.as indesejéveis, acredita-se que a preocupacao ‘com 0 problema poderé contribuir para o desvendamen- ‘to dos mecanismos que as mantém. Essa crenca inspira este trabalho, que, utilizando da- dos secundérios, procura mostrar am que medida, em ‘nosso pafs, 0 grau de escolaridade alcancado por homens. fe mulheres se relaciona, de um lado, com a sua origem s0cial;de outro, como nivel ocupacional em que se situam. (© papel da educaggo como canal de mobilidade so- cial constitui interesse antigo entre os sociélogos que desde logo, porém, passaram também a preocupar-se ‘com a influéncia da origem familiar na determinacio dos niveis de escolaridade, desigualmente distribu/dos na po- pulago, No Brasil, jf em meados da década de cingiien- ‘ta, realizava-se um “survey” destinado a investigar os dois aspectos do problema (Hutchinson, 1960). Abran- ‘gendo a cidade de Sdo Paulo na época da politica desen- volvimentista desencadeada por Kubitschek, que estimu- lou a instalacio de grandes indistrias na érea circunja- conte, mas quando os efeitos da expansfo das matriculas 1 Vide, 9 proptsito, as retlexses de Dore (1976) situagBes verificades er aiverso pats, 4 escolares que entdo ocorria ndo se faziam ainda sentir no nivel educacional da populago adulta, esse estudo mos- ‘trou uma clara relagGo entre origem social, escolaridade @ educacio. Identificando niveis de escolaridade modais para as diferentes camadas sociais, @ pesquisa indicou, além disso, 0 que tendia a acontecer quando o individuo ‘no atingia o grau de educacdo “esperado” na camada de que provinha — mais freqentemente do que os que se comportavam dentro da norma néo era ele capaz de manter-se na posicgo que tinha ou tivera seu pai; por outro lado, ascendia na escala social quando ultrapassava © grau de escolaridade prevalecente entre os individuos de igual origem. Mais tarde, na década de sessenta, um estudo com objetivos semelhantes, baseado em dados referentes aos chefes de familia residentes no plano piloto e cidades s2- télites de Brasilia revelou, igualmente, uma nitida rela- ‘Go entre origem social ¢ educacio, de um lado, e educa- gio e status ocupacional, de outro. Entretanto, foi mais além: utilizando a técnica da andlise de trajet6ria, mos- trou que a influéncia da origem familiar na determina- do do status ocupacional do individuo se efetuava ndo 6 através da escolaridade por esta propiciada mas, tam: bbém, se exercia diretamente (ou através de outros canal nfo identificados). Além disso, a partir das diferencas rificadas entre as varias faixas etérias em que se dividia @ amostra, Rocha e Wilkening (1969), autores do estudo, foram levados a concluir que a influéncia da educagéo para a obtencio de determinados status ocupacionais es taria aumentando. ‘A conclusdo semelhante chegou Holsinger (1975) analisando dados colhidos em 1959-60, nas cidades de Rio de Janeiro, So Paulo, Belo Horizonte e Volta Re- donda, que indicavam ser a correlacao (de ordem zero} entre educacdo e status ocupacional mais elevada na ge- racGo dos filhos do que na dos pais. Contudo, por se referirem a areas geograficas restri- ‘as e por utilizarem dados néo comparéveis, essas pesqu sas no permite generalizagbes mais abrangentes e, so- bretudo, néo poderiam oferecer respostas para algumas indagagGes de ordem mais especitica. Em que medida as relacSes focalizadas variam de re- sgibes mais industrializadas que oferecem oportunidades de trabalho mais numerosas e diversificadas, e sistemas educacionais mais desenvolvides, para regibes onde gran- de parte da populacdo 6 analfabeta, os niveis de escola ridadé so baixos e a oferta de emprego 6 mais restrita? Em que medida as dificuldades e limitagBes para a obten- fo de certos graus de escolaridade derivados da posicéo sécio-econdmica da familia sfo os mesmos para filhos de lum e outro sexo? Se uma vantagem relativa no mercado de trabalho associa-se a uma escolaridade mais elevada, em que medida tal vantagem se aplica indistintament homens © mulheres? A pessoas provenientes de diferen- tes camadas sociais? ‘A questées como essas se dirige este trabalho que, entretanto, ndo tem a pretensdo de apresentar qualqu avango tedrico ou metodolégico no tratamento do tema. Utilizando-se técnicas de andlise elementares, compati- veis com a natureza dos dados, procura-se investigar co- Cad. Pasa. (32) fev. 1980 mo certos aspectos do problema ée configuram numa so- ciedade em que, 20 lado de notével expansio de certos niveis de ensino, parcelas ponderdveis da populago néo atingem a escola ou por ela passam de raspfo. Nem todos of aspectos de interesse podem ser apro- fundados com os dados da PNAD-1973, que so 08 Uni 0s aqui utilizados. Contudo, apesar de suas limitagSe esses dados oferecem informagSes que nfo se encontram em outras fontes?. No que respeita a variagGes regionals, que poderiam ser investigadas a partir do que ocorre ém cada uma das. 4reas do pats, a opcio, neste trabalho, & por uma compa- ragdo entre 0 Estado de Sio Paulo e o Nordeste. Essas regides apresentam caracteristicas diametralmente opos- ‘tas no que se refere & dindmica de geraco de empregos @ capacidade de absorcdo de méo-de-obra, constituindo- se a primeira, como se sabe, em pélo de atracio e a se- gunda em érea de expulsfo de pessoas que procuram em- mente, marcadas diferengas entre as duas anifestam nos indicadores de desenvolvimen- ‘A dimenso da amostra permitiré certa desagregacdo segundo a idade dos trabalhadores. Por outro lado, dife- renciando-se dos estudos mencionados, bem como de anélises recentes sobre mobilidade que também utitizam dados da PNAD-73 mas sb se referem a trabalhadores masculinos (Pastore, 1979; Costa, 1977; Silva, 1979), este trabalho focaliza a relagSo entre origem social, es- colaridade e status ocupacional também no que respeita a mulheres. A DETERMINACAO SOCIAL DA EXTENSAO DA ESCOLARIDADE O rota ds desntads et caconis anaciade 3 srgom scl, tradi tna peque dn au to ead aburote me twat amp tone (tustn, 1872, Boson, Tore Ui des ma unis a de Bure 187, ae cra» rgumentagio em trro day uns gue ors elt deermperia Some nsrrert de pe dete donut dec Tis verde 0 fendmero revel notel peste Moz om patos ue psaram por protons worsen Ingle polnizocseney, manne oy a ou forar de desgctade educator o ue super ue tert no ere intsomente cam ofota dev tua incre: grrramenta stem meso com {Sapo dv congo: materia ae nafs retin 2 Grande parte das limitapes dos dads deriva da pebpria na tureza de pesquisa desse tipo que procedem a um corte tranaver sal num procesto de desenvolvimento societiro @ individual, ‘Berpondo, num “instantneo" fase Isoladas da carelra Se pes soas que pertencem a geraedes diferentes, Além disso, come em {geral acontece em "surveys" abrangentes como os da PNAD. o# Droblemas de mensuraeso Bo so nepligencidves. Canforme a: ‘uns dados que aparecem em certas tabelas apresontadas neste trabalho fazem suepeiter, 0 titulo de ocupecdo registred no {uestiondrio de coleta nom sempre deve corresponder & defi fo que ievou 8 sua codiicagdo na categoria am que ze inch Por outro lado, © nivel de escolaridace & sujelto a incorreeSes, erivades, entre outras coisas, da ajustamentos que se fazer ne: tessrios om decorréncia das transformagéos por que tem paso do o sistema escolar. Alguns dos problomas de mensurae80 di cilmente poderiam ser superados, pois decorrer de prGpriacom- Dlexidade da instncia empirica ¢ da manera como esta se apre- Senta, 20 longo da histrla, em rogiGes to civersae como s80 a6 este avs. COrigem social, ascolaridade o ocupacao ‘gem ou dificultam a freqiiéncia a escola e 0 prossegui mento da escolaridade (Markiewcz-Lagneau, 1969; Katz, 1973). Parece razodvel supor que a importancia relativa das diferentes ordens de fatores responséveis pelas desigual: dades na extensio da escolaridade varie nio sé em fun- do da abrangéncia e de certas caractersticas estruturais do sistema escolar como, também em funeso do grau em {que estejam atendidas outras necessidades ou aspiragSes da populago. Quando grande parte dos individuos no tem acesso a escola ou apresenta niveis de escolarizacdo muito baixos, 0 que ocorre, como se verifica no Brasil, ‘em grupos cujas condigdes materiais de vida também sso extremamente precirias, 0 efeito positivo de certa ele vagéo da renda familiar pode ser acentuado, como suge- rem 0s dados analisados por Schmidt e Miranda (1977) referentes a rea metropolitana de Belo Horizonte. Quando, porém, se trata de grupos que se encontram tem situagio econdmica mais favordvel, o fendmeno das desigualdades provavelmente se conforma de modo di ferente, tornando-se entéo sensivel a importancia de fa- tores outros que néo simplesmente a renda da familia, Nesses casos, a anélise de trajetérias individuais a partir da condigao familiar haveria certamente de revelar a influéncia, ora de atitudes altamente favordveis a uma ‘escolaridade mais prolongada, relacionadas inclusive com © valor simb6lico que um diploma superior possa ter pa- +a a familia, ora de capital cultural, consolidado através de duas ou mais geracSes. Iustram a questo da importincia variével dos dife- rentes fatores que stuam na determinaego do grau de es- olaridade as constatagdes feitas por Mello e Souza (1978), a partir de dados derivados da Pesquisa de Orca- ‘mentos Familiares realizada na cidade do Rio de Janeiro 5 em 1967-1968. A andlise, feita controlando-se 2 idade dos sujeitos, indica que o efeito da renda familiar sobre 3 extensGo da escolaridade somente se mostra significati- vo @ partir da faixa correspondente ao (antigo) curso gi nasial. O fato de no o ser na idade correspondente 20 primario deve-se, segundo sugere 0 autor, a extensio, aquela cidade, da oferta de vagas nas escolas piblicas, esse nivel de ensino. Porém, outra variével referente & ‘origem familiar — a escolaridade da me — mostra impor- tincia significativa {independente de outros fatores) até 2 altima faixa pesquisada, isto 6, dos individuos entre 19 &25 anos de idade. Lamentavelmente, os dados utilizados neste traba: tho no permite determinar que caracteristicas da fe mila de origem teriam levado 0 individuo a atingir cer- 10 nivel de escolaridade. Sobre os antecedentes familia: res, a Gnica informagio disponivel 6 a que se refere & ocupacdo do pai na época em que o sujeito comecou a trabalhar. A utilizagio desse dado, porém, envolve o problema de uma classficago das ocupagées, pois seria impraticé vel tomar cada uma delas individualmente, dada a sua variedade e a maneira como se distribuem na populaggo abrangida pela PNAD. O recurso seria @ adacio de um esquema que as.classificasse em categorias mais ou me- ‘nos abrangentes. Partiu-se para isso de uma escala util ada por pesquisadores da Fundacdo IBGE e que orde- ra as ocupagdes em seis posigSes, ds quais correspondem determinados niveis médios de renda e educagio, tal co- mo se apurou a partir dos dados referentes aos indivi- duos que, em 1970, desempenhavam cada uma das ‘ocupagées rogistradas no censo demogrifico (Becker e Oliveira, 1975). Embora atil para outros propésitos, a redugdo @ apenas seis categorias no se adequa perfeita ‘mente aos objetivos deste trabalho; em decorréncia mes- ‘mo do nivel de agrogacdo utilizado, essa escala negligen- istingdes importantes entre certas ocupages,.como, or exemplo, @ natureza do local — rural ou urbano — fem que estas se exercom. Tentando uma desagregapgo que levasse em conta essa e outras caracter{sticas de que se reveste 0 exercicio de certas ocupacées, particularmente das que, suficiente- ‘mente numerosas na amostra, permitiriam a constituicdo de parcelas significativas, chegou-se a uma classificagéo que desdobra horizontalmente alguns dos niveis da esea- 'a original. Tal desagregacdo foi orientada por nogdes de senso comum sobre as condigdes que cercam o exercicio de determinadas ocupagées, o ambiente profissional ¢ a teia de relagdes que propiciam aos individuos que as de- sempenham. A suposicio é a de que esses aspectos in- fluenciam 0 estilo de vida da fam‘lia @ orientam as estra- tégias destinadas a assegurar o futuro dos filhos. © nivel V1, 0 mais elevado da escala original, foi des dobrado em duas catogorias, a saber: a) Industriais e Al- tos Administradores de Bancos e Companhias de Segu- ros, e b) Profissionais e Técnicos de Nivel Superior. O nf- vel logo abaixo, V, subdividiuse em trés: a) Pecuaristas, Avicultores @ outros proprietérios de porte semelhante; 'b) Administradores do Servico Pablico e Particular e c) Outros. No Nivel IV, identificaram-se cinco grupos: a) 6 I] Comerciantes; b) Agricultores Propristéris; c) Trabalha- dores Nao-Manuais de Rotina; d) Mestres e Contrames ‘tres na Indistria e e) Outros de Nivel Médio. O Nivel {11 desdobrou-se em trés categorias: a) Trabelhadores Quali- ficados ou Semi-qualificados na Indistra; b) Motorstas @ ¢) Outros Trabalhadores Qualificados ou Semi-qualif cados. Os dois niveis inferiores, I~ Trabalhadores Urba: ros ndo qualificados e | — Trabalhadores Rurais, foram conservados sem qualquer desagregacio. Procurouse, as: sim, delimitar, dentro de cada uma das categorias origi- ais, certos subgrupos mais homogéneos; as ocupages, ‘que no puderam enquadrar-se nestes subgrupos foram classificadas na categoria “Outros” no nivel correspon: dente Mesmo com esses desdobramentos, porém, o que se obtém sG0 catogorias internamente bastante hetero neas, pois na maioria dos casos elas abrangem ocupagSes diversas. Entretanto, mesmo que a cada uma correspon: desse um Gnico titulo ocupacional, com isso no se afas taria a possiblidade de variagdes internas, pois uma mes ima ocupacio pode ser exercida om situac6es bem dlfe- rentes, das quais resultam recompensas monetérias ¢ ex tre-monetérias diversas. NGo se ignora que considerével heterogeneidade intra-ocupacional exista, pois ola esté documentada nos dadios sobre renda e educaglo referen- tes &s pessoas que,.em 1970, desempenhavam cada uma das ocupacées resistradas no censo?, manipulados pe {os pesquisadores do IBGE que construiram 2 escala da ‘qual se parte neste trabalho (Silva, 1974) Por outro lado, a informagio disponivel sobre a edu: cagio é bastante grosseira, pois um mesmo grau de esco- laridade pode representar niveis de desenvolvimento versos conforme seja o tipo ou qualidade da escola que © individuo tenha freqiientado. € possivel que, ainda quando tenham atingido niveis de escolaridade idénticos, individuos de origens diversas tenham tido oportunida- des educacionais dstintas, pois a segregagdo em funcio, de diterenciagSes horizontais do sistema de ensino po- de ocorrer desde o inicio da sequéncia escolar. Resta mencionar que a andlise desenvolvida neste trabalho referese a individuos que se incluem na faixa dos vinte 20s sessenta e cinco anos de dade. Presume-se ‘que os trabalhadores que se encontram fora desses limi ‘es, por estarem no cometo ou no fim da vida economi- camente ativa, apresentam problemas peculiares, que ‘complicariam a andlise e tornariam os resultados menos claros. Embora no Brasil grande parte da populacio co- mece «trabalhar antes dos vinte anos (Pastore, 1979) certa parte continue trabalhando depois dos sessonta © cinco, aqueles limites abranger cerca de trés quartos das pessoas ocupadas. 3 Para cada uma das ocupagdesrepstradas no censo de 1970, cestimaram.se um Indice Social, ou sea, um valor meédio ajustado, (a respectva varidncia, Cad. Pesq. (32) fev. 1980 ESTADO DE S. PAULO SEXO MASCULINO Des inividus do sexo mascutno filhos de trabathadores rurais residentes no Estado de Sio Paulo, um quinto & analfabeto e cerca da metade, embora slfabetizada, nfo chegou a completar 0 curso primério (Tabela 1). Entre os flhos de trabalhadores ur anos sem qualificagio, as proporsées de analfebetos @ dos que tém escolaridade assim to baixa slo bem me: ores. Contrariamente, porém, a0 que talvez se pudesse esperar, 0 peril do conjunto clssficado na categoria lo- g0 a seguir — filhos de trabalhadores manuais com dife Fentes graus de qualficago ~ aproxima-se muito do apresentado pelos filhos de trabalhadores urbanos no qualiticados. Embora destes difiram por uma proporcio maior com escolaridade posterior & priméria, a eles se assemeiham quanto 20 nivel modal, que é 0 primeiro em uma e outra categorias. Clssificados como trabalhadores com alguma qualificagdo (nivel III), 0s motoristas desta- cam-se, porém, nese grupo por mais frequentemente propiciarem aos filhos © prosseguimento da escolaridade além do primeito ciclot Por outro lado, baixos niveis de escolaridade encon- tram-se entre 0s fthos de proprietios agricolas,catego- ria classificada em nivel mais elevado — IV ~ na escala original. Na verdade, 2 proporeéo dos que nem sequer completaram 0 primério 6 entre eles maior do que a ve- rificada entre os filhos de trabalhadores urbanos sem quelquer qualificacio. Assim, a acesibilidade e os incen- tivos & escolarizagao encontrados nas familias de agricul tores, mesmo quando sejam estes propritérios, 0 me ores do que os existentes nas familias mais pobres das zones urbanas. Deve-se, contudo, notar que a heteroge- neidade desta categoria grande, classificando-so af tam bbém os proprietérios de minifindios® ‘Apesar de constituirem um grupo também bastante heterogéneo, os comorciantes, classificados, como os agricultores, no nivel 1V, jé oferecem condicBes mais fa vordveis & escolaridade dos filhos, pois estes, em maior proporséo, ultrapassam 2 escola priméria. Entretanto, no que-respeita as possibilidades ou estimulos para 0 filhos obterem uma escolarizacéo posterior 8 priméria, 4 condi¢do de comerciante no & to favorével quanto 4 encontrada nas familias de empregados de escritério @ outros trabslhadores néo manuais de rotina. Embora ro se disponha de dados sobre o seu nivel de instru 0, no se pode afastar a hipétese de que, mais fr Uentemente do que os comerciantes, esses trabalhado- res talvez ofereeam 20s filhos o capital cultural, qu como se sabe, favorece a realizacéo escolar (Schmidt © Miranda, 1977; Mello e Souza, 1978). Por outro ledo, também, & provével que a educagio, nos projetos das, pessoas que néo dispfem de capital financeiro ou cone: x6es no mundo dos negécios, se apresente como o dni 0 instrumento capaz de assegurar 8 preservacio ou vagio do status da familia, Igualmente sugestivas so as constatagSes dei Origem social, escolaridade e ocupacéo do nivel V, imediatamente superior. Neste nivel, as con: digdes favordveis a uma escolaridade mais avancada so mais freqiientes nas familias de administradores do setor plblico ou privado do que nas de pecuaristas, avicultores © outros proprietarios. Tendéncia semelhante verificase no topo da escala nivel VI. E entre 0s filhos de profissionais e técnicos de nivel superior, € no entre os filhos de industriais © altos administradores de bancos e companhias de seguros, ue se encontra a maior concentracdo de individuos com escolaridade superior completa. SEXO FEMININO Direct rainionass com a ger soil vitcarss aribom quand fsa {treo ds fia. 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Enquan to neste Estado os analfabetos constituem 12% no grupo masculino e 20% no feminino, naquela regio, quer entre (05 homens, quer entre as mulheres, a taxa de analfabetos 4 Conservase nesta andlise a ecala educacional anterior a Lei $3692, pois esa 6a classficagdo utlizada na PNAD-1973 5 interesantes, a esse respeito, 580 0s dados apresentados or Todorow, relativos aos candidatos 8 Universidade do Brast lia, que masiram sorem ae médiae obtidas poloe vestibulandos ‘que se declaram fihos de Tarendeirs interiors 83 dos prove nientes das categorias urbanas, incisive manuals. (Todorov, Sor © de quase cinguenta por cento. Essas médias resultam rincipalmente do alto indice de analfabetismo prevale- cente entre os filhos de trabalhadores rurais bem como do fato de este grupo representar uma proporgio eleva da do total da forca de trabalho, Entretanto, mesmo en- tre 0s que provém de outras categorias, registram-se pro- porcdes consideraveis de analfabetos (Tabela 2) ‘A superioridade de S30 Paulo, observada também ros niveis de escolaridade dos alfabetizados, mostra-se ainda mais acentuada quando de sua populacdo se ex cluem os que nasceram em outros Estados (Tabela 10) Mas @ possivel, por outro lado, que os migrantes que as. sim rebaixam © perfil educacional da populacgo residen- te naquele Estado, apresenter uma escolaridade media na superior 3 da populagdo adulta remanescente nos Es: tados de origem, No que respeita as desigualdades associadas & origem social, o Nordeste apresenta o mesmo padrdo geral cons- tatado em Sao Paulo, colocando-se os individuos prove: nientes das diferentes camadas sociais em posic6es relat vas bastante semelhantes nas duas regides. Isso torna-se perfeitamente visivel quando o grau mediano de escola ridade dos trabalhadores provenientes de cada uma das ‘camadas 6 tomado como ponto de referéncia para a com- Paragdo entre as duas regides (Tabelas 8 ¢ 9). Assim, mesmo exigindo niveis educacionais mais elevados, esse Estado ndo se apresenta em situaedo mais favordvel que a regido Nordeste, quando o critério é 0 da equidade na distribuigdo social da escolaridade. ‘A situacdo de So Paulo pode estar sendo afetada pola presenca de migrantes provenientes de regides me- nos desenvolvidas. Entretanto, seria impraticével, para investigar essa hipétese, recorrer 2 uma separagio das pessoas que nasceram em outros Estados, como se fez fem relago a0s niveis globais de escolaridade, pois os ns, {que jd s80 muito pequenos quando se consideram todos 05 residentes classificando-os segundo @ origem social, mais ainda se reduziriam com um fracionamento que incluisse também a naturalidade ESCOLARIDADE E OCUPACAO (© PERFIL EDUCACIONAL DAS OCUPACOES: O ove ce ego atta Aetsgbo das eters cewacionte oo var ne vito inctamentesdeuadh day Getepci neo Ccupapier no tcate tlre Gt pens desempenham mas, de qualquer forma, a Tabela 3 indi- Gs como ra de so expuat aun cere send i vr elo so quarto so hiv nti, an {> homeyonaad terra dr dvs ctor. a © que, porém, merece atengo nessa tabela s80 as diferencas entre os trabalhadores masculinos e femini- nos. Com excecdo de trés categorias — agricultores pro: prietarios, pecuaristas @ assemelhados, @ mestres e con: tramestres na industria — nas quais se encontram pou: quissimas mulheres, em todas as demais, o perfil educa: cional do grupo feminino 6 mais elevado que o do mas. cculino. A superioridade das mutheres torna-se mais visi vel quando se considera a percentagem dos trabalhadores do um e outro grupo que foram além do curso primério completo. Significative 6 0 fato de essa diferenca ser muito pequena nas categorias manuais e consideravel ‘mente mais acentuada na maioria das categories no-ma ruais, que abrangem ocupagées mais prestigiosas, A essas constatacSes acrescenta-se outa, igualmente reveladora dos padres diferenciais de utilizacdo da forca de trabalho masculina e feminina®, referente as texas de participacdo das mulheres na PEA, que decrescem, sensivelmente, dos grupos mais instruidos para os menos instruidos, como se vers, Embora no se apresentem os dados referentes 20 Nordeste, a situacdo nesta regio constitui uma réplica, porém em niveis educacionais mais baixos, dos padres diferenciais verificados em So Paulo. POSIGOES ASSOCIADAS A DIFERENTES: GRAUS DE ESCOLARIDADE CURSO SUPERIOR COMPLETO Nise costante os citron de gem, a maior parte classifica-se como profissional ou téc ‘nico de nivel superior. Mas hé também uma parcela pon- derdvel que se encontra em altos postos administrativos ‘no setor pablico ou privado (Tabela 4). ‘A concentracdo em ocupaces desses tipos varia um pouco em funcio da origem do individuo mas, de qual- quer forma, para a grande maioria, um diploma superior se associa 20 desempenho de uma atividade que se classi- fica nos dois niveis mais elevados da escala utilizada — Ve VI. No entanto, entre os filhos de pecuaristas & outros proprietérios de igual nivel, bem como entre os filhos de trabalhadores rurais e, em menor extensio en- ‘tre 05 filhos de comerciantes e agricultores proprietérios, tum diploma superior parece no “levar"” com a freqién- cia verificada na maioria dos casos a posigées mais eleva- das. As excegies, portanto, verificam-se preponderante- mente entre individuos provenientes de familias ligadas a atividades rurais. Seria interessante verificar se a situa- ‘co dos individuos que fogem a regra se relaciona com o tipo de diploma superior obtido. Em caso afirmativo, a hipétese seguinte seria ento a de uma relacgo entre ori- 6 A respoito da dissimllaridade entre os x08 quanto & ist buigéo potas diferentes ocupsrses no Brasil vide Bruschini, 1979, Cad. Pesa. (32) fev. 1980 dem social e tipo de curso superior completado. Para a investigagéo dessas hipdteses, porém, nfo se encontra informacdo nos dados utilizados, Deve-se notar, entretanto, que a desvantagem relat: va sugerida € pouco freqiente, apresentando-se 0 curso superior, na grande maioria dos casos, associado ao exer- cicio de uma ocupacio de nivel alto ou médio alto. Por ‘outro lado, nem sempre as excegdes constatadas repre- sentaro desvantagem, pois o fato de um individuo néo desempenhar uma ocupacdo classificada nesses niveis ‘io significa necessariamente que © curso superior néo the tenha trazido vantagem, pois o filho de um comer: ciante que preferiu ser comerciante, como © pai, por ter esse nivel da escolaridade poderd ter-se estabelecido com tum tipo de comércio mais vantajoso que a média dos ne- gécios. Por outro lado, diferentemente do que ocorre entre 8 trabalhadores masculinos, entre as mulheres com esse grau de escolaridade o exercicio de ocupacies classifica das nos dois niveis mais elevados néo ¢ tio freqdente, pois elas também se encontram, em extensio maior do que @ registrada entre os homens, em ocupagies nio-ma- ‘huais de rotina e outras de nivel equivalente, Verifica-se, ainda, que as empregadas naquelas ocu: pages mais elevadas sio relativamente mais numerosas entre as que j8 provém das camadas alta e média-alta ou, © que poderia parecer surpreendente, de familias de tra balhadores manuais; um pouco mais freqiientemente do ‘que as demais, as oriundas dos estratos médios tendem a Permanecer em ocupacdes destes niveis. Aqui caberiam {as hipoteses, primeiro, de uma relacdo entre tipo de cur- 0 e status ocupacional, segundo, de uma associagdo en- tre origem social e modalidade de curso, jé sugeridas Quando se analisou a situagdo constatada no grupo mas- culino. Por outro lado, a situacio, inesperada, das trabalha- doras provenientes das camadas manuais poderia expl ccar-se por caracteristicas particulares desse grupo, a sa- ber: por constitufrem uma fraglo discrepante nesses ca- madas, cujos niveis de escolaridade sfo bem mais baixos, devem possuir qualidades pessoais ou condigdes de vida peculiares que as tornaram capazes de ultrapassar as di- ficuldades que a mulher encontra para empregar-se em osigdes mais elevadas. Contudo, essas especulages s30 feitas a base de ns muito pequenos. Por outro lado, a proporedo, entre portadores de di ploma superior, de individuos que néo exercem uma ati vidade econdmica, embora relativamente pequena — 19% = 6 maior no grupo feminino do que no masculino, no qual 0 fato 6 raro, ‘SEGUNDO CICLO COMPLETO Muri ene os tmenso creer cient representa por um use suis so no sesso com tanta foatra mo execs cave Ocupaso diel sada VeVi (Tae) A mes Origem social, escolaridade @ ocupagéo mo tempo, as discrepdncias observadas entre os diferen- tes grupos sugerem que esse grau de ensino mais frequen: temente é capaz de manter a posicdo de individuos que se originam das camadas mais elevadas do que de promo- ver a mobilidade dos que provém das camadas médias (Porém, para os filhos de pecuaristas e proprietrios de posicio eqilivalente, 0 segundo ciclo ndo tém, com @ mesma freaiiéncia, sequer 0 "efeito” mantenedor de sta- tus, constatado nos demais grupos de nivel médio-alto 10 qual essa categoria se situa.) E concebivel que aqueles que se mantém em posi es mais elevadas tenham concluido um curso corres Pondente ao segundo ciclo numa época em que este ni- vel de escolaridade, bem mais raro, encontravase pre- Ponderantemente em familias bem situadas. Entretanto, ‘ssa suposicdo no pode ser investigada, pois os ns no ermitem um fracionamento destinado a controlar si- ‘multaneamente as varidveis origem social e idade. ‘A freaiéncia das mulheres que se encontram em ‘ocupagies de niveis mais elevados — Ve VI ~ & menor ainda do que a registrada entre os homens. A maiori lades néo-manuais de rotina, entre as quais s& inclui o magistério primério (Tabela 5). Por outro lado, a proporgdo das que no exercem uma atividade econémica eleva-se a 46%%, Em todas as ca- tegorias de origem, essa condicdo 6 relativamente mais fre- lente do que entre as que completaram um curso supe- PRIMEIRO CICLO COMPLETO Restiarente ra (6x) an individuos de vinte e sessenta e cinco anos de idade incluidos na amostra da PNAD-73, referente ao Estado de Si0 Paulo, a escolaridade de primeiro ciclo completo, como nivel mais elevado atingido, mais freqientemente se encontra entre individuos que desempenniam ocupe: ‘960s classificadas como de nivel médio (45%) do que en- te os que se colocam em posigbes mais elevadas (19%) E, a esse respeito, as variagdes observadas no sdo de ‘molde a sugerir uma interferéncia consistente da origem social, pois mesmo entre os que provém das camades mais altas, 05 que, com esse nivel de escolaridade, atingiram uma posicéo tdo favordvel quanto a do pai constituem fragBes pouco numeorosas (Tabela 11). Por outro lado, mesmo apresentando esse grau de es colaridade, proporcao néo desprezivel (36%), no total do ‘grupo masculino, exerce ocupagdes manuais. Embora os ‘nlmeros sejam relativamente pequenos para uma infe: réncia com certo grau de seguranea, a indicagdo 6 de que isso parece ocorrer um pouco menos freqiientemente entre os individuos que se originam de familias de profis- sionais de nivel superior, funcionérios “white colar” administradores (de diferentes niveis) de empresas priva- das ou piblicas do que nas demais categorias. Parece, assim, que de alguma forma essas familias conseguem mais facilmente evitar que os filhos (que tenham apenas 9 esse grau de instrucdo} acabem exercendo ocupacées ma Entre as mulheres com esse nivel de escolaridade, a proporedo das que ndo exercem uma atividade economi- ca € ponderdvel ~ 61% — sensivelmente maior, portanto, do que a registrada entre-as que completaram um curso de segundo ciclo. Entre as que trabalham, a maioria con: ccentra-se em posigBes de nivel médio: excluindo-se as ra ‘as (5%) que se encontram em posigdes mais elevadas, as. demais desempenham ocupacdes manuais. No conjunto das trabalhadoras (assim escolarizadas, a ocorréncia de uma ocupacdo desta natureza (manual) praticamente 2 mesma verificada entre os trabalhadores masculinos com © mesmo grau de instruc. Por outro lado, porém, mais raramente do que o homem, a mulher atinge, com esse grau, uma ocupagio que se classifique como de ni- vel alto ou médio-alto. E nos poucos casos em que isso ‘corre, uma presumivel influéncia da origem social é evidente. PRIMARIO COMPLETO AM sande raters (74%) dos bo mens que no foram além do curso primério encontra-se fem ocupagées manuais e, dentre estes, cerca de um terco 6 constituido de trabalhadores néo-qualificados. Essa si tuacio, que & mais generalizada entre os oriundos das ca: madas ‘manuals, prevalece mesmo entre os que provém de camadas mais favorecidas, sendo, contudo, um pouco menos freqiiente entreos filhos de trabalhadores ndo-ma: rnuais de rotina e mais rara ainda entre os filhos de pro- fissionais e técnicos de nivel superior (Tabela 7). ‘Assim, a maioria dos individuos originérios dos es tratos médios e superiores que ndo foram além do curso primério encontra-se em ocupacées de nivel inferior e, portanto, por esse critério, teria baixado na escala social. E interessante notar que estes individuos constituem proporgées maiores & medida que se passa das cortes mais antigas para as mais jovens (44%, 40%, 53% e 77%) A depreciagdo desse nivel de escolaridade se torna, as- sim, cada vez mais dificil de ser neutralizada. Entre as mulheres que no ultrapassaram o prim (© exercicio de uma atividade remunerada significa mais comumente a situagio de trabalhadora manual. As que s8 encontram em emprego de outra natureza constituem, Independentemente de origem, fracées relativamente pe- quenas, bem menores do que as registradas entre os ho- mens com o mesmo nivel de escolaridade. Por outro lado, 0 decréscimo do exercicio de uma atividade econdmica se acentua entre as mulheres que completaram apenas o primério. Entre elas, quase trés quartos no se incluem, pelos critérios adotados, na po- pulaglo economicamente ativa. Esta condicao é mais fre- ilente ainda entre as analfabetas. Dessa maneira, 0 efeito positivo da escolarizacao s0- bre a participacdo da mulher na forga de trabalho, cons- tatado em sociedades desenvolvidas, verifica-se igualmen- 10 ae te no Estado de Séo Paulo, A mesma tendéncia registra se no Nordeste, embora nesta regio as diferengas rela cionadas com o grau de escolaridade sejam menos acen. ‘tuadas, 0 que em parte se explicaria pela maior propor- eo de trabalhadores rurais ai existente. Na verdade, @ relaoSo entre escolaridade e participacdo na PEA deve ocorrer também em outras regi6es, conforme sugerem 0s dados analisados por Miranda (1975) referentes a0 pais como um todo. Entre os homens, que apresentam taxas de ocupe do em geral muito mais elevadas, as flutuagSes relacio- adas com o grau de instrucdo s8o pequenas e inconsis: tentes, ou seja, sem o nitido carter monotdnico obser: vado entre as mulheres. E, por outro lado, 0 padrao néo 60 mesmo nas duas regi6es, pois, em So Paulo, a taxa ‘menos elevada se encontra entre 0s analfabetos, mas, no Nordeste, a participacdo destes se equipara & de outros grupos, 0 que também parece explicar-se pelas oportuni- dades, relativamente mais numerosas, de emprego no se- tor agricola, De um modo geral, porém, a relacdo entre origem social, escolaridade ocupacdo apresenta, no Nordeste, padres muito semelhantes aos verificados em So Paulo, POSICAO DOS INDIVIDUOS QUE ULTRAPASSARAM O LIMITE EDUCACIONAL INERENTE A SUA ORIGEM Une visio mais gra emporio. cia da educagio pode ser obtida quando se comparam in- dividuos que ultrapassaram e nao ultrapassaram certos niveis de escolaridade (Tabelas 8 e 9). Tais niveis foram estabelecidos a partir do exame do perfil educacional de cada um dos agregados constitui- dos pelos individuos provenientes das diferentes camadas sociais, definidas segundo o critério anteriormente. des- Considerou-se como ponto divisbrio para @ separs ‘0 dos dois grupos o nivel educacional em que incide mediana da respectiva categoria. Como a varidvel educa- ‘0 no é continua, os dois grupos no contém o mesmo rnamero de pessoas. No Estado de Sio Paulo, entre os homens, @ varia- ¢é0 do nivel em que incide o ponto divisbrio vai desde o primérlo incompleto, entre os filhos de trabalhadores ru- fais, a superior incompleto, no conjunto constituido pe- los filhos de profissionais @ técnicos de nivel superior. Entre as mulheres, 0 ponto mais baixo 6 0 mesmo © si- tua-se igualmente entre as filhas de trabalhadores rurais, porém, 0 mais alto fica um pouco aquém do verificado ‘entre os homens (29 ciclo completo). ‘A proporcdo de homens que, por exercerem uma ‘cupagio de nivel mais elevado que a do pai, presumivel- ‘mente ascenderem na escala social é consideravelmente maior entre os “mais instrufdos” do que entre os “menos instruidos”. Essa diferenca prevalece em todas as categorias; na Cad. Pesa. (32) fev. 1980 verdade, ne maioria dos grupos de origem néo-manual re: lativamente raros so os que’ascenderam sem terem ul trapassado 0 “limite” educacional de sua categoria, Ms ‘mo nos grupos de origem manual, a condicdo de “menos instrufdo", s6 no se mostra tdo adversa, no que respeita 4 mobilidade, para os individuos que se originaram das

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