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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM DIREITO


TEORIA GERAL DO DIREITO
Constitucionalização do Processo e do Direito

Discente: Gilson Miguel Gomes da Silva

Tema: O direito nas sociedades humanas.

Louis Assier-Andrieu, em seu interessante livro sobre o direito nas sociedades


humanas, fez uma ótima observação da controvérsia em torno da universalidade do jurídico.
Louis, questiona-se sobre os fenômenos legais e seu lugar nas sociedades humanas, adotando
um ponto de vista antropológico.
A lei é uma noção universal cuja percepção varia de acordo com as culturas,
sociedades e tempos. Destacado do social para representar os valores, o direito não pode
economizar na vida social. Esta função de espelho reflete a vontade do próprio autor explicar
a lei como uma forma de regular a vida cotidiana com as ferramentas que são os seus próprios
(lei, julgamento, sentença), mas tendo em conta, contudo, enraizando resolutamente na vida
social.
Nesse sentido, observa o sociólogo francês, duas vertentes. Por primeiro, temos uma
perspectiva mais tradicional, ou seja, a qual aquilo que chamamos direito seria talvez apenas
“a história de sucesso de um episódio greco-romano oportunamente revisado pela canonística
medieval”. Por outro giro, temos o olhar mais abrangente dos etnólogos que percebem a
existência de relações jurídicas em todas as épocas e lugares e que, em razão disso, concebem
o direito a partir de um prisma transcultural.
O autor realiza assim uma síntese das diferentes percepções do direito. Ele busca e
observa as teorias dos maiores juristas e antropólogos dos quais ele tem a formação e se
inclina em filósofos, sociólogos e juristas-sociólogos. Para a grande maioria, o direito estaria
presente, ainda que de formas diferentes, em todas as culturas humanas cumprindo
basicamente as mesmas funções, quais sejam elas: modelo orientador de condutas, de técnica
de controle social, de instrumento integrador da vida social, de sistema de resolução de
conflitos de interesse, de instância organizadora do poder, dentre outras.
Ademais, destaca que todas as culturas conhecem o direito ainda que não atribuam
uma nota distintiva que permita diferenciá-lo com clareza de outros meios que se incumbem
das mesmas funções, como, por exemplo: a religião, a moral, os usos sociais.
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Louis Assier-Andrieu, entrega as articulações de sua reflexão. Usando o método


comparativo, ele vai em busca da universalidade da lei que ele resume hoje a um único
paradigma, o modelo ocidental, e acha que os direitos indígenas não são reconhecidos como
se assimilassem a este modelo. Mesmo os mais refratários, como China e Índia, tendo
previamente optado por uma alternativa política ou património cultural, teve de passar do não
direito à referência da direita.
Pensando na lei, ele passa a escrever suas palavras em a evolução cultural e conceptual
da tradição legal, seja qual for a sua natureza.
Vinculando os atores do fenômeno normativo, o Estado, a lei, e julgar, ele tenta
justificar, reter apenas o contexto histórico, o princípio da separação dos poderes executivo e
legislativo. Mais além desta simples observação, representa a seguinte equação dupla: a lei
incorpora o direito e o juiz se refere ao direito em ação. Em outras palavras, a lei, como única
fonte da lei do Estado, tem sido a máxima judicial e o juiz não pode interferir com seu
treinamento.
Considerando em uma segunda vez "o direito em atos", ele o dá por principal missão a
resolução de conflitos cujo vetor essencial é a fala dos Juízes, um reflexo da unidade de uma
sociedade que implementou seus padrões e regras. "A exigência de medida", o direito é
constantemente desafiado pela evolução estruturas sociais: uma restrição para cooperar com a
comunidade na qual se encaixa, o padrão legal procura sancionar o comportamento de
transgressão.
Conflito é, portanto, o índice observável para identificar grupos e fornecer soluções
para a sociedade como a busca de uma "ordem legal justa e funcional" reunidos em torno de
valores e objetivos comuns. Nesta abordagem, sentido globalizante do obrigatório, as ciências
comportamentais e a observação do jogo social é uma parte importante na realização do
julgamento.
Mas "O ideal seria ter estudos monográficos suficientes para classificar as práticas
judiciais e estabelecer uma tipologia válida para um grupo significativo de regiões durante um
período de tempo relevante". Nesta perspectiva, o estudo das populações pode não se
contentar com quantificar crimes e ofensas, mas deve relacionar-se com a população em risco.

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Assim, "parâmetros individuais, passarão para os invariantes de grupos e para


conceitos como população em risco" para colocar em prática prevenção e/ou repressão
adaptada.

BIBLIOGRAFIA

ASSIER-ANDRIEU, Louis. O direito nas sociedades humanas. São Paulo: Editora Martins
Fontes, 2000.

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