AP
Cirurgia estética periodontal: uma opção de tratamento para
casos de sorriso gengival causado por etiologias associadas
Resumo: O sorriso gengival pode
ser definido como uma condição de
exposição maior que 3 mm da faixa
de gengiva localizada no terço cer-
vical dos dentes. A literatura relata
que sua etiologia pode ser isolada
ou atribuída a uma associação de
fatores. Entre as causas responsá-
veis pelo sorriso gengival, podem-se
relacionar: aspectos periodontais,
como a erupção passiva alterada; as-
pectos esqueléticos, como extrusão
dentoalveolar e crescimento vertical
da maxila; e, até mesmo, aspectos
78
relacionados com a hiperatividade
Periodontal aesthetic surgery: treatment option for cases with gingival smile caused by
associated etiologies
Abstract: Gingival smile can be defined
as a gingival exposure greater than 3 mm
of the area located in the cervical third of
teeth. The literature reports that its etiology
can be isolated or attributed to an associa-
tion of factors. Among such causes, can be
listed: skeletal aspects such as dentoalveo-
lar extrusion and vertical maxillary growth;
and even aspects related to hyperactivity of
the upper lip levator muscle. Methods: in
the present clinical case, gingival smile was
Como citar: Paloski L, Souza KMR, Pfau EA, Pfau VJM. Periodontal aesthetic surgery: treatment option for cases with gingival smile caused by
associated etiologies. J Clin Dent Res. 2017 Jul-Sept;14(3):78-87.
Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos
produtos e companhias descritos nesse artigo. O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação
de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.
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Larissa Paloski1
Karina Mingareli Riguette de Souza
Eduardo Augusto Pfau2
Veruska de João Malheiros Pfau
do músculo elevador do lábio supe-
rior. Relato de caso: no presente
caso clínico, foi diagnosticado sorri-
so gengival em decorrência de uma
erupção passiva alterada, agravada
pela hiperatividade do músculo eleva-
dor do lábio superior. A erupção pas-
siva é classificada de acordo com a
quantidade de estrutura gengival em
excesso e com a distância biológica
mensurada; essa classificação é di-
vidida em tipos (Tipo 1 – excesso de
tecido gengival; Tipo 2 – pouca faixa
de gengiva queratinizada), e subti-
pos (Subtipo A – distância biológica
diagnosed due to an altered passive erup-
tion, aggravated by hyperactivity of the up-
per lip levator muscle. A passive eruption is
classified according to the amount of gingi-
val structure in excess and according to the
biological distance measured; this classifi-
cation is divided into groups (Type 1- excess
of gingival tissue, Type 2- a small strip of ke-
ratinized gingiva), and subtypes (Subtype A,
normal biological distance and Subtype B,
decreased biological distance). After a
1) Cirurgiã-dentista, Universidade Paranaense
(Umuarama/PR, Brasil).
1
2) Universidade Paranaense, Curso de Odontologia
(Umuarama/PR, Brasil).
2
normal; Subtipo B  – 
distância bio-
lógica diminuída). Após um correto
diagnóstico, foi realizada a correção
cirúrgica do caso. Resultado: o caso
foi corrigido cirurgicamente pela téc-
nica da gengivectomia. O resultado
estético é satisfatório quando se tem
o período de cicatrização respeitado
e a indicação correta das técnicas de
tratamento para correção do sorriso
gengival. Conclusão: quando corre-
tamente diagnosticado o sorriso gen-
gival, o resultado final obtido é alta-
mente satisfatório. Palavras-chave:
Gengivectomia. Estética. Gengiva.
correct diagnosis, a surgical correction of
the case was performed. Result: The case
was surgically corrected by gingivectomy.
The aesthetic result is satisfactory, when
the healing period is respected, and a cor-
rect indication of the treatment techniques
for gingival smile correction. Conclusion:
It is concluded that when correctly diag-
nosed the gingival smile, the final result
obtained is highly satisfactory. Keywords:
Esthetics. Gingivectomy. Gingiva.
Enviado em: 02/12/2016 - Revisado e aceito: 26/06/2017
DOI: https://doi.org/10.14436/2447-911x.14.3.078-087.oar
Endereço para correspondência: Larissa Paloski. Avenida Pedro
Soccol,590 - Apto. 1, Centro - 85884000, Medianeira - PR.
 Cirurgia estética periodontal: uma opção de tratamento para casos de sorriso gengival causado por etiologias associadas
INTRODUÇÃO
O impacto de um belo sorriso influencia direta-
mente nas relações humanas, visto que um sorriso
saudável e de aparência agradável facilita o con-
tato de uma pessoa com seu semelhante e realça
sua expressão corporal, traduzindo o bem-estar no
seu sentido mais amplo6.
O sorriso ideal deve apresentar as seguintes
características: o nível da gengiva marginal dos
dentes anterossuperiores deve seguir a forma
do lábio superior; as bordas incisais dos den-
tes anterossuperiores tendem a seguir a for-
ma do lábio inferior; a linha do lábio superior
toca a gengiva marginal dos incisivos centrais
e dos caninos; o lábio inferior deve tocar a bor-
da incisal dos seis dentes anterossuperiores; os
caninos e os incisivos centrais têm o mesmo
comprimento, e os laterais são 1 a 2 mm mais
curtos; a arquitetura gengival é parabólica e
a posição da gengiva marginal é simétrica em
ambos os lados; o ponto mais apical do festão
gengival (zênite gengival) reflete a angulação do
longo eixo do dente, e a largura média da borda
incisal é de, aproximadamente, 1,6 mm para o
incisivo central, 1 mm para o incisivo lateral e
0,6 mm para o canino9.
Além desses critérios citados, alguns auto-
res classificaram o tipo do sorriso tendo como
referência a quantidade de exposição do tecido
gengival durante o ato de sorrir. Dessa forma,
a linha do sorriso pode ser classificada em três
categorias: baixa, quando há exposição de 75%
da altura da coroa clínica dos dentes anterossu-
periores; média, quando há exposição de 75% a
100% da altura da coroa clínica dos dentes an-
terossuperiores; e alta, quando há exposição de
100% das coroas dentárias e ,ainda, há exposi-
ção de uma faixa contínua de gengiva maior que
3 mm durante o sorriso7. Essa avaliação é feita no
plano labial, ou seja, com o lábio em repouso até
o sorriso forçado, e no plano esquelético (linha
bipupilar). A posição da borda incisal também
deve ser analisada, de maneira a se determinar
as possibilidades de modificação.
O correto diagnóstico do sorriso gengival envol-
ve análise extrabucal e intrabucal. Entre os aspec-
tos extrabucais avaliados, encontram-se análise
facial, comprimento do lábio superior em repouso,
exposição dos incisivos centrais superiores em re-
pouso, quantidade de exposição gengival durante
repouso e a fala, linha do sorriso e contorno da
margem gengival. Os lábios representam a transi-
ção da análise extrabucal para a análise intrabucal
(dentogengival). Em relação aos aspectos intra-
bucais, deve-se avaliar a condição periodontal, o
biótipo periodontal (fino ou espesso), o contorno
e zênite gengival, a papila interdentária, recessões
e a coloração da gengiva. Deve-se, também, fazer
uma avaliação dentária, verificando-se as propor-
ções entre os dentes, simetria, linha média facial
versus linha interincisiva, eixos dentários, ângulos 79
incisais, e borda incisal versus lábio inferior9.
A etiologia do sorriso gengival pode ser de
origem isolada ou decorrente da associação de
fatores como hiperfunção do músculo elevador
do lábio superior, ou lábio curto; extrusão den-
toalveolar; hiperplasia hormonal, medicamentosa
ou decorrente de placa bacteriana; coroa clínica
curta; crescimento vertical da maxila e erupção
passiva alterada4. Como opções de tratamento
para o sorriso gengival descritas na literatura, es-
tão: cirurgia ortognática, gengivectomia (poden-
do ou não estar associada à osteotomia), miecto-
mia e toxina botulínica — sendo que a escolha do
tratamento depende, fundamentalmente, do fator
etiológico12,20,10,15 (Tab. 1).
Erupção passiva alterada é um termo utilizado
para descrever uma condição de falha no adequa-
do posicionamento da margem gengival, e ocor-
re durante a erupção dentária. Nessa condição,
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 Paloski L, Souza KMR, Pfau EA, Pfau VJM

Tabela 1: Correlação etiologia/tratamento/especialidades.

ETIOLOGIA TRATAMENTO ESPECIALIDADES

Crescimento vertical da maxila
Cirurgia Ortognática/Ortodontia CTBMF/ortodontista
em excesso

Extrusão dentoalveolar Cirurgia Ortognática/Ortodontia CTBMF/ortodontista

Lábio superior curto Cirurgia plástica Cirurgião plástico

Hiperatividade do lábio superior Cirurgia plástica CTBMF/dermatologista

Erupção passiva alterada Cirurgia periodontal c/s retalho periodontista

Fonte: Kahn e Dias15 (2016).

Tabela 2: Classificação de erupção passiva alterada, segundo Ingber et al.11

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS

Existe faixa de gengiva queratinizada excessiva, medida da margem gengival até a jun-
Tipo 1
ção mucogengival

80
Existe faixa normal de gengiva queratinizada, medida da margem gengival até a junção
Tipo 2
mucogengival, embora o tecido gengival se estenda sobre a porção coronal dos dentes

A distância entre a crista óssea e a JCE apresenta mais de 1mm, sendo suficiente para a
Subtipo A
adaptação da inserção conjuntiva

A distância entre a crista óssea e a JCE, medida por meio da sondagem óssea, é menor
Subtipo B que 1mm, sendo diminuído, portanto, o espaço para a adaptação da inserção conjuntiva;
ou seja, a crista óssea está localizada no nível da JCE

Fonte: Ingber et al.11 (1977).

a margem gengival não recua para o nível próximo
à junção cemento-esmalte, resultando em redu-
ção da exposição da coroa dentária8. Entretanto,
existem várias formas de manifestação clínica da
erupção passiva alterada, a qual é classificada em
tipos (Tipo 1, no qual existe um excesso de tecido
gengival queratinizado; e Tipo 2, no qual há uma
pequena faixa de tecido gengival queratinizado) e
subtipos (Subtipo A, no qual há uma distância nor-
mal de 2mm entre a crista óssea e a JAC; e Sub-
tipo B, no qual há uma distância menor de 2 mm
entre a crista óssea e a JAC). De acordo com cada
tipo/subtipo, há formas distintas de abordagem
terapêutica14,11 (Tab. 2).

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 Cirurgia estética periodontal: uma opção de tratamento para casos de sorriso gengival causado por etiologias associadas
Esse artigo visa a apresentar o relato de um
caso clínico de sorriso gengival e, por meio dele,
discutir as etiologias e opções de tratamento.
RELATO DE CASO
Paciente com 20 anos de idade, compare-
ceu à Clínica Odontológica da UNIPAR (campus
Umuarama/PR), solicitando avaliação periodon-
tal, pois queixava-se de excesso de exposição
gengival ao sorrir (Fig. 1). Após anamnese, exa-
me físico e fotográfico, foi diagnosticado sorriso
gengival, cuja etiologia era erupção passiva alte-
rada e hiperfunção do músculo elevador do lábio
superior. Como conduta terapêutica, foi propos-
ta a cirurgia de gengivectomia, pela técnica do
bisel interno sem osteotomia. Após assepsia ex-
trabucal com polivinil pirrolidona iodo (PVP-I), e
intrabucal com bochecho de clorexidina a 0,12%,
foi realizado o bloqueio anestésico do nervo
alveolar superior anterior, bilateralmente, e do
nervo nasopalatino, utilizando-se o anestésico
mepivacaína, associado à epinefrina 1:200.000.
A mensuração da proporção altura/largura
dos dentes anterossuperiores foi feita com me-
didor de proporcionalidade de Chu (Fig. 2), que
é avaliada por meio da ponta T-Bar, que mede
a altura/largura do dente, devendo essa pro-
porção ser, segundo Chu e Hochman28, de 78%.
Essa ponta apresenta um stop incisal, além de
duas hastes laterais e uma haste vertical que
apresentam marcações, em diferentes cores,
em intervalos de 0,5 mm; a mensuração é feita
por meio da posição dos intervalos laterais da
largura, sendo que o mesmo intervalo na haste
vertical representa a proporção ideal do elemen-
to dentário2. Foi realizada a sondagem trans-
-sulcular para mensurar a distância biológica,
confirmando, assim, a classificação do subtipo
A, no qual não se faz necessária a realização de
osteotomia (Fig. 3). Posteriormente, foi realizada
a demarcação dos pontos sangrantes (Fig. 4), a
partir da mensuração feita pela régua de Chu e
pela sondagem trans-sulcular, respeitando a dis-
tância biológica. Foram executados três pontos
sangrantes: um na mesial, um no centro e ou-
tro na distal da gengiva marginal de cada den-
te. A primeira incisão uniu os pontos sangrantes
(formando o “colarinho”), com a lâmina do bistu-
ri posicionada em um ângulo de 45o no sentido
incisoapical na coroa do dente, caracterizando
a técnica da incisão do bisel interno. Uma inci-
são intrassulcular foi realizada, com a lâmina do
bisturi posicionada dentro do sulco gengival até
tocar o tecido ósseo (Fig. 5), descolando, assim,
o tecido gengival do periósteo. Foi removido o
tecido gengival incisado em forma de colarinho,
com uma cureta McCall #13-14. Essa técnica
dispensa a realização de sutura, já que as papi-
las se mantêm íntegras. No entanto, foi utilizado
um bisturi elétrico para o refinamento das mar-
gens gengivais (Fig. 6). 81
Como medicação pós-operatória, prescreveu-
-se à paciente: analgésico, para controle da dor
(Paracetamol® 750 mg, 1 comprimido a cada 6
horas, por 3 dias); anti-inflamatório (Nimesulida
100 mg, 1 comprimido a cada 12 horas, por 3 dias)
e, para controle químico de placa, clorexidina a
0,12% (Periogard®), com a orientação de realizar
bochecho de 10 ml, 2 vezes ao dia, por 10 dias.
A paciente retornou após 30 (Fig. 7) e 90 dias
(Fig. 8), para avaliação do processo de cicatriza-
ção. Como a causa do sorriso gengival estava,
também, associada à hiperatividade do músculo
elevador do lábio, uma opção terapêutica comple-
mentar seria a aplicação de toxina botulínica no
músculo, o que diminuiria, temporariamente, a ex-
posição gengival ao sorrir. No entanto, a paciente
mostrou-se satisfeita com os resultados obtidos
com a cirurgia periodontal e não aceitou realizar a
complementação terapêutica com cosmiatria.
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 Paloski L, Souza KMR, Pfau EA, Pfau VJM

Figura 1: Fotografia inicial do sorriso gengival (erupção passiva Figura 2: Medidor de proporcionalidade desenvolvido por Chu28.
alterada tipo 1A).

82

Figura 3: Sonda periodontal mostrando a coroa clínica com 9 mm Figura 4: Sonda periodontal determinando o ponto sangrante
no incisivo central superior. que será o limite da incisão em bisel interno.

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 Cirurgia estética periodontal: uma opção de tratamento para casos de sorriso gengival causado por etiologias associadas

Figura 5: Lâmina 15c realizando o bisel interno.

83

Figura 6: Remoção do excesso de tecido gengival.

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Figura 7: Pós-operatório de 30 dias.

84

Figura 8: Pós-operatório de 90 dias.

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 Cirurgia estética periodontal: uma opção de tratamento para casos de sorriso gengival causado por etiologias associadas
DISCUSSÃO
O sorriso pode ser classificado como: baixo,
que é caracterizado pela exposição de apenas
75% da coroa clínica dos dentes anterossuperio-
res; médio, quando expõe a altura total dos dentes
anterossuperiores e expõe, ainda, as papilas inter-
dentárias; e, alto, no qual a altura total do dente
é visualizada e uma quantidade de gengiva maior
que 3 mm fica exposta durante o sorriso, o que ca-
racteriza o chamado “sorriso gengival”7. O sorriso
é considerado estético quando apresenta de 1 a
3 mm de exposição de tecido gengival. Com base
nessa classificação, a paciente do presente traba-
lho apresentava sorriso do tipo alto.
A literatura relata várias etiologias para
o sorriso gengival, entre elas: o crescimento
vertical da maxila, hiperfunção do músculo
elevador do lábio superior e a erupção passiva
alterada, sendo essa caracterizada como uma
condição clínica relacionada à assimetria gen-
gival, devido ao posicionamento coronário da
margem gengival em relação à junção cemen-
to-esmalte, originando coroas clínicas curtas
e de diferentes tamanhos 1,10. Segundo alguns
autores15, um total de 12,1% de 1.025 pacien-
tes estudados apresentava erupção passiva al-
terada, corroborando os resultados de outros
pesquisadores3,26 que relataram incidência de
aproximadamente 12% dos pacientes, com mé-
dia de idade de 24 anos.
A erupção passiva alterada foi classificada19
tendo como parâmetro a junção mucogengi-
val (JMG) e a crista óssea. No presente caso clí-
nico, pôde-se observar erupção passiva alterada
tipo 1, caracterizada pela presença excessiva de
gengiva queratinizada; subtipo A, com distância
igual ou maior que 2 mm entre a junção cemento-
-esmalte e a crista óssea, sendo a gengivectomia
o tratamento mais indicado, sem necessidade de
osteotomia1,18,22,25.
A técnica da gengivectomia clássica foi ini-
cialmente descrita por Robicseck, em 1884, e
consistia na eliminação do excesso de tecido
gengival por meio de uma incisão com a lâmina
do bisturi a 45o em relação à coroa, resultando
na exposição de tecido conjuntivo, sendo indi-
cada para casos sem necessidade da realização
de osteotomia, devido à impossibilidade de re-
batimento do retalho para expor tecido ósseo21.
A literatura relata como vantagens dessa técnica:
execução simplificada e baixo custo4. Uma pes-
quisa comparou a gengivectomia com a técnica
do bisel interno e verificou, numa amostra de 31
pacientes, diferenças estatisticamente significa-
tivas no desvio apical da junção mucogengival
nos casos tratados com a técnica do bisel inter-
no27; já na técnica com gengivectomia, não se
observou essa alteração da posição. Contudo,
em ambas as técnicas, a eliminação da bolsa e a
manutenção dos resultados após seis meses foi
efetiva27. O contorno pós-operatório dos tecidos 85
é consideravelmente melhor no bisel interno16.
Com relação ao sorriso gengival causado pela
hiperatividade do músculo elevador do lábio supe-
rior, as opções de tratamento podem ser cirúrgi-
cas, com a utilização de miectomia e reposicio-
namento labial, ou não cirúrgicas, por meio da
aplicação de toxina botulínica22,24. A miectomia é
realizada por meio da incisão do músculo elevador
do lábio superior ou parte dele, com a finalidade
de diminuir a elevação do lábio superior duran-
te o sorriso12,24. Autores realizaram a técnica em
14 pacientes e obtiveram uma redução média de
3,3 mm, 6 meses após a cirurgia29.
Na técnica de reposicionamento labial, a mu-
cosa interna do lábio superior é incisada e um
fragmento elíptico é removido após dissecação da
área; posteriormente, é suturada em uma região
mais inferior do periósteo e, com isso, espera-se
que haja uma estabilização do lábio no tecido
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queratinizado 4 mm acima da margem gengival.
Esse processo de reinserção restringe a elevação
do lábio superior durante o sorriso, limitando a
quantidade de tecido gengival exposto23.
A toxina botulínica tipo A é uma proteína purifi-
cada, com baixo potencial antigênico, utilizada na
correção de deformidades faciais mediante relaxa-
mento de um determinado grupamento muscular.
No caso do sorriso gengival, é indicada para reduzir
a hiperfunção labial e, consequentemente, promo-
ver uma menor exposição de tecidos ao sorrir. Pos-
sui vantagens como a facilidade técnica de execu-
ção, baixo índice de complicações e efeito natural
e praticamente imediato. Contudo, apresenta como
principal desvantagem a permanência do efeito por
menos de 6 meses, tornando-se necessárias apli-
cações de doses de manutenção17.
86
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CONCLUSÃO
Um sorriso pode ser considerado gengival se
mais que 3 mm de gengiva forem expostos durante
um sorriso espontâneo. Ele pode ser considerado
mais ou menos exposto, e entre suas etiologias se
encontra a erupção passiva alterada, que é classi-
ficada de acordo com a largura da faixa de gengiva
inserida e a distância entre a junção cemento-es-
malte e a crista óssea. O tratamento do sorriso gen-
gival exige um correto diagnóstico da etiologia, para
que se possa indicar a opção de tratamento mais
satisfatória. No caso apresentado, a paciente pos-
suía um agravante na etiologia do sorriso gengival,
que era a presença de hiperfunção do lábio supe-
rior. Dessa forma, a cirurgia realizada para aumento
da coroa clínica ajudou a minimizar a exposição da
gengiva causada pela atuação muscular.
 Cirurgia estética periodontal: uma opção de tratamento para casos de sorriso gengival causado por etiologias associadas
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