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CONCURSO IBAMA 2013 – ANALISTA ADMINISTRATIVO Editora Tradição

11 - Módulo de Gestão de Pessoas - IBAMA 2013 - ANALISTA ADMINISTRATIVO

SUMÁRIO
GESTÃO DE PESSOAS:
1 Conceitos, importância, relação com os outros sistemas de organização. ................................................... 1
2 Fundamentos, teorias e escolas da administração e o seu impacto na gestão de pessoas. ......................33
3 A função do órgão de gestão de pessoas. ...................................................................................................39
3.1 Atribuições básicas e objetivos.
3.2 Políticas e sistemas de informações gerenciais.
4 Comportamento organizacional. ...................................................................................................................46
4.1 Relações indivíduo/organização.
4.2 Liderança, motivação e desempenho.
4.3 Qualidade de vida no trabalho.
4.4 Programas de qualidade de vida no trabalho.
4.5 Promoção de saúde ao servidor.
4.6 Políticas de inclusão.
5 Competência interpessoal. ...........................................................................................................................53
6 Gerenciamento de conflitos. .........................................................................................................................57
7 Gestão da mudança. ....................................................................................................................................60
8 Recrutamento e seleção. ..............................................................................................................................62
8.1 Tipos de recrutamento: vantagens e desvantagens.
8.2 Técnicas de seleção: vantagens, desvantagens e processo decisório.
9 Análise e descrição de cargos: objetivos, métodos, vantagens e desvantagens ........................................ 71
10 Gestão de desempenho. ............................................................................................................................74
10.1 Objetivos.
10.2 Métodos de avaliação de desempenho: características, vantagens e desvantagens.
11 Desenvolvimento e capacitação de pessoal. .............................................................................................82
11.1 Levantamento de necessidades.
11.2 Programação, execução e avaliação.
11.3 Educação corporativa.
11.4 Desenvolvimento do capital intelectual.
12 Administração de cargos, carreiras e salários. ........................................................................................103
13 Regime dos servidores públicos federais: admissão, demissão, concurso público, estágio probatório,
vencimento básico, licença, aposentadoria. ..................................................................................................104
14 Gestão por competências. ........................................................................................................................120
14.1 Conceito, levantamento, mapeamento e descrição de competências.
15 Tendências em gestão de pessoas no setor público. ..............................................................................121
16 Qualidade no atendimento ao público: comunicabilidade, apresentação, atenção, cortesia, interesse,
presteza, eficiência, tolerância, discrição, conduta, objetividade. .................................................................125
17 Lei nº 11.788/2008: Estágio Supervisionado. ...........................................................................................126
18 Lei nº 10.410/2002: Criação da carreira de especialista em meio ambiente. ..........................................129
19 Lei nº 11.156/2005: Criação da GDAEM. .................................................................................................131
20 Decreto nº 7.133/2010: Avaliação de desempenho individual. ................................................................134
21 Decreto nº 7.203/2010: Vedação do nepotismo. ......................................................................................140
22 Decreto nº 5.707/2006: Desenvolvimento de pessoal. ............................................................................141
23 Decreto nº 6.833/2009: Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal - SI-
ASS.143 ......................................................................................................................................................... 143

MATÉRIA: GESTÃO DE PESSOAS

ATUALIZAÇÃO: Anual -
TOTAL DE PÁGINAS: 150

APOSTILAS TRADIÇÃO Tradição em concursos públicos!


Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
GESTÃO DE PESSOAS: GESTÃO DE PESSOAS – uma introdução
1 Conceitos, importância, relação com os outros sistemas de organização. INTRODUÇÃO

2 Fundamentos, teorias e escolas da administração e o seu impacto na Falar de gestão de pessoas é falar de gente, de mentalidade, de vitali-
gestão de pessoas. dade, ação e proação. A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem
sofrido mudanças e transformações nos últimos anos. Não apenas nos
3 A função do órgão de gestão de pessoas. seus aspectos tangíveis e concretos como principalmente nos aspectos
3.1 Atribuições básicas e objetivos. conceituais e intangíveis. A visão que se tem hoje da área é totalmente
3.2 Políticas e sistemas de informações gerenciais. diferente de sua tradicional configuração, quando recebia o nome Adminis-
tração de Recursos Humanos (ARH). Muita coisa mudou. A Gestão de
4 Comportamento organizacional. Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem
4.1 Relações indivíduo/organização. sucedidas e pelo aporte de capital intelectual que simboliza, mais do que
4.2 Liderança, motivação e desempenho. tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação.
4.3 Qualidade de vida no trabalho. Com a globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o
4.4 Programas de qualidade de vida no trabalho. forte impacto da mudança e o intenso movimento pela qualidade e produti-
4.5 Promoção de saúde ao servidor. vidade, surge uma eloquente constatação na maioria das organizações: o
4.6 Políticas de inclusão. grande diferencial, a principal vantagem competitiva das empresas decorre
das pessoas que nelas trabalham. São as pessoas que mantêm e conser-
5 Competência interpessoal. vam o status quo já existente e são elas – e apenas elas – que geram e
fortalecem a inovação e o que deve vir a ser. São as pessoas que produ-
6 Gerenciamento de conflitos. zem, vendem, servem ao cliente, tomam decisões, lideram, motivam,
comunicam, supervisionam, gerenciam e dirigem os negócios das empre-
7 Gestão da mudança. sas. Inclusive dirigem outras pessoas, pois não pode haver organizações
sem pessoas. No fundo, as organizações são conjuntos de pessoas. A
8 Recrutamento e seleção. maneira pela qual as pessoas se comportam, decidem, agem, trabalham,
8.1 Tipos de recrutamento: vantagens e desvantagens. executam, melhoram suas atividades, cuidam dos clientes e tocam os
8.2 Técnicas de seleção: vantagens, desvantagens e processo decisório. negócios das empresas varia em enormes dimensões. E essa variação
depende, em grande parte, das políticas e diretrizes das organizações a
9 Análise e descrição de cargos: objetivos, métodos, vantagens e desvan- respeito de como lidar com as pessoas em suas atividades. Em muitas
tagens. organizações, falava-se até pouco tempo em relações industriais, em
outras organizações, fala-se em administração de recursos humanos,
10 Gestão de desempenho. fala-se agora em administração de pessoas, com uma abordagem que
10.1 Objetivos. tende a personalizar e a visualizar as pessoas como seres humanos, dota-
10.2 Métodos de avaliação de desempenho: características, vantagens e dos de habilidades e capacidades intelectuais. No entanto, a tendência que
desvantagens. hoje se verifica está voltada para mais além: fala-se agora
em administração com as pessoas. Administrar com as pessoas significa
11 Desenvolvimento e capacitação de pessoal. tocar a organização juntamente com os colaboradores e parceiros internos
11.1 Levantamento de necessidades. que mais entendem dela, dos seus negócios e do seu futuro. Uma nova
11.2 Programação, execução e avaliação. visão das pessoas não mais como um recurso organizacional, um objeto
11.3 Educação corporativa. servil ou mero sujeito passivo do processo, mas fundamentalmente como
11.4 Desenvolvimento do capital intelectual. um sujeito ativo e provocador das decisões, empreendedor das ações e
criador da inovação dentro das organizações. Mais do que isso, um agente
12 Administração de cargos, carreiras e salários. proativo dotado de visão própria e, sobre tudo, de inteligência, a maior e a
mais avançada e sofisticada habilidade humana.
13 Regime dos servidores públicos federais: admissão, demissão, concurso
público, estágio probatório, vencimento básico, licença, aposentadoria. OS NOVOS DESAFIOS DA GESTÃO DE PESSOAS
Nunca houve coisa igual. O mundo está mudando com uma rapidez in-
14 Gestão por competências. crível. E com intensidade cada vez maior. A mudança sempre existiu na
14.1 Conceito, levantamento, mapeamento e descrição de competências. história da humanidade, mas não com o volume, rapidez e impacto com
que ocorre hoje. Vários fatores contribuem para isso: as mudanças econô-
15 Tendências em gestão de pessoas no setor público. micas, tecnológicas, sociais, culturais, legais, políticas, demográficas e
ecológicas que atuam de maneira conjugada e sistêmica, em um campo
16 Qualidade no atendimento ao público: comunicabilidade, apresentação, dinâmico de forças que produz resultados inimagináveis, trazendo imprevi-
atenção, cortesia, interesse, presteza, eficiência, tolerância, discrição, sibilidade e incerteza para as organizações.
conduta, objetividade.
Dentro desse contexto, uma das áreas empresariais que mais sofre
17 Lei nº 11.788/2008: Estágio Supervisionado. mudanças é a área de recursos humanos. As mudanças são tantas e
18 Lei nº 10.410/2002: Criação da carreira de especialista em meio ambien- tamanhas que até o nome da área está mudando. Em muitas organizações,
te. a denominação administração de recursos humanos está sendo substituída
19 Lei nº 11.156/2005: Criação da GDAEM. por termos como gestão de talentos humanos, gestão de parceiros ou de
20 Decreto nº 7.133/2010: Avaliação de desempenho individual. colaboradores, gestão de capital humano, administração do capital intelec-
21 Decreto nº 7.203/2010: Vedação do nepotismo. tual e até gestão de pessoas ou gestão com pessoas. Diferentes nomes
22 Decreto nº 5.707/2006: Desenvolvimento de pessoal. para representar um novo espaço e configuração da área. A história da
23 Decreto nº 6.833/2009: Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do gestão de pessoas é relativamente recente. Na verdade, tudo começou
Servidor Público Federal - SIASS. com a Revolução Industrial e veio desaguar em nossos dias com força total.
O CONTEXTO DA GESTÃO DE PESSOAS
O contexto da gestão de pessoas é formado por pessoas e organiza-
ções. As pessoas passam boa parte de suas vidas trabalhando dentro das
organizações. De um lado, o trabalho toma considerável tempo das vidas e
dos esforços das pessoas, que dele dependem para sua subsistência e

Gestão de Pessoas 1
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sucesso pessoal. Separar o trabalho da existência das pessoas é muito diferenciada, possuidores de conhecimentos, habilidades e competências
difícil, senão quase impossível, diante da importância e do impacto que o indispensáveis à adequada gestão dos recursos organizacionais. Pessoas
trabalho nelas provoca. Assim, as pessoas dependem das organizações como pessoas e não como meros recursos da organização.
nas quais trabalham para atingir seus objetivos pessoais e individuais.
Crescer na vida e ser bem-sucedido quase sempre significa crescer dentro As pessoas como ativadores inteligentes de recursos organiza-
das organizações. De outro lado, as organizações dependem direta e cionais. Como elementos impulsionadores da organização e capazes de
irremediavelmente das pessoas para operar, produzir seus bens e serviços, dotá-la de inteligência, talento e aprendizagem indispensáveis à sua cons-
atender seus clientes, competir nos mercados e atingir seus objetivos tante renovação e competitividade em um mundo cheio de mudanças e
globais e estratégicos. Na verdade, cada uma das partes depende da outra. desafios. As pessoas como fonte de impulso próprio que dinamiza a organi-
Uma relação de mútua dependência na qual há benefícios recíprocos. zação e não como agentes passivos, inertes e estáticos.

As organizações apresentam uma incrível variedade. Elas podem ser As pessoas como parceiros da organização. Capazes de conduzi-la
indústrias, comércio, bancos, financeiras, hospitais, universidades, lojas, à excelência e ao sucesso. Como parceiros, as pessoas fazem investimen-
prestadoras de serviços etc. Podem ser grandes, médias e pequenas tos na organização – como esforço, dedicação, responsabilidade, compro-
quanto ao seu tamanho. Podem ser públicas ou privadas quanto a sua metimento, riscos etc. – na expectativa de colherem retornos desses inves-
propriedade. Quase tudo de que a sociedade necessita é produzido pelas timentos – como salários, incentivos financeiros, crescimento profissional,
organizações. Vivemos em uma sociedade de organizações, pois nasce- carreira etc. Qualquer investimento somente se justifica quando traz um
mos nelas, aprendemos nelas, servimo-nos delas, trabalhamos nelas e retorno razoável. Na medida em que o retorno é bom e sustentável, a
passamos a maior parte de nossas vidas dentro delas. tendência certamente será a manutenção ou aumento do investimento. Daí,
o caráter de reciprocidade na interação entre pessoas e organizações. E
Em resumo, as organizações são constituídas de pessoas e dependem também o caráter de atividade e autonomia e não mais de passividade e
delas para atingir seus objetivos e cumprir suas missões. E para as pesso- inércia das pessoas. Pessoas como parceiros ativos da organização e não
as, as organizações constituem o meio através do qual elas podem alcan- como meros sujeitos passivos dela.
çar vários objetivos pessoais.
OBJETIVOS DA GESTÃO DE PESSOAS
CONCEITO DE GESTÃO DE PESSOAS:
As pessoas constituem o principal ativo da organização. Daí, a neces-
A Gestão de Pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que sidade de tornar as organizações mais conscientes e atentas para seus
predomina nas organizações. Ela é contingencial e situacional, pois depen- funcionários. As organizações bem-sucedidas estão percebendo que ape-
de de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da nas podem crescer, prosperar e manter sua continuidade se forem capazes
estrutura organizacional adotada, das características do contexto ambiental, de otimizar o retorno sobre os investimentos de todos os parceiros. Princi-
do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos palmente, o dos empregados.
e de uma infinidade de outras variáveis importantes.
A Gestão de Pessoas é a função que permite a colaboração eficaz das
As pessoas como parceiras da organização pessoas para alcançar os objetivos organizacionais e individuais.
Nos tempos atuais, as organizações estão ampliando sua visão e atua- As pessoas podem aumentar ou reduzir as forças e fraquezas de uma
ção estratégica. Todo processo produtivo somente se realiza com a partici- organização dependendo da maneira como elas são tratadas. Elas podem
pação conjunta de diversos parceiros, cada qual contribuindo com algum ser a fonte do sucesso como podem ser a fonte de problemas. É melhor
recurso. trata-las como fonte de sucesso.
Cada parceiro está disposto a continuar investindo seus recursos na Os objetivos da Gestão de Pessoas são variados. A ARH deve contri-
medida em que obtém retornos e resultados satisfatórios de seus investi- buir para a eficácia organizacional através dos seguintes meios:
mentos. Através desses resultados a organização pode proporcionar um
Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão.
retorno maiôs às contribuições efetuadas pelos parceiros e manter a conti-
nuidade do negócio. Geralmente, as organizações procuram privilegiar os Proporcionar competitividade à organização.
parceiros mais importantes. Os acionistas e investidores eram, até pouco
tempo, os mais privilegiados na distribuição e apropriação dos resultados Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e bem motivadas.
organizacionais. Esta assimetria está sendo substituída por uma visão Aumentar a auto-atualização e a satisfação das pessoas no trabalho.
sistêmica e integrada de todos os parceiros do negócio, já que todos eles
são indispensáveis para o sucesso da empresa. Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho.
Pessoas como recursos ou como parceiros da organização? Administrar e impulsionar a mudança.
Dentro deste contexto, a questão básica é escolher entre tratar as pes- Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável.
soas como recursos organizacionais ou como parceiras da organização. Os
A moderna Gestão de Pessoas consiste de várias atividades integra-
empregados podem ser tratados como recursos produtivos das organiza-
das, como descrição e análise de cargos, planejamento de RH, recrutamen-
ções: os chamados recursos humanos. Como recursos, eles precisam ser
to, seleção, orientação e motivação das pessoas, avaliação do desempe-
administrados, o que envolve planejamento, organização, direção e controle
nho, remuneração, treinamento e desenvolvimento, relações sindicais,
de suas atividades, já que são considerados sujeitos passivos da ação
segurança, saúde e bem-estar etc.
organizacional. Daí, a necessidade de administrar os recursos humanos
para obter deles o máximo rendimento possível. O que é Gestão de Pessoas?
As pessoas devem ser visualizadas como parceiras das organizações. No seu trabalho, cada administrador – seja ele um diretor, gerente, che-
Como tais, elas são fornecedoras de conhecimentos, habilidades, compe- fe ou supervisor – desempenha as quatro funções administrativas que
tências e, sobretudo, o mais importante aporte para as organizações: a constituem o processo administrativo, a saber: planejar, organizar, dirigir e
inteligência que proporciona decisões racionais e que imprime significado e controlar. A ARH procura ajudar o administrador a desempenhar todas
rumo aos objetivos globais. Neste sentido, as pessoas constituem parte essas funções porque ele não realiza seu trabalho sozinho, mas através
integrante do capital intelectual da organização. As organizações bem- das pessoas que formam sua equipe. É com sua equipe de subordinados
sucedidas se deram conta disso e tratam seus funcionários como parceiros que o administrador executa as tarefas e alcança metas e objetivos.
do negócio e fornecedores de competências e não mais como simples
empregados contratados. A ARH refere-se às políticas e práticas necessárias para administrar o
trabalho das pessoas, tais como:
Aspectos fundamentais da moderna Gestão de Pessoas:
Análise e descrição de cargos e modelagem do trabalho.
As pessoas como seres humanos. Dotados de personalidade própria
e profundamente diferentes entre si, com uma história pessoal particular e

Gestão de Pessoas 2
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Recrutamento e seleção de pessoal e admissão de candidatos selecio- pessoas é o próprio gerente – ou supervisor ou líder de equipe – ao qual
nados. elas estão subordinadas. Ele tem a responsabilidade linear e direta pela
condução de seus subordinados. Por essa razão, existe o princípio da
Orientação e integração de novos funcionários. unidade de comando: cada pessoa deve ter apenas um gerente. A contra-
Administração de cargos e salários. partida desse princípio é que cada gerente é o único e exclusivo chefe dos
seus subordinados. Para que o gerente possa assumir com plena autono-
Incentivos salariais e benefícios sociais. mia essa responsabilidade de gerir seu pessoal, ele precisa receber asses-
Avaliação de desempenho das pessoas. soria e consultoria de órgão de ARH, que lhe proporciona os meios e servi-
ços de apoio. Assim, gerir pessoas é uma responsabilidade de cada geren-
Comunicação aos funcionários. te que deve receber orientação do staff a respeito das políticas e procedi-
mentos adotados pela organização.
Treinamento e desenvolvimento das pessoas.
Centralização/descentralização das atividades de RH:
Desenvolvimento organizacional.
O conceito básico de que administrar pessoas é uma responsabilidade
Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho.
de linha e uma função de staff é fundamental. Acontece que as empresas
Relações com empregados e relações sindicais. sempre se defrontaram com o problema do relativo grau de centraliza-
ção/descentralização de suas áreas de atividades. E na área de ARH
Essas políticas e práticas podem ser resumidas em seis processos bá- sempre predominou uma forte tendência para a centralização e concentra-
sicos: ção na prestação de serviços para as demais áreas empresariais. A tal
- Processos de Agregar Pessoas ponto que, em muitas empresas, o recrutamento e seleção, a admissão,
integração, treinamento e desenvolvimento, administração de salários e
- Processos de Aplicar Pessoas remuneração, administração de benefícios, higiene e segurança do traba-
- Processos de Recompensar Pessoas lho, avaliação do desempenho, eram estreitamente concentrados na área
de ARH, com pouca participação gerencial das demais áreas. A tal ponto
- Processos de Desenvolver Pessoas que o staff é quem tomava as decisões peculiares da linha.
- Processos de Manter Pessoas A interação entre especialistas de RH e gerentes de linha:
- Processos de Monitorar Pessoas As tarefas de ARH mudaram com o tempo. Hoje, elas são desempe-
nhadas nas organizações por dois grupos de executivos: de um lado, os
- Recrutamento - Modelagem -Remuneração -Treinamento -Higiene especialistas em RH que atuam como consultores internos, e de outro, os
e -Banco de dados gerentes de linha (gerentes, supervisores etc.) que estão envolvidos dire-
- Seleção do trabalho -Benefícios -Desenvolvimento segurança - tamente nas atividades de RH por serem responsáveis pela utilização
Sistemas de eficaz de seus subordinados. Os gerentes de linha utilizam um tempo
considerável na gestão de pessoas, em reuniões, conversas individuais ou
- Avaliação do -Incentivos -Aprendizagem -Qualidade informações grupais, telefonemas, e-mails, solução de problemas e definição de planos
- desempenho de vida gerenciais futuros.

- Relações com sindicatos Conflitos entre linha e staff:

Todos esses processos estão bastante relacionados entre si, de tal Quando os dois lados – gerentes de linha e especialistas de RH – to-
maneira que se interpenetram e se influenciam reciprocamente. Cada mam decisões sobre as mesmas pessoas, geralmente ocorrem conflitos. O
processo tende a favorecer ou prejudicar os demais, quando bem ou mal especialista de staff está preocupado com suas funções básicas de propor-
utilizado. cionar consultoria, aconselhamento e informação sobre a sua especialida-
de. Ele não tem autoridade direta sobre o gerente de linha. O gerente de
O equilíbrio na condução de todos esses processos é fundamental. linha tem autoridade para tomar as decisões relacionadas com suas opera-
Quando um processo é falho, ele compromete todos os demais. Além ções e seus subordinados. Ocorre que nem sempre existe uma distinção
disso, todos esses processos são desenhados de acordo com as exigên- clara entre linha e staff nas organizações. O conflito entre especialistas de
cias das influências ambientais externas e das influências organizacionais RH e gerentes de linha é mais crítico quando as decisões exigem um
internas para obter a melhor compatibilização entre si. Ele deve funcionar trabalho conjunto em assuntos como disciplina, condições de trabalho,
como um sistema aberto e interativo. Trata-se de um modelo de diagnóstico transferências, promoções e planejamento de pessoal.
de RH.
Existem três maneiras para reduzir o conflito entre linha e staff:
Modelo de diagnóstico de RH:
Demonstrar aos gerentes de linha os benefícios de usar os programas
Processos de RH de RH.
A ESTRUTURA DO ÓRGÃO DE GESTÃO DE PESSOAS: Atribuir responsabilidades por certas decisões de RH exclusivamente
aos gerentes de linha, e outras exclusivamente aos especialistas de RH.
Cada divisão aglutina profissionais especializados em suas funções
específicas. Aparentemente, essa especialização traz vantagens pela Treinar ambos os lados - gerentes de linha e especialistas de RH – em
concentração e integração de profissionais. Entretanto, essas vantagens como trabalhar juntos e tomar decisões conjuntas.
são toldadas pela orientação focada nos objetivos específicos de cada
função. O resultado é uma tremenda subobjetivação: privilegiam-se os As responsabilidades de ARH dos gerentes de linha:
objetivos divisionais e departamentais, enquanto os objetivos empresariais Lidar com pessoas sempre foi parte integral da responsabilidade de li-
vão para o brejo. Torna-se difícil obter a cooperação e a colaboração dos nha de cada executivo, desde o presidente até o mais baixo nível de super-
diversos departamentos em assuntos mais amplos. E, por cima, cada órgão visão. Organizações bem-sucedidas definem as seguintes responsabilida-
funciona como uma entidade organizacional definitiva, permanente, sepa- des de linha para os gerentes:
rada das demais em uma rígida divisão do trabalho global. Uma coleção de
feudos. Colocar a pessoa certa no lugar certo, isto é, recrutar e selecionar.

ARH COMO RESPONSABILIDADE DE LINHA E FUNÇÃO DE Integrar e orientar os novos funcionários na equipe.
STAFF: Treinar e preparar as pessoas para o trabalho.
Há um princípio básico em ARH: gerir pessoas é uma responsabilidade Avaliar e melhorar o desempenho de cada pessoa no cargo ocupado.
de linha e uma função de staff. O que significa isso? Quem deve gerir as

Gestão de Pessoas 3
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Ganhar cooperação criativa e desenvolver relações agradáveis de tra- A Teoria Clássica da Administração e o Modelo Burocrático surgiram
balho. como a medida exata para as organizações dessa época. O mundo se
caracterizava por mudanças vagarosas. O ambiente que envolvia as orga-
Interpretar e aplicar políticas e procedimentos da organização. nizações era conservador e voltado para a manutenção do status quo. A
Controlar os custos trabalhistas. eficiência era a preocupação básica e para alcança-la eram necessárias
medidas de padronização e simplificação, bem como especialização da
Desenvolver as habilidades e competências de cada pessoa. mão-de-obra para permitir escalas de produção maiores e custos menores.
Criar e manter elevado moral na equipe. O modelo organizacional baseava-se em um desenho mecanístico típico da
lógica do sistema fechado.
Proteger a saúde e proporcionar condições adequadas de trabalho.
Era Industrial Clássica
Em organizações de pequeno porte, os gerentes de linha assumem to-
das essas responsabilidades sem qualquer assistência interna ou externa. Desenho mecanístico
Á medida que a organização cresce, o trabalho dos gerentes de linha se Muitos níveis hierárquicos e coordenação centralizada
divide e se especializa e eles passam a necessitar de assistência através
da consultoria de um staff de RH. A partir daí a ARH torna-se então uma Departamentalização funcional para assegurar especialização
função especializada de staff. Padrões rígidos de comunicação e cargos definitivos e limitados
A função de staff e a responsabilidade de linha na Gestão de Pes- Pequena capacidade de processamento da informação
soas:
Cargos individuais especializados com tarefas simples e repetitivas
Função de staff
Ênfase na eficiência da produção, no método e na rotina
Responsabilidade de linha
Adequado para ambiente estável e imutável e tecnologia fixa e perma-
Órgão de ARH
nente
Gestor de pessoas (Gestores de linha) Nenhuma capacidade para mudança e inovação
-Cuidar das políticas de RH Nesse contexto, a cultura organizacional predominante era voltada pa-
-Prestar assessoria e suporte ra o passado e para a conservação das tradições e valores tradicionais. As
pessoas eram consideradas recurso de produção, juntamente com outros
-Dar consultoria interna de RH recursos organizacionais como máquinas, equipamentos e capital, na
-Proporcionar serviços de RH conjunção típica dos três fatores tradicionais de produção: natureza, capital
e trabalho.
-Dar orientação de RH
Era da Industrialização Neoclássica:
-Cuidar da estratégia de RH
É o período que se estende entre as décadas de 1950 a 1990. Teve
-Cuidar da sua equipe de pessoas seu início logo após a Segunda Guerra Mundial, quando o mundo começou
a mudar mais rápida e intensamente. As transações comerciais passaram
-Tomar decisões sobre subordinados
da amplitude local para regional, e de regional para internacional, tornando-
-Executar as ações de RH se cada vez mais intensas e menos previsíveis, acentuando a competição
entre as empresas.
-Cumprir metas de RH
A Teoria Clássica foi substituída pela Teoria Neoclássica da Adminis-
-Alcançar resultados de RH tração e o Modelo Burocrático foi redimensionado pela Teoria Estruturalista.
-Cuidar da tática e operações A Teoria das Relações Humanas foi substituída pela Teoria Comportamen-
tal. Ao longo do período, surge a Teoria de Sistemas e no seu final, a
A GESTÃO DE PESSOAS EM UM AMBIENTE DINÂMICO E COMPE- Teoria da Contingência. A visão sistêmica e multidisciplinar e o relativismo
TITIVO tomam conta da Teoria Administrativa.
A ARH é uma das áreas mais afetadas pelas recentes mudanças que As organizações tentaram novos modelos estruturais para incentivar a
estão acontecendo no mundo moderno. As empresas perceberam que as inovação e o ajustamento às mutáveis condições externas. A estrutura
pessoas constituem o elemento do seu sistema nervoso que introduz a matricial, uma espécie de quebra-galhos para reconfigurar e reavivar a
inteligência nos negócios e a racionalidade nas decisões. Assim, hoje se velha tradicional organização funcional, foi a resposta das organizações. A
falda em Gestão de Pessoas e não mais em recursos humanos, exatamen- abordagem matricial visava a conjugar a departamentalização funcional
te para proporcionar essa nova visão das pessoas – não mais como meros com um esquema lateral de estrutura por produtos/serviços, a inovação e
funcionários remunerados em função do tempo disponibilizado para a dinamismo e alcançar maior competitividade.
organização – mas como parceiros e colaboradores do negócio da empre-
sa. Era Industrial Neoclássica

AS MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES NO CENÁRIO MUNDIAL: Desenho matricial

É a partir da Revolução Industrial que surge o conceito atual de traba- Desenho híbrido: estrutura funcional acoplada à estrutura de P/S
lho. E é no decorrer do século XX que o trabalho recebeu a configuração Coordenação descentralizada sob dupla subordinação: autoridade fun-
que hoje está assumindo. cional e autoridade de projeto (produto/serviço)
Podemos visualizar ao longo do século XX três eras organizacionais Padrões duplos de interação em cargos mutáveis e inovadores
distintas: a Era Industrial Clássica, a Era Industrial Neoclássica e a Era da
Informação. Aumento da capacidade de processamento da informação
Era da Industrialização Clássica: Cargos adequados para tarefas mais complexas e inovadoras
É o período logo após a Revolução Industrial e que se estendeu até Ideal para ambiente instável e mutável e tecnologia mutável
meados de 1950 envolvendo a primeira metade do século XX. Sua maior
Razoável capacidade para mudança e inovação
característica foi a intensificação do fenômeno da industrialização em
amplitude mundial e o surgimento dos países desenvolvidos ou industriali- Era da Informação:
zados.

Gestão de Pessoas 4
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
É o período que começou no início da década de 1990. É a época em res de pessoas. As equipes de RH proporcionam consultoria interna, para
que estamos vivendo atualmente. A principal característica dessa nova era que a área possa assumir atividades estratégicas de orientação global,
são as mudanças, que se tornaram rápidas, imprevistas, turbulentas e visando ao futuro e ao destino da organização e seus membros. As pesso-
inesperadas. A tecnologia da informação – integrando a televisão, o telefo- as – de agentes passivos que são administrados – passam a constituir
ne e o computador – trouxe desdobramento imprevisíveis e transformou o agentes ativos e inteligentes que ajudam a administrar os demais recursos
mundo em uma verdadeira aldeia global. A informação passou a cruzar o organizacionais. As pessoas passam a ser consideradas como parceiros da
planeta em milésimos de segundos. A tecnologia da informação forneceu organização que tomam decisões a respeito de suas atividades, cumprem
as condições básicas para o surgimento da globalização da economia. A metas e alcançam resultados previamente negociados e que servem o
competitividade tornou-se intensa e complexa entre as organizações. O cliente no sentido de satisfazer suas necessidades e expectativas. Na Era
volátil mercado de capitais passou a migrar de um continente para outro em da Informação, lidar com as pessoas deixou de ser um problema e passou
segundos à procura de novas oportunidades de investimentos, ainda que a ser a solução para as organizações. Deixou de ser um desafio e passou a
transitórias. Em uma época em que todos dispõem da informação em ser a vantagem competitiva para as organizações bem-sucedidas. De uma
tempo real, são mais bem-sucedidas as organizações capazes de tomar a área fechada, hermética, monopolística e centralizadora que a caracteriza-
informação e transforma-la rapidamente em uma oportunidade de novo vam no passado, a moderna ARH está se tornando uma área aberta,
produto ou serviço, antes que outras o façam. O capital financeiro deixou de amigável, compartilhadora, transparente e descentralizadora.
ser o recurso mais importante, cedendo lugar para o conhecimento. O
conhecimento torna-se básico, e o maior desafio passa a ser a produtivida- OS DESAFIOS DO TERCEIRO MILÊNIO
de do conhecimento. Tornar o conhecimento útil e produtivo tornou-se a O terceiro milênio aponta para mudanças cada vez mais velozes e in-
maior responsabilidade gerencial. Na era da informação, o emprego passou tensas no ambiente, nas organizações e nas pessoas. O mundo dos negó-
a migrar do setor industrial para o setor de serviços, o trabalho manual cios ficou completamente diferente, exigente, dinâmico, mutável e incerto. E
substituído pelo trabalho mental, indicando o caminho para uma era da pós- as pessoas sentem o impacto dessas influências e necessitam de um apoio
industrialização baseada no conhecimento e no setor terciário. e suporte por parte dos seus líderes e gerentes. E eles requerem, por seu
Desenho orgânico lado, o apoio e suporte da ARH.

Ênfase em equipes autônomas e não mais em órgãos ou departamen- OS NOVOS PAPÉIS DA GESTÃO DE PESSOAS
tos Com todas essas mudanças e transformações no mundo, a área de RH
Elevada interdependência entre as redes internas de equipes está passando por profundas mudanças. Nos últimos tempos, a área pas-
sou por uma forte transição. Na verdade, os papéis hoje assumidos pelos
Organização ágil, maleável, fluida, simples e inovadora profissionais de RH são múltiplos: eles devem desempenhar papéis opera-
cionais e ao mesmo tempo estratégicos.
Intensa interação através de cargos autodefinidos e mutáveis
Os dois eixos da figura definem quatro papéis principais de RH, a sa-
Cargos flexíveis e adequados a tarefas complexas e variadas
ber:
Capacidade expandida de processamento da informação
Administração de estratégias de recursos humanos. Como RH pode a-
Ênfase na mudança, na criatividade e na inovação judar a impulsionar a estratégia organizacional.
Ideal para ambiente mutável e dinâmico e tecnologia de ponta Administração da infra-estrutura da empresa. Como RH pode oferecer
uma base de serviços à organização para ajuda-la a ser eficiente e eficaz.
AS MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES NA FUNÇÃO DE RH:
Administração da contribuição dos funcionários. Como RH pode ajudar
As três eras ao longo do século XX – Industrialização Clássica e Neo- no envolvimento e comprometimento dos funcionários, trasnsformando-os
clássica e a era da Informação – trouxeram diferentes abordagens sobre em agente empreendedores, parceiros e fornecedores para a organização.
como lidar com as pessoas dentro das organizações. Ao longo das três
eras, a área de ARH passou por três etapas distintas: Relações Industriais, Administração da transformação e da mudança. Como RH pode ajudar
Recursos Humanos e Gestão de Pessoas. na criação de uma organização criativa, renovadora e inovadora.
Pessoal / relações industriais: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE GESTÃO DE PESSOAS
Na Industrialização Clássica surgem os antigos departamentos de pes- As organizações não existem no vácuo. E nem funcionam ao acaso.
soal e, posteriormente, os departamentos de relações industriais. Eram Como sistemas abertos, as organizações operam através de mecanismos
órgãos destinados a fazer cumprir as exigências legais a respeito do em- de cooperação e de competição com outras organizações e lutam contra
prego e o relacionamento da organização com os sindicatos e a coordena- outras organizações para manter seus domínios e mercados. A estratégia
ção interna com os demais departamentos para enfrentar problemas sindi- organizacional constitui o mecanismo através do qual a organização intera-
cais de conteúdo reivindicatório. As pessoas são consideradas apêndice ge com seu contexto ambiental. A estratégia define o comportamento da
das máquinas e meras fornecedoras de esforço físico e muscular, predomi- organização em um mundo mutável, dinâmico e competitivo. A estratégia é
nando o conceito de mão-de-obra. condicionada pela missão organizacional, pela visão do futuro e pelos
objetivos principais da organização. O único integrante racional e inteligente
Recursos Humanos: da estratégia organizacional é o elemento humano.
Na Industrialização Neoclássica, surgem os departamentos de recursos MISSÃO
humanos que substituem os antigos departamentos de relações industriais.
Além das tarefas operacionais e burocráticas, os chamados DRH desenvol- As organizações não são criadas a esmo. Elas existem para fazer al-
vem funções operacionais e táticas, como órgãos prestadores de serviços guma coisa. Todas as organizações têm uma missão a cumprir. A missão
especializados. Cuidam do recrutamento, seleção, treinamento, avaliação, representa a razão da existência de uma organização. Significa a finalidade
remuneração, higiene e segurança do trabalho e de relações trabalhistas e ou o motivo pelo qual a organização foi criada e para que ela deve servir.
sindicais, com variadas doses de centralização e monopólio dessas ativida- Uma definição da missão organizacional deve responder a três perguntas
des. básicas: Quem somos nós? O que fazemos? E por que fazemos o que
fazemos? A missão envolve os objetivos essenciais do negócio e sta ge-
Gestão de Pessoas: ralmente focalizada fora da empresa, ou seja, no atendimento a demandas
Na Era da Informação, surgem as equipes de gestão com pessoas, que da sociedade, do mercado ou do cliente. É importante conhecer a missão e
substituem os departamentos de recursos humanos e de gestão de pesso- os objetivos essenciais de uma organização, porque se as pessoas não
as. As tarefas operacionais e burocráticas são transferidas para terceiros sabem por que ela existe e para onde pretende ir, elas jamais saberão qual
através da terceirização, enquanto as atividades táticas são delegadas aos o melhor caminho a seguir.
gerentes de linha em toda a organização, os quais passam a ser os gesto-

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A missão funciona como o propósito orientador para as atividades da tendida, ficam sabendo exatamente para onde ir e como ir, sem necessida-
organização e para aglutinar os esforços dos seus membros. Cada organi- de de coerção.
zação tem a sua missão própria e específica. A missão deve ser objetiva,
clara, possível e, sobretudo, impulsionadora e inspiradora. Ela deve refletir A visão não deve ser o elemento conservador do status quo, mas deve
um consenso interno de toda a organização e ser facilmente compreendida refletir uma postura não-conformista – de não aceitação complacente – em
pelas pessoas de fora da organização. relação aos atuais resultados da empresa. Esse inconformismo permanente
com o status quo é que produz a visão organizacional: aquilo que a empre-
A missão deve traduzir a filosofia da organização, que é geralmente sa pretende ser com a ajuda das pessoas.
formulada por seus fundadores ou criadores através de seus comportamen-
tos e ações. Essa filosofia envolve os valores e crenças centrais, que A missão e a visão proporcionam os elementos básicos para a defini-
representam os princípios básicos da organização que balizam a sua ção dos objetivos globais e a formulação da estratégia organizacional. A
conduta ética, responsabilidade social e suas respostas às necessidades estratégia organizacional funciona como o meio para realizar a missão e
do ambiente. alcançar os objetivos organizacionais decorrentes da visão da empresa.

A missão deve traduzir a sua filosofia em metas tangíveis e que orien- OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS
tem a organização para um desempenho excelente. É a missão que define Objetivo é um resultado desejado que se pretende alcançar dentro de
a estratégia organizacional e indica o caminho a ser seguido pela organiza- um determinado período. Vimos que a visão organizacional se refere a um
ção. conjunto de objetivos desejados pela organização. Daí a denominação de
A missão da organização deve ser cultivada pelos dirigentes e ser di- objetivos organizacionais para diferencia-los dos objetivos individuais
fundida intensamente entre todos os funcionários para a conscientização e desejados pelas pessoas para alcançar proveitos pessoais.
comprometimento pessoal de todos em relação ao seu alcance. O cultivo A visão organizacional proporciona o foco no futuro e oferece as bases
da missão faz com que todos os membros da organização procurem não para a definição dos objetivos organizacionais a serem alcançados. Os
apenas servir ao cliente, mas ultrapassar as suas expectativas e encanta- objetivos devem atender simultaneamente a seis critérios, que são:
lo. Nas organizações bem sucedidas, a formalização da missão é definida
pelo nível institucional, com a ajuda participativa dos níveis intermediário e ser focalizado em um resultado a atingir e não em uma atividade
operacional da organização. ser consistente, ou seja, precisa estar amarrado coerentemente a ou-
A missão facilita a identificação dos valores que a organização deve tros objetivos e demais metas da organização
cultivar. Quando todos os funcionários conhecem a missão e os valores que ser específico, isto é, circunscrito e bem definido
norteiam seu trabalho, tudo fica mais fácil de entender, de saber qual o seu
papel e como contribuir de maneira eficaz para o sucesso da organização. ser mensurável, ou seja, quantitativo e objetivo
VALORES ser relacionado com um determinado período, como dia, semana, mês
e número de anos
Valor é uma crença básica sobre o que se pode ou não fazer, sobre o
que é ou não importante. As organizações priorizam certos valores (as ser alcançável, isto é, os objetivos devem ser perfeitamente possíveis
pessoas são o ativo mais importante ou o cliente tem sempre razão) que
Existem três tipos de objetivos
funciona como padrões orientadores do comportamento das pessoas. Na
verdade, os valores definidos por uma organização muitas vezes podem Objetivos rotineiros. São os objetivos do cotidiano e que servem como
diferir daquilo que os seus dirigentes acreditam ou valorizam no seu cotidi- padrões de desempenho do dia-a-dia.
ano. É o caso da afirmação de que as pessoas estão em primeiro lugar na
organização, enquanto os dirigentes insistem em horários rígidos e enxu- Objetivos de aperfeiçoamento. São os objetivos que servem para me-
gamentos à custa do corte de pessoas, o que mostra claramente como os lhorar e alavancar os atuais resultados da organização, no sentido de
valores organizacionais são praticados na realidade. aperfeiçoar e incrementar aquilo que já existe.

A cultura organizacional é importante na definição dos valores que ori- Objetivos inovadores. São os objetivos que incorporam ou agregam al-
entam a organização e seus membros. Os líderes assumem um papel go totalmente novo à organização.
importante ao criar e sustentar a cultura organizacional através de suas Não basta ter objetivos rotineiros e de aperfeiçoamento. Isso é o míni-
ações, de seus comentários e das visões que adotam. A moderna Gestão mo. É preciso emplacar objetivos inovadores. Assim, a definição dos objeti-
de Pessoas não pode ficar distanciada da missão da organização. Afinal, a vos globais da organização conduz à formulação da estratégia organizacio-
missão se realiza e concretiza através das pessoas. São elas que condu- nal.
zem as atividades e garantem o alcance da missão da organização. Para
tanto, torna-se necessário um comportamento missionário dos dirigentes e ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
das pessoas que eles lideram: saber cumprir a missão organizacional A estratégia organizacional refere-se ao comportamento global e inte-
através do trabalho e da atividade em conjunto. grado da empresa em relação ao ambiente que a circunda. Quase sempre,
VISÃO estratégia significa mudança organizada. Toda organização precisa ter um
padrão de comportamento holístico e sistêmico em relação ao mundo de
Além do caráter missionário existe também um caráter visionário nas negócios que a circunda e onde opera. Geralmente, a estratégia organiza-
modernas organizações. Visão é a imagem que a organização tem a res- cional envolve os seguintes aspectos fundamentais:
peito de si mesma e do seu futuro. É o ato de ver a si própria no espaço e
no tempo. É definida pelo nível institucional da organização

Em geral, a visão está mais voltada para aquilo que a organização pre- É projetada a longo prazo e define o futuro e o destino da organização
tende ser do que como ela realmente é. Muitas organizações colocam a Envolve a empresa em sua totalidade para obtenção de efeitos siner-
visão como o projeto que elas gostariam de ser dentro de um certo prazo gísticos
de tempo e qual o caminho futuro que pretendem adotar para chegar até lá.
O termo visão é utilizado para descrever um sentido claro do futuro e a É um mecanismo de aprendizagem organizacional
compreensão das ações necessárias para torna-lo rapidamente um suces-
A estratégia parte dos objetivos estratégicos da missão e da visão que
so.
se pretende realizar e é balizada por dois tipos de análise. De um lado, a
A visão é importante nas modernas empresas pelo fato de que hoje análise ambiental para verificar e analisar as oportunidades que devem ser
não se controlam mais as pessoas através de regras burocráticas e hierar- aproveitadas e as ameaças que devem ser neutralizadas e evitadas. De
quia de comando, mas por meio de um compromisso com a visão e os outro lado, a análise organizacional para verificar e analisar os pontos fortes
valores compartilhados. Quando as pessoas conhecem qual a visão pre- e fracos da empresa.

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A estratégia organizacional representa a maneira pela qual a empresa simultaneamente, favorecer e incentivar o alcance dos objetivos individuais
se comporta perante o ambiente que a circunda, procurando aproveitar as dos funcionários.
oportunidades potenciais do ambiente e neutralizar as ameaças potenciais
que rondam os seus negócios. Além disso, a estratégia organizacional tem Os passos no planejamento estratégico de RH:
os seus desdobramentos: ela reflete a maneira pela qual a empresa procu- O planejamento estratégico de RH é o processo de decisão as respeito
ra maximizar as suas forças reais e potenciais e minimizar as suas fraque- dos recursos humanos necessários para atingir os objetivos organizacio-
zas reais e potenciais. nais, dentro de um determinado período de tempo. Trata-se de definir
A estratégia organizacional é um conjunto de manobras que se desen- antecipadamente qual a força de trabalho e os talentos humanos necessá-
volve em um ambiente competitivo: aproveitar as oportunidades externas e rios para a realização da ação organizacional futura. Ocorre que o planeja-
esquivar-se das ameaças ambientais ao mesmo tempo em que se aplica mento de pessoal nem sempre é da responsabilidade do órgão de pessoal
mais intensamente as forças internas e se corrige as fraquezas internas. da organização, apesar de sua importância.

A estratégia precisa funcionar como um programa global para a conse- As bases do planejamento de RH são: a demanda de trabalho e o for-
cução de objetivos organizacionais e deve receber o consenso geral e ser necimento de trabalho. O que é preciso e o que é possível são os dois
capaz de motivar e envolver todos os colaboradores da organização. Deve lados da moeda.
ser amplamente difundida e comunicada para servir como fio condutor da As bases do planejamento estratégico de RH:
ação organizacional.
Modelos de Planejamento de RH
A formulação da estratégia organizacional:
O planejamento estratégico de RH pode ser formulado e desenhado
O que há no ambiente? após, isolada ou integradamente, o planejamento estratégico da empresa.
O planejamento estratégico pode focalizar a estabilidade no sentido de Quando o planejamento estratégico de RH é feito após a elaboração do
assegurar a continuidade do comportamento atual, em uma ambiente planejamento estratégico da empresa e procura adaptar-se a ele no sentido
previsível e estável. Também pode focalizar a melhora do comportamento de contribuir para sua implementação, ele recebe o nome de planejamento
para assegurar a reação adequada a frequentes mudanças em uma ambi- adaptativo de RH. Na outra ponta, quando o planejamento estratégico de
ente mais dinâmico e incerto. Pode ainda focalizar as contingências no RH é feito isoladamente pelos especialistas da área, sem nenhuma preocu-
sentido de antecipar-se a eventos que podem ocorrer no futuro e identificar pação ou articulação com o planejamento introvertido e auto-orientado para
as ações apropriadas quando eles eventualmente ocorrerem. a função de RH, ele recebe o nome de planejamento autônomo e isolado
de RH. Ambos – planejamento adaptativo e planejamento autônomo – não
Como todo planejamento se subordina a uma filosofia de ação, Ackoff funcionam bem pelo fato de não estarem perfeitamente integrados no plano
aponta três tipos de filosofia do planejamento estratégico: maior. O ideal é o planejamento estratégico de RH integrado ao planeja-
mento estratégico da organização.
Planejamento conservador. É o planejamento voltado para a estabili-
dade e manutenção da situação existente. As decisões são tomadas no Para alcançar todo o seu potencial de realizações, a organização pre-
sentido de obter bons resultados, mas não necessariamente os melhores cisa ter pessoas adequadas e disponíveis para o trabalho a ser realizado.
possíveis, pois dificilmente o planejamento procurará fazer mudanças Na prática, isso significa que todos os gerentes devem estar seguros de
radicais na organização. Sua ênfase é conservar as práticas vigentes. O que os cargos sob sua responsabilidade estão ocupados por pessoas
planejamento conservador ou defensivo está mais preocupado em identifi- capazes de desempenha-los adequadamente. Isso requer um cuidadoso
car e sanar deficiências e problemas internos do que em explorar novas planejamento estratégico de RH.
oportunidades ambientais.
Alternativas de fusão entre o planejamento estratégico e o de RH
Planejamento otimizante. É o planejamento voltado para a adaptabili-
dade e inovação da organização. As decisões são tomadas no sentido de As alternativas do planejamento estratégico de RH
obter os melhores resultados possíveis para a organização, seja minimi- Existem vários modelos de planejamento de RH:
zando recurso para alcançar um determinado desempenho ou objetivo, seja
maximizando o desempenho para melhor utilizar os recursos disponíveis. O Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço
planejamento otimizante ou analítico está baseado em uma preocupação, Baseia-se no conceito de que as necessidades de pessoal são uma va-
em melhorar as práticas vigentes na organização. riável dependente da procura estimada do produto ou do serviço. A relação
Planejamento prospectivo. É o planejamento voltado para as contin- entre as duas variáveis – número de funcionários e procura do produ-
gências e para o futuro da organização. As decisões são tomadas no to/serviço – é influenciada por variações na produtividade, tecnologia,
sentido de compatibilizar os diferentes interesses envolvidos, através de disponibilidade interna e externa de recursos financeiros e disponibilidade
uma composição capaz de levar a resultados para o desenvolvimento de pessoas na organização. Qualquer acréscimo de produtividade decor-
natural da empresa e ajusta-la às contingências que surgem no meio do rente de mudança na tecnologia poderá trazer uma redução das necessi-
caminho. O planejamento prospectivo ou ofensivo é o contrário do planeja- dades de pessoal por unidade adicional de produto/serviço ou uma redução
mento retrospectivo que procura a eliminação das deficiências localizadas do preço do produto/serviço, de tal maneira que resulte em um aumento de
no passado da organização. Sua base é a aderência ao futuro, no sentido vendas e, consequentemente, aumento das necessidades de pessoal. Este
de ajustar-se às novas demandas ambientais e preparar-se para as futuras modelo está voltado predominantemente para o nível operacional da orga-
contingências. nização. Não considera possíveis fatos imprevistos, como estratégias dos
concorrentes, situação do mercado de clientes, greves, falta de matéria-
As três orientações do planejamento estratégico: prima etc. É extremamente limitado porque se reduz a aspectos quantitati-
Em todos os casos, o planejamento consiste na tomada antecipada de vos: quantas pessoas serão necessárias nos vários postos de trabalho para
decisões. Trata-se de decidir agora o que fazer antes que ocorra a ação produzir determinada quantidade de produto ou serviço oferecido pela
necessária. Não se trata de previsão das decisões que deverão ser toma- organização.
das no futuro, mas da tomada de decisões que produzirão efeitos e conse- Modelo baseado em segmentos de cargos
quências futuras.
Também está restrito ao nível operacional da organização. É o modelo
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RH de planejamento de pessoal operacional utilizado por empresas de grande
Um dos aspectos mais importantes da estratégia organizacional é a porte. O modelo consiste em:
sua amarração com a função de Gestão de Pessoas. Escolher um fator estratégico – como nível de vendas, volume de pro-
O planejamento estratégico de RH refere-se à maneira como a função dução, plano de expansão – cujas variações afetam proporcionalmente as
de RH pode contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais e, necessidades de pessoal.

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Estabelecer os níveis históricos (passado) e futuro para cada fator es- Do ponto de vista do fluxo interno, o planejamento de RH leva em con-
tratégico. ta a composição mutável da força de trabalho da organização, acompa-
nhando as entradas e saídas de pessoas, bem como a sua movimentação
Determinar os níveis históricos da força de trabalho para cada unidade. dentro da organização.
Projetar os níveis futuros de força de trabalho para cada unidade, atra- Na prática, o modelo integrado é um modelo sistêmico e um pouco
vés da correlação com a projeção dos níveis (históricos e futuros) do fator mais abrangente de planejamento de pessoal que permite um diagnóstico
estratégico correspondente. razoável para a tomada de decisões sobre a força de trabalho.
Algumas empresas, como a IBM, preferem calcular suas necessidades Contudo, a maioria dos modelos anteriormente apresentados funciona
totais de pessoal operacional com base em projeções relacionadas apenas como esquemas quantitativos e numéricos, tratando as pessoas como
com certos segmentos de cargos se sua força de trabalho que apresentam ativos tangíveis, deixando de lado aspectos intangíveis importantes, como
variações maiores. Suas limitações são similares ao modelo baseado na habilidades, conhecimentos, competências, atitudes, comportamentos, etc.
procura estimada do produto/serviço.
Tratam as pessoas como quantidades que devem ser preservadas na
Modelo de substituição de postos-chave organização sem se importar como elas deveriam ser caracterizadas em
É um modelo que recebe os nomes de mapas de substituição ou orga- termos de capital humano ou capital intelectual. A figura da ideia das princi-
nogramas de encarreiramento para o planejamento de funcionários. Trata- pais questões de planejamento de RH para efeito de um diagnóstico mais
se de uma representação visual de quem substitui quem na eventualidade profundo das necessidades de aporte humano à organização.
de alguma possível vaga futura dentro da organização. A montagem do Fatores que Intervêm no Planejamento de RH
sistema requer um organograma com informações fornecidas pelo sistema
de informação gerencial. Cada retângulo do organograma apresenta o Além dos elementos levados em conta nos vários modelos de planeja-
nome do funcionário com algumas informações para tomada de decisão. mento de RH, existem inúmeros outros fatores intervenientes, como o
Cada funcionário é classificado em três alternativas de promovabilidade: absenteísmo, a rotatividade e a mudança nos requisitos da força de traba-
lho. Estes fatores intervenientes provocam fortes alterações no planejamen-
Funcionário pronto para promoção imediata to de RH.
Funcionário que requer maior experiência no cargo atual Absenteísmo
Funcionário com substituto já preparado Ter funcionários nem sempre significa tê-los trabalhando durante todos
Além disso, o desempenho de cada funcionário é avaliado da seguinte os momentos do horário de trabalho. As ausências dos empregados ao
maneira: trabalho provocam certas distorções quando se refere ao volume e disponi-
bilidade da força de trabalho.
Desempenho excepcional
Absenteísmo ou ausentismo é a frequência e/ou duração do tempo de
Desempenho satisfatório trabalho perdido quando os empregados não vêm ao trabalho. O absente-
Desempenho regular ísmo constitui a soma dos períodos em que os funcionários se encontram
ausentes do trabalho, seja por falta, atraso ou a algum motivo interveniente.
Desempenho fraco
Para calcular o custo total das ausências, pode-se incluir todos os dias
Cada retângulo do organograma de substituição apresenta o nome e de trabalho perdidos, por qualquer motivo (dias de afastamento por férias,
idade do funcionário no segmento superior e, no segmento inferior, o nome doença, maternidade, acidentes de trabalho e licenças de toda espécie). Ou
dos possíveis substitutos, co os nomes e idades, antecedidos pela classifi- então calcular as chamadas presenças pobres, que incluem apenas aque-
cação de promovabilidade e avaliação do desempenho. Algumas organiza- las ausências que os empregados podem controlar pessoalmente (como
ções incluem também programas de preparação e desenvolvimento das faltas ou atrasos por motivos particulares, perfeitamente evitáveis). O índice
pessoas para melhorarem sua promovabilidade. de absenteísmo pode ser mensal ou anual.
O desempenho atual é obtido através das avaliações de desempenho, As causas e consequências das ausências foram intensamente estu-
opiniões dos demais gerentes, pares e subordinados. A promovabilidade dadas através de pesquisas que mostram que o absenteísmo é afetado
futura é baseada no desempenho atual e nas estimativas de sucesso futuro pela capacidade profissional das pessoas e pela sua motivação para o
nas novas oportunidades. Na verdade, esse modelo funciona como um trabalho, além de fatores internos e externos ao trabalho.
plano de carreiras.
As organizações bem-sucedidas estão incentivando a presença e de-
Modelo baseado no fluxo de pessoal sestimulando as ausências ao trabalho através de práticas gerenciais e
culturas que privilegiam a participação, ao mesmo tempo em que desenvol-
É um modelo que mapeia o fluxo das pessoas para dentro, através e
vem atitudes, valores e objetivos dos funcionários favoráveis à participação.
para fora da organização. A análise histórica do movimento de entradas,
saídas, promoções e transferências internas permite uma predição de curto Rotatividade de pessoal
prazo das necessidades de pessoal da organização, se não houver mudan-
ças no contexto. Trata-se de um modelo vegetativo e conservador, de A rotatividade de pessoal é o resultado da saída de alguns funcionários
natureza contábil e quantitativa, adequado para organizações estáveis e e a entrada de outros para substituí-los no trabalho. A cada desligamento
sem planos de expansão, nas quais a preocupação é apenas preencher as quase sempre corresponde a admissão de um substituto como reposição.
vagas existentes e dar continuidade ao cotidiano. Isso significa que o fluxo de saídas (desligamentos, demissões e aposenta-
dorias) deve ser compensado por um fluxo equivalente de entradas (admis-
Modelo de planejamento integrado sões) de pessoas.
É um modelo mais amplo e abrangente. Do ponto de vista de provisão Existem dois tipos de desligamento: o desligamento por iniciativa do
de insumos humanos, o planejamento integrado leva em conta quatro funcionário e o desligamento por iniciativa da organização.
fatores ou variáveis intervenientes, a saber:
A rotatividade não é uma causa, mas o efeito de algumas variáveis ex-
Volume de produção planejado pela organização ternas e internas. Dentre as variáveis externas estão a situação de oferta e
procura do mercado de RH, a conjuntura econômica, as oportunidades de
Mudanças tecnológicas dentro da organização que alterem a produtivi-
empregos no mercado de trabalho etc. Dentre as variáveis internas estão a
dade do pessoal
política salarial e de benefícios que a organização oferece, o estilo gerenci-
Condições de oferta e procura no mercado e comportamento da clien- al, as oportunidades de crescimento interno, o desenho dos cargos, o
tela relacionamento humano, as condições físicas e psicológicas de trabalho. A
Planejamento de carreiras dentro da organização

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estrutura e a cultura organizacional são responsáveis por boa parte dessas Gestão de RH contribuindo com o negócio da empresa. Trata-se de um
variáveis internas. esforço que já vem sendo aplicado em muitas organizações e é avaliado
como de média complexidade.
O elevado custo da rotatividade
Gestão por competências. Outro esforço em que as organizações se
As informações a respeito dessas variáveis externas e internas são ob- encontram menos ajustadas, apesar de ser avaliado como de média com-
tidas através da entrevista de desligamento feita com os funcionários que plexidade.
se desligam da organização e após a efetivação do desligamento para
evitar qualquer compromisso pessoal. A entrevista de desligamento é Nos aspectos considerados muito importantes estão:
realizada por um especialista em RH ou gerente de linha e abrange os
Comprometimento das pessoas com os objetivos organizacionais.
seguintes aspectos:
Gestão do conhecimento. Pouco aplicada e considerada de alta com-
Motivo que determinou o desligamento
plexidade. Poucos profissionais sabem qual é exatamente o papel do RH
Opinião do funcionário a respeito da empresa, do gerente e dos cole- diante do desafio de implementa-la.
gas
Criatividade e inovação contínuas no trabalho.
Opinião a respeito do cargo, horário de trabalho e condições de traba-
lho Modelo de gestão múltiplo envolvendo diferentes vínculos de trabalho
(pessoal permanente, pessoal temporário, pessoal de terceiros).
Opinião a respeito do salário, benefícios sociais e oportunidades e pro-
gresso Autodesenvolvimento das pessoas.

Opinião a respeito do relacionamento humano, moral e atitude das AGREGANDO PESSOAS


pessoas Os processos de Agregar Pessoas constituem as rotas de ingresso das
Opinião a respeito das oportunidades existentes no mercado de traba- pessoas na organização. Representam as portas de entrada que são
lho abertas apenas para os candidatos capazes de ajustar suas características
e competências pessoais com as características predominantes na organi-
Todos esses aspectos são registrados em um formulário de entrevista zação. Há um verdadeiro esquema de filtragem: cada organização codifica
de desligamento para tratamento estatístico das causas da rotatividade na as características humanas que são importantes para o alcance dos objeti-
organização. vos organizacionais e para sua cultura interna e passa a escolher aquelas
pessoas que a possuem em elevado grau. O processo seletivo nada mais é
Mudanças nos requisitos da força de trabalho do que a busca de adequação entre aquilo que a organização pretende e
A força de trabalho de uma organização apresenta variações ao longo aquilo que as pessoas oferecem. Contudo, não são apenas as organiza-
do tempo. As organizações vivem em um contínuo processo de mudança ções que selecionam. As pessoas também escolhem as organizações onde
que afeta profundamente as pessoas que nelas trabalham. Fatores condi- pretendem trabalhar.
cionantes, como o mundo em acelerada mudança, o impacto do desenvol- RECRUTAMENTO DE PESSOAS
vimento tecnológico, as novas formas de organização e configuração
empresarial, novos produtos e serviços e novos processos de trabalho As Organizações escolhem as pessoas que desejam como funcioná-
estão modificando profundamente os requisitos da força de trabalho. Com rios e as pessoas escolhem as organizações onde pretendem trabalhar e
essa forte mudança, muitos segmentos da força de trabalho estão se aplicar seus esforços. Trata-se de uma escolha recíproca que depende de
tornando deficientes nas novas habilidades e competências necessárias inúmeros fatores e circunstâncias, mas para que essa relação seja possível
para desempenhar as atividades requeridas. Os novos ingressantes da é necessário que as organizações comuniquem e divulguem as suas opor-
força de trabalho não estão sendo adequadamente preparados pelas tunidades de trabalho afim de que as pessoas saibam como procurá-las e
escolas. Os novos graduados ressentem-se das necessárias habilidades iniciar seu relacionamento. Este é o papel do Recrutamento: divulgar no
técnicas, humanas e conceituais. Boa parte não sabe sequer lidar com um mercado as oportunidades que a organização pretende oferecer para as
computador. Essas deficiências em habilidades e competências provocam pessoas que possuam determinadas características desejadas. Pelo Recru-
perdas para a organização e resultam em trabalho de qualidade inferior, tamento a organização sinaliza, para determinados candidatos, a oferta de
baixa produtividade, aumento nos acidentes de trabalho e constantes oportunidade de emprego. O Recrutamento funciona como uma ponte entre
queixas dos clientes. Além da defasagem em relação aos concorrentes. o Mercado de Trabalho e o Mercado de RH.
Essas perdas podem atingir bilhões de reais em cada ano. Para atacar
esse problema e começar a corrigir essa deficiência são necessários enor- O MERCADO DE TRABALHO
mes recursos das organizações no dimensionamento dos processos de As características do MT influenciam o comportamento das pessoas e,
agregar, aplicar, recompensar, desenvolver e manter pessoas. em particular, dos candidatos a emprego. Quando o MT está em situação
Apreciação Crítica do Planejamento de RH de OFERTA, existe excesso de vagas e oportunidades de emprego para os
candidatos. Nestas circunstâncias eles podem escolher e selecionar as
Modernamente, as organizações estão deixando de lado aspectos a- organizações que oferecem as melhores oportunidades e os melhores
penas quantitativos para focar e enfatizar os aspectos qualitativos e intan- salários. Como existem boas oportunidades no MT os empregados ficam
gíveis do capital humano necessário para conduzir a organização ao su- encorajados a deixar seus atuais empregos para tentar melhores oportuni-
cesso em sua estratégia organizacional. Isso significa a adoção de modelos dades em outras organizações. Toda via, quando o MT está em situação de
de gestão de pessoas integrados e estrategicamente orientados. Para PROCURA, os mecanismos se invertem.
tanto, devem funcionar como elemento de ligação entre as políticas, estru-
turas, processos e práticas operacionais definidos pela organização. A FATORES CONDICIONANTES DO MT
pesquisa conduzida pelo Progep – Programa de Estudos em Gestão de O MT é condicionado por inúmeros fatores como: o crescimento eco-
Pessoas da Fundação Instituto de Administração que congrega professores nômico, a natureza e qualidade dos postos de trabalho, a produtividade, a
da faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade inserção no mercado internacional.
de São Paulo – FEA-USP – mostra que os princípios mais relevantes que
deverão orientar o modelo de gestão de pessoas nos próximos cinco anos Na Era da Informação, a mobilidade dos empregados cresceu assusta-
são os seguintes: doramente com a migração do emprego na indústria para o setor de servi-
ços, do assalariamento legal para o ilegal, do emprego industrial metropoli-
Nos aspectos considerados de altíssima relevância figuram duas dire- tano para o não-metropolitano e o aumento do trabalho autônomo. Em
trizes: paralelo, cresceu a exigência de qualificação dos trabalhadores em todos
os setores. Essa mobilidade tende a depreciar rapidamente as habilidades
específicas dos trabalhadores, o que significa que mesmo os trabalhadores
mais educados precisam de reciclagem permanente. Além da escala do

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emprego, também a natureza do trabalho está mudando, exigindo maior Anúncios em jornais costumam ser uma boa opção para o recrutamen-
velocidade nos processos de transição dos trabalhadores para a nova to, dependendo do tipo de cargo a ser preenchido. Geralmente, superviso-
situação. Por isso os esforços de formação e requalificação profissional res e funcionários de escritório se dão bem com jornais locais ou regionais.
tornam-se fundamentais. Para empregados especializados, jornais mais populares são mais indica-
dos. Quando o cargo for muito específico, pode-se lançar mão de revistas
O NOVO PERFIL DO EMPREGO especializadas.
Ao longo da Revolução Industrial, o MT substituiu as fazendas pelas A construção do anúncio é importante. Deve-se ter sempre em mente
fábricas. Agora, na Revolução da Informação o MT está se deslocando como o candidato interpretará e poderá reagir ao anúncio. Especialistas em
rapidamente do setor industrial pára a economia de serviços. propaganda salientam que o anúncio deve possuir quatro características,
MERCADO DE RH representadas pelas letras AIDA.
Se o MT se refere às oportunidades de emprego e vagas existentes A primeira é chamar a atenção.
nas empresas, o MRH é o reverso da medalha. Ele se refere ao conjunto de A segunda é desenvolver o interesse.
candidatos a emprego. O MRH se refere ao contingente de pessoas que
estão dispostas a trabalhar ou que estão trabalhando mas dispostas a A terceira é criar o desejo através do aumento do interesse, ao men-
buscar um outro emprego. O MRH é constituído de pessoas que oferecem cionar aspectos como satisfação no trabalho, desenvolvimento de carreira,
habilidades, conhecimentos e destrezas. Como todo mercado, o MRH pode participação nos resultados e outras vantagens.
ser segmentado para facilitar sua análise e penetração.
Por fim, a ação. O anúncio acima provoca uma ação ou providência do
O MRH pode se apresentar em situação de oferta ou de procura. As candidato, como enviar o se CV pelo correio ou endereço eletrônico. A
características do MRH influenciam poderosamente as práticas de RH das internet tem sido a mídia preferida para o recrutamento externo para muitas
organizações que compõem o MT. organizações.
Por outro lado, além de influenciar o comportamento das organizações, Agências de recrutamento:
as características do MRH também influenciam o comportamento das
pessoas e, em particular, dos candidatos. A organização pode, em vez de ir direto ao MRH, entrar em contato
com agências de recrutamento para abastecer-se de candidatos que cons-
CONCEITO DE RECRUTAMENTO tam de seus bancos de dados. As agências podem servir de intermediárias
para fazer o recrutamento. Existem três tipos de agências de recrutamento:
O Recrutamento corresponde ao processo pelo qual a organização a-
trai candidatos no MRH para abastecer seu processo seletivo. Na verdade, Agências operadas pelo governo (federal, estadual ou municipal).
o recrutamento funciona como um processo de comunicação: a organiza-
Agências associadas com organizações não-lucrativas.
ção divulga e oferece oportunidades de trabalho ao MRH. Se o recrutamen-
to apenas comunica e divulga, ele não atinge seus objetivos básicos. O Agências particulares ou privadas de recrutamento.
fundamental é que atraia e traga candidatos para serem selecionados.
A utilização de agências requer os seguintes cuidados:
RECRUTAMENTO INTERNO E EXTERNO
Dar a agência uma descrição completa e acurada do cargo a preen-
O recrutamento interno atua sobre os candidatos que estão trabalhan- cher. A agência precisa compreender exatamente o cargo a ser preenchido
do dentro da organização para promovê-los ou transferi-los para outras para proporcionar um conjunto adequado de candidatos.
atividades mais complexas ou mais motivadoras. O recrutamento externo
atua sobre candidatos que estão MRH, portanto fora da organização, para Especificar à agência quais as ferramentas a utilizar na seleção dos
submetê-los ao seu processo de seleção de pessoal. Um privilegia os candidatos potenciais, como formulários de emprego, testes e entrevistas,
atuais funcionários para oferecer-lhes oportunidades melhores dentro da como parte do processo seletivo e os aspectos relevantes para o cargo.
organização, enquanto o outro busca candidatos externos para trazerem Proporcionar retroação adequada à agência, ou seja, quais os candida-
experiências e habilidades não existentes atualmente na organização. tos rejeitados e qual a razão da rejeição.
PRÓS E CONTRAS DO RECRUTAMENTO EXTERNO Se possível, desenvolver um relacionamento de longo prazo com uma
Enquanto o recrutamento interno aborda um contingente circunscrito e ou duas agências. Pode ser vantajoso designar uma pessoa para servir de
conhecido de funcionários internos, o recrutamento externo aborda um ligação entre a organização e a agência e coordenar as necessidades
enorme contingente de candidatos que estão espalhados pelo MRH. Seu futuras de recrutamento.
âmbito de atuação é imenso e seus sinais nem sempre são recebidos pelos Existem agências de recrutamento para altos executivos
candidatos. Por essa razão, o recrutamento externo utiliza várias e diferen- (as headhunters) que entrevistam e pré-selecionam os candidatos a posi-
tes técnicas para influenciar e atrair candidatos. Trata-se de escolher os ções mais elevadas.
meios mais adequados para ir até o candidato desejado – onde quer que
ele esteja – e atraí-lo para a organização. Contatos com escolas, universidades e agremiações:
As organizações bem-sucedidas estão sempre de portas abertas para A organização pode desenvolver um esquema de contatos intensivos
receber candidatos que se apresentam espontaneamente, mesmo que não com escolas, universidades, associações de classe, agremiações e centros
tenham oportunidades a oferecer no momento. O recrutamento deve ser de integração empresa-escola para divulgar as oportunidades que está
uma atividade contínua e ininterrupta. oferecendo ao mercado. Algumas organizações promovem sistematicamen-
te palestras e conferências em universidades e escolas, utilizando recursos
O curriculum vitae (CV) assume enorme importância no recrutamento audiovisuais, como propaganda institucional para divulgar as suas políticas
externo. Funciona como um catálogo, currículo ou portfólio do candidato. O de RH e criar uma atitude favorável entre os candidatos em potencial,
CV é apresentado em várias seções: dados pessoais (informações básicas mesmo que não haja oportunidades a oferecer a curto prazo.
como nome, idade, endereço e telefone para contatos), objetivos pretendi-
dos (cargo ou posição desejada), formação escolar (cursos feitos), experi- Cartazes ou anúncios em locais visíveis:
ência profissional (empresas onde trabalha e trabalhou) e habilidades e
É um sistema de recrutamento de baixo custo e com razoável rendi-
qualificações profissionais (principais pontos fortes e competências pesso-
mento e rapidez. Trata-se de um veículo de recrutamento estático e indica-
ais).
do para cargos simples, como operários e funcionários de escritório. Ge-
As principais técnicas de recrutamento externo são: ralmente, é colocado nas proximidades da organização, em portarias ou
locais de grande movimentação de pessoas, como áreas de ônibus ou
Anúncios em jornais e revistas especializadas: trens.
Apresentação de candidatos por indicação de funcionários:

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É outro sistema de recrutamento de baixo custo, alto rendimento e efei- talento é fundamental para o sucesso organizacional, seja no longo ou no
to relativamente rápido. A organização estimula seus funcionários a apre- curto prazo.
sentarem ou recomendarem candidatos (amigos, vizinhos ou parentes).
Dependendo de como o processo é desenvolvido, o funcionário sente-se SELEÇÃO DE PESSOAS
um importante co-responsável pela admissão do candidato. A competitividade organizacional é sinônimo de recursos tecnológicos,
Consulta aos arquivos de candidatos: processos racionais de trabalho, uma adequada estrutura organizacional,
produtos e serviços excelentes e clientes satisfeitos. Com todas estas
O arquivo de candidatos é um banco de dados que pode catalogar os ferramentas, a empresa estará capacitada para desafiar e vencer a concor-
candidatos que se apresentam espontaneamente ou que não foram consi- rência. Certo? Não. Errado! O calcanhar-de-aquiles das organizações é a
derados em recrutamento anteriores. Para não se transformar em um qualidade das pessoas que nelas trabalham. São elas que proporcionam
arquivo morto, a organização deve manter contatos eventuais com os produtividade, qualidade e competitividade para as organizações.
candidatos, afim de não perder o interesse e a atratividade. Trata-se do
sistema de recrutamento de menor custo. Quando funciona bem, é capaz As organizações estão sempre agregando novas pessoas para integra-
de promover a apresentação rápida de candidatos. rem seus quadros, seja para substituir funcionários que se desligaram, seja
para ampliar o quadro de pessoal em épocas de crescimento e expansão.
Banco de dados de candidatos:
A seleção de pessoas integra o processo de agregar pessoas e funcio-
Em função do não-aproveitamento de candidatos em certos recruta- na logo após o recrutamento.
mentos, as organizações utilizam um banco de dados onde são arquivados
os CVs para utilização futura em novos recrutamentos. Para as agências de Enquanto o objetivo do recrutamento é abastecer o processo seletivo
recrutamento, o banco de dados constitui seu principal patrimônio. Para as de sua matéria-prima, o objetivo da seleção é escolher e classificar os
organizações, um filão de talentos para oferecer novas oportunidades de candidatos mais adequados às necessidades do cargo e da organização.
trabalho. Ao buscar um candidato externo, a primeira providência será O CONCEITO DE SELEÇÃO DE PESSOAS
consultar o banco de dados.
Seleção é o processo de escolher o melhor candidato para o cargo;
ARH DE HOJE – Compre sua Vaga:
Seleção é o processo pelo qual uma organização escolhe de uma lista
As agências de recrutamento aumentam sua presença no país. Antes, de candidatos a pessoa que melhor alcança os critérios de seleção para a
conseguir um emprego dependia da rede de contatos pessoais, ofertas em posição disponível, considerando as atuais condições de mercado;
jornais, programas de recolocação patrocinados por empresas ou de um
convite salvador. Tudo isso continua valendo, mas os profissionais de nível Seleção é a obtenção e uso da informação a respeito de candidatos re-
superior que querem trocar de emprego ou conseguir trabalho têm a opção crutados externamente para escolher qual deles deverá receber a oferta de
de recorrer às consultorias de recolocação profissional. Esse serviço, emprego.
conhecido pela palavra, em inglês, outplacement, é oferecido no país há A seleção de pessoas funciona como uma espécie de filtro que permite
uma década. As consultorias especializadas só atendiam profissionais que apenas algumas pessoas possam ingressar na organização: aquelas
encaminhados pelas companhias que ajudavam ex-funcionários a conse- que apresentam características desejadas pela organização.
guir um novo emprego. Agora, algumas delas – há cerca de trinta no país –
aceitam que o candidato as procure diretamente, sem restrição quanto à Existem duas alternativas para fundamentar o processo seletivo: o car-
idade, profissão ou experiência. go a ser preenchido ou as competências a serem preenchidas. Assim, de
um lado, o processo seletivo baseia-se em dados e informações sobre o
Esses empregos têm um preço. No mínimo, o valor do primeiro salário cargo a ser preenchido ou, de outro lado, em função das competências
que o profissional receberá depois de contratado. desejadas pela organização.
O curriculum vitae é o primeiro contato da empresa com o candidato e Seleção como um processo de comparação:
as agências dão extrema importância a ele. É uma carta de apresentação.
O CV abrirá ou não as portas para as entrevistas. Por isso é tão importante. A melhor maneira de conceituar seleção é representa-la como uma
Uma pesquisa da DBM mundial de recolocação de executivos mostrou que comparação entre duas variáveis: de um lado, os requisitos do cargo a ser
os responsáveis pela seleção de profissionais das empresas dedicam no preenchido e, de outro lado, o perfil das características dos candidatos que
máximo 30 segundos à leitura de cada CV. Daí, as restrições aos currículos se apresentam para disputá-lo. A primeira variável é fornecida pela descri-
massudos, que detalham a vida do candidato do curso primário ao último ção e análise do cargo, enquanto a segunda é obtida por meio de aplicação
emprego. O documento reflete as mudanças de expectativa das empresas das técnicas de seleção. A primeira variável será denominada X e a segun-
em relação aos profissionais: ele precisa produzir resultados imediatos. da variável Y.
As informações do currículo devem ser concisas, objetivas e ocupar, no Quando X é maior que Y, dizemos que o candidato não atinge as con-
máximo, duas páginas. Os dados pessoais, a área de atuação, a formação dições ideais para ocupar um determinado cargo e, portanto, é rejeitado
acadêmica e o domínio de idiomas são indispensáveis. Deve-se mencionar para aquele cargo.
as empresas onde trabalhou, cargos ocupados e, uma novidade, os resul-
Quando X e Y são iguais, dizemos que o candidato reúne as condições
tados alcançados no trabalho. Esta informação fornece um indício da
ideais para tanto e, portanto, é aprovado.
capacidade de proporcionar resultados à organização.
Quando a variável Y for maior do que X, o candidato reúne mais do que
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DO RECRUTAMENTO
as condições exigidas pelo cargo e, portanto, torna-se superdotado para
O recrutamento não é uma atividade que possa ser isolada da estraté- aquele cargo.
gia da empresa. Como os negócios mudam e surgem novas funções a cada
Seleção como um processo de decisão e escolha:
dia, torna-se imprescindível contar com pessoas flexíveis, capazes de
adaptar-se a essas mudanças constantes. Após a comparação entre as características exigidas pelo cargo e as
características oferecidas pelos candidatos, pode acontecer que vários
A avaliação dos resultados é importante para aferir se o recrutamento
destes apresentem condições aproximadamente equivalentes para serem
está realmente cumprindo a sua função e a que custo. No enfoque quantita-
indicados para ocupar o cargo. O órgão de seleção não pode impor ao
tivo, quanto mais candidatos influenciar, tanto melhor será o recrutamento.
órgão requisitante a aceitação dos candidatos aprovados no processo de
Contudo, no enfoque qualitativo, o mais importante é trazer candidatos que
comparação. Pode apenas prestar o serviço especializado, aplicar as
sejam triados, entrevistados e encaminhados ao processo seletivo. É
técnicas de seleção e recomendar aqueles candidatos que julgar mais
incrível a proporção entre os candidatos que se apresentam e os que são
adequados ao cargo. No entanto, a decisão final de aceitar ou rejeitar os
aproveitados para disputar o processo de seleção.
candidatos é sempre de responsabilidade do órgão requisitante.
O recrutamento não sai barato. Custa tempo e dinheiro. Mas compen-
Modelo de colocação, seleção e classificação de candidatos:
sa. Recrutar pessoas passou a ser estratégico para as organizações. Atrair

Gestão de Pessoas 11
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A seleção de pessoal comporta três modelos de tratamento, a saber: ximada do conteúdo do cargo e de sua exigibilidade em relação ao ocupan-
te com uma simulação inicial).
Modelo de colocação;
TÉCNICAS DE SELEÇÃO
Modelo de seleção;
A partir das informações sobre o cargo a ser preenchido ou das compe-
Modelo de classificação. tências a serem agregadas, o passo seguinte é a escolha das técnicas de
O modelo de classificação é superior aos modelos de colocação e de seleção para conhecer, comparar e escolher os candidatos adequados. As
seleção, pois aproveita os candidatos disponíveis, permite maior eficiência técnicas de seleção são agrupadas em 5 categorias:
do processo seletivo por envolver a totalidade de cargos vacantes a serem entrevista;
preenchidos e proporciona redução dos custos operacionais por evitar
duplicidade de comparações ou repetição de despesas com o processo. provas de conhecimento ou capacidade;
A identificação das características pessoais do candidato: testes psicológicos;
Identificar e localizar as características pessoais do candidato é uma testes de personalidade; e
questão de sensibilidade. Requer um razoável conhecimento da natureza
humana e das repercussões que a tarefa impõe à pessoa que irá executa- técnicas de simulação.
la. Entrevista de Seleção:
Quase sempre, as características individuais estão relacionadas com Constitui a técnica mais utilizada. O entrevistado se assemelha a uma
três aspectos principais: caixa-preta a ser desvendada. Aplica-se a ela determinados estímulos para
Execução da tarefa em si: (a tarefa a ser executada exige certas ca- se verificar as suas reações e, com isto, estabelecer as possíveis relações
de causa e efeito ou verificar seu comportamento diante de determinadas
racterísticas humanas ou aptidões como: atenção concentrada ou aptidão
situações.
para detalhes, etc);
Prós e contras:
Interdependência com outras tarefas: (A tarefa a ser executada de-
pende de outras tarefas para iniciar ou terminar); Prós:
Interdependência com outras pessoas: (A tarefa a ser executada e- Permite contato face a face com o candidato;
xige contatos com pessoas, estejam elas situadas acima, lateralmente ou
abaixo na hierarquia da organização). Proporciona interação direta com o candidato;

As características pessoais quase sempre estão relacionadas com a ta- Focaliza o candidato como pessoa humana;
refa, mas sempre considerando o entorno social e as condições tecnológi- Permite avaliar como o candidato se comporta e suas reações.
cas existentes (abordagem sociotécnica).
Contras:
AS BASES PARA A SELEÇÃO DE PESSOAS
Técnica altamente subjetiva e forte margem de erro e variação;
A seleção de pessoal é um sistema de comparação e escolha. Para
tanto, ele deve necessariamente apoiar-se em algum padrão ou critério Nem sempre o candidato se sai bem na entrevista;
para alcançar uma certa validade na comparação. O padrão ou critério de
Difícil comparar vários candidatos entre si;
comparação e escolha deve ser extraído a partir de informações sobre o
cargo a ser preenchido ou as competências desejadas, e sobre os candida- Exige treinamento do entrevistador;
tos que se apresentam.
Exige conhecimento a respeito do cargo e suas características básicas.
Colheita de informações sobre o cargo:
O que você deve saber para poder entrevistar candidatos:
Descrição e análise do cargo (constituem o levantamento dos aspectos
intrínsecos (conteúdo do cargo) e extrínsecos (requisitos que o cargo exige Qual é o aspecto mais importante da pessoa que você pretende admi-
do seu ocupante) do cargo. Proporcionam informações a respeito dos tir?
requisitos e das características que o ocupante do cargo deverá possuir Quais os outros aspectos importantes que também requerem atenção?
para ocupá-lo adequadamente);
Como o cargo foi desempenhado no passado?
Técnica dos incidentes críticos (consiste na anotação sistemática e cri-
teriosa que os gerentes devem fazer a respeito de todos os fatos e compor- Por qual razão o cargo está vago?
tamentos dos ocupantes do cargo considerado que produziram um excelen- Você tem uma descrição escrita do cargo?
te ou péssimo desempenho no trabalho. Visa a localizar as características
desejáveis e as indesejáveis que deverão ser investigadas no processo Quais são as maiores responsabilidades inerentes ao cargo?
seletivo);
Qual a autoridade que você tem sobre o cargo? Como definir seus ob-
Requisição de pessoal (constitui uma ordem de serviço que o gerente jetivos?
emite para solicitar uma pessoa para ocupar um determinado cargo vacan-
Quais são as projeções da organização para os próximos 5 anos?
te. Em organizações que não existe um sistema estruturado de descrição e
análise dos cargos, a RP será a única base para todo o processo seletivo); Quais as necessidades para alcançar essas projeções?
Análise do cargo no mercado (quando a organização não dispõe das Quais são as maiores forças e fraquezas da sua organização?
informações sobre os requisitos e características essenciais ao cargo a ser
preenchido, por se tratar de algum cargo novo ou cujo conteúdo esteja Quais são as maiores forças e fraquezas da sua área de atuação?
fortemente atrelado ao desenvolvimento tecnológico, ele lança mão da Quais são as maiores forças e fraquezas dos produtos de sua organi-
pesquisa de mercado). Pode ser usado também para comparar os seus zação?
cargos com a estrutura dos cargos das empresas bem-sucedidas no mer-
cado (benchmarking); Como você poderia identificar sua posição competitiva diante dos con-
correntes?
Hipótese de trabalho (caso nenhuma das alternativas anteriores possa
ser utilizada para obter informações a respeito do cargo a ser preenchido, Quais são as maiores forças e fraquezas de seus concorrentes?
resta o emprego de uma hipótese de trabalho, ou seja, uma previsão apro-
Como você visualiza o futuro de seu mercado?

Gestão de Pessoas 12
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Você tem planos para novos produtos ou serviços em sua área? aqueles determinados pelo temperamento.Tanto a aplicação quanto a
interpretação dos testes de personalidade exigem a presença de um psicó-
O que você poderia falar sobre as pessoas que se reportam a você? logo. Diante de seu custo de aplicação e interpretação, os testes e inventá-
O que você poderia falar sobre as outras pessoas em posições-chave? rios de personalidade são aplicados em casos especiais ou quando o cargo
justifique. Geralmente são utilizados em cargos executivos de alto nível.
O que você poderia falar a respeito de seus subordinados?
Técnicas de simulação:
Como você definiria a sua filosofia de administração?
As técnicas de simulação são essencialmente técnicas de dinâmica de
Quais são as oportunidades para os funcionários continuarem sua edu- grupo. São usadas como um complemento do diagnóstico: além dos resul-
cação? tados das entrevistas e dos testes psicológicos, o candidato é submetido a
Como você está visualizando a pessoa que preencherá esse cargo? uma situação de dramatização de algum evento relacionado ao papel que
irá desempenhar na organização para fornecer uma visão mais realista
Como conduzir entrevistas de seleção: acerca de seu comportamento no futuro. As técnicas de simulação são
utilizados nos cargos que exijam relacionamento interpessoal, como gerên-
A entrevista não deve ser improvisada. Ela exige alguns cuidados pre-
cia, supervisão, vendas, compras, contatos com o público etc. As técnicas
liminares que podem melhorar sua eficiência e eficácia.
de simulação devem ser conduzidas por um psicólogo ou especialista no
Identifique os objetivos principais da entrevista. Planeje antecipada- assunto.
mente, leia a descrição e as especificações do cargo e a solicitação de
O PROCESSO DE SELEÇÃO DE PESSOAS
emprego do candidato. Obtenha dados a respeito da situação;
A seleção de pessoas constitui um processo composto de várias eta-
Crie um bom clima para a entrevista. Aplique bastante tempo, escolha
pas ou fases sequenciais pelas quais passam os candidatos. Na medida
um local adequado, quieto e mostre interesse;
em que são bem-sucedidos, os candidatos passam para a próxima fase.
Conduza a entrevista orientada para os objetivos. Busque as informa- Nas etapas iniciais, ficam as técnicas mais simples, econômicas e mais
ções que precisa com perguntas objetivas; fáceis, ficando as técnicas mais caras e sofisticadas para o final.
Analise e avalie profundamente dois aspectos. O formal (experiência, RESULTADOS DO PROCESSO SELETIVO
conhecimento, etc) e o comportamental;
Apesar do seu custo operacional aparentemente elevado, o processo
Evite questões discriminatórias. Focalize todas as questões no cargo seletivo traz importantes resultados para a organização:
visado pelo candidato e avalie as suas qualificações em relação a este
Adequação das pessoas ao cargo e satisfação no trabalho;
foco;
Rapidez no ajustamento e integração do novo empregado às novas
Responda as questões feitas e às outras que não foram feitas;
funções;
Anote suas impressões imediatamente após a entrevista. Não confie na
Melhoria gradativa do potencial humano através da escolha sistemática
memória.
dos melhores talentos;
Provas de conhecimentos ou de capacidades:
Estabilidade e permanência das pessoas e redução da rotatividade;
São instrumentos para avaliar o nível de conhecimento dos candidatos
Maior rendimento e produtividade pelo aumento da capacidade das
exigidos pelo cargo pretendido. Podem ser:
pessoas;
Quanto a forma de aplicação:
Melhoria no nível das relações humanas pela elevação do moral;
Provas orais;
Melhores investimentos e esforços em treinamento, pela maior facilida-
Provas escritas; de em aprender as tarefas do cargo e novas atividades trazidas pela inova-
ção;
Provas de realização;
E o incremento do capital humano na organização, o que significa au-
Quanto à abrangência: mento de competências e do capital intelectual.
Provas gerais; COMPETÊNCIAS DESEJADAS PELAS ORGANIZAÇÕES
Provas específicas; O site da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade
Quanto à organização: (www.fpnq.org.br) mostra uma pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral
sobre as Tendências do Desenvolvimento das Empresas no Brasil. Na
Provas tradicionais; parte relacionada com Gestão de Pessoas e de competências, a pesquisa
Provas objetivas; mostra que os principais atributos que as organizações pesquisadas estão
requerendo às pessoas são:
Testes psicológicos:
Orientação para resultados
São utilizados como uma medida de desempenho e se baseiam em
amostras estatísticas de comparação, sendo aplicados sob condições Capacidade de trabalhar em equipe
padronizadas. Os resultados de uma pessoa são comparados com padrões Liderança
de resultados em amostras representativas para obter resultados em perce-
tis. Relacionamento interpessoal

Os testes psicológicos focalizam principalmente as aptidões, para ofe- Pensamento sistêmico: visão do todo
recer um prognóstico futuro do seu potencial de desenvolvimento. Cada Comunicabilidade
cargo impõe determinadas aptidões do ocupante. Elas são anotadas na
ficha profissiográfica do cargo para definir o perfil e as características do Empreendedorismo
candidato ideal. A partir daí, determinam-se quais os testes psicológicos
Negociação
adequados para pesquisar as aptidões necessárias ao ocupante do cargo.
Capacidade de atrair e reter colaboradores
Testes de personalidade:
Capacidade de inovar
Os testes de personalidade revelam certos aspectos das característi-
cas superficiais das pessoas, como aqueles determinados pelo caráter e

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Percepção de tendências Como as tarefas ou atribuições deverão ser desempenhadas (métodos
e processos de trabalho);
Multifuncionalidade
A quem o ocupante do cargo deverá se reportar (responsabilidade);
Visão de processos
Quem o ocupante do cargo deverá supervisionar ou dirigir (autoridade).
Conhecimento da realidade externa
MODELOS DE DESENHO DE CARGOS
Garra, ambição
Existem 3 modelos de desenho de cargos: o clássico, o humanístico e
Pôr a mão na massa: “carregar o piano” o contingencial.
Habilidade de lidar com paradoxos Modelo Clássico ou tradicional:
Domínio de inglês É o desenho de cargos apregoado pelos engenheiros da Administração
Domínio do espanhol Científica no início do século XX. A partir da divisão do trabalho e da frag-
mentação das tarefas definiam os cargos. A eficiência era a preocupação
Quais desses atributos tão procurados pelas empresas você possui? máxima. Os aspectos principais do modelo clássico de desenho de cargos
Em que grau? Como você os utiliza no seu trabalho? são:
MODELAGEM DO TRABALHO A pessoa como apêndice da máquina;
A maneira como as pessoas trabalham nas organizações depende ba- Fragmentação do trabalho;
sicamente de como seu trabalho foi planejado, modelado e organizado. Em
suma, como foi feita a distribuição das tarefas. A estrutura dos cargos é Ênfase na eficiência;
condicionada pelo desenho organizacional em que ela está contida. Se a Permanência.
estrutura organizacional é rígida e imutável, os cargos também serão fixos,
permanentes e definidos, fechados, individualizados e delimitados. Se a O desenho clássico foi projetado para alcançar as seguintes vanta-
estrutura é flexível e adaptável, os cargos também serão maleáveis, ajustá- gens:
veis e abertos, com elevado índice de interação com o ambiente que o
circunda. Redução de custos (Qualificações mínimas e salários menores, para
facilitar a seleção e reduzir os custos de treinamento);
Cada departamento é formado por um conjunto de cargos. Para se a-
nalisar uma organização deve-se decompor cada órgão em seus cargos Padronização das atividades (Homogeneização das tarefas para facili-
constitutivos. Essa visão tradicional, linear e cartesiana está sendo substitu- tar a supervisão permitindo uma amplitude administrativa maior);
ída por uma visão sistêmica e contingencial, que procura mais integrar e Apoio à tecnologia (Aplicação da linha de montagem para obter melhor
juntar do que separar e fragmentar os cargos. rendimento da tecnologia).
CONCEITO DE CARGO O desenho clássico trouxe desvantagens e limitações:
As pessoas trabalham nas organizações desempenhando um determi- Cargos simples e repetitivos tornam-se monótonos e chatos;
nado cargo. Em geral, quando se pretende saber o que uma pessoa faz na
organização, pergunta-se qual é o cargo que desempenha. Com isso, Desmotivação pelo trabalho;
sabemos o que ela faz e temos uma ideia da sua importância e do nível Trabalho individualizado e isolado;
hierárquico que ocupa. Para a organização, o cargo constitui a base da
aplicação das pessoas nas tarefas organizacionais. Para a pessoa, o cargo Monopólio da chefia;
constitui uma das maiores fontes de expectativas e de motivação na orga-
Era da Informação.
nização. Quando as pessoas ingressam na organização, e através de toda
a sua trajetória profissional, elas sempre são ocupantes de algum cargo. Modelo Humanístico:
O cargo é uma composição de todas as atividades desempenhadas por O modelo humanístico é também denominado modelo de relações hu-
uma pessoa que podem ser englobadas em um todo unificado e que figura manas pelo fato de ter surgido com a experiência de Hawthorne. Surge os
em certa posição formal do organograma da empresa. A posição do cargo primeiros conceitos sobre liderança, motivação, comunicações e assuntos
no organograma define seu nível hierárquico, a subordinação, os subordi- relacionados com as pessoas e sua supervisão. A abordagem humanística
nados e o departamento onde está localizado. Eles são intencionalmente substitui a ênfase antes colocada nas tarefas e na estrutura organizacional
desenhados, projetados, delineados, definidos e estabelecidos dentro de pela ênfase colocada nas pessoas e nos grupos sociais.
uma certa racionalidade: a busca da eficiência da organização.
Modelo Contingencial:
Olhando sob outro prisma, um cargo constitui uma unidade da organi-
zação e consiste em um conjunto de deveres e responsabilidades que o Representa a abordagem mais ampla e complexa pelo fato de conside-
tornam separado e distinto dos demais cargos. Na realidade, os cargos rar 3 variáveis simultaneamente: as pessoas, a tarefa e a estrutura da
constituem os meios pelos quais a empresa aloca e utiliza os seus recursos organização. No modelo contingencial, o desenho do cargo não se baseia
humanos para alcançar objetivos organizacionais por meio de determinadas na presunção de estabilidade e permanência dos objetivos e dos processos
estratégias. Na outra ponta, os cargos constituem os meios pelos quais as organizacionais, mas, ao contrário, é dinâmico e se baseia na contínua
pessoas executam as suas tarefas dentro da organização para alcançar mudança e revisão do cargo como uma responsabilidade básica colocada
determinados objetivos individuais. nas mãos do gerente ou de sua equipe de trabalho. Assim, o modelo con-
tingencial é mutável em decorrência do desenvolvimento pessoal do ocu-
DESENHO DE CARGOS pante e do desenvolvimento tecnológico da tarefa. Em um mundo globali-
zado e de forte concorrência, em que tudo muda, os cargos não podem ser
O desenho de cargos envolve a especificação do conteúdo de cada
estáticos ou permanentes. A organização moderna exige produtividade e
cargo, dos métodos de trabalho e das relações com os demais cargos.
qualidade para alcançar altos níveis de desempenho pela melhoria contínua
Cada cargo exige certas competências do seu ocupante para que seja bem
na aplicação dos talentos criativos e da capacidade de autodireção e de
desempenhado.
autocontrole dos seus membros, enquanto proporciona oportunidades de
Desenhar um cargo significa definir 4 condições básicas: satisfação das suas necessidades individuais.
O conjunto de tarefas ou atribuições que o ocupante deverá desempe- O modelo contingencial se baseia em 5 dimensões essenciais que todo
nhar (conteúdo do cargo); cargo deve possuir em maior ou menor grau:
Variedade;

Gestão de Pessoas 14
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Autonomia; Analisar um cargo significa detalhar o que o cargo exige do seu ocu-
pante em termos de conhecimentos, habilidades e capacidades para que
Significado das tarefas; possa desempenhá-lo adequadamente. A análise é feita a partir da descri-
Identidade com a tarefa; ção do cargo. Embora sejam intimamente relacionadas, a diferença é que
enquanto a descrição de cargos focaliza o conteúdo do cargo (o que o
Retroação. ocupante faz, quando faz, como faz, e por que faz), a análise de cargos
Essas condições fazem com que o cargo seja impregnado dos chama- procura determinar quais os requisitos físicos e mentais que o ocupante
dos fatores motivacionais ou satisfacientes, permitindo que: deve possuir, as responsabilidades que o cargo lhe impõe e as condições
em que o trabalho deve ser feito.
A pessoa utilize várias de suas habilidades e competências pessoais
na execução das tarefas. CONCEITO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO

A pessoa tenha certa autonomia, independência e autodireção na exe- Da mesma forma como os professores avaliam continuamente o de-
cução das tarefas. sempenho de seus alunos, as organizações estão preocupadas com o
desempenho de seus funcionários.
A pessoa faça algo significativo e que tenha um certo sentido ou razão
de ser. A avaliação do desempenho é uma apreciação sistemática do desem-
penho de cada pessoa, em função das atividades que ela desempenha, das
A pessoa se sinta pessoalmente responsável pelo sucesso ou fracasso metas e resultados a serem alcançados e do potencial de desenvolvimento.
das tarefas em função dos seus próprios esforços.
A avaliação de desempenho é um processo que serve para julgar ou
A pessoa perceba e avalie o seu próprio desempenho enquanto execu- estimar o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa e, sobretudo,
ta o trabalho, sem intervenção de terceiros ou da chefia. qual é a sua contribuição para o negócio da organização. É um processo
dinâmico que envolve o avaliado e seu gerente e representa uma técnica
Enriquecimento de Cargos:
de direção imprescindível na atividade administrativa de hoje. É um exce-
O desenho contingencial de cargos é dinâmico e privilegia a mudança lente meio pelo qual se localizam problemas de supervisão e gerência, de
em função do desenvolvimento pessoal do ocupante. Em outros termos, integração das pessoas à organização, de adequação da pessoa ao cargo,
permite a adaptação do cargo ao potencial de desenvolvimento pessoal do de localização de possíveis dissonâncias ou carências de treinamento e,
ocupante. Essa adaptação contínua é feita pelo enriquecimento de cargos. consequentemente, estabelecer os meios e programas para eliminar ou
Enriquecimento de cargos significa a reorganização e ampliação do cargo neutralizar tais problemas. No fundo a avaliação de desempenho constitui
para proporcionar adequação ao ocupante no sentido de aumentar a satis- um poderoso meio de resolver problemas de desempenho e melhorar a
fação intrínseca, através do acréscimo de variedade, autonomia, significado qualidade do trabalho e a qualidade de vida dentro das organizações.
das tarefas, identidade com as tarefas e retroação. O enriquecimento do
Por que avaliar o desempenho?
cargo pode ser horizontal (adição de novas responsabilidades do mesmo
nível) ou vertical (adição de novas responsabilidades mais elevadas). Toda pessoa precisa receber retroação a respeito de seu desempenho
para saber como está fazendo seu trabalho. Sem essa retroação, as pes-
O que se espera do enriquecimento de cargos é não apenas uma me-
soas caminham às cegas. Também a organização precisa saber como as
lhoria das condições de trabalho, mas sobretudo um aumento da produtivi-
pessoas desempenham as suas atividades para ter uma ideia de suas
dade e redução das taxas de rotatividade e de absenteísmo do pessoal.
potencialidades. As principais razões pelas quais as organizações estão
As alternativas para o enriquecimento de cargos: preocupadas em avaliar o desempenho de seus funcionários são:
Carga vertical A avaliação do desempenho proporciona um julgamento sistemático
para fundamentar aumentos salariais, promoções, transferências e, muitas
Aumenta a complexidade do cargo vezes, demissões de funcionários;
Atribuir responsabilidades mais elevadas Através dela pode-se comunicar aos funcionários como eles estão indo
Carga horizontal no seu trabalho, sugerindo quais as necessidades de mudanças no com-
portamento, nas atitudes, habilidades ou conhecimentos;
Aumenta a variedade do cargo
A avaliação permite que os subordinados conheçam aquilo que o chefe
Incluir o trabalho anterior pensa a seu respeito. Ela é amplamente utilizada pelos gerentes como
Incluir o trabalho posterior base para conduzir e aconselhar os subordinados a respeito de seu de-
sempenho.
Para enriquecer um cargo deve-se rearranjar seus elementos
A avaliação do desempenho deve proporcionar benefícios para a orga-
Atribuir a outros ou automatizar tarefas simples nização e para as pessoas. Para tanto, ela precisa atender às seguintes
linhas básicas:
As abordagens no desenho de cargos:
A avaliação deve cobrir não somente o desempenho dentro do cargo
A íntima relação entre as dimensões profundas do cargo e os estados ocupado, como também o alcance de metas e objetivos. Desempenho e
psicológicos críticos produz resultados como: elevada motivação para o objetivos devem ser tópicos inseparáveis da avaliação do desempenho.
trabalho, elevada qualidade no desempenho do trabalho, alta satisfação
com o trabalho e baixo absenteísmo e rotatividade. A aplicação prática das A avaliação deve enfatizar o indivíduo no cargo e não a impressão a
5 dimensões essenciais e dos 3 estados psicológicos críticos pode ser feita respeito dos hábitos pessoais observados no trabalho. A avaliação deve
através dos 6 conceitos implementadores: concentrar-se em uma análise objetiva do desempenho e não em uma
avaliação subjetiva de hábitos pessoais. Empenho e desempenho são
Tarefas combinadas; coisas distintas.
Formação de unidades naturais de trabalho; A avaliação deve ser aceita por ambas as partes: avaliador e avaliado.
Relações diretas com o cliente ou usuário; Ambos devem estar de acordo que a avaliação deve trazer algum benefício
para a organização e para o funcionário.
Carga vertical;
A avaliação do desempenho deve ser utilizada para melhorar a produti-
Abertura de canais de retroação; vidade do indivíduo dentro da organização, tornando-o mais bem equipado
Criação de grupos autônomos. para produzir com eficácia e eficiência.

Conceito de análise de cargos: Os pontos fracos do processo de avaliação do desempenho são:

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Quando as pessoas envolvidas na avaliação do desempenho a perce- desempenho) e por membros transitórios (gerentes de cada funcionário
bem como uma situação de recompensa ou de punição pelo desempenho avaliado).
passado.
O órgão de RH:
Quando a ênfase do processo repousa mais sobre o preenchimento de
formulários do que sobre a avaliação crítica e objetiva do desempenho. Trata-se de uma alternativa muito comum em organizações mais con-
servadoras, mas que está sendo abandonada pelo seu caráter centraliza-
Quando as pessoas avaliadas percebem o processo como injusto ou dor. O RH assume totalmente a responsabilidade pela avaliação do desem-
tendencioso. A iniquidade prejudica profundamente o processo de avalia- penho de todas as pessoas da organização.
ção.
MÉTODOS TRADICIONAIS DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
Quando os comentários desfavoráveis do avaliador conduzem a uma
reação negativa do avaliado. Há uma variedade de métodos para avaliar o desempenho humano.
Avaliar o desempenho de um grande número de pessoas dentro das orga-
Quando a avaliação é inócua, isto é, quando está baseada em fatores nizações utilizando critérios de equidade e de justiça e, ao mesmo tempo,
de avaliação que não conduzem a nada e não agregam valor a ninguém. estimulando as pessoas, não é tarefa fácil. Por esta razão, muitas organi-
zações constroem seus próprios sistemas de avaliação ajustados às carac-
QUEM DEVE AVALIAR O DESEMPENHO?
terísticas peculiares do seu pessoal.
Auto-avaliação do desempenho: Os métodos tradicionais de avaliação do desempenho mais utilizado
O ideal seria que cada pessoa avaliasse o seu próprio desempenho são: escalas gráficas, escolha forçada, pesquisa de campo, incidentes
tomando por base alguns referenciais como critérios a fim de evitar a subje- críticos e listas de verificação. Nisce Barbosa
tividade implícita no processo.
1 Conceitos, importância, relação com os outros sistemas de organi-
O gerente: zação.
Na maior parte das organizações, cabe ao gerente a responsabilidade GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
de linha pelo desempenho dos seus subordinados e pela constante avalia-
ção e comunicação dos resultados. Nessas organizações, quem avalia o NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS – PROFES-
desempenho do pessoal pe o próprio gerente ou supervisor, com assesso- SOR: FLAVIO SOUSA
ria do órgão de RH que estabelece os meios e os critérios para que a 1. Conceitos, importância, relação com os outros sistemas de organi-
avaliação possa acontecer. Esta linha de trabalho tem proporcionado maior zação
liberdade e flexibilidade para que cada gerente seja realmente o gestor do
seu pessoal. 1.1 INTRODUÇÃO
O indivíduo e o gerente: A Administração de Recursos Humanos (ARH) é uma área extremamente
sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Por isso, ela é
Nessa alternativa, o gerente funciona como o elemento de guia e orien- contingencial e situacional. Depende da cultura que existe em cada organi-
tação, enquanto o funcionário avalia o seu desempenho em função da zação. Também da estrutura organizacional adotada. E depende igualmen-
retroação fornecida pelo gerente. O gerente fornece todos os recursos ao te das características do contexto ambiental, do negócio da organização,
funcionário e cobra resultados, enquanto o funcionário fornece o desempe- das características internas, de suas funções e processos e de um sem-
nho e resultados e cobra recursos do gerente. número de outras variáveis importantes.
A equipe de trabalho: A ARH está passando por grandes mudanças e inovações. Nesse novo
Nesta modalidade, é a própria equipe de trabalho que avalia o desem- contexto, as pessoas deixam de ser o problema das organizações para ser
penho de cada um de seus membros e programa com cada um as provi- a solução de seus problemas. As pessoas deixam de ser o desafio para se
dências necessárias para sua melhoria. A equipe se torna responsável pela tornar a vantagem competitiva das organizações que sabem como lidar
avaliação do desempenho de seus participantes e define seus objetivos e com elas. As pessoas deixam de ser o recurso organizacional mais impor-
metas a alcançar. tante para se tornar o parceiro principal do negócio e que lhe á dinâmica,
vigor e inteligência.
A avaliação de 360º:
1.2 A INTERAÇÃO ENTRE PESSOAS E ORGANIZAÇÕES
A avaliação do desempenho é feita de modo circular por todos os ele-
mentos que mantém alguma interação com o avaliado. Participam da A expressão Recursos Humanos refere-se às pessoas que participam das
avaliação, o chefe, os colegas e Pares, os subordinados, os clientes inter- organizações e que nelas desempenham determinados papéis. As pessoas
nos e externos, os fornecedores, enfim, todas as pessoas ao redor do passam grande parte de seu tempo trabalhando em organizações. As
avaliado, em uma abrangência de 360º graus. organizações requerem pessoas para suas atividades e operações da
mesma forma que requerem recursos financeiros, materiais e tecnológicos.
A avaliação para cima: Daí a denominação Recursos Humanos para descrever as pessoas que
trabalham nas organizações.
Permite que a equipe avalie seu gerente, como ele proporcionou os
meios e os recursos para a equipe alcançar os seus objetivos e como o O contexto em que funciona a Administração de Recursos Humanos (ARH)
gerente poderia incrementar a eficácia da equipe e ajudar a melhorar os é representando pelas organizações e pelas pessoas que delas participam.
seus resultados. A avaliação para cima permite que o grupo promova As organizações são constituídas de pessoas e dependem delas para
negociações e intercâmbios com o gerente exigindo novas abordagens em atingir seus objetivos e cumprir suas missões. Para as pessoas, as organi-
termos de liderança, motivação e comunicação que tornem as relações de zações constituem um meio pelo qual elas podem alcançar vários objetivos
trabalho mais livres e eficazes. O comando arbitrário do superior passa a pessoais, com um mínimo custo de tempo, esforço e de conflito. Muitos dos
ser substituído por uma nova forma de atuação democrática, sugestiva, objetivos pessoais jamais poderiam ser alcançados apenas por meio do
consultiva e participativa. esforço pessoal isolado. As organizações surgem exatamente para aprovei-
tar a sinergia dos esforços de várias pessoas que trabalham coordenada-
A comissão de avaliação do desempenho:
mente e em conjunto.
Em algumas organizações, a avaliação do desempenho é atribuída a
O Novo conceito de Administração de Recursos Humanos, ressaltam três
uma comissão especialmente designada para essa finalidade. A comissão
aspectos fundamentais:
é em geral constituída de pessoas pertencentes a diversos órgãos ou
unidades organizacionais e é formada por membros permanentes (presi- a) As pessoas são diferentes entre si e dotados de personalidade própria,
dente da organização, dirigente do RH e o especialista em avaliação do com uma história pessoal particular e diferenciada, possuidoras de habili-
dades e conhecimentos, destrezas e competências indispensáveis à ade-

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quada gestão dos recursos organizacionais. As diferenças individuais quanto outras ainda se mostram paradas no tempo e no espaço, adotando
devem ser ressaltadas e não aplainadas, padronizados e homogeneizadas. políticas ultrapassadas e retrógradas.
Pessoas como pessoas e não como meros recursos da organização.
A segunda características é mudança. O mundo está passando por grandes
b) As pessoas são os elementos vivos e impulsionadores da organização e mudanças e transformações nos aspectos econômicos, sociais, tecnológi-
capazes de dotá-la da inteligência, talento e aprendizagem indispensáveis a cos, culturais, legais e demográficos. E essas mudanças e transformações
sua constante renovação e competitividade em um pleno de mudanças e ocorrem de modo cada vez mais veloz e imprevisível. A velocidade da
desafios. As pessoas possuem um incrível dom de crescimento e desenvol- mudança, cada vez maior, não é nem de longe acompanhada pelas organi-
vimento pessoal. Pessoas como fonte de impulso próprio e não como zações, pois estas tardam a incorporar as mudanças que ocorrem a seu
agentes inertes ou estáticos. redor em seu comportamento e em sua estrutura organizacional. O proble-
ma é que muitas organizações não têm a menor noção de eu o mundo
c) As pessoas são os parceiros da organização e os únicos capazes de mudou e elas se esqueceram de mudar.
conduzi-la à excelência e ao sucesso. Como parceiros, as pessoas fazem
investimentos na organização – como esforço, dedicação, responsabilidade 1.5 Conceitos de RH ou de Gestão de Pessoas
e comprometimento – na expectativa de colherem retornos desses investi-
a) Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de políticas e
mentos – como salários , incentivos, crescimento profissional, carreira etc.
práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial rela-
Qualquer investimento somente se justifica quando traz algum retorno
interessante. À medida que o retorno é bom e sustentável, a tendência cionados com as “pessoas” ou recursos humanos, incluindo recrutamento,
certamente será o aumento do investimento. Daí, o caráter de reciprocidade seleção, treinamento, recompensas e avaliação do desempenho.
nessa interação entre pessoas e organizações. E também o caráter de b) ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treinamento, avali-
atividade e autonomia e não mais de passividade e inércia das pessoas. ação e remuneração dos empregados. Todos os gerentes são, em um certo
Pessoas como parceiros da organização e não como meros sujeitos passi- sentido, gerentes de pessoas, porque todos eles estão envolvidos em
vos dela. atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento.
1.3 ENFOQUE SISTÊMICO c) ARH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego
Para facilitar tanto o estudo do relacionamento entre indivíduos e organiza- que influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações.
ções – como o próprio estudo da Administração de Recursos Humanos -. d) ARH é a função na organização que está relacionada com a provisão,
Abordaremos as organizações, grupos e pessoas como classes de siste- treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados.
mas abertos em contínua interação com seus respectivos ambientes. O
conceito interação com seus respectivos ambientes. O conceito de sistema 2. A FUNÇÃO DO ÓRGÃO DE RECURSOS HUMANOS: ATRIBUIÇÕES
aberto tem sua origem na Biologia em vista do estudo dos seres vivos e de BÁSICAS E OBJETIVOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
sua dependência e adaptabilidade ao meio ambiente, tendo invadido rapi- GERENCIAIS.
damente outras disciplinas científicas, como Psicologia, Sociologia, e 2.1 OBJETIVOS
chegado à Administração. O sistema aberto descreve as ações e interações
de um organismo vivo dentro de um ambiente circundante. Assim, em Os objetivos da Gestão de Pessoas são variados. A ARH deve contribuir
Biologia, o desenvolvimento e crescimento de um organismo iniciam-se para a eficácia organizacional através dos seguintes meios:
com a fertilização da célula, que depois se reproduz, por intermédio da
a) Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão. A
nutrição, sempre por meio de ações e interações com seu ambiente.
função de RH é um componente fundamental da organização de hoje.
Utilizamos o conceito de sistemas porque nos permite uma maneira mais Antigamente, a ênfase era colocada no fazer corretamente as coisas atra-
abrangente e contingente de abordar a complexidade das organizações e a vés dos métodos e regras impostos aos funcionários para obter eficiência.
administração de seus recursos. Esse conceito visualiza não só os fatores O salto para a eficácia veio com a preocupação em atingir objetivos e
ambientais internos e externos como um todo integrado, mas também as resultados. Não se pode imaginar a função de RH sem se conhecer o
funções dos subsistemas que o compõem. Apesar do fato de as organiza- negócio de uma organização. Cada negócio tem diferentes implicações na
ções serem complexas, esse conceito permite uma maneira de pensar que ARH. O principal objetivo da ARH é ajudar a organização atingir suas
ultrapassa a complexidade e reconhece a natureza dos complicados pro- metas, objetivos e a realizar sua missão.
blemas.
b) Proporcionar competitividade à organização. Isto significa saber empre-
O enfoque sistêmico em Administração de Recursos Humanos pode ser gar as habilidades e competências da força de trabalho. A função da ARH é
desdobrado em três níveis de análise, a saber: fazer com que as forças das pessoas sejam mais produtivas para beneficiar
clientes, parceiros e empregados. Esta foi a crença que levou Walt Disney a
a) Nível do comportamento social (a sociedade como um macrossistema): construir a Disney a partir das sua próprias pessoas. No nível macroeco-
permite uma visualização da complexa e intrincada sociedade de organiza- nômico, a competitividade é o grau em que uma nação pode, em condições
ções e da trama de interações entre as organizações. Esse nível retrata o livres e justas de mercado, produzir bens e serviços que sejam bem aceitos
relacionamento da organização como uma totalidade com a sociedade nos mercados internacionais, enquanto simultaneamente mantém ou ex-
maior. O nível social funciona como a categoria ambiental do comportamen- pande os ganhos reais de seus cidadãos. Nesta definição, a palavra nação
to organizacional. pode ser substituída por organização e a palavra cidadãos por empregados.
b) Nível de comportamento organizacional (a organização como um siste-
ma): visualiza a organização como uma totalidade e dentro da qual intera- c) Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e bem motivadas.
gem seus componentes entre si e com as partes relevantes do ambiente. O Quando um executivo diz que o propósito da ARH é construir e proteger o
nível organizacional funciona como categoria ambiental do comportamento mais valioso patrimônio da empresa – as pessoas – ele está se referindo a
individual. este objetivo da ARH. Preparar e capacitar continuamente as pessoas é o
primeiro passo. O segundo é dar reconhecimento às pessoas e não apenas
c) Nível do comportamento individual (o indivíduo como um microssistema): dinheiro. Para melhorar e incrementar seu desempenho, as pessoas devem
permite uma síntese de vários conceitos sobre comportamento, motivação, perceber justiça nas recompensas que recebem. Isso significa recompensar
aprendizagem etc., e melhor compreensão da natureza humana. Este nível bons resultados e não recompensar pessoas que não se desempenham
retrata o comportamento das pessoas e grupos na organização. bem. Tornar os objetivos claros e explicitar como são medidos e quais as
1.4 O contexto da ARH decorrências do seu alcance. As medidas de eficácia da ARH – e não
apenas a medida de cada chefe – é que devem ser proporcionadas às
O contexto da ARH é, ao mesmo tempo, dinâmico e mutável. A primeira pessoas certas, na fase certa do desempenho de um trabalho, e no tempo
característica desse contexto é a complexidade. A maneira como pessoas e certo para a organização.
organizações se relacionam entre si para realizar a tarefa organizacional
varia de uma organização para outra. Algumas organizações caracterizam- d) Aumentar a auto-atualização e a satisfação das pessoas no trabalho.
se pela visão democrática e aberta na maneira de tratar as pessoas, en- Antigamente a ênfase era colocada nas necessidades da organização.

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Hoje, sabe-se que as pessoas precisam ser felizes. Para que sejam produ- Monitoração Como saber o que são e o que fazem as pessoas Banco de
tivas, as pessoas devem sentir que o trabalho e adequado às suas capaci- Dados/Sistemas de informação
dades e que estão sendo tratadas equitativamente. Para as pessoas, o
trabalho é a maior fonte de identidade pessoal. As pessoas despendem a Controles-Freqüência- Produtividade-Balanço Social
maior parte de suas vidas no trabalho, e isso requer uma estreita identidade 2.3 Políticas de Recursos Humanos
com o trabalho que fazem. Pessoas satisfeitas não são necessariamente as
mais produtivas. Mas pessoas insatisfeitas tendem a desligar-se da empre- Em função da racionalidade organizacional, da filosofia e cultura organiza-
sa, a se ausentar freqüentemente e a produzir pior qualidade do que pes- cional surgem as políticas. Políticas são regras estabelecidas para governar
soas satisfeitas. A felicidade na organização e a satisfação no trabalho são funções e assegurar que elas sejam desempenhadas de acordo com os
fortes determinantes do sucesso organizacional. objetivos desejados. Constituem uma orientação administrativa para impe-
dir que as pessoas desempenhem funções indesejáveis ou ponham em
e) Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho. Qualidade de vida risco o sucesso de funções específicas. Assim, políticas são guias para a
no trabalho (QVT) é um conceito que se refere aos aspectos da experiência ação. Servem para prover respostas às questões ou aos problemas que
do trabalho, como estilo de gestão, liberdade e autonomia para tomar podem ocorrer com certa freqüência, evitando que os subordinados procu-
decisões, ambientais de trabalho agradável, segurança no emprego, horas rem desnecessariamente seus supervisores para esclarecimentos ou
adequadas de trabalho e tarefas significativas e agradáveis. Um programa solução de cada caso.
de QVT procura estruturar o trabalho e o ambiente de trabalho no sentido
de satisfazer a maioria das necessidades individuais das pessoas e tornar a As políticas de recursos humanos referem-se às maneiras pelas quais a
organização um local desejável e atraente. A confiança das pessoas na organização pretende lidar com seus membros e por intermédio deles
organização também é fundamental para a retenção e a fixação de talentos. atingir os objetivos organizacionais, permitindo condições para o alcance de
objetivos individuais. Variam enormemente conforme a organização.
f) Administrar e impulsionar a mudança. Nas últimas décadas, houve um
período turbulento de mudanças sociais, tecnológicas, econômicas, cultu- Cada organização desenvolve a política de recursos humanos mais ade-
rais e políticas. Essas mudanças e tendências trazem novas abordagens, quada à sua filosofia e suas necessidades. A rigor, uma política de recursos
mais flexíveis e ágeis, que devem ser utilizadas para garantir a sobrevivên- humanos deve abranger o que a organização pretende acerca dos seguin-
cia das organizações. E os profissionais de ARH deve saber como lidar tes aspectos principais:
com mudanças se realmente querem contribuir para o sucesso de sua 1. Políticas de suprimento de recursos humanos:
organização. São mudanças que se multiplicam exponencialmente e cujas
soluções impõem novas estratégias, filosofias, programas, procedimentos e a) Onde recrutar (fontes de recrutamento dentro ou fora da organização),
soluções. em que condições de como recrutar (técnicas de recrutamento preferidas
pela organização para abordar o mercado de recursos humanos) os recur-
g) Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável. Toda sos humanos necessários à organização.
atividade de ARH deve ser aberta, transparente, confiável e ética. As pes-
soas não devem ser discriminadas, e os seus direitos básicos devem ser b) Critérios de seleção de recursos humanos e padrões de qualidade para
garantidos. Os princípios éticos devem ser aplicados a todas as atividades admissão, quanto às aptidões físicas e intelectuais, experiência e potencial
da ARH. Tanto as pessoas como as organizações devem seguir padrões de desenvolvimento, tendo-se em vista o universo de cargos dentro da
éticos e de responsabilidade social. A responsabilidade social não é uma organização.
exigência feita apenas às organizações, mas também e principalmente às
c) Como integrar os novos participantes ao ambiente interno da organiza-
pessoas que nelas trabalham.
ção, com rapidez e eficácia.
2.2 ARH como processo
2. Políticas de aplicação de recursos humanos
A ARH provoca impactos nas pessoas e nas organizações. A maneira de
a) Como determinar os requisitos básicas da força de trabalho (requisitos
lidar com as pessoas, de buscá-las no mercado, de integrá-las e orientá-
intelectuais, físicos etc.), para o desempenho das tarefas e atribuições do
las, fazê-las trabalhar, desenvolvê-las, recompensá-las ou monitorá-las e
universo de cargos da organização.
controlá-las – ou seja, a qualidade da maneira como as pessoas são geri-
das na organização – é um aspecto crucial na competitividade organizacio- b) Critérios de planejamento, alocação e movimentação interna de recursos
nal. humanos, considerando-se o posicionamento inicial e o plano de carreiras,
definindo as alternativas de oportunidades futuras possíveis dentro da
Os cincos processos básicos na gestão de pessoas. organização.
Processo Objetivo Atividades envolvidas c) Critérios de avaliação da qualidade e da adequação dos recursos huma-
nos através da avaliação do desempenho.
Provisão Quem irá trabalhar na organização Pesquisa de mercado de RH
3. Políticas de manutenção de recursos humanos
Recrutamento de Pessoas
a) Critérios de remuneração direta dos participantes , tendo-se em vista a
Seleção de Pessoas
avaliação do cargo e os salários no mercado de trabalho e posição da
Aplicação O que as pessoas farão na organização Integração de pessoas organização frente a essas duas variáveis.
Desenho de cargos b) Critérios de remuneração indireta dos participantes, tendo-se em vista os
programas de benefícios sociais mais adequados à diversidade de necessi-
Descrição e análise de cargos dades existentes no universo de cargos da organização, e considerando a
Avaliação do desempenho posição da organização frente às práticas do mercado de trabalho.

Manutenção Como manter as pessoas trabalhando na organização Remu- c) Como manter uma força de trabalho motivada, de moral elevado, partici-
neração e compensação pativa e produtiva dentro de um clima organizacional adequado.

Benefícios e serviços sociais d) Critérios relativos às condições físicas ambientais de higiene e seguran-
ça que envolvem o desempenho das tarefas e atribuições do universo de
Higiene e segurança do trabalho cargos da organização.
Relações sindicais e) Relacionamento de um bom nível com sindicatos e representações do
Desenvolvimento Como preparar e desenvolver as pessoas Treinamento pessoal.

Desenvolvimento organizacional 4. Políticas de desenvolvimento de recursos humanos:

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a) Critérios de diagnóstico e programação de preparação e reciclagem permite identificar um ponto inicial e um ponto final (ambos externos à
constantes da força de trabalho para o desempenho de suas tarefas e organização), que são ligados entre si por cadeias de eventos. Uma vez
atribuições dentro da organização. especificados os pontos inicial e final, evita-se o risco de projetar um siste-
ma de informação apenas para uma parte dos fluxos de informações, uma
b) Critérios de desenvolvimento de recursos humanos a médio e longo vez que a dimensão do processo decisório está definida.
prazos, visando à contínua realização do potencial humano em posições
gradativamente elevadas na organização. 2.7 Sistemas de informação de recursos humanos
c) Criação e desenvolvimento de condições capazes de garantir a saúde e Sistema de informação é um conjunto de elementos interdependentes
excelência organizacional, através da mudança do comportamento dos (subsistemas) logicamente associados, para que de sua interação sejam
participantes. geradas informações necessárias à tomada de decisões. Como a ARH é
uma responsabilidade de linha e função de staff, o órgão de ARH deve
5. Políticas de monitoração de recursos humanos: municiar e abastecer os órgãos de linha das informações relevantes sobre
a) Como manter um banco de dados capaz de fornecer as informações o pessoal lotado em cada um dos órgãos para que os respectivos gerentes
necessárias para as análises quantitativa e qualitativa da força de trabalho possam administrar seus subordinados.
disponível na organização. A montagem do sistema de informação de recursos humanos requer análi-
b) Critérios para auditoria permanente da aplicação e adequação das se e avaliação da organização ou de seus subsistemas e das sua respecti-
políticas e dos procedimentos relacionados com os recursos humanos da vas necessidades de informação. Um sistema de informação deve identifi-
organização. car e envolver toda a rede de fluxos de informação para ser projetado para
cada grupo de decisões. A ênfase deve ser colocada na necessidade de
2.4 ARH como responsabilidade de linha e função de STAFF informações e não no uso da informação, como convencionalmente se faz.
A responsabilidade básica pela ARH em nível institucional cabe ao executi- No fundo, o sistema de informação é a base do processo decisório da
vo máximo da organização: o Presidente. Sob um ponto de vista mais organização.
amplo, cabe ao Presidente a responsabilidade pela organização toda. É a 3. COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: RELAÇÕES INDIVÍ-
ele que cabem as decisões sobre a dinâmica e os destinos da organização DUO/ORGANIZAÇÃO, MOTIVAÇÃO, LIDERANÇA, DESEMPENHO.
e dos recursos disponíveis ou necessários. Em nível departamental ou
divisional, a responsabilidade pela ARH cabe a cada executivo de linha, 3.1 Relações indivíduo/organização
como , por exemplo, o chefe ou o gerente responsável pelo órgão. Assim, A interação entre pessoas e organizações é um tema complexo e dinâmico
cada chefe ou gerente é responsável pelos recursos humanos alocados em e pode ser visualizado de diferentes maneiras. Barnard faz uma interessan-
seu órgão – qualquer que ele seja, de linha ou de assessoria, de produção, te distinção entre eficiência e eficácia quanto ao resultados da interação
de vendas, de finanças, de pessoal etc. Em suma, a responsabilidade pela entre pessoas e organização. Para ele, toda pessoa precisa ser eficiente
ARH é compartilhada por toda a organização. Tanto o Presidente como para satisfazer a suas necessidades individuais mediante sua participação
cada chefe ou gerente devem saber o essencial sobre recursos humanos. na organização, mas também precisa ser eficaz para atingir os objetivos
2.5 O Papel da ARH organizacionais por meio de sua participação.

Em um mundo de negócios caracterizado pela explosão da inovação tecno- 3.1.1 Objetivos individuais versus objetivos organizacionais
lógica, pela globalização dos mercados, pela forte competição entre organi- Dentro dessa colocação, o relacionamento entre pessoas e organização
zações, pela gradativa e intensa desregulamentação dos negócios e pelas nem sempre é cooperativo e satisfatório. Muitas vezes, torna-se um rela-
mudanças demográficas, políticas e culturais – que provocam mudanças cionamento tenso e conflitivo em que o alcance do objetivo de um lado
rápidas, turbulência e incerteza – as organizações precisam ser rápidas, impede ou cerceia o alcance do objetivo do outro. O conflito entre os objeti-
ágeis, eficazes em custos. Para tanto, as organizações devem possuir vos que as organizações procuram atingir e os objetivos que individualmen-
recursos, conhecimentos, habilidades e competências e – acima de tudo te cada participante pretende alcançar é muito antigo. Para alguns autores,
pessoas que incorporem essas novas características. os objetivos organizacionais e os objetivos individuais nem sempre se
Tudo isso requer novas práticas administrativas e – de lambujem – a contí- deram muito bem. Para que a organização possa alcançar eficientemente
nua redefinição e realinhamento das práticas e políticas de RH para criar seus objetivos, ela tende a criar nos indivíduos um profundo e íntimo senti-
novos comportamentos e competências dos colaboradores. mento de frustração, malogro, conflito e uma curta perspectiva temporal de
permanência na organização. Como se as pessoas fossem descartáveis. E
Assim o papel da ARH deixa de ser a simples manutenção do status quo isto acontece em virtude das exigências que as organizações impõem às
para se transformas gradativamente na área capaz de criar organizações pessoas, bitolando seu desempenho e confinando-se em tarefas isoladas,
melhores, mais rápidas , proativas e competitivas. especializadas, repetitivas e destituídas de oportunidades para a manifes-
2.6 Sistema de informações gerenciais (SIG) tação de sentimentos de independência, responsabilidade e autoconfiança.
A frustração decorrente torna as pessoas apáticas, frustradas e desinteres-
O sistema de processamento de dados tem objetivos específicos que sadas em relação a seu trabalho. E quase sempre os objetivos organiza-
variam de uma organização para outra. cionais se contrapõem aos objetivos individuais das pessoas: a redução de
custos esbarra na expectativa de melhores salários, o aumento da lucrativi-
As informações podem provir do ambiente externo (de fora da organização,
dade conflita com melhores benefícios sociais, a produtividade não “se
como o mercado de trabalho, concorrentes, fornecedores, agências regula-
bica” com o esforço saudável, a ordem não funciona com a liberdade, a
doras, outras organizações etc.) ou do ambiente interno (de dentro da
coordenação não ocorre com a autonomia e o que é bom para um lado nem
organização, como o organograma de cargos e respectivos salários na
sempre é bom para o outro. E aí estão armados o conflito e o antagonismo
organização, pessoas que nela trabalham, homens/horas trabalhadas,
de interesses. Se um lado leva vantagem, o outro geralmente fica na mão
volume de produção e de vendas, produtividade alcançada etc.). As infor-
se a solução a ser adotada é do tipo ganhar/perder.
mações que servem a toda a organização constituem o sistema de informa-
ções globais (envolvendo os níveis institucional, intermediário e operacional Etzioni aponta como o dilema crucial da organização as tensões inevitáveis
da organização), enquanto as informações que suportam as decisões dos – que podem ser reduzidas mas não eliminadas – entre as necessidades da
gerentes constituem o sistema de informações gerenciais (envolvendo os organização e as de seu pessoal, entre a racionalidade e a irracionalidade,
níveis institucional e intermediário). entre a disciplina e a autonomia, entre as relações formais e as informais,
entre a administração e os trabalhadores. Em outro livro, Etzioni coloca
A montagem do sistema de informações precisa levar em conta o conceito
como problema fundamental a busca de equilíbrio entre os elementos
de ciclo operacional utilizado tradicionalmente em contabilidade. Esse
racionais e não racionais do comportamento humano. Este, segundo ele,
conceito localiza cadeias de eventos que se iniciam fora da organização,
constitui o problema central da teoria organizacional.
englobam uma cadeia principal de eventos dentro da organização e termi-
nam em um ponto externo à organização. O conceito de ciclo operacional

Gestão de Pessoas 19
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
A interação entre pessoas e organizações é um tema complexo e dinâmico.
Barnard faz uma interessante distinção entre eficácia e eficiência quanto - Apoio e suporte: liderança renovadora.
aos resultados na interação das pessoas com a organização. Para ele, o
indivíduo precisa ser eficaz (atingir os objetivos organizacionais por meio de - Empregabilidade e ocupabilidade
sua participação) e ser eficiente (satisfazer a suas necessidades individuais
mediante sua participação) para sobreviver dentro do sistema. - Camaradagem e coleguismo.
3.1.2 Reciprocidade entre indivíduo e organização - Qualidade de vida no trabalho.
A interação psicológica entre empregado e organização é basicamente um
processo de reciprocidade: a organização realiza certas coisas para e pelo - Participação nas decisões.
participante, remunera-o, dá-lhe segurança e status; reciprocamente, o
participante responde trabalhando e desempenhando suas tarefas. A - Divertimento, alegria e satisfação - Foco na missão organizacional.
organização espera que o empregado obedeça à sua autoridade, e por seu
turno o empregado espera que a organização se comporte corretamente -Foco na visão de futuro da organização.
com ele e opere com justiça. A organização reforça sua expectação por
meio do uso da autoridade e do poder de que dispõe, enquanto o emprega- - Foco no cliente, seja ele interno, seja externo.
do reforça sua expectação por meio de certas tentativas de influir na orga-
nização ou de limitar sua participação. Ambas as partes da interação estão - Foco em metas e resultados a alcançar.
orientadas por diretrizes que definem o que é corre e equitativo e o que não
é. Alguns sociólogos referem-se a uma “norma de reciprocidade”, enquanto - Foco em melhoria e desenvolvimento contínuo.
alguns psicólogos chamam a isto “contrato psicológico”.
- Foco no trabalho participativo em equipe.
Todo contrato apresenta dois aspectos fundamentais:
1. O contrato forma e escrito é um acordo assinado com relação ao cargo a - Comprometimento e dedicação.
ser ocupado, ao conteúdo do trabalho, ao horário, ao salário etc.; e
- Talento, habilidades e competências.
2. O contrato psicológico é uma expectativa do que a organização e o
indivíduo poderão realizar a ganhar com o novo relacionamento. - Aprendizado constante e crescimento profissional.
O contrato psicológico refere-se à expectativa recíproca do indivíduo e da
- Ética e responsabilidade social.
organização de estender-se muito além de qualquer contrato formal de
emprego que estabeleça o trabalho a ser realizado e a recompensa a ser
3.2 Motivação
recebida. Embora não exista acordo formal ou coisa claramente dita, o
contrato psicológico é um entendimento tácito entre indivíduo e organização Para se compreender o comportamento das pessoas, torna-se necessário
no sentido de que uma vasta gama de direitos, privilégios e obrigações um mínimo conhecimento da motivação humana. É difícil definir exatamen-
consagrados pelo uso serão respeitados e observados por ambas as par- te o conceito de motivação, uma vez que tem sido utilizado com diferentes
tes. O contrato psicológico é um elemento importante em qualquer relação sentidos. De um modo geral, motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa
de trabalho e influencia o comportamento das partes. Um contrato é uma a agir de determinada forma ou, pelo menos, que dá origem a uma propen-
espécie de acordo ou expectativa que as pessoas mantêm consigo mes- são a um comportamento específico. Esse impulso à ação pode ser provo-
mas e com os outros. Cada pessoa representa seus próprios contratos que cado por um estímulo externo (provindo do ambiente) e pode também ser
regem tanto as relações interpessoais como o relacionamento que ela gerado internamente nos processos mentais do indivíduo. Nesse aspecto, a
mantém consigo mesma (relações intrapessoais). Uma fonte comum de motivação está relacionada com o sistema de cognição da pessoa. Krech,
dificuldades nos relacionamentos interpessoais é a falta de acordos explíci- Crutchfield e Ballachey explicam que “os atos do ser humano são guiados
tos e claros. As pessoas nem sempre dizem aberta e explicitamente o que por sua cognição – pelo que ele acredita e prevê. Mas, ao perguntar-se o
querem e do que precisam. O esclarecimento dos contratos, tanto nas motivo por que ele age daquela forma está-se entrando na questão da
relações intrapessoais como nas interpessoais, é importante para a efetiva motivação. A motivação funciona em termos de forças ativas e impulsiona-
vivência interpessoal. É importante tanto para a organização como para o doras, traduzidas por palavras como desejo e receio. A pessoa deseja
indivíduo que ambos explorem os dois aspectos do contrato e não apenas o poder e deseja status, receia o ostracismo social e as ameaças à sua auto-
formal. estima. Além disso, a motivação busca alcançar determinada meta, para
cujo alcance o ser humano gasta energias”.
As pessoas formam uma organização ou se engajam em algumas delas
porque esperam que sua participação satisfaça a algumas necessidades Nesse sentido, existem três premissas que explicam o comportamento
pessoais. Para obter essas satisfações, as pessoas estão dispostas a humano:
incorrer em certos custos ou a fazer certos investimentos pessoais (esfor-
ços) na organização, pois esperam que as satisfações de suas necessida- 1. O comportamento é causado por estímulos internos ou externos. Existe
des pessoais sejam maiores do que os custos e avaliam suas satisfações uma causalidade do comportamento. Tanto a hereditariedade como o meio
esperadas e os custos por meio de seus sistemas de valores. ambiente influem decisivamente no comportamento das pessoas.

Assim, as expectativas recíprocas, quando bem atendidas, conduzem a 2. O comportamento é motivado, ou seja, há uma finalidade em todo com-
uma melhoria incrível no relacionamento entre pessoas e organizações e portamento humano. O comportamento não é casual nem aleatório, mas
vice-versa. Na prática, as expectativas das pessoas em relação à organiza- sempre orientado e dirigido para algum objetivo.
ção e as expectativas da organização em relação ás pessoas podem ser 3. O comportamento é orientado para objetivos. Em todo comportamento
sumarizadas conforme a figura abaixo. existe sempre um impulso, desejo, necessidade, tendência, expressões que
O que as pessoas esperam da organização O que a organização espera servem para designar os motivos do comportamento.
das pessoas A motivação das pessoas depende basicamente de três variáveis: Estímulo,
necessidade, objetivo.
- Um excelente lugar para trabalhar
3.2.1 Ciclo motivacional
- Oportunidade de crescimento: educação e carreira. O ciclo motivacional começa com o surgimento de uma necessidade. A
necessidade é uma força dinâmica e persistente que provoca comporta-
- Reconhecimento e recompensas: salário, benefícios e incentivos.
mento. Toda vez que surge uma necessidade, esta rompe o estado de
equilíbrio do organismo, causando um estado de tensão, insatisfação,
- Liberdade e autonomia.

Gestão de Pessoas 20
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desconforto e desequilíbrio. Esse estado leva o indivíduo a um comporta- de influenciar poderosamente o comportamento dos empregados. Este,
mento, ou ação, capaz de descarregar a tensão ou de livrá-lo do desconfor- escolheu a expressão "higiene" exatamente para refletir o seu caráter
to e do desequilíbrio. Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontrará preventivo e profilático e para mostrar que se destinam simplesmente a
a satisfação da necessidade e, portanto, a descarga da tensão provocada evitar fontes de insatisfação do meio ambiente ou ameaças potenciais ao
por ela. Satisfeita a necessidade, o organismo volta ao estado de equilíbrio seu equilíbrio. Quando esses fatores são ótimos, simplesmente evitam a
anterior, a sua forma de ajustamento ao ambiente. insatisfação, uma vez que sua influência sobre o comportamento, não
consegue elevar substancial e duradouramente a satisfação. Porém, quan-
Uma vez satisfeita, a necessidade deixa de ser motivadora de comporta- do são precários, provocam insatisfação.
mento, já que não causa tensão ou desconforto.
Fatores Motivacionais
No ciclo motivacional, contudo, a necessidade nem sempre pode ser satis-
feita. Ela pode ser frustrada, ou ainda pode se compensada (ou seja, trans- Estes fatores são aqueles que se referem ao conteúdo do cargo, às tarefas
ferida para outro objeto, pessoa ou situação). No caso de frustração da e aos deveres relacionados com o cargo em si. São os fatores motivacio-
necessidade, no ciclo motivacional, a tensão provocada pelo surgimento da nais que produzem algum efeito duradouro de satisfação e de aumento de
necessidade encontra uma barreira ou um obstáculo para sua liberação. produtividade em níveis de excelência, isto é, acima dos níveis normais. O
Não encontrando saída normal, a tensão represada no organismo procura termo motivação, para Herzberg, envolve sentimentos de realização, de
um meio indireto de saída, seja por via psicológica , seja por via fisiológica. crescimento e de reconhecimento profissional, manifestados por meio do
exercício das tarefas e atividades que oferecem um suficiente desafio e
3.2.2 A hierarquia das necessidades segundo Maslow significado para o trabalhador
A hierarquia de necessidades de Maslow, é uma divisão hierárquica pro- Em suma, a teoria dos dois fatores sobre a satisfação no cargo afirma que:
posta por Abraham Maslow, em que as necessidades de nível mais baixo
devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um • a satisfação no cargo, é a função do conteúdo ou atividades desafiadoras
tem de "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto- e estimulantes do cargo: são os chamados Fatores Motivacionais;
realização.
• a insatisfação no cargo é função do ambiente, da supervisão, dos colegas
Maslow define um conjunto de cinco necessidades descritos na pirâmide. e do contexto geral do cargo: são os chamados Fatores Higiênicos.
• necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o Fatores que levam à insatisfação Fatores que levam à satisfação
sexo, a excreção, o abrigo;
Política da Empresa Crescimento
• necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se
seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como Condições do ambiente de Trabalho Desenvolvimento
um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;
Relacionamento com outros funcionários Responsabilidade
• necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como
os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube; Segurança Reconhecimento
Salário Realização
• necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconheci-
mento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros 3.2.4 O modelo contingencial de motivação de Vroom
face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos; Quando falamos de motivação lembramos imediatamente da Teoria das
• necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se Necessidades Humanas de Maslow. Vamos olhar de um mirante diferente
aquilo que ele pode ser: "What humans can be, they must be: they must be agora: A “teoria contingencial da motivação” de Victor Vroom. "Essa teoria
true to their own nature!". provê um modelo de quando as pessoas decidem exercer auto-controle
para perseguir objetivos. Como elas decidiriam racionalmente a se motivar
É neste último patamar da pirâmide que Maslow considera que a pessoa ou não por um curso particular de ação. O nível de produtividade individual
tem que ser coerente com aquilo que é na realidade "... temos de ser tudo o depende de três forças básicas que atuam dentro do indivíduo: objetivos
que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais". individuais, a relação que o indivíduo percebe entre produtividade e alcance
3.2.3 A teoria dos dois fatores de Herzberg de desses objetivos e a capacidade de o indivíduo influenciar seu próprio
nível de produtividade, à medida que acredita poder influenciá-lo.
Frederick Herzber foi o autor da "Teoria dos Dois Fatores" que aborda a
situação de motivação e satisfação das pessoas. Os três principais fatores nessa teoria são: Valência, Expectativa e Instru-
mentalidade.
Nesta teoria Herzberg afirmava que:
Valência é a importância colocada na recompensa. Expectativa é a crença
• A satisfação no cargo é função do conteúdo ou atividades desafiadoras e de que os esforços estão ligados à performance. Instrumentalidade é a
estimulantes do cargo, são os chamados "fatores motivadores"; crença de que a performance está relacionada às recompensas. Por exem-
plo, a expectativa de um vendedor é a sua crença de que um maior número
• A insatisfação no cargo é função do ambiente, da supervisão, dos colegas de telefonemas vai resultar em mais vendas (performance). Sua instrumen-
e do contexto geral do cargo, enriquecimento do cargo (ampliar as respon- talidade é que mais vendas (performance) vão resultar em maiores comis-
sabilidades) são os chamados "fatores higiênicos". sões (recompensas). Sua valência é a importância colocada nas comissões
(recompensas). Esses três fatores resultam na motivação. Se um desses
Herzberg, verificou e evidenciou através de muitos estudos práticos a fatores não existe, a motivação se vai. Se o vendedor não acredita que
presença de que dois fatores distintos devem ser considerados na satisfa-
maiores esforços resultam em melhor performance, não há motivação.
ção do cargo; são eles: os Fatores Higiênicos e os Motivacionais.
Fatores Higiênicos Outro aspecto da teoria diz que uma pessoa só aplica esforço se há uma
chance de ela alcançar um determinado desempenho (performance).
Estes fatores são aqueles que referem-se às condições que rodeiam o Alcançar essa performance faria com que acontecesse determinada conse-
funcionário enquanto trabalha, englobando as condições físicas e ambien- qüência que a pessoa tinha em mente. A performance deve ser alcançável
tais de trabalho, o salário, os benefícios sociais, as políticas da empresa, o pelo sujeito em questão. Objetivos inalcançáveis são desmotivadores. De
tipo de supervisão recebido, o clima de relações entre a direção e os fun- acordo com a teoria da expectativa, a quantidade de esforço que uma
cionários, os regulamentos internos, as oportunidades existentes etc. pessoa exerce em uma tarefa específica depende da expectativa que ela
Correspondem à perspectiva ambiental. Constituem os fatores tradicional- tem de seu resultado".
mente utilizados pelas organizações para se obter motivação dos funcioná-
rios. SENAI Armando de Arruda Pereira Herzberg, contudo, Filho Do Wal- 3.2.5 Teoria da Expectação
ter, considera esses fatores higiênicos muitos limitados na sua capacidade

Gestão de Pessoas 21
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Dentro das chamadas teóricas de processo, em que entram para terminar a empresa frente às diversas questões, tanto referentes ao mercado em que
motivação, fatores cognitivos e de percepção individual sobre as relações ela atua, como com relação às pessoas e a sociedade.
entre seu objetivo, seu desempenho, a situação externa e a tarefa, Lawler
III em 1968 publicou algumas conclusões sobre seus estudos em torno das O clima organizacional influi diretamente na motivação da equipe, no seu
varáveis: esforço-desempenho e desempenho-resultados. Destas conclu- grau de satisfação e, conseqüentemente, na qualidade de seu trabalho. Por
sões apresentaremos a que nos parece mais interessante num país que isso, é tão importante para as empresas mensurar essa percepção que os
vive o tormento da infração e da perda de poder aquisitivo dos trabalhado- colaboradores têm dela, ou seja, o clima organizacional.
res. Através de uma pesquisa de clima organizacional busca-se obter repostas
Este autor encontrou evidência de que dinheiro pode motivar não só o que auxiliem as empresas a identificar possíveis falhas ou oportunidades de
desempenho, mas também o companheirismo e a dedicação. Basta para melhoria.
isto que perceba a relação:
-crença que o DINHEIRO satisfará suas necessidades MOTIVAÇÃO não Esse tipo de pesquisa tem se tornado mais comum, devido aos cada vez
satisfeitas - crença que a (para desempenhar)obtenção de DINHEIRO mais utilizados processos de automação, que reduzem o quadro de funcio-
requer um bom desempenho. nários, ao chamado “downsizing”, às fusões e privatizações que misturam
culturas organizacionais completamente diferentes gerando, todos eles,
Conclui o autor que se não ocorre esta situação nas organizações é por muitas vezes, instabilidade e insegurança aos funcionários o que prejudica
que seus administradores não tem destacado que : seu desempenho e, conseqüentemente o desempenho da organização
como um todo.
O desempenho melhorado trará aumento de salário, pois entre outras
coisas, não costumam: O clima organizacional então age como um indicador de como as mudan-
ças estão afetando a organização.
- correlacionar os aumentos salariais aos aumentos de desempenho;
Outro ponto que favorece a realização da pesquisa de clima organizacional
- utilizar a Avaliação de Desempenho para discriminar os funcionários e é a questão da imagem da empresa. Os colaboradores são os primeiros
lhes pagar diferentemente o que merecem; clientes que a empresa precisa conquistar para que, depois possa conquis-
- mostrar aos funcionários que há uma correlação entre seu desempenho e tar o mercado. De nada adianta, por exemplo, uma empresa fazer uma
seu salário. campanha publicitária milionária a respeito da sua responsabilidade social
ou ambiental para os clientes externos, se seus clientes internos não estão
Importante lembrar que esta é uma das relações possíveis a serem desta- satisfeitos com as condições de trabalho ou não sabem de nada que em-
cadas dentro da concepção do autor. presa realiza a respeito destas questões.
Insatisfação ----> nenhuma insatisfação O clima organizacional pode ser medido, também, através da percepção e
(neutralidade) alguns “sintomas”: quando o clima é bom, existe alegria no ambiente de
trabalho, aplicação e surgimento de idéias novas, os funcionários se sen-
fatores higiênicos = ( - ) tem confiáveis, engajados, e predominam atitudes positivas; já quando o
clima é ruim, existe tensão, rivalidades, desinteresse, erros constantes,
nenhuma satisfação ---> satisfação desobediência às ordens, falta de comunicação, alto índice de absenteís-
mo, greves, desperdício de materiais e turnover alto (rotatividade de funcio-
(neutralidade)
nários).
fatores motivacionais = ( + ) 3.3 LIDERANÇA
Isto não quer dizer que os fatores higiênicos não são necessários muito ao Segundo Chiavenato a Teoria das Relações Humanas constatou a influên-
contrario, são imprescindíveis, pois quando estão abaixo de um ponto cia da liderança sobre o comportamento das pessoas. Existem três princi-
considerado suficiente, são capazes de produzir insatisfação. O que aliás pais teorias sobre a liderança:
como é só o que podem produzir, além da neutralidade. Ao passo que os • Traços da personalidade. Segundo esta teoria o líder possui característi-
fatores motivacionais só podem produzir satisfação ou neutralidade. De cas marcantes de personalidade que o qualificam para a função.
maneira que os primeiros só atuam no sentido negativo e os segundos só
atuam no sentido positivo. • Estilos de liderança. Esta teoria aponta três estilos de liderança: autocráti-
ca, democrática e liberal.
Em outras palavras, não adiantam estratégias de aumentos salariais,
escritórios bonitos, etc., para conseguir maior motivação para trabalho, pois • Situações de liderança. Nesta teoria o líder pode assumir diferentes
na melhor das hipóteses o que vai conseguir é que alguém desmotivado padrões de liderança de acordo com a situação e para cada um dos mem-
não peça demissão de seu emprego. bros da sua equipe

Outro aspecto importante a ser colocado é que como são dois fatores que Para Lacombe os líderes influenciam as pessoas graças ao seu poder, que
andam paralelos e não num contínuo pode-se deduzir que em determina- pode ser o poder legítimo, obtido com o exercício de um cargo, poder de
dos casos pode haver alguém muito satisfeito, pois gosta muito do que faz, referência, em função das qualidades e do carisma do líder e poder do
tem autonomia, etc.... mas está insatisfeito, pois ganha pouco demais e já saber, exercido graças a conhecimentos que o líder detém.
não tem condições de dar a sua família o padrão de vida que razoavelmen- 3.3.1 Estilos de liderança
te o agrada. Isto é pode-se encontrar alguém que esteja mesmo tempo
motivado e insatisfeito. • Liderança autocrática: Na Liderança autocrática o líder é focado apenas
nas tarefas. Este tipo de liderança também é chamado de liderança autori-
3.2.6 CLIMA ORGANIZACIONAL tária ou diretiva. O líder toma decisões individuais, desconsiderando a
O clima organizacional pode ser definido como os reflexos de um conjunto opinião dos liderados.
de valores, comportamentos e padrões formais e informais que existem em • Liderança democrática: Chamada ainda de liderança participativa ou
uma organização (cultura) e, representa a forma como cada colaborador consultiva, este tipo de liderança é voltado para as pessoas e há participa-
percebe a empresa e sua cultura, e como ele reage a isso. Resumindo, ção dos liderados no processo decisório.
clima organizacional é a percepção coletiva que as pessoas têm da empre-
sa. • Liderança liberal ou Laissez faire: Laissez-faire é a contração da expres-
são em língua francesa laissez faire, laissez aller, laissez passer, que
Essa percepção pode ser boa ou ruim de acordo com a interpretação significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar". Neste tipo de
pessoal que cada colaborador faz das políticas, normas e conduta da liderança as pessoas tem mais liberdade na execução dos seus projetos,
indicando possivelmente uma equipe madura, auto-dirigida e que não

Gestão de Pessoas 22
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necessita de supervisão constante. Por outro lado, a Liderança liberal aqueles que não têm bom desempenho. A falta de distinção entre o bom e
também pode ser indício de uma liderança negligente e fraca, onde o líder o mau desempenho, no que se refere ao salário, ocasiona queda da moti-
deixa passar falhas e erros sem corrigí-los. vação, prejudicando a performance de colaboradores importantes;
• Liderança paternalista: O paternalismo é uma atrofia da Liderança, onde o O preconceito gerado pela antiga Teoria das Relações Humanas a respeito
Líder e sua equipe tem relações interpessoais similares às de pai e filho. A do salário em si e das limitações do modelo do homo economicus difundido
Liderança paternalista pode ser confortável para os liderados e evitar pela Teoria da Administração Científica de Taylor e que ela tanto combateu.
conflitos, mas não é o modelo adequado num relacionamento profissional, Explicação: "Esse preconceito existe até os dias de hoje e parece transfor-
pois numa relação paternal, o mais importante para o pai é o filho, incondi- mar o dinheiro em algo vil e sórdido, quando, na realidade, é uma das
cionalmente. Já em uma relação profissional, o equilíbrio deve preponderar razões principais que levam as pessoas a trabalharem em determinada
e os resultados a serem alcançados pela equipe são mais importantes que empresa", explica Chiavenato.
um indivíduo.
Dinheiro é um meio e não um fim
A liderança é um tema importante para os gestores devido ao papel funda-
mental que os líderes representam na eficácia do grupo e da organização. Lawler concluiu, em seus estudos, que as pessoas desejam dinheiro por-
que este lhes permite não somente a satisfação de necessidades fisiológi-
Os líderes são responsáveis pelo sucesso ou fracasso da organização.
Liderar não é uma tarefa simples. Pelo contrário. Liderança exige paciência, cas e de segurança, mas também lhes dá plenas condições para a satisfa-
disciplina, humildade, respeito e compromisso, pois a organização é um ser ção das necessidades sociais, de estima e de auto-realização. O dinheiro é
vivo, dotado de colaboradores dos mais diferentes tipos. um meio e não um fim em si. Ele pode comprar muitas coisas que satisfa-
zem múltiplas necessidades pessoais.
Dessa forma, pode-se definir liderança como o processo de dirigir e influen-
ciar as atividades relacionadas às tarefas dos membros de um grupo. Por fim, "se as pessoas percebem e crêem que seu desempenho é, ao
Porém, existem três implicações importantes nesta definição. mesmo tempo, possível e necessário para obter mais dinheiro, elas certa-
mente desempenharão da melhor maneira possível. É só a empresa esta-
Primeira: a liderança envolve outras pessoas, o que contribuirá na definição belecer esse tipo de percepção", conclui Chiavenato
do status do líder. Segunda: a liderança envolve uma distribuição desigual
de poder entre os líderes e os demais membros do grupo. E terceira: a 4. COMPETÊNCIA INTERPESSOAL
liderança é a capacidade de usar diferentes formas de poder para influenci- Ao longo dos tempos, as três vertentes sempre consideradas pelos líderes
ar de vários modos os seguidores. empresariais foram e, em muitos casos ainda continuam sendo, estas:
De fato, os líderes influenciam seguidores. Por este motivo, muitos acredi- * Satisfazer as suas próprias necessidades enquanto líder;
tam que os líderes têm por obrigação considerar a ética de suas decisões.
Apesar de a liderança ser importante para a gerência e estreitamente * Satisfazer às necessidades de seus liderados;
relacionada a ela, liderança e gerência não são os mesmo conceitos. * Satisfazer às necessidades da organização.
Planejamento, orçamento, controle, manutenção da ordem, desenvolvimen-
to de estratégias e outras atividades fazem parte do gerenciamento. Gerên- O líder eficaz, portanto, era aquele que fosse capaz de conciliar essas três
cia é o que fazemos. Liderança é quem somos. grandes variáveis em meio a um complexo ambiente de mudanças.
Uma pessoa pode ser um gerente eficaz, um bom planejador e um gestor Os paradigmas atuais, que passaram a nortear mudanças profundas na
justo e organizado e, mesmo assim, não ter as capacidades motivacionais forma de administrar e liderar pessoas e, por conseguinte, as próprias
de um líder. Ou simplesmente pode ocorrer o contrário. Uma pessoa pode organizações, deveriam igualmente considerar outras variáveis além das
ser um gerente ineficaz, porém, em contrapartida, ter as habilidades neces- citadas, as quais teriam a capacidade de inverter o centro de atenção,
sárias para um bom líder. retirando o foco principal do líder que "satisfaz necessidades" e transferin-
do-o para aquele que "partilha", "convive intensamente" e "aprende" com o
Entre os desafios apresentados pelo ambiente mutável, as organizações ambiente.
estão valorizando cada vez mais os gerentes que possuem habilidades de
liderança. Qualquer pessoa que aspire a ser um gerente eficaz deve tam- Assim, no primeiro caso, as habilidades exigidas pelos líderes para que
bém se conscientizar de praticar e desenvolver suas habilidades de lideran- pudessem ser considerados eficazes seriam, basicamente, aquelas previs-
ça. tas pela Liderança Situacional, isto é: as de diagnosticar de forma correta
as situações, reconhecendo a diversidade dos fatos e valorizando o espírito
3.4 DESEMPENHO de observação, também conhecida como competência cognitiva; a que
No livro "Recursos Humanos - O capital humano das organizações", Idal- assegura a flexibilidade e a versatilidade, tornando o líder alguém descom-
berto Chiavenato, um dos mais respeitados pesquisadores da área de RH, promissado com formas rígidas de conduta, conhecida como comportamen-
explica os motivos e as conseqüências da falta de sintonia entre salário e tal; e, por último, a comunicação ativa, assumindo que a mesma só se
desempenho: efetiva na total compreensão pelo seu interlocutor, denominada competên-
cia interpessoal.
O enorme lapso de tempo ocorrido entre o bom desempenho da pessoa e
o incentivo salarial dele decorrente. Explicação: a fraqueza do incentivo Talvez fosse preciso que os líderes desenvolvessem novas habilidades e
salarial e a demora de tempo para recebê-lo passam aos colaboradores a capacitações, caso queiram tornar-se um pouco mais efetivos, sobretudo
nítida impressão de que os ganhos das pessoas, naquela empresa, não assumindo o seu novo papel de "identificador e mentor de talentos" e
estão atrelados ao seu esforço; "provocador de mudanças".

A não-produção de distinções salariais na análise de desempenho, porque Abaixo, segue uma pequena mostra dessas habilidades que, talvez, deves-
os gerentes e avaliadores, de maneira geral, não gostam de se confrontar sem ser analisadas com maior atenção por parte daqueles que desejam
com pessoas de baixo desempenho, sem preparo para receberem nenhum ampliar a sua influência sobre pessoas, reunindo um maior número de
ou menor incentivo salarial. Explicação: com essa cultura, os salários seguidores, que, como se sabe, traduz bem o espírito de liderança, diver-
tendem a ser mantidos pela média, deixando de recompensar aqueles que sas vezes citado por Peter Drucker.
tiveram bom desempenho e agregaram à empresa, com novas ideias e * Observar a coerência
dedicação. Fica a impressão de que a relação entre desempenho e dinheiro
inexiste, o que causa queda da motivação entre os mais talentosos; Na medida em que mantém uma linha definida de pensamento, a ponto de
os subordinados muitas vezes serem capazes, após algum tempo de
A política de remuneração das organizações está geralmente atrelada às convivência, de prever quais seriam os seus próximos passos.
políticas governamentais ou a convenções sindicais, que são genéricas e
procuram regulamentar os salários indistintamente, a fim de neutralizar o * Valorizar e reforçar o comportamento ético
efeito da inflação. Explicação: os salários exigidos por sindicatos e organi- Na medida em que passaria a pautar a sua conduta geral, quer em relação
zações similares não fazem distinção entre os profissionais talentosos e
aos seus subordinados, quer em relação aos seus clientes, sempre com

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base no respeito à pessoa e aos princípios pré-definidos. Nesse sentido, setor de atuação, o tamanho da organização, tipo de gestão, objetivos
deverá tornar-se uma referência, um exemplo a ser seguido. organizacionais, missão, valores, estrutura organizacional, estratégias
implementadas, entre outros fatores, podem influenciar um conflito.
* Promover a sensibilidade e a empatia
A gestão de conflitos tende a crescer de importância dentro das organiza-
Na medida em que sabe quando e como deve agir deixando a razão de ções contemporâneas, tendo em vista a importância, cada vez maior, dada
lado e passando a assumir a perspectiva de seus subordinados e clientes, às pessoas que nelas trabalham; já que um dos axiomas gerenciais atuais
muitas vezes priorizando o lado emocional. consiste no fato de os indivíduos constituírem o fator diferencial entre as
* Tratar a todos com educação e cortesia empresas, os conflitos que os envolvem passam a ser um problema, uma
vez que podem reduzir a produtividade, conseqüentemente, afetando a
Na medida em que é incapaz de maltratar alguém, agindo de maneira cruel. lucratividade e rentabilidade da instituição.
Procura sempre manter-se calmo e controlado. Parte do princípio que as
pessoas devem ser respeitadas qualquer que seja a situação. Nesse sentido, as empresas que não souberem gerenciar os conflitos entre
seu pessoal poderão estar sujeitas a diversos contratempos, como: ter
* Procurar ser assertivo reduzida sua participação no mercado; não desenvolver novos produtos; ter
Na medida em que transmite aos seus subordinados segurança e firmeza arranhada sua imagem perante o público-alvo; prejudicar o clima organiza-
de propósitos. Consegue o respeito através do exemplo e da coerência cional que, segundo Chiavenato (1999, p. 323), “constitui o meio interno de
entre tudo aquilo que diz e tudo aquilo que pratica. Diz o que pensa sem uma organização, a atmosfera psicológica, característica em cada organi-
que para isso tenha de magoar as pessoas. zação. O clima organizacional está ligado ao moral e à satisfação das
necessidades humanas dos participantes.”; causar letargia no público
* Utilizar a inteligência plenamente interno, que afetará toda a empresa etc.
Na medida em que é capaz de resolver problemas com criatividade e 5.1 ALGUNS PROCEDIMENTOS PARA GERENCIAR CONFLITOS
eficácia. Todos têm a sensação de que poderão contar com ele sempre que
for preciso. Faz-se necessário frisar que os procedimentos aqui mencionados não são
os únicos que podem ser empregados para a administração de conflitos.
* Confiar nas pessoas Servem apenas como ponto de referência, e não como regras a serem
seguidas por todos, em qualquer situação conflituosa; posto que uma gama
Na medida em que confia no seu subordinado e nos seus pares, acreditan-
gigantesca de variáveis pode influenciar um determinado conflito, tais
do no seu potencial e fazendo absoluta questão de demonstrar isso para
como: cultura organizacional; ciclo de vida do produto, da empresa e das
toda equipe em todos os momentos.
pessoas envolvidas direta e indiretamente no conflito; estilos de liderança;
* Executar um planejamento voltado para a inovação identificação entre os envolvidos que integram um grupo ou equipe etc.
Na medida em que define metas em conjunto com a equipe e depois cobra Quando se estiver administrando um conflito, é de suma importância que,
resultados possíveis, buscando sempre mais. Tudo deve ser baseado na antes de se tomar qualquer decisão, investigue-se os fatos ocorridos, o
pró-atividade e na busca contínua da inovação. histórico das pessoas envolvidas como o tempo em que os envolvidos no
conflito trabalham na empresa, suas condutas e desempenho etc. Importan-
* Qualidade Na medida em que exige de si próprio e da sua equipe o má- te ressaltar a importância de se empregar a empatia, ou seja, tendência
ximo de empenho e dedicação para que tudo seja feito da melhor maneira para sentir o que sente a pessoa na dada situação e circunstâncias; consi-
possível, na perspectiva dos clientes. Não se conforma com a mediocrida- derar os valores da organização; levar em consideração pressões não
de, nem com o baixo desempenho. usuais de trabalho como, por exemplo, o fato de dois funcionários terem
5. GERENCIAMENTO DE CONFLITOS uma discussão; se o produto dessa empresa é sazonal e se, no período
que antecedeu a referida discussão, os funcionários tiveram que aumentar
Desde que o ser humano surgiu, constata-se a ocorrência de uma série de sua jornada de trabalho; verificar a ocorrência de explicação insatisfatória,
conflitos em sua vida, seja em termos pessoais, seja em termos profissio- por parte do responsável, de normas e/ou procedimentos etc. Tudo isto
nais. Conforme o homem desenvolveu-se cultural e tecnologicamente, os para que injustiças não sejam cometidas e o conflito tenha um final satisfa-
conflitos foram mudando não só quanto à intensidade, magnitude, como tório para todos os envolvidos.
também quanto ao número de envolvidos. Importante ressaltar que não se
deve desconsiderar, ainda, a época e o local que ocorrem, fatores que os Na administração de conflitos, é relevante também identificar se os envolvi-
influenciam, e muito. dos trabalham em um grupo ou em uma equipe, já que existem diferenças
entre tais denominações. Uma equipe tem um objetivo em comum, além de
Para que um indivíduo possa superar conflitos, faz-se necessário saber possuir um número reduzido de componentes. Seus integrantes, necessari-
lidar com eles, o que implica saber gerenciá-los. Contudo, muitas pessoas amente, devem possuir as seguintes qualidades: disposição para comparti-
não sabem como administrá-los, independente das variáveis que o envol- lhar oportunidades e reconhecimentos; além de comunicarem-se de forma
vam. Para conseguir gerir uma situação conflituosa, é preciso um certo aberta e direta (supervisão funcional). Para que tais qualidades sejam
feeling (tato, sensibilidade), embora, em alguns momentos, não será, por si fomentadas numa organização, é necessário estabelecer objetivos claros e
só, suficiente para alcançar uma solução eficiente e eficaz, que atenda a métodos de trabalho eficazes, e, ainda, que os indivíduos sejam respeita-
todas as partes envolvidas. Nesse caso, deverão ser utilizados alguns dos tanto pessoal, quanto profissionalmente.
procedimentos, expostos adiante, para gerir o conflito, a fim de possibilitar
um resultado que agrade às partes envolvidas. Tais procedimentos não É sabido que todo ser humano consiste um ser único, ou seja, possui
constituem regras seguidas para todas as pessoas, tampouco para todas aptidões, valores, cultura etc. que o tornam diferente como indivíduo e, por
as situações. Na verdade, devem ser considerados apenas como princípios conseqüência, como profissional. No entanto, muitos gestores esquecem
que devem ser levados em consideração, e aplicados de acordo com o bom de tirar proveito dessas habilidades heterogêneas em prol da empresa.
senso. Afinal, cada caso é um caso. Assim, as empresas que trabalham com equipes, aproveitam-se dessas
diferenças, maximizando-as ou otimizando-as utilizando-se da ferramenta
Ao gestor de Recursos Humanos, Gestor de Talentos ou outro nome que denominada
for designado por uma empresa para o profissional que trabalha com as holismo, que consiste em aproveitar as desigualdades para que a totalida-
pessoas, cabe aptidão (disposição inata ou, ainda, capacidade ou habilida- de, organização, represente mais do que a soma das partes, indivíduos.
de resultante de conhecimentos adquiridos) para gerenciar conflitos, entre
outras tarefas que terá de desempenhar no seu dia-a-dia. É importante Outro aspecto importante sobre as equipes consiste no seu ciclo de vida.
ressaltar que, atualmente, tal aptidão é exigida para qualquer profissional, Tal ciclo pode ser dividido em quatro estágios: o primeiro, consiste na sua
pois muitas empresas já extinguiram a área de Recursos Humanos ou a formação propriamente dita; o segundo estágio preocupa-se em desenvol-
transformaram numa área com abordagem estratégica, o que acarreta aos ver um método de trabalho; já no terceiro, visa-se a atingir os objetivos
responsáveis pelas diversas áreas da empresa saberem gerenciar os estabelecidos; e, por fim, no quarto estágio, os integrantes começam a sair
conflitos que ocorrem entre o seu pessoal. Vale lembrar, também, que o da equipe para buscar novos desafios.

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Outro fator de magnitude é identificar as características de uma equipe 1) produtividade: que consiste no fato de avaliar se a equipe está realizando
vencedora, a saber: união entre seus integrantes, cujo número é reduzido; o trabalho em quantidade e em tempo suficientes;
aquisição pela equipe de uma organização própria; e, finalmente, apoio
mútuo. 2) empatia: que se refere ao fato de os componentes da equipe apresentam
empatia pelos seus membros;
No caso de uma equipe, os conflitos tendem a ocorrer em menor quantida-
de do que num grupo. Tal fato deve-se, conforme já dito, ao seu número 3) regras e objetivos: diz respeito ao fato de as pessoas seguirem o princí-
reduzido de componentes, que facilita a comunicação entre seus membros. pio da direção, ou seja, quando cada um dos indivíduos sabe o que se
Um dos motivos da geração de conflitos em empresas pode estar baseado espera dele, bem como o que deve fazer;
no fato da diversidade cultural dos indivíduos envolvidos. Segundo Meggin- 4) flexibilidade: consiste no fato de os integrantes da equipe terem aptidão
son, Mosley e Jr (1986, p. 471-472), são eles: para variadas tarefas ou aplicações;
1) etnocentrismo: ocorre quando uma pessoa, de uma determinada cultura, 5) objetividade: refere-se ao fato dos envolvidos dizerem aquilo que pen-
recorre a seus próprios valores culturais como parâmetro para resolver sam sobre determinado assunto;
algum problema num ambiente cujos padrões culturais sejam distintos do
seu; 6) reconhecimento: diz respeito ao fato de seus integrantes se admirarem e,
por fim;
2) uso impróprio de práticas gerenciais: ocorre quando se aplica uma
determinada prática gerencial numa cultura, levando-se em conta apenas 7) moral: consiste no fato de as pessoas desejarem integrar a equipe.
sua eficiência e eficácia, contudo, em outra; Para se compreender a gênese de um conflito, faz-se necessário não só
3) percepções diferentes: ocorre quando, pelo fato de cada cultura possuir compreender o comportamento das pessoas envolvidas, como também
um conjunto de valores como referência, pessoas de diferentes culturas dissecá-los. Para tal, é imperioso entender que o comportamento nada
apresentarem valores e entendimentos distintos; mais é do que o resultado do somatório de vários fatores, dentre eles
podemos citar: os medos que uma pessoa possui, as emoções vivenciadas,
4) comunicação errônea: acontece quando diferenças culturais como idio- suas experiências adquiridas no transcorrer de sua existência, suas cren-
ma, costumes, sentimentos geram uma comunicação equivocada. ças, as preocupações que a afligem; sua auto-estima etc.
A necessidade de conhecer algumas características das pessoas, para Um ponto potencialmente gerador de conflitos consiste na observa-
identificar se estarão aptas para desempenhar determinadas tarefas a ção/crítica do trabalho ou desempenho de um indivíduo. Para minimizar
contento, demanda da obrigatoriedade de se constituir equipes, pois estas essa potencialidade de gerar uma situação conflituosa, Bee (2000) desen-
aumentam significativamente a produtividade. Segundo Maitland (2000), volveu 10 ferramentas para realizar-se uma consideração, ou a chamada
existem seis tipos de indivíduos: crítica construtiva:
1) o pensador: é o indivíduo que focaliza o conjunto do que vai ser realiza- 1) analisar a situação: nesse momento, tem-se o cuidado de identificar qual
do, trazendo idéias e sugestões; é o problema, bem como o que necessita ser alterado e por quê;
2) o organizador: é o indivíduo que organiza e coordena as atividades, 2) determinar o(s) efeitos(s) e o(s) objetivo(s): visa a determinar o que o
confeccionado cronogramas, listas de atividades etc.; indivíduo deve realizar;
3) o realizador: é o indivíduo de execução, que, normalmente, domina a 3) ajustar-se à receptividade: quem vai realizar a crítica deve identificar se a
equipe; pessoa a ser criticada está aberta para recebê-la;
4) o que veste a camisa: é o indivíduo que procura manter o grupo unido, 4) criar o ambiente propício: visa a propiciar um ambiente no qual quem vai
dá suporte aos demais integrantes; emitir a crítica possa ser entendido e aceito;
5) o controlador: é o indivíduo que procura estar a par do andamento dos 5) comunicar-se efetivamente: levar em conta alguns aspectos fundamen-
trabalhos, bem como lembra, constantemente, os prazos; tais na elaboração de uma crítica, tais como: o que se diz, a maneira como
se diz, a linguagem corporal; e, ainda, saber ouvir e observar a pessoa
6) o analisador: é o indivíduo que analisa todas as idéias, sugestões e criticada além de ajudar o indivíduo criticado a trabalhar com os problemas
ações de modo cuidadoso e objetivo. objeto das críticas;
Um ponto nevrálgico na administração de conflitos consiste em identificar 6) descrever o comportamento que deseja mudar: é fundamental que a
os tipos de comportamento de cada um dos envolvidos. Segundo Gillen pessoa que recebe a orientação tenha em mente o ponto exato do proble-
(2001), os tipos de comportamento são quatro: ma;
1) passivo – é o indivíduo que procura evitar o conflito, mesmo que sofra 7) descrever o comportamento desejado: é de suma importância que o
com isso; via de regra, apresenta voz hesitante, atitude defensiva, contato indivíduo que recebeu a crítica saiba o que necessita apresentar como
visual mínimo, e, geralmente, é uma pessoa é quieta; desempenho ou comportamento;
2) agressivo – é o indivíduo que aspira fervorosamente vencer, mesmo à 8) procurar soluções conjuntamente: o indivíduo que critica deve procurar
custa de outras pessoas. Tende a ser individualista, uma vez que está mais ajudar o criticado, dando-lhe sugestões e/ou idéias;
interessado nos próprios desejos do que com os dos outros. Tal comporta-
mento apresenta voz alta e máximo contato; 9) concentrar-se naquilo que se acha bom: consiste em alternar mensagens
positivas às negativas; e, por fim;
3) passivo/agressivo – é o indivíduo que apresenta um comportamento
misto. São as pessoas que desejam se firmar, contudo, não possuem 10) chegar a um acordo: este, talvez, seja o item mais difícil, na medida em
estrutura para tanto. Este comportamento apresenta muita irritação, postura que ninguém muda seu comportamento ou desempenho sem que concor-
fechada, pessoa lacônica; de.

4) assertivo – é o indivíduo que aspira a defender seus direitos, bem como O nível de gravidade de um conflito pode ser denominado, segundo Chia-
aceita que as outras pessoas também os tenham. Este comportamento venato(1999), de três formas:
apresenta tom de voz moderado, as pessoas deste tipo de comportamento 1) conflito percebido ou latente: ocorre quando existem vários objetivos e há
são neutras, possuem uma postura de prudência e segurança. oportunidades de interferência ou bloqueio de objetivos por parte dos
A avaliação de uma equipe pode ocorrer de diversas maneiras, de acordo participantes;
com a finalidade da avaliação. De acordo com Hardinghan (2000), pode- se 2) conflito experienciado ou velado: ocorre quando as partes envolvidas
elaborar uma lista para avaliar uma equipe in loco, utilizando-se dos seguin- nutrem sentimentos de hostilidade, raiva, medo e descrédito, no entanto,
tes fatores: não é manifestado externamente de forma clara;

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3) conflito manifestado ou aberto: quando o conflito é manifestado sem de recrutamento e seleção têm modificado-se, no sentido de usar novas
nenhuma dissimulação. técnicas capazes de identificar pessoas com potencial de crescimento,
flexibilidade e pensamento estratégico (Vasconcelos, 2000).
Para administrar um conflito organizacional, pode-se empregar um dos
seguintes estilos, segundo Chiavenato (1999): Chiavenato (1992) comenta que no mundo complexo e competitivo de hoje,
a escolha das pessoas certas torna-se vital para o funcionamento da em-
1) estilo de evitação: consiste na fuga do conflito. É empregado quando o presa. Pessoas bem selecionadas e bem posicionadas não somente contri-
problema é corriqueiro, quando não há perspectiva de ganhar o conflito, buem para o adequado funcionamento da empresa como também constitu-
quando se necessita tempo para obter uma informação ou quando um em um significativo potencial para futuras substituições.
conflito pode ser desvantajoso;
As organizações precisam de pessoas capazes de incentivar a criação e
2) estilo de acomodação: visa a resolver os pontos de menor divergência e comunicação do conhecimento, estruturá-lo, mantê-lo ou aprimorá-lo. Para
deixar os problemas maiores para depois; Davenport & Prusak (1998), esta nova função envolve habilidades soft e
3) estilo competitivo: consiste no comando autoritário, é empregado quando hard, ou seja, habilidades relacionadas à implementação de uma cultura
se faz necessário tomar uma decisão organizacional de aprendizagem e habilidades relacionadas ao desenvolvi-
mento da infra-estrutura facilitadora. Storey, citado por Fleury & Fleury
rapidamente ou uma decisão impopular; (2000), identifica esta metáfora na expressão gestão estratégica de Recur-
4) estilo de compromisso: ocorre quando as partes envolvidas aceitam sos Humanos. Para o autor, a versão hard relaciona-se aos aspectos
perdas e ganhos para todos os envolvidos; quantitativos, de gestão racional de recursos humanos. A versão soft por
sua vez enfatiza os aspectos de comunicação, motivação e liderança.
5) estilo de colaboração: é empregado numa situação ganha/ganha, visto
que todos os interesses podem ser reunidos numa solução mais ampla. Fischer, citado por Fleury & Fleury (2000), identificou alguns pontos funda-
mentais da gestão estratégica dos recursos humanos nas empresas, volta-
6. GESTÃO DE PESSOAS DO QUADRO PRÓPRIO E TERCEIRIZADAS das à gestão do conhecimento. Entre eles destacam-se: a capacitação de
competências necessárias às estratégias de negócio e o desenvolvimento
O contexto histórico mudou com a sociedade industrial da produção e
de competências essenciais.
consumo em massa para, mais recentemente, a customização em massa.
O ambiente competitivo da empresa mudou com a globalização dos merca- O que se espera, nessa visão, é que o profissional de RH, equipado com o
dos e a inovação tecnológica. O enfoque do papel das pessoas na organi- conhecimento sólido sobre os processos de aprendizagem e portador da
zação e sobre o valor do seu conhecimento mudou, demandando novas visão global de negócio, seja capaz de articular na empresa os processos
tecnologias de gestão. básicos de gestão.
Davenport & Prusak (1998), consideram que as pessoas derivam conheci- 6.3 A Gestão do conhecimento e uma nova oportunidade para os recursos
mento das informações de diversas formas: por comparação, pela experi- humanos
mentação, por conexão com outros conhecimentos e através das outras
pessoas. O conhecimento é transmitido por pessoas e para pessoas, As empresas estão também cada vez mais conscientes da importância da
através de meios estruturados como vídeos, livros, documentos, páginas cultura administrativa para os resultados da organização e há um interesse
Web etc. Além disso, as pessoas adquirem conhecimento daqueles que já muito grande hoje em torno dos valores organizacionais. Através de ações
o têm, através de aprendizado interpessoal e compartilhamento de experi- de cunho participativo, reuniões, seminários e treinamentos, tenciona-se
ências e idéias. Esse processo é verificado nas organizações há muito criar uma sinergia entre os valores individuais e os do grupo. Essa busca
tempo, ao menos implicitamente. O conhecimento da empresa, da competi- por um alinhamento, ainda que questionável em diversos aspectos, é mais
ção, dos processos, do ramo de negócio, enfim, tem embasado decisões um ponto de interesse das empresas nas questões de recursos humanos.
estratégicas e operacionais ao longo dos anos. No entanto, o consenso de Nesse sentido, a necessidade de explorar intensivamente o capital intelec-
que o conhecimento é um recurso que precisa ser gerenciado é relativa- tual tem impulsionado as empresas a valorizar crescentemente o seu
mente recente. capital humano. Em extenso estudo sobre a vantagem competitiva das
6.1 O Capital Intelectual nações, Porter chega à seguinte conclusão:

Por muitas vias chega-se ao fator humano nas organizações. Sempre que "é a criação do conhecimento e a capacidade de agir, que são o resultado
se fala sobre capital intelectual ou gestão do conhecimento, acaba-se de um processo altamente localizado, que determinam o sucesso corporati-
discutindo o papel dos recursos humanos vistos cada vez mais como seres vo" (Porter, 1989).
do que apenas como recursos nas organizações. Eles não são emprega- Então uma das questões centrais da gestão do conhecimento, que preten-
dos, são pessoas. O capital intelectual é um ativo e nisso não difere dos de ir além do simples gerenciamento da informação ou do conhecimento
outros recursos à produção, porém está dotado de intangibilidade. explícito, é ampliar a capacidade empresarial de criar conhecimento novo,
Lev (2000) refere que um ativo representa um direito a receber benefícios compartilhá-lo na comunidade organizacional e agregá-lo a produtos, a
futuros, correspondendo os ativos intangíveis àqueles direitos (a receber serviços e a processos, de sorte a gerar vantagens competitivas sustentá-
benefícios futuros) que não têm uma expressão física (um terreno, um veis. É gerenciar os ativos intangíveis e o conhecimento tácito, buscando
edifício ou um equipamento) ou financeira (uma ação ou uma obrigação). transformar esta imponderabilidade patrimonial em resultados econômicos.

Outros exemplos podem ser dados de ativos intangíveis: marcas registra- 6.4 Profissionais terceirizados
das, patentes, uma forma organizacional única, uma base de dados de A contratação de profissionais terceirizados é um procedimento que vem
clientes. O capital intelectual refere-se ao potencial das pessoas que consti- sendo adotado significamente em várias empresas do mundo. Isso denota
tuem as empresas, em gerar conhecimento e inovar consoante os objetivos que a estratégia - utilizada principalmente para reduzir custos - traz outras
organizacionais, traduzidos em benefícios às organizações e seus acionis- vantagens às companhias como, por exemplo, o crescimento no faturamen-
tas/proprietários. to ou melhoria na prestação de serviços.
Um estudo produzido pelo centro de Inovação Empresarial da Ernst & Dessa forma, pode-se notar que, como qualquer outro funcionário, os
Young, revelou que esses acionistas tomam em consideração uma ampla colaboradores terceirizados também cooperam para o desenvolvimento da
gama de fatores não financeiros e apreciam os investimentos no desenvol- empresa. Entretanto, por não terem vínculo empregatício, alguns deles são
vimento dos trabalhadores, na qualidade dos processos e nas inovações tratados de forma discriminatória por gestores ou colegas de trabalho, o
empresariais. que faz com que esses profissionais não se sintam parte da corporação.
6.2 O novo papel da gestão de Recursos Humanos Opostas a essa realidade, algumas companhias investem e capacitam seus
funcionários prestadores de serviço, tratando-os verdadeiramente como
A preocupação com o fortalecimento do capital intelectual tem mudado a membro da organização.
gestão dos recursos humanos nas empresas. Observa-se que os processos

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Atentar para esse segmento de profissionais, a empresa promove maior dam de melhor para adotar nas empresas. Mas nem tudo está perdido para
integração, comprometimento e fidelização desses colaboradores com a aqueles que são terceirizados. Vai um conselho interessante quando for
empresa, fazendo com que eles se sintam parte do corpo funcional. Para contratado:
isso, o departamento de Recursos Humanos pode promove mensalmente
atividades especiais como palestras motivacionais, além de apresentações - Seja humilde;
sobre o cenário econômico atual e o seu reflexo no segmento organizacio- - Procure se integrar ao máximo com a equipe;
nal. Também é possível a realização de encontros com abordagem humo-
rística, no qual a equipe absorve, de forma descontraída e leve, novas - Estude a cultura da empresa;
técnicas de relacionamento. Um fato que pode ser observado é o caso dos - Aproveite os treinamentos oferecidos por ela;
representantes comerciais, que participam de reuniões com fornecedores
para divulgação das campanhas de lançamento de novos produtos. - Faça network com as empresas parceiras.
Vale ressaltar que os terceirizados dever receber treinamentos, por meio de Em boa parte das companhias, os treinamentos organizados pelo RH já são
reuniões gerais que envolvem toda a área comercial. Os colaboradores estendidos aos terceirizados. Outro desafio na vida do terceirizado é o
devem contar, por exemplo, com a participação de palestrantes que geral- estímulo da formação continuada, por isso a qualificação profissional é
mente trazem algum tema motivacional. Após a reunião, os integrantes importante. Agindo dessa maneira o terceirizado conseguirá não só o
podem participar de um almoço, como sugestão, de confraternização no reconhecimento interno, como também o externo. Possivelmente poderá
salão de festas da empresa. levar o terceirizado à promoção suprema que vai te libertar desse cárcere
para mostrar seus talentos, quem sabe, em outra empresa que acredita e
Resultados – A receptividade da realização das ações motivacionais, em aposta em.
regra é excelente. Podemos destacar que Os colaboradores sentem-se
valorizados e gostam de estar diante da possibilidade de ampliação de As empresas têm falado muito em Políticas de Retenção de Talentos como
conhecimentos e trocas de idéias, pois é possível medir o grau de satisfa- sua prioridade, ou seja, elas estão se dando conta de que investir tanto
ção desses colaboradores através dos resultados obtidos e por meio de tempo e grandes somas de dinheiro para contratar, treinar e desenvolver
feedback direto. um funcionário e depois deixá-lo ir embora – até para a concorrência – não
é uma estratégia muito inteligente.
Especificamente na área de Vendas, uma equipe motivada alavanca as
Algumas empresas até que chegam perto de reter seus talentos, mas por
negociações e conseqüentemente aumenta o faturamento da empresa.
trocarem uma letra apenas, mudam todo o sentido. Essas companhias
Quanto aos benefícios para os colaboradores, empresa e terceirizados, o
conseguem deter seus talentos - presos a um emprego que pode ser a
gerente de RH ressalta a possibilidade de desenvolvimento e de conhece-
única alternativa para sua sobrevivência ou a uma remuneração elevada
rem as atividades peculiares de cada setor. “Além disso, a troca de experi-
que dificulta sua mobilidade, afinal, ninguém quer baixar seu padrão, e os
ências e o envolvimento com as equipes motiva e desperta uma maior
que topam fazê-lo encontram ceticismo e desconfiança dos selecionadores
interação no grupo”, completa.
de outras empresas. Essas empresas até conseguem deter as pessoas em
Benefício adquirido – Com o intuito de aumentar a qualidade de vida dos seus quadros por algum tempo ou, pelo menos partes das pessoas: suas
colaboradores, também é possível disponibilizar aos representantes comer- mãos e sua cabeça, mas o coração, a paixão, já deve ter se retirado há
ciais e seus dependentes, cônjuges e filhos, planos de saúde completos. O algum tempo.
investimento no bem-estar oferece uma cobertura global: além do direito à
Uma vez dentro da empresa, pense em dedicar todo seu talento no trabalho
realização de exames simples e complementares, ainda dá direito à inter-
que lhe couber, independente do nível ou importância relativa na pirâmide
nação e atendimento ambulatorial, sem carência e limites para consultas.
organizacional, sem olhar também para o lado ou para cima, mas buscando
6.5 Talentos nas empresas terceirizadas superar-se diariamente. É importante pensar que a cada dia estamos
construindo um legado profissional e pessoal, formado de conhecimentos,
Numa organização, o fato de cada colaborador ter suas responsabilidades habilidades, atitudes, decisões, iniciativas, escolhas, julgamentos; enfim,
definidas é tarefa de encontrar seu próprio espaço. Para os colaboradores atos e idéias que deixarão a sua marca pessoal e formarão sua imagem
que são terceirizados, a situação é bem complicada. Estes precisam supe- profissional. Muito provavelmente, apenas essa postura de contínua auto-
rar a relação de serem tratados com certa diferença e, ao mesmo tempo, os superação e uma atuação fundada em valores éticos sólidos, já lhe credita-
deveres são iguais aos dos funcionários diretos, já que nos benefícios e rão a marca de um talento, que as boas empresas estarão procurando
oportunidades de crescimento na carreira é bem difícil. reter; as que não o fizerem, não merecem sua frustração.
Esse dilema ainda continua nas empresas terceirizadas que atuam no setor Às vezes você é julgado pelos companheiros e chefes de trabalho como
público e privado. Nessas organizações podemos encontrar profissionais de uma ameaça para eles, mas é normal. Isso sempre acontece no início,
diversas áreas que, no entanto, se limitam a essas empresas pelo fato de principalmente em companhias terceirizadas. Por isso, sempre invista na
serem terceirizados. Os gerentes de Recursos Humanos das contratantes sua empresa: “Em você mesmo”. Procure realizar cursos e se qualificar
se preocupam apenas com as questões contratuais. As contratadas não cada vez mais, isso manterá seus talentos mais fortes.
fazem a integração dos novos funcionários como deveriam ser feitas,
apenas treinam para a execução do serviço e pronto. 7. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO: TÉCNICAS E PROCESSO DECISÓ-
RIO.
Muitos desses profissionais ao serem admitidos nestas empresas com
políticas bem definidas e culturas complexas trazem as seguintes expecta- 7.1 Conceito de recrutamento
tivas para eles: “Aqui vamos crescer e futuramente deixaremos de ser
O recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos que visam
terceirizados e seremos incorporados ao quadro efetivo da empresa”. Entre
atrair candidatos potencialmente qualificados, capazes de assumirem
esses profissionais temos engenheiros, administradores, gestores de RH,
cargos dentro da organização. É como um sistema de informação, através
profissionais de Marketing e outras profissões. Por que isso acontece? Será
do qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos
que os gerentes dessas organizações não conhecem os talentos que estão
as oportunidades de emprego que pretende preencher. Para ser eficaz, o
na empresa ou não querem dar oportunidades de crescimento com medo
recrutamento deve atrair um número contingente de candidatos suficiente
de perder o cargo?
para abastecer adequadamente o processo de seleção. O recrutamento é
Com todas essas incertezas, os profissionais de RH não fazem nada a não uma atividade que tem por objetivo imediato atrair candidatos, de entre os
ser admitir e demitir, pois algumas empresas sabem muito pouco sobre as quais serão selecionados os futuros participantes da organização. Assim,
competências e ambições de seus funcionários. A identificação de talentos poderemos afirmar que o recrutamento é uma atividade de comunicação
requer diálogo e boa liderança. Falta pelo menos um desses elementos na com o ambiente externo, é uma atividade de relações públicas e de envol-
maioria das organizações. vimento da organização com a comunidade que a rodeia.
Enquanto isso, os talentos continuam presos, sem liberdade e oportunidade FONTES DE RECRUTAMENTO
para sair desse cárcere e mostrar ao mundo coorporativo o que eles guar-

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As fontes de recrutamento representam os alvos específicos sobre os quais 1. Resultados das avaliações de desempenho do candidato interno;
irão incidir as técnicas de recrutamento. Para melhor identificar as fontes de
recrutamento (dentro dos requisitos que a organização irá exigir aos candi- 2. Análise e descrição do cargo atual do candidato interno e comparação
datos), são possíveis dois tipos de pesquisa: a pesquisa externa e a pes- com a análise e descrição do cargo que se está a pensar ocupar, no senti-
quisa interna. do de avaliar as diferenças entre ambos e se necessário, desenvolver
novas competências;
PESQUISA EXTERNA
3. Planos de carreira de pessoal para se verificar qual a trajetória mais
Relaciona-se com a elaboração de uma pesquisa do mercado de recursos adequada para o ocupante do cargo em questão;
humanos, de modo a poder segmentá-lo, para facilitar a sua análise. Esta
segmentação deve ser elaborada de acordo com os interesses da organi- 4. Condições de promoção do candidato interno, para saber se este tem um
zação, ou seja, deve ser decomposta e analisada tendo em conta as carac- substituto preparado para o seu lugar;
terísticas exigidas pela organização em relação aos candidatos que visa 5. Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de seleção aquan-
atrair e recrutar. do da sua entrada na organização;
PESQUISA INTERNA 6. Resultados dos programas de formação, caso tenha feito, do candidato
Corresponde a uma pesquisa sobre as necessidades da organização em interno. A recolha das informações acima referidas só é possível graças a
relação aos recursos humanos e quais as políticas que a organização uma contínua coordenação do órgão de recrutamento com os outros depar-
pretende adaptar em relação ao seu pessoal. Esta pesquisa, geralmente, tamentos da empresa.
envolve a: VANTAGENS DO RECRUTAMENTO INTERNO
1. Elaboração das políticas de recrutamento; O recrutamento interno constitui uma transferência de recursos humanos
2. Organização do recrutamento, delegação de autoridade e responsabili- dentro da própria organização. As principais vantagens deste tipo de recru-
dade apropriadas a essa função; tamento são:

3. Listagem dos requisitos necessários à força de trabalho; 1. Maior rapidez: evita as demoras frequentes no recrutamento externo,
como por exemplo, a colocação de anúncios, a espera de respostas e ainda
4. Utilização de meios e técnicas para atrair; a demora natural do próprio processo de admissão;
5. Avaliação do programa de recrutamento, em função dos objetivos e dos 2. Mais econÔmico para a empresa: evita os custos inerentes ao processo
resultados alcançados. do recrutamento externo, custos de admissão do novo candidato e os
custos relacionados com a integração do novo colaborador;
PROCESSO DE RECRUTAMENTO
3. Aproveita os investimentos da empresa em formação do pessoal: o que,
O recrutamento envolve um processo que varia conforme a organização. O por vezes, só tem retorno quando o colaborador passa a ocupar cargos
órgão de recrutamento não tem autoridade para efetuar qualquer atividade mais complexos;
de recrutamento sem a devida tomada de decisão por parte do órgão que
possui a vaga a ser preenchida. O recrutamento de pessoal é oficializado 4. Apresenta maior índice de segurança: o candidato é conhecido, a em-
através de uma ordem de serviço denominada como requisição de pessoal. presa tem a sua avaliação de desempenho, dispensa-se a integração na
Quando o órgão de recrutamento a recebe, verifica se existe algum candi- organização e, por vezes, não necessita de período experimental;
dato adequado disponível nos seus arquivos; caso contrário, deve recrutá-
lo através das técnicas de recrutamento. 5. É uma fonte de motivação para os colaboradores: porque possibilita o
crescimento dentro da organização. Quando uma empresa desenvolve uma
MEIOS DE RECRUTAMENTO política consistente de recrutamento interno estimula os seus colaboradores
a um constante auto-aperfeiçoamento, no sentido de estes depois estarem
Verificou-se que as fontes de recrutamento são áreas do mercado de aptos a ocupar cargos mais elevados e complexos;
recursos humanos exploradas pelos mecanismos de recrutamento. O
mercado de recursos humanos apresenta fontes de recursos humanos 6. Cria uma competição salutar entre o pessoal: uma vez que as oportuni-
diversificadas que devem ser diagnosticadas e localizadas pela empresa. dades serão oferecidas aqueles que realmente as merecerem.
Deste modo, ela passa a influencia-las através de uma multiplicidade de
técnicas de recrutamento, visando atrair candidatos para atender às suas DESVANTAGENS DO RECRUTAMENTO INTERNO
necessidades. Verificamos também que o mercado de recursos humanos é
constituído por um conjunto de candidatos que podem ser empregados (a 1. A organização pode estagnar, perdendo criatividade e inovação;
exercer atividades noutra empresa) ou disponíveis (desempregados). Os 2. Se a organização não oferecer as oportunidades de crescimento no
candidatos empregados ou disponíveis podem ser reais (que estão à procu- momento certo, corre-se o risco de defraudar as expectativas dos colabora-
ra ou querem mudar de emprego) ou potenciais (que não estão interessa- dores e, consequentemente, podem-se criar estados de desinteresse,
dos em procurar emprego). Daí existirem dois meios de recrutamento: o apatia e até levar à demissão;
interno e o externo.
3. Pode gerar conflitos de interesses entre pessoas que estão em pé de
O recrutamento é denominado como externo quando aborda candidatos igualdade para ocupar o mesmo cargo;
reais ou potenciais, disponíveis ou empregados em outras empresas, sendo
a sua consequência uma entrada de recursos humanos. Por outro lado, é 4. Pode provocar nos colaboradores menos capazes, normalmente em
denominado como interno quando aborda candidatos reais ou potenciais, cargos de chefia, um sentimento de insegurança que poderá fazer com que
empregados unicamente na própria empresa e tendo como consequência estes sufoquem o desempenho e aspirações dos subordinados, a fim de
uma remodelação interna dos recursos humanos. evitarem futura concorrência;

RECRUTAMENTO INTERNO 5. Quando administrado incorretamente, pode levar à situação que Lauren-
ce Peter denomina de Principio de Peter, segundo o qual as empresas, ao
Diz-se que o recrutamento é interno quando uma determinada empresa, promoverem incessantemente os seus colaboradores, elevam-nos sempre
para preencher uma vaga, aproveita o potencial humano existente na à posição onde demonstram o máximo da sua incompetência; ou seja, à
própria organização. A razão deste aproveitamento prende-se, muitas medida que um colaborador demonstra competência num determinado
vezes, com promoções, programas de desenvolvimento pessoal, planos de cargo, a organização, a fim de premiar o seu desempenho, promove-o
carreira e transferências. Para que o recrutamento interno seja um instru- sucessivamente até ao cargo em que o colaborador por se mostrar incom-
mento eficaz no binômio satisfação do empregado/empresa, exige o conhe- petente, estagnará, uma vez que o sistema jurídico-laboral não permite que
cimento prévio de informações relacionadas com outros subsistemas, tais o colaborador retome à sua posição anterior;
como:

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6. Não pode ser feito em termos globais dentro da organização: uma vez caras, embora seja compensada pelos fatores tempo e rendimento. Na
que o recrutamento interno só pode ser efetuado à medida que o candidato maior parte das vezes, as técnicas de recrutamento são utilizadas conjun-
interno tenha, a curto prazo, condições de igualar a performance do antigo tamente, pois o processo de recrutamento tem que ter em conta o binÔmio
ocupante. custo/rapidez. Assim, o custo de recrutamento aumenta à medida que se
exige maior rapidez no recrutamento e seleção dos candidatos.
RECRUTAMENTO EXTERNO
VANTAGENS DO RECRUTAMENTO EXTERNO
O recrutamento é externo quando, havendo uma determinada vaga, a
organização tenta colmatar a mesma com candidatos externos que são 1. Traz sangue novo e experiências novas à organização: a entrada de
atraídos pela organização através de técnicas de recrutamento. As técnicas recursos novos na organização impulsiona novas ideias, novas estratégias,
de recrutamento são os métodos através dos quais a organização divulga a diferentes abordagens dos problemas internos da organização; enfim,
existência de uma oportunidade de trabalho junto às fontes de recursos permite à organização manter-se atualizada com o ambiente externo e ao
humanos mais adequadas. O que vai definir as técnicas são as fontes de corrente do que se passa noutras organizações;
recrutamento e as qualificações. O recrutamento externo incide sobre
candidatos reais ou potenciais, disponíveis ou em situação de emprego e 2. Permite munir a empresa com quadros técnicos com formação no exteri-
pode envolver uma ou mais técnicas de recrutamento. As principais técni- or: isto não significa que, a partir da admissão, não tenha que investir em
cas de recrutamento externo são: formação com esse candidato, mas o que é certo é que vai usufruir de
imediato do retorno dos investimentos efetuados pelos outros;
1. Consulta de bases de dados: os candidatos que tenham enviado o seu
curriculum vitae para uma organização e não tenham sido considerados em 3. Renova e enriquece os recursos humanos da organização: principalmen-
recrutamentos anteriores, têm a sua candidatura devidamente arquivada no te quando a política é admitir pessoal jovem, dinâmico, mais qualificado e
órgão de recrutamento e podem ser chamados a qualquer momento para credenciado do que o já existente na organização;
um processo de seleção. A organização deve estimular a vinda de candida- 4. Evita conflitos entre pessoas que fazem parte da mesma organização: no
turas espontâneas, para garantir um stock de candidatos para qualquer caso de, por exemplo, duas pessoas estarem aptas a ocupar o mesmo
eventualidade. Considera-se esta técnica a que acarreta menores custos cargo e a organização escolher uma delas, pode desencadear na rejeitada
para a organização, uma vez que elimina a necessidade de colocar anún- um sentimento de injustiça e provocar um conflito grave.
cios, tornando-a, por isso mesmo, numa das mais rápidas;
DESVANTAGENS DO RECRUTAMENTO EXTERNO
2. Boca-a-boca: apresentação do candidato a partir de um colaborador.
Desta forma, a organização faz com que o colaborador se sinta prestigiado 1. É um processo mais demorado do que o recrutamento interno: porque
pelo fato da organização considerar as suas recomendações, ao apresentar temos de considerar o tempo despendido com a escolha das técnicas mais
um amigo ou conhecido e, dependendo da forma como o processo é con- adequadas, com as fontes de recrutamento, com a atração dos candidatos,
duzido, o colaborador torna-se co-responsável junto à empresa pela sua com a seleção, os exames médicos, com possíveis compromissos do
admissão. É também uma técnica de baixo custo, alto rendimento e baixa candidato a outra organização e com o processo de admissão. Este período
morosidade; será maior para as funções de topo.

3. Cartazes ou anúncios na portaria da empresa: é uma técnica de baixo 2. Desmotiva as pessoas que trabalham na organização: os funcionários
custo, mas cuja eficácia nos resultados depende de uma série de fatores, podem, em determinados casos, ver o recrutamento externo como uma
como a localização da empresa, a proximidade das fontes de recrutamento, política de deslealdade para com eles;
a proximidade de movimento de pessoas, facilidade de acesso. É uma 3. Cria distorções ao nível salarial: porque quem vem de novo, normalmen-
técnica que espera que o candidato vá até ela. Normalmente, é utilizada te vem ganhar mais do que aquele que já está há mais tempo na organiza-
para funções de baixo nível; ção e a desempenhar a mesma função, o que pode levar ao aumento dos
4. Anúncios em jornais e revistas: é considerada uma das técnicas de salários em geral, para evitar grandes disparidades; 4. É mais caro: exige
recrutamento que atrai mais candidatos à organização. Porém, é mais despesas imediatas com anúncios, jornais, agências de recrutamento;
quantitativa, uma vez que se dirige ao público em geral e a sua discrimina- 5. É menos seguro do que o recrutamento interno: dado que os candidatos
ção depende da objetividade do anúncio; são desconhecidos: apesar das técnicas de seleção, muitas vezes a em-
5. Contactos com sindicatos e associações de classe: tem a vantagem de presa não tem condições de confirmar as qualificações do candidato; daí
envolver outras organizações no processo de recrutamento sem que isso submeter o candidato a um período experimental, precisamente pela inse-
traga à organização qualquer tipo de encargos; gurança da empresa relativamente ao processo de recrutamento e seleção.

6. Contactos com centros de emprego; 8. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: OBJETIVOS, MÉTODOS, VANTA-


GENS E DESVANTAGENS.
7. Contactos com universidades, associações de estudantes, escolas e
centros de formação profissional, no sentido de divulgar as oportunidades A avaliação de desempenho pode ser definida como a identificação e
oferecidas pela empresa; mensuração das ações que os colaboradores de uma organização realiza-
ram durante determinado período.A avaliação de desempenho tem como
8. Conferências em universidades e escolas: no sentido de promover a objetivo diagnosticar e analisar o desempenho individual e grupal dos
empresa: para tal, há uma apresentação da organização, em que esta fala funcionários, promovendo o crescimento pessoal e profissional, bem como
dos seus objetivos, da sua estrutura e das políticas de emprego; melhor desempenho. Além disso, fornece à Administração de recursos
9. Viagens de recrutamento a outras localidades: quando o mercado de humanos informações para tomadas de decisões acerca de salários, bonifi-
recursos humanos local está bastante explorado, a empresa pode recorrer cações, promoções, demissões, treinamento e planejamento de carreira,
ao recrutamento em outras cidades ou outras localidades. Neste caso o proporcionando o crescimento e o desenvolvimento da pessoa avaliada.
técnico de recrutamento dirige-se ao local em questão e anuncia através da Através da avaliação de desempenho é mais fácil fornecer feedback às
rádio e imprensa local; pessoas da organização, baseado em informações sólidas e tangíveis, e
10. Contactos com outras empresas que atuam no mesmo mercado, em auxiliá-las no caminho para o autodesenvolvimento. Outro benefício é a
termos de cooperação mútua: estes contactos inter-empresas chegam a possibilidade de descoberta de talentos resultante da identificação das
formar cooperativas de recrutamento; qualidades de cada pessoa da organização.

11. Agências de recrutamento: estas agências estão a proliferar, no sentido 8.1 Porque avaliar o desempenho das pessoas?
de prestar serviços de recrutamento e seleção a pequenas, médias e Toda organização necessita ser avaliada através de um sistema para
grandes empresas. Estão aptas a recrutar e selecionar candidatos inde- poder, através de um processo de retroalimentação, rever suas estratégias
pendentemente das suas qualificações. Ou seja, ao contrário de outras e métodos de trabalho, minimizando os efeitos da tendência à entropia e
técnicas, esta permite recrutar candidatos não só de baixo nível, mas
também altamente qualificados. Torna-se,então uma das técnicas mais

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melhorando suas práticas. Assim ela se recicla, oxigena-se e torna-se que depende somente do ponto de vista do supervisor a respeito do de-
capaz de sobreviver em ambientes turbulentos e mutáveis. sempenho avaliado.
8.2 Gestão de desempenho I. Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do alcance de objeti-
vos específicos, mensuráveis, alinhados aos objetivos organizacionais e
Um conceito mais amplo que o de avaliação de desempenho é o de gestão negociados previamente entre cada colaborador e seu superior. É importan-
do desempenho, que apresenta-se atualmente como o modelo mais com- te ressaltar que durante a avaliação não devem ser levados em considera-
pleto para o acompanhamento do desempenho dos colaboradores, por ção aspectos que não estavam previstos nos objetivos, ou não tivessem
abranger o planejamento, acompanhamento e avaliação do desempenho, sido comunicados ao colaborador. E ainda, deve-se permitir ao colaborador
com o intuito de melhorar do trabalho, objetivando estimular o alcance de sua auto-avaliação para discussão com seu gestor.
metas organizacionais e a promoção do desenvolvimento dos recursos
humanos. O planejamento, a partir da missão, visão, análise do ambiente J. Padrões de desempenho: também chamada de padrões de trabalho é
externo e interno da empresa, identifica as metas a serem alcançadas. Em quando há estabelecimento de metas somente por parte da organização,
seguida vem o acompanhamento das ações, para verificar se as mesmas mas que devem ser comunicadas às pessoas que serão avaliadas.
estão de acordo com as metas estabelecidas, identificar as discrepâncias
K. Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de comportamen-
entre as ações realizadas e esperadas e então desenhar as ações de
tos descritos como ideais ou negativos. Assim, assinala-se “sim” quando o
desenvolvimento e capacitação.
comportamento do colaborador corresponde ao comportamento descrito, e
8.3 Métodos de avaliação de desempenho “não” quando não corresponde.
Existem vários sistemas, ou métodos, de avaliação de desempenho. Os Uma mudança marcante nos métodos de avaliação é a passagem do
métodos mais tradicionais de avaliação de desempenho são: avaliado como ser passivo para ser agente. Além disso, a introdução do
conceito de competência, compreendido como “o conjunto de conhecimen-
A. Escalas gráficas de classificação: é o método mais utilizado nas empre- tos, habilidades e atitudes do indivíduo” (ZARIFIAN, apud SOUZA, 2005,
sas. Avalia o desempenho por meio de indicadores definidos, graduados p.96) levou à criação de novas formas de avaliar as pessoas em uma
através da descrição de desempenho numa variação de ruim a excepcional. organização:
Para cada graduação pode haver exemplos de comportamentos esperados
para facilitar a observação da existência ou não do indicador. Permite a A. Avaliação 360 graus: neste método o avaliado recebe feed-
elaboração de gráficos que facilitarão a avaliação e acompanhamento do backs(retornos) de todas as pessoas com quem ele tem relação, também
desempenho histórico do avaliado. chamados de stakeholders, como pares, superior imediato, subordinados,
clientes, entre outros.
B. Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação dos indivíduos
através de frases descritivas de determinado tipo de desempenho em B. Avaliação de competências: trata-se da identificação de competências
relação às tarefas que lhe foram atribuídas, entre as quais o avaliador é conceituais (conhecimento teórico), técnicas (habilidades) e interpessoais
forçado a escolher a mais adequada para descrever os comportamentos do (atitudes) necessárias para que determinado desempenho seja obtido.
avaliado. Este método busca minimizar a subjetividade do processo de
C. Avaliação de competências e resultados: é a conjugação das avaliações
avaliação de desempenho.
de competências e resultados, ou seja, é a verificação da existência ou não
C. Pesquisa de campo: baseado na realização de reuniões entre um espe- das competências necessárias de acordo com o desempenho apresentado.
cialista em avaliação de desempenho da área de Recursos Humanos com
D. Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho futuro, identifica as
cada líder, para avaliação do desempenho de cada um dos subordinados,
potencialidades do avaliado que facilitarão o desenvolvimento de tarefas e
levantando-se os motivos de tal desempenho por meio de análise de fatos e
situações. Este método permite um diagnóstico padronizado do desempe- atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita a identificação de talentos
nho, minimizando a subjetividade da avaliação. Ainda possibilita o planeja- que estejam trabalhando aquém de suas capacidades, fornecendo base
mento, conjuntamente com o líder, do desenvolvimento profissional de cada para a recolocação dessas pessoas.
um. E. Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert S. Kaplan e David
D. Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam desempenhos P. Norton na década de 90, avalia o desempenho sob quatro perspectivas:
altamente positivos (sucesso), que devem ser realçados e estimulados, ou financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e cresci-
altamente negativos (fracasso), que devem ser corrigidos através de orien- mento. São definidos objetivos estratégicos para cada uma das perspecti-
tação constante. O método não se preocupa em avaliar as situações nor- vas e tarefas para o atendimento da meta em cada objetivo estratégico.
mais. No entanto, para haver sucesso na utilização desse método, é neces- 9. DESENVOLVIMENTO E TREINAMENTO DE PESSOAL: LEVANTA-
sário o registro constante dos fatos para que estes não passem desperce- MENTO DE NECESSIDADES, PROGRAMAÇÃO, EXECUÇÃO E AVALI-
bidos. AÇÃO.
E. Comparação de pares: também conhecida como comparação binária, faz Muitas empresas tem investido cada vez mais em programas de treinamen-
uma comparação entre o desempenho de dois colaboradores ou entre o tos e desenvolvimento de funcionários, a idéia é aprimorar o potencial e a
desempenho de um colaborador e sua equipe, podendo fazer o uso de capacidade dos funcionários, e abrir novas oportunidades dentro da empre-
fatores para isso. É um processo muito simples e pouco eficiente, mas que sa. As organizações contemporâneas têm sido levadas à modernização
se torna muito difícil de ser realizado quanto maior for o número de pessoas e/ou adequação ao novo contexto produtivo por diferentes caminhos, seja
avaliadas. pela via tecnológica, seja pela via gerencial diferentes mecanismos e/ou
ferramentas são utilizados, em um esforço voltado à eficácia na utilização
F. Auto-avaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado com relação a
sua performance. O ideal é que esse sistema seja utilizado conjuntamente dos recursos produtivos visando, em última instância a melhor adequação
das pessoas ao local de trabalho.
a outros sistemas para minimizar o forte viés e falta de sinceridade que
podem ocorrer. Como resposta a este momento todos os setores produtivos necessitam de
G. Relatório de performance: também chamada de avaliação por escrito ou uma estruturação melhor almejando melhorar o quadro econômico e social.
avaliação da experiência, trata-se de uma descrição mais livre acerca das A capacitação dos funcionários é inegavelmente a responsável hoje, pelo
características do avaliado, seus pontos fortes, fracos, potencialidades e sucesso organizacional. Assim, as organizações têm que estar “preocupa-
dimensões de comportamento, entre outros aspectos. Sua desvantagem das” com o treinamento e desenvolvimento das pessoas envolvidas em sua
está na dificuldade de se combinar ou comparar as classificações atribuídas empresa para que tenham sempre um segmento adequado.
e por isso exige a suplementação de um outro método, mais formal.
Com base no contexto atual das empresas e nos desafios que as pessoas
H. Avaliação por resultados: é um método de avaliação baseado na compa- enfrentam no desempenho de suas funções, decidiu-se pesquisar as com-
ração entre os resultados previstos e realizados. É um método prático, mas petências requeridas aos funcionários para atuarem nos setores da organi-
zação, para a partir daí propor treinamentos nas áreas adequadas.

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Nos últimos anos as organizações, cada vez mais conscientes de que seu organização. Observa ainda que dentro do enfoque do perfil profissional, ao
sucesso será determinado pela qualificação de seus empregados passaram mesmo tempo em que ele define quais as habilidades, conhecimentos e
a atribuir maior relevância à gestão estratégica de pessoas principalmente atitudes deverão ser abordados pelo programa de treinamento, ele aprisio-
no que diz respeito ao desenvolvimento de competências humanas ou na os indivíduos dentro de especializações.
profissionais.
Na visão de Dejours (apud CHIAVENATO, 1999),
Assim, o treinamento do funcionário passou a ser assunto de interesse das
organizações. o objetivo principal do treinamento sob a ótica do comportamento do em-
pregado no trabalho visando o exercício eficaz do cargo ou função (nível
A conceituação de treinamento apresenta significados diferentes e assim, desempenho), toda atividade de trabalho está submetida a uma regulação
diversos autores têm apresentado definições com relação ao treinamento. pela interação entre as pessoas (ego - outros homens), o que leva a sub-
meter à crítica, os pressupostos subjetivistas e culturalistas na abordagem
De acordo com Chiavenato (1999 p. 294) do fator humano.
quase sempre o treinamento tem sido entendido como o processo pelo qual Segundo Chiavenato (1998 p. 267) “treinamento é o processo educacional
a pessoa é preparada para desempenhar de maneira excelente as tarefas de curto prazo aplicado de maneira sistemática e organizada, através do
específicas do cargo que deve ocupar. Modernamente, o treinamento é qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em
considerado um meio de desenvolver competências nas pessoas para que função de objetivos definidos”.
elas se tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir
melhor para os objetivos organizacionais. Há uma diferença entre treinamento e desenvolvimento de pessoas. Embo-
ra os seus métodos sejam similares para afetar a aprendizagem, a sua
Na visão de C.Certo (apud CHIAVENATO, 1999) perspectiva de tempo é diferente.
o treinamento é o processo de desenvolver qualidades nos recursos huma- Segundo Bartz (apud CHIAVENATO, 1999),
nos para habilitá-los a serem mais produtivos e contribuir melhor para o
alcance dos objetivos organizacionais. O propósito do treinamento é au- o treinamento é orientado para o presente, focalizando o cargo atual e
mentar a produtividade dos indivíduos em seus cargos, influenciando seus buscando melhorar aquelas habilidades e capacidades relacionadas com o
comportamentos. desempenho imediato do cargo. O desenvolvimento de pessoas focaliza
geralmente os cargos a serem ocupados futuramente na organização e as
Como afirma DeCenzo (apud CHIAVENATO, 1999) novas habilidades e capacidades que serão requeridas.
treinamento é a experiência aprendida que produz uma mudança relativa- Ambos, treinamento e desenvolvimento (T&D), constituem processos de
mente permanente em um indivíduo e que melhora sua capacidade de aprendizagem por isso que Chiavenato (1999, p. 294) afirma que:
desempenhar um cargo. O treinamento pode envolver uma mudança de
habilidades, conhecimento, atitudes ou comportamento. Isto significa mudar segundo a base primordial para o atingimento dos objetivos de uma institui-
aquilo que os empregados conhecem, como eles trabalham, suas atitudes ção, começa pelo treinamento e desenvolvimento das pessoas.Tende-se a
frente ao seu trabalho ou suas interações com os colegas ou supervisor. Investir pesadamente em treinamentos para obter um retomo garantido.
Treinamento não é uma simples despesa, mas um precioso investimento,
Atividades de treinamento e desenvolvimento de pessoal vêm se tomando seja na organização ou nas pessoas. Isto é, traz benefícios diretos para a
cada vez mais vitais para as organizações, devido às profundas transfor- clientela. Antigamente, alguns especialistas em RH consideravam o treina-
mações tecnológicas, econômicas, políticas e sociais que caracterizam o mento um meio para adequar cada pessoas ao seu cargo, recentemente
cenário internacional. mudou este conceito, considerando um meio para alcançar o desempenho
Treinamento de pessoal tem sido definido de diversas maneiras, porém no cargo. Quase sempre treinamento é compreendido como o processo
uma das definições mais aceita na literatura estrangeira é a proposta por pelo qual as pessoas vão desenvolver de maneira excelente as tarefas
Goldstein , onde o processo de treinamento é visto como a “aquisição específicas dos cargos.
sistemática de atitudes, conceitos, conhecimentos, regras e habilidades que
Assim, acredita-se que através de um treinamento visando o desenvolvi-
resultam em uma melhoria de desempenho no trabalho” (GOLDSTEIN, mento das pessoas nas organizações os resultados serão satisfatórios
apud CHIAVENATO, 1999). tanto para os indivíduos como para as organizações.
Para Nadler (apud CHIAVENATO, 1999),
10. GESTÃO POR COMPETÊNCIAS
treinamento tem como único objetivo melhorar o desempenho do emprega-
Segundo Maria Odete Rabaglio, Gestão por Competências é um conjunto
do no cargo atual; educação refere-se às oportunidades dadas pela organi- de ferramentas práticas, consistentes e objetivas que torna possível para as
zação para que o empregado tenha seu potencial desenvolvido, através de empresas instrumentalizar RH e Gestores para fazer Gestão e Desenvolvi-
novas habilidades que o capacitem a ocupar novos cargos dentro da mes-
mento de pessoas, com foco, critério e clareza. Isso através de ferramentas
ma empresa e desenvolvimento, por outro lado, é um conceito mais abran- mensuráveis, personalizadas e construídas com base nas atribuições dos
gente e refere-se ao conjunto de experiências e oportunidades de aprendi- cargos e funções.
zagem proporcionada pela organização, que possibilita o crescimento
pessoal do empregado, não apresentando relações com um trabalho espe- 10.1 Os Sub-Sistemas da GESTÃO POR COMPETÊNCIAS
cifico.
A Gestão por Competências é composta por alguns sub-sistemas, como:
Os pesquisadores da área de treinamento e desenvolvimento têm se referi-
do a treinamento como um sistema instrucional. Neste aspecto Borges- • Mapeamento e Mensuração por Competências;
Andrade (1982) define como sendo uma tecnologia que envolve um conjun- • Avaliação por Competências (Avaliação de Desempenho);
to de princípios e prescrições, formado por partes coordenadas entre si que
funcionam como estrutura organizada e que oferece alternativas eficazes • Plano de Desenvolvimento por Competências;
para os problemas relativos a treinamento. • Seleção por Competências;
Observa-se que, apesar de diferentes definições, as ações de desenvolvi- • Remuneração por Competências;
mento, educação, treinamento e instrução, quando usadas adequadamente
e em conjunto, visam promover e acelerar o processo de aprendizagem nas 10.2 O que é Competência
organizações. As diferenças entre elas, na verdade, são as vantagens
A definição de Competência está baseada no CHA, que são os conheci-
especificas que cada ação pode oferecer para a organização.
mentos (C) e as habilidades (H), competências técnicas, e as atitudes (A),
Para Roux (apud CHIAVENATO, 1999) competências comportamentais, que uma pessoa possui. O conhecimento
tem relação com a formação acadêmica, o conhecimento teórico. A habili-
o que prevalece é a adaptação do treinamento à função, de caráter institu- dade está ligada ao prático, a vivência e ao domínio do conhecimento. Já a
cional, definida como atribuição de um determinado cargo existente na

Gestão de Pessoas 31
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Atitude representa as emoções, os valores e sentimentos das pessoas, isto tal, o negócio da organização, a tecnologia utilizada, os processos internos
é, o comportamento humano. e uma infinidade de outras variáveis importantes.
10.3 Mapeamento e Mensuração por Competências O que é a Gestão de Pessoas?
O Mapeamento e Mensuração por Competências é a base de toda a GES- Em seu trabalho, cada administrador — seja ele, um diretor, gerente,
TÃO POR COMPETÊNCIAS. Através da Descrição de Cargo, isto é, das chefe ou supervisor — desempenha as quatro funções administrativas que
atividades que o cargo executa no dia-a-dia, é realizado o mapeamento das constituem o processo administrativo: planejar, organizar, dirigir e controlar.
competências técnicas e comportamentais (CHA) para cada uma das A ARH está relacionada a todas essas funções do administrador. A ARH
atividades. Depois disso, é feita a mensuração do grau ideal para o cargo, refere-se às políticas e práticas necessárias para se administrar o trabalho
isto é, o quanto o cargo precisa de cada uma das competências para atingir das pessoas, a saber:
os objetivos da empresa. O resultado do Mapeamento e Mensuração é a
identificação do perfil comportamental e técnico ideal para cada cargo ou 1. Análise e descrição de cargos.
função. 2. Desenho de cargos.
Deve-se tomar muito CUIDADO com as metodologias subjetivas existentes 3. Recrutamento e seleção de pessoal.
no mercado, baseadas no acho e não acho, gosto e não gosto, pode e não
pode, o ideal seria, etc. Essas metodologias promovem grandes equívocos 4. Admissão de candidatos selecionados.
na obtenção do perfil ideal do cargo. 5. Orientação e integração de novos funcionários.
Uma das metodologia mais consistentes na realização do Mapeamento e 6. Administração de cargos e salários.
Mensuração das competências de um cargo é a criada por Maria Odete
Rabaglio, já que é totalmente alinhada as atividades do cargo. 7. Incentivos salariais e benefícios sociais.
10.4 Avaliação por Competências 8. Avaliação do desempenho dos funcionários.
Através da Avaliação por Competências, também chamada de Avaliação de 9. Comunicação aos funcionários.
Desempenho, será identificado se o perfil comportamental e técnico dos
10. Treinamento e desenvolvimento de pessoal.
colaboradores de uma corporação estão alinhados ao perfil ideal exigido
pelos cargos. 11. Desenvolvimento organizacional.
A Avaliação por Competências é uma maneira de estimar o aproveitamento 12. Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho.
do potencial individual de cada colaborador dentro das organizações.
13. Relações com empregados e relações sindicais.
O resultado da Avaliação será a identificação das competências comporta-
mentais e técnicas que precisam ser aperfeiçoadas. A importância das pessoas nas Organizações:

10.5 Plano de Desenvolvimento por Competências Qual a importância das organizações em ter lideres, preparados para
liderar pessoas. Liderança é uma das maiores competência nos dias de
Baseado no resultado da Avaliação por Competências será criado um hoje, pessoas com visão, habilidades de relacionamento, boa comunicação,
Plano de Desenvolvimento para os colaboradores, cujo objetivo será aper- com a capacidade de desenvolver lideres de influenciar e motivar pessoas
feiçoar e potencializar o perfil individual de cada colaborador. é o maior patrimônio das organizações.
10.6 O uso de software na Gestão por Competências As instituições não funcionam sozinhas, os cargos que fazem parte do
plano de carreira não tem vida própria. Equipes, empresas, corporações ou
Um projeto de implantação de gestão por competências em uma empresa,
governos é resultado do trabalho de um grupo de pessoas. Empresas não
demanda grande trabalho e dedicação da área de Recursos Humanos e
têm sucesso, pessoas sim. Pessoas são importantes nas corporações, nas
gestores.
empresas no governo ou em qualquer outra instituição, Robert W. Woo-
A utilização de um sistema informatizado desde o início do processo facilita druff, ex-diretor executivo da Coca-Cola diz, “são as pessoas e suas rea-
grandemente o gerenciamento e as chance de sucesso do projeto. ções que fazem as empresas serem bem-sucedidas ou quebrar”.
Observe se a metodologia por trás do software escolhido atende de manei- No mundo globalizado muito se fala em diferencial competitivo, neste
ra satisfatória a necessidade da sua empresa. processo existe vários fatores que influenciam a tecnologia, os orçamentos
milionários as metodologias de desenvolvimento de novos projetos, novos
10.7 Alguns benefícios da Gestão por Competências métodos de gerenciamento tudo isto são alguns dos fatores essenciais para
• Melhora o desempenho dos colaboradores; o diferencial competitivo e o crescimento de qualquer organização, mas só
farão diferença aqueles que investirem no desenvolvimento de pessoas,
• Identifica as necessidades de treinamentos; com equipes de alto desempenho, formando lideres capazes de criar ambi-
• Alinha os objetivos e metas da organização e da equipe; entes ideais que façam com que as pessoas dêem o melhor de si e expres-
sam o que há de melhor como potencial. Quando uma organização passa
• Reduz a subjetividade na Seleção e Avaliação de pessoas; por dificuldade não se troca o nome da empresa ou as suas instalações,
trocam as pessoas, procuram um novo gerente um novo CEO, ou seja, uma
• Analisa o desenvolvimento dos colaboradores; nova liderança. Quando a seleção brasileira de futebol não corresponde às
• Enriquece o perfil dos colaboradores, potencializando seus resultados; expectativas a CBF procura um novo técnico de futebol, ai se percebe a
importância das pessoas dentro das organizações. Quando as pessoas são
• Melhora o relacionamento entre gestores e liderados; motivadas a usar o que têm de melhor de si as qualidades individuais
• Mantém a motivação e o compromisso; aparecem.

• Extrai o máximo de produtividade de cada colaborador. O papel do líder dentro das organizações é extremamente importante,
líder com uma liderança afirmadora, que sejam os melhores “animadores
Conceito de Gestão de Pessoas de torcida” das pessoas, seus melhores incentivadores! Devem ser capazes
de dizer-lhes: “Vocês podem voar! Eu as ajudo” e não ficar esperando que
A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que cometam um erro para repreendê-las.
predomina nas organizações.Ela é contingencial e situacional, pois de-
No mundo globalizado a diferença será feita pelas pessoas que com-
pende de vários aspectos coma a cultura que existe em cada organização, põem o organismo das organizações, indivíduos com capacidade de comu-
a estrutura organizacional adotada, as características do contexto ambien-
nicação, espírito de equipe, liderança, percepção da relação custo-benefício
e foco em resultados. Gente que tenha iniciativa, vontade de assumir riscos

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e agilidade na adaptação a novas situações, através do comprometimento, Organizações são, portanto, empreendimentos coletivos, com um fim
motivação, disciplina a busca constante de conhecimento e da habilidade comum. No sentido clássico da Administração Geral, podem ser analisados
no relacionamento pessoal. E quanto mais às pessoas assumirem esses como organizações: as empresas (uma padaria ou o Google), os órgãos
papéis mais fortes se tornará as organizações. administradores.com.br públicos, partidos políticos, igrejas, associações de bairro e outros agrupa-
mentos humanos.
Relação com os outros sistemas de organização
Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas
A sociedade busca uma Justiça mais célere, capaz de resolver ques- sociais, com divisão de tarefas. É aí que entra o conceito de Gestão de
tões cada vez mais complexas. Neste sentido, espera-se das instituições, Pessoas! Gestão de Pessoas é um modelo geral de como as organizações
o desenvolvimento e utilização de instrumentos de gestão que garantam se relacionam com as pessoas.
uma resposta eficaz. Esse cenário impõe a necessida-
de de contar com profissionais altamente capacitados, aptos a fazer frente Em um paradigma mais antigo, o da Administração de Recursos Hu-
às ameaças e oportunidades, propondo mudanças que possam atender manos (ARH), as pessoas eram vistas como mais um recurso. Na Gestão
as demandas do cidadão. de Pessoas, elas são vistas como parceiras, colaboradoras ativas.
A partir desse raciocínio é possível visualizar a gestão de pessoas A Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na orga-
por competências. nização também o subsistema técnico. A interação da gestão de pessoas
com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos
A gestão de pessoas por competências consiste em planejar, cap- organizacionais e individuais. As pessoas precisam ter competência para
tar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização (individual, realizar as atividades e entregas que possam contribuir com a organização,
grupal e organizacional), as competências necessárias à consecução do contrário poderia haver inúmeras consequências negativas nas mais
dos objetivos institucionais. diferentes áreas (financeira, por exemplo). É também por isso que a área
Para a Justiça Federal foi adotado o conceito de competência como de gestão de pessoas sempre atua em parceria com outras áreas. Ponto-
a combinação sinérgica de conhecimentos, habilidades e atitudes, expres- dosconcursos
sas pelo desempenho profissional, que agreguem valor à pessoa e
à organização.
O modelo de gestão de pessoas por competências tem como diretriz a 2 Fundamentos, teorias e escolas da administração e o seu impacto na
gestão de pessoas.
busca pelo autodesenvolvimento e possibilita um diagnóstico ca-
paz de investigar as reais necessidades apresentadas no contex- Na Administração científica, a partir das recomendações de Taylor,
to de trabalho, bem como aquelas necessárias ao atingimento dos desafi- uma série de técnicas se tornou universal, como a descrição de cargos, o
os estratégicos da organização. planejamento de fluxos de trabalho, o controle sistemático de estoques.
As competências classificam-se em: Atribuindo ênfase aos aspectos técnicos do trabalho.

a) humanas (ou individuais), quando constituírem atribu- Na Teoria Clássica Administrativa, Henry Fayol, engenheiro francês
tos de indivíduos; e definiu atividade gerencial em termos das funções de planejamento, organi-
zação, comando, coordenação e controle e enunciou princípios para orien-
b) organizacionais (ou institucionais), quando representarem proprie- tar a estruturação organizacional, como a amplitude de comando. Na admi-
dades da organização como um todo ou de suas unidades produtivas. nistração, como resultado se passa a considerar a empresa como um
sistema aberto. O ambiente em que a empresa está inserida, provoca
As competências humanas ou individuais serão classificadas como:
respostas dos sistemas organizacionais. É entendida como a capacidade
a) fundamentais, aquelas de atender quantitativa e qualitativamente à determinada necessidade do
que descrevem comportamentos desejados de todos os servidores; ambiente.
b) gerenciais, que descrevem comportamentos desejados de todos os A ênfase nas relações empresa/ambiente leva também
servidores que exercem funções gerenciais; e ao desenvolvimento de estudos sobre estratégia empresarial, que enfati-
zam o processo de tomada de decisão em suas relações com o ambiente
c) específicas, aquelas em especial.
que descrevem comportamentos esperados apenas de gru-
pos específicos de servidores, em razão da área ou unidade em que eles A escola de Relações Humanas na Administração tem origens nas
atuam. ciências sociais. A tarefa da administração consiste em integrar os indivíduo
nos grupos e integrar os grupos na organização. Considera-se que um
A adoção do método de diagnóstico com base no mode- indivíduo integrado é um indivíduo satisfeito.
lo de gestão de pessoas por competências requer, em primeiro lugar,
a definição do dicionário de competências que será utilizado como referên- Escola Humanista tem raízes na Psicologia Clínica, preocupação com a
cia do processo – o dicionário de competências fundamentais, válidas para saúde mental e a possibilidade decrescimento individual. A administração
todos os servidores da Justiça Federal, e gerenciais, que são específicas na reestruturação do trabalho.
daqueles que ocupam função de gestão.
A escola de Desenvolvimento Organizacional privilegia a análise e
Há um terceiro grupo, as competências específicas, referentes intervenção nos processos de resolução de problemas, tomada de decisões
aos diversos sistemas técnicos, tais como gestão de pessoas, de material, e de integração entre as pessoas como uma forma de favorecer a mudança
informática, assuntos judiciários, entre outros. Estas competências, ao e a afetividade organizacional.
contrário das outras duas, variam de um sistema para o outro e preci-
sam de uma aproximação maior dos processos de trabalho para serem A escola Sociotécnica tem origem em enfoques terapêuticos de ori-
entação psicanalítica aplicados à organização. A ênfase é nos processos
mapeadas. Eder Sabino Carlos
interpessoais e me seu treinamento.
-o0o-
Enfoque político da organização
Nossa disciplina é a Gestão de Pessoas nas Organizações. Então a
O enforque político da organização tem raízes, por exemplo, na teoria
primeira pergunta que surge é: o que são organizações?
comportamental da empresa. Os estudos apontam principalmente as dis-
Segundo a nossa banca favorita, o Cespe, “uma organização é o pro- torções da organização burocrática, que aponta os aspectos ritualísticos do
duto da combinação de esforços individuais, visando à realização de propó- comportamento burocrático e os efeitos negativos do excesso de especiali-
sitos coletivos. Por meio de uma organização, é possível perseguir ou zação.
alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa”.
Nova onda na administração

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A administração atualmente apresenta caráter muito mais voltado para Cada teoria administrativa procurou privilegiar ou enfatizar uma variá-
a prática do que para a teoria. Buscam-se organizações mais flexíveis, vel, omitindo ou desprezando todas as demais. Segundo Garcia e Bronzo
descentralizadas e receptivas à inovação. A proposta deste enfoque consis- (2000) as teorias são propostas de acordo com os contextos históricos em
te em buscar alcançar forte coesão organizacional. que estão inseridas, enfatizando os problemas mais importantes enfrenta-
dos na época em quem foram fundamentadas. A primeira Escola foi a
Peculariedades das áreas da administração Clássica, responsável pela ênfase nas tarefas por Frederick Taylor e Henry
As áreas de administração geral e administração pública incorporam a Ford e fonte de embasamento de todas as outras teorias posteriores, seja
maioria dos desenvolvimentos da teoria organizacional. Há várias possibili- como critica aos pontos falhos dessa ou apropriando-se das vantagens
dades para trabalhos e pesquisas, como estruturação de empresas, racio- oferecidas pela mesma. A Escola de Relações Humanas logo após a
nalização e simplificação do trabalho. Na área pública, quase todos os consolidação do pensamento clássico como uma espécie de crítica ao dito
assuntos das demais áreas podem ser objeto de estudos, desde que pelas teorias anteriores, que tinham o funcionário como recurso produtivo.
tenham relação com a realidade da administração pública. Ainda depois das teorias Comportamentais, a Teoria Neoclássica surgiu
unindo os pensamentos de quase todas as outras teorias prévias.
Administração de recursos humanos
As origens dos métodos do Pensamento Administrativo Clássico
A área de recursos humanos busca basicamente compatibilizar as ne-
cessidades de curto prazo das pessoas com os objetivos de longo prazo As mudanças ocorridas no início do séc XX, em decorrência da Revo-
das organizações. Nasceu como uma função de bem-estar social nas lução Industrial, exigiram métodos que aumentassem a produtividade fabril
organizações. Mais tarde, passou a desempenhar uma função de controle e economizassem mão-de-obra evitando desperdícios, ou seja, “a improvi-
sobre a utilização da mão-de-obra. sação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo à ciência: a Ciência
da Administração.” (CHIAVENATO, 2004, p. 43). Faz-se importante nesse
O modelo de gestão de recursos humanos mais praticado é aquele que contexto, uma retrospecção histórica, uma vez que, já no séc. XVII Descar-
tem ampla influência da Administração Científica de Traylor e da Escola de tes já negava todo saber que fosse tradicional, ou seja, baseado em costu-
Relações Humanas, adaptar as pessoas ao sistema de trabalho taylorista. mes e crenças, afirmando que esses deviam ser substituídos pelo racional
Década de 80 a necessidade de praticar um modelo diverso de gestão e no séc. XVIII, o Racionalismo passou a ser aplicado às ciências naturais e
de recursos humanos, baseado no comprometimento das pessoas. Este é sociais, porém o trabalho ainda não abandonara as antigas técnicas para
um modelo que se desenvolve-se a partir da crise e recessão. Enfatizam-se adotar “a racionalização da organização e execução do trabalho.” (MOTTA;
a flexibilidade. Supõe-se que as pessoas acreditam nas mensagens da VASCONCELOS, 2002, p. 32).
gerência e estão dispostas a aceitar desafios. Os princípios e as técnicas das Teorias Clássicas
A área de Recursos Humanos então lida com estratégias de recursos Frederick Taylor, buscou o desejado aumento produtivo tomando como
humanos, relações sindicais, relações de trabalho e técnicas afetas à base a eficiência dos trabalhadores. Analisando esses e seus modos de
função recursos humanos, tais como recrutamento, seleção, treinamento, produção, identificou falhas no processo produtivo geradoras de baixa
planos de cargos e salários, avaliação de desempenho, incentivos e remu- produtividade, uma vez que, para ele, cada operário produzia um terço do
neração. que poderia produzir (processo que ele nomeou “vadiagem sistemática”).
Administração de Marketing Tal fato o fez despertar para a necessidade de criação de um método
racional padrão de produção em detrimento das práticas tradicionais, que
A área de Marketing concentra-se em análises competitivas, de merca- ainda deixava resquícios nas fábricas. Essa teoria leva o nome de Adminis-
do ou do comportamento do consumidor, incluindo perfil e análise do con- tração Cientifica “devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência
sumidor, definição de mercado, elaboração de plano de marketing, análise aos trabalhos operacionais a fim de aumentar a eficiência industrial. Os
de cadastro. Procedimentos de marketing utilizados pelas organizações, principais métodos científicos são a observação e mensuração.” (CHIAVE-
incluindo decisões em relação a preço, produto, distribuição e comunicação NATO, 2004, p. 41).
e administração de vendas.
As estandardizações no processo e nas ferramentas utilizadas no tra-
Administração de Finanças balho, permitiram a criação do método ideal de produção (the best way)
baseado no estudo de tempos e movimentos (motion-time study) e, conse-
O enfoque inicial de finanças concentrou-se nos instrumentos contratu-
quentemente, o surgimento da gerência cujas principais funções eram o
ais e na descrição das instituições participantes do mercado financeiro. A
planejamento da melhor forma de execução do trabalho e o controle do
área de Finanças da Empresa concentra-se nas questão do gerenciamento
mesmo. Para possibilitar o gerenciamento efetivo, responsável também
financeiro da organização, sendo seus tópicos principais o planejamento e
pela organização do ambiente, o trabalho foi fragmentado, centralizaram-se
o controle financeiro, a análise financeira, a análise de investimentos, a
as decisões e a magnitude de controle de cada chefe foi diminuída, bus-
gestão do capital de giro, o custo e a estrutura de capital e a política de
cando estruturas e sistemas perfeitos, nos quais as responsabilidades eram
dividendos. http://www.coladaweb.com/
bem delineadas. Taylor dissociou os princípios das técnicas, uma vez que
Teorias administrativas: a evolução em decorrência das necessi- “os trabalhadores e seus supervisores imediatos deveriam ocupar-se exclu-
dades sivamente da produção. Toda atividade cerebral deve ser removida da
fábrica e centralizada no departamento de planejamento [...]” (MAXIMIANO,
1. INTRODUÇÃO 2006, p.41). O método de Taylor apoiava-se na supervisão funcional,
O pensamento administrativo pode ser conceituado como um enfoque estabelecendo que todas as fases do trabalho devem ser acompanhadas
específico a um aspecto particular da organização, ou uma forma peculiar de modo a verificar se as operações estão sendo desenvolvidas em con-
de estudá-la, e a organização desses pensamentos são formadores de formidades com as instruções programadas e estas instruções devem ser
teorias a serem estudadas pela Teoria Geral da Administração. Para facili- transmitidas a todos os empregados, por meio da descrição detalhada de
tar o estudo, as teorias são agrupadas em Escolas e essas, como definido cargos e tarefas. Em suma, o Taylorismo baseia-se na divisão do trabalho
por Maximiano (2006), são a mesma linha de pensamento ou conjunto de por meio das tarefas: “a questão não é trabalhar duro, nem depressa, mas
autores que utilizam o mesmo enfoque. Por meio de uma breve revisão trabalhar de forma inteligente.” (MAXIMIANO, 2006, p.41-42). Mesmo com
teórica do campo, o presente artigo objetiva um estudo introdutório da esse pensamento e do plano de incentivo salarial (pagamento por produ-
evolução das Teorias da Administração e das características mais marcan- ção), Taylor foi considerado o maior inimigo do trabalhador.
tes de cada uma, tendo como base a Teoria Clássica, uma vez que essa Henri Fayol, teórico clássico com ênfase na estrutura organizacional,
serviu de fundamento à todos os pensamentos posteriores. A abordagem segundo Chiavenato, defendia que:
do tema torna-se relevante devido à importância do mesmo para o enten-
dimento das organizações e para construção do pensamento administrativo [...] a eficiência da empresa é muito mais do que a soma da eficiência
atual, exigente de profissionais ecléticos, flexíveis e adaptáveis. dos seus trabalhadores, e que ela deve ser alcançada por meio da raciona-
lidade, isto é, da adequação dos meios (órgãos e cargos) aos fins que se
2. DESENVOLVIMENTO deseja alcançar. (CHIAVENATO, 2000, p. 11).

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Fayol traz em sua teoria funcionalista a abordagem prescritiva e norma- [...] preocupada com a relação entre a moral e a produtividade, a Esco-
tiva, uma vez que a ciência administrativa, como toda ciência, deve basear- la de Relações Humanas colocou na motivação a grande possibilidade de
se em leis ou princípios globalmente aplicáveis. Sua maior contribuição levar o individuo a trabalhar para o atingimento dos objetivos da organiza-
para a administração geral são as funções administrativas – prever, organi- ção formal. (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p.63)
zar, comandar, coordenar e controlar – que são as próprias funções do
administrador ainda nos dias atuais. A função administrativa nesse novo Tal princípio é antagônico ao proposto pelas teorias Clássicas uma vez
enfoque deixa de ser exclusiva da alta gerência, ficando difundida propor- que abrange, além dos incentivos financeiros, o reconhecimento do traba-
cionalmente entre todos os níveis hierárquicos, quando mais alto o cargo, lhador, instigando a sua auto-estima e sentimento de realização. Dentro do
mais funções administrativas apareciam, mas, ainda assim, os executivos campo da motivação humana salientam-se os teóricos Abraham Maslow e
têm maior responsabilidade administrativa, distinguindo-se das funções Frederick Herzberg. Moraes, Sant'anna e Kilimnik (2005) ressaltam como
técnicas, isto é, ainda havia distinção entre princípios e técnicas. Fayol os estados psicológicos são capazes de determinar a motivação e a satis-
adotou alguns princípios da Administração Cientifica, como a divisão do fação nas tarefas e como os trabalhadores passam a agir de acordo com a
trabalho e disciplina, abandonando outros e acrescendo os princípios de direção determinada pela empresa, em razão de tais:
autoridade e responsabilidade, espírito de equipe e iniciativa, entre outros. O primeiro desses estados é definido como a significância percebida ou
Enquanto Ford e Taylor cuidaram da empresa de baixo pra cima, Fayol o grau com que o sujeito vê seu trabalho como importante, valioso e signifi-
cuidou da empresa de cima pra baixo. cativo, dentro de sua escala de valores. O segundo refere-se à responsabi-
O quarto integrante da Escola Clássica, Max Weber, buscou sintetizar lidade percebida pelo trabalhador em relação a seu trabalho, isto é, ao grau
os pontos comuns às organizações formais modernas em detrimento as em que o profissional se sente responsável pelos resultados do trabalho
organizações primitivas. Weber se assemelhou aos outros Clássicos ao que executa. Já o terceiro, diz respeito ao conhecimento dos resultados do
identificar nas organizações as chamadas disfunções burocráticas, isto é, o trabalho, ou seja, ao grau em que o indivíduo conhece e entende seu
seguimento rígido das regras, não levando em conta a variabilidade huma- desempenho efetivo na tarefa. (MORAES; SANT'ANNA; KILIMNIK, 2005).
na, como na abordagem dos outros. A abordagem Neoclássica surgiu após a Teoria Comportamental e na-
As teorias posteriores ao pensamento Clássico da mais é do que o resgate da Teoria Clássica atualizada e redimensionada
aos problemas administrativos atuais, como o próprio nome já indica, e ao
Conforme Maximiano (2000) as pessoas não eram negligenciadas pe- tamanho das organizações contemporâneas. A mesma caracteriza-se por
las teorias clássicas, mas eram consideradas recursos do processo produti- uma forte ênfase nos aspectos práticos da Administração, pelo pragmatis-
vo. “Essa maneira prescritiva de lidar com os problemas organizacionais é mo e pela busca de resultados reais e palpáveis. Nesse método a ênfase
entendida pela inexistência de referencias na época.” (COLLA, 2003). Em se dá nos objetivos e nos resultados, ou seja, na eficiência, tendo em vista
decorrência dos problemas tidos por tal pensamento, fez-se necessária a que, para essa, todas as organizações com essa finalidade. Essa proposi-
adoção de um método que considerasse as pessoas o fator primordial no ção absorve o conteúdo de quase todas as outras teorias antecedentes,
processo administrativo, ou seja, o enfoque passou a ser comportamental. “expurgando-os dos exageros e distorções típicos do pioneirismo” (CHIA-
Esse princípio comportamental pode ser subdividido em dois grandes VENATO, 2004, p. 148). Os neoclássicos consideram “a Administração
grupos: o comportamento individual e o coletivo. Tal pensamento “surgiu uma técnica social básica. Isso leva à necessidade de que o administrador
graças ao desenvolvimento das ciências sociais, notadamente a Psicologia conheça [...] aspectos relacionados à direção de pessoas dentro das orga-
e, em particular, a Psicologia do Trabalho.”(CHIAVENATO, 2004, p.80), nizações” (CHIAVENATO, 2004, p. 148), orientando os comportamentos de
reconhecendo então “a possibilidade de incluir uma maior parcela dos modo a atingir os objetivos organizacionais através da comunicação, moti-
membros da organização, antes simples executores de ordens, no papel de vação e liderança.
tomador de decisão, exercitando seu julgamento [...]” (AGOSTINHO, 2003).
A Administração e suas teorias no mundo contemporâneo
Chiavenato (2004) ainda destaca que entre as teorias Clássica e das
Ralações Humanas, surgiram autores que, apesar de defenderem os Os teóricos clássicos têm importâncias positivas e negativas, até os di-
princípios clássicos, foram pioneiros em revisar, criticar e reformular tais as de hoje. Para Chiavenato, Fayol e Taylor têm importância histórica para
bases administrativas, tais como: Hugo Munsterberg (responsável pela as organizações:
aplicação da psicologia às organizações e testes de seleção de pessoal), O pioneiro da Teoria Clássica, Henri Fayol, é considerado – juntamente
Ordway Tead (pioneiro na abordagem da liderança democrática na adminis- com Taylor – um dos fundadores da moderna Administração. Definiu as
tração), Mary Parker Follet (introdutora da corrente psicológica na Adminis- funções básicas da empresa, o conceito de Administração [...], bem como
tração e da lei da situação: o certo e errado são determinados pela situação procedimentos universais a serem aplicados a qualquer tipo de organização
concreta), Chester Barnard (precursor da teoria da cooperação na organi- ou empresa. (CHIAVENATO, 2004, p.74)
zação, visando superar as limitações pessoais).
Segundo Morgan (1997), o uso de máquinas reduziu os trabalhadores
A primeira Escola com enfoque comportamental foi a de Relações Hu- a autômatos, não sendo permitido ao operário ser humano, isto é, exercer
manas que surgiu “como consequência das conclusões da Experiência de sua capacidade de pensar e se adaptar as diversas situações, além da
Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e colaboradores. Apesar dessa visão ilusória de que as tarefas enfrentadas pelas organizações podem
experimento ter sido o precursor da Escola de Relações Humanas, a Teoria baseadas naquelas desempenhadas pelas máquinas, inibindo a inovação.
Comportamental tem o seu início com Herbert Simon, responsável por Com isso, os empregados perdem oportunidades de crescimento pessoal,
apontar a limitação imposta pela racionalidade cientifica. despendendo muitas horas por dia em trabalho que não valorizam nem
Essa teoria nasceu como uma forma de reação e oposição à Teoria apreciam, enquanto as organizações perdem contribuições criativas e
Clássica da Administração.” (CHIAVENATO, 2004, p.83). As ideias centrais inteligentes que a maioria dos empregados é capaz de fazer, se permitido.
desse movimento baseiam-se no conceito de homo social em oposição ao No outro extremo filosófico destacam-se os métodos que valorizam e-
homo economicus, tendo em vista que para tais pensadores o homem tem xatamente o desprezado pelas Teorias Clássicas: “a criatividade é o ele-
necessidades superiores à recompensa exclusivamente econômica. Apesar mento central, sendo percebida como necessária para a geração de propri-
de não ter sido essa a hipótese inicial de estudo, a experiência na Western edade intelectual.” (BENDASSOLLI et al., 2009). As organizações contem-
Eletric de Hawthorne permitiram aos pesquisadores conhecer, também, a porâneas têm percebido a capacidade intelectual e dado merecido reco-
superioridade do grupo informal na produtividade em relação ao grupo nhecimento à iniciativa de seus funcionários, identificando essas como
formal. “Por grupos informais entendemos um conjunto de indivíduos sufici- fundamentais para melhorias no processo produtivo e essa forma de gestão
entemente pequeno, de forma que possam comunicar-se entre si direta e tem alto valor no mercado contemporâneo, pois atende às necessidades da
frequentemente.” (PEREIRA apud MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p.63). organização e seus trabalhadores e permite a integração ao mercado
Uma vez reconhecido que o a recompensa salarial não é suficiente, atendido por essa.
surge a política de incentivos psicossociais, com o objetivo de motivar e 3. CONCLUSÃO
satisfazer o trabalhador para que esse trabalhe em função do objetivo
formal da empresa, conforme destacado por Motta e Vasconcelos:

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A questão “Administração é ciência ou é arte?” tem sido perpetuada em regras e condições impostas pelo grupo informal. O homem não dispunha
classes/palestras introdutórias ou livros de teorias da administração com ainda da liberdade de pensar, de agir, de estabelecer seus próprios limites
respostas não conclusivas, uma vez que “a Administração ainda se encon- e objetivos. O grupo moldava o comportamento do homem, subjugando-o
tra numa fase amalgamada de ciência e arte.” (MATTOS, 2009). Se a uma vez mais. O poder estava no grupo.
Administração encontra-se numa fase interdisciplinar, faz-se interessante
pensarmos se seria possível a aplicação de métodos científicos e limitado- Em 1924, especialistas em eficiência da empresa Western Electric
res da capacidade humana, como Taylor propôs, na Administração con- Company, em Hawthorne, Estados Unidos, iniciaram uma pesquisa que
temporânea. Taylor citado por Batista-Dos-Santos e Nepomuceno (2008), já tinha por objetivo estudar os efeitos da iluminação na produtividade. Elton
admitia que o trabalhador não era ignorante, ao contrário, reconhecia a Mayo (1933) e sua equipe realizaram vários experimentos com grupos de
inteligência desse, assumindo que as experiências de cada geração cons- trabalhadores que eram submetidos a diferentes condições de iluminação e
troem melhores procedimentos e métodos práticos, porém, no método incentivos.
Taylorista, não é o operário quem deveria decidir qual método mais ade- Observou-se que, independentemente das condições a que eram sub-
quado para seu trabalho, mas o gerente. metidos os trabalhadores, sua produtividade, em grupo, aumentava. Che-
Analisando as teorias administrativas e a evolução das mesmas, con- gou-se à conclusão de que o aumento da produtividade era decorrente não
clui-se que as proposições não são antagônicas, mas se completam. As- dos aspectos técnicos do experimento, mas da dimensão social do ser
sim, cada instabilidade encontrada nessas tem sido aprimoradas por novas humano. Uma vez em grupos experimentais, as pessoas sentiam-se valori-
teorias posteriores, desenvolvidas até os dias atuais, adaptadas ao cenário zadas pela empresa.
vigente de sua formulação. Dando continuidade à pesquisa, a equipe de Mayo realizou entrevistas
O capitalismo moderno tem determinado que as atividades intelectuais com mais de 20 mil empregados da companhia, tendo por objetivo desco-
e de comunicação integrem crescentemente todos os níveis das atividades brir quais os sentimentos que levavam à satisfação no trabalho e como isto
produtivas, incluindo os trabalhadores da linha de produção, e exigindo que poderia estar relacionado com a produtividade. O fato de terem sido reali-
esses sejam polivalentes, ou seja, carece de uma aliança entre a produtivi- zadas entrevistas com os trabalhadores teve, por si só, resultados muito
dade e a capacidade humana dos operários. WOOD Jr. (1992) enfatiza que positivos. As pessoas sentiram-se importantes e respeitadas. O sentimento
o modelo organizacional deve agregar especialização técnica, coordena- de envolvimento e participação (pertencer) gerou uma atitude geral favorá-
ção, sincronismo incrementadas com arte. Atendendo a essa demanda, a vel em relação à companhia.
gestão participativa surge como um avanço da concepção mecanicista em A partir destas pesquisas, Mayo concluiu que o fator de maior influên-
direção às propostas das organizações flexíveis: unindo a racionalização da cia na produtividade eram as relações interpessoais desenvolvidas no
produção capitalista (de acordo com as Teorias Clássicas) com as suges- trabalho e não tanto os incentivos salariais.
tões dadas pelos trabalhadores (criatividade e produção intelectual huma-
na). Mayo observou também que quando os grupos informais sentiam que
seus objetivos se identificavam com os da administração, a produtividade
Podemos concluir que as práticas administrativas têm carecido e bus- aumentava, e quando sentiam que estes objetivos eram opostos, ela dimi-
cado a união dos pontos positivos de cada teoria, adaptando essas ao nuía.
cenário vigente e acrescendo à essas praticas o toque da arte administrati-
va que todo organização necessita. Jéssica Louisiana A MOTIVAÇÃO NA CONCEPÇÃO HOLISTICA DO SER HUMANO

As teorias de Motivação Humana e sua contribuição para a empre- A motivação é uma condição fundamental e indispensável para o al-
sa humanizada cance dos objetivos pessoais, do trabalho, das organizações e dos países.
Porém, a motivação dos funcionários das empresas começou a se tornar
ESCOLA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA: ONDE TUDO COME- um problema sério nos países desenvolvidos do Ocidente somente a partir
ÇOU da década de setenta e, portanto, não se trata de um problema tão antigo.
O primeiro período da fase industrial, nos fins do século XIX, foi marca- O mundo teve uma mudança abrupta assim que saímos da próspera,
do pelo surgimento da concepção científica do trabalho. Os fundamentos da agitada e revolucionária década de sessenta e entramos na década de
administração científica foram lançados por Frederick Winslow Taylor, setenta (KONDO,1991). Inúmeros problemas sociais tinham começado a
engenheiro mecânico que trabalhava como torneiro e no decorrer de sua surgir, sendo que os três mais frequentemente são sempre citados como:
carreira passou a chefe da equipe e a gerente da ferramentaria. TAYLOR
(1986, p.54) observou que "em quase todas as artes mecânicas, a ciência 1)Agitação estudantil.
que rege as operações do trabalho é tão vasta e complexa que o melhor 2)Responsabilidade civil pelo produto.
trabalhador adaptado a sua função é incapaz de entendê-la, quer por falta
de estudo, quer por insuficiente capacidade mental". 3) Motivação
A partir desta observação, Taylor propôs a divisão entre planejamento Todos eles estão relacionados com o aumento do nosso padrão de vi-
e execução da tarefa, bem como a repartição de tarefas complexas em da e com o aumento de nosso nível educacional.
tarefas simples, como formas de otimizar o desempenho humano no traba-
Subentende-se que melhorias de padrão de vida e educação constitu-
lho. A concepção, o planejamento e o controle das tarefas deveriam ficar a
em uma tendência social desejável, mas nós devemos também estar cons-
cargo de uma elite pensante, encarregada de estabelecer os métodos
cientes de que com isso as possibilidades de ocorrências de problemas
"ótimos" de execução.
sociais do tipo que vimos acima se tornam maiores. Os problemas (2) e (3)
O processo de seleção foi outro aspecto salientado por Taylor. Deveria acima, os dois mais diretamente envolvidos e relacionados com o controle
ser cuidadoso, visando a selecionar os trabalhadores mais habilidosos para de qualidade
a realização da tarefa. Após selecionado, o trabalhador deveria ser corre-
(KONDO,1991).
tamente treinado e instruído no método de realizá-la.
Conforme KONDO(1991),o problema da motivação torna-se mais difícil
Para engajar os trabalhadores na execução correta das tarefas, Taylor
na medida em que o padrão de vida e o nível educacional das pessoas se
e seus seguidores recomendavam a utilização de recompensas pecuniárias
elevam. Esta é uma das razões que muitos países com governos autoritá-
associadas à produtividade. (CHIAVENATO,1999; HERING,1996; LOPES;
rios reduziram drasticamente o nível educacional .
1999; MAHER,1988).
Dentre os exemplos mais conhecidos e mais representativos dessas
A ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS: O MODELO HUMANISTA
teorias, estão a hierarquia das necessidades humanas de Maslow, a teoria
A Escola das Relações Humanas surgiu na tentativa de humanizar o da motivação de Herzberg e a teoria X e Y de McGregor .
trabalho, de liberar o homem de sua condição de escravo da produção. No
O QUE É MOTIVAÇÃO
entanto, a ideia do homo social continuou vinculada a uma situação com-
portamentalista, ou seja, o homem continuou escravo, mas, dessa vez, das

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A motivação humana tem sido um dos maiores desafios na gestão or- velmente, a níveis inferiores àqueles já atingidos antes da concessão do
ganizacional para muitos psicólogos, gerentes e executivos. Inúmeras prêmio (BERGAMINI, 1989, p.6 e 1989).
pesquisas têm sido elaboradas e diversas teorias têm tentado explicar o
funcionamento desta força aparentemente misteriosa, ou ainda desconhe- O movimento pode até mesmo gerar desmotivação, independentemen-
cida, que leva as pessoas a agirem em direção do alcance de objetivos. te da permanência dos estímulos geradores. Como as pessoas não se
Enquetes a respeito do assunto, entretanto, normalmente mostram que deixam manipular, embora aparentemente continuem se movendo, o mon-
existe ainda muita confusão e desconhecimento sobre o que é e o que não tante de energia pessoal investida nas atividades condicionadas vai grada-
é motivação ou seria automatização segundo CASTRO (1996)? tivamente diminuindo e cada vez mais o indivíduo vai rendendo menos. O
nível de satisfação
Quando uma pessoa se coloca ou se direciona a um caminho ou um
objetivo, ela não necessariamente está motivada a atingir este objetivo. Os pessoal vai baixando com o decorrer do tempo e, com ele, diminuindo
fatores que a levam a caminhar naquela direção podem-lhe ser intrínsecos o conceito de estima que as pessoas experimentam a respeito de si mes-
(internos) ou extrínsecos (externos). Quando são intrínsecos, há motivação; mas. Em pouco tempo, como indicam algumas pesquisas, será possível
quando são extrínsecos, há apenas movimento ou apenas satisfação reconhecer alguém inteiramente desmotivado (BERGAMINI, 1989, p.7).
(HERZBERG, 1968 A motivação, por sua vez, dura enquanto a necessidade interior não for
; BERGAMINI,1986 E 1989). suprida. De maneira oposta ao movimento, o alcance dos objetivos propos-
tos, ou seja, o fim do potencial motivador, gera no indivíduo um sentimento
Muitas vezes, uma pessoa tem o desejo a realizar algo para evitar uma de estima e auto-realização que lhe traz satisfação e o predispõe a empre-
punição, ou para conquistar uma recompensa. Nestes casos, a iniciativa endimentos cada vez mais ousados, em busca da concretização de novas
para a realização da tarefa não partiu da própria pessoa, mas de um tercei- necessidades e potencialidades.
ro (fator extrínseco), que a estimulou de alguma forma para que ela se
movimentasse em direção ao objetivo pretendido (BERGAMINI,1989). A A partir destas colocações pode-se, então, entender a motivação como
pessoa não teria caminhado em direção ao objetivo caso não houvesse a uma energia, uma tensão, uma força, ou ainda, um impulso interno aos
punição ou a recompensa. indivíduos. Sobretudo, o que é relevante considerar é que a motivação é
interior a cada indivíduo e leva-o a agir espontaneamente para alcançar
As pessoas podem, também, agir levadas por um impulso interno (fator determinado objetivo. Assim, não é possível motivar uma pessoa, o que é
intrínseco), por uma necessidade interior. Neste caso, existe vontade possível é criar um ambiente compatível com os objetivos da pessoa, um
própria para alcançar o objetivo, existe motivação. ambiente no qual a pessoa se sinta motivada.
O movimento é uma situação passageira, uma necessidade momentâ- UM SÉCULO DE MOTIVAÇÃO NA GESTÃO DE PESSOAS
nea. Só dura enquanto persistirem os estímulos que o geraram. Além disso,
a eliminação dos estímulos normalmente provoca insatisfação e um com- O surgimento das novas organizações de trabalho, com o advento da
portamento indesejável, conforme atesta BERGAMINI(1989). Revolução Industrial, despertou o interesse em torno dos aspectos que
levariam ao aumento da produtividade humana. Buscou-se compreender
Se todas as vezes que alguém falta, ou atrasa, houver punição com quais os fatores capazes de levar os trabalhadores a caminhar em direção
uma perda de vencimentos mensais, a partir do momento que tal conse- aos objetivos da organização, tornando-os colaboradores eficientes e
quência desagradável deixar de existir, o comportamento indesejável eficazes. Ao longo de um século, vários estudos foram realizados na tenta-
reaparecerá, isto é, as faltas e os atrasos voltarão a se repetir. Por outro tiva de desvendar o fenômeno da motivação humana nas organizações a
lado, se um aumento nos níveis de vendas for premiado por uma gratifica- partir de uma análise das correntes que surgiram e que são apresentadas
ção especial, a partir do momento em que este prêmio deixar de existir, o esquematicamente no quadro 1
empenho dos vendedores diminuirá e as vendas voltarão a cair e, prova-
Quadro 1 Grandes Correntes Históricas da Motivação
.

Gestão de Pessoas 37
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!

Tanto a visão taylorista quanto a visão humanista enfocam o homem as mais básicas até as mais complexas e numa inter-relação dinâmica
como um ser unidimensional, dotado apenas de sua dimensão física, no ainda pouco estudada. Ao conceber, entretanto, a motivação como o cami-
primeiro caso, e social, no segundo. nho para a satisfação da necessidade dominante, Maslow fugiu ao aspecto
da espontaneidade contido no conceito da motivação.
A abdicação da auto-responsabilidade do trabalho é apontada por
MATTOS,1992 (apud,HERIN, 1996; LOPES, 1999; FRANKL, 1984)) como Abraham Maslow nasceu a 1º de Abril de 1908, em Nova Iorque, o pri-
um dos resultados mais perversos da organização mecanicista do trabalho, meiro filho do imigrante russo Samuel Maslow. Apesar de ter sido educado
pois moldou um trabalhador irresponsável, apático e desinteressado. numa comunidade judaica, a mãe não era uma religiosa praticante, mas
uma mulher supersticiosa, que o castigava permanentemente e o atormen-
Mediante o trabalho, o ser humano, ao produzir algo, produz também a tava com a possibilidade de um castigo divino, um comportamento que,
si próprio. Portanto, quando deste trabalho são retirados todos os elemen- mais tarde, Maslow
tos desafiadores, criativos, prazerosos e, principalmente, a possibilidade de
o indivíduo deliberar sobre seu próprio desempenho e de participar na caracterizou como esquizofrenia e utilizou como exemplo em palestras
definição dos objetivos de seus esforços, o que resta? Somente o bagaço de psicologia. O antisemitismo, a que assistiu entre as décadas de 20 e 40,
do trabalho. também marcou profundamente o jovem Maslow.
Toda a substância que daria sentido à ação humana foi extraída e, Apesar de não terem formação escolar, os seus pais valorizavam muito
nesse processo, extraiu-se também a possibilidade de o ser humano fazer- a educação, sobretudo a do seu filho mais velho. Este interesse comple-
se alguém digno, saudável, alegre, criativo, responsável, enfim, um ser mentou a infância conturbada com uma certa estabilidade emocional. Na
integral MATTOS, 1992, p.9 (apud,LOPES,1999; HERING,1996). escola Boys High, Maslow estava rodeado de jovens brilhantes, o que o
estimulava. Foi editor da revista Latin e colaborador da publicação de física
OS PRINCIPAIS TEÓRICOS DA MOTIVAÇÃO: A TEORIA DA HIE-
Principia. Tornou-se social-democrata, idealisticamente comprometido em
RARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW
trabalhar por um mundo melhor.
A vida do psicólogo Abraham Harold Maslow esteve repleta de desco- Os estudos posteriores em Wisconsin foram todos nas áreas da psico-
bertas acerca da motivação e da personalidade, que transcenderam a logia, anatomia, fisiologia e comportamento animal. Ao longo dos anos
psicologia acadêmica tradicional e se estenderam para os campos mais
nesta universidade, Maslow propôs a publicação de diversos artigos da sua
vastos da gestão e do marketing. Ele demonstrou preferir o estudo das
autoria ao Journal of Philosophy, mas nenhum foi aceito. Nenhum dos
tendências sociais, quase imperceptíveis para outros, especulando acerca temas na área da psicologia que lhe interessava versar na sua tese de
das suas consequências de longo prazo. Maslow relacionou claramente as
mestrado parecia merecer o interesse da comunidade acadêmica. O tema
suas teorias ousadas com os acontecimentos do mundo e da sua própria
«Aprendizagem, retenção e reprodução de material verbal» - acabou por
vida. Para ele, os elementos pessoal e social estavam permanentemente
ser imposto. Os primeiros artigos publicados tiveram origem nesta tese,
interligados. Conhecendo a sua vida compreenderá a sua obra. apesar de o autor a ter retirado das prateleiras da biblioteca, por vergonha.
Maslow buscou compreender o homem dentro de uma percepção mul-
A GESTÃO PSICOLÓGICA DO MUNDO DO TRABALHO
tidimensional, considerando a existência de diversas necessidades, desde

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Inesperadamente, abandonou os estudos e leituras na área da psicolo- Asseguradas as condições anteriores, parte-se em busca da melhoria
gia clássica e dedicou a sua atenção a livros de gestão, como The Practice da eficiência dos grupos, calcada nos atributos pessoais, cooperação intra
of Managemente, de Peter Drucker, e The Human Side of Enterprise, de e inter-equipes, capacidade de adaptação e desenvolvimento de compro-
Douglas McGregor, duas obras estimulantes, que o ajudaram a entrar no misso entre colaboradores e empresa. Para que estes objetivos possam ser
mundo da gestão e a relacioná-lo com as teorias de motivação e de perso- alcançados, é fundamental que haja um livre fluxo de informações, tendo
nalidade a que tinha dedicado quase toda a sua vida acadêmica. cada componente do grupo plena consciência da relação de causa e efeito
existente nas tarefas executadas. Também é essencial que o treinamento e
Maslow anteviu muitos problemas antes de os gestores auto-realizados reciclagem sejam constantes, permitindo que os colaboradores incorporem
se tornarem uma realidade. Para ele, «o antigo estilo de gestão estava novos conhecimentos que permitam analisar criticamente o seu trabalho e
destinado a tornar-se obsoleto. Quanto mais longe as pessoas chegam, seu ambiente, permitindo que busquem a melhoria contínua como indiví-
maior será a necessidade de uma política de gestão psicologicamente duo.
saudável e de gestores auto-realizados, de forma a se poder sobreviver
num ambiente concorrencial. Temos então o cenário propício para o desenvolvimento de estruturas
autoreguladoras a partir de indivíduos autônomos e participantes. Desta
A política autoritária será a que encontrará maiores dificuldades. É por forma, as equipes possuem a capacitação necessária para gerir seus
isto que estou tão otimista acerca da gestão psicológica do trabalho, que próprios recursos de forma otimizada.
considero a vaga do futuro».
Nesta escala, a gestão de RH está plenamente disseminada pela em-
Entretanto, a sociedade americana dos anos 60 sofria uma mudança presa, sendo cada líder um gestor das pessoas sob a sua responsabilidade.
rápida e violenta, com cerca de 250 mil soldados na guerra do Vietnã. A área de recursos humanos atua então como órgão consultivo, constan-
Mobilizaram-se protestos a favor dos direitos humanos e da proteção temente sintonizado com as tendências do mercado e introduzindo novas
ambiental e a psicologia e a religião surgiram na ordem do dia. Maslow ideias à estrutura vigente. Assim, os profissionais de Recursos Humanos
declarou nessa altura que, finalmente, estes dois «territórios» estavam devem evitaros vícios internos, buscando sempre novos patamares de
ligados. Em 1964 tirou outra licença desempenho através da aplicação de “benchmarkings”.
sabática, durante a qual terminou The Psychology of Science: A Re- Bancos de dados e sistemas de informações de recursos huma-
connaissance (A Psicologia da Ciência: uma Reconciliação). nos
A 8 de Julho foi eleito presidente da American Psychological Associati- No Brasil, como em todo o mundo, a atividade realizada pela área de
on, que o distinguiu como o «Humanista do ano». Marcos Bueno Recursos Humanos vem se transformando a cada dia.
3 A função do órgão de gestão de pessoas. Atualmente, seu principal desafio é acompanhar a evolução na forma
3.1 Atribuições básicas e objetivos. como se administram as empresas em uma economia globalizada num
3.2 Políticas e sistemas de informações gerenciais. mundo ligado pela tecnologia da comunicação.
A função do órgão de Gestão de Pessoas: atribuições básicas e O modo como se faz Gestão de Recursos Humanos no Brasil está
objetivos, políticas e sistemas de informações gerenciais. sendo modificado de maneira brusca. Se até bem pouco tempo atrás o foco
dos administradores do Departamento de Recursos Humanos estava em
Tradicionalmente são atribuídos 4 objetivos à área de Recursos Huma-
realizar atividades burocráticas e de controle, atualmente, a forma como se
nos:
gerem as Pessoas passou a ser um diferencial estratégico independente-
1. Recrutamento e seleção de indivíduos capazes de atender aos dese- mente do porte ou nacionalidade da empresa.
jos e expectativas da empresa;
Deste modo o foco do Departamento de RH amplia-se. Além de conti-
2. Manutenção dos colaboradores na empresa; nuar respondendo por questões de cunho operacional, passa também a ser
responsável direto por ajudar a empresa a atrair, reter e desenvolver as
3. Desenvolvimento das pessoas; pessoas que compõem o seu negócio.
4. Folha de pagamento, admissão, demissão e demais rotinas de De- Em muitas empresas brasileiras estas preocupações começam a fazer
partamento Pessoal. parte de seu dia a dia, porém, muitas das práticas empregadas no Depar-
Entretanto, observamos nos últimos anos uma mudança neste cenário. tamento de RH atendem as necessidades de âmbito operacional. Necessi-
A gestão de Recursos Humanos passou a ser exercida não mais por uma dades que podem ser melhor explicadas pelos acontecimentos históricos
área específica, mas constitui um atributo de qualquer líder de equipe. que marcaram a relação de trabalho no Brasil, e que, sem dúvida trazem
reflexos até os dias de hoje.
Esta mudança de perspectiva levou à descentralização dos objetivos
acima citados, que passaram a ser absorvidos pelas diversas áreas da A história dos Departamentos de RH no Brasil inicia-se junto a legisla-
empresa, sendo responsabilidade de cada líder, a gestão dos colaborado- ção trabalhista na década de 30, com o movimento sindical e a proteção
res sob a sua responsabilidade. Cabe então à nova área de RH, atuar como aos trabalhadores que levaram às modificações significativas nas relações
um agente facilitador do processo de gestão de pessoas, propiciando as de trabalho no Brasil, surgindo naquele momento a proteção social aos
áreas da empresa os recursos e instrumentos necessários a este novo trabalhadores.
desafio. Já nas décadas de 40 e 50 a intervenção governamental nas relações
É importante salientar que a área de Recursos Humanos deve estar to- trabalhistas se acentuaram mostrando às empresas a necessidade de
talmente alinhada com a cultura da empresa. A compreensão dos vínculos ampliação das funções do Departamento de RH. Todavia, como marco
construídos dentro do ambiente de trabalho é a etapa inicial para o desafio principal nas relações de trabalho, tivemos em 1943, a promulgação da
de gerir as pessoas. Através do entendimento dos elementos constituintes Consolidação das Leis do Trabalho (a CLT, legislação reguladora do traba-
da cultura, é possível compreender os mecanismos de interação entre os lho no Brasil). Esta legislação criou a Carteira Profissional, regulamentou
colaboradores e as tarefas que executam. horários de trabalho, definiu férias remuneradas, instituiu as Comissões
Mistas nas Juntas de Conciliação, estabeleceu as condições de trabalho
Conhecidos estes aspectos, o passo seguinte é o desenvolvimento de para menores,entre outras normas.
lideranças capazes de alinhar as expectativas do grupo com os objetivos da
empresa, criando as condições de reciprocidade essenciais para atingir um Nas décadas de 60 e 70, tivemos a promulgação de leis de Segurança
desempenho que atenda às pressões internas e externas da organização. no Trabalho, Saúde Ocupacional e Pensões.Com a constante criação de
As lideranças devem ser legitimadas tanto pelo enfoque do empregado leis reguladoras por parte do Estado, e a necessidade das empresas im-
quanto pelo da empresa, para que possam efetivamente atuar como elos plementarem e administrarem estas leis, os Departamentos de RH se
entre estes dois pólos, buscando atuar de maneira conciliatória na resolu- tornaram cada vez mais valorizados e informatizados dentro das empresas.
ção dos conflitos surgidos.

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Portanto, quando observamos as atividades que são desenvolvidas pe- O Brasil está inserido dentro do mesmo contexto mundial. Nossas em-
lo Departamento de RH, seja para dar resposta as questões de formulação presas são multinacionais de origem alemã, norte-americana, francesa,
de políticas de gestão ou para realizar a integração de processos, sistemas inglesa,espanhola, dinamarquesa, brasileira, entre outras. E ainda, conta-
e pessoas ao negócio da empresa ou ainda para realizar as atividades de mos com a criação de um mercado comum no Cone Sul – o Mercosul, além
cunho legal e burocrático, verifica-se a necessidade premente do uso de estarmos vivendo uma fase de estabilização econômica sem preceden-
intensivo de tecnologia. tes nos últimos 20 anos.
No entanto, para a realização de atividades de cunho legal e burocráti- Atualmente temos no Brasil várias empresas de visão que já contam
co do Departamento de RH é comum o desenvolvimento de sistemas de com SIRH para fazer a Gestão completa das Pessoas que participam dos
abrangência puramente departamental, e não é raro percebê-los como seus negócios, estes sistemas integrados ao work-flow da empresa facili-
fragmentos quando se observa a Gestão de Pessoas como um todo. Por tam e ao mesmotempo transformam a participação e a integração na ges-
outro lado, para dar respostas estratégicas de Gestão de Pessoas o Depar- tão empresarial de Gestores, Colaboradores e do Departamento de RH
tamento de RH necessita de soluções ( processos e sistemas ) corporativos viabilizando de fato a distribuição organizada das informações e da decisão
que sejam sincronizados e integrados. sobre pessoas e estrutura organizacional por toda a empresa.
Pensar na empresa hoje e no futuro, significa entender que obter exce- As empresas, bem como os Gestores de RH mais atentos, têm consci-
lência empresarial deve ser um trabalho realizado com e através das Pes- ência de que é preciso ter soluções integradas de Gestão de Pessoas que
soas. Ou seja, significa realizar a gestão com a participação efetiva dos se comuniquem com os outros sistemas da empresa. Eles sabem que as
Gestores de Área, do Departamento de RH e dos Colaboradores. urgentes velocidades de decisão, de comunicação, assim como a gestão do
conhecimento e de processos, requerem antes de mais nada, informações
A globalização é uma realidade, por isso temos empresas de todos os agrupadas, ordenadas e que gerem reflexões de e sobre dados que todos
tamanhos presentes em praticamente todas as nações do mundo realizan- os dias chegam das mais diversas formas.
do suas operações. E o intensivo uso de tecnologias nas mais diversas
atividades das empresas são uma necessidade, que são supridas através Deste modo, fica a certeza de que em alguns anos, as diferenças entre
de softwares diversos, planilhas de cálculo, bancos de dados, sistemas de os SIRH no Brasil e nos mais diversos países serão quase que exclusiva-
work-flow e correio eletrônico, e a tendência é que fiquem cada vez mais mente legais.
complexos e integrados, cada vez mais amigáveis e flexíveis.
O quadro situacional tende para a formação de cidadãos e profissionais
É a época dos sistemas em ambiente cliente-servidor flexíveis, integrá- mundiais, para formação de informações e conhecimento global.Não há
veis e íntegros; das intranets; da integração e interligação dos mais diver- espaço para peculiaridades regionais de cunho restritivo.
sos sistemas( ERPs e Best-inbreeds ), em fim, da comunicação aproximan-
do extremos. Não se quer dizer, entretanto, que é o fim de diferenças culturais e das
nacionalidades. O que se pretende é salientar a natureza global da econo-
Dentro deste contexto surgem algumas questões: mia e dos negócios, a natureza global do gerenciamento, seja ele brasileiro,
indiano,norte-americano, francês, inglês, espanhol ou de qualquer outra
E os sistemas, em especial os SIRH ( Sistemas de Informação de RH ),
nacionalidade.
como se comportam frente a globalização?
Podemos concluir que os Sistemas de Informação, em especial os SI-
Como gerenciar negócios, onde o principal fator de sucesso são as
RH por lidarem com o bem mais precioso da empresa, ou seja o Ser Hu-
pessoas que compõe a empresa? E se essas pessoas estiverem espalha-
mano, tem hoje papel preponderante para a consolidação das tendências
das por todos os continentes?
de um mundo globalizado e que invariavelmente trarão consequências
A resposta é obvia: Os SIRH ganham importância fundamental no pro- decisivas no modo como se realizará o gerenciamento dos negócios em-
cesso de globalização, pois tornam-se bancos de informações e base para presariais no próximo milênio. http://centraldefavoritos.wordpress.com/
o conhecimento, a decisão e o gerenciamento efetivo das Pessoas que
participam do negócio.
GESTÃO DE PESSOAS
Uma vez que o gerenciamento dos negócios da empresa ocorrem atra-
vés de processos e sistemas integrados que se comunicam, via Intranets Nisce Barbosa
versáteis, possibilitando ágeis tramitações de dados entre os sistemas
especializados que estão disponíveis na empresa e através de work-flows INTRODUÇÃO
onde Gestores e Colaboradores são agentes pró-ativos de criação e mu- Falar de gestão de pessoas é falar de gente, de mentalidade, de vitali-
dança e ainda, através da consolidação de banco de dados nacionais em dade, ação e proação. A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem
um único e definitivo banco de dados mundial. sofrido mudanças e transformações nos últimos anos. Não apenas nos
Ganha-se pró-atividade, gestão participativa e individualizada, rapidez seus aspectos tangíveis e concretos como principalmente nos aspectos
na tomada de decisão, economia, conhecimento. E é só o começo. conceituais e intangíveis. A visão que se tem hoje da área é totalmente
diferente de sua tradicional configuração, quando recebia o nome Adminis-
Nesta onda, os principais representantes do mercado mundial de sis- tração de Recursos Humanos (ARH). Muita coisa mudou. A Gestão de
temas de informação como ADP, BAAN, SAP, PeopleSoft, ORACLE, IFS Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem
entre outros,percebendo a crescente oportunidade que o mercado Brasilei- sucedidas e pelo aporte de capital intelectual que simboliza, mais do que
ro passou a representar após a sua inserção no mercado global, direciona- tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação.
ram mais atenção e recursos para disputar uma considerável fatia de
mercado com as empresas nacionais, que por um lado oferecem produtos Com a globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o
mais adequados a realidade brasileira, mas por outro lado tendem a dispo- forte impacto da mudança e o intenso movimento pela qualidade e produti-
nibilizar produtos com abrangência e escopo mais limitados. vidade, surge uma eloquente constatação na maioria das organizações: o
grande diferencial, a principal vantagem competitiva das empresas decorre
Confirma-se portanto, que o gerenciamento informatizado e integrado das pessoas que nelas trabalham. São as pessoas que mantêm e conser-
dos Negócios não tem nacionalidade e que as pessoas que compõem as vam o status quo já existente e são elas – e apenas elas – que geram e
empresas podem estar espalhadas por todos os continentes, assim como fortalecem a inovação e o que deve vir a ser. São as pessoas que produ-
podem ter as mais diversas origens. zem, vendem, servem ao cliente, tomam decisões, lideram, motivam,
comunicam, supervisionam, gerenciam e dirigem os negócios das empre-
E o Brasil, um país continente que conta com 26 Estados e 1 Distrito sas. Inclusive dirigem outras pessoas, pois não pode haver organizações
Federal,possui área total de 8.547.403,6 Km2 – extensões de 4.320Km
sem pessoas. No fundo, as organizações são conjuntos de pessoas. A
(Norte – Sul) e4.336 Km (Leste – Oeste), e aproximadamente 160 milhões maneira pela qual as pessoas se comportam, decidem, agem, trabalham,
de habitantes.
executam, melhoram suas atividades, cuidam dos clientes e tocam os
negócios das empresas varia em enormes dimensões. E essa variação

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depende, em grande parte, das políticas e diretrizes das organizações a Objetivos Organizacionais Objetivos Pessoais
respeito de como lidar com as pessoas em suas atividades. Em muitas Sobrevivência Melhores salários
organizações, falava-se até pouco tempo em relações industriais, em Crescimento sustentado Melhores benefícios
outras organizações, fala-se em administração de recursos humanos, Lucratividade Estabilidade no emprego
fala-se agora em administração de pessoas, com uma abordagem que Produtividade Segurança no trabalho
tende a personalizar e a visualizar as pessoas como seres humanos, dota- Qualidade nos produtos/serviços Qualidade de vida no trabalho
dos de habilidades e capacidades intelectuais. No entanto, a tendência que Redução de custos Satisfação no trabalho
hoje se verifica está voltada para mais além: fala-se agora Participação no mercado Consideração e respeito
em administração com as pessoas. Administrar com as pessoas significa Novos mercados Oportunidades de crescimento
tocar a organização juntamente com os colaboradores e parceiros internos Novos clientes Liberdade para trabalhar
que mais entendem dela, dos seus negócios e do seu futuro. Uma nova Competitividade Liderança liberal
visão das pessoas não mais como um recurso organizacional, um objeto Imagem no mercado Orgulho da organização
servil ou mero sujeito passivo do processo, mas fundamentalmente como
um sujeito ativo e provocador das decisões, empreendedor das ações e CONCEITO DE GESTÃO DE PESSOAS:
criador da inovação dentro das organizações. Mais do que isso, um agente A Gestão de Pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que
proativo dotado de visão própria e, sobre tudo, de inteligência, a maior e a predomina nas organizações. Ela é contingencial e situacional, pois depen-
mais avançada e sofisticada habilidade humana. de de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da
OS NOVOS DESAFIOS DA GESTÃO DE PESSOAS estrutura organizacional adotada, das características do contexto ambiental,
do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos
Nunca houve coisa igual. O mundo está mudando com uma rapidez in- e de uma infinidade de outras variáveis importantes.
crível. E com intensidade cada vez maior. A mudança sempre existiu na
história da humanidade, mas não com o volume, rapidez e impacto com As pessoas como parceiras da organização
que ocorre hoje. Vários fatores contribuem para isso: as mudanças econô- Nos tempos atuais, as organizações estão ampliando sua visão e atua-
micas, tecnológicas, sociais, culturais, legais, políticas, demográficas e ção estratégica. Todo processo produtivo somente se realiza com a partici-
ecológicas que atuam de maneira conjugada e sistêmica, em um campo pação conjunta de diversos parceiros, cada qual contribuindo com algum
dinâmico de forças que produz resultados inimagináveis, trazendo imprevi- recurso.
sibilidade e incerteza para as organizações.
Parceiros da
Dentro desse contexto, uma das áreas empresariais que mais sofre Contribuem com: Esperam retorno de:
Organização
mudanças é a área de recursos humanos. As mudanças são tantas e Acionistas e Capital de risco, investimen- Lucros e dividendos,
tamanhas que até o nome da área está mudando. Em muitas organizações, investidores tos valor agregado
a denominação administração de recursos humanos está sendo substituída Salários, benefícios,
por termos como gestão de talentos humanos, gestão de parceiros ou de Trabalho, esforço, conheci-
Empregados retribuições e satisfa-
colaboradores, gestão de capital humano, administração do capital intelec- mentos e competências
ções
tual e até gestão de pessoas ou gestão com pessoas. Diferentes nomes Matérias-primas, serviços, Lucros e novos negó-
para representar um novo espaço e configuração da área. A história da Fornecedores
nsumos básicos, tecnologias cios
gestão de pessoas é relativamente recente. Na verdade, tudo começou Qualidade, preço,
com a Revolução Industrial e veio desaguar em nossos dias com força total. Clientes e consu- Compras, aquisição e uso de
satisfação, valor agre-
midores bens e serviços
INTRODUÇÃO À MODERNA GESTÃO DE PESSOAS gado

O CONTEXTO DA GESTÃO DE PESSOAS Cada parceiro está disposto a continuar investindo seus recursos na
medida em que obtém retornos e resultados satisfatórios de seus investi-
O contexto da gestão de pessoas é formado por pessoas e organiza- mentos. Através desses resultados a organização pode proporcionar um
ções. As pessoas passam boa parte de suas vidas trabalhando dentro das retorno maiôs às contribuições efetuadas pelos parceiros e manter a conti-
organizações. De um lado, o trabalho toma considerável tempo das vidas e nuidade do negócio. Geralmente, as organizações procuram privilegiar os
dos esforços das pessoas, que dele dependem para sua subsistência e parceiros mais importantes. Os acionistas e investidores eram, até pouco
sucesso pessoal. Separar o trabalho da existência das pessoas é muito tempo, os mais privilegiados na distribuição e apropriação dos resultados
difícil, senão quase impossível, diante da importância e do impacto que o organizacionais. Esta assimetria está sendo substituída por uma visão
trabalho nelas provoca. Assim, as pessoas dependem das organizações sistêmica e integrada de todos os parceiros do negócio, já que todos eles
nas quais trabalham para atingir seus objetivos pessoais e individuais. são indispensáveis para o sucesso da empresa.
Crescer na vida e ser bem-sucedido quase sempre significa crescer dentro
das organizações. De outro lado, as organizações dependem direta e Pessoas como recursos ou como parceiros da organização?
irremediavelmente das pessoas para operar, produzir seus bens e serviços, Dentro deste contexto, a questão básica é escolher entre tratar as pes-
atender seus clientes, competir nos mercados e atingir seus objetivos soas como recursos organizacionais ou como parceiras da organização. Os
globais e estratégicos. Na verdade, cada uma das partes depende da outra.
empregados podem ser tratados como recursos produtivos das organiza-
Uma relação de mútua dependência na qual há benefícios recíprocos.
ções: os chamados recursos humanos. Como recursos, eles precisam ser
As organizações apresentam uma incrível variedade. Elas podem ser administrados, o que envolve planejamento, organização, direção e controle
indústrias, comércio, bancos, financeiras, hospitais, universidades, lojas, de suas atividades, já que são considerados sujeitos passivos da ação
prestadoras de serviços etc. Podem ser grandes, médias e pequenas organizacional. Daí, a necessidade de administrar os recursos humanos
quanto ao seu tamanho. Podem ser públicas ou privadas quanto a sua para obter deles o máximo rendimento possível.
propriedade. Quase tudo de que a sociedade necessita é produzido pelas
As pessoas devem ser visualizadas como parceiras das organizações.
organizações. Vivemos em uma sociedade de organizações, pois nasce-
Como tais, elas são fornecedoras de conhecimentos, habilidades, compe-
mos nelas, aprendemos nelas, servimo-nos delas, trabalhamos nelas e
tências e, sobretudo, o mais importante aporte para as organizações: a
passamos a maior parte de nossas vidas dentro delas.
inteligência que proporciona decisões racionais e que imprime significado e
Em resumo, as organizações são constituídas de pessoas e dependem rumo aos objetivos globais. Neste sentido, as pessoas constituem parte
delas para atingir seus objetivos e cumprir suas missões. E para as pesso- integrante do capital intelectual da organização. As organizações bem-
as, as organizações constituem o meio através do qual elas podem alcan- sucedidas se deram conta disso e tratam seus funcionários como parceiros
çar vários objetivos pessoais. do negócio e fornecedores de competências e não mais como simples
empregados contratados.

Gestão de Pessoas 41
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Aspectos fundamentais da moderna Gestão de Pessoas: Administrar e impulsionar a mudança.


As pessoas como seres humanos. Dotados de personalidade própria Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável.
e profundamente diferentes entre si, com uma história pessoal particular e
diferenciada, possuidores de conhecimentos, habilidades e competências OS PROCESSOS DE GESTÃO DE PESSOAS:
indispensáveis à adequada gestão dos recursos organizacionais. Pessoas A moderna Gestão de Pessoas consiste de várias atividades integra-
como pessoas e não como meros recursos da organização. das, como descrição e análise de cargos, planejamento de RH, recrutamen-
As pessoas como ativadores inteligentes de recursos organiza- to, seleção, orientação e motivação das pessoas, avaliação do desempe-
cionais. Como elementos impulsionadores da organização e capazes de nho, remuneração, treinamento e desenvolvimento, relações sindicais,
dotá-la de inteligência, talento e aprendizagem indispensáveis à sua cons- segurança, saúde e bem-estar etc.
tante renovação e competitividade em um mundo cheio de mudanças e O que é Gestão de Pessoas?
desafios. As pessoas como fonte de impulso próprio que dinamiza a organi-
zação e não como agentes passivos, inertes e estáticos. No seu trabalho, cada administrador – seja ele um diretor, gerente, che-
fe ou supervisor – desempenha as quatro funções administrativas que
As pessoas como parceiros da organização. Capazes de conduzi-la constituem o processo administrativo, a saber: planejar, organizar, dirigir e
à excelência e ao sucesso. Como parceiros, as pessoas fazem investimen- controlar. A ARH procura ajudar o administrador a desempenhar todas
tos na organização – como esforço, dedicação, responsabilidade, compro- essas funções porque ele não realiza seu trabalho sozinho, mas através
metimento, riscos etc. – na expectativa de colherem retornos desses inves- das pessoas que formam sua equipe. É com sua equipe de subordinados
timentos – como salários, incentivos financeiros, crescimento profissional, que o administrador executa as tarefas e alcança metas e objetivos.
carreira etc. Qualquer investimento somente se justifica quando traz um
retorno razoável. Na medida em que o retorno é bom e sustentável, a A ARH refere-se às políticas e práticas necessárias para administrar o
tendência certamente será a manutenção ou aumento do investimento. Daí, trabalho das pessoas, tais como:
o caráter de reciprocidade na interação entre pessoas e organizações. E Análise e descrição de cargos e modelagem do trabalho.
também o caráter de atividade e autonomia e não mais de passividade e
inércia das pessoas. Pessoas como parceiros ativos da organização e não Recrutamento e seleção de pessoal e admissão de candidatos selecio-
como meros sujeitos passivos dela. nados.
OBJETIVOS DA GESTÃO DE PESSOAS Orientação e integração de novos funcionários.
As pessoas constituem o principal ativo da organização. Daí, a neces- Administração de cargos e salários.
sidade de tornar as organizações mais conscientes e atentas para seus
Incentivos salariais e benefícios sociais.
funcionários. As organizações bem-sucedidas estão percebendo que ape-
nas podem crescer, prosperar e manter sua continuidade se forem capazes Avaliação de desempenho das pessoas.
de otimizar o retorno sobre os investimentos de todos os parceiros. Princi-
palmente, o dos empregados. Comunicação aos funcionários.

A Gestão de Pessoas é a função que permite a colaboração eficaz das Treinamento e desenvolvimento das pessoas.
pessoas para alcançar os objetivos organizacionais e individuais. Desenvolvimento organizacional.
As pessoas podem aumentar ou reduzir as forças e fraquezas de uma Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho.
organização dependendo da maneira como elas são tratadas. Elas podem
ser a fonte do sucesso como podem ser a fonte de problemas. É melhor Relações com empregados e relações sindicais.
trata-las como fonte de sucesso. Essas políticas e práticas podem ser resumidas em seis processos bá-
Os objetivos da Gestão de Pessoas são variados. A ARH deve contri- sicos:
buir para a eficácia organizacional através dos seguintes meios: Processos de Agregar Pessoas
Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão. Processos de Aplicar Pessoas
Proporcionar competitividade à organização. Processos de Recompensar Pessoas
Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e bem motivadas. Processos de Desenvolver Pessoas
Aumentar a auto-atualização e a satisfação das pessoas no trabalho. Processos de Manter Pessoas
Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho. Processos de Monitorar Pessoas

Gestão de Pessoas 42
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!

-
Recrutamento - Modelagem -Remuneração -Treinamento -Higiene e -Banco de dados
-Seleção do trabalho -Benefícios -Desenvolvimento segurança -Sistemas de
-Avaliação do -Incentivos -Aprendizagem -Qualidade informações
desempenho de vida gerenciais
-Relações com
sindicatos
Todos esses processos estão bastante relacionados entre si, de tal maneira que se interpenetram e se influenciam reciprocamente. Cada processo tende
a favorecer ou prejudicar os demais, quando bem ou mal utilizado.
O equilíbrio na condução de todos esses processos é fundamental. Quando um processo é falho, ele compromete todos os demais. Além disso, todos
esses processos são desenhados de acordo com as exigências das influências ambientais externas e das influências organizacionais internas para obter a
melhor compatibilização entre si. Ele deve funcionar como um sistema aberto e interativo. Trata-se de um modelo de diagnóstico de RH.

Modelo de diagnóstico de RH:


Processos de RH
A ESTRUTURA DO ÓRGÃO DE GESTÃO DE PESSOAS:
Cada divisão aglutina profissionais especializados em suas funções específicas. Aparentemente, essa especialização traz vantagens pela concentração
e integração de profissionais. Entretanto, essas vantagens são toldadas pela orientação focada nos objetivos específicos de cada função. O resultado é uma

Gestão de Pessoas 43
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tremenda subobjetivação: privilegiam-se os objetivos divisionais e departamentais, enquanto os objetivos empresariais vão para o brejo. Torna-se difícil obter
a cooperação e a colaboração dos diversos departamentos em assuntos mais amplos. E, por cima, cada órgão funciona como uma entidade organizacional
definitiva, permanente, separada das demais em uma rígida divisão do trabalho global. Uma coleção de feudos.

Organização funcional tradicional do órgão de RH:


Os Principais Processos de Gestão de Pessoas:

Gestão de Pessoas 44
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ARH COMO RESPONSABILIDADE DE LINHA E FUNÇÃO DE sempre predominou uma forte tendência para a centralização e concentra-
STAFF: ção na prestação de serviços para as demais áreas empresariais. A tal
ponto que, em muitas empresas, o recrutamento e seleção, a admissão,
Há um princípio básico em ARH: gerir pessoas é uma responsabilidade integração, treinamento e desenvolvimento, administração de salários e
de linha e uma função de staff. O que significa isso? Quem deve gerir as remuneração, administração de benefícios, higiene e segurança do traba-
pessoas é o próprio gerente – ou supervisor ou líder de equipe – ao qual lho, avaliação do desempenho, eram estreitamente concentrados na área
elas estão subordinadas. Ele tem a responsabilidade linear e direta pela de ARH, com pouca participação gerencial das demais áreas. A tal ponto
condução de seus subordinados. Por essa razão, existe o princípio da que o staff é quem tomava as decisões peculiares da linha.
unidade de comando: cada pessoa deve ter apenas um gerente. A contra-
partida desse princípio é que cada gerente é o único e exclusivo chefe dos A interação entre especialistas de RH e gerentes de linha:
seus subordinados. Para que o gerente possa assumir com plena autono-
mia essa responsabilidade de gerir seu pessoal, ele precisa receber asses- As tarefas de ARH mudaram com o tempo. Hoje, elas são desempe-
soria e consultoria de órgão de ARH, que lhe proporciona os meios e servi- nhadas nas organizações por dois grupos de executivos: de um lado, os
ços de apoio. Assim, gerir pessoas é uma responsabilidade de cada geren- especialistas em RH que atuam como consultores internos, e de outro, os
te que deve receber orientação do staff a respeito das políticas e procedi- gerentes de linha (gerentes, supervisores etc.) que estão envolvidos dire-
mentos adotados pela organização. tamente nas atividades de RH por serem responsáveis pela utilização
eficaz de seus subordinados. Os gerentes de linha utilizam um tempo
Centralização/descentralização das atividades de RH: considerável na gestão de pessoas, em reuniões, conversas individuais ou
grupais, telefonemas, e-mails, solução de problemas e definição de planos
O conceito básico de que administrar pessoas é uma responsabilidade futuros.
de linha e uma função de staff é fundamental. Acontece que as empresas
sempre se defrontaram com o problema do relativo grau de centraliza- Conflitos entre linha e staff:
ção/descentralização de suas áreas de atividades. E na área de ARH

Gestão de Pessoas 45
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
Quando os dois lados – gerentes de linha e especialistas de RH – to- Enfocaremos neste, aspectos relevantes sobre o comportamento orga-
mam decisões sobre as mesmas pessoas, geralmente ocorrem conflitos. O nizacional, que é um campo de estudos que investiga o impacto que indiví-
especialista de staff está preocupado com suas funções básicas de propor- duos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organi-
cionar consultoria, aconselhamento e informação sobre a sua especialida- zações com o propósito de utilizar este conhecimento para melhorar a
de. Ele não tem autoridade direta sobre o gerente de linha. O gerente de eficácia organizacional.
linha tem autoridade para tomar as decisões relacionadas com suas opera-
ções e seus subordinados. Ocorre que nem sempre existe uma distinção Estuda três de terminantes do comportamento nas organizações: indi-
clara entre linha e staff nas organizações. O conflito entre especialistas de víduos, grupos e estrutura. O comportamento organizacional aplica o co-
RH e gerentes de linha é mais crítico quando as decisões exigem um nhecimento obtido sobre as pessoas, os grupos e o efeito da estrutura
trabalho conjunto em assuntos como disciplina, condições de trabalho, sobre o comportamento, para fazer com que as organizações trabalhem
transferências, promoções e planejamento de pessoal. mais eficazmente.

Existem três maneiras para reduzir o conflito entre linha e staff: A qualidade do trabalho e o apoio recebido no ambiente de trabalho
são muito mais importantes. As habilidades técnicas são necessárias, mas
Demonstrar aos gerentes de linha os benefícios de usar os programas insuficientes para o sucesso das atividades de gestão. Os executivos não
de RH. podem depender apenas de suas habilidades técnicas. Eles precisam
também de habilidades interpessoais.
Atribuir responsabilidades por certas decisões de RH exclusivamente
aos gerentes de linha, e outras exclusivamente aos especialistas de RH. Uma organização precisa ter políticas explícitas ou implícitas que orien-
tarão a tomada de decisão. As organizações não se conduzem por si
Treinar ambos os lados - gerentes de linha e especialistas de RH – em mesmas, daí a necessidade de um pensamento comum que norteie
como trabalhar juntos e tomar decisões conjuntas. o administrador ao planejar, organizar, dirigir e controlar o trabalho reali-
As responsabilidades de ARH dos gerentes de linha: zado pelas pessoas, de modo a garantir que os objetivos sejam alcança-
dos.
Lidar com pessoas sempre foi parte integral da responsabilidade de li-
nha de cada executivo, desde o presidente até o mais baixo nível de super- Existe um pano de fundo comum às diversas abordagens sobre fun-
visão. Organizações bem-sucedidas definem as seguintes responsabilida- ções, papéis, habilidades e atividades de administração: todas elas reco-
des de linha para os gerentes: nhecem a suprema importância da gestão de pessoas.
Colocar a pessoa certa no lugar certo, isto é, recrutar e selecionar. 1 EVOLUÇÃO DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
Integrar e orientar os novos funcionários na equipe. Embora na prática os executivos já tenham compreendido há muito
tempo a importância das habilidades interpessoais para a eficácia da ges-
Treinar e preparar as pessoas para o trabalho. tão, as escolas de administração demoraram um pouco para captar essa
Avaliar e melhorar o desempenho de cada pessoa no cargo ocupado. mensagem.

Ganhar cooperação criativa e desenvolver relações agradáveis de tra- Até o final da década de 80, o currículo dessas escolas enfatizava os
balho. aspectos técnicos da gestão. Seu foco principal era em economia, contabi-
lidade, finanças e métodos quantitativos. Temas como comportamento e
Interpretar e aplicar políticas e procedimentos da organização. habilidades interpessoais não recebiam quase nenhuma atenção. (ROB-
BINS, 2005, pág. 2)
Controlar os custos trabalhistas.
Nas últimas décadas, contudo, os professores começaram a perceber a
Desenvolver as habilidades e competências de cada pessoa.
importância do papel que o conhecimento sobre o comportamento humano
Criar e manter elevado moral na equipe. tem na eficácia da gestão, e cursos voltados para essa área foram sendo
agregados ao currículo.
Proteger a saúde e proporcionar condições adequadas de trabalho.
O conceito de Administração Geral esta mudando. Não existe mais o
4 Comportamento organizacional. executivo capaz de utilizar princípios de Administração gerais e universais
4.1 Relações indivíduo/organização. de maneira eficiente, em qualquer país, empresa ou setor. Cada organiza-
4.2 Liderança, motivação e desempenho. ção é única, com características próprias que a diferenciam das demais, e
4.3 Qualidade de vida no trabalho. um modelo de Administração bem-sucedido, utilizado em uma organização,
4.4 Programas de qualidade de vida no trabalho. não será necessariamente o ideal a ser adotado em uma outra. (PEREIRA,
4.5 Promoção de saúde ao servidor. 2004, pág. 4)
4.6 Políticas de inclusão.
O reconhecimento da importância das habilidades interpessoais dos
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL executivos está relacionado à necessidade das organizações de conseguir
e reter funcionários com alto nível de desempenho. Independentemente das
Kleber Gonçalves de Sousa
condições do mercado de trabalho, funcionários que se destacam estão
RESUMO sempre em falta. Empresas com a reputação de serem bons locais de
trabalho levam uma grande vantagem. A qualidade do trabalho e o apoio
O comportamento organizacional é o ramo que investiga o impacto que recebido no ambiente de trabalho são muito mais importantes.
indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das
organizações com o propósito de utilizar este conhecimento para melhorar Ter executivos com boas habilidades interpessoais é o mesmo que ga-
a eficácia organizacional. Seguindo do entendimento de que os executivos rantir um ambiente de trabalho mais agradável, o que, por sua vez, facilita a
realizam trabalhos por meio do trabalho de outras pessoas. O foco será: contratação e a manutenção de pessoas qualificadas. Além disso, criar um
definir comportamento organizacional, descrever o que fazem os executi- ambiente de trabalho agradável parece fazer sentido do ponto de vis-
vos, Explicar a importância do estudo sistemático do comportamento orga- ta econômico. (ROBBINS, 2005, pág. 2)
nizacional, listar as principais oportunidades e desafios no uso dos concei-
As habilidades técnicas são necessárias, mas insuficientes para o su-
tos do comportamento organizacional, identificar as contribuições das
cesso das atividades de gestão. Hoje, com um ambiente de trabalho cada
principais disciplinas das ciências do comportamento ao estudo do compor-
vez mais competitivo e exigente, os executivos não podem depender ape-
tamento organizacional, explicar por que os executivos precisam de conhe-
nas de suas habilidades técnicas.
cimentos sobre comportamento organizacional.
A educação superior requerida deve proporcionar uma formação hu-
INTRODUÇÃO
manística e desenvolver a capacidade de visualizar globalmente os ambien-
tes interno e externo de maneira a compreender o meio social, político e

Gestão de Pessoas 46
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
econômico no qual se insere a organização. Os administradores deverão concorrência, são obtidas geralmente por meio de leituras de revistas ou de
tomar decisões em um mundo diversificado e interdependente. conversas com outros profissionais.
2 OS ADMINISTRADORES Os administradores podem não conhecer tudo, mas certamente conhe-
cerão mais do que seus subordinados, pois têm acesso formal e fácil a
Os executivos realizam trabalhos por meio do trabalho de outras pes- cada membro da equipe. Além do mais, redes de contatos expõem os
soas. Eles tomam decisões, aplicam recursos e dirigem as atividades de gerentes a informações externas às quais os subordinados dificilmente
outros com o intuito de atingir determinados objetivos. teriam acesso. (...) Os gerentes desenvolvem um poderoso arquivo de
De acordo com (2004, p. 4), todo indivíduo que conduz um grupo de informações. A comunicação é, seguramente, a parte mais importante de
pessoas na realização de tarefas capazes de contribuir para o alcance dos seu trabalho. Três papéis descrevem os aspectos informacionais do traba-
objetivos da organização é um administrador,independentemente do nível lho do gerente: monitor, disseminador e porta-voz. (PEREIRA, 2004, p. 7)
hierárquico em que esteja situado,do tipo de formação profissional ou do c) papéis de decisão: requer que os administradores sejam empreen-
tipo de organização em que esteja atuando, empresarial ou não empresari- dedores; gerenciadores de turbulências; alocadores de recursos e desem-
al. penham o papel de negociadores.
Os executivos trabalham em uma organização que é uma unidade so- Uma organização é constituída por pessoas, com papéis formalmente
cial conscientemente coordenada, composta de duas ou mais pessoas, que determinados, que trabalharão em conjunto para alcançar objetivos. Todas
funciona de maneira relativamente contínua para atingir um objetivo co- as organizações têm vários pontos em comum, sem ser idênticas.
mum.
As organizações precisam ser encaradas como um negócio, e essa de-
As pessoas que supervisionam as atividades das outras e que são res- finição aplica-se igualmente a hospitais, escritórios de advogados, consultó-
ponsáveis pelo alcance dos objetivos nestas organizações são os executi- rios médicos, órgãos do governo e instituições sem fins lucrativos. Devem
vos (eles também são chamados de administradores, especialmente nas ser também racionalmente constituídas e conduzidas. (PEREIRA, 2004, p.
organizações sem fins lucrativos). (ROBBINS, 2005, pág. 2) 11)
As organizações existem para atingir objetivos, o executivo defini obje- 2.1 Habilidades dos executivos
tivos e as possíveis formas de alcançá-los. A função de planejamento
engloba a definição das metas da organização, o estabelecimento de uma Em virtude do ritmo de inovação técnica e das mudanças ambientais, o
estratégia geral para o alcance dessas metas e o desenvolvimento de um segmento operacional da estrutura hierárquica se concentra na carreira
conjunto abrangente de planos para integrar e coordenar as atividades. Os profissional, e as organizações buscam administradores cujo perfil reúna
executivos também são responsáveis pela elaboração da estrutura da habilidades técnicas, humanas e conceituais.
empresa.
a) habilidades técnicas englobam a capacidade de aplicação de conhe-
Todas as organizações englobam pessoas, e é parte do trabalho do cimentos ou especialidades específicas.
executivo dirigir e coordenar essas pessoas. Essa é a função da liderança.
Quando pensamos nas habilidades de profissionais como engenheiros
Quando os executivos motivam os funcionários, dirigem as atividades civis ou cirurgiões¬dentistas, geralmente temos em mente suas habilidades
dos outros, escolhem os canais mais eficientes de comunicação ou resol- técnicas. Por meio da educação formal extensiva, eles obtiveram oS co-
vem conflitos entre as pessoas, eles estão exercendo sua liderança. (ROB- nhecimentos e as práticas específicas de suas áreas. (...) Todo trabalho
BINS, 2005, pág. 2) requer algum tipo de habilidade especializada e muitas pessoas adquirem
tal conhecimento no exercício de suas funções. (ROBBINS, 2005, p. 4)
Os executivos desempenham dez papéis diferentes, altamente interli-
gados, ou conjuntos de comportamentos atribuíveis às suas funções. Estes b) habilidades humanas: capacidade de trabalhar com outras pessoas,
papéis podem ser agrupados de acordo com suas características básicas compreendendo-as e motivando-as, tanto mente como em grupos, define
relativas aos relacionamentos interpessoais, à transferência de informações as habilidades humanas. Muitas pessoas são tecnicamente proficientes,
ou à tomada de decisões. mas incompetentes nos relacionamentos interpessoais.
Esses papéis não são facilmente destacados por constituir o compor- Elas podem não ser boas ouvintes, incapazes de entender habilidades
tamento dos indivíduos que desempenham ora um, ora outro desses pa- dos outros ou ainda ter dificuldade para administrar conflitos. Como os
péis. Eles fazem parte, portanto, do comportamento dos administradores no executivos realizam coisas do trabalho de outras pessoas, eles precisam ter
desempenho de suas funções administrativas. Entretanto, apesar de faze- habilidades humanas para se comunicar, motivar e delegar. (ROBBINS,
rem parte do comportamento administrativo, nem todos os gerentes dedi- 2005, pág. 5)
cam igual atenção a cada um deles. Dependendo da área funcional na qual
c) habilidades conceituais os administradores precisam entender com
atuam, seus comportamentos serão influenciados mais por uns papéis do
que por outros. (PEREIRA, 2004, pág. 7) clareza como as partes e as funções da organização se ajustam e inter-
relacionam.
a) papéis de relacionamento interpessoal: todo executivo precisa reali-
Os executivos precisam ter capacidade mental para analisar e diagnos-
zar tarefas de natureza cerimonial e simbólica. Quando o diretor de uma
ticar situações complexas. Um executivo pode possuir competência técnica
faculdade entrega os diplomas aos formandos na colação de grau ou
quando um gerente de produção conduz um grupo de estudantes secunda- e humana, mas fracassar por incapacidade de processar e interpretar
ristas em uma visita à fábrica, eles estão desempenhando o papel de figura racionalmente as informações. (ROBBINS, 2005, p. 5)
de proa. Todos os executivos desempenham um papel de liderança. O 3 O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
terceiro papel desempenhado na área de relacionamento interpessoal é o
de ligação. De acordo com Pereira, este papel é: O comportamento organizacional é um campo de estudos que investiga
o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento
Obrigações que demandam o desempenho de papéis interpessoais dentro das organizações com o propósito de utilizar este conhecimento
podem, ocasionalmente, transformar-se em rotina, envolvendo uma série para melhorar a eficácia organizacional.
de comunicações e não significando importantes decisões a sei tomadas.
Entretanto, são importantes para o bom funcionamento da organização e O comportamento organizacional se preocupa com o estudo do que as
não podem ser ignoradas. Os papéis interpessoais podem fazer do admi- pessoas fazem nas organizações e de como este comportamento afeta o
nistrador um símbolo, um líder ou apenas um ele¬mento de ligação entre os desempenho das empresas. Como este estudo está voltado especificamen-
subordinados, internamente, e com as demais organizações, externamente. te para situações relacionadas ao emprego, enfatiza-se o comportamento
(2004, p. 9) relativo a funções, trabalho, absenteísmo, rotatividade, produtividade,
desempenho humano e administração. (ROBBINS, 2005, p. 6)
b) papéis de informação: todos os executivos obtêm, de algum modo,
informações de outras organizações e instituições. Estas informações, Os componentes que constituem a área de estudos do comportamento
sobre as mudanças nos gostos dos consumidores ou sobre os planos da organizacional inclui motivação, comportamento e poder de liderança,

Gestão de Pessoas 47
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comunicação interpessoal, estrutura e processos de grupos, aprendizado, O estudo do comportamento organizacional oferece desafios e oportu-
desenvolvimento de atitudes e percepção, processos de mudanças, confli- nidades para os executivos. Ele aponta para diferenças e ajuda os executi-
tos, planejamento do trabalho e estresse no trabalho. vos a perceber o valor da diversidade da mão-de-obra e quais as práticas
que precisam ser modificadas quando se opera em diferentes países. Este
O estudo do comportamento organizacional é uma ciência aplicada que estudo pode melhorar a qualidade e a produtividade dos funcionários,
se apóia na contribuição de diversas outras disciplinas comportamentais. mostrando aos executivos como dar autonomia ao seu pessoal e como
As áreas predominantes são a psicologia, a sociologia, a psicologia social, elaborar e implementar programas de mudanças, melhorar o atendimento
a antropologia e a ciência política. ao cliente e ajudar os funcionários a equilibrar vida pessoal e profissional.
A psicologia tem contribuído principalmente para o nível micro, ou indi- O indivíduo e a Organização
vidual, de análise, enquanto as demais disciplinas têm contribuído para a
nossa compreensão dos conceitos macro, tais como os processos grupais O homem é um ser dotado de personalidade própria, portanto diferen-
e as organizações. (ROBBINS, 2005, p. 8) tes entre si, cada um com a sua história pessoal, particular e diferenciada,
características adquiridas ao longo da sua vivência, influenciada pela sua
A psicologia é a ciência que busca medir, explicar e, algumas vezes, cultura, ambiente familiar e grupo social.
modificar o comportamento dos seres humanos e dos animais. Os cientis-
tas que contribuem nesta área de conhecimento são os que estudam as Hoje sabe-se que tais características não podem separar-se do homem
teorias relativas ao processo de aprendizagem e à personalidade, os psicó- ao se relacionar nas organizações, visão muito diferente daquela que os
logos clínicos e, principalmente, os psicólogos organizacionais e industri- fundadores da escola clássica tinham do homem, no início de século XX.
ais.
Taylor com sua extrema preocupação com a máxima eficiência do tra-
Os psicólogos organizacionais e industriais (...) estudam aprendizagem, balho concebida por meio de métodos e sistemas de racionalização e
percepção, personalidade, emoções, treinamento, eficácia de liderança, Fayol, voltado em estabelecer princípios da boa administração como plane-
necessidades e forças motivacionais, satisfação com o trabalho, processos jar, organizar, coordenar, comandar e controlar. Para a teoria clássica o
de tomada de decisões, avaliação de desempenho, mensuração de atitu- importante era aperfeiçoar os sistemas de trabalho por meio da racionalida-
des, técnicas de seleção de pessoal, planejamento do trabalho e estresse de, avaliando e escolhendo sempre a melhor alternativa para obtenção da
profissional. (ROBBINS, 2005, p. 8) máxima eficiência. Neste caso acreditava-se que sistemas eficientes e bem
ajustados trariam por si só bons resultados. Dessa forma essa teoria redu-
A Sociologia estuda o sistema social no qual os indivíduos desempe- zia o indivíduo a um ser simples e previsível, treinado para executar tarefas
nham seus papéis, ou seja, estuda as relações das pessoas entre si. Mais extremamente repetitivas, motivado apenas pela remuneração financeira,
especificamente, a mecanizando-o cada vez mais.
maior contribuição dos sociólogos foi no estudo do comportamento dos
grupos dentro das organizações, especialmente as formais e complexas. Pouco a pouco essa visão sobre o homem foi mudando, pois foi sendo
percebido que o ser humano não é totalmente controlável e previsível. A
As áreas do estudo do comportamento organizacional que mais rece- escola das Relações Humanas surge para criticar o modelo atual em que
beram contribuições da sociologia foram a dinâmica de grupo, o desenho era feita uma abordagem simplificada da organização, visando à eficiência
de equipes de trabalho, a cultura organizacional, a teoria e a estrutura da técnica e econômica. Nesta escola o indivíduo passa a ser visto de outra
organização formal, a tecnologia organizacional e aspectos como poder, maneira, não mais como um recurso visto pelos engenheiros, recebendo
comunicação e conflitos. (ROBBINS, 2005, p. 9) maior atenção dos psicólogos. Segundo Elton Mayo, preconizar a ideia das
A psicologia social é uma área dentro da psicologia que mistura concei- necessidades humanas é ter segurança, afeto, reconhecimento social,
tos desta ciência e da sociologia. Seu foco é a influência de um indivíduo prestígio e auto-realização. O indivíduo precisa ser visto como um homem
sobre o outro. social, cujo conceito diz que o homem não pode ter seu comportamento
reduzido a esquemas simples e mecanicistas.
Os psicólogos sociais também fazem significativas contribuições nas
áreas de mensuração, entendimento e mudança de atitudes; padrões de Contudo na relação entre o indivíduo e a organização, não cabe uma
comunicação; as formas pelas quais as atividades em grupo podem satisfa- classificação entre “homem econômico” ou “homem social”.
zer necessidades individuais e o processo de tomada de decisão em grupo. Entende-se hoje que as organizações só funcionam por meio das pes-
(ROBBINS, 2005, p. 8) soas que delas fazem parte e que decidem e agem em seu nome, portanto
A antropologia é o estudo das sociedades para compreender os seres afirmamos que o maior bem das organizações são as pessoas. Com isso
humanos e suas atividades. O trabalho dos antropólogos sobre culturas e temos uma relação de troca, pois as organizações dependem das pessoas
ambientes, ajuda a compreender as diferenças de valores, atitudes e com- para atingir seus objetivos e cumprir suas metas, assim como as pessoas
portamentos fundamentais entre povos de diferentes países ou de pessoas dependem das organizações para galgar seus objetivos pessoais.
em diferentes organizações. O indivíduo e a Organização (Estruturalismo, Teoria Geral dos Siste-
A Ciência política estuda o comportamento dos indivíduos e dos grupos mas e Neoclássicos)
dentro de um ambiente político. Alguns tópicos específicos desta área são a A partir da década de 40, em função das criticas feitas tanto à teoria
estruturação de confli¬tos, a alocação de poder e como as pessoas mani- clássica (em função do seu mecanicismo), como a teoria das relações
pulam o poder para o atendimento de seus próprios interesses. humanas (por seu romantismo ingênuo) apontam para a necessidade de
CONCLUSÃO uma teoria de organização mais sólida e abrangente que servisse de orien-
tação para o administrador, surge então o Estruturalismo.
Entendemos que os executivos/administradores precisam desenvolver
suas habilidades interpessoais ou humanas para que possam ser eficazes Os seus autores estudam as organizações através de uma análise or-
em suas funções. Que o comportamento organizacional é um campo de ganizacional mais ampla do que as teorias que surgiram anteriormente a
estudo que investiga os impactos que os indivíduos, os grupos e a estrutura ela.
têm sobre o comportamento dentro de uma organização e, depois, utiliza Com isso, pretendem conciliar a Teoria Clássica e a Teoria das Rela-
este conhecimento para ajudar as empresas a trabalhar com maior eficá- ções Humanas, baseando-se na Teoria da Burocracia. Desta forma, a
cia.
análise das organizações, do ponto de vista estruturalista é feita a partir de
O comporta¬mento organizacional utiliza o estudo sistemático para me- uma abordagem múltipla, que leva em conta simultaneamente os funda-
lhorar as previsões sobre o comportamento que seriam feitas de maneira mentos dessas três teorias, envolvendo os seguintes aspectos: os diferen-
intuitiva. Mas, como as pessoas diferem umas das outras, precisamos tes tipos de organizações; os incentivos mistos como recompensas monetá-
analisar o comportamento organizacional dentro de um cenário contingen- rias e recompensas sociais e simbólicas; a organização formal e informal
cial, utilizando variáveis situacionais como moderadoras dos relacionamen- buscando o equilíbrio entre a empresa e o operário.
tos de causa e efeito.

Gestão de Pessoas 48
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
A teoria geral dos sistemas surgiu da percepção dos cientistas, de que sinteresse, negação, pessimismo, rejeição e apatia com relação ao trabalho
certos princípios e conclusões eram válidos e aplicáveis a diferentes ramos e, geralmente, trazendo problemas de supervisão e de disciplina.
da ciência. A partir disso, Ludwing Von Bertalanffy lançou em 1937 a Teoria
Geral de Sistemas, a qual foi amplamente reconhecida na administração na Assim, o moral é uma consequência do grau de satisfação das neces-
década de 60. Na teoria geral dos sistemas a ênfase é dada à inter-relação sidades individuais.
e interdependência entre os componentes que formam um sistema que é O homem é um animal dotado de necessidades que se alternam e se
visto como uma totalidade integrada, sendo impossível estudar seus ele- sucedem conjunta ou isoladamente. Satisfeita uma necessidade surge
mentos isoladamente. É disso que trata os conceitos de transação e globa- outra em seu lugar e assim por diante, continua e infinitamente.
lidade, o primeiro se refere à interação simultânea e interdependente entre
os componentes de um sistema e o segundo diz que um sistema constitui As necessidades motivam o comportamento humano dando-lhe direção
um todo técnico, dessa forma, qualquer mudança em uma das partes e conteúdo,
afetará todo o conjunto. Buscava-se uma teoria que fosse comum a todos Ao longo de sua vida, o homem evolui por três níveis ou estágios de
os ramos da ciência e se pesquisavam os denominadores comuns para o motivação: à medida que vai crescendo e amadurecendo vai ultrapassando
estudo e abordagem dos sistemas vivos. Esta foi uma percepção de diver- os estágios mais baixo e desenvolvendo necessidades de níveis, gradati-
sos cientistas, que entenderam que certos princípios e conclusões eram vamente, mais elevados. As diferenças individuais influem, poderosamente,
válidos e aplicáveis a diferentes setores do conhecimento humano. quanto à duração, intensidade e possível fixação em cada um desses
A Teoria Neoclássica surgiu da necessidade de se utilizarem os concei- estágios.
tos válidos e relevantes da Teoria Clássica, expurgando-os dos exageros e Os três níveis ou estágios de motivação correspondem às necessida-
distorções típicos de qualquer teoria pioneira e os condensado com outros des fisiológicas, psicológicas e de auto-realização.
conceitos igualmente válidos e relevantes oferecidos por outras teorias
administrativas ao longo das três últimas décadas. Essa teoria pode ser a.1- Necessidades Fisiológicas, Vitais ou Vegetativas
identificada através de algumas características marcantes: a ênfase na
São inatas e instintivas e relacionadas com a sobrevivência do indiví-
parte prática da Administração, a reafirmação relativa (e não absoluta) dos
duo. Situadas no nível mais baixo são, também, comuns aos animais, e
postulados clássicos, a ênfase nos primeiros clássicos de Administração, a
exigem satisfações periódicas e cíclicas. As principais são: alimentação,
ênfase nos resultados e objetivos e, sobretudo, o ecletismo aberto e recep-
sono, exercício físico, satisfação sexual, proteção contra os elementos,
tivo.
segurança física contra os perigos.
O ponto fundamental da Teoria Neoclássica é o de ser a Administração
a.2- Necessidades Psicológicas ou Sociais
uma técnica social básica. Isto leva à necessidade de o administrador
conhecer, além dos aspectos técnicos e específicos de seu trabalho, tam- São necessidades exclusivas do homem. São aprendidas e adquiridas
bém os aspectos relacionados com a direção de pessoas dentro das orga- no decorrer da vida e representam um padrão mais elevado e complexo de
nizações. necessidades.
A Teoria Neoclássica surgiu com o crescimento exagerado das organi- O homem procura, indefinidamente, maiores satisfações dessas ne-
zações. Uma das respostas que procurou dar foi a respeito do dilema cessidades, que vão se desenvolvendo e se sofisticando gradativamente.
centralização versus descentralização. Boa parte do trabalho dos neoclás-
sicos está voltada para fatores que levam à decisão de descentralização, Necessidade de segurança íntima, necessidade de participação, ne-
bem como às vantagens e desvantagens que a descentralização proporcio- cessidade de auto-confiança, necessidade de afeição, necessidade de
na. Esta Teoria enfatiza as funções do administrador: O Planejamento, a reconhecimento, necessidade de status, necessidade de pertencer, neces-
organização, a direção e o controle. No seu conjunto, essas funções admi- sidade de auto-afirmação, etc.
nistrativas formam o processo a.3- Necessidades de Auto-Realização
MOTTA, Fernando C. Prestes. Teoria geral da administração 2.ed. São São produtos da educação e da cultura a também elas, como as ne-
Paulo: Pioneira, 2002. cessidades psicológicas, são raramente satisfeitas em sua plenitude, pois o
homem vai procurando, gradativamente, maiores satisfações e estabele-
cendo metas crescentemente sofisticadas.
MOTIVAÇÃO
A necessidade de auto-realização é a síntese de todas as outras ne-
Todo administrador é responsável, em sua esfera de autoridade, pela cessidades. É o impulso de cada um realizar o seu próprio potencial, de
motivação de seus subordinados. Um presidente deve sentir-se responsá- esta em continuo auto-desenvolvimento no sentido mais elevado do termo.
vel por motivar, em primeiro lugar, os que prestam contas a ele diretamente
e, em segundo lugar, a todos os empregados da empresa. b. Nem sempre a satisfação das necessidades é obtida. Pode existir
alguma barreira ou obstáculo que impeça a satisfação de alguma necessi-
Talvez, a melhor norma para um sistema salutar de motivação, seja dade.
advertência bíblica "Faça aos outros o que quizeres que te façam".
Toda a vez que alguma satisfação é bloqueada por alguma barreira
a. Necessidades Humanas e a motivação ocorrem a frustração ou a compensação ou transferência.
O comportamento humano é determinado por causas que, às vezes, Dessa forma, toda a necessidade humana pode ser satisfeita, frustrada
escapam ao próprio entendimento ou controle do homem. Essas causas se ou compensada.
chamam necessidades ou motivos: são forças conscientes ou inconscientes
que levam o indivíduo a um determinado comportamento, b.1- Frustração

A motivação se refere ao comportamento que, é causado por necessi- A frustração pode levar a certas reações generalizadas, a saber;
dades do indivíduo e que é dirigido no sentido dos objetivos que podem - desorganização do comportamento:
satisfazer essas necessidades.
conduta ilógica e sem explicação aparente.
O moral é uma decorrência do estado motivacional, uma atitude mental
provocada pela satisfação ou não-satisfação das necessidades do indiví- - agressividade;
duo. O moral elevado é acompanhado de uma atitude de interesse, identifi- a liberação da tensão acumulada pode acontecer através da a-
cação, aceitação fácil, entusiasmo e impulso positivo, em relação ao traba- gressividade física, verbal , simbólica, etc.
lho; desenvolve a colaboração, porquanto ele se apóia em uma base psico-
lógica onde predominam o desejo de pertencer e a satisfação de trabalhar - reações emocionais:
em grupo.
a tensão retida pela não satisfação da necessidade pode provocar
Por outro lado, o moral baixo é acompanhado por, uma atitude de de- ansiedade, aflição, insônia, distúrbios circulatórios, digestivos, etc.

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- alienação e apatia sucedidos do que aqueles que se submetem ao estudo e ao treinamento
formal de liderança
o desagrado em face da não satisfação pode ocasionar reações de
alienação, de apatia e de desinteresse pelo alcance dos objetivos frustra- ESTILOS DE LIDERANÇA
dos como forma ou mecanismo inconsciente de defesa do ego.
f. LIDERANÇA AUTOCRÁTICA
Este estilo é bastante comum nas empresas é e típica do indivíduos
b.2- Compensação ou Transferência que não arredam pé de suas convicções as quais, quando contestadas,
defendem com veemência.
Ocorre a compensação ou transferência quando o indivíduo tenta satis-
fazer alguma necessidade impossível de ser satisfeita através da satisfação Pode ser gentil, cortês e aparentemente manso, desde que a situação
de outra necessidade complementar ou substitutiva. Assim, a satisfação de não ameace suas ideias; quando isso ocorre, entretanto, pode tornar-se
outra necessidade aplaca a necessidade mais importante, e reduz ou evita bastante agressivo.
a frustração. A necessidade de prestigio pode ser satisfeita pela ascensão
social, pelo sucesso profissional, pelo poder do dinheiro ou pela conduta Faz valer sua autoridade e a posição de mando de que está investido.
atlética. " f.1- Características da Liderança Autocrática
LIDERANÇA Apenas o líder toma decisões; o papel do subordinado é de apenas
Autoridade e Poder: cumprir ordens;

Autoridade é o direito de dar ordens e o de exigir obediência. (James 0 líder procura motivar os subordinados através do medo, ameaças e
D. Mooney ) punições e raras recompensas;

Influência 0 líder é "pessoal" nos elogios e nas criticas ao trabalho de cada fun-
cionário:
É qualquer comportamento da parte de um indivíduo que altera o com-
portamento, atitudes, sentimentos de outro indivíduo. Apenas o líder fixa as tarefas sem qualquer participação do grupo; .

Poder: 0 líder determina as providências e as técnicas para a execução dos


trabalhos, uma por vez, à medida em que se tornem necessárias e de modo
Implica em ter potencial para exercer influência. A autoridade propor- imprevisível para o grupo;
ciona o poder que é ligado à posição dentro da organização.
O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e quais os
Tipos de Poder (Do Ponto de Vista dos Subordinados) seus companheiros de trabalho;
d .1-PODER DE RECOMPENSA O chefe planeja organiza, dirige e controla; os subordinados executam.
Percepção, por parte dos subordinados, da capacidade do chefe de f.2- Reações dos Subordinados
lhes proporcionar recompensas (motivador).
O comportamento do grupo mostra forte tensão, frustração, sobretudo,
d.2- PODER COERCITIVO: agressividade e nenhuma iniciativa; de apenas cumprir ordens;
Percepção, por parte dos subordinados, da capacidade do chefe de Embora possam gostar das tarefas, os membros do grupo, não de-
lhes proporcionar punições (gera agressividade e hostilidade. Usado em monstram satisfação com relação à sua execução;
excesso leva à desmotivação).
O trabalho só se desenvolve bem com a presença do líder; na sua au-
d.3- PODER LEGITIMADO sência o grupo expande os sentimentos reprimidos chegando a indisciplina
e a agressividade.
Baseado nos valores de um indivíduo. Existe quando uma pessoa ou
grupo acredita que é correto ou legitimo para outra pessoa ou grupo influ- 9. LIDERANÇA DEMOCRÁTICA
enciar suas ações (religiões, Papa, etc).
O líder democrático é uma pessoa sensível as solicitações e as influ-
d.4- PODER DE REFERÊNCIA ências de seus subordinados; não é rígido em demasia, recebe e utiliza
efetivamente as contribuições dos subordinados não se atendo exclusiva-
É baseado no desejo de um indivíduo ou grupo de identificar-se ou ser
mente às suas próprias ideias na busca de alternativas para a solução dos
semelhante a outra pessoa ou grupo (com o superior, com o artista, com o problemas empresariais.
político).
O ponto central desse estilo de liderança é um entendimento mútuo e
d.5- PODER DE PERÍCIA um acordo bilateral entre o chefe e seus subordinados, quanto a quais são
É baseada na percepção de uma pessoa ou grupo a respeito do maior as metas da organização e quanto aos meios pelos quais tais metas serão
conhecimento, capacidade ou perícia de outra pessoa ou grupo. atingidas.

e. ASPECTOS GERAIS 9.1- Características da Liderança Democrática


Do mesmo modo que a motivação e a comunicação, a liderança é um As tarefas são debatidas e decididas pelo grupo que é estimulado e
dos requisitos básicos da direção. assistido pelo líder;
Os chefes tem poderes para contratar, demitir, promover e afetar de O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o ob-
outras formas as possibilidades dos subordinados realizarem seus objetivos jetivo, solicitando aconselhamento ao líder quando necessário, o qual
pessoais; mas, para obter melhores resultados, o líder deve fazer com que sugere duas ou mais opções pára o grupo escolher;
suas ordens sejam cumpridas espontâneamente e não sob coação. O A divisão de tarefas fica a critério do próprio grupo e cada membro tem
administrador que cria e mantém um ambiente que favorece o desempenho a liberdade de escolher seus companheiros de trabalho;
eficiente das pessoas pelas quais é responsável, está fazendo muito no
sentido de garantir sua liderança. O líder é "objetivo" e limita-se aos "fatos" em suas criticas ou elogios.
A ideia de que a capacidade de liderança pode ser ensinada, está su- 9.2 - Reações dos subordinadas
jeita a polêmicas e controvérsias. Capacidades sumamente talentosas de
liderança estão em evidência em toda parte, seja em grupos formais ou Há formação de amizade e relacionamentos cordiais entre os membros
informais, desde jardins da infância até universidades, de instituições do grupo;
sociais até o submundo e os lideres espontâneos parecem mais bem Líder e subordinados passam a desenvolver comunicações espontâ-

Gestão de Pessoas 50
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neas, francas e cordiais; Avaliação
O trabalho tem um ritmo suave e seguro, sem alterações, mesmo OMS
quando o líder se ausenta;
A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu um questionário
Há um nítido sentimento de responsabilidade e comprometimento pes- para aferir a qualidade de vida. Trata-se do WHOQOL (World Health
soal. Organization Quality of Life) que possui duas versões validadas para o
português, o WHOQOL - 100 (composto por 100 questões) e o WHOQOL -
h. LIDERANÇA LIBERAL OU "LAISSEZ-FAIRE" Breve, composto por 26 questões. O WHOQOL - 100 é composto por seis
É o estilo de liderança em que o superior, simplesmente, não toma co- domínios: o físico. o psicológico, o do nível de independência, o das
nhecimento dos problemas existentes, nem busca soluções para eles. relações sociais, o do meio ambiente e o dos aspectos religiosos. O
Como suas preocupações, tanto com a produção como com as pessoas, WHOQOL - Breve é composto por quatro domínios: o físico, o psicológico,
são mínimas ele não enfrenta grandes dilemas entre ambas as coisas. o das relações sociais e o do meio ambiente.
Espera-se pouco dele e ele dá pouco em troca. IDH
O liberal poderia ser tomado, ainda, como um caso extremo de chefia O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida
democrática, se considerarmos que a liderança autocrática representa uma comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança média de vida,
situação de mínima participação dos subordinados no processo decisório e natalidade e outros fatores. É uma maneira padronizada de avaliação e
que a liderança democrática significaria uma participação substancial medida do bem-estar de uma população, especialmente o bem-estar
desses mesmos subordinados nesse processo, a liderança "laissez-faire" infantil.
se caracterizaria por uma participação exagerada dos subordinados, com a
completa ou quase completa omissão do chefe. Em suma, os subordinados Qualidade de vida no trabalho
participariam tanto, que cada qual faria o que bem entendesse, sem uma
A globalização é sem dúvida um fator relevante para as relações de
coordenação ou um comando de suas ações.
trabalho. Com os avanços tecnológicos, aperfeiçoou-se métodos de traba-
h.1- Características da Liderança Liberal lho, equipamentos para a proteção individual para manter a saúde e bem –
estar do trabalhador; e trouxe consigo a crescente preocupação das organi-
Há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais com zações em manter seu colaborador saudável e interessado pois o sucesso
participação mínima do líder; da organização depende da produtividade de seus trabalhadores.
A participação do líder é limitada esclarecendo que pode apresentar De acordo com Garcia (2007), na luta pela produtividade e competitivi-
materiais ou fornecer informações desde que lhe sejam solicitados; dade, as empresas passaram a considerar o capital intelectual como vanta-
Tanta a divisão das tarefas como a escolha dos companheiros fica, to- gem competitiva, levando as organizações a descobrirem a importância das
talmente, a cargo da grupo; pessoas, do papel dos trabalhadores para a empresa.
O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou de regular o curso dos Diante desse contexto Chiavenato (2004) nos diz que “a QVT assimila
acontecimentos, somente fazendo comentários quando perguntado. duas posições antagônicas: de um lado, a reivindicação dos empregados
quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho; e, de outro, o interesse das
h.2- Reações organizações quanto aos seus efeitos potenciadores sobre a produtividade
Embora a atividade do grupo possa ser intensa a produção é medíocre; e a qualidade”

As tarefas se desenvolvem ao acaso, com muitas oscilações, perden- Há um consenso entre vários autores a respeito da definição sobre
do-se muito tempo com discussões, mais voltadas para motivos pessoais qualidade de vida no trabalho, pois trata-se de um termo amplo, e geral-
da que relacionadas com o trabalho em si; mente confuso. Segundo Limongi-França (2007) pode abranger desde
cuidados médicos estabelecidos pela legislação de saúde e segurança até
Nota-se forte individualismo agressivo e pouco respeito com relação ao atividades voluntárias dos empregados e empregadores nas áreas de lazer,
líder. motivação, entre inúmeras outras.
DESEMPENHO – O grau ou nível de habilidade e de esforço gasto na A QVT representa o grau em que os membros da organização são ca-
execução de um processo. pazes de satisfazer suas necessidades pessoais através do seu trabalho na
organização. (CHIAVENATO, 2004). Qualidade de vida no trabalho é o
Qualidade de vida
conjunto das ações de uma empresa no sentido de implantar melhorias e
A qualidade de vida é um termo empregado para descrever a inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho
qualidade das condições de vida levando em consideração fatores como a (LIMONGI-FRANÇA, 1996).
saúde, a educação, o bem-estar físico, psicológico, emocional e mental,
Em termos históricos, a expressão QVT surgiu no início da década de
expectativa de vida etc. A qualidade de vida envolve também elementos
1950, na Inglaterra, através dos estudos de Eric Trist e alguns colaborado-
não relacionados, como a família, amigos, emprego ou outras
res. Esses estudos basearam-se no trimônio indivíduo, trabalho e organiza-
circunstâncias da vida.
ção. (CAÑETE, 2004).
Conceito
A QVT tem sido utilizada como indicador das experiências humanas no
Entende-se por qualidade de vida a percepção do indivíduo tanto de local de trabalho e o grau de satisfação das pessoas que desempenham o
sua posição na vida, no contexto da cultura e nos sistemas de valores nos trabalho. Para alcançar níveis elevados de qualidade e produtividade, as
quais se insere, como em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões organizações precisam de pessoas motivadas. (CHIAVENATO, 2008).
e preocupações. É um amplo conceito de classificação, afetado de modo
De acordo com Fernandes (1996), a QVT pode ser considerada como
complexo pela saúde física do indivíduo, pelo seu estado psicológico, por
uma gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, sociológicos, psico-
suas relações sociais, por seu nível de independência e pelas suas
lógicos e tecnológicos da organização do próprio trabalho, que afetam a
relações com as características mais relevantes do seu meio ambiente.
cultura e interferem no clima organizacional interferindo na produtividade e
É, portanto, um termo amplo que concentra as condições que são na satisfação dos clientes internos.
fornecidas ao indivíduo para viver como ele pretende.
Segundo Souza (2009):
O conceito de qualidade de vida não está limitado em si mesmo, ou
A empresa que não atenta para a QVT pode se considerar decadente,
seja, significa uma medida. Indivíduos podem ter qualidade de vida boa ou
uma vez que se seus clientes internos não estão satisfeitos refletirão essa
ruim (escala qualitativa), ou mesmo, mensurada em escalas quantitativas.
insatisfação na sua produtividade, em outras palavras, o produto final da
Existem diversas formas de mensuração e avaliação.
empresa e o reflexo da satisfação e da qualidade de vida dos funcionários,

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se este tem uma alta qualidade de vida, o produto da empresa será de alta organização) e da equidade externa ( equilíbrio com as remunerações do
qualidade e seus clientes externos estarão satisfeitos. mercado de trabalho).
Os componentes que envolvem a QVT, segundo Chiavenato (2008) 2. Condições de segurança e saúde no trabalho: envolvendo as dimen-
são: sões jornada de trabalho e ambiente físico adequado à saúde e bem-estar
da pessoa.
1. A satisfação com o trabalho executado.
3. Utilização e desenvolvimento de capacidades: no sentido de propor-
2. As possibilidades de futuro na organização. cionar oportunidades de satisfazer as necessidades de utilização de habili-
3. O reconhecimento pelos resultados alcançados. dades e conhecimentos do trabalhador, desenvolver sua autonomia, auto-
controle e de obter informações sobre o processo total do trabalhador, bem
4. O salário percebido. como retroinformação quanto ao seu desempenho.
5. Os benefícios auferidos. 4. Oportunidades de crescimento contínuo e segurança: no sentido de
6. O relacionamento humano dentro do grupo e da organização. proporcionar possibilidades de carreira na organização, crescimento e
desenvolvimento pessoal e de segurança no emprego de forma duradoura.
7. O ambiente psicológico e físico do trabalho.
5. Integração social na organização: envolvendo eliminação de barrei-
8. A liberdade e responsabilidade de tomar decisões. ras hierárquicas marcantes, apoio mútuo, franqueza interpessoal e ausên-
cia de preconceito.
9. As possibilidades de participar.
6. Constitucionalismo: refere-se ao estabelecimento de normas e re-
Vale ressaltar que a QVT não está interligada apenas ao ambiente or-
gras da organização, direitos e deveres do trabalhador, recursos contra
ganizacional, depende da Qualidade de vida do indivíduo fora da organiza-
decisões arbitrárias e um clima democrático dentro da organização.
ção. Shinyashiki (2002) diz que muitas pessoas não conseguem ter um
equilíbrio entre trabalho e sucesso profissional, pois pensam somente do 7. Trabalho e espaço total de vida: O trabalho não deve absorver todo
sucesso e esquecem da felicidade. o tempo e energia do trabalhador em detrimento de sua vida familiar e
particular, de seu lazer e atividades comunitárias.
Segundo a Organização Mundial da Saúde apud Cañete (2004), a qua-
lidade de vida diz respeito ao modo de como o indivíduo interage (com sua 8. Relevância social da vida no trabalho: O trabalho deve ser uma ativi-
individualidade e subjetividade) com o mundo externo, ou seja, como é dade social que traga orgulho para a pessoa em participar de uma organi-
influenciado e influencia. Para Chiavenato (2004) a QVT afeta atitudes zação. A organização deve ter uma atuação e uma imagem perante a
pessoais e comportamentos relevantes para a produtividade individual e sociedade, responsabilidade social, responsabilidades pelos produtos e
grupal, tais como: motivação para o trabalho, adaptabilidade a mudanças serviços oferecidos, práticas de emprego, regras bem definidas de funcio-
no ambiente de trabalho, criatividade e vontade de inovar ou aceitar mu- namento e de administração eficiente.
danças.
Segundo Walton (1973), não há relações complexas entre as oito cate-
Dessa perspectiva Cañete (2004) diz: gorias, pois alguns pares tendem a ser positivamente relacionados e outros
apresentam aparente incoerência. Assim as oito categorias convidam a
Existe uma tendência a se considerar as empresas como responsáveis
vários tipos de análise, incluindo a forma como cada atributo da qualidade
pelos fatores determinantes da qualidade de vida dentro do trabalho. Embo-
de vida está relacionado com os outros. Podendo-se adaptar o modelo às
ra Qualidade de Vida e Qualidade de vida no trabalho sejam distintas, na
individualidades de cada empresa.
prática estão interligadas e se interinfluenciam, de modo que insatisfações
no trabalho podem causar desajuste na vida familiar e nas relações sociais Ainda em Walton (1973), outro ponto importante a ser analisado é que
na vida fora do trabalho, enquanto insatisfação fora do trabalho exerce um indiferentemente à forma como se aborda a questão da qualidade de vida,
papel negativo e desadaptador sobre o trabalho. é preciso reconhecer a diversidade das preferências humanas, tais como
cultura, classe social, criação familiar, educação e personalidade. Tessália
Fernandes (1996, p. 22) afirma que “é imprescindível a competência
Silva Cardozo
gerencial na gestão de pessoas”, mas que “o envolvimento dos funcionários
não acontece ao acaso. Para atingirem as metas organizacionais, é preciso Benefícios da qualidade de vida
difundir-se a responsabilidade pela qualidade, base da produtividade e da
competitividade.”  Reconhecimento dos funcionários de que a empresa investe na saú-
de no trabalho
Pelo fato que as pessoas passam maior parte do seu tempo diário nas
organizações, o ambiente para desenvolver o trabalho tem que trazer um Retenção dos colaboradores
bem estar aos colaboradores e não as deixando adoecer pelo trabalho. Redução de afastamentos
Modelo de QVT Motivação e comprometimento dos funcionários
A pesquisa de QVT é um instrumento utilizado para medir o grau de sa- Redução da fadiga
tisfação dos indivíduos dentro da organização; é portanto uma estratégia
para avaliar o quanto o indivíduo esta familiarizado com a cultura da em- Maior produtividade
presa, seus métodos, valores, e se o trabalho traz satisfação na vida fora
Diminuição do número de casos de LER-DORT
da empresa.
Redução com custos de assistência médica e psicológica
Vários autores apresentam modelos de QVT, e deverão ser aplicados
de acordo com as características de cada local. Entre eles apresenta-se o Check-up da Saúde
modelo de Richard Walton (1973), que através de pesquisas e entrevistas
busca identificar fatores que afetam de maneira significativa o indivíduo no O serviço de Check-up da saúde é de extrema importância, pois age
ambiente de trabalho. O modelo serve de base para orientar a pesquisa, como uma avaliação atual da saúde do funcionário e age como um pré
podendo ser acrescentados outros critérios que se façam relevantes para a diagnóstico de doenças como Diabetes, Hipertensão, entre outras.
pesquisa. Os programas de Qualidade de Vida no Trabalho têm como objetivo
Para Walton (1973), existem oito fatores que afetam a QVT, a saber: criar uma organização mais humanizada, mediante maior grau de respon-
sabilidade e de autonomia no trabalho, recebimento mais constante de
1. Compensação justa e adequada: a justiça distributiva de compensa- feedback sobre desempenho, maior variedade e adequação de tarefas e
ção depende da adequação da remuneração ao trabalho que a pessoa ênfase no desenvolvimento pessoal do individuo. Estes programas consti-
realiza, da equidade interna (equilíbrio entre as remunerações dentro da tuem uma das mais eficazes formas de obtenção do comprometimento das

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pessoas, uma vez que favorecem o envolvimento dos empregados nas Integração social na organização de trabalho: ênfase as relações in-
decisões que influenciam suas áreas de trabalho dentro da empresa. terpessoais no qual assume uma dimensão importante da qualidade de vida
no trabalho;
Os programas de QVT envolvem a resolução participativa dos proble-
mas, reestruturação do trabalho, inovações do sistema de recompensas e Constitucionalismo na organização de trabalho: destacam-se os
melhoria do meio ambiente do trabalho. Costumam, às vezes, apresentar aspectos de privacidade, liberdade, equidade no tratamento e aplicação de
dificuldades para serem implantados. Como envolvem custos para a em- processo;
presa e têm poro alvo principal os empregados e não a organização, algu-
mas vezes é difícil conseguir a adesão da alta administração. Esses pro- O trabalho e o espaço total da vida do indivíduo: deve haver equilí-
gramas, no entanto, orientam-se também em direção à melhoria na eficácia brio entre o trabalho e as atividades fora deste;
organizacional, já que esta tem como pré-requisito a satisfação do individuo Relevância social da vida no trabalho: considera aspectos como a
que se intensifica por meio da participação nas decisões e na melhoria das imagem da empresa, sua responsabilidade social, responsabilidade pelos
condições em que se desenvolvem seu trabalho. produtos desenvolvidos e suas práticas de emprego. Gerisval Pessoa
Um programa de QVT tem geralmente três componentes: O trabalho pode provocar acidentes ou doenças de forma mais fre-
1 – Ajudar os funcionários a identificar riscos potenciais de saúde. quente do que se imagina. O trabalhador não possui informações mínimas
sobre os riscos que vai encontrar. O resultado são doenças como surdez,
2 – Educar os funcionários a respeito de riscos de saúde, como pres- originada em um ambiente de trabalho ruidoso, lesões por esforços repetiti-
são sanguínea elevada, fumo, obesidade dieta pobre e estresse. vos e as várias formas de intoxicação relacionadas à exposição a substân-
cias químicas presentes nos ambientes de trabalho. Somam-se a estes,
3- Encorajar seus funcionários a mudar seus estilos de vida através de
outros tipos de doenças que muitas vezes não relacionamos facilmente ao
exercícios, boa alimentação e monitoramento da saúde.
trabalho. Por outro lado, o trabalho precário, temporário e sem carteira
As estratégias para a prevenção de doenças e a promoção da saúde assinada, torna as atividades mais perigosas para uma mão-de-obra, em
ganham cada vez mais importância nas empresas. Por dois motivos em geral, mais exposta a riscos.
especial: "o absenteísmo relacionado a afastamentos custa caro e quanto As ações na área são voltadas à formulação e implementação de polí-
mais os funcionários utilizam o plano de saúde, mais ele pesa para os ticas de proteção à saúde, visando à redução e eliminação do adoecimento
cofres da organização", explica André Alexandre Osmo, diretor médico do
e morte resultantes das condições, dos processos e dos ambientes de
Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, que tem um serviço especial de
trabalho, bem como o aprimoramento da assistência à saúde dos trabalha-
check-up para executivos.
dores. O foco de atuação são todos os trabalhadores presentes em áreas
A preocupação com a qualidade de vida é um fator em ascensão no urbanas e rurais, abrangendo os do mercado formal, com carteira assinada
âmbito organizacional. Inúmeros fatores externos (doenças e adversidades) ou não, do mercado informal, autônomos, funcionários públicos, desempre-
permeiam o trabalho das pessoas. Os programas de qualidade de vida gados e aposentados. Os agravos que podem estar relacionados às condi-
podem ser de vital importância para o desenvolvimento pessoal e profissio- ções de trabalho somam mais de 250 doenças diferentes, to-
nal de seus colaboradores, bem como com o desenvolvimento eficaz das das catalogadas pelo Ministério da Saúde.
organizações. Inclusão social é um conjunto de meios e ações que combatem a ex-
A vida do homem moderno, nos grandes centros urbanos, está cada clusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pela falta de classe
vez mais amarrada ao enfrentamento de situações críticas para a sua social, origem geográfica, educação, idade, existência
subsistência, tais como alimentação, moradia, transporte, ensino, saúde e a de deficiência ou preconceitos raciais. Inclusão Social é oferecer aos mais
própria manutenção do seu emprego. Todas elas geradoras de prejuízos necessitados oportunidades de acesso a bens e serviços, dentro de um
físicos e psicológicos. Hoje, exige-se dos funcionários eficiência e alta sistema que beneficie a todos e não apenas aos mais favorecidos no siste-
produtividade em tempo limitado, porém, em condições inadequadas de ma meritocrático em que vivemos. Nossa cultura tem uma experiência
trabalho, com problemas de ambiente e equipamentos. Tais condições ainda pequena em relação à inclusão social, com pessoas que ainda criti-
acabam levando a insatisfações, cansaços excessivos, queda de produtivi- cam a igualdade de direitos e não querem cooperar com aqueles que
dade, problemas de saúde e acidentes de trabalho. fogem dos padrões de normalidade estabelecidos por um grupo que é a
maioria. E diante dos olhos deles, também somos diferentes. E é bom
As empresas procuram hoje qualidade de vida no trabalho, na espe- lembrar que as diferenças se fazem iguais quando colocadas num grupo
rança de promover um envolvimento e motivação do ambiente e proporcio- que as aceitem e as consideram, pois nos acrescentam valores morais e de
nar assim um aumento da produtividade, além disso, a atividade física, no respeito ao próximo, com todos tendo os mesmos direitos e recebendo as
âmbito da empresa é uma questão relacionada à promoção de saúde, não mesmas oportunidades diante da vida.
apenas como ausência de doença, mas como estado completo de bem-
estar físico, mental e social.Maria Clara
Walton apud Chiavenato (1999) conceitua a QVT como o atendimento 5 Competência interpessoal.
de necessidades e pretensões humanas, com base na ideia de humaniza-
ção e responsabilidade social. Propõe ainda um modelo com oito categorias O que é Competência Interpessoal?
conceituais que devem ser consideradas na QVT: Relacionamento Interpessoal
Compensação adequada e justa: deve-se adotar um padrão de ho- Eu e os outros
nestidade que considere uma remuneração adequada, equidade interna e
equidade externa; Frequentemente nos perguntamos “como trabalhar bem com os ou-
tros?” “como entende-los e fazer-se entender por eles?”
Condições de segurança e saúde no trabalho: devem-se considerar
horários razoáveis de trabalho de acordo com as normas estabelecidas * “Por que interpretamos erroneamente atos e palavras do outro?”
resultando no bem-estar do trabalhador e no trabalho realizado por este;
* Será que o convívio com os outros será sempre ocasião de sofrimen-
Oportunidade imediata para a utilização e desenvolvimento da ca- to e angústia, ou podemos alcançar uma convivência gratificante e produti-
pacidade humana: consideram-se os aspectos de autonomia no trabalho, va?
habilidades múltiplas, identidade da tarefa, informações e perspectivas;
* As pessoas convivem e trabalham com pessoas e portam-se como
Oportunidade futura para crescimento contínuo e seguran- pessoas, isto é, reagem às outras pessoas com as quais entram em conta-
ça: valorização do trabalhador destacando-se dimensões de oportunidade to: comunicam-se, simpatizam e sentem atrações, antipatizam e sentem
de carreira, perspectivas da aplicação dos conhecimentos, desenvolvimento aversões, aproximam-se, afastam-se, entram em conflito, competem,
pessoal e segurança; colaboram, desenvolvem afeto.”(Fela Moscovici);

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O processo de interação humana é constituído por essas reações ou negativo é na forma com a qual lidamos com as crises”. As crises afetam
interferências, voluntárias ou não, intencionais ou não, demonstrando que a países, empresas, equipes e pessoas, ou seja, ninguém está imune aos
pessoa, na presença de outra, não fica indiferente e que o outro é sempre conflitos. Rita Alonso
uma presença estimuladora. É complexo e ocorre sob forma de comporta-
mentos (verbais, não verbais, manifestos ou não), pensamentos e senti- UMA NOVA ÓTICA NOS RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS
mentos, reações mentais ou físicas. Trabalhar em equipe, construir bons relacionamentos no trabalho
Qualquer gesto, olhar ou postura, uma aproximação ou afastamento, e necessitam muito mais do que habilidade técnica. É necessário uma nova
até mesmo o silêncio, são formas de interação, pois significam algo para o percepção sobre as pessoas: a aquisição da competência interpessoal.
outro. Até o sentir a presença do outro já é interação. Porém a forma mais Durante os últimos anos as organizações tem se deparado com a alta
frequente de interação é a comunicação. exigência do mercado e a alta competitividade, e para tanto, tem se
Para ter um bom convívio com as pessoas é necessário estar atento as buscado meios para se tornar mais competitivo. Uma das formas que as
diferenças individuais, pois as pessoas diferem: empresas tem encontrado é a de passar a enxergar o trabalhador de forma
diferente. Hoje, em toda e qualquer organização que queira obter êxito, não
- em capacidades comportamentais; se admite mais o profissional individualista, exige-se profissionais que
saibam trabalhar em equipe, e principalmente, saibam se integrar e criar
- possuem necessidades diferentes umas das outras;
sinergia com as pessoas.
- percebem seu ambiente e reagem afetivamente em função das suas O processo de interação humana está presente em toda a organização
necessidades e experiências passadas; e é o que mais influencia no rumo das atividades e nos seus resultados
As diferenças individuais são importantes, pois o que seria de nós, hu- atualmente. Este fato, porém, não foi ainda devidamente reconhecido e
manos, se fossemos todos iguais? avaliado. Por isso mesmo, sucedem-se surpresas, frustrações, eventos
inesperados que trazem desconforto, perplexidade e insegurança aos
Elas interagem de diversas maneiras na organização e possibilitam a gestores. Mesmo as situações bem planejadas podem fugir ao seu controle
execução de diversos trabalhos de forma adequada e com a qualidade e configurar-se, na prática, de forma bem diferente do esperado
necessária. (MOSCOVICI, 2002).
As diferenças no processo grupal Como conviver com os outros no trabalho, trabalhar em equipe e criar
* Rede de relações : as relações de poder determinam ou influenciam o sinergia, sem conhecer a fundo cada um e sem entender alguns aspectos
grau de participação dos membros nas decisões (comunicação, normas e do seu próprio comportamento?
punições) Assim como de maneira individual, as pessoas quando estão em grupo
* Relações de poder equilibradas: ou pela presença de um indivíduo ou possuem padrões próprios para funcionar e agem de forma diferente do
subgrupo que detém o poder; que quando estão sós. O grupo não é a simples soma de indivíduos e
comportamentos, ele assume configuração própria que influência nas ações
* Conflitos originam-se do confronto entre diferentes pontos de vista e e nos sentimentos de cada um proporcionando, sinergia, coesão,
não determinam a dissolução do grupo: pode levar ao crescimento e de- cooperação e coordenação, simpatia, carinho, harmonia, satisfação e
senvolvimento pessoal e grupal; alegria, ou mesmo, antipatia, tensão, hostilidade, insatisfação e tristeza. O
mais curioso é que, mesmo o ser humano não conhecendo profundamente
* Prepara para níveis mais amplos de atividade social – tal preparação
as pessoas, possui noções empíricas(experiências práticas) sobre as
é chamada de socialização) inicia no nascimento e termina com a morte);
reações dos outros e já desenvolveu certa habilidade para lidar com as
Identidade formas previsíveis de atuação de diferentes pessoas. Entretanto isto não
impede que haja distorções no relacionamento interpessoal e
* Aquilo que é próprio de cada um; suas características pessoais, suas interpretações errôneas sobre as pessoas e seus comportamentos em
qualidades e seus defeitos; grupo.
* É importante que cada um conheça a si mesmo, seu modo de se co- Um ponto importante para essa mudança de paradigma é a aquisição
municar com as pessoas, de agir, comportar-se; Você se conhece bem? da competência interpessoal pelos profissionais do mercado. A
* Através do conhecimento interior, temos um melhor relacionamento competência técnica para cada profissional não é posta em dúvida,
com os outros, respeitamos nossas diferenças e atuamos para o melhora- claramente todos reconhecem que o profissional precisa ser competente
mento do nosso trabalho, pois sem ele o que seria de nós? Ele nos da uma em sua área específica de atividade. A competência interpessoal, porém,
identidade. só é reconhecida para algumas categorias profissionais notórias, tais como
assistência social, psicoterapia, magistério, vendas, serviços de
Os conflitos podem ser resolvidos atendimento ao público em geral. Em cada profissão na verdade os dois
* Conflito, crise, desentendimentos. Não importa o nome que se dê, tipos de competência são necessários, embora em proporções diferentes.
mas a realidade mostra que onde existe a presença do ser humano, a O problema consiste em discernir e aprender qual a proporção adequada
geração de conflitos estará presente, seja em menor ou maior intensidade. para prover serviços de alta qualidade, ou seja, para um desempenho
Isso vale não apenas para as relações pessoais, mas também para o dia-a- superior.
dia das organizações. Por isso, a atuação do psicólogo no desenvolvimento Cada tipo ou dimensão de competência é interdependente de outra.
de habilidades de relacionamento é tão importante para o crescimento das Assim, a maneira pela qual um gerente, advogado, médico faz as perguntas
organizações e dos indivíduos que lá atuam; (tendo ou não estabelecido um clima psicológico favorável e uma relação
A Gerência de Crises tem sido apontada com um dos fatores que mais de confiança) pode influenciar as informações que recebe. Neste exemplo,
preocupam as empresas. Afinal, quando um conflito surge numa equipe, o a competência interpessoal (processo) é tão importante quanto à
desempenho dos profissionais e o clima organizacional podem sofrer competência técnica de formular as perguntas adequadas (conteúdo das
impactos. perguntas).

Por outro lado, nem sempre a presença do conflito deve ser considera- Se a competência técnica pode ser adquirida através de cursos,
da um sinal de perigo, pois em alguns casos ela serve como uma alavanca seminários, leituras e experiência ou prática, a competência interpessoal
propulsora para o desenvolvimento de muitos profissionais.Mas isso não necessita treinamento especial de laboratório.
gera uma contradição? Afinal, a presença do conflito no ambiente corporati- Segundo Argyris (1968), competência interpessoal é a habilidade de
vo é positiva ou não? lidar eficazmente com relações de acordo com três critérios:
Segundo Gustavo Boog, “Quando estamos em crise, tudo o que queremos
é sair dela, mas a grande diferença que existe para o lado positivo ou a) Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis
relevantes e respectiva inter-relação.

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b) Habilidade de resolver realmente os problemas, de tal modo que são oscilantes e mutantes e as empresas não mais garantem estabilidade e
não haja regressões. segurança?
c) Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas Trabalhabilidade, é um conceito por nós criado para descrever uma
continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos, como nova condição do trabalhador diante do mercado de trabalho, na qual cabe
quando começaram a resolver seus problemas. a cada indivíduo assumir a responsabilidade de gerenciar o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de suas competências duráveis e a
Dois componentes da competência interpessoal assumem importância atualizar de forma constante de suas competências transitórias ou
capital para discernir e aprender a proporção adequada: a percepção e a renováveis, competências estas que possuem um valor de mercado e
habilidade propriamente dita. O processo da percepção precisa ser treinado poderão ser utilizadas tanto na relação empregatícia, como em outras
para uma visão acurada da situação interpessoal. Isto significa um longo formas de atividade remunerada.
processo de crescimento pessoal, abrangendo auto-percepção, auto-
conscientização e auto-aceitação como pré-requisitos de possibilidades de Pessoas que investem em suas competências duráveis, e por isso
percepção mais realística dos outros e da situação. Esse treinamento mesmo tem condições de atualizar constantemente suas competências
perceptivo não se realiza espontânea nem facilmente, mas requer transitórias ou renováveis, possuem um leque mais amplo de opções,
treinamento especial, demorado, e muitas vezes sofrido, exigindo coragem elevando assim sua probabilidade de sucesso.Estou me referindo aqui, em
e disponibilidade psicológica do treinando no exercício de dar e receber termos de Análise Transacional, ao modelo teórico da personalidade
feedback. O auto-conhecimento só pode ser obtido com a ajuda dos outros, integrada, segundo o qual o estado de ego Adulto desempenha a função de
por meio de feedback, o qual precisa ser elaborado para auto-aceitação. Se executivo da personalidade.
o indivíduo tem percepção mais acurada de si, então pode, também, ter
Atua com base nos dados da realidade interna e externa, fruto do
percepção acurada da situação interpessoal.
diálogo interno entre os três estados de ego descontaminados, o que
A habilidade propriamente dita, ou melhor, a forma de fazer, pode ser permite às pessoas tomarem suas decisões de forma consciente,
desenvolvida de forma informal através de um espaço coletivo de discussão responsável e gratificante.
acerca das variáveis e dos conteúdos presentes nas relações intra e extra
grupo. Segundo DEJOURS (1994), é necessário abrir um espaço interno de Entendemos por competências duráveis um conjunto de capacidades,
conhecimentos, aptidões e experiências que proporcionam às pessoas
discussão que vá além do conhecimento técnico e da divisão do trabalho,
suficiente estabilidade e equilíbrio internos para lidar com a instabilidade e a
“onde o trabalhador possa discutir as regras de consenso para trabalhar em
conjunto e a elaboração de confiança entre trabalhadores”. É necessário imprevisibilidade externa. As competências duráveis se manifestam através
de comportamentos, visão de mundo,posicionamentos, decisões e trajetória
criar grupos em que os sujeitos apresentem expectativas, determinem
objetivos e definam a ordem das atividades e das relações. de vida que refletem a coerência entre valores declarados e valores
praticados, entre palavras e ações, fruto de um processo de integração e
Quando se está ao par destas diversidades torna-se mais fácil equilíbrio entre os aspectos afetivos, comportamentais e cognitivos.
compreender por que certos grupos têm dificuldade para definir seus
Destacamos sete (7) competências duráveis, todas elas intimamente
objetivos e fins, e os métodos de alcançá-los. É impossível conhecer tudo
conectadas entre si:
sobre os indivíduos de um grupo, entretanto, se forem compreendidos e
percebidos como pessoas, quais seus motivos básicos e conhecidos os 1. Auto-conhecimento
pontos em que querem ser satisfeitos, pode-se mais facilmente caracterizá-
los como individualidades. Determinando os pontos de concordância, os Conhecer a si mesmo é um projeto de vida. Implica reflexão,
estímulos que os impulsionarão a melhor compreender os seus atos. introspecção e empenho para definir claramente nossa trajetória de vida.
Inclui, ainda, o desafio do comprometimento consigo mesmo a respeito de
A nova ótica é a de perceber e enxergar este grupo ou indivíduo de objetivos e metas pessoais, a distinção clara entre o que realmente desejo
forma diferente da usual, é mudar nossa forma de enxergar. É perceber e o que aprendi que devo , ou não devo, desejar. Berne, o criador da
antes de tudo e conforme descreve SCHUTZ(1989) “o quanto nossa Análise Transacional, cunhou o conceito de script, definido como "um plano
percepção pode ser profundamente condicionada. Se poucos minutos ou de vida baseado numa decisão tomada na infância, reforçada pelos
horas podem ter tal impacto em nossa maneira de ver as coisas, o que progenitores, justificada por acontecimentos subsequentes e culminando
dizer dos condicionamentos que duram a vida inteira, sendo a nossa fonte com uma alternativa escolhida". E acrescenta Berne, "Scripts baseiam-se,
de atitudes e comportamentos”. em geral, em ilusões infantís que poderão persistir uma vida inteira. Em
Portanto, avaliar a nossa conduta, nossos comportamentos e pessoas mais sensíveis, perceptíveis e inteligentes, estas ilusões se
percepções frente aos outros é o primeiro passo para que haja coesão nas dissolvem, uma a uma, levando às crises existenciais descritas por Erikson.
relações grupais, bem como, se crie sinergia e condições reais de se Entre elas está a reavaliação dos pais pelos adolescentes, os protestos as
ganhar mais competitividade através das pessoas. vezes bizarros da meia-idade e depois disso a emergência da filosofia.

Análise Transacional e Trabalhabilidade - Rosa R. Krausz O auto-conhecimento é um ingrediente fundamental da


trabalhabilidade, principalmente num mundo onde a consciência da
Como desenvolver competências duráveis e atualizar competências interdependência, a capacidade de trabalhar em equipes reais, ou virtuais,
renováveis em cenários de instabilidade? de relacionar-se com pessoas de culturas, valores e formação profissional
diferentes são condição sine-qua-non para se obter resultados, resolver
O cenário contemporâneo, com suas profundas e vertiginosas problemas, tomar decisões num mundo de trabalho globalizado. As
mudanças, constitui um momento da história da humanidade a um tempo empresas começam a enfatizar a importância da contínua troca de
fascinante e desafiador. As inovações nos atropelam, invadem nossas feedback entre pessoas e grupos, mas sabe-se que se não houver abertura
vidas, questionam os nossos valores, testam nossa auto-estima, desafiam para ouvir, humildade para reconhecer e coragem para processar a
nossa capacidade de conviver com a ambiguidade, a instabilidade e a informação recebida, não haverá nem crescimento das pessoas, nem
imprevisibilidade dos acontecimentos. Os modismos, cada vez mais mudanças na natureza e qualidade de suas interações. Através da teoria
efêmeros, não se aplicam apenas às coisas materiais, mas também ao dos Estados de Ego (4), a Análise Transacional disponibiliza um
imaterial como ideologias, crenças, comportamentos, filosofia de vida, instrumental rico, versátil, profundo e acessível para o nosso auto-
atividades profissionais que surgem e desaparecem para dar espaço a conhecimento, permitindo-nos descobrir ou reconhecer facetas que os que
sucedâneos. estão à nossa volta já conhecem de longa data. Tendemos, não
Esta ciranda contínua de modismos globais acaba desembocando na conscientemente , a permanecer agarrados a uma auto-imagem muitas
perplexidade ou então num questionamento crucial quando se focaliza a vezes distorcida, formada no passado que nos impede de utilizar o nosso
atividade profissional. O que fazer para manter minha capacitação para o potencial.
trabalho? Continuo competente na minha atividade profissional? Por quanto Mas a decisão de atualizarmos esta auto-imagem representa um ato de
tempo? O que será necessário fazer para cultivar esta competência e coragem e de auto-respeito, uma liberação de certas proibições passadas
garantir minha trabalhabilidade em momentos onde as ofertas de emprego

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que abrem o caminho para novos e surpreendentes horizontes que nunca seu ambiente. Os indivíduos recriam seus próprios sistemas de
antes ousamos explorar. conhecimento para darem-se conta da ambiguidade, redundância, ruído ou
causalidade que são geradas no ambiente organizacional". Trata-se de uma
2. Competência Interpessoal forma de conhecimento tácito que se cristaliza através dos tempos e é
Se olharmos à nossa volta com olhos não convencionais, passada de geração a geração através das mais diversas metáforas
observaremos o quanto a humanidade, e cada um de nos, carece de culturais que representam o que as pessoas sabem, mas não conseguem
relacionamentos saudáveis e gratificantes que poderiam tornar nossas expressar de forma lógica e organizada.
vidas mais completas, mais plenas em afeto e de autenticidade. Esta No mundo contemporâneo, caracterizado por uma economia de
carência se evidencia desde os primeiros relacionamentos que se dão no serviços e pela presença cada vez mais marcante da mulher nos diferentes
contexto familiar e se expandem para nossas experiências na escola, no campos de trabalho, alarga-se o espaço e a credibilidade para os aspectos
grupo de amigos, no trabalho, etc. No mundo do trabalho, e nas empresas soft, (intuição, sensações e sentimentos) os chamados intangíveis ou
em particular, fica mais evidente que a maioria dos problemas existentes virtuais, em contraposição aos aspectos hard (instalações, equipamentos,
não são de ordem técnica, mas sim de relacionamento interpessoal. matéria prima, etc.), os chamados tangíveis ou materiais.
Embora as estruturas organizacionais estejam se se alterando com O paradoxo é que estas competências duráveis, sensibilidade e
visivel rapidez, a participação, a colaboração, a lealdade, a ética nos intuição, embora representem um elevado valor econômico no mercado e
relacionamentos, a transparência, o trabalho em equipe continuam sendo uma vantagem estratégica sem concorrência, tem sido sub-utilizadas e
mais objeto de discurso do que da prática cotidiana. A ruptura dos padrões muitas vezes desconsideradas no mundo dos negócios. Alguns setores
e valores que marcaram a Era Industrial é inevitável, mas muitos, por empresariais, entretanto, em particular os que tem experiência com
estarem subjetivamente despreparados, procuram resistir ao processo de "matérias primas" intangíveis como ideias, percepções, palpites,
mudança. sensações, como é o caso de ramos como publicidade, marketing,
Fala-se hoje em administração responsável, gestão sem desculpas e software, telecomunicações, etc., estão aprendendo rapidamente a
justificaticas, ênfase nos resultados. A Internet coloca hoje pessoas valorizar estas competências.
geográficamente distantes em contato com os acontecimentos e 4 Conectividade
informações em tempo real. Muitos acabam se condenando à
marginalização num mercado de trabalho que exige, além que Entendemos por conectividade a capacidade de criar redes de
conhecimentos técnicos especializados, pessoas com sensibilidade e relacionamento (outro intangível), engajar pessoas em objetivos comuns,
intuição apuradas, flexibilidade e abertura para aprender, elevada auto- estabelecer vínculos duradouros e autênticos com uma ampla gama de
estima e versatilidade para conviver com as pressões e ambiguidades do pessoas, formar parcerias, alianças e fazer contatos diversificados.
dia-a-dia e, principalmente, estabelecer relacionamentos construtivos com Conectividade está imtimamente ligada com competência interpessoal,
colegas, coordenadores, colaboradores, clientes internos e externos, autenticidade, empatia, credibilidade, entusiasmo, amplitude de interesses,
fornecedores. Os serviços assumem importância central, o cliente passa a sensibilidade.
ser o foco das atenções, uma vez que é ele que faz girar a roda dos
negócios, a capacidade de negociação torna-se um elemento chave para a Ettiene Wenger criou o conceito de "comunidades de interesse" para
retenção da clientela. descrever grupos informais que surgem espontâneamente nos locais de
trabalho, onde pessoas se agrupam para colaborar, partilhar informações,
Competência interpessoal, ou seja, capacidade de interaragir de forma conhecimentos e experiências, ensinar e aprender, acolhendo todos os
construtiva com as pessoas, tal como o auto-conhecimento, é um exercício interessados, independente de instrução, posição ou títulos. Como diz
constante de expansão da auto- consciência e da consciência do outro, é Wenger, "Não há distinção entre aprendizagem e participação social, e é
aprimoramento permanente de nossa capacidade de transmitir de forma esta última que torna a aprendizagem duradoura e significativa" A
eficaz e adequada nossas ideias, sentimentos, opiniões, é sensibilidade conectividade, o aglutinar pessoas, o manter élos de ligação diversificados,
apurada, é capacidade de observar a reação de nossos interlocutores e constituem uma via de relacionamento e interação que transpõe barreiras
utiliza-la como feedback para verificar se a mensagem foi fielmente entre níveis hierárquicos, áreas, setores, grupos profissionais e empresas,
transmitida e captada. facilitando a integração de esforços, acesso às informações, além de
estimular a cooperação, o sentimento de pertencer e ser aceito. Trata-se de
Competência interpessoal é saber lidar com conflitos, com convites uma forma de atuar que facilita a criação de parcerias e a emergência de
para jogos psicológicos, em resumo, gerir o relacionamento com seres que lideranças informais e espontâneas.
pensam, agem e reagem diferentemente de nos, possuem necessidades e
expectativas diversas no que diz respeito aos resultados da interação. Círculos amplos e diversificados de relacionamento criam
oportunidades para a aprendizagem contínua, permitem trocas que
Ao desenvolver a teoria sobre as Transações, Berne legou-nos um enriquecem nossa experiência e expandem nossa visão de mundo. Por
instrumental ímpar para compreender não só o processo de relacionamento esta razão a conectividade como competência durável tem resistido a
interpessoal, mas também os efeitos da utilização dos diferentes canais de séculos de história e continuará tendo crescente importância num mundo
comunicação, permitindo assim prever resultados mais prováveis e no qual informações e conhecimentos são a matéria prima por excelência..
estabelecer estratégias para tornar as trocas de estímulos e respostas mais
eficazes, produtivas e gratificantes, diagnosticar jogos psicológicos em 5. Versatilidade/Adaptabilidade
qualquer uma de suas etapas em evitar relacionamento tóxicos que tanto
Embora a versatilidade/adaptabilidade tenham sido importantes mesmo
mal e tanto ressentimento provocam entre as pessoas.
em períodos de mudanças mais lentas e menos dramáticas, no mundo
3. Sensibilidade e Intuição contemporâneo são imperiosas em virtude do intenso e constante ritmo da
transformação. Nos últimos cinquenta anos a ciência e a tecnologia
Sensibilidade são recursos importantes que dispomos para captar o avançaram mais do que em todos os séculos de história registrada da
que acontece à nossa volta, mas que tendem a ser sub-utilizados seja por humanidade. A capacidade de ajustamento rápido a novos cenários e
terem sido tradicionalmente desencorajados pelos processos educacionais demandas mutantes do mercado tornou-se um fator crucial para a
a que fomos submetidos, seja porque escapam à metodologia da lógica sobrevivência das empresas. Tanto a cúpula, como a base dos sistemas
cartesiana do Penso, logo existo. Berne ressaltou, já na década dos organizacionais precisam estar aptas a fornecer respostas rápidas, o que
cinquenta, a importância das sensações viscerais como uma fonte significa a necessidade de rever papéis, funções, estilos de liderança e
importante de sinais de alerta, uma forma de obter insights preciosos, de gestão de pessoas. Os processos de produção de bens e serviços estão
captar as sutilezas das pessoas e dos acontecimentos, para a qual não exigindo, cada vez mais, envolvimento e comprometimento com os
existem ainda explicações lógicas e racionais. Na atualidade António resultados do trabalho, auto-controle em vez de controle externo,
Damásio, neurólogo radicado nos Estados Unidos, utiliza o termo participação responsável em vez de submissão às ordens dos superiores
"indicadores somáticos" para descrever este fenômeno e Ikujiro Nonaka da hierárquicos, foco no cliente em vez de cumprimento cego de normas e
Universidade de Berkeley, California, menciona que é "o caos e a
descontinuidade podem gerar novas formas de interação entre indivíduos e

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procedimentos , visão de médio e longo prazo em vez de metas semanais 7. Abertura e disposição para aprender e reconstruir
ou mensais. experiências
O dinamismo do mercado implica alterações nos processos de Ser um eterno aprendiz é deixar-se surpreender pelo novo, pelas
trabalho, nos métodos e filosofias de gestão e no relacionamento entre descobertas e constatações, é reconhecer que sempre é possível aprender
funcionários e empresa. Produtividade, melhoria de processos, renovação mais. Trata-se de uma postura de humildade através da qual
de produtos e serviços, qualidade de atendimento ao cliente, temperados reconhecemos nossas limitações a respeito do saber, no seu sentido mais
com criatividade, intuição, sensibilidade, versatilidade e adaptabilidade às amplo, e permanecemos abertos ao crescimento e desenvolvimento de
condições emergentes são as armas com as quais os concorrentes se nossas potencialidades.
enfrentam. Num mundo que se desmaterializa o COMO passa a ter maior
relevância do que o O QUE em todos os campos da atividade humana. Um Esta competência durável é fundamental em cenários de rápida
exemplo típico são os supermercados que oferecem as mesmas linhas de mudança e momentos históricos de avanço constante da ciência e
produtos e onde o diferencial competitivo é o atendimento, a disposição e tecnologia, cujas consequências são o obsoletismo crônico dos saberes e
disponibilidade das mercadorias, o ambiente, as promoções, a imagem do fazer acontecer.
institucional. Por exemplo, se até pouco tempo afirmava-se que era impossível
Quanto mais rápidas as mudanças do cenário sócio-econômico, mais transplantar células cerebrais , constatou-se recentemente que o cérebro
críticas se tornam a versatilidade e a adaptabilidade. do feto humano contém células mestras (chamadas de células de talos
Quando Berne descreve o estado de ego Criança, enfatiza a importância da neurais - neural stem cells) que podem transformar-se em qualquer tipo de
curiosidade, criatividade, espontaneidade e flexibilidade como recursos célula cerebral, havendo elevada probabilidade de uma vez injetadas num
preciosos que sustentam nossa infinita capacidade de mudar, bem como a cérebro humano doente, substituírem espontaneamente as células doentes
intuição que nos alerta para as inúmeras oportunidades de faze-lo. ou mortas.

6. Capacidade de Negociação e de Administrar Conflitos No mundo do trabalho no qual profissões surgem e desaparecem em
poucas décadas, processos de produção de bens e serviços mudam
Negociar, mais do que uma arte, é uma filosofia de vida baseada na radicalmente, a natureza do trabalho transforma o indivíduo de mera mão
cooperação, no respeito aos nossos direitos e aos direitos dos outros.. de obra em criador de ideias , solucionador de problemas e responsável
Trata-se de um processo social/interpessoal que nos da oportunidade de pela obtenção de resultados, a capacidade de aprendizagem é vital. No
exercitar/testar nosso auto-conhecimento, competência interpessoal, entanto, a grande maioria dos seres humanos sub-utiliza esta capacidade,
sensibilidade/empatia, conectividade, versatilidade/adaptabilidade e por não acreditar que seja capaz de faze-lo, por acomodação, por temor de
capacidade de estabelecer acordos/contratos claros, exequíveis e que enfrentar desafios, por render-se a hábitos arraigados, por desqualificar seu
contemplem igualmente todas as partes envolvidas. potencial.
Trata-se de uma relação OK/OK tão bem descrita por Berne (6) quando A manutenção da nossa trabalhabilidade envolve um investimento
fala das características do Triunfador, (ou Vencedor) características estas constante na atualização. Trata-se de um patrimônio virtual inalienável,
que precisam ser insistentemente exercitadas num mundo carente de auto- indestrutível, passível de desenvolvimento ilimitado que assegura nossa
respeito e respeito ao próximo. estabilidade interna, mantém nossa auto-estima elevado e nos permite
conviver com a instabilidade do meio ambiente sócio-econômico, além de
Todos temos capacidade de negociar, entretanto poucos a praticam maximizar a utilização dos recursos que possuímos e as oportunidades que
por limitarem sua opções diante de conflitos de ideias, opiniões, se nos apresentam.
posicionamentos, preferência, necessidade e interesses. Nossa tendência é
recorrer à submissão ou imposição, o famoso jogo do ganha/perde, cujas A Análise Transacional constitui um instrumento potente para facilitar
inúmeras versões e efeitos foram magistralmente descritos por Berne. este processo, pois além de uma teoria do comportamento humano , é
também, um conjunto de técnicas de mudança comportamental através da
As nossas maiores dificuldades e problemas tem, quando analisados qual cada indivíduo é o artífice de sua própria mudança e da expansão de
com atenção, suas raízes nas falhas de contratação. No caso específico do sua consciência. Um outro ponto importante a ressaltar é que a Análise
trabalho, se considerarmos que cada trabalhador, qualquer que seja seu Transacional é uma filosofia de vida que por enfatizar o auto-respeito e o
campo de atuação, dispõe de um capital humano para investir numa respeito ao próximo, responsabilidade pelos próprios atos, autonomia e
determinada atividade, seja ela autônoma, liberal ou com vínculo capacidade de conduzir o rumo da própria vida, elementos que estão se
empregatício, dificilmente poderá haver envolvimento e comprometimento tornando cada vez mais essenciais para a vida, está em plena sintonia com
de parte a parte se não forem estabelecidos acordos/contratos em relação as demandas e necessidades da sociedade contemporânea.
ao que uma espera da outra e que tipo de retorno cada uma auferirá.
Berne, um visionário à frente de seu tempo, contribuiu de tal para
Ao criar o conceito de relação contratual, a Análise Transacional expandir a compreensão do comportamento humano nos mais variados
demonstra, tanto na teoria quanto na prática, que se não assumirmos a aspectos que suas ideias e conceitos foram e continuam sendo utilizados
responsabilidade por nossos atos, se não utilizarmos nossos erros como por muitos autores de sucesso, que omitem a fonte e as referências
forma de aprendizagem e crescimento pessoal e profissional constantes, devidas a Análise Transacional. Cabe a nos, seguidores cônscios desta
poucas chances teremos de alterar o status quo. Em outras palavras, se teoria, não só disponibilizar os meios para coloca-la ao alcance de todos os
não tomarmos a iniciativa de rever determinados comportamentos que almejam expandir seu auto-conhecimento e definir sua trajetória de
repetitivos e estereotipados, correr o risco de questionar certas reações aos vida, como também resgatar a contribuição desta teoria para o avanço da
estímulos que recebemos, proceder a uma auto-análise honesta e sincera a prática psicoterapêutica, da metodologia da educação forrmal, da educação
respeito de nossas qualidades e limitações, se necessário com ajuda continuada e da educação de adultos, bem como da compreensão dos
profissional especializada, nada mudará e nossos costumeiros conflitos e processos interpessoais e grupais nas organizações. Trata-se de uma
dificuldades continuarão se repetindo em diferentes cenários, com tarefa delicada, de elevada responsabilidade e de crucial importância que
diferentes pessoas e em momentos diferentes. envolve tanto o cultivo das competências duráveis, quanto a atualização
Negociar é administrar as diferenças de interesses, encontrar das competências renováveis, ambas apoiadas em princípios éticos sólidos
semelhanças e aspectos convergentes em situações aparentemente e coerentes.
divergentes. Negociar é ouvir e fazer-se ouvir, é saber reformular Nossa experiência, baseada na utilização dos princípios da Análise
posicionamentos, analisar um acontecimento, uma situação ou um impasse Transacional nos últimos 25 anos, no âmbito da consultoria, treinamento e
através de diferentes prismas, definir objetivos a serem alcançados. desenvolvimento de pessoas em empresas dos mais variados tipos e
Negociar é, em resumo, um meio para atingir um fim, isto é, equacionar ramos, bem como na formação de analistas transacionais, tem
uma relação de interdependência na qual as partes envolvidas necessitam demonstrado reiteradamente o vigor e a eficácia desta teoria como
uma da outra para atingir seus objetivos.Por isso pressupõe uma instrumento básico de desenvolvimento e aperfeiçoamento das
combinação eficaz de empatia, criatividade, definição clara de metas e competências duráveis.
objetivos a serem alcançados, flexibilidade e competência interpessoal.

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Investir na nossa trabalhabilidade, seja qual for a nossa atividade, Saber lidar com situações conflituosas é saber gerenciar as próprias
significa continuar aprendendo sempre, tornar-se mais apto a processar as emoções. A mobilização da raiva e do medo influencia diretamente o
alterações, navegar tranquilamente pelas gigantescas ondas da comportamento neste momento.
transformação rumo aos nossos reais objetivos , mantendo a capacidade
de apreciar a riqueza de cada etapa desta jornada fascinante que é a nossa Entender e utilizar estas emoções a nosso favor, pensando em
existência. Anderson Alberto Canfild amadurecimento e crescimento é uma questão de auto conhecimento e
auto controle.
A raiva e o medo não são emoções negativas se bem utilizadas e
6 Gerenciamento de conflitos. controladas. Apesar,de muitas vezes, terem expressões intensas, elas
podem ser gerenciadas de maneira que se transformem em energia
Gestão de conflitos é a parte da gestão de u- produtiva e criativa.
ma organização especializada na administração dos conflitos entre indiví-
duos, entre indivíduos e grupos internos à organização, entre grupos per- Gerenciar conflitos é antes de tudo aceitar que os seres humanos são
tencentes à organização ou conflitos da organização com outras organiza- diferentes, podem pensar diferente, podem ter objetivos diferentes, valores
ções, através da utilização de técnicas, práticas e processos. diferentes e, mesmo assim, conviverem de maneira saudável e com
qualidade.
A ideia é enfrentar os conflitos, aprender a resolvê-los, sentar frente a
frente com a outra pessoa e primeiro ouvi-la, depois ponderar os motivos Entender as diferenças como forma de crescimento é o primeiro passo
que desencadearam o atrito e partilhar uma solução reconciliadora. para o gerenciamento.

Fácil? A ideia diferente pode existir e nem por isso deve ser uma ameaça à
integridade física e/ou emocional da pessoa.
No papel sim, mas na prática é preciso muito exercício e muita experi-
ência para aprender, com mansidão e bondade, aceitar as diferenças Saber ouvir estas diferenças, analisar, ponderar, refletir , são outras
normais existentes entre todos os seres humanos. Seria muito anti- produti- habilidades importantes para o bom gerenciamento.
vo se todos fossem iguais. Reconhecer que as diferenças não significa , necessariamente, mudar
As diversidades de formação, seja cognitiva ou cultural, são fatores de de opinião.
enriquecimento para a criatividade e inovação, características muito valori- Obter conhecimentos só é possível através de transmissão de ideias.
zadas hoje em dia.
O conflito dificulta as relações humanas quando é visto e expresso de
Então os conflitos bem resolvidos, passam de problemas complexos de maneira agressiva ( verbal e/ou física). Aprender a desenvolver habilidades
relacionamento a pontos de ganhos positivos para a equipe de trabalho e verbais é fundamental para um bom entendimento e aceitação em qualquer
principalmente para a organização. Podem inclusive ser usados como embate.
ferramentas para desencadear ideias e soluções de problemas muito
difíceis. Além disso, proporcionam a vivência do perdão que realmente Saber ouvir e saber falar ( se expressar) é altamente importante no
reata amizades e que nos faz sentir pessoas amadas e felizes. Augusto gerenciamento de conflitos e emoções, pois neste momento do ouvir e falar
Amato Junior é que se estabelece ou não comportamentos auto defensivos, que podem
ser prejudiciais às relações.
Há muito tempo que se entende um conflito como algo negativo e
indicativo de crises na relação em que ele ocorre. Quando o ser humano tiver auto controle suficiente para fazer “ do
limão uma boa limonada” , com certeza as relações humanas terão maior e
O conflito pode se estabelecer em todos os níveis de relacionamento melhor qualidade.
humano: social, profissional, afetivo e pessoal.
Transformar o negativo em positivo é só uma questão de ponto de
Mas como seria a vida sem conflitos ? vista. Refletir e analisar são habilidades que se encarregam desta
Apesar disto ser o ideal de muitos, a existência do conflito não passa transformação.
necessariamente pelo lado negativo dos relacionamentos. Não sabemos perder, mas nos esquecemos que ganhar implica em
Um conflito pode proporcionar meios eficazes para se chegar ao esforço, competência, habilidades, tolerância e auto controle. Tânia Regina
CONSENSO, desde que bem entendida sua função real. Fernandes de Oliveira

Ele geralmente nasce de uma diferença de ideias e/ou opiniões. Seria GERENCIAMENTODECONFLITOS
o primeiro aspecto positivo, pois opiniões diferentes e/ou divergentes I - INTRODUÇÃO
podem desencadear reflexões e análises sobre um determinado tema.
Até há alguns anos atrás sempre que se mencionava a palavra
Ideias fixas, pré determinadas, imutáveis, têm grande tendência à conflitos a tendência era evitar até mesmo a discussão sobre o assunto.
paralisação, ao preconceito e, pior ainda, não deixam a criatividade aflorar.
Ao longo da evolução do homem e dos estudos do homem como ser
Nascendo de diferenças e/ou divergências, os conflitos tendem a social passou-se a dar importância ao estudo das formas de enfrentar os
incomodar, à gerar tensão. conflitos e, até mesmo, como solucionar conflitos.
Essa energia que tensiona é a mesma que produz movimento, que A todo instante, no ambiente familiar, no ambiente acadêmico e no
induz à ação, sendo este o segundo aspecto positivo do momento de ambiente de trabalho estamos sujeitos a nos deparar com situações de
conflito. conflito.
Se estimula a análise e a reflexão, se induz ao movimento , à ação, o Nas últimas décadas um dos aspectos que mais tem sido estudado e
conflito não pode ser visto sempre como algo negativo na vida do ser discutido tem sido a negociação - apontada como uma técnica de solução
humano. de conflitos.
Para que sua positividade possa acontecer vai depender de como Neste texto discutiremos as situações de conflito e como seria possível
lidamos com estas questões. obter benefícios numa dessas situações.
Vivenciar um conflito é a porta de entrada para o consenso que nada Antes de ser hábil em técnicas de negociação é fundamental que
mais é do que uma mistura de ideias comparadas e uma conclusão sejamos capazes de diagnosticar qual o tipo de conflito que temos pela
assertiva e comum sobre um determinado tema. frente e decidir a estratégia mais adequada que nos conduza a um
resultado onde até mesmo a aceitação da derrota seja uma estratégia
capaz de evitar consequências não desejadas.

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II - O CONFLITO TRAZ BENEFÍCIOS? um excesso de zelo pelos fatos. As práticas administrativas de atribuição de
prioridades podem ser distorcidas e se tornarem um processo aleatório.
Como lidar com conflitos? Evitá- Decisões podem tomar características fortemente autoritárias. E ainda,
los? lealdade pode se tornar mais importante do que acertar nos atos gerenciais.
Colocar “panos quentes”neles? Negociá- IV - COMO RESOLVER CONFLITOS
los? As técnicas gerais de solução de conflitos de Blake e Mouton,
apresentadas na obra “The Managerial Grid”, oferecem uma base para
Objetivamente procurar solucioná-los? analisar situações conflitantes. Esses modos de solução de conflito se
Usar a força da autoridade? resumem conforme segue:

Essas técnicas são classicamente usadas para resolver conflitos. A Retirada estratégica significa evitar o problema, fugir ou desistir. Pode
escolha e aplicação da solução depende da situação, portanto, a técnica da ser utilizada como tática a curto prazo para ganhar tempo ou como
resolução de conflito precisa ser escolhida “sob medida”. abordagem estratégica para períodos mais prolongados. A retirada é uma
maneira passiva de tratar do conflito e geralmente não consegue resolver o
Antes de analisarmos formas de solução de conflitos, lembremos que problema. É antes uma solução temporária.
seus efeitos podem ser negativos ou positivos. Conflito é benéfico quando
aumenta a produtividade ou quando funciona como catalisador para atingir “Panos Quentes” poderia também ser chamado de abordagem de
metas; é prejudicial quando tem o efeito oposto, fazendo com que o apaziguamento. Inclui a busca de pontos comuns para acordo e ao mesmo
trabalho perca o seu impulso, ou criando situações que resultam em tempo foge dos pontos de desacordo. A técnica de “panos quentes”
desperdício de esforços. pretende manter a paz e evitar situações de conflito aberto. Como tem
natureza apenas provisória, também não proporciona uma solução
Conflito pode ser comparado com a dor do corpo humano. Sem ela o duradoura.
índice de mortalidade humana se agravaria acentuadamente já que as
pessoas não disporiam de um sinal de alerta quanto as disfunções do Negociação significa barganha. O objetivo é de atingir um acordo
corpo. Do mesmo modo que a dor pode ser avaliada por ação acurativa aceitável. Mesmo quando o acordo está aquém da solução ideal para cada
adequada, o conflito - se for tratado pronta e eficientemente - também uma das partes, presume-se que representa o melhor entendimento que se
poderá se reduzido ou eliminado. Caso contrário, como ocorre com a dor no pode atingir. São discussões baseadas no princípio “toma-lá-dá-cá”.
corpo, poderá piorar ou, talvez, exigir métodos cirúrgicos. Significa portanto, barganha caracterizada pela seguinte filosofia: “eu lhe
dou isto se você me der aquilo”. Quando se chega a um acordo aceitável
Além do seu papel de “sensor”, o conflito tem outros aspectos pelas partes, a negociação proporciona soluções definitivas para situações
positivos, a saber: de conflito.
Proporciona um desafio para buscar soluções, e motiva grupos e Colaboração ou confronto esta abordagem é a de “solução objetiva
indivíduos a resolver problemas em conjunto. de problemas” para resolver conflitos. Aqui, a filosofia que predomina é:
delinear o problema e resolvê-lo de maneira objetiva. O confronto requer
Poderá levar à descoberta de novos fatos e informações que resultem
diálogo aberto entre os participantes, que devem ser competentes do ponto
em benefício para a empresa.
de vista técnico e administrativo. O confronto proporciona soluções
Atua como um “monitor do poder” entre as partes dissidentes, definitivas para situações de conflito e, em última análise, resolve o
permitindo-lhes medir forças relativas para usar em interações futuras. problema em questão.
O conflito indica que algo está errado e que medidas corretivas são “Forçar” significa o recurso ao poder para resolver um conflito. O
necessárias. Essas medidas podem variar de uma virada drástica para resultado desta abordagem é a situação de “vencedor/vencido” em que
colocar o trabalho de volta nos trilhos, até um tratamento rotineiro voltado uma das partes supera claramente a outra. A força, normalmente, requer
ao comportamento causando o conflito. Portanto administrar conflito não menos tempo do que o confronto e a negociação, mas tem o efeito não
significa eliminá-lo, mas tratar dele de modo inteligente. Como níveis desejado de deixar sentimentos feridos. Assim, o conflito resolvido à força
razoáveis de dissenção são características de empresas saudáveis, os pode voltar em forma de sombra posterior. A despeito deste aspecto, a
gerentes e funcionários principais devem estar preparados para lidar com força é uma maneira de resolver muitos conflitos em caráter definitivo.
elas. Dessa maneira, situações de conflito podem ser transformadas em
V - A MELHOR SOLUÇÃO DO CONFLITO
benefício.
A melhor solução aparente para resolver conflitos é o modo de
III - CONFLITO É PREJUDICIAL?
colaboração, ou de solução objetiva do problema.
É mais fácil relacionar as repercussões negativas do conflito do que os
Infelizmente, esta solução do problema não pode ser utilizada em todas
seus benefícios, pois, quando ele é administrado inadequadamente, traz
as situações. De acordo com Kirchoff e Adams, são necessárias as
efeitos altamente desfavoráveis. A seguir, alguns dos pontos negativos:
seguintes circunstâncias especiais para se aplicar essa abordagem de
Conflito causa tensão. Embora faça parte necessária da vida, a tensão confronto: “(1) todas as partes devem querer uma solução que considere os
pode provocar sequelas pouco saudáveis. Tem efeitos físicos e emocionais objetivos de todos e que seja aceitável para todos; (2) todas as partes têm
sobre o organismo humano, trazendo úlceras, dores nas costas e outras a responsabilidade de se mostrar abertas e honestas a respeito dos fatos,
palpitações espúrias. Traz noites de insônia, crises de irritação e períodos opiniões e sentimentos; e (3) todas as partes devem concordar em controlar
de introspecção. cobrando o seu preço em efeitos corpóreos e mentais. o processo para se chegar a um acordo, mas não ditar o conteúdo do
acordo final”.
Conflito cria ambiente não produtivo. Em situações de alto nível de
conflito, a confusão e ambiguidade não permitem que as pessoas Normalmente ocorre um acordo rápido quando as duas partes tomam
produzam no seu melhor nível. uma atitude de colaboração. O acordo também ocorre quando as partes
têm disposição de negociar. As coisas ficam difíceis, porem, quando as
Conflito pode gerar perda de status ou do poder de posição. partes tomam atitude de forçar, colocar panos quentes ou fazer retirada
Dependendo de como se administra o conflito e de quem sejam as partes estratégica. Colaboração é uma técnica forte de solução de conflito, com
conflitantes, as disputas podem deixar uma das partes na posição de exceção do método da força, que pode se impor como modalidade de
“vencido”. Paradoxalmente, isso não significa perda apenas para o vencido, colaboração. a força, por outro lado, se revela uma forte técnica de solução,
mas também perda em potencial para o vencedor, que permanece com exceto nos casos em que a outra parte recorre a mesma técnica. O meio-
riscos de sofrer uma retaliação futura. termo (negociação) cede ao solucionador de problemas (colaborador) ou
Conflito tende a distorcer o comportamento entre as pessoas. Em àquele que força, mas chega a um acordo com outro meio-termo, com o de
situações de conflito, os valores dos indivíduos podem ser substituídos por “panos quentes” ou com o que se retira. O de “panos quentes” por sua vez,
prevalece sobre o que se retira, mas se submete ao confronto, força a

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negociação. A retirada cede a todas as outras formas de solução de Quando aplicar Força:
conflito, exceto a própria retirada.
Quando você tem razão.
VI - QUANDO APLICAR CADA MODALIDADE DE RESOLUÇÃO DE
CONFLITO Numa situação de “ele ou eu”.

Tirar proveito de situações conflitantes exige habilidade de aplicar a Diante de altos riscos.
modalidade certa na situação certa. eis algumas “regras práticas” quanto a Quando estão em jogo princípios importantes.
aplicação das técnicas de resolução de conflito:
Quando você é mais forte (nunca comece uma luta que não vai
Quando aplicar A Retirada (evitar): vencer).
Quando você não pode vencer. Para ganhar status, demonstrar poder.
Quando os riscos são baixos, e o assunto não é importante. Nos negócios de curto prazo que não se repetirão.
Quando os riscos são altos, mas você não está pronto. Quando o relacionamento não é importante.
Para ganhar tempo. Quando se compreende que está sendo jogado um “jogo”.
Para deixar o outro nervoso. VII - PLANEJAMENTO COMO SOLUÇÃO DO CONFLITO
Para preservar a neutralidade ou reputação. Um método eficaz para gerenciar conflito é o de Planejamento
Quando você acha que o problema vai sumir sozinho. Preventivo. Aqui a ideia é de provocar conflitos “benéficos” na ocasião
oportuna. O planejamento leva a um programa de “manutenção preventiva”.
Quando você ganha com o atraso. É a chave para manter o conflito em níveis administráveis. A seguir,
apresentamos algumas maneiras pelas quais o planejamento facilita a
Quando aplicar “Panos Quentes”: administração de conflitos:
Para atingir um objetivo extremamente difícil.
Planejamento técnico. Programações, prioridades e recursos de mão-
Para criar uma obrigação do outro mais tarde. de-obra são fontes comuns de conflito nas empresas. Portanto, se as
funções de planejamento e programação forem executados de forma
Quando o assunto não é importante para você (riscos baixos). correta, aumentará a probabilidade de cumprir metas e consequentemente
Quando a responsabilidade é limitada. haverá diminuição dos níveis de conflito.

Para manter a harmonia. Planejamento de integração. O comportamento humano é grande


fonte de conflito; estes conflitos também podem ser administrados por meio
Quando qualquer solução serve. de planejamento. Um “plano de integração” bem implantado aumenta
substancialmente a capacidade das equipes de trabalho lidar com o
Para criar boa vontade (ser magnânimo).
conflito.
Quando você vai perder de qualquer jeito.
Processo do planejamento. Ao administrar conflito, o “processo” de
Para ganhar tempo. planejamento é tão importante quanto o próprio plano, pois obtém-se assim
o comprometimento pessoal através do envolvimento dos participantes no
Quando aplicar a Negociação: plano. Esta abordagem de consenso resulta num plano unificado que
Quando as duas partes precisam vencer. resulta em implementação com menos conflito. O nível mais baixo de
conflito existe porque prováveis diferenças são eliminadas durante o
Quando você não pode vencer. planejamento, quando os recursos ainda não estão totalmente
Quando os outros tem a mesma força que você. comprometidos. Gilberto Teixeira

Quando você não tem tempo para vencer. 7 Gestão da mudança.

Para manter o seu relacionamento.


Quando você não tem certeza que está com a razão. No Brasil, o conceito de gestão de mudança organizacional ainda é te-
ma que necessita ser melhor esclarecido e contextualizado, embora em
Quando você não vai ganhar nada se não fizer acordo. outros países a figura do CTO – Chief Transformation Officer, algo como
Quando os riscos são moderados. Diretor de Gestão de Mudança Organizacional já seja uma realidade.

Para evitar a impressão de estar “brigando”. Há um entendimento de que mudança organizacional se restringe a
comunicar a organização a respeito das mudanças. Como exposto, comu-
Quando aplicar a Colaboração: nicar é um aspecto importante e faz parte do processo, porém, há outros
Quando as duas partes ganham menos o que queriam e talvez mais. temas complexos envolvidos e extremamente pertinentes.

Para reduzir os custos. Quando uma empresa inicia um programa de gestão de mudança isso
significa que ela está buscando reinventar toda sua estrutura organizacio-
Para criar uma base comum de poder. nal, o que impactará em sua cultural corporativa. O gerenciamento de todo
esse processo é tido como um dos principais fatores de sucesso dos proje-
Para atacar um inimigo comum.
tos no âmbito de negócios.
Quando as habilidades se complementam.
A gestão de mudança organizacional
Quando há tempo.
De forma resumida, o conceito consiste em quatro ações importantes
Quando você quer evitar o uso posterior de outros métodos. que devem ser realizadas. São elas:
Quando há ambiente de confiança. Mapear os impactos gerados pela mudança para uma atuação focada
e eficaz;
Quando há confiança na capacidade técnica do outro.
Alinhar a estrutura da empresa a nova rotina organizacional, com foco
Para manter relacionamentos futuros. no aumento do nível de desempenho;

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Preparar a organização para que, no “vale do desespero”, ela venha a entrada de novas tecnologias, alterar padrões de produção e identificar
ter condições de reagir e interpretar a queda como parte do processo de diferentes estratégias para a direção. (Baptista, 1999)
mudança, sem perda do controle da situação, e assim
A comunicação, para ser utilizada de forma adequada pelas organiza-
Promover a redução do tempo de recuperação do desempenho em re- ções, necessita do amplo entendimento da cultura e clima organizacional e
lação à situação anterior ao marco da mudança. embora exista a comunicação independentemente da importância que a
empresa manifeste para ela, não será um veículo facilitador nas diferentes
As mudanças organizacionais questões organizacionais, se não for utilizada corretamente e como uma
Mudanças organizacionais, o que isso representa de fato? Em primeiro forma de amenização dos diferentes impactos gerados pelas mudanças na
lugar, já é concebido que as organizações passam por transformações empresa.
crescentes ligadas aos avanços na área científica e tecnológica. Essas Considerando-se o Brasil, como um país que tenta sair de uma crise
transformações levam a modificações não apenas de equipamentos, mas econômica, geralmente as empresas valorizam os aspectos que mostram
também nos processos de trabalho e na gestão de pessoas. um ganho financeiro mais rápido. Carvalho (1994) a propósito, afirma que a
Novas tecnologias necessitam de novos conhecimentos tanto para e- velocidade das implementações estão associadas, de fato, aos altos e
xecução de operações como na gestão de pessoas, e isso significa a rápidos ganhos de produtividade. O alcance deste objetivo não leva em
necessidade de um redesenho organizacional que leve em conta as pesso- conta o planejamento no processo de aquisição de novas tecnologias. Esse
as envolvidas no processo. Esse redesenho organizacional exige uma não planejamento, está relacionado com a pouca importância que a empre-
redefinição dos perfis humanos necessários para o desempenho nas novas sa dá para o processo de transferência de novas tecnologias, ou seja, para
funções. Mudanças nos processos de trabalho requerem portanto, uma o processo de comunicação das metas, ideias e mudanças organizacionais.
conexão estratégica entre pessoas e tecnologias. A comunicação tem um aspecto importante dentro destas transforma-
Quando uma empresa implanta uma nova tecnologia, a utilização des- ções, e pode facilitar a compreensão, nos processos de transmissão e
sa tecnologia estará sujeita às influencias do clima e da cultura organiza- assimilação de novos conceitos e na socialização do conhecimento, isto é,
cional e que devem ser analisados como peças fundamentais no gerencia- compartilhar com todos os trabalhadores as metas da organização. Quando
mento da organização. um trabalhador realmente conhece os planos da empresa em que trabalha,
ele poderá colaborar com as mudanças que forem propostas.
O clima reflete os reflexos de todas as mudanças organizacionais. Me-
diante uma pesquisa de clima pode-se obter inúmeras informações sobre Uma vez que a comunicação exerce um papel importante, principal-
as reações às mudanças organizacionais. Dentre muitas respostas as mente nos períodos de mudanças nas organizações, ela precisa ir além da
variáveis a serem analisadas pode se identificar o nível de ansiedade diante flexibilização ou breve amenização dos impactos, isto é, ela tem o papel de
da possibilidade de perda do emprego ou frustração diante dos novos ir além do procedimento apenas informativo de mudanças e decisões sobre
modelos de gestão. quaisquer assuntos. À medida que os funcionários da organização partici-
parem do processo de mudança, estarão fazendo parte de um contexto, e
A essência dos subsídios da pesquisa de clima organizacional é o ma- fazendo parte, terão a possibilidade de participar ativamente, como por
peamento das percepções sobre o ambiente interno da organização, como exemplo através de sugestões.
um ponto de partida igualmente válido para a mudança e o desenvolvimen-
to organizacional. (CODA, 1997:99) Uma vez que o desenvolvimento tecnológico gera acentuadas mudan-
ças nas organizações, o impacto deste processo, é tão grande que somen-
Outro aspecto a ser analisado é a cultura organizacional, que é o mo- te as técnicas administrativas não dão conta de uma explicação. O enten-
delo de pressupostos básicos, que determinado grupo tem inventado, dimento passa pelo processo de comunicação como forma fundamental de
descoberto ou desenvolvido no processo de aprendizagem para lidar com transferir as novas tecnologias, portanto, a comunicação pode dar suporte
os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma vez que os às empresas e realmente auxiliar no processo de implantação de novas
pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para serem considera- tecnologias.
dos válidos, são ensinados aos demais membros como a maneira correta
para se perceber, se pensar e sentir-se em relação àqueles problemas. A comunicação estratégica é indispensável na mudança organizacio-
(SCHEIN, 1991:07) nal. A forma como se processa e gerencia-se a comunicação pode gerar
influências no clima da organização e essas influencias podem ser reforça-
Em síntese, os resultados da análise do clima e da cultura organizacio- das ou refutadas pelo padrão de cultura organizacional.
nal fornecem indispensáveis subsídios para que as pessoas sejam gerenci-
adas nos novos modelos de trabalho. Diante disso, podemos considerar que uma comunicação é estratégica
quando leva em conta o estado atual do clima organizacional e o tipo de
Comunicação e mudança organizacional cultura da organização. Os resultados, tanto do clima como da cultura
organizacional estabelecem as estratégias à serem utilizadas.
Quando uma empresa resolve implantar um novo processo, esse novo
processo estará sujeito aos padrões internos já estabelecidos como corre- Uma das estratégias comunicacionais está baseada no sistema de ou-
tos, ou seja, a cultura organizacional. Dentro desta cultura organizacional vidoria interna. A dinâmica que tem levado as organizações à ouvir seus
se processam determinadas formas de comunicação e é dentro deste clientes internos é um dos muitos aspectos que são reflexos das mudanças
contexto que entrarão novas ideias. organizacionais.
Assim, para que as novas formas de trabalho consigam os resultados O sistema de ouvidoria é por si só estático. Portanto, é necessário que
esperados é importante a análise das formas existentes de comunicação e os gestores incentivem a participação, seja divulgando o sistema, mostran-
é a falta de gerenciamento da comunicação que pode gerar resultados do os benefícios potenciais da participação e constantemente fornecer o
inadequados nos outros planos estratégicos da organização. feedback aos envolvidos. Qualquer que seja a reclamação ou sugestão, o
feedback é indispensável para a existência saudável de um sistema de
O gerenciamento da comunicação portanto, é fundamental para a ob-
ouvidoria interna.
tenção de resultados adequados na aquisição de novas tecnologias e
paralelamente pode-se relacionar com a redução de custos nesse processo A ouvidoria pode ter o papel comunicacional de integração. Para tanto,
de mudança pois, a medida que o planejamento estratégico analisa a necessita de uma adequada organização das informações coletadas a fim
comunicação, inserindo-a nas estratégias, a probabilidade de sucesso da de viabilizar o desenvolvimento de estratégias.
implantação de novas tecnologias aumentará.
Conceituadas organizações usam as informações decorrentes de re-
Vale acrescentar que não é pelo fato de existir uma comunicação orga- clamações para solucionar os problemas ou melhorar a qualidade dos
nizacional formalizada que todos os problemas de uma organização serão produtos e serviços. (Oliveira, 2000:24)
resolvidos. A forma de como a comunicação é utilizada pela empresa que
esta se automatizando/informatizando, pode influenciar no processo de Em certo sentido, o conceito de organização é semelhante ao de co-
municação. (LITTLEJOHN, 1988:287) Dentro da empresa, se processam

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determinadas formas de comunicação e neste contexto se inserem as Por força dessas variáveis listadas acima, o empresariado mudou muito
mudanças. Cabe a lideranças organizacionais decodificar as formas de sua forma de recrutar pessoas.
comunicação existentes e inserir os resultados dessa decodificação nas
estratégias dos processos de transição. Para serem bem sucedidas, as organizações necessitam das pessoas
certas, na quantidade certa, na hora certa.
As novas formas de comunicação conectam-se aos modelos existen-
tes. Neste ponto WURMAN (1991:265) reforça essa importância quando diz Assim, atrair as pessoas certas, pelo custo certo, na hora certa é o re-
que nós tendemos a perceber as coisas que se relacionam aos nossos sultado de um sistema de recrutamento eficaz.
interesses e atitudes preexistentes, seja para reforça-las ou para refutá-las. As Organizações de ponta estabelecem sistemas eficazes de Recruta-
As pessoas, conscientemente ou não, tem tendência a descartar a informa- mento que definem claramente o perfil das pessoas passíveis de nela
ção que contradiga esses interesses e atitudes. alcançarem sucesso.
Neste aspecto, o processo comunicacional interno deve estar em sin- Saint-Clair Lopes
tonia com um sistema social mais amplo. Amplo na concepção de empresa
como um grupo e os subgrupos existentes. No passado, contratava-se um profissional de qualquer área, obser-
vando-se sua experiência profissional, sob o aspecto técnico, para ocupar o
Uma organização não modifica-se estrategicamente apenas adquirindo cargo em aberto.
novos equipamentos é uma auto sabotagem tentar modificar uma empresa
sem um gerenciamento que realize as conexões necessárias. Hoje, isso não é mais assim, na maioria das organizações. As áreas de
recursos humanos mudaram muito esse paradigma, por entenderem mo-
Esse gerenciamento deve levar em conta o sistema organizacional, dernamente que mais que um profissional qualificado tecnicamente, a
Lipnack & Stamps (1994) reforçam essa ideia quando dizem que é difícil empresa ressente-se de pessoas com comportamentos e atitudes adequa-
"enxergar "uma organização fisicamente distribuída. É preciso transformar dos a cultura, a missão, a visão e aos objetivos do empreendimento.
esta dificuldade numa vantagem promovendo a "consciência do sistema
como um todo". Enfatize a forma pela qual todos os componentes do siste- Ter só preparo técnico hoje em dia não quer dizer muito. É importante,
ma se inter-relacionam uns com os outros. mas não é o que faz a diferença na hora da contratação.

Para Ziemer (1996) as organizações sinérgicas são mais conscientes E o que faz a diferença hoje na hora da contratação?
de seu papel e de seu significado dentro do contexto maior, e são capazes As áreas de recursos humanos nos dias de hoje, além de exigir compe-
de modificar e expandir a própria identidade de maneira a incorporar mu- tência técnica dos candidatos, procura pessoas com habilidades e atitudes
danças macroestruturais. São empresas capazes de criar "o novo", em vez muito específicas às necessidades da empresa que demanda a vaga.
de apenas reproduzir o predeterminado.
Hoje o profissional de recursos humanos é obrigado a interagir com o
Acompanhar as inovações é uma necessidade porém, as organizações solicitante da vaga para entender a complexidade da mesma, do contrário
obterão maiores resultados se levarem em conta o ser humano envolvido esse profissional não terá condições de assessorar corretamente o solici-
nos processos de trabalho. Dessa forma, novas tecnologias, somente tante da vaga.
podem ser entendidas enquanto um processo e da mesma forma uma
transição para novos ambientes de trabalho, requerem novos estudos das O que o profissional de recursos humanos precisa saber/conhecer
relações indivisíveis sobre a gestão de processos e de pessoas no ambien- junto ao solicitante da vaga em aberto?
te organizacional.
Selecionar pessoas não é uma tarefa fácil. Selecionar pessoas é com-
Considerações Finais parar seres completamente desiguais. Para tal, o profissional de recursos
humanos deve cercar-se de cuidados, para diminuir a subjetividade na hora
A mudança é um processo constante dentro das organizações e para da comparação.
se atingir as metas de transformação organizacional é preciso inserir a
comunicação estratégica no sistema de planejamento e desenvolvimento Para tal, o profissional de recursos humanos deve dispor de um conjun-
da empresa, levando-se em conta a análise do clima e da cultura organiza- to de elementos a fim de tornar este processo menos subjetivo e mais
cional. Renato Dias Baptista pragmático. Estes cuidados passam por:

8 Recrutamento e seleção. Ter a descrição do cargo da vaga em aberto;


8.1 Tipos de recrutamento: vantagens e desvantagens. Conhecer os pré-requisitos da vaga em aberto;
8.2 Técnicas de seleção: vantagens, desvantagens e processo decisó-
rio. Conhecer os principais desafios esperados pela área solicitante;
A importância de Um Recrutamento e Seleção de Pessoas Eficaz Ter a percepção correta do perfil comportamental esperado/desejado;

Você contrata a pessoa pela sua capacidade. Promove ou demite pelo Conhecer a cultura, os valores e os princípios, não só da empresa, mas
seu comportamento. da área, bem como da equipe da vaga em aberto;

Renato Munhoz da Rocha Conhecer (e entender) a missão, a visão, os objetivos estratégicos, os


princípios da empresa para não contratar “um estranho no ninho”; e
As empresas estão sendo cobradas mais a cada dia que passa. Esta
cobrança é por melhores resultados, por produtos com maior qualidade e Buscar sempre a participação do solicitante da vaga. Sem esta partici-
com alto valor agregado, por inovação surpreendente, por um atendimento pação o processo seletivo ficará comprometido.
ao cliente estonteante, por respeito aos prazos pactuados, por melhores Por que isto tudo?
preços, etc.
A maior contribuição que um profissional de recursos humanos pode
Na verdade, o consumidor de hoje é uma pessoa dotada de um poder dar a sua organização é selecionar corretamente esse novo colaborador.
decisório que até então, na história do homem moderno, nunca se tinha Do contrário, isto pode acarretar um desgaste e um prejuízo incalculáveis a
visto ou imaginado. O poder de barganha do consumidor do terceiro milênio organização, bem como desperdícios inimagináveis. Tais como:
é capaz fazer de sua empresa a mais admirada do mercado, como também
pode fazer com que ela conheça um grande fiasco empresarial. Retrabalho. Já que a pessoa contratada não tem o perfil para o cargo;
Ainda, por outro lado, a concorrência entre as organizações faz com Dinheiro e valioso tempo de treinamento focado na pessoa errada;
que os empresários mais e mais optem por inovação, qualidade, preço
justo, crédito e recursos humanos capacitados e talentosos o suficiente Tempo dos Supervisores orientando o recém-contratado;
para dar conta a essa nova equação do mercado.

Gestão de Pessoas 62
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O processo da tarefa sofrerá de falta de fluidez, visto que o novo cola- competentes devem cuidar de suas imagens. A forma como a responsabili-
borador não tem o perfil necessário ao correto desempenho. Isto gerará, na dade social com os diversos grupos – empregados, comunidade e socieda-
equipe de trabalho como um todo, baixa produtividade; e de – influencia os conceitos que terão para o candidato potencial.
Possíveis problemas no atendimento ao cliente externo. No mercado de trabalho hoje se busca um profissional que alie compe-
tências técnicas às comportamentais. Mas por quê? Em um ambiente onde
O processo seletivo, por tudo que foi escrito acima, é hoje considerado o tempo é determinante, muitas empresas optam por buscar profissionais já
pelos empresários e executivos das organizações, como um evento empre- capacitados, pois estes darão um retorno mais rápido às organizações. No
sarial estratégico e vital. Tanto isto é verdade que as universidades e entanto, num ambiente em constantes transformações onde a vantagem
entidades voltadas à formação profissional, estão hoje em seus programas competitiva das empresas está na atuação sinérgica dos seus colaborado-
de desenvolvimento e capacitação profissional ou acadêmico, dando forte res, competências como comunicação, relacionamento interpessoal, coope-
ênfase à questão da seleção por competências. ração, habilidade em lidar com mudanças, solução de problemas e confli-
A seleção por competências é nada mais nada menos que ter, em nos- tos, visão sistêmica e empreendedora tem sido o diferencial na escolha dos
sos quadros de colaboradores, pessoas capazes de desempenhar determi- candidatos. Para níveis de gestão não podemos esquecer das competên-
nada atividade com eficácia, em qualquer situação. cias voltadas a gestão de pessoas. Jaqueline Arruda
Assim, para finalizar, devemos entender que: TIPOS DE RECRUTAMENTO DE PESSOAS
A tarefa de recrutar e selecionar profissionais é estratégica; Existem três tipos de recrutamento de pessoas: interno, externo e mis-
to. Segue abaixo a descrição de informações que revelam a utilidade de
Esta atividade deve ser entregue a área de recursos humanos e essa cada um:
tem que estar preparada para assumir esse desafio; e
Recrutamento Interno - Consiste nas práticas empregadas à divulga-
Recrutar e selecionar pessoas no mercado é uma atividade com meto- ção de vagas em aberto dentro das empresas ou organizações, focando o
dologia própria e não pode ser encarada como um evento pontual, subjetivo mercado de mão – de – obra interno, com o intuito de recrutar colaborado-
e sem importância. res de outros departamentos que tenham interesse em mudar de área a
“O homem certo no lugar certo, na hora certa.” Mais do que em qual- título de promoção, interesse profissional ou semelhante. Este tipo de
quer outro momento da história das corporações, as pessoas e suas com- recrutamento é realizado sempre que há um determinado lugar vago na
petências estão no centro das atenções. É a competência dos empregados empresa e esta procura preenchê-lo com pessoal já pertencente ao seu
a condição essencial para a competitividade e sobrevivência das empresas. quadro funcional. Segue abaixo as principais vantagens e desvantagens do
Saber escolher os colaboradores adequados é prover os meios para se recrutamento interno:
ganhar as etapas da corrida – e assim se distanciar dos concorrentes. 1. Vantagens:
Dentre os subsistemas de RH, é a atividade de Atração e Seleção que motivação e valorização dos empregados: o recrutamento interno como
identifica e provê, interna ou externamente, as competências individuais processo justo e claro a todos os funcionários estimula o desempenho, a
necessárias ao alcance das estratégias organizacionais. capacitação e a excelência do funcionário motivado; melhor desempenho e
É responsabilidade desta área planejar e implantar mecanismos que potencial de conhecimento: é um meio de incentivo à oportunidade de fazer
garantam um processo de atração dos talentos necessários bem como carreira na empresa gerando maior interesse por parte dos empregados, os
definir e implantar políticas e ferramentas que garantam a escolha dos quais aspiram ser treinados com maior intensidade objetivando aproveitar
profissionais adequados. as vagas disponíveis; processo mais rápido e econômico: viabiliza econo-
mia de despesas com anúncios em jornais, honorários de empresas de
Mas cabe aqui esclarecermos diferenças entre os conceitos de “Recru- recrutamento, custos de atendimento de candidatos, custos de admissão,
tamento” e “Atração”: custos com o novo empregado, dentre outros; maior índice de validade e
segurança: como o candidato à vaga já é funcionário da empresa, a organi-
“Recrutamento” é um conjunto de técnicas e procedimentos que visa
zação já possui informações do mesmo através de suas avaliações e
atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos
desempenhos profissionais, o que resulta em margem de erro reduzida
dentro da organização. É basicamente um sistema de formação, através do
nesta movimentação; estímulo ao auto-aperfeiçoamento: os funcionários,
qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos,
constatando a possibilidade de crescimento profissional dentro da empresa,
oportunidades de emprego que pretende preencher. O Recrutamento é feito
buscam autoaperfeiçoamento e auto-avaliação visando melhoria no seu
a partir das necessidades presentes e futuras dos Recursos Humanos da
desempenho; funcionários adaptados à cultura organizacional: algumas
organização. Esse recrutamento requer um cuidadoso planejamento.
vezes, o funcionário contratado por recrutamento externo traz consigo
As fontes de recrutamento podem vir de dentro da empresa ou de fora, métodos, cultura, estilos de trabalhos diferentes daqueles praticados na
neste caso, correspondendo à pesquisa no mercado de recursos humanos. empresa, prejudicando o andamento do trabalho de seus companheiros
Exemplos de fontes de recrutamento são: recomendação ou indicação de enquanto que o contratado por recrutamento interno já está adaptado à
empregados; ex-empregados; anúncios em jornais ou revistas; Sites Corpo- cultura da empresa.
rativos ou de Empregos; Escolas e Universidades; sindicatos e Associações
2. Desvantagens: dificuldade para a mudança; pode bloquear a entrada
de Classe; caçadores de talentos – headhunters; consultorias na área de
de novas ideias ou experiências na organização facilitando o conservantis-
Recursos Humanos; banco de talentos das empresas; redes sociais profis-
mo bem como favorece a rotina atual; mantém e conserva a cultura organi-
sionais na internet como Linke-in, Plaxo e Via6 - vêm crescendo o uso de
zacional existente; o candidato promovido sem todas as características
Redes Sociais onde os profissionais se cadastram evidenciando suas
técnicas, devendo a empresa investir em treinamento, quando poderia
experiências e qualificações e formam uma rede com outros profissionais
recrutar um candidato externo devidamente treinado; poderá criar uma
do seu network. Nessas redes, os profissionais podem fazer recomenda-
competição negativa entre seus funcionários, provocando ambições, até
ções em relação aos outros contando o que observaram quando trabalha-
mesmo em quem não tem condições de ocupar um cargo acima ou então
ram juntos.
apatia nestes, que sabem que não terão oportunidade na competição;
Já o termo “atração” destaca mudanças na forma de se buscar profis- problemas em conseguir aprovação de gerentes para dispensar seus
sionais no mercado de trabalho. Reflete o investimento feito por algumas colaboradores mais eficientes, os quais candidatos à promoção no seu
organizações para aperfeiçoar seus procedimentos. O processo de seleção próprio setor; princípio de Peter, que refere-se ao nível de incompetência,
é um processo de “duas mãos”, ou seja, a empresa escolhe e é escolhida. ou seja, o grau a partir do qual as pessoas não têm competência para a
Pesquisas brasileiras que estudam os fatores de atração e retenção no posição que ocupam.
trabalho demonstram que a imagem da empresa no mercado, a oferta de
Recrutamento Externo - É o conjunto de práticas empregadas à divul-
desafios, as perspectivas de crescimento, a liberdade de ação e um clima
gação de vagas em aberto para o mercado de mão – de – obra externo à
organizacional favorável despertam mais o interesse dos profissionais do
organização e ocorre quando há um determinado lugar vago na empresa e
que a remuneração. As organizações que desejam atrair profissionais

Gestão de Pessoas 63
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esta procura preenchê-lo, por achar conveniente, com candidatos externos Pessoal" (Edit. Atlas, 7ª edição, pgs. 14 e 15). Assim inicia a parte primeira,
à organização, podendo ser realizado de forma direta e indireta (por meio de "Introdução à administração de recursos humanos":
de agências, associações e sindicatos). Este tipo de recrutamento oferece
vantagens e apresenta algumas desvantagens, conforme descrito abaixo: "Utilizando uma abordagem sociológica, poderemos dizer que adminis-
trar Recursos Humanos é zelar, por meio de variadas formas de ação,
1. Vantagens: traz sangue novo e experiências novas para a organiza- pelas Relações Humanas da Organização. Focalizar as Relações Humanas
ção; renova e enriquece os recursos humanos da organização; no Trabalho, suas características e evolução, poderá auxiliar-nos a com-
preender a natureza da Administração de Recursos Humanos, seus esca-
efetuados por outras empresas ou pelos próprios candidatos pas e reais possibilidades de utilização nos organismos sociais.
aproveita os investimentos em treinamento e desenvolvimento de pes- Vulgarmente, a expressão Relações Humanas é utilizada, principal-
soal mente, em dois sentidos: para significar o estado de ânimo do agrupamento
2. Desvantagens: humano de determinada organização ou a atitude é/o comportamento de
um grupo de dirigentes para com seus dirigidos. E comum ouvirmos comen-
pode afetar negativamente a motivação dos atuais funcionários e redu- tários do tipo: 'as Relações Humanas de tal grupo são boas ou más', 'o
zir a fidelidade dos funcionários em oferecer oportunidades a estranhos; problema não é técnico e sim de Relações Humanas ou: 'tal empresa tem
normalmente é um processo mais demorado que o recrutamento interno; é muito boas Relações Humanas', querendo significar que a direção é sensi-
mais caro que o recrutamento externo, exigindo despesas imediatas como, bilizada e age positivamente no que diz respeito ás relações com seu
anúncios, agência de recrutamento, entrevistas, etc.; em princípio, é menos pessoal. Com o mesmo sentido ouvimos dizer: tal dirigente é tecnicamente
seguro que o recrutamento interno, pois os candidatos externos são desco- capaz, porém fraco em 'Relações Humanas'
nhecidos.
O outro sentido é o de nomear Relações Humanas como o conjunto de
Recrutamento Misto ações que visam à criação e à manutenção da motivação do grupo. Melhor
Consiste nas práticas empregadas à divulgação de vagas em aberto denominação seria a de Técnicas de Relações Humanas do Trabalho,
para o mercado de mão – de – obra, interno e externo. As vantagens con- Nestas técnicas estão incluídos os comportamentos do tipo: saber ouvir,
centram uma flexibilidade de cenário e vantagens estratégicas menciona- avaliar corretamente desempenhos e incentivar trabalhos bem feitos, co-
das neste trabalho, bem como a flexibilidade para com as consequências municar bem e oportunamente, usar ponderação e sensibilidade ao resolver
negativas através da combinação dos tipos interno e externo. problemas interpessoais e intergrupais etc.

Gilson Marinho De Oliveira Outra conceituação, já mais técnica, é a de entender Relações Huma-
nas no Trabalho como a rede (ou teia) de relações mantidas entre as
A entrevista de seleção provavelmente constitui a técnica de seleção pessoas e os grupos no ambiente de trabalho. É fácil inferir que teia seme-
mais utilizada pelas empresas. Ela pode ser utilizada na triagem inicial dos lhante existe no grupo familiar, recreativo, religioso e em outros.
candidatos no recrutamento, como entrevista pessoal inicial na seleção,
entrevista técnica para avaliar conhecimentos técnicos e especializados, Como é óbvio, esta rede de contatos humanos sempre existiu. Existia
entrevista de aconselhamento e orientação profissional, dentre outras. quando nossos avós pré-históricos saíam juntos para apanhar frutos e
plantas; acentuou-se quando caçavam ou pescavam em grupo; mas ainda,
A entrevista de seleção funciona como um processo de comparação intensificou-se com o aparecimento da agricultura, chegando ao ápice
entre as características exigidas pelo cargo, que são de conhecimento do durante a atividade industrial. Essa crescente intensificação das relações
entrevistador com as características pessoais e profissionais do candidato a no trabalho, com os problemas e as oportunidades que criou, assim como o
ocupar o cargo. Assim, temos de um lado, o entrevistador ou tomador de avanço das ciências sociais, foram importantes impulsores para o advento
decisão e, de outro lado, o entrevistado ou candidato. das Técnicas de Relações Humanas no Trabalho.
Na ocasião da entrevista, o candidato também procura conhecer a em- Precedidas, como é usual, pela Filosofia - que sempre teve as relações
presa, a vaga ou função a ser desempenhada- não é somente o entrevista- no trabalho como importante centro de atenção m as ciências sociais, de
dor que escolhe, o candidato também decide a partir da entrevista se quer modo particular a Sociologia e a Psicologia, desde o final do século passa-
ou não trabalhar naquela organização. do, passaram a estudar essas relações, como setor importante que são das
relações sociais como um todo. Foi, porém, no início deste século, por volta
Apesar do seu forte componente subjetivo e impreciso, a entrevista
da década de 20, que se passou a particularizar o estudo das relações
pessoal é aquela que mais influencia a decisão final a respeito dos candida-
humanas no trabalho de forma mais ampla e sistemática e, especialmente,
tos.
com vistas dirigidas à aplicação destes conhecimentos dentro das organi-
Vantagens da entrevista: zações.
1. Permite contato face a face com o candidato. Como não podia deixar de ser, foi nesta mesma época que na Europa
e nos Estados Unidos emergiram, como órgãos administrativos com fun-
2. Proporciona interação direta com o candidato. ções delimitadas, os setores que hoje chamamos de órgãos de Administra-
3. Focaliza o candidato como pessoa. ção de Recursos Humanos.

4. Permite avaliar como o candidato se comporta e suas reações. Terminando esta conceituação preliminar, poderemos definir Técnicas
de Relações Humanas no Trabalho como: conjunto de normas baseadas
Desvantagens da entrevista: principalmente na Sociologia e Psicologia, cuja aplicação visa obter a
1. Técnica subjetiva com grande margem de erro e variação. motivação no trabalho, Como o leitor verá mais adiante>, essa conceitua-
ção, ainda que simples, é muito semelhante às definições correntes do
2. Nem sempre o candidato se sai bem na entrevista. 'rebento 'mais recente e sofisticado da Administração de Recursos Huma-
nos, que é o Desenvolvimento Organizacional (DO). "
3. Difícil comparar vários candidatos entre si.
Iniciando suas lições, em " Curso Básico de Administração do Pessoal"
4. Exige treinamento do entrevistador.
(Edit. LTr, 7ª edição, pg. 13), JOSÉ SERSON ensina que:
5. Exige conhecimento a respeito do cargo e suas características
"1 - Desde quando se encontra no Brasil trabalho livre, desde quando
básicas. Thomas M. Ficker
há empresa s e empregados, encontra-se administração do pessoal.
RECURSOS HUMANOS
Numa primeira época, as empresas adquirem o trabalho humano, pa-
Introdução gam-no enquanto dele se servem, e o dispensam simplesmente, quando
desnecessário ou insatisfatório. Os princípios do individualismo econômico
Fazendo uma abordagem preliminar sobre o assunto, fomos encontrar geram a utilização da mão-de-obra.
os ensinamentos do Prof. FLÁVIO DE TOLEDO, em "Administração de

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O Estado não interfere na relação capital-trabalho. Desta posição en- As organizações tendem a sobreviver e a se desenvolver. Contando, i-
contramos claro conceito nas razões do veto do Executivo ao projeto Mora- nicialmente com um determinado número de pessoas, crescendo absorve-
es e Barros sobre trabalho agrícola, no fim do século passado: rão um contingente maior para a execução de suas atividades. Os novos
participantes não têm os mesmos objetivos da organização; seus objetivos
Segundo o princípio da igualdade perante a lei, a locação de serviço são individuais, enquanto os da organização são organizacionais. Haverá
agrícola, deve ser regulada pelos princípios de direito comum e não por um com o correr do tempo um gradativo distanciamento entre esses objetivos.
regime processual e penal de exceção. Nas sociedades civilizadas a ativi-
dade humana se exerce em quase todas as formas sob o regime de contra- Enquanto as organizações se servem dos seus recursos humanos para
to. Intervir o Estado na formação dos contratos é restringir a liberdade dos atingir seus objetivos organizacionais (produção, redução de custos, con-
contratantes, é ferir a liberdade e a atividade individual nas suas mais quista de mercado, rentabilidade, etc.), os indivíduos tentarão atingir seus
elevadas e constantes manifestações, é limitar o livre exercício de todas as objetivos individuais e, se necessário, através da organização.
profissões, garantidas em toda a sua plenitude pelo artigo 73 § 24 da
Constituição. O papel do Estado nos regimes livres é assistir como simples Tal desencontro traz um relacionamento. organização-indivíduo nem
espectador à formação dos contratos e só intervir para assegurar os efeitos sempre de cooperação e mútua satisfação, chegando, até, a inevitáveis
conflitos.
e as consequências dos contratos livremente realizados.'
O equilíbrio organizacional dependerá, em muito, dos incentivos e
A administração do pessoal se resumia, então, na chamada 'Mesa de
Colocação ', onde afluíam os candidatos a emprego; se havia vaga, contribuições oferecidos reciprocamente pela organização e pelos seus
agregava-se o primeiro que pedisse o serviço, de quem se perguntava o empregados. .
nome para abrir-lhe a folha respectiva no 'Livro de Escrita do Pessoal', onde O Sistema de Administração de Recursos Humanos
um amanuense operava a contabilidade dos salários devidos. O empregado
trabalhava sob as ordens do feitor, do encarregado do pessoal. A dispensa A melhor combinação dos recursos disponíveis pela organização é o
do funcionário ou sua saída voluntária determinavam o 'fechamento da objeto da Administração. Será sua tarefa a coordenação de recursos hu-
conta'. Muita vez a pessoa voltava tempos depois à mesma empresa com manos e materiais, cooperativos ou mesmo conflitantes, visando atingir os
outro nome qualquer, com o qual passava a constar do Livro de Escrita do objetivos propostos. Destarte, temos os quatro elementos básicos: alcance
Pessoal. Em algumas empresas, aliás, utilizavam-se para a contabilidade de objetivos, por meio de pessoas, utilização de técnica, em uma organiza-
dos salários as 'Fichas de Pôr o Nome', que tinham sobre o livro a ção.
vantagem de poder ser jogadas fora quando o empregado deixasse a Os recursos de produção, classicamente divididos em natureza, capital
empresa. A administração do pessoal apresenta, portanto, nesse período, e trabalho deverão ser utilizados com a máxima eficiência e eficácia. Lem-
caráter meramente contábil. bramos que o fator natureza corresponde às matérias-primas a serem
2 - A partir de 1930, sofrem as empresas o impacto da legislação processadas na produção de um bem. O capital é representado pelas
trabalhista. máquinas, prédios, equipamentos e, propriamente, o dinheiro que poderá
adquiri-los. Já o trabalho corresponde à direta intervenção humana ou física
Segundo a lição de Segadas Vianna (Instituições de Direito do na referida produção.
Trabalho, vol. l, pág. 50):
Contestando a simplicidade do trinômio natureza, capital e trabalho, a-
'Vencedora a Revolução, logo após foi criado o Ministério do Trabalho, inda CHIAVENATO enfatiza (em "Recursos Humanos", Atlas, 2~ edição,
Indústria e Comércio, entregue à inteligência lúcida de Lindolpho Collor. pg. 104) que "A organização é um tipo de empreendimento social através
Estudioso e conhecedor do problema social, Collor tinha a mesma orienta- do qual se reúnem recursos variados para atingir determinados objetivos.
ção política de Getúlio Vargas e se apressou em pôr em execução um série Sem recursos não há como atingir os objetivos. Os recursos são meios que
de medidas legais destinadas a colocar nossa legislação em consonância as organizações possuem para realizar suas tarefas e atingir seus objeti-
não só com o nosso estágio econômico-social como com a legislação vos: são bens ou serviços consumidos na realização das atividades organi-
trabalhista vigente nos países em que o proletariado era mais beneficiado. zacionais. Podem ser imaginados como os insumos necessários para
produzir o produto final ou o serviço prestado pela organização. Geralmen-
Instituído o Governo Provisório pelo Decreto n° 19.398, de 11 de no-
te, quando se fala em recursos, surge a imagem simplista de dinheiro,
vembro de 1930, já a 12 de dezembro era publicado o Decreto n° 19.482
equipamento, materiais, pessoal. Porém, como já vimos, os recursos orga-
contendo várias medidas de proteção ao trabalhador. Não seria possível
registrarmos todas as medidas legais expedidas pelo Governo saído da nizacionais são extremamente diversificados e complexos.
Revolução de 1930 e relacionadas com o problema social, pelo que apenas De sua classificação dos recursos organizacionais em 5 categorias ou
recordamos as de maior importância..... grupos, fazemos os seguintes comentários:
As Pessoas e as Organizações Recursos físicos ou materiais: necessários às operações básicas da
Sabe-se que o homem é um ser "eminentemente social". De fato, é da organização. Exemplos: imóveis usados na fabricação ou prestação de
serviços, a tecnologia, maquinaria, matéria-prima etc. Recursos financeiros:
natureza humana viver em grupos, interagindo e influenciando uns aos
dinheiro disponível, empréstimos, financiamentos, créditos a receber e a
outros. As limitações dos homens obrigam-nos a agir em conjunto, à coope-
ração mútua. Dessa união, nascem as organizações sem as quais não lhes própria receita advinda da produção. De modo geral, todos os recursos que
seria possível obter os resultados almejados. Entretanto, para que tenha- passam pela tesouraria da organização.
mos uma organização, necessárias se fazem as seguintes condições: Recursos humanos: "são as pessoas que ingressam, permanecem e
capacidade de comunicação de pessoas, disposição para o trabalho con- participam da organização, qualquer que seja o seu nível hierárquico ou
junto e objetivos comuns. sua tarefa. " Há, dentro da organização três níveis dos recursos humanos:
institucional (direção), intermediário (assessoria e gerenciamento) e opera-
IDALBERTO CHIAVENATO, festejado Mestre e Doutor em Administra-
ção pela City University of Los Angeles, Califórnia, em discorrendo sobre a cional (supervisores, técnicos, funcionários administrativos e operários). Na
relação entre o indivíduo e as organizações, pondera que "As organizações realidade, como assevera Chiavenato, " a palavra recurso representa um
permitem satisfazer diferentes tipos de necessidade dos indivíduos: emo- conceito muito estreito para abranger as pessoas. Mais do que recursos,
elas são participantes da organização. "
cionais, espirituais, intelectuais, econômicas, etc. No fundo, as organiza-
ções existem para cumprir objetivos que os indivíduos isoladamente não Recursos mercadológicos: são os meios pelos quais a organização en-
podem alcançar em face das suas limitações individuais. Com as organiza- contra e contata clientes. Destarte, o próprio mercado do produto, ou seja
ções, a limitação final para alcançar muitos objetivos humanos não é mais a os consumidores de seus bens ou serviços constituem seus recursos
capacidade intelectual ou de força, mas a habilidade de trabalhar eficaz- mercadológicos. Tais recursos envolvem, igualmente, todo o trabalho de
mente com outros. " (em "Recursos Humanos", Atlas, 2ª edição, pgs. 23 e pesquisa, análise de mercado e da concorrência, sistema de vendas,
24). marketing, etc. Acrescente-se que os recursos alusivos. somente às vendas
têm o nome de recursos comerciais.

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Recursos Administrativos: são os meios pelos quais a organização pla- sobre eles. Primeiramente, voltemos ao festejado mestre IDALBERTO
neja, organiza, dirige, coordena e controla todas suas atividades. Neles CHIAVENATO ("Recursos Humanos", Atlas, 2ª edição, pgs. 144 e 145) que,
incluem-se os processos de tomada de decisões e de comunicações dentro abordando o item Mercado de recursos humanos e mercado de trabalho
da organização. nos dá uma visão global dos muitos significados de mercado:
O mestre Chiavenato esclarece (obra citada, pg. 106) que "Normalmen- "O termo mercado tem sido utilizado com grande variedade de
te, cada conjunto de recursos similares é administrado dentro de um es- significado, a saber:
quema de divisão de trabalho e de especialização de atividades, ao qual já
demos o nome de diferenciação. A cada área de recursos corresponde uma lugar onde antigamente se efetuavam trocas de mercadorias; portanto,
especialidade da administração... local físico onde os vendedores se encontravam com os compradores;

Sabemos que não se pode falar em organização sem pessoas huma- um "espaço econômico ", onde se realizam trocas de bens, os quais
nas. São elas que dão vida à organização, combinando os demais recursos são produzidos com relativa "liberdade " (isto é, com um mínimo de inter-
de produção e, daí, atingindo os objetivos organizacionais. Entretanto, pela venção do poder público ou de outra autoridade, ou comprador, também
complexidade desses recursos, haverá a necessidade de grande atenção com certa margem de opção;
em sua administração. Não se deixa somente a responsabilidade ao profis- a área geográfica ou territorial dentro da qual as forças de oferta e
sional de ARH, mas a todos os níveis da organização. procura convergem para estabelecer um preço comum,
Um claro exemplo da complexidade desses recursos, nos dá SERSON Na realidade, a palavra mercado apresenta três aspectos importantes
("Curso Básico de Administração do Pessoal", LTr, 7ª, pg. 19): como:
"Um dos dados curiosos da pesquisa foi aquele que informou sobre o a)uma dimensão de espaço, de área física, geográfica ou territorial. Lo-
relacionamento entre os empregados e o patrão na pequena empresa. calidades diferentes traduzem mercados diferentes. O mercado de trabalho
Essas relações foram descritas como sendo muito informais, permitindo-se, do nordeste brasileiro é diferente do das capitais do país;
geralmente, aos empregados, levarem suas sugestões ou reclamações,
passando por cima de eventuais chefes ou mestres intermediários. A justifi- b) uma dimensão de tempo, de época. Em épocas diferentes um mes-
cativa dos patrões foi a de que esse procedimento, condenável em teoria, mo mercado pode apresentar características diferentes; o mercado de
cria um ambiente democrático e permissivo. Na "prática ", dizem, "leva a trabalho no último trimestre de cada ano é aquecido e apresenta caracterís-
uma administração mais dinâmica ". " ticas diferentes em relação ao primeiro trimestre;

Antes de entrarmos nos sistemas de administração de recursos huma- c) uma dimensão de oferta e de procura. Cada mercado se caracteriza
nos, transcrevemos a lição de CHIAVENATO, ao discorrer sobre a A.R.H. À pela oferta e disponibilidade de algo e, simultaneamente, pela procura ou
página l09 da obra citada, o mestre esclarece: demanda de algo. Se a oferta é maior do que a procura, trata-se de algo
fácil de ser obtido e passa a haver concorrência entre os vendedores ou
"A ARH é marcadamente influenciada pelas suposições reinantes na entre aqueles que oferecem algo. Se a procura é maior do que a oferta,
organização a respeito da natureza humana, lgualmente, as organizações então a situação se inverte e trata-se de algo difícil de ser obtido e passa a
são desenhadas e administradas de acordo com as teorias que prevale- haver concorrência entre os compradores ou entre aqueles que precisam
cem, utilizando vários princípios e pressuposições que delineiam as manei- de algo.
ras pelas quais as organizações e seus recursos serão administrados. Uma
teoria da organização pode estabelecer, por exemplo, que o poder (autori- Em termos de suprimento de recursos humanos, existem dois 'tipos de
dade) deve ser totalmente centralizado na cúpula da organização, que a mercados bem distintos, porém, estreitamente entrelaçados e inter-
informação deve seguir necessariamente o fluxo do poder e que o trabalho relacionados: o mercado de trabalho e o mercado de recursos humanos.
deve ser especializado. A aplicação desses princípios e pressuposições Mercado de Trabalho
determina os condicionamentos para o comportamento humano que devem
prevalecer dentro das organizações. Assim, é imprescindível conhecer O mercado de trabalho corresponde às ofertas de trabalho que fazem
algumas teorias que balizam e orientam o enquadramento das pessoas as organizações, observados o lugar e a época. Variam as ofertas em
dentro das organizações. função do número de empresas em determinada região, à conjuntura
econômica da época e a outros fatores.
Damos, a seguir, a classificação proposta por LIKERT em que são
encontrados quatro tipos de sistemas administrativos: Considerando as especializações e as necessidades das organizações,
poderemos ter a segmentação do mercado de trabalho. Dessa forma, as
Sistema 1: Sistema autoritário e forte. As decisões são centralizadas na indústrias metalúrgicas, por exemplo, constituem um mercado de trabalho
cúpula da organização; quase não há comunicação; o ambiente entre os específico para os metalúrgicos, os bancos constituirão um mercado de
empregados é de desconfiança e incertezas; prevalecem as recompensas trabalho para bancários, assim como a construção civil abre um mercado
ou punições conforme a atuação dos empregados. geralmente para as pessoas com pouca ou nenhuma qualificação.
Sistema 2: Sistema autoritário benévolo. Algumas decisões são permi- Há, também, o mercado de trabalho formado pelas grandes empresas -
tidas além da cúpula; o ambiente é de menos desconfiança e com pouca que é diferente do mercado das pequenas e médias; o mercado de trabalho
comunicação; a cúpula assume uma postura de "senhor" em;relação aos da região Sudeste, que é completamente diferente dos das demais regiões
escravos, com certa dose de condescendência; Há, ainda, a possibilidade do Brasil.
de punições.
Voltando às lições de CHIAVENATO, lembramos que três situações
Sistema 3: Sistema participativo, consultivo. Algumas decisões podem são possíveis no mercado de trabalho: Mercado em oferta, Mercado em
ser tomadas na base da organização; Há mais confiança entre a cúpula e procura e Mercado em equilíbrio.
os demais empregados; Recompensas são aventadas; Há moderada
interação humana e pequeno envolvimento entre as pessoas. Na situação de mercado em oferta, estamos diante de uma oferta maior
de trabalho em relação à procura. As organizações oferecem trabalho mas
Sistema 4: Sistema participativo de grupo. As responsabilidades. são são poucos os candidatos a ele. Como consequência, teremos
distribuídas em todos os níveis da organização; a confiança é completa; Há
liberdade de ação trabalho em equipe; Há inteiro envolvimento pessoal. As organizações, diante do fato farão maiores investimentos em recru-
tamento, fixarão critérios de seleção de candidatos menos rigorosos, inves-
Suprimento de Recursos Humanos tirão mais no treinamento de seu pessoal para compensar a inadequação
Os recursos humanos ingressam e saem da organização, em uma dos candidatos, oferecerão melhores salários para os cargos iniciais, pro-
dinâmica diferente da dos demais recursos. moverão novos e melhores benefícios sociais no sentido de reter os atuais
e atrair novos empregados, Haverá forte concorrência entre as organiza-
Há dois tipos de mercados relativos a recursos humanos: o mercado de ções que disputam o mesmo segmento do mercado de recursos humanos,
trabalho e o mercado de recursos humanos. Mais adiante, discorreremos Estes, por sua vez, merecerão delas cuidados muito especiais.

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Para os candidatos e já empregados, haverá um grande número de há um pequeno volume de saídas e entradas desses recursos. Neste caso,
vagas e de novas oportunidades de emprego. Há uma acentuada rotação haverá uma rotação vegetativa, ou seja, simples manutenção do sistema.
de pessoal em função da predisposição de alcançar melhores salários,
benefícios salariais e possibilidades de ascensão na carreira em organiza- Dependendo das necessidades de ampliar operações e resultados ou,
ções concorrentes. Essa situação de alta valorização de seu trabalho, faz contrariamente, de reduzi-las, a organização poderá orientar a rotação no
com que as pessoas reivindiquem melhores salários e benefícios sociais, sentido de inflacionar o sistema ou de esvaziá-lo.
tornando-as, muitas vezes, indisciplinadas e com um maior número de Há, entretanto, outros fatores que, independentes da vontade das or-
faltas e de atrasos. ganizações, influenciam a rotação. O mercado de trabalho, por exemplo,
A oferta menor que a procura, ou seja, uma situação de mercado em estando em situação de procura ou de oferta, provocará uma menor ou
procura, caracteriza-se pela baixíssima oferta de empregos pelas organiza- maior rotação. '
ções. Relativamente, há poucas vagas e muitos candidatos. Tal circunstân- Valendo-nos, novamente, do renomado mestre Chiavenato, agora dos
cia faz com que as organizações não se preocupem com investimentos em ensinamentos às página 159 e 160 da obra citada, observamos que: "O
recrutamento, impondo na seleção critérios severos para a admissão; índice de rotação de pessoal exprime um valor percentual de empregados
quase não há programas de treinamento, vez que podem aproveitar candi- que circulam na organização em relação ao número médio de empregados.
datos já treinados e experientes na função. As ofertas salariais são baixas, Assim, se o índice de rotação de pessoal for, por exemplo, 3%, isto significa
assim como os benefícios sociais. As empresas também darão especial que a organização pode contar com apenas 9796 de sua força de trabalho
ênfase ao recrutamento externo visando substituir os atuais empregados naquele período. Para poder contar com lO096, a organização precisaria
por outros de melhor qualificação sem despesas adicionais. De tudo decor- planejar um excedente de 3% de pessoal para compensar tal fluxo de
re não haver competição das organizações no mercado de recursos huma- recursos humanos. "
nos, porquanto estes se tornam fáceis e abundantes.
Mais adiante observa que "Quando se trata de analisar as perdas de
Já os candidatos enfrentam situação inversa à do mercado em oferta, pessoal e suas causas, não se consideram as admissões (entradas) no
uma vez que vagas e oportunidades no mercado de trabalho são escassas, cômputo do índice de rotação de pessoal, mas somente os desligamentos,
motivando-os a apresentar propostas de menores salários e aceitar cargos sejam por iniciativa da organização ou dos empregados. "
inferiores à sua qualificação profissional. Dentro das empresas, os empre-
gados, temendo o desemprego, procuram fixar-se nas empresas; para "Obviamente, um índice de rotação de pessoal equivalente a zero não
tanto, evitam atritos, passam a ser mais disciplinados, assíduos e pontuais. ocorre na prática e nem seria desejável, pois denotaria um estado de total
esclerosamento da organização. Por outro lado, um índice de rotação de
Mercado de Recursos Humanos pessoal muito elevado também não seria desejável, pois refletiria um esta-
Mais uma vez, trazemos os ensinamentos de IDALBERTO ("Recursos do de fluidez e entropia da organização, que não conseguiria fixar e assimi-
Humanos", Atlas, 2ª, pgs.148, 149 e 150): lar adequadamente seus recursos humanos. O índice de rotação ideal seria
aquele que permitisse à organização reter seu pessoal de boa qualidade,
"O mercado de recursos humanos é constituído pelo conjunto de indi- substituindo aquelas pessoas que apresentam distorções de desempenho
víduos aptos ao trabalho, em determinado lugar e em determinada época. É difíceis de ser corrigidas dentro de um programa exequível e econômico. "
basicamente definido pela parcela da população que tem condições de
trabalhar e/ou está trabalhando, isto é, pelo conjunto de pessoas emprega- Notemos que não há um índice padrão ideal para todas as organiza-
das (mercado de RH aplicado ou desempregadas (mercado de RH disponí- ções. Cada uma, segundo características próprias terão seu índice ideal de
vel e aptas ao trabalho. Assim, o mercado de recursos humanos é constitu- rotação. Dentro de um mesmo sistema maior, que é a própria organização,
ído de candidatos reais quando estão procurando alguma oportunidade, haverá índices diferentes considerados adequados ou ideais para cada
independentemente de estarem ou não empregados e são candidatos departamento ou para cada seção.
potenciais quando - embora não estejam procurando oportunidade de Será de grande importância a existência de um subsistema de controle
emprego - têm condições de preenchê-las satisfatoriamente. que permita diagnosticar as correções e ajustamentos em todo o sistema,
Por ser vasto e complexo, o mercado de recursos humanos pode ser visando obter o ideal índice de rotação de pessoal.
segmentado por grau de especialização (como mercado de engenheiros, de Há fenômenos internos e externos que trazem sua influência. Entre os
médicos, de advogados, de técnicos, de diretores, de gerentes, de supervi- externos estão a situação de oferta ou de procura do mercado de recursos
sores, de secretárias, de datilógrafas, de operários especializados, de humanos, a conjuntura econômica.
operários qualificados, operários não qualificados, etc. J ou por regiões
(como São Paulo, Rio, Belo Horizonte, etc. Ao segmento de operários não Entre os fenômenos internos temos: política salarial e de benefícios da
qualificados costuma-se dar o nome de mercado de mão-de-obra. Na organização, forma de supervisão exercida sobre o pessoal, oportunidades
realidade, o mercado de mão-de-obra é o segmento do mercado de recur- de crescimento profissional oferecidas pela organização, tipo de relaciona-
sos humanos constituído de pessoas não qualificadas, isto é, sem experi- mento humano, condições físicas do ambiente de trabalho, mentalidade e
ência prévia e sem instrução básica. " flexibilidade organizacionais, políticas de recrutamento, seleção e treina-
mento, critérios disciplinares e de avaliação.
"O mercado de recursos humanos - em tese - funciona como um
espelho do mercado de trabalho: enquanto um está em oferta, o outro está As informações sobre a influência de fenômenos internos na rotação do
em procura e vice-versa. " pessoal, as organizações podem obter através da entrevista de desliga-
mento, onde o ex-empregado pode expor os motivos de sua saída.
"À oferta de um mercado corresponde a procura no outro, e vice-versa.
Em outros termos, ambos são sistemas em interação constante: a saída Custo da Rotação
(output) de um é a entrada (input) do outro, e vice-versa. " Chiavenato (obra citada, pgs. 164 e 165) adverte que "Um dos proble-
Rotação de Pessoal ou Turnover mas com que o executivo de recursos humanos se defronta em uma eco-
nomia competitiva é saber até quanto vale a pena, por exemplo, perder
Trata-se a rotação de pessoal de uma flutuação de pessoal entre a or- recursos humanos e manter uma política salarial relativamente conservado-
ganização e seu ambiente. Este intercâmbio é definido pela quantidade de ra e "econômica ". Muitas vezes, na manutenção de uma política salarial
pessoas que ingressam e que abandonam a organização. Geralmente restritiva o fluxo incessante de recursos humanos, através de uma rotação
expressa em índices mensais ou anuais, a rotação corresponde à relação de pessoal elevada, pode sair muito mais caro. Trata-se, então, de avaliar a
de admissões e desligamentos da com o número médio de participantes da alternativa mais econômica. Saber até que nível de rotação de pessoal uma
organização. organização pode suportar sem maiores danos é um problema que cada
Os executivos das áreas de recursos humanos têm sobre si a organização deve avaliar segundo seu> próprios cálculos e bases de inte-
responsabilidade de promover novas admissões para compensar os resses. "
desligamentos, mantendo o nível de recursos humanos na exata proporção Os custos de rotação de pessoal dividem-se em custos primários,
da operação de todo o sistema. Tem-se que em uma organização saudável, secundários e terciários.

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São custos primários aqueles havidos diretamente com o desligamento ção. Aliás, a função do recrutamento é a de suprir a seleção de matéria-
e a substituição do empregado. Dentro dessa categoria estão o custo de prima básica (candidatos) para seu funcionamento.
desligamento (registros, documentação, entrevista de desligamento, indeni-
zações, férias e 13° salário proporcionais, aviso prévio, multa do FGTS, O recrutamento consiste - a partir dos dados referentes às necessida-
etc.) e os custos de recrutamento e seleção, de registro e documentação e des presentes e futuras de recursos humanos da organização - nas ativida-
de integração do novo empregado. des relacionadas com a pesquisa e intervenção sobre as fontes capazes de
fornecer à organização um número suficiente de pessoas necessárias à
Correspondendo aos efeitos colaterais da substituição do empregado, organização para a consecução dos seus objetivos. É uma atividade que
temos os custos secundários, de difícil avaliação e envolvendo característi- tem por objetivo imediato atrair candidatos, dentre os quais serão selecio-
cas predominantemente qualitativas. Como subdivisão desses custos nados os futuros participantes da organização.
temos; os reflexos na produção (perdas inevitáveis na produção em razão
da ausência momentânea do executante do trabalho, produção inicial Fontes
menor do novo empregado e a natural interferência de sua insegurança no O primeiro passo da organização é detectar as fontes supridoras das
trabalho dos demais colegas). Os reflexos na atitude pessoal constituem a suas necessidades de recursos humanos. Tais fontes são denominadas
imagem, atitudes e predisposições que o desligado e o novo empregado fontes de recrutamento e sobre elas a organização fará incidir suas técnicas
passam aos que ficam, influenciando, também, as atitudes e o moral de de recrutamento. Determinados os requisitos pela organização, fazem-se a
seus chefes. Tais reflexos fazem-se sentir, igualmente, nos fornecedores e identificação, a seleção e a manutenção das fontes.
clientes. Temos, ainda, dentro da categoria de secundários, o custo extra-
laboral e custo extra-operacional, ambas causadas, da mesma forma, pelo Assim, a Administração de Recursos Humanos poderá maximizar o
desligamento de um e pela assunção de outro empregado. rendimento do processo de recrutamento, dai obtendo maior proporção de
empregados admitidos em relação ao número de candidatos, além de
Os custos terciários correspondem aos efeitos colaterais mediatos da diminuir o tempo gasto no recrutamento e consequente redução de custos
rotação, que serão sentidos a médio e longo prazos. Chiavenato nos ensina nesse processo.
que "enquanto os custos primários são quantificáveis, os custos secundá-
rios são qualitativos, os custos terciários apenas estimáveis. " Esses custos Processos
costumam se dividir em extra-investimento e perdas nos negócios. Mais uma vez, trazemos as palavras do mestre CHIAVENATO (cit. pg.
Absenteísmo ou Ausentismo 176/177): "O recrutamento envolve um processo que varia conforme a
organização. O início do processo de recrutamento depende de decisão da
Absenteísmo ou ausentismo é a designação dada às faltas ou ausên- linha. Em outras palavras, o órgão de recrutamento não tem autoridade de
cias do empregado às suas funções. Representa, na verdade, a soma dos efetuar qualquer atividade de recrutamento sem a devida tomada de deci-
períodos em que, em razão de quaisquer interveniências, o empregado da são por pane do órgão que possui a vaga a ser preenchida. Como o recru-
organização está ausente do trabalho, por impontualidade ou por falta. tamento é uma função de staff, suas providências dependem de uma
Várias são as causas do absenteísmo. Apesar de não haver estudos decisão da linha, que é oficializada através de uma espécie de ordem de
adequados à análise das causas, podemos citar algumas das principais: serviço, geralmente denominada requisição de empregado ou requisição de
doenças - comprovadas ou não -, motivos familiares, motivos pessoais, pessoal... Trata-se de um documento que deve ser preenchido e assinado
problemas financeiros, dificuldades ou falta de transporte, falta de motiva- pelo responsável que pretende preencher alguma vaga em seu departa-
ção para o trabalho, chefias precárias, etc. Nelas poder-se-ão incluir os mento ou seção. Os detalhes envolvidos no documento dependem do grau
acidentes de trabalho. de sofisticação existente na área de recursos humanos: quanto maior a
sofisticação, menores os detalhes que o responsável pelo órgão emitente
O índice de absenteísmo será o resultado percentual da divisão do deverá preencher no documento. "
tempo perdido pelo total de tempo trabalhado. O índice deve considerar
determinados períodos: dias ou semanas ou meses ou ano. Meios

"Da mesma forma como acontece com a rotação de pessoal, o absen- Dentro do mercado de recursos humanos há muitas e diversificadas
teísmo constitui um sério fator de incerteza e de imprevisibilidade para a fontes. Diagnosticadas, elas são localizadas e, através das técnicas de
organização, provocado pelo comportamento dos recursos humanos. " recrutamento, estimuladas a oferecer candidatos para o atendimento das
ICHIAVENATO, cit., pg. 171). necessidades da organização.

Recrutamento Fazem parte do mercado de recursos humanos tanto os empregados


como os desempregados. Àqueles dá-se o nome de aplicados, a estes de
Discorrendo, inicialmente, sobre o tema Recrutamento, J. B. LODI (em disponíveis. Em ambos os casos haverá candidatos reais (que pretendem
"Recrutamento de Pessoal", Livraria Pioneira Editora, pg. 13), assim escre- mudar- de emprego ou que procuram emprego) e candidatos potenciais
ve: "O recrutamento de pessoal está na ordem do dia. Tanto a Empresa (não pretendem mudar de emprego ou não querem se empregar).
envolvida no avanço tecnológico, e a empresa em expansão comercial,
como a Empresa interessada na inovação dos métodos gerenciais estão Os candidatos aplicados podem estar em outras organizações ou
voltadas para a procura de recursos humanos. Mais do que os recursos mesmo naquela que faz o recrutamento. Num caso temos o recrutamento
físicos e materiais, o homem é a chave da solução dos problemas de externo, noutro. o recrutamento interno.
qualidade e competição. Revistas técnicas internacionais exibem interes- Obviamente, os recursos disponíveis serão objeto do recrutamento
santes anúncios de emprego, veja-se o exemplo do "Scientific American ". externo.
Congressos internacionais de administração científica apresentam o assun-
to em seu temário. Revistas de Administração de Pessoal, em pelo menos O recrutamento interno visa o preenchimento de vaga com o remane-
dois continentes, incluem artigos atuais sobre o tema. Empresas america- jamento dos empregados da organização. Se forem promovidos, haverá
nas recrutam na lnglaterra, na Suécia, no México. Leis são criadas uma movimentação vertical; se transferidos somente, haverá uma movi-
para obstar a drenagem dessa elite para outros países. " mentação horizontal; se, ao mesmo tempo,- houver promoção e transferên-
cia, teremos a movimentação diagonal.
De fato, como bem observa o mestre CHIAVENATO ( " Recursos Hu-
manos", Atlas, 2ª edicão, pgs. 173 e segs.) "Recrutamento é um conjunto O recrutamento interno é um processo que traz vantagens e desvanta-
de procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados gens. Como vantagens apresentadas temos a economia (dispensam-se
e capazes de ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um anúncios, custos de admissão, etc.), a rapidez, a segurança (em razão de
sistema de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao já se conhecer o empregado), a motivação para os demais empregados, o
mercado de recursos humanos oportunidades de emprego que pretende aproveitamento dos investimentos em treinamento do pessoal e a competi-
preencher. Para ser eficaz, o recrutamento deve atrair um contingente de ção sadia entre o pessoal.
candidatos suficiente para abastecer adequadamente o processo de sele- Entretanto, a par das vantagens acima, há. desvantagens. Entre elas
estão: "exige que os novos empregados tenham condições de potencial

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desenvolvimento para poderem ser promovidos, no mínimo,. a alguns importação de novas culturas e mentalidades, o chamado "sangue no-
níveis acima do cargo onde estão sendo admitidos, e motivação suficiente. vo", fazendo com que a empresa se atualize e se mantenha a par do que
para chegar lá. Se a organização realmente não oferecer oportunidades de ocorre em outras empresas;
crescimento no momento adequado, corre-se o risco de frustrar os
empregados em seu potencial e em suas ambições, trazendo renovação e enriquecimento dos recursos humanos, com a entrada de
consequências diversas, como a apatia, o desinteresse, ou o desligamento pessoas de maior talento e qualificação;
da organização, a fim de aproveitar oportunidades lá fora; " (ldalberto, cit., aproveitamento dos investimentos realizados por outras empresas no
pg. 181). treinamento e no desenvolvimento dos recursos humanos.
poderá gerar conflitos de interesses, porquanto empregados que não A par das vantagens, há, entretanto, algumas desvantagens. Entre
reunirem condições para subir além da atual posição, ressentir-se-ão e elas, mais uma vez, citando o mestre CHIAVENATO (cit. pg. 186 e 187):
terão atitudes negativas.
- "É geralmente mais demorado do que o recrutamento interno. O perí-
sucessivas promoções em razão de competência levarão, finalmente, o odo de tempo despendido com escolha e mobilização das técnicas mais
empregado a uma posição onde estacionará, por não ter, a partir dali, adequadas com influenciação das fontes de recrutamento, com atração e
competência para novos cargos. É o chamado "princípio de Peter", formu- apresentação dos candidatos, com recepção e triagem inicial, com encami-
lado por Laurence Peter. nhamento à seleção, aos exames médicos, à documentação, com liberação
"quando efetuado continuamente, pode levar os empregados a uma do candidato do outro emprego ou de outros compromissos e com admis-
progressiva limitação às políticas e diretrizes da organização, ou seja, os são, não é pequeno, e quanto mais elevado o cargo, tanto mais antecipa-
empregados, convivendo apenas com os problemas e com as situações de ção deverá ser adotada pela empresa para prever e liberar a requisição de
sua organização, adaptam-se a eles e perdem a criatividade e a atitude de empregados, a fim de que o órgão de recrutamento não seja pressionado
inovação; embora a organização possa desenvolver esforços no sentido de pelos fatores tempo e urgência na prestação de seus serviços.
apresentar soluções importadas de outras empresas, o fato é que as pes- - É mais caro e exige inversões e despesas imediatas com anúncios,
soas passam a raciocinar quase que exclusivamente dentro dos padrões da jornais, honorários de agências de recrutamento, despesas operacionais
cultura organizacional. relativas a salários e encargos sociais da equipe de recrutamento, material
não pode ser feito em termos globais dentro da organização; a ideia de de escritório, formulários, etc.
que, quando o presidente se afasta, a organização pode admitir um apren- - Em princípio, é menos seguro do que o recrutamento interno, pois os
diz de escritório e promover todo mundo já foi enterrada há muito tempo, candidatos externos são desconhecidos, provém de origens e trajetórias
ocorrendo, no caso, uma grande descapitalização do patrimônio humano da profissionais que a empresa não tem condições de verificar e confirmar
organização, ou seja, perde um presidente e ganha um aprendiz de escritó- com exatidão. Apesar das técnicas de seleção e do prognóstico apresenta-
rio novato e inexperiente. A fim de não prejudicar o patrimônio humano, o do, as empresas, geralmente, admitem o pessoal através de um contrato
recrutamento interno só pode ser efetuado à medida que o candidato que define um período experimental e probatório, exatamente para garantir
interno a uma substituição tenha efetivamente condições de, no mínimo, a empresa frente à relativa insegurança do processo,
igualar-se, a curto prazo, ao antigo ocupante do cargo. " (cit. pg.182).
- Quando monopoliza as vagas e as oportunidades dentro da empresa,
O recrutamento externo é a tentativa que faz a organização, através pode frustrar o pessoal que passa a visualizar barreiras, fora de seu contro-
das técnicas de recrutamento, de preencher vagas com pessoas estranhas le, para seu crescimento profissional. Os empregados podem perceber o
ao seu quadro. Incidirá sobre candidatos reais ou potenciais, disponíveis ou monopólio do recrutamento externo como uma política de deslealdade da
aplicados em outras organizações. empresa com seu pessoal.
Os métodos pelos quais as organizações abordam e divulgam, junto às - Geralmente afeta a política salarial da empresa, influenciando as fai-
fontes de recursos humanos, a existência de vagas são chamados de xas salariais internas, principalmente quando a oferta e a procura de recur-
técnicas de recrutamento. Também recebem o nome de veículos de recru- sos humanos estão em situação de desequilíbrio. "
tamento.
Na prática, porém, as empresas não fazem somente um dos dois tipos
São técnicas do recrutamento externo: de recrutamento anteriores, interno e externo. Complementando um ao
- consulta de arquivos de candidatos espontâneos ou de antigos outro, tem surgimento o recrutamento misto, ou seja um abordamento das
recrutamentos; fontes internas e das fontes externas de recursos humanos. São três as
alternativas: .
- apresentação de candidatos pelos empregados da empresa;
primeiramente recrutamento externo e, após, recrutamento interno: em
- emissão e colocação de cartazes nos prédios da empresa; um primeiro momento a empresa tenta recrutar para- os cargos vagos
candidatos externos. Se estes não satisfizerem as necessidades da organi-
- anúncios em jornais e revistas; zação, o recrutamento volta-se para seus próprios empregados.
- contatos e conferências em escolas e outros pontos de reunião de
primeiramente recrutamento interno e, após, recrutamento externo: a
candidatos.
empresa dá prioridade ao seu pessoal para o preenchimento das vagas.
- contatos com outras empresas em regime de cooperação mútua. Por falta de qualificação destes, faz o recrutamento externo.
- contatos com agências de recrutamento. concomitância dos recrutamentos internos e externos: a oportunidade
do preenchimento da vaga é dada aos próprios empregados e a candidatos
Chiavenato (à pg. 185 da obra citada) esclarece que "Na maior pane externos. Nestes casos, normalmente, a preferência é dada ao pessoal da
das vezes, essas técnicas de recrutamento são utilizadas conjugadamente. empresa, mas criando condições de adequada competição profissional.
Os fatores custo e tempo são extremamente importantes na escolha da
técnica ou do veículo mais indicado para o recrutamento externo. De modo Seleção
geral, quanto maior a limitação do tempo ou seja, quando maior a urgência Abordando o tema seleção, Cleber Pinheiro de Aquino ("Administração
para se recrutar um candidato, tanto maior será o custo da técnica de
de Recursos Humanos - Uma Introdução", Edit. Atlas, 1989, pg.164), assim
recrutamento a ser aplicada. Quando o recrutamento externo é desenvolvi- escreve:
do de maneira contínua e sistemática, a organização pode dispor de candi-
datos a um custo muito menor de processamento. " "A seleção, caracteriza-se pela investigação, junto aos aprovados pelo
recrutamento, dos melhores candidatos. É também um processo de pesqui-
O recrutamento externo traz as seguintes vantagens: sa, porém, realizada com maior profundidade. Inicia-se com as provas,
apesar de alguns advogarem seu início com a realização das entrevistas.

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Acreditamos que a aplicação das provas em primeiro lugar seja convenien- Assim, haverá (1) candidatos que não reúnem mínimas condições para
te por uma questão de custo e racionalidade.” o cargo, (2) candidatos que atendem aos requisitos do cargo e (3) candida-
tos que superam as exigências para a ocupação do cargo.
As provas podem ser escritas, de conhecimentos gerais e de habilida-
des. Geralmente, são elaboradas em forma de testes e são confeccionadas O órgão de seleção deverá contar com especialistas, entre eles psicó-
de comum acordo com a chefia requisitante, que tem um sentimento real da logos, para que o processo seja científico e estruturado sobre bases estatis-
função a ser preenchida superior ao do selecionador. Não tem sentido, por ticamente definidas. Cabe a esse órgão a recomendação dos candidatos
exemplo, selecionar um auditor e colocar o selecionador como o único aprovados ao requisitante ou superior hierárquico (o que possui a vaga),
responsável pela elaboração das provas. Neste caso, a pessoa indicada ficando para este último a responsabilidade da rejeição ou de aceitação.
para preparar as provas é o próprio chefe de Auditoria ou um auditor expe-
riente. O selecionador participa do processo, dando apoio metodológico e A propósito, o próprio Chiavenato comenta: "No fundo, a comparação
acenando os desvios de elaboração. corresponde grosseiramente ao esquema de inspeção de controle de
qualidade utilizada na recepção de produtos, matérias-primas ou materiais
As provas são elaboradas com base nas exigências do cargo a ser em determinadas indústrias. O padrão de comparação é sempre um mode-
preenchido, no conteúdo da função, e procuram medir os conhecimentos lo que contém as especificações e medidas solicitadas ao fornecedor. Se
dos candidatos e suas habilidades, caso sejam funções. operacionais. os produtos ou as matérias-primas fornecidas estão de acordo com o
padrão ou próximos dele dentro de certo nível de tolerância, serão aceitos e
O uso de testes é discutível. Recentemente, o Detran - órgão respon- encaminhados ao órgão requisitante; se, porém, as medidas e as especifi-
sável pelo trânsito em São Paulo - aboliu seu uso. A NASA, nos Estados cações estiverem além do nível de tolerância exigido, os produtos e as
Unidos, fez a mesma coisa. Embora não sejamos contrários a seu uso,
matérias primas serão rejeitados e, portanto, devolvidos ao fornecedor.
reconhecemos serem limitados e relativos. Sua aplicação exige cuidado,
Essa comparação é função de um órgão de staff especializado em controlar
estudo e perícia. Apenas psicólogos profissionais e reconhecidos por lei
a qualidade, "
têm autoridade para aplicar testes, apesar de, na prática, pessoas sem a
devida capacitação e autorização legal, o fazerem. A seleção é responsabilidade de linha (de cada chefe) e função de staff
(prestação do serviço por órgão especializado).
Os testes datam da Primeira Guerra Mundial, com experiências levadas
a efeito pelo Exército americano. É um processo de mensuração e, por seu Técnicas
intermédio, espera-se determinar a capacidade de uma pessoa para
exercer determinada atividade. O teste geralmente tem maior sucesso com Sendo um sistema de comparação e de tomada de decisão, a seleção
trabalhos e escritórios do que com posições executivas, sendo, inclusive, de recursos humanos deve se valer de padrões ou critérios para que possa
rejeitados pelos ocupantes dessas posições. " preencher o cargo com o melhor candidato. As técnicas de seleção devem
ser aplicadas de conformidade com o caso e situação apresentados à
É interessante a introdução que CHIAVENATO ("Recursos Humanos", época.
Atlas, 2ª edição, pg. 191) faz sobre a seleção de pessoal:
CHIAVENATO (cit. pg.200) lista 5 tipos de técnicas de seleção:
"O recrutamento e a seleção de recursos humanos devem ser tomados
como duas fases de um mesmo processo: a introdução de recursos huma- Entrevistas de seleção: dirigidas (com roteiro) ou não dirigidas (sem
nos na organização. Se o recrutamento é uma atividade de divulgação, de roteiro ou livres)
chamada, de atenção, de incremento da entrada, portanto, uma atividade 2) Provas de conhecimentos ou capacidade: gerais (de cultura geral,
positiva e convidativa, a seleção é uma atividade obstativa, de escolha, de de línguas) e específicos (de cultura profissional, de conhecimentos
opção e decisão, de filtragem da entrada, de classificação e, portanto, técnicos)
restritiva.
3) Testes psicométricos: de aptidões (gerais, específicas)
A tarefa do recrutamento é a de atrair com seletividade, mediante vá-
rias técnicas de divulgação, candidatos que possuam os requisitos mínimos 4) Testes de personalidade: Expressivos (PMK), Projetivos (da Árvore,
do cargo a ser preenchido, enquanto a tarefa de seleção é a de escolher, Rorschach, TAT, Szondi) e Inventários (de motivação, de frustração, de
entre os candidatos recrutados aqueles que tenham maiores probabilidades interesses)
de ajustar-se ao cargo vago. Assim, o objetivo básico do recrutamento é 5) Técnicas de simulação: Psicodrama e Dramatização ou role-playing.
abastecer o processo seletivo de sua matéria-prima básica: os candidatos.
O objetivo básico da seleção é a de escolher e classificar os candidatos Analisemos a entrevista de seleção. De todas as técnicas é esta a que
adequados às necessidades da organização. " mais influencia a decisão do aproveitamento do candidato. Habilidade e tato
são condições inerentes à obtenção dos resultados esperados.
Adiante conceitua a seleção de recursos humanos como "a escolha do
homem certo para o cargo certo, ou, mais amplamente, entre os candidatos A entrevista está ligada a outros sistemas em função de cinco
recrutados aqueles mais adequados aos cargos existentes na empresa, elementos fundamentais:
visando a manter ou aumentar a eficiência e desempenho do pessoal. "
fonte: é o próprio candidato. Deste se origina a mensagem.
A seleção tem dois objetivos básicos: (a) adequação e (b) eficiência do
2) transmissor: é a codificação que transforma a mensagem em
homem no cargo.
expressões, gestos e palavras.
A seleção se faz necessária em razão das desigualdades humanas,
3) canal: palavras faladas e gestos.
tanto no campo psicológico como físico. Os critérios da seleção estão
embasados em dados e informes sobre o cargo a preencher. As especifica- 4) instrumento de decifração: "os "recebedores " da informação (isto é,
ções do cargo nortearão as exigências da seleção para que esta objetiva e o entrevistador e o entrevistado) podem interpretar (ou 'decifrar') as "men-
precisamente faça a escolha adequada ao cargo vago. sagens " de modos diferentes; a mesma coisa ocorre com diferentes pes-
soas, pois cada uma interpreta o que ouve em termos de suas próprias
CHIAVENATO ensina que "se, de um lado, temos a análise e as espe-
experiências " (Chiavenato, cit., pg. 201).
cificações do cargo a ser preenchido, informando os requisitos indispensá-
veis ao ocupante do cargo, e, de outro, candidatos profundamente diferen- 5) destino: para o candidato o destino é o entrevistador; para este o
tes entre si, disputando o emprego, a seleção passa a ser configurada destino é o entrevistado.
como um processo basicamente de comparação e de decisão.
Reproduzimos as palavras de CHIAVENATO (cit., pg. 202), para quem
Seleção como processo de comparação. Neste processo há duas "Entrevistar é provavelmente, o método mais amplamente usado em sele-
variáveis a serem confrontadas: os requisitos do cargo e o perfil das ção. Esta preferência existe, apesar da subjetividade do processo de entre-
características dos candidatos. vistar. Muitos estudos têm indicado que dois ou mais entrevistadores ge-
ralmente não concordam na avaliação de um candidato. Entretanto, o fato
de que existem alguns desacordos entre os vários entrevistadores não é

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base sólida para que se condene a entrevista como uma técnica básica de Fechamento ou encerramento da entrevista: Assim como a entrevista
seleção. Os objetivos intangíveis, atribuídos à entrevista, são importantes deve se desenrolar em clima ameno, sem acanhamentos e embaraços, o
para o sucesso no cargo, e alguma avaliação por parte de uma pessoa seu fecho deve igualmente se dar.
treinada é melhor do que nenhuma.
A propósito, CHIAVENATO preceitua que "1. o entrevistador deve fazer
A entrevista é usada, quase que universalmente, na seleção de pesso- algum sinal claro para demonstrar o fim da entrevista; e 2. o entrevistado
al. Bellows e Step estimaram que, aproximadamente, 150 milhões de deve receber algum tipo de informação quanto a sua ação futura. "
entrevistas devem ser feitas anualmente para fins de seleção de pessoal.
Não obstante criticada. Tem sido verificado em muitas situações de empre- Avaliação do candidato: A avaliação recomenda-se seja feita em se-
go que o treinamento apropriado do entrevistador e uma melhor construção guida à retirada do candidato, aproveitando-se o entrevistador dos detalhes
da entrevista contribuem substancialmente para melhorar o grau de confi- da entrevista ainda presentes em sua memória. Fazem-se anotações ainda
ança e sua validade. É possível obter aperfeiçoamento na precisão da não registradas e/ou completam-se as informações da folha de avaliação.
avaliação mediante o treinamento continuo de entrevistadores, da ordena- Retornamos à lição de CHIAVENATO (cit. pg. 206):
ção adequada do processo de entrevista ou da entrevista padronizada. A "Uma impressão é formada pelos fatos que o candidato apresenta e
entrevista padronizada ou dirigida é aquela planejada e organizada para pelo modo como ele se comporta durante a entrevista. Não se pode, a rigor,
ultrapassar as limitações e os defeitos dos procedimentos ordinários de estabelecer aspectos concretos para o registro de impressões, pois a
entrevista. " entrevista é uma arte.
A entrevista deve ter delineadas as seguintes etapas: De modo geral, a entrevista é um instrumento de comparação muito uti-
Preparação: deverão ser determinados: a) os objetivos específicos, b) lizado no processo de seleção. O entrevistador precisa trabalhar dentro de
o método de atingir seu objetivo e c) o maior número de informações sobre certa precisão (apresentando resultados coerentes) e de certa validade
o candidato. O entrevistador deverá estar de posse das exigências do perfil (medindo exatamente aquilo que se pretende verificar) tal como um instru-
do candidato para exercer bem o cargo. mento de medida e comparação qualquer. Logicamente, sua margem de
erro, ou seja, sua tolerância com as medidas, é muito maior, dada sua
Ambiente: O ambiente físico deverá ser privado e confortável. O condição humana. O entrevistador é sempre o fiel da balança que compara
psicológico, cordial e ameno. Condições anteriores à entrevista, tais como as características oferecidas pelo candidato com os requisitos exigidos pelo
sala de espera desconfortável ou demais luxuosa, influenciam cargo. " .
negativamente a entrevista. Da mesma forma, desatenção à sua proposta
de emprego causará no candidato impressão desagradável. Mais adiante, complementa : "Bass sugere a entrevista em grupo jun-
tamente com outras técnicas de seleção, para facilitar a observação de
Processamento da entrevista: É a entrevista propriamente dita. Nela alguns fatores, como iniciativa, agressividade, equilíbrio, adaptabilidade a
são passadas informações do entrevistado para o entrevistador e vice- novas situações, tato, capacidade de lidar com pessoas e outras qualidades
versa. Cabe a este estimular, através de perguntas, as respostas que similares. Na entrevista em grupo, o candidato é inquirido por um grupo de
contenham as informações que deseja. entrevistadores capaz de obter multifacetadas informações no curso de
uma só entrevista. "
A entrevista na qual o entrevistador segue um roteiro pré-elaborado e
que serve de checklist recebe a denominação de entrevista padronizada ou
dirigida. Tal espécie, a par das vantagens que oferece, recebe criticas por
restringir e limitar a atuação do entrevistador. Tem, obviamente, como 9 Análise e descrição de cargos: objetivos, métodos, vantagens e
vantagens a simplicidade, facilidade e rapidez pelo pequeno número de desvantagens.
anotações que requer, permitindo ao entrevistador concentrar-se nas
Descrição e Análise de Cargos
observações sobre o entrevistado.
Como ponto de partida para compreensão do assunto temos que en-
A entrevista livre, pode favorecer o esquecimento pelo entrevistador de
tender o que é um cargo e no que ele se baseia.
alguns itens importantes. Por isso, sua especial atenção em nada omitir
desviaria sua concentração da pessoa do entrevistado, diminuindo a efici- Tarefa - refere-se a atividades repetitivas, como por exemplo cargos
ência da entrevista. A par da crítica, lembramos que nesse tipo, as respos- operários.
tas do entrevistado possibilitarão novas perguntas num processo de retroa-
limentação de assuntos. . Atribuição - refere-se a atividades mais direcionadas, como por exem-
plo mensalistas.
CHIAVENATO (cit. pg. 205) orienta que em uma entrevista o entrevis-
tador deve "travar conhecimento com o candidato, de modo que se possa Função - conjunto de tarefas exercida de maneira sistemática por um
saber alguma coisa a respeito de sua vida e de sua carreira profissional. indivíduo, que sem ocupar o cargo desempenha tal função.
Devem ser objeto de atenção sua infância, sua educação, os graus obtidos Cargo - é um conjunto de funções.
nas escolas por onde passou, as matérias de preferência, os cargos que
exerceu, o modo de encarar os trabalhos que lhe forem afetos, as razões Descrição de cargos - é o processo que em suma, visa enumerar o
pelas quais se desligou das firmas onde trabalhava, etc. O curso de vida de conjunto de tarefas, atribuições e funções realizadas pelo colaborador em
uma pessoa deve formar uma unidade ininterrupta. Portanto, não se deve determinado cargo. Seria representar por escrito o que se realiza no dia-a-
dar oportunidade ao candidato de fazer com que períodos obscuros de sua dia.
vida passem despercebidos. Descrever um cargo, é também evidenciá-lo no organograma da orga-
Uma parte importante da entrevista consistirá, também, em prestar ao nização, definindo sua posição e a quem deve prestar responsabilidade, ou
candidato informações sobre a organização e a vaga existente. Possibilida- seja, quem é seu supervisor. É também relacionar as tarefas, os deveres e
des de progresso, promoções, etc. devem ser levadas em consideração, responsabilidades do cargo.
porém não é recomendável que se dê ao candidato uma ideia errada sobre Análise de Cargos - enquanto a descrição de cargos se preocupa com
o corpo. Todo candidato é propenso a considerar sugestões ou comentários o conteúdo, que faz, quando faz, como faz e por que faz, a análise estuda e
como promessas reais, ou como um contrato psicológico. " determina os requisitos qualitativos para desempenhar a função, ou seja, as
Há dois aspectos interessantes na entrevista propriamente dita. O con- responsabilidades envolvidas, o grau de instrução, a capacidade de desen-
junto de informações que o candidato fornece a seu respeito é chamado de volvimento. Ela se concentra em quatro requisitos: Mentais, físicos, de
conteúdo da entrevista (aspecto material). A exteriorização de sua forma de responsabilidade e condições de trabalho.
agir e de pensar, bem como suas motivações e ambições pessoais corres- Descrever e analisar cargos é também o caminho para se definir a re-
ponde ao que chamamos de comportamento do candidato (aspecto formal). muneração do colaborador, pois à partir dele temos o conhecimento do que
Pela relação intima entre esses dois aspectos, o entrevistador deverá está sendo realizado, como deve ser realizado e quem deve realizar, assim
abordá-los com a necessária adequação. . . sendo, avalia-se um justo valor para tais exercícios, levando em considera-

Gestão de Pessoas 71
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ção sempre o grau de complexidade, conhecimento exigido e ambiente de observação utilizar um questionário para ser preenchido pelo observador
trabalho. Vanderlei Moraes para assegurar a cobertura de todas as informações necessárias.
Análise e Descrição de Cargos: Como Fazer Corretamente Etapas do Processo de Análise de cargos
Sandra Regina da Luz Inácio O processo de analisar cargos envolve seis etapas que considera a or-
ganização em constante e dinâmica mudança. Os cargos devem ser cons-
Hoje, os cargos requerem maior flexibilidade e participação contínua tantemente descritos, analisados e redefinidos para acompanhar as mu-
das pessoas transformando-as em equipes multidisciplinares mutáveis com danças na organização e no seu conteúdo.
o ambiente. O cargo pode-se analisar numa maneira global onde todas as
atividades são executadas por um ocupante e que se situa em uma posição 1. Os primeiros passos são examinar a estrutura da organização total e
no organograma organizacional. de cada cargo para definir quais as informações requeridas pela análise de
cargos, depois selecionar os cargos a serem analisados e ajustar os dados
A posição do cargo mo organograma define o nível de hierarquia do necessários para análise, e por último preparar as descrições e especifica-
ocupante como a quem reportará e sobre quem exercerá autoridade que ções de cargos. Isso tem como função de fazer um planejamento de RH,
pode ser localizado num departamento ou divisão. desenhos de cargos, recrutamento e seleção, treinamento, avaliação de
Descrição de Cargos desempenho, remuneração e benefícios e a avaliação dos resultados.
Descrever um cargo significa relacionar desde o que o ocupante faz até 2. Entrevista de Descrição e Análise de Cargos
o motivo porque faz, a descrição de cargo é um retrato simplificado do Identificação
conteúdo e das principais responsabilidades do cargo. O formato de uma
descrição de cargo inclui o título do cargo, o sumário das atividades a • Tempo de serviço na função:
serem desempenhadas e as principais responsabilidades do cargo. Rela-
ciona de maneira breve as tarefas, deveres e as responsabilidades do • Tempo de serviço nesta empresa:
cargo. • Função atual:
Desenho de Cargos • Função anterior:
Envolve-se a especificação do conteúdo de cada cargo, dos métodos • Data do dia:
de trabalho e das relações com os demais cargos. O desenho de cargos
constitui na maneira como cada cargo é estruturado e dimensionado, dentre 3. Descrição Do Cargo
disso precisa-se definir quatro condições básicas: Descreva separadamente cada uma das suas tarefas diárias (que se
• Qual é o conteúdo do cargo, ou seja, o conjunto de tarefas ou atribui- repetem com frequência):
ções que o ocupante desempenhará; • O que você faz?
• Quais são os métodos e processos de trabalho, ou seja, como as ta- • Como é feito? (Utiliza-se de equipamentos ou materiais)?
refas deverão ser desempenhadas;
• Quando é feito?
• A quem o ocupante do cargo deve prestar responsabilidade, isto é,
quem é o seu superior imediato; • Para que é feito? (Razões para a execução dessas tarefas)
• Quem o ocupante do cargo deverá supervisionar ou dirigir autoridade, 4. Descreva a ordem de importância das tarefas realizadas:
ou seja, quem serão os seus subordinados.
• Uma importância de qualquer tarefa é manter uma boa postura; cum-
Enriquecimento de cargos primentar os clientes de forma cordial; ter atenção para quaisquer dúvidas
e cobrar os valores exatos.
Tem como objetivo de aumentar as responsabilidades e desafios das
tarefas do cargo para ajustá-los às características progressivas do ocupan- • Descreva a frequência diária, semanal e mensal das tarefas.
te.
5. Especificações Do Cargo
A adequação do cargo ao ocupante melhora o relacionamento inter-
• Qual o nível de instrução mínima necessária para ocupar este cargo?
pessoal dentro do trabalho e visam novas oportunidades de mudanças para
uma melhor qualidade de vida no trabalho. O que se espera é um aumento • Que outros conhecimentos você considera necessário para realização
de produtividade e redução das taxas de rotatividade e de absenteísmo do deste trabalho?
pessoal, para isso precisará introduzir uma nova estratégia que faça uma
reeducação dos cargos de gerente e chefia, descentralização das pessoas • Qual tempo mínimo de experiência que alguém com nível de instru-
dando empowerment e maiores oportunidades de participação. ção indicado anteriormente necessita para desempenhar satisfatoriamente
as tarefas do cargo? Seria necessária experiência prévia em outros cargos?
Métodos de colheita de dados sobre cargos
• Na sua opinião quais as tarefas mais complexas que são desempe-
Existem três métodos para obtenção de dados a respeito dos cargos: nhadas neste cargo? Por quê?
entrevista, questionário e observação. Na entrevista existem três tipos para
tal finalidade como a entrevista individual, a entrevista em grupo e a entre- • Você é supervisionado por alguém? Como o seu superior supervisio-
vista com o supervisor tendo como objetivo buscar dados a respeito dos na o seu trabalho?
cargos e determinar seus deveres e responsabilidades. • Quais as decisões que você precisa tomar no desempenho do seu
No método do questionário a colheita de dados a respeito de um cargo cargo?
é feita através de questionários que são distribuídos aos seus ocupantes ou • Na sua função você tem acesso a documentos ou dados confidenci-
ao seu supervisor. Na prática segue o mesmo roteiro da entrevista, com a ais? Quais?
diferença de que é preenchido pelo ocupante do cargo, ou pelo supervisor
ou também em ambos. Tem como vantagem proporcionar um meio eficien- • Quais os prováveis erros que podem ser cometidos na sua função?
te e rápido de coletar informação de um grande número de funcionários, Esses erros podem ser constatados?
tendo como custo operacional menor do que a entrevista. • Quais as máquinas ou equipamentos que você utiliza para realizar
No método da observação é direta daquilo que o ocupante do cargo es- suas funções?
tá fazendo constitui um outro método de colher informação sobre o cargo é • Quais os fatores existentes no seu ambiente de trabalho que interfe-
aplicável em cargos simples, rotineiros e repetitivos. É comum o método da rem na execução das tarefas?

Gestão de Pessoas 72
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• Sob quais condições você trabalha? Descreva as condições desagra- Analisar todos os aspectos relacionados ao cargo (o que faz, como faz
dáveis como ruídos, temperatura, odores, iluminação inadequada, etc. e para que faz);
• Qual é o maior e o menor esforço exigido no seu cargo? partindo dos fatores intrínsecos e extrínsecos inerentes ao cargo.
• O trabalho é executado como: A análise de dados possui um procedimento que determina as fases
específicas do trabalho.
• Carrega peso?
A princípio é realizada a escolha da técnica de coleta de dados (cada
• Seu trabalho exige esforço visual? uma possui vantagens e desvantagens).
• Seu trabalho exige esforço mental? Especifique. Técnicas de coleta de dados
• Você supervisiona diretamente o trabalho de outros funcionários? In-
dique o cargo e número de funcionários supervisionados.
• No seu trabalho você tem contato direto com a clientela?
• Quantas pessoas exercem o mesmo cargo que o seu na empresa?
• Na sua opinião qual a importância do trabalho que exerce?
• Você almeja mais para sua carreira profissional?
• Você acha que há possibilidades de crescimento dentro da empresa?
• O que esta empresa representa para você?
• Você tem sugestões para melhorar a qualidade de trabalho desta em-
presa?
Exemplo prático e simples de uma descrição de cargo
Nome da Empresa: XYZ Com e Ind. Ltda
Título do cargo: Operador de caixa
Sumário do cargo: Responsável pelas cobranças dos valores das com-
pras. Em caso de cheques altos chamar os fiscais de caixa sem sair do
caixa.
Relações: Reporta-se ao fiscal de caixa e o chefe da frente de caixa
Supervisiona: Responsável pelo um ótimo atendimento, divulgando as
promoções para os clientes.
Qualificações: Educação: Ensino médio completo
Experiência profissional: Não exige experiência, pois o treinamento é
feito com os funcionários mais antigos.
Requisitos básicos: flexibilidade, agilidade, atenção e honestidade.
Iniciativa: Interesse em crescer, boa comunicação e dinâmico.
Responsabilidades:
• Prestar um ótimo atendimento ao cliente, demonstrando interesse pa-
ra ajudá-lo em quaisquer dúvidas;
• Cobrar os valores expressamente corretos, sendo que em cheques al-
tos, cartões de créditos sem assinatura solicitar a identidade e o fiscal de
caixa ou chefe;
• Fechar o caixa certo, tanto na separação dos documentos de cartões
para facilitar no setor financeiro.
Ambiente: Limitado, o operador de caixa tem a obrigação de ficar no
caixa para trabalhar, quando não tiver cliente pode sentar na cadeira com
PRINCIPAIS FATORES DE AVALIAÇÃO
uma postura adequável.
• CONHECIMENTO: INSTRUÇÃO E CONHECIMENTOS COMPLE-
Com uma boa descrição de cargos o entrevistador tem ferramental pa- MENTARES NECESSÁRIOS PARA OCUPAÇÃO DO CARGO.
ra, nas entrevistas, poder checar as informações a respeito da experiência
profissional, formação e certificações do currículo do pretendente à vaga. • EXPERIÊNCIA: TEMPO NECESSÁRIO PARA QUE O OCUPANTE
DO CARGO, POSSUINDO OS CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS, POS-
Na administração dos colaboradores, a descrição de cargos facilita o SA DESEMPENHAR AS TAREFAS ATRIBUÍDAS AO CARGO.
trabalho dos líderes que passam a melhor compreensão das suas atribui-
ções e de seus liderados. Estes por sua vez, reduzem o tempo gasto em • INICIATIVA/COMPLEXIDADE: RELATO DA COMPLEXIDADE DAS
tomadas de decisão, acelerando processos por diminuir as incertezas no TAREFAS, DO GRAU DE SUPERVISÃO RECEBIDA PELO OCUPANTE
que diz respeito a sua autonomia. DO CARGO E DOS FATORES NECESSÁRIOS PARA A SOLUÇÃO DOS
PROBLEMAS.
Sempre que nos equivocamos na seleção geramos consequências in-
desejadas, como aumento no tempo de treinamento e orientação, baixa • RESPONSABILIDADE POR SUPERVISÃO: RELATO DA SUPER-
produtividade e talvez até problemas no atendimento a clientes. VISÃO EXERCIDA, CONHECENDO O NÚMERO DE SUBORDINADOS E
Metodologia:

Gestão de Pessoas 73
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A NATUREZA DA SUPERVISÃO (COMPLEXIDADE DAS TAREFAS SU- 5 - Condições de Trabalho
PERVISIONADAS)
O Método de comparação por fatores exige as seguintes etapas que
• RESPONSABILIDADE POR MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS: DIZ devem ser desenvolvidas após a analise de cargos:
RESPEITO À RESPONSABILIDADE QUANTO AO MANEJO, MANUTEN-
ÇÃO, PREVENÇÃO E GUARDA DE MÁQUINAS, FERRAMENTAS E a. Escolha dos fatores de avaliação: constituem critérios de compara-
EQUIPAMENTOS. ção, isto é, instrumentos de comparação que permitirão escalonar os car-
gos a avaliar.
• RESPONSABILIDADE POR NUMERÁRIO: DIZ RESPEITO A
GUARDA E MANUSEIO DE DINHEIRO, TÍTULOS E DOCUMENTOS DA b. Definição do significado de cada um dos fatores de avaliação: Quan-
EMPRESA POR MEIO DO OCUPANTE DO CARGO. to melhor a definição dos fatores, tanto maior a precisão do método.

• RESPONSABILIDADE POR ERROS: TRABALHA COM O RISCO DE c. Escolha dos cargos de referência: Permite as comparações dos car-
OCORRÊNCIA DE ERROS NA EXECUÇÃO DAS TAREFAS QUE POS- gos. Os cargos de referência são escolhidos para facilitar o manuseio dos
SAM PREJUDICAR A EMPRESA. fatores de avaliação.

• RESPONSABILIDADE POR MATERIAIS E PRODUTOS: O OCU- d. Escalonamento dos fatores de avaliação: cada cargo referencia é
PANTE DO CARGO É RESPONSÁVEL POR MATERIAIS OU PRODU- avaliado através do escalonamento dos fatores de avaliação.
TOS, EXTENSÃO E PROBABILIDADE DE PREJUÍZOS FINANCEIROS OU e. Avaliação dos fatores nos cargos de referencia: Tomando-se por ba-
OPERACIONAIS ADVINDOS DO EXERCÍCIO DO CARGO. se os cargos de referencia, os fatores devem ser posicionados e pondera-
• RESPONSABILIDADE POR SEGURANÇA DE TERCEIROS: TRA- dos quanto a sua contribuição individual para o total de modo que a soma
BALHA COM A MARGEM DE ACIDENTES QUE POSSAM OCORRER total dos salários obtida para um cargo de referência possa ser dividida e
AOS FUNCIONÁRIOS, MESMO TRABALHANDO DENTRO DOS PA- considerada em termos absolutos para cada fator.
DRÕES DE SEGURANÇA DA EMPRESA. f. Montagem da Matriz de escalonamento e de avaliação dos fatores: É
• ESFORÇO MENTAL E VISUAL: É NECESSÁRIO ALTA CONCEN- a reconciliação dos resultados obtidos na avaliação de fatores com aqueles
TRAÇÃO OU ATENÇÃO MENTAL OU VISUAL PELO OCUPANTE DO obtidos no escalonamento original dos fatores. Deve haver conformidade
CARGO. entre as diferenças relativas indicadas pelo escalonamento e as diferenças
absolutas encontradas nas alocações salariais arbitrarias e subjetivas.
• RESPONSABILIDADE POR CONTATOS: REFERE-SE A NATURE-
ZA DOS CONTATOS FEITOS PELO OCUPANTE DO CARGO VISANDO g. Escala comparativa de cargos: Transformação da matriz de escalo-
OS RESULTADOS DO SEU TRABALHO. namento e de avaliação em cada escala comparativa de cargos.

• ESFORÇO FÍSICO: ANALISAR O ESFORÇO FÍSICO REALIZADO Método de avaliação por pontos
PELO OCUPANTE DO CARGO. É também denominado método de avaliação por fatores e pontos. Cri-
• RISCO: TRABALHA A POSSIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE ACI- ado pelo americano Merril R. Lott, tornou-se o método de avaliação de
DENTES COM O PRÓPRIO OCUPANTE DO CARGO, MESMO OBSER- cargos mais usado nas empresas. É o mais aperfeiçoado e o mais utilizado
VANDO AS NORMAS DE SEGURANÇA. dos métodos aqui expostos. A técnica é analítica: cargos são comparados
através de fatores de avaliação em suas partes componentes. É também
• CONDIÇÕES DE TRABALHO: ANALISA AS CONDIÇÕES FÍSICAS técnica quantitativa: são atribuídos valores numéricos para cada elemento
DO AMBIENTE DE TRABALHO DO OCUPANTE DO CARGO. do cargo e um valor total é obtido pela soma dos valores numéricos.
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O método de avaliação por pontos se fundamenta na analise de cargos
Existem muitos métodos de avaliação de cargos: e exige as seguintes etapas:
Método do escalonamento (Job Ranking) 1 - Escolha dos fatores de avaliação: São os mesmos fatores de espe-
cificações escolhidos para o programa de analise de cargos e são constitu-
É também denominado método da comparação simples e consiste em ídos em quatro grupo de fatores:
se dispor os cargos em um rol (crescente ou decrescente) em relação a
algum critério de comparação. Recebe também o nome de comparação a. Requisitos Mentais
cargo a cargo pelo fato de que cada cargo é comparado com os demais em
função do critério escolhido, como base de referencia. Trate-se do mais b. Requisitos físicos
rudimentar dos métodos de avaliação de cargos, pois a comparação entre c. Responsabilidades envolvidas
os cargos é global e sintética, sem considerar nenhuma analise ou decom-
posição, tendendo a uma comparação superficial. d. Condições de Trabalho

Método das categorias predeterminadas (Job Classification) 2 - Ponderação dos fatores de avaliação: É feita de acordo com a im-
portância relativa de cada fator, já que os fatores não são idênticos em sua
Constitui uma variação do método do escalonamento simples. Poderia contribuição ao desempenho dos cargos, requerendo ajustamentos com-
ser denominado método dos escalonamentos simultâneos. Para se aplicar pensatórios.
este método, faz-se necessário dividir os cargos a serem comparados em
conjuntos de cargos (categorias predeterminadas) que possuam certas 3 - Montagem da Escala de Pontos: A etapa seguinte é a atribuição de
características comuns. A seguir, faz-se aplicação do método do escalona- valores numéricos aos graus de cada fator. Geralmente, o grau mais baixo
mento simples em cada um desses conjuntos ou categorias de cargos. de cada fator corresponde ao valor da percentagem de ponderação.

Método da comparação de fatores (Job Comparison) 4 - Montagem do Manual de Avaliação de Cargos: Passa-se a definir o
significado de cada grau de cada um dos fatores de avaliação.
Utiliza o principio do escalonamento. É uma técnica analítica, no senti-
do de que os cargos são comparados através de fatores de avaliação. A 5 - Avaliação dos cargos através do Manual de Avaliação: Passa-se a
criação do método de comparação de fatores é atribuída a Eugene Benge avaliar os cargos. Tomando-se um fator de cada vez e se comparam com
que propôs cinco fatores genéricos: ele todos os cargos.

1 - Requisitos mentais 6 - Delineamento da Curva Salarial: É a conversão dos valores dos


pontos em valores monetários. Deve-se ressaltar que isto não significa que
2 - Habilidades requeridas a relação numérica entre os cargos indique uma diferenciação precisa em
3 - Requisitos físicos valores monetários entre eles.

4 – Responsabilidades concursosadm

Gestão de Pessoas 74
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10 Gestão de desempenho. organização informal (Nadler e Tushman, apud Nadler, Gerstein e Shaw,
10.1 Objetivos. 1994).
10.2 Métodos de avaliação de desempenho: características, vantagens No entanto, muitas decisões gerenciais, além daquelas associadas à
e desvantagens. remuneração, são tomadas com base na Avaliação de Desempenho (Chia-
A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE RECURSOS HUMANOS venato, 1998), tornando crítico para as organizações as práticas sem
vínculos com as metas organizacionais, ou mesmo com o uso de medidas
O propósito desse Capítulo é apresentar uma discussão a respeito da que não estejam relacionadas a elas.
Avaliação de Desempenho de Recursos Humanos (ADRH) nas organiza-
ções, privilegiando-se os aspectos determinantes dos métodos usuais, Um processo de ADRH terá que contemplar objetivos e metas organi-
aplicações e fatores inerentes ao processo. zacionais e as ações desenvolvidas no sentido de alcançá-las. Lucena
(1992, p.14-15) menciona que "são as pessoas que promovem as mudan-
Procura-se, por sua vez, tratar das características marcantes da men- ças para manter um ritmo evolutivo. Isto significa que o sucesso da empre-
suração do desempenho, da sua forma de gerenciamento e das implica- sa apoia-se fundamental e insubstituivelmente na competência, na capaci-
ções do processo quando utilizado individualmente, ou junto às equipes de dade inovadora e no desempenho positivo da sua força de trabalho".
trabalho.
Constata-se que determinadas abordagens voltadas à ARH aceitam
A abordagem do tema, num capítulo específico deve-se ao objetivo essa premissa de vinculação entre a ADRH e as metas organizacionais
central deste trabalho e da necessidade de efetuar-se uma exploração bem (Chiavenato, 1994), (Lucena, 1992), (Equipe Coopers & Lybrand, 1996),
mais ampla que a apresentada na seção anterior. Kane e Palmer (1995), porém, quando apresentam os métodos ou propõem
instrumentos para tal, o fazem a partir da visão em que preponderam
Procura-se, destarte, além de uma exploração bibliográfica, apontar as
fatores ligados ao comportamento humano ( cordialidade, pontualidade,
relações da Avaliação de Desempenho com a concepção de administração
iniciativa, por exemplo).
estratégica. Descreve-se, em decorrência, as falhas existentes nas metodo-
logias usuais e os propósitos buscados com a utilização do processo. McGregor (1960), ao empreender uma crítica à Avaliação de Desem-
penho de Recursos Humanos, salienta que a mesma é tomada como uma
Não há, obviamente, na abordagem, a pretensão de esgotar o tema,
simples técnica de administração de pessoal, quando deveria ser usada
porém, contextualizar as discussões supervenientes.
para outros propósitos, como é o caso da administração estratégica.
3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
A conclusão inicial é que as organizações se utilizam da ADRH para
A ideia de avaliação, entendida como uma espécie de julgamento, é tomada de decisões sobre os empregados (Heneman III, 1981), Chiavena-
vista como prática desde o surgimento do homem(Lucena, 1992). Para to(1998), como é o caso de dispensas, treinamentos e acréscimos salariais.
Lefton (1977), a concepção de avaliação é "tão antiga quanto a civilização".
3.1.1 Conceitos e Aplicações da Avaliação de Desempenho
Informa que através de registros escritos, os Sumérios, sociedade que
floresceu no Vale de Eufrates há aproximadamente 6000 anos, tinham uma A Avaliação de Desempenho vista como "apreciação do desempenho
percepção peculiar de avaliação, realizando-as com frequência. Eles ne- do indivíduo no cargo" (Chiavenato, 1994), está associada às práticas de
cessitavam saber o valor das coisas que transacionavam, como por exem- Administração de Recursos Humanos. Enfatiza o autor que a Avaliação de
plo, metais e ferramentas. Desempenho é um "conceito dinâmico", haja vista acreditar na existência
de permanente avaliação – formal ou informalmente – dentro das organiza-
O que é mais importante: efetuavam avaliações de desempenho daqui-
ções. Salienta, ainda, que a ADRH
lo que lhes era mais conveniente e que garantiam sua prosperidade. Sabi-
am, portanto, quais objetos materiais afetavam a prosperidade da socieda- "constitui uma técnica de direção imprescindível na atividade adminis-
de e como as pessoas influenciavam para tal. Prevalecia uma concepção trativa. É um meio através do qual se podem localizar problemas de super-
de fomentar melhores desempenhos, pois tinham o entendimento de que visão de pessoal, de integração do empregado à organização ou no cargo
isso possibilitaria aumentos de valor. que presentemente ocupa, de dissonâncias, de desaproveitamento de
empregados com potencial mais elevado do que é exigido pelo cargo, de
Chiavenato (1994, p.261), por sua vez, ao assegurar que as práticas de
motivação, etc." (Chiavenato, 1994, p.263).
avaliação de desempenho remontam ao passado, cita o exemplo de Santo
Inácio de Loyola, no século IV, ao servir-se de "um sistema combinado de Lefton (1977) conceitua a Avaliação de Desempenho como sendo uma
relatórios e notas de atividade e, principalmente, do potencial de cada um discussão formal entre superior e subordinado visando descobrir como e
dos jesuítas". por que o subordinado desempenha seus trabalhos presentemente e como
pode efetuá-los no futuro, de modo a beneficiar a organização.
Relata Chiavenato (1994), também, as experiências do século XIX, pe-
lo Serviço Público Federal dos Estados Unidos, da General Motors em Lucena (1992, p.26) vê a Avaliação de Desempenho como a verifica-
1918, salientando que o maior destaque aos sistemas de Avaliação de ção da "atuação da força de trabalho na produção de resultados" ; refor-
Desempenho ocorreu após a Segunda Guerra Mundial. çando que "o conceito de avaliação de desempenho abrange como premis-
sa básica a confrontação de algo que acontece (resultado) com algo que foi
Na literatura mais recente, percebe-se uma clara tendência ao uso da
estabelecido antes (meta)".
Avaliação de Desempenho para fins associados à remuneração das pesso-
as. Cada vez mais associam-se os ganhos variáveis ao desempenho da A partir dessas visões, percebe-se que a Avaliação de Desempenho
própria organização durante um determinado exercício - Thomas e Bretz, possui relativa importância na gestão dos sistemas organizacionais, a ponto
Jr. (1994); Equipe Coopers e Lybrand (1996); Galbraith (1994)e Bergamani de se ter tornado como uma das mais importantes ferramentas da ARH. O
(1992), dentre outros. uso dessa "ferramenta", no entanto, tem sido discreto, ainda que, visto
como um processo das áreas de recursos humanos.
Nessa vertente, observa-se uma contradição: os critérios usados para a
determinação dos resultados organizacionais normalmente não coincidem Thomas e Bretz, Jr. (1994) apresentam um estudo sobre as práticas
ou associam-se aos métodos de Avaliação de Desempenho das pessoas. associadas a Avaliação de Desempenho, com base numa pesquisa realiza-
da pela Cornell University, junto as 100 maiores empresas dos Estados
A consequência dessa ausência de sintonia é a dificuldade de integra-
Unidos, de acordo com a Revista Fortune. Tal estudo, no entendimento dos
ção entre objetivos organizacionais e as ações das pessoas, como visto no
mesmos "provê algumas perspectivas no enigma da avaliação de desem-
Capítulo 2. Geof (1994), a partir da experiência da AT&T INSTEL com o
penho". Constatam os autores que existem diferentes usos para a Avalia-
gerenciamento de desempenho, ressalta que o alinhamento das metas
ção de Desempenho, como listados na Tabela 3.1.
individuais com as da organização é visto como fundamental para o suces-
so do processo. É bom lembrar que uma característica fundamental e
determinante para se atingirem objetivos/metas, é a congruência entre os
componentes organizacionais : trabalho, pessoal, organização formal e

Gestão de Pessoas 75
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Tabela 3.1 Principais Usos da Avaliação de Desempenho medo da aparência que um insatisfatório trabalho possa
(adaptada de Tomas e Bretz, Jr., 1994) refletir mal na habilidade de selecionar e desenvolver os
empregados. A falta de candor na Avaliação é o único
1 Desenvolvimento do desempenho no trabalho caminho de "esconder a roupa suja".

2 Administração de pagamento por mérito Bergamini (1992, p.26) salienta que a Avaliação de Desempenho deve
ser vista "apenas como instrumento de levantamento de dados que caracte-
3 Aviso aos empregados sobre expectativas de trabalho
rizem as condições que, dentro da organização empresarial, estejam, num
4 Recomendações aos empregados dado momento, dificultando ou impedindo o completo e adequado aprovei-
tamento dos seus recursos humanos". Atestar que, "como instrumento que
5 Promoção de tomadas de decisões deve ser capaz de retratar tão fielmente quanto possível o comportamento
do indivíduo em situação de trabalho, o primeiro objetivo da avaliação de
6 Motivação dos empregados desempenho é conhecer" . Esse conhecer refere-se a organização como
um todo, além de suas relações com o meio ambiente e com os seus
7 Avaliação de potencial dos empregados recursos humanos.

8 Identificação de necessidades de treinamento Bergamini (1992) aponta como principais resultados das aplicações da
Avaliação, como sendo:
9 Melhoria de relacionamento no trabalho Subsídios para a seleção de pessoal.
10 Auxílio no ajuste de metas de carreira Subsídios para o treinamento e desenvolvimento de pessoal.
11 Determinação de trabalhos mais eficientemente Subsídios para a administração salarial.

12 Transferência de decisões Subsídios para a movimentação de pessoal.


Heneman III (1981, p.78), observando que um singular resultado dos
13 Tomada de decisões sobre dispensas trabalhos das pessoas é a contribuição para o alcance das metas da orga-
nização, apresenta como principais propósitos das "práticas de medição de
14 Auxilio no planejamento de longo prazo desempenho", os seguintes aspectos:
15 Validação de procedimentos para contratação Decisões Administrativas: promoções, desligamentos, incrementos sa-
lariais e outros. Entende que, nesse particular, a vinculação entre altos
16 Justificar outras ações gerenciais desempenhos e incrementos salariais mostram-se efetivos – baseiam-se na
teoria da expectância.
Retroinformação e Desenvolvimento: levar ao conhecimento dos em-
A pesquisa aponta que o supervisor imediato é o "avaliador-chave" e a pregados o desempenho obtido em relação às expectativas da organiza-
sua opinião é decisiva para a avaliação final; enquanto que as decisões ção. Concomitantemente, utiliza-se os resultados para verificar as necessi-
estratégicas são realizadas no nível corporativo – como efetuar, ter ou não dades de melhorias, proporcionando aos gerentes a possibilidade de prepa-
avaliações, definição do papel (mérito, incentivos). Indica, ainda, que, ração do subordinado para a execução das tarefas ou de treinamento.
apesar da conscientização da validade de efetuar-se as avaliações, pouco
tempo é dispendido na atividade. Em média, gasta-se por empregado, por Avaliação das Políticas de Recursos Humanos: compreensão da forma
ano, oito horas. A razão básica para tal, deve-se ao fato de os gerentes, como as políticas e os programas de Recursos Humanos estão influencian-
mesmo entendendo a importância da Avaliação de Desempenho, a terem do as pessoas no trabalho.
como uma "tarefa desagradável". Chiavenato (1994, p.267) aponta como "objetivos intermediários" da
Os resultados da pesquisa citada, por outro lado, apontam que apenas Avaliação de Desempenho, basicamente àqueles citados anteriormente,
10% dos empregados não recorrem dos procedimentos. A Tabela 3.2, como por exemplo: promoções, treinamento, incentivo salarial, estímulo à
apresenta as razões pelas quais empregados e gerentes antipatizam com o maior produtividade, retroação, transferências, dispensas, e outros. Por
processo de Avaliação de Desempenho. outro lado, lista três "objetivos fundamentais" , a saber:
Medição do potencial humano.
Administração dos recursos humanos ( vistos como recursos básicos
Tabela 3.2 Razões para aversão ao processo de Avaliação da organização).
(adaptada de Thomas e Bretz, Jr., 1994)
Oportunizar o "crescimento" e fornecer "condições de efetiva participa-
1 Raramente eles possuem qualquer senso de propriedade. ção" na obtenção dos objetivos organizacionais e individuais.
Eles não são envolvidos do design ou na administração do Lucena (1992, p. 18) relaciona alguns pontos que, no seu entendimen-
sistema, não são treinados para usá-lo e tampouco para to, evidenciam a importância da gerência do desempenho:
fornecerem um feedback.
Necessidade da organização saber se seus objetivos estão sendo al-
2 Os gerentes não gostam de "entregar" mensagens negati- cançados.
vas às pessoas com quem trabalham. Mensagens negativas
tendem a gerar reações defensivas e hostilidades antes de Necessidade de assegurar-se de que o desempenho ( indivíduo e e-
servir como resposta sobre o desempenho. quipe) está a contento.
Necessidade de reconhecimento da "contribuição" dos empregados.
3 Empregados e gerentes reconhecem que entregando men-
sagens negativas afetam-se as relações pessoais. Promoção do "desenvolvimento de habilidades" e "capacitação" dos
empregados.
4 Há poucas recompensas formais para tornar o processo de
avaliação sério. Há maiores recompensas informais para Tem-se com isso, uma concordância com relação aos propósitos da
não entregar mensagens impopulares. Avaliação de Desempenho e, por consequência, as razões do seu uso.
Pode-se observar, de antemão, que os aspectos mencionados por Berga-
5 Os gerentes hesitam em dar avaliações desfavoráveis por mini (1992), Chiavenato(1994 e 1998) e Lucena(1992), estão contemplados

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nas informações destacadas na pesquisa apresentada por Thomas e Bretz, Thomas e Bretz, Jr. (1994), a partir da pesquisa da Cornell University,
Jr. (1994). A aplicação da Avaliação de Desempenho resulta prioritariamen- apresentam a estratificação constante da Tabela 3.3.
te para ações sobre os empregados, caracterizando-se, dessa forma, como
instrumento típico de ARH, para mostrar-se, eventualmente, um instrumen-
to de apoio à gestão dos negócios. Tabela 3.3 Formas de Avaliação de desempenho nas 100
As constatações da pesquisa citada, quanto à rejeição ao processo de maiores empresas dos Estados Unidos (adaptada de Thomas
avaliação, têm sentido ao se observar as destinações apresentadas. e Bretz, Jr., 1994)

3.1.2 Métodos e instrumentos usuais na Avaliação de Desempenho Cargos Gerenci- Escalas Escalas Outras
amento Gráficas Baseadas Formas
Qualquer pesquisa que procure identificar os métodos e instrumentos por obje- em Com-
utilizados, fatalmente irá apresentar como resultado um número de práticas tivos porta-
aproximado ao de organizações pesquisadas. mento
Bergamini (1992) apresenta dois grupos de instrumentos: os de avalia-
ção direta ou absoluta, em que o indivíduo é considerado o "centro de Gerentes 80 16 SR 4
interesse" do avaliador, sendo observado seu padrão de desempenho em
Profissio- 70 23 SR 7
contraposição ao que é desejável no seu trabalho. O segundo grupo diz
nais
respeito à avaliação relativa ou por comparação, em que o indivíduo é
posicionado num grupo de trabalho (sua equipe) e verificado seu "nível de Não 31 32 14 23
eficiência". Considera a escolha de um desses métodos como sendo "par- exemplifi-
cial e perigosa", afirmando haver necessidade de uso dos dois grupos. cado
Para o primeiro grupo, os instrumentos mais conhecidos são:
SR= Sem referência
a) Relatórios Verbais: descreve-se o "comportamento" de cada indiví-
duo no trabalho. Pode-se observar que há a preponderância dos sistemas baseados em
b) Relatórios Escritos: descreve-se o "comportamento" de cada indi- objetivos e um pequeno grupo usando os métodos tradicionais como Escala
víduo, sob forma de relatório. Gráfica e outros métodos.

c) Composição de Gráficos Analíticos: a partir de um conjunto de cri- Vale observar, porém, que Lefton (1977) não considera o gerenciamen-
térios pré-estabelecidos, o avaliador apenas identifica onde se enquadra o to por objetivos (MBO) propriamente como um método de Avaliação de
avaliado. Liga-se os pontos e tem-se uma descrição do perfil do avaliado. Desempenho de Recursos Humanos. Entretanto, os dados apresentados
na Tabela 3.3 são significativos para demonstrar a ênfase que as empresas
d) Padrões Descritivos: a partir de um conjunto de características de imprimem à Avaliação de Desempenho e seus propósitos associados com
cargos específicos, o avaliador deverá apontar a afirmativa que "melhor metas determinadas previamente.
descreve o avaliado".
Servindo-se do conceito de Lefton (1977) para o MBO, qual seja a de
e) Lista de Verificação: a partir de uma série de frases, o avaliador "um sistema para a obtenção de objetivos organizacionais por atribuições
deverá identificar as que "melhor descrevem o avaliado". específicas, mensuráveis, metas conectadas a indivíduos específicos na
organização", não deixam de ser significativos os resultados encontrados
Para o segundo grupo, os instrumentos mais conhecidos são:
na pesquisa. Há um claro destaque, tanto para o nível gerencial quanto de
a) Sistema de Classificação: o avaliador terá que identificar no grupo outros profissionais, ao uso dos sistemas voltados para resultados. Por
o melhor e o pior dos indivíduos, dentro de uma escala. outro lado, as avaliações com base em critérios comportamentais não são
apontadas como de uso corriqueiro - muito pelo contrário.
b) Comparação Binária ou por Pares: o avaliador compara o avaliado
com outro do grupo, "em cada traço ou característica de desempenho". 3.2. A MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO
c) Sistema de Avaliação Forçada: utilizada especialmente com gran- A rigor, quando se trata de medir desempenho, procura-se informações
des grupos e pela dificuldade de se usar a Comparação Binária. O avalia- sobre um período passado e de acordo com Sink e Tuttle (1993), esbarra-
dor deve agrupar os avaliados em conjuntos semelhantes e a partir de uma se em uma série de "paradigmas" e "barreiras". As considerações levanta-
escala, compará-los. das pelos dois autores e que, de forma comum, são referenciadas por
aqueles que tratam da ADRH, dizem que:
Chiavenato (1994, p.269), ao discutir os métodos de avaliação de de-
sempenho, observa que as técnicas podem variar de empresa para empre- a) os processos de medição são vistos como ameaça;
sa bem como dentro de cada uma delas. O que importa efetivamente é que b) os processos são intimidadores;
o modelo utilizado atenda os objetivos a que se propõe. Ressalta, com base
na argumentação de R.K.Stolz, que "as avaliações de desempenho, para c) os processos são imprecisos;
serem eficazes, devem basear-se inteiramente nos resultados da atividade
do homem no trabalho e nunca apenas em suas características de persona- d) os critérios são amplos;
lidade". e) outros.
Com relação aos métodos possíveis de serem usados pelas organiza- De certa forma, como mostram Thomaz e Bretz, Jr. (1994), com os re-
ções, Chiavenato, com base em Huse e Bowditch, divide em dois grupos, a latos da pesquisa (Tabela 3.2), o processo de medição de desempenho
exemplo de Lucena(1992), com as seguintes características: os de medidas caminha sobre uma linha tênue, onde os agentes envolvidos apresentam-
objetivas e os de medida subjetiva. se em lados opostos. Essa característica, como pode-se observar ao longo
No primeiro grupo, tem-se o uso do absenteísmo e da produtividade e deste Capítulo, marca de forma crítica o processo de avaliação e concorre
no segundo grupo, destacam-se as técnicas da Escala Gráfica; das Listas para o insucesso. A propósito, as observações apontadas na Tabela 3.2,
de Verificação; das Escalas de Escolha Forçada; das Escalas de Incidentes mostram tal viés. A falta de "sintonia" entre gerentes e suas equipes, trans-
Críticos; do Método de Classificação e do método de Distribuição Forçada. forma o processo em "ajuste de contas", como já mencionado.

Uma outra técnica, distinta das apresentadas nos dois grupos citados é A razão básica dessa situação, a princípio, é óbvia, porém, as diferen-
sugerida e refere-se a Simulações. Nesse método, avalia-se o indivíduo a ças entre os métodos utilizados para a medição do desempenho são de-
partir de exercícios de simulação. terminantes para a confusão.

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Nesse sentido, é lamentável a pouca evolução dos estudos da ARH. A alterados e a organização dos recursos modificada. A máxima "o que não é
letargia verificada não condiz com as transformações das formas de admi- medido não é gerenciado", tem aqui sua justificativa.
nistração dos negócios, tampouco com as tecnologias que cercam os
trabalhadores de um modo geral. Kaplan e Norton(1997,p.25) observam que medidas e indicadores são
tomados inadequadamente como "ferramenta para controle do comporta-
Sink e Tuttle (1993) apresentam algumas ideias que, tratando-se da mento e avaliação do desempenho passado", quando deveriam servir de
medição de desempenho, necessitam ser analisadas e, tanto quanto possí- mecanismo para "articular a estratégia da empresa, para comunicar essa
vel, usadas como referência ao desenvolver-se um processo de Avaliação estratégia e para ajudar a alinhar iniciativas individuais, organizacionais e
de Desempenho de Recursos Humanos. As principais são relacionadas a interdepartamentais, com a finalidade de alcançar uma meta comum".
seguir:
Moreira (1996, p.19) informa que "a rigor, então, qualquer sistema de
a) os processos de medição devem apontar para atividades desen- medidas deveria partir de uma visão de futuro que a organização tenha
volvidas pelas pessoas, sem que permita dúvidas ou interpretações equivo- fixado para si". Antepondo-se a essa consideração, observa que
cadas;
"a tendência que se desenha para o futuro é colocar no centro de um
b) mesmo quando tratar-se de medidas objetivas não significa que a sistema de medidas a visão e a estratégia que orientam a empresa, sem a
precisão deva estar presente. A preocupação reside na confiabilidade das especificação de comportamentos. A alta gerência sabe qual o resultado
informações, sobretudo pelas diferenças existentes nos processos de final buscado, mas não pode dizer aos empregados como chegar exata-
trabalho e nos resultados; mente àquele resultado, no mínimo porque as condições nas quais os
empregados estão operando mudam constantemente" (Moreira, 1996.
c) não se deve dar ênfase a um indicador apenas. Tal aspecto deve P.18).
ser considerado, evitando-se que, ao enfatizar-se apenas um indicador,
outros aspectos relevantes sejam negligenciados e transformem ainda mais 3.2.2 Padrões de desempenho
o desempenho do sistema. Além disso, se o fator destacado não tiver
significado considerável para o processo, há um deslocamento de foco e as Uma vez que as organizações caminhem no sentido de avaliar o de-
informações obtidas serão inservíveis para a Avaliação de Desempenho. sempenho de seus recursos, entende-se a etapa de medição como algo
inerente. Contudo, o simples fato de medir pode tornar-se algo pouco
De modo a dar à questão da medição a importância devida, Sink e Tut- significativo ou sem valor.
tle (1993) consideram essencial que ao tratar-se da medição do desempe-
nho, haja uma compreensão do que seja o desempenho pretendido e quais O padrão de desempenho pode ser entendido como "um valor escolhi-
os diversos critérios ou dimensões do mesmo. do para uma grandeza, o qual deverá servir como um referencial para
comparação" (Moreira, 1996,p.24), proporcionando condições para a efetiva
A medição do desempenho é, portanto, uma etapa significativa, princi- Avaliação de Desempenho. Horgreen, Foster e Datar (1994) ressaltam que
palmente porque, de modo tácito, tem-se um conjunto de requisitos que um padrão representa um bom nível ou o melhor nível de desempenho.
previamente precisam ser especificados e desenhados. Com bastante
propriedade, os autores destacados fazem uma analogia dos sistemas Outras concepções de padrão de desempenho existem, como obser-
organizacionais com um avião. Isto é, os instrumentos de navegação não vam Kane e Freeman (1997), mas quando se trata de distinguir a avaliação
são projetados durante o vôo. As medições ocorrem antes, durante e de desempenho da medição, o padrão de desempenho deve ser entendido
depois de um vôo. Os detalhes são "pensados" previamente. como "um nível de efetividade requerido para a classificação em categorias.
Os padrões podem ser vistos ou concebidos como uma interface entre a
3.2.1 As razões para medir o desempenho medição e avaliação de desempenho".
Ressaltou-se no Capítulo 2 as razões pelas quais defende-se a adoção Kane e Freeman (1997) salientam, ainda, que padrões de desempenho
do processo de Avaliação de Desempenho de Recursos Humanos; como diferem e distinguem-se de benchmarks e de "âncoras" usados para a
fazê-la é a tarefa que inspira este trabalho. medida de desempenho. Observam que esses "elementos" gerenciais e
comparativos são úteis para uso em escalas de medida de desempenho,
Quando se tem o propósito de avaliar desempenho, quer de um siste- para exemplificar o nível de efetividade demarcado a cada nível de uma
ma organizacional, quer de equipes de trabalho, a medição é um fator escala numérica.
inerente ao "funcionamento" dos mesmos. Portanto, a decisão de avaliar
"desempenho" traz consigo a necessidade de se efetuarem medições e de Dessa forma, o estabelecimento de padrões de desempenho merece
acordo com Sink e Tuttle (1993, p.145), a medição "muitas vezes é implíci- considerável atenção pelas implicações que promove na Avaliação de
ta, muitas vezes evitada e quase sempre mal compreendida". Desempenho. Não é por outro motivo que os autores (Kane e Freeman)
consideram os padrões como uma "faca de dois gumes". Quando se trata
Levando–se em conta a perspectiva adotada nesse trabalho de "inter- de avaliar o desempenho de recursos humanos, há a possibilidade de se
venção", sob a ótica da estratégia organizacional, a avaliação de desempe- criarem situações de injustiça.
nho deverá ser efetuada com objetivos associados à verificação da forma
como a organização caminha para obtenção das metas e como os seus Sink e Tuttle (1993) salientam que, ao se estabelecer uma meta, não
processos/atividades se ajustam para tal(enquanto consomem recursos). se deve oferecer um valor que pareça impossível, tampouco, algo que não
represente um desafio aos que devem persegui-la. Um padrão de desem-
Constata-se que os sistemas organizacionais possuem um conjunto de penho, com isso, pode ser obtido nas próprias práticas organizacionais,
recursos, arranjados de formas diversas, para produzirem bens ou presta- levando-se em conta a capacidade dos recursos. Não há a necessidade de
rem serviços. A capacidade desses sistemas precisam ser conhecidas. A se buscarem padrões nas mesmas práticas de trabalho, porém, os critérios
medição e avaliação, por consequência, possibilitam identificar se os recur- para tal devem ser os mesmos.
sos estão sendo utilizados de forma adequada para os resultados pretendi-
dos. Moreira (1996), reconhecendo a importância dos padrões de desempe-
nho, propõe algumas questões visando solucionar um possível problema
A medição traduz, sob uma forma escolhida, o desempenho do siste- quando o sistema organizacional baseia-se somente em fatores internos,
ma. Num ambiente em que as transformações dos negócios ocorrem de das quais pode-se destacar:
modo intenso, um desempenho satisfatório, em determinado período, pode
se transformar, se não houver mudanças, em fator de perda de competitivi- a) Como fixar o padrão interno e como atualizá-lo?
dade ou em manutenção de processo onerosos (pouco eficientes) para os
b) Como o padrão interno situa-se em relação aos resultados do mer-
clientes logo a seguir.
cado ou sistemas correlatos?
Outro aspecto, capaz de justificar a necessidade das medições de de-
c) Como o padrão situa-se em relação à expectativa dos clientes?
sempenho, reside no fato das estratégias serem mutáveis ao longo do
tempo. Isto é, os sistemas organizacionais podem manter suas missões, d) Como o padrão pode ser comparado a outros padrões externos?
todavia as formas, os métodos e os meios, para atendê-las, podem ser

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Observa Moreira (1996) que os padrões são e devem ser mutáveis, os seus desempenhos resultam da forma como os recursos "desempenham
não devendo ter a "conotação de nível desejado". Harrington (1997, p.74) suas funções".
considera que "o único padrão de desempenho aceitável é o desempenho
ótimo isento de erros". Para ele (Harrington), o ótimo deriva de tomadas de Conforme Hronec(1994), as medidas de desempenho podem ser divi-
decisões a partir das "opções disponíveis (...) embora somente uma propor- didas em três categorias, observando-se que as mesmas se interrelacio-
cione os melhores resultados". nam, como mostrado na figura 3.1:

Ao tratar-se de sistemas organizacionais, com o uso de recursos diver- a) Qualidade (excelência do produto/serviço).
sos, o melhor desempenho está relacionado com o melhor aproveitamento b) Tempo (excelência do processo).
dos recursos para a obtenção dos resultados esperados. Reduzindo-se a
questão somente para o âmbito das pessoas, os padrões de desempenho c) Custo (lado econômico da excelência).
definem-se a partir da associação entre habilidades e exigências das ativi-
dades desempenhadas. "A linha básica usada pelo gerente é o nível de
desempenho exigido pela descrição do cargo e/ou pelo cliente do empre-
gado. (...) o conceito de desempenho médio é completamente ignorado"
(Harrington, 1997, p.279).
O projeto de Avaliação de Desempenho deve levar em consideração as
características do sistema organizacional e dos recursos que o mesmo
utiliza para obter resultados( Band, 1997). Os padrões de desempenho
deverão , com isso, contemplar a composição dos recursos do sistema e
dos produtos e serviços que o mesmo possibilita obter, a partir de determi-
nado nível de atividade. Figura 3.1 Família de medidas e relacionamentos
(adaptada de Hronec, 1994, p.17)
Visto dessa forma, torna-se vital para os sistemas organizacionais, a
forma de medição dos resultados das atividades e, sobretudo, da capacida- A ADRH, assim, consiste na análise das medidas de desempenho, a
de dos recursos. partir de padrões previamente definidos ou mesmo obtidos durante os
períodos em que as pessoas exercem suas funções. Com base nas "famí-
3.3 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO lias de medidas" apresentadas na Figura 3.1 (custo, qualidade e tempo),
O entendimento de que a Avaliação de Desempenho de uma organiza- podem ser estabelecidos padrões de desempenho para a elaboração de
ção deve estar vinculada com a sua estrutura e seus objetivos não é recen- produtos ou prestação de serviços e, assim, efetuarem-se as avaliações de
te, conforme se constata em McGregor (1960), Lefton (1977), Heneman III desempenho.
(1980)e Drucker (1981. Especificamente no que se refere ao desempenho A avaliação de desempenho torna-se uma confrontação de medidas de
humano, essa concepção de associação entre ações das pessoas e objeti- desempenho, metodologicamente, com resultados, expectativas, padrões
vos e metas organizacionais também é manifestada por alguns autores ou outros parâmetros, para um período considerado.
como Bergamini (1992), Chiavenato(1994 e 1998), Lucena (1992), Harring-
ton (1997), os quais enfatizam tal proposição. 3.3.1 Gerenciamento do desempenho
A Avaliação de Desempenho, portanto, assume um caráter maior e pe- De acordo com Lucena (1992), a etapa de gerenciamento do desem-
culiar. Ou seja, mais que um mecanismo típico das áreas de recursos penho se constitui do "ponto crítico" do processo de Avaliação de Desem-
humanos, torna-se um componente essencial e necessário do planejamen- penho.
to estratégico organizacional. Harrington, (1997, p.277) observa que "(...) o
Essa condição decorre em função da capacidade do avaliador, que, de
plano de desempenho do indivíduo deve basear-se em como o desempe-
forma ampla, possui influência não somente sobre a figura do avaliado, mas
nho individual vai suportar o plano de negócios da organização".
em toda a organização pela repercussão das ações que possam se originar
Entretanto, a Avaliação de Desempenho, deve ser interpretada distin- do processo. Na etapa do gerenciamento(ou acompanhamento) do desem-
tamente do processo de medição. A avaliação, conforme observam Kane e penho, está em jogo o sucesso de um empreendimento – razão da Avalia-
Freeman (1997), em contraste com a medição, é uma espécie de "guia" ção de Desempenho.
que possibilita verificar o nível de determinados atributos; não é uma medi-
A organização deve assegurar-se de que as formas de utilização dos
da, mas um processo de classificação. Uma avaliação é feita com base em
seus recursos estejam concorrendo para o alcance das metas e objetivos
uma ou mais medidas. A medição é um componente do processo de avali-
propostos. Caso constate disfunções ou desajustes, deverá efetuar mudan-
ação.
ças e arranjos desses recursos ou mesmo buscar novos.
Com a compreensão de que o desempenho de uma pessoa decorre de
A conjugação de fatores que interagem nessa etapa e, por consequên-
suas ações, as quais produzem resultados, a Avaliação de Desempenho
cia, as possibilidades de adequações e composições possíveis, exigirão
deve ser utilizada na verificação dos "efeitos" dessas ações no trabalho e
ações e decisões dos avaliadores e gerentes. Sob o ponto de vista dos
na verificação das "causas" desses efeitos (Lefton, 1977).
recursos humanos, Lucena(1992, p.21) aponta quatro componentes bási-
Segundo Lefton (1977), na ADRH, não há porquê considerar-se "coi- cos que afetam o desempenho:
sas" feitas no trabalho que não afetam os resultados. As pessoas podem
a) qualificação profissional;
realizar ou encaminhar ações que não afetam os resultados de atividades
ou processos. b) cultura organizacional;
Essa observação é importante quando se enfatiza demasiadamente cri- c) estilo gerencial;
térios comportamentais, descaracterizando o processo de avaliação do
desempenho no trabalho. Heneman III (1980) considera que restringir a d) ambiente externo.
avaliação de desempenho ao uso de fatores comportamentais, acaba De forma mais explicativa , considera-se que, numa função, os desem-
comprometendo a validade da mesma. penhos dos indivíduos são afetados por suas qualificações profissionais e
Se as medidas de desempenho podem ser vistas como os "sinais vi- pelo ambiente. O desempenho esperado deve ser condizente com as
tais" de uma organização (Hronec, 1994), a avaliação de desempenho pode habilidades e capacitação dos mesmos.
ser entendida como uma análise dessas medidas, em relação aos impactos Por outro lado, a cultura organizacional corresponde a um componente
no alcance das metas estabelecidas. de dimensão considerável. Kotter e Heskett (1994) apontam para a existên-
Embora se aceite que as organizações atinjam objetivos através da a- cia de dois níveis, quando se trata da cultura organizacional e de seus
locação e do uso de recursos diversos, por meio de processos e atividades, efeitos. O primeiro, de difícil mudança, refere-se ao que é "mais profundo e

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menos visível", qual seja, aos valores compartilhados e que moldam o ênfase dada ao processo, de caráter "controlador" das pessoas é que
comportamento dos grupos de pessoas, tornando-se arraigados ao longo merece maiores citações.
do tempo. O segundo, refere-se ao que é "mais visível", diz respeito ao que
é "padrão" ou "estilo" da organização e é seguido pelas pessoas. Esse nível Outro aspecto que merece consideração é a transformação do proces-
é de mudança mais fácil. so num evento em que avaliadores e avaliados entram em conflito, dada a
forma de julgamento que se reveste o processo.
Já o estilo gerencial é sentido no dia a dia. Aflora nas relações chefe-
subordinado e como as mesmas se desenvolvem é fator destacado para o Mais recentemente, tem sido usado como argumento as posições de
desempenho. É bom salientar que esse aspecto tem merecido atenções Deming, por aqueles que "militam no movimento da qualidade". A lógica
diversas da área de Administração e as controvérsias são inúmeras. defendida por Deming para criticar o processo, de acordo com a Equipe
Coopers & Lybrand (1996) e também Sink e Tuttle (1993), dá-se em razão
O outro ponto a ser considerado e que se tornou decisivo para as or- dos próprios desvios que o processo toma por questões gerenciais.
ganizações, constitui-se do ambiente externo. Esse, tem moldado as estra-
tégias organizacionais e influenciado de forma definitiva a organização dos Como observa, com propriedade, Lucena (1992), as limitações geren-
trabalhos. A capacidade dos indivíduos apreenderem os movimentos do ciais ("falta de visão estratégica", "despreparo para o relacionamento inter-
ambiente externo tornou-se fundamental para as organizações – sobretudo pessoal", "centralização", "processo decisório lento") dificultam o processo
as que se inserem em mercados competitivos. de Avaliação de Desempenho.

Tem-se, em suma, a fundamentação para qualificar a etapa de geren- Dessa forma, os três pontos apontados pela Equipe Coopers & Ly-
ciamento do desempenho como aspecto-chave do processo de Avaliação brand (1996) como críticos, na visão de Deming, consistem de:
de Desempenho. a) foco distorcido": a atenção deve ser voltada para os processos ou
3.3.2 Avaliação Individual X Equipes sistemas, não para as pessoas;

A questão posta nesses termos não exclui a possibilidade dos sistemas b) "controle dos resultados": boa parte das situações de trabalho in-
organizacionais utilizarem-se das duas formas de avaliação. O modo de dependem do avaliado e de suas ações;
organização dos trabalhos, num primeiro instante, deve ser o fator determi- c) "metas numéricas": as metas podem transformar-se em limitações
nador da metodologia aplicável. Sob outro prisma, a estrutura organizacio- às melhorias, tão logo sejam atingidas.
nal tem implicação no projeto da ADRH.
O enfoque empreendido nesse trabalho, procura subverter tais críticas.
Conforme observa a Equipe Coopers & Lybrand (1996), o uso dos mé- A Avaliação de Desempenho é vista e tratada como uma intervenção
todos de avaliação individual possuem maior validade e utilidade onde estratégica, orientada para a melhoria.
existem estruturas organizacionais hierarquizadas. Nesses casos, o foco
pode ser voltado para o trabalho individual, o qual é "controlado e avaliado Conclui-se que os "modelos" tradicionais de ADRH precisam ser criti-
pelo chefe". cados e reformulados, repousando seus projetos sobre as estratégias
organizacionais.
Nas organizações que operam com características celularizadas e o fo-
co está voltado para processos, a abordagem é distinta do caso anterior. As Ao mesmo tempo, deve-se empreender esforços para transformar a vi-
equipes merecem maiores atenções. são do "ajuste de contas" para um esforço voltado às melhorias. Os princi-
pais elementos desse enfoque distorcido residem nas ações gerenciais e
Portanto, cada sistema de trabalho poderá adotar formas diferentes de como assinala Chiavenato (1998, p.144), "a falha da avaliação de desem-
avaliação. Todavia, como existe a tendência das organizações efetuarem o penho é exatamente a falha da administração em definir claramente objeti-
gerenciamento dos processos e atividades, a orientação para a avaliação vos e estabelecer técnicas específicas de avaliação do desempenho desig-
coletiva é enfatizada. Como salienta Cohen, apud Galbraith (1995, p.168), nada para alcançar objetivos".
"as equipes de trabalho estão na ordem do dia. As organizações têm expe-
rimentado um ressurgimento do interesse em utilizar o mecanismo de 3.4 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO
equipes e de trabalho em equipe como alicerce básico para o desempe- Neste capítulo buscou-se contextualizar a ADRH nas organizações, en-
nho". fatizando-se os posicionamentos dos principais autores brasileiros que
As razões apontadas para tal, também compartilhadas por Nadler, tratam da questão e, ao mesmo tempo, observar as formas de proposição
Gerstein e Shaw (1994), residem nos desafios competitivos que levarão as de sistemas de avaliação e os instrumentos usuais.
organizações a novas arquiteturas, inclusive no tocante a força de trabalho. Destaca, por sua vez, a pesquisa realizada pela Cornell University, a-
A bibliografia explorada não apresenta referências explícitas quanto a presentada por Thomas e Bretz, Jr. (1994), a qual serve para demonstrar a
preponderância de uma forma sobre a outra, mas pelo modo de estrutura amplitude de uso e propósitos da ADRH.
dos sistemas organizacionais, hierarquizados, deduz-se que haja um pre- Os posicionamentos dos autores contemplados neste estudo reforçam
domínio das avaliações individuais, embora Margerison, McCann e Davies os entendimentos elucidados no capítulo anterior, sobretudo, quando
(1995) apontem às equipes como foco dos processos de Avaliação de procura-se vincular o processo e os métodos de avaliação com as estraté-
Desempenho, pelas próprias exigências dos clientes, com relação aos gias organizacionais.
produtos/serviços.
Fica evidenciado que as técnicas de avaliação estão ancoradas em ba-
Bretz, Jr., Milcovich e Read (1992), ao efetuarem um estudo sobre as ses comportamentais, tornando a ADRH pouco objetiva e posta sob suspei-
práticas e recursos relativos à avaliação de desempenho, com base nas ta pelos avaliados.
publicações especializadas dos Estados Unidos, não chegam a apontar
qualquer sinal da forma mais empregada. Corroboram, entretanto, as Posto dessa forma, reforça-se a argumentação da necessidade de rea-
conclusões de Thomas e Bretz, Jr. (1994), da "preferência" pelo MBO. valiação de uso do processo e do design dos instrumentos.
Uma constatação de Bretz, Jr., Milcovich e Read (1992), no entanto, é, Por esses motivos, apontou-se um conjunto de preceitos que devem
decididamente, representativa da importância da Avaliação de Desempe- servir de orientação, tanto na medição quanto na avaliação de desempe-
nho: elas (as avaliações) deixaram de ser vistas como eventos isolados e nho, conforme orientam Sink e Tuttle (1993). Ao mesmo tempo, comparti-
transformaram-se em processos inerentes ao funcionamento das organiza- lha-se com os ensinamentos de Kaplan e Norton (1997), ao proporem a
ções. efetiva ligação da avaliação com as iniciativas (organizacionais, individuais
e interdepartamentais), numa visão de futuro e desligadas de situações
3.3.3 Críticas ao processo de Avaliação de Desempenho passadas. Assim, a ADRH configura-se como instrumento de gestão,
As ponderações apresentadas pelos críticos do processo de avaliação enquanto possibilita o monitoramento do uso dos recursos.
de desempenho residem, basicamente, sobre a natureza do mesmo. A Destarte, a etapa de gerenciamento do desempenho é apontado como
crítica, não sem motivos. A correta avaliação e adoção de medidas correti-

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vas possibilita que as organizações atinjam seus objetivos. Ações gerenci- J. Padrões de desempenho: também chamada de padrões de traba-
ais, advindas de erros de avaliação, por sua vez, podem comprometer e lho é quando há estabelecimento de metas somente por parte da organiza-
afetar desempenhos futuros. ção, mas que devem ser comunicadas às pessoas que serão avaliadas.
Em função dessas particularidades, destaca-se os posicionamentos de K. Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de compor-
Schein (1972), de Kotter e Heskett (1994), quanto aos fatores culturais tamentos descritos como ideais ou negativos. Assim, assinala-se “sim”
inerentes a cada organização. http://www.eps.ufsc.br/ quando o comportamento do colaborador corresponde ao comportamento
descrito, e “não” quando não corresponde. É diferente do método da Esco-
Métodos de avaliação de desempenho lha e distribuição forçada no sentido da não obrigatoriedade na escolha das
Existem vários sistemas, ou métodos, de avaliação de desempenho. frases.
Os métodos mais tradicionais de avaliação de desempenho são: Uma mudança marcante nos métodos de avaliação é a passagem do
A. Escalas gráficas de classificação: é o método mais utilizado nas avaliado como ser passivo para ser agente. Além disso, a introdução do
empresas. Avalia o desempenho por meio de indicadores definidos, gradu- conceito de competência, compreendido como “o conjunto de conhecimen-
ados através da descrição de desempenho numa variação de ruim a ex- tos, habilidades e atitudes do indivíduo” (ZARIFIAN, apud SOUZA, 2005,
cepcional. Para cada graduação pode haver exemplos de comportamentos p.96) levou à criação de novas formas de avaliar as pessoas em uma
esperados para facilitar a observação da existência ou não do indicador. organização:
Permite a elaboração de gráficos que facilitarão a avaliação e acompanha- A. Avaliação 360 graus: neste método o avaliado rece-
mento do desempenho histórico do avaliado. be feedbacks (retornos) de todas as pessoas com quem ele tem relação,
B. Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação dos indiví- também chamados de stakeholders, como pares, superior imediato, subor-
duos através de frases descritivas de determinado tipo de desempenho em dinados, clientes, entre outros.
relação às tarefas que lhe foram atribuídas, entre as quais o avaliador é B. Avaliação de competências: trata-se da identificação de compe-
forçado a escolher a mais adequada para descrever os comportamentos do tências conceituais (conhecimento teórico), técnicas (habilidades) e inter-
avaliado. Este método busca minimizar a subjetividade do processo de pessoais (atitudes) necessárias para que determinado desempenho seja
avaliação de desempenho. obtido.
C. Pesquisa de campo: baseado na realização de reuniões entre um C. Avaliação de competências e resultados: é a conjugação das
especialista em avaliação de desempenho da área de Recursos Humanos avaliações de competências e resultados, ou seja, é a verificação da exis-
com cada líder, para avaliação do desempenho de cada um dos subordina- tência ou não das competências necessárias de acordo com o desempenho
dos, levantando-se os motivos de tal desempenho por meio de análise de apresentado.
fatos e situações. Este método permite um diagnóstico padronizado do
desempenho, minimizando a subjetividade da avaliação. Ainda possibilita o D. Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho futuro, identi-
planejamento, conjuntamente com o líder, do desenvolvimento profissional fica as potencialidades do avaliado que facilitarão o desenvolvimento de
de cada um. tarefas e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita a identificação de
talentos que estejam trabalhando aquém de suas capacidades, fornecendo
D. Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam desempe- base para a recolocação dessas pessoas.
nhos altamente positivos (sucesso), que devem ser realçados e estimula-
dos, ou altamente negativos (fracassos), que devem ser corrigidos através E. Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert S. Kaplan e
de orientação constante. O método não se preocupa em avaliar as situa- David P. Norton na década de 90, avalia o desempenho sob quatro pers-
ções normais. No entanto, para haver sucesso na utilização desse método, pectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e
é necessário o registro constante dos fatos para que estes não passem crescimento. São definidos objetivos estratégicos para cada uma das
despercebidos. perspectivas e tarefas para o atendimento da meta em cada objetivo estra-
tégico.
E. Comparação de pares: também conhecida como comparação biná-
ria, faz uma comparação entre o desempenho de dois colaboradores ou Avaliação de Desempenho: objetivos, métodos, vantagens e des-
entre o desempenho de um colaborador e sua equipe, podendo fazer o uso vantagens
de fatores para isso. É um processo muito simples e pouco eficiente, mas
A avaliação de desempenho humano pode ser efetuada por intermédio
que se torna muito difícil de ser realizado quanto maior for o número de
pessoas avaliadas. de técnicas que podem variar intensamente, não se de uma organização
para outra mas dentro da mesma organização quer se trate de níveis
F. Auto-avaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado com rela- diferentes de pessoal ou áreas de atividades diversas. Geralmente as
ção a sua performance. O ideal é que esse sistema seja utilizado conjunta- sistemática avaliação de desempenho humano atende a determinados
mente a outros sistemas para minimizar o forte viés e falta de sinceridade objetivos, traçados com base uma política de RH.
que podem ocorrer.
Assim, como as políticas de RH variam conforme a organização, não é
G. Relatório de performance: também chamada de avaliação por es- de se estranhar que cada organização desenvolva a sua própria sistemática
crito ou avaliação da experiência, trata-se de uma descrição mais livre para medir a conduta de seus empregados. Como , de maneira geral, a
acerca das características do avaliado, seus pontos fortes, fracos, potencia- aplicação do pessoal é definida conforme o nível e as posições dos cargos,
lidades e dimensões de comportamento, entre outros aspectos. Sua des- geralmente as organizações utilizam mais de uma avaliação de desempe-
vantagem está na dificuldade de se combinar ou comparar as classificações nho. E relativamente comum encontrar organizações que desenvolvem
atribuídas e por isso exige a suplementação de um outro método, mais sistemáticas específicas conforme o nível e as áreas de distribuição de seu
formal. pessoal. Cada sistemática atende a determinados objetivos específicos e a
determinadas características das várias categorias de pessoal. A que diga
H. Avaliação por resultados: é um método de avaliação baseado na que a avaliação de desempenho no fundo não passa de uma boa sistemáti-
comparação entre os resultados previstos e realizados. É um método ca de comunicações, atuando no sentido horizontal e vertical da organiza-
prático, mas que depende somente do ponto de vista do supervisor a ção.
respeito do desempenho avaliado.
As avaliação de desempenho, para serem eficazes devem basear-se
I. Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do alcance de inteiramente nos resultados das atividades do homem no trabalho e nunca
objetivos específicos, mensuráveis, alinhados aos objetivos organizacionais apenas em suas características de personalidade.
e negociados previamente entre cada colaborador e seu superior. É impor-
tante ressaltar que durante a avaliação não devem ser levados em conside- 1. Método da Escala Gráfica.
ração aspectos que não estavam previstos nos objetivos, ou não tivessem
Este método é incontestavelmente o método de avaliação mais utiliza-
sido comunicados ao colaborador. E ainda, deve-se permitir ao colaborador
sua auto-avaliação para discussão com seu gestor. do e divulgado. Aparentemente, é o método mais simples, mas sua aplica-

Gestão de Pessoas 81
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ção requer uma multiplicidade de cuidados, a fim de neutralizar a subjetivi- 2. ë um método fundamentalmente comparativo e discriminativo e a-
dade e o pré julgamento do avaliador que podem ter enorme interferência. presenta resultados globais; Discrimina apenas empregados bons, médios
e fracos, sem informações maiores;
Utiliza um formulário de dupla entrada, no qual as linhas representam
os fatores de avaliação de desempenho e as colunas representam os graus 3. Quando utilizado para fins de desenvolvimento de RH necessita de
de avaliação dos fatores. uma complementação de informações de necessidade de treinamento,
potencial de desenvolvimento etc.
Os fatores são selecionados para definir as qualidades a serem avalia-
das. Cada fator é definido com uma descrição simples e objetiva para não 4. Deixa o avaliador sem noção alguma do resultado da avaliação que
haver distorções. faz a respeito de seus subordinados.
Vantagens do método das escalas gráficas. 3. Método de auto avaliação
1. Permite aos avaliadores um instrumento de avaliação de fácil enten- É o método por meio do qual o próprio empregado é solicitado a fazer
dimento e avaliação simples. uma sincera analise de suas próprias características de desempenho. Pode
utilizar sistemática variadas, inclusive formulários baseados nos esquemas
2. Permite uma visão integrada e resumida dos fatores de avaliação, ou apresentados nos diversos métodos de avaliação de desempenho.
seja, das características do desempenho mais realçadas pela empresa e a
situação de cada empregado diante delas; e 4. Método da avaliação por resultados
3. proporciona pouco trabalho ao avaliador no registro de avaliação. Muito ligado aos programas de administração por objetivos, este méto-
do baseia-se numa comparação periódica entre os resultados fixados ou
Desvantagens do método das escalas gráficas.
esperados para cada funcionário e os resultados efetivamente alcançados.
1. Não permite muita flexibilidade ao avaliador que deve ajustar-se ao As conclusões a respeito dos resultados permitem a identificação dos
instrumento e não as características do avaliado; pontos fortes e fracos dos funcionários bem como as providências necessá-
rias para o próximo período. É sobre tudo um método prático, embora o seu
2. É sujeito a distorções e interferências pessoais dos avaliadores, que funcionamento dependa sobre maneira das atitudes e dos pontos de vista
tendem a generalizar sua preciação sob os subordinados para todos os do supervisor a respeito da avaliação do desempenho.
fatores de avaliação. Cada pessoa percebe e interpreta as situações se-
gundo seu “campo psicológico”. Esta interferência subjetiva e pessoal de 5. Métodos Mistos
ordem emocional e psicológica relevam alguns avaliados ao halo effecet ou As organizações recorrem a uma mistura de métodos na composição
afeto da esterotipação; do modelo de avaliação de desempenho por ter uma grande complexidade
3. Tende a rotinizar e bitolar os resultados das avaliações; em seus cargos. Os métodos de avaliação são extremamente variados, em
todos os aspectos, pois cada organização ajusta os métodos às sua peculi-
Necessita de procedimentos matemáticos e estatísticos para corrigir aridades e necessidades. Cada organização tem seus próprios sistemas de
distorções e influencia pessoal dos avaliadores. avaliação do desempenho adequado às circunstâncias, à sua história e a
2. Método Da Escolha Forçada seus objetivos. Idalberto Chiavenato

Desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial para a escolha de o- 11 Desenvolvimento e capacitação de pessoal.
ficiais a serem promovidos. Esse método, aplicado experimentalmente, 11.1 Levantamento de necessidades.
possibilitou resultados amplamente satisfatórios, sendo posteriormente 11.2 Programação, execução e avaliação.
adaptado e implantado em várias empresas. 11.3 Educação corporativa.
11.4 Desenvolvimento do capital intelectual.
Ele consiste em avaliar o desempenho dos indivíduos por intermédio
das frases descritivas de determinadas alternativas de tipos de desempe- Capacitação de Seres Humanos: o desafio das empresas brasilei-
nho individual. Em cada bloco, ou conjunto composto de duas, quatro ou ras
mais frases, o avaliador deve escolher obrigatoriamente apenas uma ou
Introdução
duas que mais se aplicam ao desempenho do avaliado.
O que mais se busca nas organizações hoje em dia é o envolvimento
a) Dentro de cada bloco há duas frases de significado positivo e duas
dos funcionários nas tarefas e objetivos empresariais. Atualmente, a busca
de significado negativo. O avaliador escolhe a frase que mais se aplica e a
que menos se aplica ao desempenho do avaliado. pela qualidade virou uma constante nas organizações, está havendo uma
grande necessidade em se fazer profundas modificações na estrutura
b) Em cada bloco há quatro frases de significado apenas positivo. São organizacional, no tocante, a proposta de programas de parcerias, incentivo
escolhidas as frases que mais se aplicam ao desempenho do avaliado. à participação dos empregados, treinamento intensivo, investimentos em
tecnologias e principalmente a preocupação com a qualidade de vida dos
No formulário com blocos de significados positivo e negativo, o avalia- funcionários. Uma vez que, colaboradores satisfeitos tornam-se mais produ-
dor localiza as frases que possivelmente contam pontos, podendo assim, tivos e geram satisfação aos clientes.
distorcer o resultado da avaliação. No entanto, no formulário com blocos de
significado apenas positivo, a presença de frases com um único sentido O que faz o diferencial de uma empresa hoje em dia, são as pessoas,
dificulta a avaliação dirigida, levando o avaliador a refletir e ponderar sobre pois é através de pessoas qualificadas que uma empresa se mantém firme
cada bloco, escolhendo a frase mais descritiva do desempenho do avalia- para atuar num mercado demasiadamente competitivo, composto por
do. clientes cada vez mais exigentes e conscientes de seus direitos. A tecnolo-
gia é de suma importância, porém não faz mais a diferença, uma vez que,
As frases são selecionadas por meio de um procedimento estatístico quem não a tem estará fora do mercado.
que visa verificar a adequação do funcionário à empresa.
É através deste contexto em que estamos inseridos que propomos de-
Vantagem do método da escolha forçada monstrar a importância de capacitar as pessoas, dentro de uma organiza-
1. Propicia resultados mais confiáveis e isentos de influencias subjeti- ção, enfatizando as vantagens, os pontos chaves para um eficaz planeja-
vas e pessoais, pois elimina o efeito da estereotipação (hallo effect); mento de um processo de capacitação e as avaliações dos resultados
alcançados.
2. Sua aplicação e simples e não exige preparo intenso ou sofisticado
dos avaliadores. A Importância de Capacitar as Pessoas dentro de uma Organiza-
ção
Desvantagens do método de escolha forçada
Se você continuar fazendo o que sempre fez, continuará obtendo os
1. Sua elaboração e montagem são complexas, exigindo um planeja- mesmos resultados de sempre” -- Anônimo.
mento muito cuidadoso e demorado;

Gestão de Pessoas 82
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O potencial de uma empresa não está mais somente nos seus produ- prática, bem como, frustrando as pessoas participantes por não aplicarem
tos ou no mercado em que ela atua, e sim na capacidade criativa de seus as informações recebidas.
colaboradores, nas ideias, na sua reinvenção diária. É necessário ter utili-
dade comprovada e renovação contínua, para manter-se neste mercado Geralmente, as mudanças constantes no comportamento do mercado,
voraz e de assustador avanço tecnológico. Como também, desenvolver concorrência acirrada, entrada de novos funcionários, transformações dos
uma nova mentalidade gerencial, onde as empresas serão transformadas cargos e funções e os conflitos internos, estão fazendo com que as empre-
em verdadeiras escolas, sendo que os gerentes serão os educadores e sas mudem seu comportamento e comecem a investir em treinamentos,
seus colaboradores, os educandos. desenvolvimento de pessoal, bem como, a investir em todo e qualquer tipo
de processo educacional visando melhorar seu quadro de pessoal.
Apesar de ouvirmos falar muito em treinamento, educação, desenvol-
vimento de pessoas e que o capital humano é fundamental nas organiza- Etapas Principais para Iniciar o Processo de Capacitação de Seres
ções, ainda são poucas as práticas das empresas quanto a desenvolvimen- Humanos Dentro de uma Organização
to intelectual. Peter Drucker ratifica esta teoria quando afirmou que, hoje em Um processo de capacitação eficaz agrega valor tanto para a carreira
dia, todas as organizações dizem que as pessoas são seu maior ativo, mas do funcionário, como para a empresa, porém para tal, é necessário serem
poucas praticam o que pregam e um número ainda menor acredita real- seguidas algumas etapas consideradas relevantes para a eficácia do pro-
mente nisso. cesso de capacitação profissional, entre elas:
Mesmo com essa informação desanimadora, as organizações que re- - conscientização de toda equipe gerencial de que o gerente é um edu-
almente acreditam no seu potencial humano, só tem colhido resultados cador e formador de equipes e que uma empresa se consolida pela ação
favoráveis e compatíveis com a nova exigência do mercado, ou seja, o pedagógica multiplicadora de suas lideranças, uma vez que, os gerentes
desenvolvimento contínuo e eficaz de seus colaboradores, gerando maior são o canal vivo de comunicação na organização. Essa etapa concretiza-se
produtividade e rapidez no cumprimento dos objetivos. a partir de reuniões educativas, juntamente com os profissionais de Recur-
É impossível uma empresa ser dinâmica, se as pessoas que a com- sos Humanos, enfocando reflexões sobre o estilo gerencial de cada unida-
põem não são. É necessário buscar o equilíbrio, mas sem deixar de movi- de da empresa, examinando como melhorar a liderança de cada gerente,
mentar-se e evoluir. Promover uma cultura na qual se percebe a mudança através de levantamento de comportamentos, pesquisas de opiniões dos
subordinados, colegas e superiores sobre suas atitudes, bem como, o
como oportunidade e não como repressão, é um processo de aprendizado
trabalho de práticas, tendo em vista os comportamentos individuais em
contínuo, e todos nós devemos colaborar, considerando, em princípio, que
não é uma questão de recursos econômicos e sim de uma nova filosofia e relação aos erros, grau de compreensão, exercício da crítica, entre outros.
mentalidade. Formação de multiplicadores dentro da organização, de preferência
A cultura organizacional está em processo de evolução, mas ainda e- pessoas pró-ativas, com habilidades em falar em público, com o conheci-
xistem muitas questões para serem mudadas nas organizações. É um mento amplo da organização, formadoras de opiniões, entre outras quali-
dades, com o intuito de transmitir de maneira eficaz a informação desejada,
processo lento. Pois, nos referimos a mudança cultural e neste caso é
estimulando a cultura da inovação e atuando como pólo gerador de conhe-
preciso insistir no papel da liderança, uma vez que, o verdadeiro líder é o
cimento, disseminando princípios, valores, políticas e diretrizes da organi-
principal agente de mudanças. Por outro lado, é necessário muita cautela,
zação, proporcionando aos participantes a ideia da importância do conhe-
principalmente, quando se faz mudanças radicais e não se consegue os
cimento e o que se pode alcançar através dele.
objetivos intermediários.
Identificação do cliente, ou seja, as pessoas que irão participar do pro-
Para se chegar a uma adequada direção de pessoal é necessário a
concepção de que pessoas significam seres dotados de características cesso educacional, seja ele um treinamento específico ou desenvolvimento
próprias, de personalidade e de individualidade, aspirações, valores, atitu- de pessoal ou qualquer outro tipo de aprendizado. É necessário saber o
des, motivações e objetivos individuais; bem como, dotados de habilidades, porquê da necessidade de capacitação, quais os principais problemas que
capacidades, destrezas e conhecimentos necessários para a tarefa organi- precisarão ser solucionados e quais resultados deverão ser alcançados.
zacional. Como seres humanos, todos nós somos iguais, mas a partir daí, Levantamento das necessidades para viabilizar o processo educacio-
as diferenças vão criar a eficiência na organização. O ideal seria adminis- nal, ou seja, é necessário sempre fazer uma relação entre as necessidades
trar as pessoas como pessoas. Melhor ainda: administrar com as pessoas das unidades participantes do processo ou de cada colaborador, com as
(Idalberto Chiavenato, 1987). necessidades da instituição, evitando o imediatismo cobrado por muitos
Capacitação de Seres Humanos dirigentes de organização, enfatizando a prevenção de problemas futuros e
obtendo a colaboração da gerência da área. O levantamento das necessi-
Capacitar é tornar capaz, habilitar, convencer alguém, é mudar o com- dades de aprendizado dar-se-á através de entrevistas, questionários,
portamento, é fazer com que as pessoas adquiram novos conhecimentos, avaliações de desempenhos, reuniões, pesquisas de satisfação, etc.
novas habilidades, é ensiná-las a mudar de atitudes, com o objetivo destas
Execução do processo de capacitação profissional, através da elabora-
pessoas buscarem o verdadeiro sentido da educação, que é desenvolver a
ção de programas estruturados e específicos, embasados nas reais neces-
capacidade física, intelectual, e moral do ser humano, levando este a uma
integração e interação com o meio que o cerca, podendo refletir criticamen- sidades de cada colaborador e da empresa, enfocando os objetivos do
te sobre as mudanças ocorridas em sua volta e dessa reflexão tomar deci- processo, no que diz respeito, aos resultados esperados e a satisfação dos
participantes, como também, ao levantamento dos custos e benefícios,
sões eficazes e possuir um rumo a ser seguido.
definição dos temas, metodologias utilizadas, os instrutores, local, etc.
Todo processo de aprendizado organizacional não é feito de uma hora
para outra, cabe aos profissionais da área de recursos humanos, juntamen- Avaliação dos resultados, isto é, dar o feedback à organização sobre o
investimento feito, através da realização de avaliações junto com os partici-
te com o apoio da alta administração da empresa, fazer um detalhado
planejamento, enfatizando os verdadeiros objetivos da organização a serem pantes, verificando se o processo de aprendizado realmente agregou valor
alcançados, como também, buscar, ao máximo, que o processo de capaci- para a empresa e/ ou para os colaboradores. É importante frisar que,
tação se torne um investimento feito pela empresa e que após o seu térmi- quando uma empresa investe em capacitação para seus funcionários,
geralmente é esperado um aumento da produtividade, mudanças compor-
no traga benefícios concretos para a organização e para seus colaborado-
tamentais, melhoria nas relações humanas, redução de custos e diminuição
res.
do turnover, entre outros fatores. A direção da empresa e toda gerência
É necessário saber claramente o que se espera do processo de capaci- precisam estar informadas sobre todos os tipos de retornos que o investi-
tação e avaliar se a empresa está disposta a dar espaço para as pessoas mento em capacitação profissional poderá oferecer.
aplicarem suas competências e conhecimentos adquiridos, bem como, ter o
Muitos profissionais da área de Recursos Humanos afirmam que o co-
envolvimento e comprometimento da presidência e diretoria da empresa
nestes eventos, discutindo temas estratégicos, entre outros temas, porque nhecimento é algo intangível, que não pode ser mensurado. Porém, por
outro lado, segundo alguns consultores e especialistas, existem várias
muitas vezes este aprendizado está muito distante da realidade das neces-
evidências de como perceber os resultados alcançados, entre elas: o
sidades estratégicas da organização, não conseguindo levar os conceitos à

Gestão de Pessoas 83
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acompanhamento do crescimento da empresa, o acompanhamento da Toda empresa é parte integrante do seu ambiente, enquanto os níveis
carreira da pessoa que recebeu o treinamento e o acompanhamento quan- mais baixos da empresa (nível operacional) estão relacionados com os
do o profissional recebe uma promoção. seus aspectos internos, a tarefa dos níveis mais elevados (nível estratégi-
co) é estudar e mapear as oportunidades e ameaças que o ambiente impõe
Também é importante frisar que o recrutamento e seleção executados à empresa é tarefa da área de RH e sua equipe de T&D.
de forma adequada são prioritários para facilitar o processo de capacitação
profissional dentro de uma organização, uma vez que, convidar alguém Sendo assim, a área de recursos humanos precisa ter seu planejamen-
para integrar uma empresa não é tarefa fácil, ao contrário, é a arte de to e suas políticas bem definidas e claras, para que a área de treinamento e
escolher e ser escolhido e requer critérios bastantes definidos e planejados. desenvolvimento da organização possa atuar, de forma eficaz e eficiente.
Porque seu trabalho se inicia logo apos, o processo de recrutamento e
Vantagens da Capacitação de Seres Humanos seleção até o momento de desligamento do indivíduo da empresa.
O sucesso organizacional não é embasado em intuição, superstição, A partir de uma boa administração, descrição e analise de cargos, salá-
sorte e azar ou passe de mágica e sim num somatório de conhecimento e rios e remuneração, do tipo e da qualidade da avaliação de desempenho
ações planejadas. Uma empresa tem que ser profissionalizada, descentrali- realizada e os princípios éticos estabelecidos pela organização depende-
zada, moderna e humana, fatores essenciais para manter-se ativa no ram o sucesso da área de T&D.
mercado atual. E só com um processo de capacitação profissional, ou seja,
formação e preparação de novos talentos, ela conseguirá alcançar tal "Determinar quais são as necessidades de formação pressupõe algo
sucesso. mais do que o executivo de treinamento se sentar atrás da sua mesa,
pondo-se a pensar e escrever" (Willian Mc Gebee e Paul W. Thayer, apud,
As principais vantagens da aplicação do processo de capacitação pro- "Boog 2006 p.21)"
fissional dentro de uma organização são, entre outros:
2 VISÃO GERAL SOBRE A GESTÃO DE PESSOAS
- a conscientização dos colaboradores no que diz respeito, ao cumpri-
mento das normas da empresa, ao conhecimento dos princípios e objetivos A gestão de pessoas e os processos e variáveis para uso do treina-
da organização e a resolução de problemas corriqueiros tais como: atrasos mento e desenvolvimento segundo os teóricos, quando as organizações
e faltas, improdutividade, desperdícios, conflitos internos, desmotivação, são bem sucedidas, elas tendem a crescer, ou no mínimo, a sobreviver.
acomodação e má atendimento. Com a globalização e o desenvolvimento tecnológico, torna-se visível que a
sobrevivência das organizações depende das habilidades e competências
- sinergia de equipes, ou seja, equipes integradas superando dificulda- do seu capital humano, pois são as pessoas que pensam, agem e definem
des, através de ações coletivas. dentro das empresas.
- redução dos custos, evitando retrabalhos, diminuição dos desperdí- Sendo assim, as pessoas passam a significar o diferencial próprio que
cios e danos de equipamentos e materiais. mantêm e promovem o sucesso organizacional; elas constituem a compe-
- redução da rotatividade de pessoal, através da descoberta de novas tência básica da organização que é a sua principal vantagem competitiva
habilidades e conhecimentos dos colaboradores, melhoria da qualidade, num mundo globalizado.
aumento da flexibilidade, novas oportunidades de crescimento, entre ou- Então, identifica-se que as pessoas através de suas competências, ati-
tros. tudes e desempenho, são elementos fundamentais para a eficácia organi-
- ampliação da capacidade intelectual dos colaboradores da empresa zacional.
através da retenção e desenvolvimento de talentos, tornando-a cada vez 2.1 ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL
mais competitiva e dinâmica.
As organizações por fazer parte de um ambiente globalizado, onde seu
Conclusão principal ativo é o capital humano precisa, antes de tudo estabelecer seu
Apesar do lucro ser o primeiro indicador de sucesso de uma organiza- código de ética e responsabilidade social.
ção, também devemos considerar outros indicadores de suma importância, É muito importante para formação de Recursos Humanos o estudo da
tais como: clientes fiéis, tecnologia atualizada, imagem positiva, fornecedo- ética. A falta de ética na sociedade gera grandes obstáculos para que as
res parceiros, qualidade total, produtividade, competitividade e equipe relações pessoais e profissionais fluam de maneira aceitável. Através dela
motivada e capacitada. Segundo Igor Ansoff, citado por (Pagnoncelli, é que os princípios morais governam as ações e decisões de um indivíduo
1992) “a chave do sucesso de qualquer empresa que queira crescer e ou de um grupo. Dessa forma ela analisa e critica os fundamentos e princí-
manter firme posição no mercado é gerenciar bem no presente, mas com pios que justificam determinados sistemas de valores morais.
os olhos voltados para o futuro”.
Nas organizações a ética assume um significado típico. É assim que
Com base nestes pressupostos, concluímos que a educação nunca é Karkotli e Aragão (2004, p.30) demonstram ao informar que "a maioria dos
demais, pelo contrário, uma empresa só tem a ganhar, seja ela pertencente conceitos de ética empresarial diz respeito a regras, padrões e princípios
a qualquer ramo de atuação, pois, tendo em seu quadro de funcionários morais sobre o que é certo ou errado em situações específicas das rela-
pessoas qualificadas e criativas, com capacidade de intervir na organização ções que ocorrem no ambiente empresarial."
e no processo produtivo, a empresa terá grandes chances em maximizar
seus resultados, minimizar seus custos, oferecendo aos seus clientes Cabe, aqui, fazer uma diferenciação entre moral e ética. Desse modo,
serviços e produtos de qualidade. Wanusa Campos Centurión Barros (2009) afirma:
Levantamento de necessidades de treinamento organizacional Moral é um conjunto de normas que norteiam as ações do ser humano,
como costumes, conduta, valores, e que podem mudar de acordo com a
1 INTRODUÇÃO região devido às influências culturais e históricas.
Este artigo vem aborda a importância da área de treinamento e desen- Moral e Ética não devem ser confundidas: Moral é normativa e Ética
volvimento na Bravo Caminhões. O recursos humanos consiste de várias
busca a justificativa de ações do indivíduo em diversas situações. Exemplo:
atividades integradas, como descrição e análise de cargos, planejamento colocar um bem da empresa dentro da meia é algo imoral: é roubo. O autor
de RH, recrutamento, seleção, orientação e motivação das pessoas, avalia- conhece as consequências, pois tem noção dos valores. Mas eticamente
ção do desempenho, remuneração, treinamento e desenvolvimento (T&D), não se detém, pois seu "freio" moral está deturpado por novos valores que
relações sindicais, segurança, saúde e bem-estar etc. Nesse processo, supõe, sejam os corretos, apesar de individualistas e obscenos.
cada gestor seja ele um diretor, gerente, chefe ou supervisor desempenha
as quatro funções administrativas que constituem o modo administrativo, a Com o objetivo de agregar valores através da ética, muitas organiza-
saber: planejar, organizar, dirigir e controlar funções porque ele não realiza ções procuram, hoje, criar seu código de ética, e a Bravo é uma delas. Se a
seu trabalho sozinho, mas através das pessoas que formam sua equipe. empresa, como espaço social, produz e reproduzem esses valores, ela se
torna importante em qualquer processo de mudança de perspectiva das

Gestão de Pessoas 84
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pessoas, tanto das que nela convivem e participam quanto daquelas com tem por princípio o uso de padrões éticos de relacionamento com os seus
as quais essas pessoas se relacionam. públicos (Stakeholders).
Assim, quanto mais empresas tenham preocupações éticas mais a so- Questões éticas e de responsabilidade social forma um composto de
ciedade na quais essas empresas estejam inseridas tenderão a melhorar modo que uma não pode ser arquitetada sem a existência da outra porque
no sentido de constituir um espaço agradável onde às pessoas vivam existe uma relação de interconexão entre elas. Partindo desse entendimen-
realizadas, seguras e felizes. to Katkotli e Aragão (2004) afirmam que: Condutas éticas e práticas de
responsabilidade social, quando considerados dentro da organização,
Segundo Macedo, Rodrigues, Johann e Cunha (2007) as organizações podem representar: adoção de elevados padrões de condutas pessoais
não podem ser prejudicadas pelas decisões tomadas por seus emprega- para com acionistas, executivos e colaboradores; remuneração justa,
dos. Nas organizações, a ética da convicção esta presente em todos os valorização de talentos e do esforço individual dos profissionais; participa-
momentos porque se exige obediência absoluta à legislação, às normas e ção nos resultados; incentivo ao desenvolvimento pessoal; qualidade de
regras escritas ou mesmo aos costumes consagrados pela prática, esse vida; comunicação transparente, honestidade, cooperação, utilização
esforço organizacional para fazer cumprir as regras, haja o que houver, adequada dos recursos necessários á produção, entre outros.
induz os funcionários à busca da eficiência.
Tais condutas, que devem permear toda a organização, o tempo todo,
Por isso a necessidade de delimitar os campos e as formas de atuação da alta administração às menores unidades produtivas, acaba por se proje-
de seus colaboradores e parceiros, as organizações vêm procurando tar para fora da organização.
elaborar código de conduta. Uma vez elaborado um código de conduta
ética e de responsabilidade social, torna-se necessário fiscalizar o seu Iniciativas que contemple o corpo de funcionários, tais como planeja-
cumprimento, para evitar que caia em desuso. mento de atividades culturais ou recreativas, adequação das instalações e
equipamentos, educação continuada, qualidade e transparência na comuni-
A empresa moderna encontra-se, assim, inserida na comunidade em cação interna, apoio psicológico, oportunidade de desenvolvimento pessoal
que atua. Antes lhe bastava ter tão-somente como objetivos o aumento da e de carreira (oferecidos pela organização), cobertura de saúde para fun-
produtividade e a maximização dos lucros. Atualmente sua realidade englo- cionário e seus familiares, dentre outros, ajuda no aumento da satisfação e
ba, além de interesses de proprietários, dirigentes e trabalhadores, ações do desempenho dos funcionários que, sentirão motivação para crescer no
que correspondam às responsabilidades de que está investida, dentre as desenvolvimento das suas atividades laborais.
quais: a qualidade intrínseca de seus produtos e as consequências de sua
utilização; o padrão dos serviços prestados; proteção e preservação do Contudo, a disponibilidade de recursos humanos e financeiros é deter-
meio ambiente, bem como os efeitos diretos de sua atividade sobre o bem- minante para o envolvimento, efetivo, das lideranças nesse aspecto.
estar da comunidade (KARKOTLI E ARAGÃO, 2004).
"Relata que códigos de ética são conjuntos de normas de conduta que
"Responsabilidade Social é a palavra mais utilizada, nos últimos anos, oferecem diretrizes para decisões entre o certo e o errado, e que essas
pelas organizações que, buscam (através dela) conquistas no ambiente práticas tornaram-se comuns a partir dos anos oitenta do século passado"
organizacional" (Terezilde, RH Bravo, 2010). (MAXIMINIANO, 2000 p.445). "
Por isso, atualmente, as empresas procuram movimentar os funcioná- Segundo Ponchirolli (2007) tal código deve ser regulamentado como o
rios com a finalidade de participarem de atividades voluntárias. Por outro código dos profissionais e que não deve fazer referência para com a visão,
lado, as organizações que estão envolvidas com as ações de responsabili- missão ou ideais da empresa, embora se apóiem nela. Assim, toda infração
dade social têm apresentado uma visão ética apurada, tornando-se cada deve ter uma punição correspondente. Entretanto, a elaboração do código
vez mais frequente suas preocupações em relação às atitudes em geral no deve seguir critérios.
campo dos seus públicos.
O código de ética deve ser fruto do consenso entre as pessoas envol-
Para o INSTITUTO ETHOS (1999) que lida com a mobilizar, sensibili- vidas. Jamais ser elaborado por um iluminado e depois obrigar o cumpri-
zar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente mento do mesmo. Quando o código é fruto de consenso entre as pessoas
responsável, a Responsabilidade Social é definida como: envolvidas, a vivência e as posturas éticas serão realidades visíveis na
empresa, geralmente o código resulta do clima ético de cada organização
[...] a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente (Ponchirolli, 2007, p.40).
da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimen- Para realizar sua parte como uma organização socialmente responsá-
to sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais vel, a Bravo mantém um projeto de integração social com atividades espor-
para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redu- tivas e culturais para seus colaboradores como: oficinas de dança, canto e
ção das desigualdades sociais (pesquisa eletrônica 2010, site na referenci- teatro, entre outras. Este projeto foi desenvolvido para aprimorar o relacio-
a). namento interpessoal dos colaboradores e para distração dos mesmos.
O conceito de Responsabilidade social, quando aplicada à área de RH É um projeto sem fins lucrativos, que visa mobilizar, desenvolver e ca-
(público interno) possui objetivos específicos, voltados para os funcionários pacitar pessoas para um enriquecimento pessoal. Este projeto em parceria
que são a constituição básica de toda e qualquer organização. Esse concei- com os correios destina-se ajudar creches e famílias mais carentes, apro-
to pode ser compreendido através da afirmação de Bispo na citação abaixo: ximando a empresa da comunidade onde esta inserida, colaborando com o
desenvolvimento social.
A preocupação das empresas com os colaboradores é um fato concre-
to na realidade corporativa e isso pode ser percebido através de ações e 2.2 RECRUTANDO E SELECIONANDO PESSOAS
programas que refletem diretamente em áreas como treinamento e desen-
volvimento, remuneração, carreira, qualidade de vida no trabalho, entre Recruta e selecionar pessoas é uma tarefa que requer antes de tudo
outras (Bispo, 2006, pesquisa eletrônica, site indicado na referencia). planejamento e estratégias claras e bem definidas, para que não acham
falhas, pois é neste processo que as organizações retêm os talentos exis-
Mais que uma questão legal, as organizações buscam melhorar seus tentes no mercado, por isso o recrutador deve ter competências, técnicas e
processos internos a fim de ampliar as chances de sobreviver, dentro do habilidade, para buscar o candidato certo para vaga certa.
atual modelo econômico, quando se faz necessário rever posturas e adotar
práticas mais éticas para conduzir seus negócios, além de gerir de maneira O conceito de recrutamento de pessoal, o termo recrutamento tem sua
eficiente porque já não se trata de nobreza de atitude nem de idealismo. origem na
Aliado a essa realidade, o público interno é o melhor divulgador da situa- área militar, o recrutamento militar é a convocação, obrigatória de todo
ção, real, de qualquer organização. cidadão que atinge determinada idade. Na vida empresarial, o recrutamento
A internalização, da responsabilidade social, por parte das organiza- é também uma convocação, um convite, mas sem o comparecimento
ções ocorre na esfera de suas estratégias e ocorre do planejamento para a obrigatório do candidato.
ação. Por esse motivo desenvolvem a gestão socialmente responsável que

Gestão de Pessoas 85
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Mais do que isto, o recrutamento é um sistema de informação da em- aberto, a organização interage com um mercado de recursos humanos e
presa que constituem o mercado de trabalho e, é destinado aos candidatos sofre profundas influências do mercado de trabalho. Os mecanismos de
que povoam o mercado de mão-de-obra, para divulgar ofertas de emprego. oferta e procura desses mercados traz consequências para os candidatos e
para as organizações que neles atuam. Além do mais, como sistema aber-
Para Pontes (2004, p.85) a maioria dos autores considera recrutamento tos, as organizações caracterizam-se pela rotatividade de pessoal – cuja
o meio de encontrar e atrair candidatos para as posições abertas nas causa pode ser interna ou externa, mas que sempre impõem custos primá-
organizações. Pontes menciona que segundo Toledo e Milione, recruta- rios e secundários á organização. Também o absenteísmo constitui outro
mento é a etapa inicial do processo de busca e atração de mão-de-obra fator de incerteza e de imprevisibilidade para as organizações.
para a organização, procurando prover o número adequado de candidatos
para as posições em aberto, ele também diz que para Werther e Davis, é o Nesse cenário, o recrutamento avulta como um sistema que visa atrair
processo de encontrar e atrair candidatos capazes para solicitação de candidatos nas fontes de recrutamento identificadas e localizadas no mer-
emprego, e conforme Chiavenato é um conjunto de procedimentos que visa cado de trabalho de recursos humanos. O processo de recrutamento come-
atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos ça com a emissão de requisição de empregados: o órgão requisitante
dentro da organização. (linha) é quem toma a decisão de recrutar candidatos.
Diz, ainda, Chiavenato que, para ser eficaz, a finalidade e importância O órgão de recrutamento (staff) é quem escolhe os meios: o recruta-
do recrutamento é trazer candidatos para a empresa. Para tanto, o recru- mento interno, externo, no sentido de obter as maiores vantagens no pro-
tamento deve saber quais as vagas em aberto na empresa, deve localizar cessamento e os melhores candidatos.
onde estão os possíveis candidatos, deve verificar como informá-los das
O recrutamento externo pode utilizar uma ou mais das seguintes técni-
oportunidades de trabalho que a empresa oferece e deve interessá-los a
cas: arquivos de candidatos, indicação de candidatos pelos empregados,
comparecer a empresa para uma entrevista inicial.
cartazes na portaria, contatos com sindicatos, associações de classe,
Recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos que visa a- escolas e universidades, cooperativas de recrutamento, viagens de recru-
trair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos tamento, anúncios em jornais e revistas, agências de recrutamento etc.
dentro da organização. È basicamente um sistema de informação por meio
do qual a organização divulga e oferece ao mercado de RH as oportunida- Segundo Chiavenato (2006) a seleção de recursos humanos pode ser
definida singelamente como a escolha do homem certo para o cargo certo,
des de emprego que pretende chegar (Chiavenato, 2006, p.59)
ou, mais amplamente, entre os candidatos recrutados, aqueles mais ade-
Segundo Chiavenato (1994) as fases do recrutamento são análise das quados aos cargos existentes na organização, visando manter ou aumentar
requisições de empregados,quando um órgão qualquer da empresa precisa a eficiência e o desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organiza-
preencher uma determinada vaga, o chefe desse órgão emite um documen- ção. Assim, a seleção visa solucionar dois problemas básicos:
to denominado (Requisição de Empregado) e o encaminha ao órgão de
recrutamento e seleção. A análise das fontes de recrutamento e seleção, A adequação da pessoa ao cargo e vice-versa; e eficiência e satisfação
da pessoa no cargo.
esta fase analisa onde poderá localizar os candidatos adequados ao preen-
chimento daquela vaga. Chiavenato (2004), a seleção de pessoas funciona como uma espécie
de filtro que permite que apenas algumas pessoas possam ingressar na
Trata-se de analisar as prováveis fontes de recrutamento, isto é, onde
organização: aquelas que apresentam características desejadas pela
recrutar os candidatos. A outra fase é a escolha das técnicas de recruta-
organização. Há um velho ditado popular que afirma que a seleção constitui
mento, localizadas as fontes de recrutamento, a fase seguinte é a escolha
das técnicas para informar os prováveis candidatos sobre a vaga existente a escolha exata da pessoa certa para o lugar certo.
na empresa. Seleção é o processo de escolher o melhor candidato para o cargo. È
Escolha do conteúdo do recrutamento, o conteúdo do recrutamento, é um processo pelo qual uma organização escolhe de uma lista de candida-
aquilo que será transmitido aos prováveis candidatos por meio das técnicas tos a pessoa que melhor alcança os critérios de seleção para a posição
de recrutamento, a fim de atraí-los e interessá-los pela vaga existente. disponível, considerando as atuais condições de mercado. É a obtenção e
uso da informação e respeito de candidatos recrutados externamente para
Trata-se do que será comunicado aos candidatos a respeito da vaga escolher qual deles deverá receber a oferta de emprego.
existente e dos aspectos relacionados com a mesma. Como as exigências
De acordo com Pontes (2004, p.129) a maioria dos autores, seleção é
do cargo (em termos de escolaridade e experiência anterior do candidato),
local de trabalho, remuneração, benefícios oferecidos etc. o processo de escolha de candidatos entre aqueles recrutados. Segundo
Werner e Davis, "O processo de seleção é uma série de passos específi-
Fontes de Recrutamento, as fontes de recrutamento representam onde cos, para decidir que recrutados devem ser contratado". Chiavenato a
se pressupõe estarem localizados os candidatos á vaga que a empresa considera "A escolha do homem certo para o cargo certo, ou, mais ampla-
pretende oferecer. Em outros termos, as fontes de recrutamento são aque- mente, entre os candidatos recrutados aqueles mais adequados aos cargos
les segmentos do mercado de mão-de-obra que podem abastecer a empre- existentes na empresa, visando manter ou aumentar a eficiência e o de-
sa dos candidatos necessários a determinada vaga. As fontes internas são sempenho do pessoal"
o preenchimento das vagas da empresa por meio da promoção ou transfe-
rência. A externa é o preenchimento das vagas da empresa por candidatos Nas etapas da seleção de pessoal são constituídas de etapas com a fi-
que são recrutados no mercado de mão-de-obra. nalidade de levar à contratação de candidatos recrutados inicia-se triagem
e a entrevista e análise de currículo. Testes de conhecimentos, desempe-
Segundo Benedito (2004), existe duas fontes de recrutamento: a inter- nho e psicológicos. Entrevistas de seleção, entrevista técnica, exame
na e a externa. Por meio da interna, os candidatos são recrutados na médico, referências do candidato.
própria empresa e, mediante a externa, os candidatos são recrutados no
Já Chiavenato (2004), diz que as entrevistas de seleção constituem a
mercado se trabalho. Quando utiliza a fonte externa, podemos escolher
entre diversas opções. Interno na própria empresa, externo pode ser apre- técnica de seleção mais utilizada. Na verdade, a entrevista tem inúmeras
sentação espontânea através de funcionários, intercâmbio com outras aplicações nas organizações. Elas podem ser utilização na triagem inicial
companhias, classificados em jornais etc. dos candidatos ao recrutamento, como entrevista pessoal inicial na seleção,
entre visita técnica para avaliar conhecimentos técnicos e especializados.
De acordo com Chiavenato (1994), as técnicas de recrutamento são os
A entrevista de seleção é um processo de comunicação entre duas ou
meios pelos quais a empresa informa ao mercado de mão-obra de que
dispõe de vagas a serem preenchidas. As principais técnicas de recruta- mais pessoas que interagem entre si e no qual uma das partes está inte-
ressada em conhecer melhor a outra.
mento são as seguintes: Cartazes na portaria da empresa, apresentação de
candidatos pelos funcionários da empresa, arquivos de candidatos, visita a Segundo Robbins (2005) as políticas e práticas de recursos humanos
escolas, anúncios em jornais, agências de recrutamento. de uma organização representam forças importantes para a modelagem
Segundo Chiavenato (2006) o subsistema de provisão de recursos hu- das atitudes e dos comportamentos dos funcionários. O objetivo da seleção
eficaz é adequar às características individuais (capacidade, experiência
manos refere-se ao recrutamento e seleção de pessoal. Como um sistema

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etc.) aos requisitos do trabalho. Quando a administração fracassa na ade- Referente ao equilíbrio externo pode ser adquirido através adequação
quação correta, tanto o desempenho como a satisfação do funcionário é salarial da organização de acordo com o mercado, através de pesquisas
prejudicada. salariais, assim, mantendo seus profissionais, retendo talento. Assim como
ocorre na organização em estudo a Bravo Caminhões, suas políticas de
As práticas de recrutamento e seleção de uma organização determi- cargo, salários e remuneração são bem definas e clara.
nam quem será contratado. Se forem elaboradas adequadamente, podem
identificar candidatos competentes e ajudá-los apropriadamente ás suas 2.4 AVALIANDO O DESEMPENHO E GESTÃO DE CARREIRA
atribuições e à organização. A utilização dos aparatos de seleção adequa-
dos aumenta a probabilidade de que a pessoa certa seja escolhida para Definir resultados ou desempenho esperado de cada empregado signi-
preencher a vaga existe, assim como ocorre na Bravo, seja no recrutamen- fica especificar as atribuições, metas, projetos, atividades, tarefas que
to e na seleção interna ou externa. compõem o seu campo de responsabilidade profissional. Mas é preciso
definir também padrões de desempenho, isto é, quando esperado, qual o
Para que isso ocorra de forma eficiente e eficaz, toda organização pre- nível de qualidade desejada e quais os prazos para apresentar resultados.
cisa ter um plano de cargos e salários bem definido e claro para não haver
falhas, prejuízos a empresa. O não estabelecimento desses indicadores tornará difícil medir ou ava-
liar a produtividade, dificultará distinguir os empregados mais produtivos
2.3 PLANOS DE CARGOS, SALÁRIOS E REMUNERAÇÃO dos menos produtivos, impedirá a ação correta sobre os desvios de de-
sempenho e descaracterizará a avaliação de resultados, que será substituí-
Muitas organizações surgem com, alguns aspectos poucos ajustados a da pela avaliação de pessoas, a partir de critérios subjetivos e duvidosos.
nova realidade, sem se quer saber manter uma atividade na qual depende
o seu desenvolvimento e sua sobrevivência. Para Lucena (1992) o acompanhamento de desempenho constitui o
ponto critico do processo de avaliação de desempenho. Define o compõe
Através da Administração de Cargos e Salários pré-estabelelecidos a operacional no qual as ações se processam e os problemas ocorrem,
importância de cada cargo, a variação salarial, e o planejamento de carreira possibilitando ao supervisor;
de seus colaboradores.
-Saber se o empregado está trabalhando na direção dos resultados es-
Existem alguns pré-requisitos para a funcionalidade desta etapa ser e- perados.
ficaz e se manter a médio ou longo prazo. Primeiramente é realizada a
análise dos cargos, pesquisa salarial, estrutura salarial, política salarial, -Aferir a qualidade, o cumprimento de prazos, volume de produção e
política de remuneração, plano de carreiras, PPL, se fizer parte das políti- custos.
cas da empresa.
-Analisar o preparo e a competência do empregado para desempenhar
Conceito: - Conjuntos de mecanismos utilizados para estabelecer o va- suas funções, assim como identificar suas necessidades de desenvolvimen-
lor relativo de cada cargo com vistas a construir uma hierarquia entre eles. to.
É o estudo do comportamento salarial, praticado no setor empresarial.
-Dar feedback ao empregado sobre seu desempenho.
"Os métodos e práticas tradicionais de Administração de cargos e salá-
rios não levaram em conta a empatia em relação às expectativas, interesse -Antecipar-se nas ações necessárias para evitar que o desempenho
se necessidades dos empregados. Dando mais atenção e importância seja desviado dos resultados esperados.
avaliação de cargos e pesquisas de mercado, administração das políticas Como se pode observar o acompanhamento sistemático do desempe-
de RH e de salários focou a remuneração mais conveniência para empresa nho garante que a empresa está utilizando adequadamente seus recursos e
do que dos funcionários." RESENDE conduzindo eficazmente o desempenho do seu pessoal para resultados
positivos.
Inicialmente segundo, informações colhidas em estudo, a administra-
ção de cargos e salários deve-se iniciar com a participação de gerentes De acordo com Matos, um grupo não subsiste sem a crença em valores
apresentando projetos para inserção do programa na empresa, e após a superiores, sem uma filosofia na qual se destaque a supremacia do homem
aprovação da presidência ou gerência iniciam-se as reuniões com os com sua dignidade, consubstanciado em políticas que o valorizem.
responsáveis pela motivação e produtividade de RH, assim podendo definir
quais traços a serem seguidos para a obtenção e êxito na execução desta Segundo Pontes, numa avaliação de desempenho o gerente que admi-
tarefa. nistrar tem que; planejar, organizar, liderar e controlar. Grande parte do
controle é a garantia do desempenho eficiente dos indivíduos que fazem
Estruturar ou reestruturar um organograma de uma empresa, determi- parte da sua unidade, que é feito através da avaliação de desempenho.
nando níveis hierárquicos sem conjunto com a administração de RH, tor-
nando-a uma ferramenta essencial na conclusão da tarefa, para saber A avaliação de desempenho visa acompanhar o trabalho e objetivos
definir e agregar as habilidades, os conhecimentos e as formas de execu- propostos aos indivíduos, e dar feedback a essas pessoas com vistas a
ção das diversas funções que deveram desempenhar dentro da organiza- torná-las motivadas e produtivas.
ção. A avaliação de desempenho, portanto deve analisar o comportamento
Os cargos serão criados ou moldados de acordo com as atividades a do empregado e não da pessoa. É como ele desempenha o cargo. A avali-
serem desenvolvidas dentro de qualquer empresa. Os objetivos de cada ação de desempenho é também diferente da avaliação de cargos. A avalia-
cargo deverão ser esclarecidos de forma que isso venha facilitar sua ade- ção de cargos visa à hierarquização dos cargos na empresas, enquanto a
quação e promova um bom desempenho por parte de seus colaboradores, avaliação de desempenho visa verificar o comportamento do ocupante do
promovendo assim a satisfação individual, que irá ser refletida no coletivo, cargo frente às responsabilidades impostas pelo cargo, um modelo metodo-
convergindo com os objetivos da organização. lógico do processo de avaliação de desempenho.

"As empresas precisam desesperadamente de gente de primeira para Atualmente, um dos métodos mais difundidos entre as empresas, de
sobreviver e prosperar. Mas onde encontrar essa gente? Bem vindo guerra acordo com a literatura, é o Balanced Scorecard aplicado a Recursos
do talento, que deverá selar o sucesso, ou o fiasco das corporações mundo Humanos. Ele consiste em um método de monitoramento das atividades da
a fora". BLECHER empresas, por meio de indicadores quantitativos. Esse método foi proposto
inicialmente por Kaplan e Norton (1996), e posteriormente adaptado à área
O objetivo para a elaboração desse plano de cargos e salários é ade- de RH por Becker, Huselid e Ulrich (2001). Sua premissa é de que a conta-
quar os colaboradores. Para que todas as implementações associadas ao bilidade tradicional é muito limitada e focada exclusivamente no desempe-
objetivo de negócio funcionem se faz necessário estabelecer um equilíbrio nho financeiro.
interno, ou seja, dentro da organização. É uma das tarefas que dever ser
realizada por esse gestor, para não gerar desconforto entre colegas de Para Fidelis (2008) o processo de avaliação de desempenho permite
trabalho num mesmo setor, em relação à diferença salarial, remanejamen- às empresas não só analisar de que forma os trabalhadores assimilam o
tos e promoções. processo de trabalho, colocando em prática as suas potencialidades na
direção dos objetivos da empresa, como também poder medir o grau de

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eficiência das estratégias administrativas planejadas para alcançar determi- Portanto é o T & D quem ira prepara os colaboradores inseridos na or-
nado objetivo no mercado consumidor e concorrente. Além disso, é impor- ganização desde sua admissão, durante toda sua vida profissional dentro
tante que as empresas utilizem esse instrumento gerencial para projetar as da mesma, estimulando a motivação, capacitando para novos cargos,
necessidades de aperfeiçoamento técnico nas operações, teórico para a funções e responsabilidades, promovendo seu desenvolvimento e cresci-
elaboração de propostas de melhoria e comportamental para melhorar a mento profissional e consequentemente o da organização.
postura dos trabalhadores frente ao ambiente de trabalho.
Treinamento, segundo França (2009), dá-se em virtude das constantes
"Avaliação de desempenho (AD) é um instrumento gerencial que permi- modificações macro ambientais, competição por nichos e segmentos de
te ao administrador mensurar os resultados obtidos por um empregado ou mercado e maior competição interna por ascensão na carreira, é um con-
por um grupo, em período e área específicos (conhecimentos, metas, senso nas organizações a importância do treinamento em todos os níveis
habilidades) (Marras, 2002, p.173 apud Fidelis, 2008 p.87)" empresariais. Pessoas preparadas produzem melhor e se sentem mais
autoconfiantes.
Para Pontes (1991) Trata-se de um sistema integrante da concepção
da administração por Objetivo e que busca motivar, integrar, desenvolver os Por outro lado, aqueles não possuem um preparo adequado ao cargo
empregados e promover um melhor relacionamento chefe/subordinado, estão mais propensos à tomada de decisão incorreta e frequentemente
com vistas a tornar o ambiente de trabalho agradável e produtivo. culpam terceiros por sua falha.
A motivação decorre do fato das pessoas, durante o processo, ser ou- "O homem não é a soma do que ele tem, mas a totalidade do que ain-
vidas, reconhecidas, acatadas e de poderem ser auto-realizadas. A partici- da não tem, do que poderia ter". (Jean-Paul Sartre, apud Boog, 2006, p.6)
pação no trabalho e o entendimento dos objetivos da empresa, por sua vez,
são fatores importantes na integração do homem na organização. Para Robbins (2005) os funcionários componentes não permanecem
componentes para sempre. As habilidades se deterioram e podem se tornar
O processo de avaliação por objetivos se inicia entre chefe- subordina- obsoletos. É por isso que as organizações gastam tanto todo ano em
do para, de comum acordo, ser estabelecidos os objetivos. É necessária treinamento formal. O treinamento pode incluir tudo, desde o ensino básico
reunião de planejamento, para fixação dos objetivos para certo período de de leitura até cursos avançados de liderança empresarial.
tempo, que, normalmente, é de um ano. Como os objetivos foram discuti-
dos, acordados e plenamente entendidos, deverá haver, por parte do "O treinamento é um tipo de educação especializada que, aplicada no
funcionário, empenho maior para atingir esses objetivos no prazo prefixado. âmbito organizacional, busca dar competências profissionais aos indiví-
duos" (Chiavenato – 2004, apud Fidelis, 2008 p.7).
Uma vez acordado o objetivo, subordinado e chefia planeja junto um
programa para a consecução desses objetivos. Durante essa faze, deve ser Já Fidelis (2008) o treinamento de pessoas proporciona o crescimento
escolhido o estilo de liderança do chefe para ajudar o subordinado a atingir profissional e pessoal, tendo em vista o futuro do trabalhador e da empresa.
cada um dos objetivos acordados. Treinar pessoas é diferente de condicionar através de estímulos de recom-
pensas. Treinar é conscientizar e desenvolver a capacidade das pessoas
Já na visão de Lucena (1992) Definir e mensurar o grau de contribuição por meio da aquisição de novas linhas de raciocínio ou teórico, novas
de cada empregado na consecução dos objetivos da empresa. Subdiar as maneiras de comportamentos que venham proporcionar a continuidade no
ações de treinamento e desenvolvimento tendo em vista a capacitação processo de empregabilidade.
profissional dos empregados. Facilitar o planejamento de ações para corri-
gir desempenhos (readaptações, remanejamentos, transferências, aspectos Os empregados têm como principal responsabilidade o aprendizado
comportamentais etc.) continuo e a aquisição da competência necessária aprendendo na pratica,
uns com os outros, ou por meio de instrução formal. A principal função dos
Subsidiar os processos de promoção, progressão salarial e carreira gerentes é o desenvolvimento dos seus empregados. Os gerentes propor-
profissional que utilizarão os resultados da Avaliação de Desempenho de cionam um ambiente que reflete os valores e processos de uma organiza-
acordo com normas estabelecidas para este fim. Possibilitar ao empregado ção de aprendizado. (Terra, 2001 p.150-1-Xerox do Brasil, documento
a identificação e busca dos meios necessários ao auto desenvolvimento, interno da empresa, apud Fidelis, 2008 p.14)
através de sua participação e conhecimento dos resultados da avaliação.
Para Moscovici (2008) o treinamento visa ajudar o individuo a crescer e
Já França (2008), tem como meta diagnosticar e analisar o desempe- modificar-se para melhorar seu desempenho. As mudanças comportamen-
nho individual e grupal dos funcionários, promovendo o crescimento pesso- tais resultam de diferentes condições situacionais de aprendizagem.
al e profissional, bem como melhor desempenho.
De acordo com Boog (2006) O sistema de treinamento e desenvolvi-
A avaliação quando feita positivamente tem muitos benefícios e muitos mento de pessoas é iniciado pela análise e explicação de variáveis como:
beneficiários. A vantagem preponderante de ter uma política de avaliação mudanças, objetivos, missão visão, valores e metas organizacionais. Para
de desempenho dentro à empresa é permitir que o próprio desempenho isso o envolvimento da alta cúpula, chefia e funcionários é estratégia fun-
(tanto individual quanto coletivo) melhore, beneficiando a todos. Essa é a damental para atingir o sucesso.
principal razão da avaliação; o retorno sobre a qualidade melhora o desem-
penho. Trata-se do ponto central no gerenciamento moderno. Trata-se de um ato intencional de fornecer meios que possibilitem a a-
lavancagem de competências organizacionais e humanas. Para tanto, é
Como podemos ver, os objetivos são os mesmos de maneira diferente, preciso investigar e entender quais são os problemas, dificuldades, forças
cada autor buscar o objetivo por meios distinto, mas com o foco em resulta- restritivas para o desenvolvimento da organização.
dos.
O treinamento é uma instituição fundamental na gestão empresarial.
Segundo Cleyton, psicólogo e analista de T&D da Bravo, com as mu- Esse papel generalizadamente reconhecido deve-se à correlação entre
danças que a organização esta passando, fez com que sua avaliação de competência e otimização de resultados, já observada nos primórdios do
desempenho passasse da tradicional com foco só em resultados, para "sistema de fábrica", e que coloca a competência profissional como elemen-
avaliação por competências buscando mapear as qualificações e identificar to-chave da eficácia empresarial. Para atender a essa nova demanda, o
as necessidades de treinamento de cada colaborador. O plano de carreira, treinamento começou a ser sistematizado (BOOG, 1999, p.17).
antes só funcionava de forma vertical, agora alem de vertical também
horizontal aumentando as possibilidades de promoções e sucessões dos Para Housel (2008) organizações, que se concentram em educar e
empregados. treinar o seu pessoal nos aspectos técnicos de suas funções e na participa-
ção eficaz de grupos aumenta as oportunidades para que tenham alto
2.5 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE RH desempenho.
Por tanto para que a organização consiga concretizar seus objetivos e Os programas de treinamento mais eficazes ocorrem quando bem pla-
alcançar os resultados desejados, faz se necessário que sua área de nejados, observando sempre os pontos fortes e fracos dos indivíduos,
treinamento e desenvolvimento (T & D), esteja em prefeita sintonia com as contando sempre com a avaliação de desempenho como uma das ferra-
demais áreas. mentas essências, para que o programa de treinamento seja completo e
eficaz.

Gestão de Pessoas 88
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Os efeitos dos programas de treinamento são de curto, médio e longo A missão da Bravo é ser uma organização sólida e reconhecida entre
prazo, é através deles que as organizações promovem o desenvolvimento as maiores locadoras e concessionária Volkswagen de caminhões e ônibus,
de seus colaboradores e o seu próprio. e liderar o segmento de vendas de carros pesados na Bahia e no Brasil.
Segundo Fidelis (2008) o desenvolvimento organizacional é conse- Visão da Bravo, ser uma empresa participativa e competitiva busca re-
quência das inúmeras transformações que o mundo globalizado impõe às sultado. Diante das incertezas mundiais, a concorrência esta, mas acirrada,
empresas que querem ser competitivas no mercado. A missão, visão e os para a sobrevivência estamos adotando um rigoroso padrão de excelência
objetivos organizacionais se forem integrados com os objetivos dos traba- e exigindo resultados cada vez mais positivos, possibilitando sua expansão
lhadores, provoca uma diminuição da velocidade das mudanças. para outros Estados.
Um programa de desenvolvimento organizacional facilita entender as Os novos paradigmas gerências requerem funções descentralizadas,
causas e os efeitos do processo de mudanças. A gestão dos relacionamen- participativas, interdependentes e integradas. O desenvolvimento organiza-
tos internos e externos é a justa medida inicial para que as empresas cional depende da melhoria continua dos processos de gestão, apoio e de
consigam se adequar às exigências do mercado e dos clientes, pois a base, pois a eficiência dos processos depende dos referencias e recursos
necessidade de organizar os trabalhos associado aos relacionamentos utilizados.
humanistas ajuda a empresa a entender que é importante que a sua cultura
organizacional seja flexível ás mudanças. O ser humano hoje é totalmente determinante, pois sua capacitação e
motivação é que torna possível o aumento da eficiência dos processos e
Para planejar um treinamento devem-se fazer alguns questionamentos produtividade de qualquer organização.
tipo como, o porquê, a quem, como e quando treinar.
4 PROCEDIMENTOS PARA O LEVANTAMENTO DE NECESSIDA-
Conhecer o público-alvo das ações educacionais é um elemento fun- DES DE T&D.
damental. Não se pode pensar em executar um programa de treinamento e
desenvolvimento sem levar em conta as peculiaridades dos participantes e Para desenvolvimento deste artigo com nível acadêmico, foram reali-
as necessidades dos mesmos. zadas pesquisas de campo (entrevistas, aplicação de questionário e obser-
vações), estudos bibliográficos de autores que abordam tema de diversas
A elaboração do conteúdo e método de treinamento é realizada por áreas e consultas em sites relacionados.
pessoal especializado para organizar a melhor condição de ensino. É um
compromisso ético realizar a adequação das atividades de T&D às caracte- A escolha do setor estudado ocorreu devido à preocupação, de um dos
rísticas dos treinando e da organização, aproveitando ao máximo o conhe- membros da equipe, Rita Dorea, a qual trabalha na organização, e perce-
cimento existente na empresa e os obtidos pela prática. Quanto mais beu a necessidade de se realiza um estudo das necessidades de treina-
próximo da realidade do trabalho for o treinamento, mais aprendizado se mento do pessoal da portaria, sugerindo tal estudo para equipe a qual
mostrará durante a execução de suas tarefas. aceitou o desafio.

Portanto não devemos esquecer que para se aplicar todas essas teori- Perfil da gestão do RH, gestora, Terezilde Sampaio, graduação em psi-
as, e de fato implantar um programa de treinamento ou até mesmo executar cologia, MBA em gestão de pessoas e esta na organização há 3 (três)
um treinamento, deve conhecer a organização em todas as suas variáveis, anos.
como veremos a seguir sua caracterização e a forma como as necessida- Suas expectativas em relação à empresa: crescendo a cada dia, pois o
des de treinamento foram e podem ser levantadas. mercado é bom e o país que anda sobre quatro rodas, não para. As oportu-
Para Rafael, gestor operacional da Bravo, treinamento e desenvolvi- nidades são boas, com expectativas de novas filiais. As ameaças sempre
mento na empresa passou a ser algo tão importante, que foi criado dentro existem, com a chegada dessa crise que abalou a todos está sendo um
do RH, há mais ou menos 1 ano, uma equipe apenas para dedicar-se ao pouco difícil, mas continuamos firmes.
desenvolvimento dos funcionários. A estrutura é boa, mas motivação precisa ser mais trabalhada, tudo é
3 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO como os diretores determinam.

A LM transportes interestaduais serviços e comércio Ltda, atuam no Políticas de RH existentes na organização como forma de motivar e re-
ramo transporte rodoviário de carga, locação de automóveis, serviço de ter talentos: plano de cargos e salários, plano de carreira, programas de
treinamento e desenvolvimento, programas de incentivo a qualidade de vida
transporte de passageiros e outras atividades de serviços prestados, com
700 funcionários. Esta situada na Rua da Alfazema 761- Edifício Iguatemi e lazer, e cursos.
Bisinnes & Flat Salas – 7º andar – salas 43 e 44 Térreos dividem em Co- A Bravo esta passando por um processo de grandes mudanças, como
mercialização, Financeiro, TI, Presidência, Patrimonial, Comercial conta por exemplo, esta deixando de ser uma organização familiar para se torna
com uma estrutura de primeira qualidade. uma empresa profissional. Então como se pode notar essas mudanças será
A unidade, objeto de estudo é a Bravo Caminhões, fundada em 1994, é do executivo para o operacional, e ocorrendo gradativamente.
uma das empresas que compõem o Grupo LM, líder no seu segmento no 5 DIAGNÓSTICO
estado da Bahia e destaca-se entre as maiores redes de concessionárias
de caminhões e Ônibus Volkswagen no cenário nacional, e esta situada na Levantamento das necessidades de treinamento e analise, da portaria,
rodovia BR 324, km 8,5 nº. 1890, Pirajá, enfrente ao Makro supermercado, o qual conta com oito funcionários todos do sexo masculino, trabalhando no
ramo de atividade vendas de caminhões e ônibus novos e usados da marca seguinte esquema de horas 12 x 36. A mostra pesquisada foi de 62,5% dos
Volkswagen, serviços de assistência técnica, vendas de peças originais, e colaboradores do setor.
oficina de reparos. Conta com 289 funcionários, distribuídos entre os níveis O estudo tem o intuito de alcançar os seguintes resultados:
estratégicos, tático e operacional.
* Estabelecer os fatores que podem influenciar no comportamento indi-
A característica estrutural da Bravo é composta por: Recepção, Recur- vidual e organizacional, os quais deverão fazer parte do programa de
sos Humanos, Desenvolvimento de Pessoas, Departamento de Pessoal, T I treinamento de uma organização.
– Tecnologia da Informação, Financeiro/Contabilidade, Segurança do
trabalho, Diretoria geral, Setor Operacional, Refeitório e Estacionamento. * Estabelecer elementos pertinentes à análise organizacional, análise
da tarefa e análise individual.
A Bravo tem se destacado e crescido no mercado pela sua visão em-
preendedora. A organização com sua política empresarial permanecem * Estabelecer o perfil profissional adequado no processo de seleção de
sempre focadas em resultado positivo em longo prazo, em vista ao porte pessoal, em atendimento às exigências das organizações;
inicial. A coerência entre visão, missão e objetivos é indispensável para
* Disseminar a cultura de gestão do conhecimento, possibilitando o
esta organização.
processo da troca de informação e à aprendizagem organizacional.

Gestão de Pessoas 89
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
* Aplicar e avaliar o modelo proposto (diagnóstico do levantamento das O que nos levar a propor um treinamento de capacitação do agente de
necessidades de treinamento). portaria.
"O treinamento é um tipo de educação especializada que, aplicada no A sugestão de treinamento citada, esta embasada nos resultados ad-
âmbito organizacional, busca dar competências profissionais aos indiví- quiridos através das respostas a entrevista, questionário aplicado aos
duos" (apud, Chiavenato - 2004). funcionários e observações realizadas através das visitas a organização.
Dados levantados através de questionário, entrevista e observação dos "Os empregados tem como principal responsabilidade o aprendizado
colaboradores do setor em análise: continuo e a aquisição da competência necessária aprendendo na pratica,
uns com os outros, ou por meio de instrução formal. A principal função dos
Todos têm ensino médio completo (antigo 2° grau)Tem entre 2 e 6 a- gerentes é o desenvolvimento dos seus empregados. Os gerentes propor-
nos de empresaAfirmam não ter recebido, nem feito nenhum tipo de trei- cionam um ambiente que reflete os valores e processos de uma organiza-
namento ou curso para ocupação do cargoAfirmam malmente ter recebido ção de aprendizado." (Xerox do Brasil, documento interno da empresa,
orientação do que deveria ser feito.Tem bom relacionamento com a chefia, apud, Terra, 2001, p.150).
mais dizem não receberem a devida atenção dele.Sente-se desvalorizados
e menos importantes para empresa O setor em questão possui 8 (oito) funcionários, onde 62,5% participou
da pesquisa, os quais em sua totalidade afirmam nunca terem feito nenhum
De acordo com levantamento realizado através do questionário aplica tipo de curso ou treinamento, para exercer sua função, ou melhor como
os resultados foram incoerentes, com o que nos diz os teóricos que "moti- fazê-la, afirmam que a organização não os vêem como parte importante
vação e satisfação" um esta ligado ao outro, conforme gráfico abaixo: dela, aprova disso é que os funcionários no desenvolvimento de suas
O nível de satisfação e motivação, não condiz com a realidade, por es- atividades ficam constantemente dispersos, tanto que por falta de total
te motivo foram realizadas entrevistas com os mesmos, afim de verificação atenção, não permite o devido controle de entra e saída de pessoas.
da veracidade dos dados, e foi constatado, o que dizem os teóricos, que em Reclamam do desvio de função como, por exemplo, executar atividade
uma avaliação os colaboradores tendem a omitir informações por medo, ou de jardineiro. Enfim para que a empresa mantenha o padrão de qualidade e
falta de conhecimento esclarecimento da importância do levantamento. desenvolvimento, esperado de seus funcionários precisa lembrar que a
Portanto o gráfico seguinte, baseado na entrevista e observações, a- portaria também precisa de estrutura física e humana, seus colaboradores
firmou a teoria de que motivação e satisfação estão relacionadas direta- necessitam de orientação, preparo profissional e motivacional, e se senti-
mente no desempenho dos colaboradores. rem parte da organização.
Outro dado interessante apontado neste levantamento foi o fato de à 6 ELABORAÇÃO DO TREINAMENTO
pergunta se algum deles havia participado de treinamento ou curso prepa- Não se pode pensar em executar um programa de treinamento e de-
ratório para executar as atividades do cargo, tanto no questionário como na senvolvimento sem levar em conta as peculiaridades dos participantes e as
entrevista, todos os colaboradores alegaram nunca ter feito nenhum tipo de necessidades dos mesmos. Seu público-alvo o levará a adequar a metodo-
curso ou treinamento, relacionado ao cargo ocupado, como podemos ver logia de ensino ou os materiais de estudo, por exemplo.
no gráfico seguinte.
Portanto algumas etapas devem ser seguidas para elaboração do trei-
No entanto, os funcionários apesar de desmotivados e sem nenhum, namento, primeiro é necessário um levantamento das necessidades de
preparo, procuram não apresentar baixo desempenho no desenvolvimento treinamento, em segundo um diagnóstico do levantamento, posteriormente
de suas atividades. Para eles, o aspecto profissional é fundamental, mesmo identificar se há necessidade de treinamento e qual tipo adequado para
achando que a organização não os valorize ou lhes dê devida importância, supri tal necessidade, em seguida realizar uma programação de treinamen-
não se deixam abater por isso e pela falta de motivação. No entanto isso os to para atender à necessidade diagnosticada, em seguida, a aplicação e
leva a sair da organização, ou buscar vaga em outros departamentos execução, e por fim, a avaliação dos resultados obtidos, focando nos pon-
(seleção interna), elevando o índice de rotatividade do setor. tos.
Por isso que devemos lembrar o quão é importante buscar uma forma 7 AVALIAÇÃO DO TREINAMENTO
de deixar os profissionais motivados e capacitados para exercer a função,
afim não só de reter talentos mais também reduzir os níveis de rotatividade Se a organização em estudo optasse por oferecer o treinamento citado
e absenteísmo. anteriormente, ou fornecer subsídios para o desenvolvimento contínuo de
seus colaboradores do setor mencionado, seria excelente, pois a mesma
Na questão do desenvolvimento atual da empresa, tão preocupada em tem como meta o objetivo de melhorar o desempenho empresarial, aperfei-
seguir a nova tendência, de gestão em desenvolvimento de pessoas, çoar o relacionamento do cliente interno e externo, elevando o nível de
disponibilizando cursos e treinamentos para desenvolver seu capital intelec- satisfação e motivação de seus colaboradores e consequentemente, ala-
tual, criou a área de T & D dentro da organização. vancar seus resultados, melhorando ainda mais sua relação com seu
Bem verdade, que estão, mas preocupados em capacitar as pessoas cliente interno e externo. O treinamento e o desenvolvimento das pessoas
que dão retorno monetário a empresa, deixando de lado as pessoas que na empresa esta ligado a estes objetivos, pois assim, facilitaria avaliar o
trabalham na linha de frente. Afinal, esses colaboradores também precisam retorno efetivo do treinamento.
de treinamento. Um dos pontos a ser visto pelo RH da instituição, dando a Desenvolver um plano de interação que envolva vídeos, dinâmica de
todos o direito a capacitação e desenvolvimento, através de cursos prepa- grupo, palestras e seminários para que possa atender os diferentes perfis
ratórios e ou reciclagem na área especifica. de aprendizagem existentes na empresa, pode ser estimulantes, causar
A maioria das organizações os programas de treinamento não consti- impactos, mas, não obterá o resultado esperado, se não houver continuida-
tuem fator de desenvolvimento de recursos humanos, pois somente visam de do processo.
adaptar o colaborador às necessidades e às práticas da organização e O incentivo da liderança fará uma grande diferença no sucesso do trei-
desconsiderando, geralmente, os valores, as aspirações ou os interesses namento. Para que avaliação do treinamento seja positiva, a liderança
dos colaboradores, os quais são fatores importantes na formulação dos precisa estar comprometida com os resultados desejados, incentivando
objetivos organizacionais. seus colaboradores a conciliar o treinamento com a prática.
A qualidade do treinamento é fundamental para a organização, mas Na apresentação do vídeo se faz necessário uma profunda análise so-
não somente como fator motivacional para a produção, integração e o bre como as atividades estão sendo conduzidas e como deveriam ser de
convívio entre os colaboradores. É importante, também, manter uma pers- fato. Dessa forma, pode-se obter uma visão inicial sobre o que proporciona
pectiva inovadora e recicladora da funcionalidade dos processos dentro das a motivação.
organizações incluindo, especificamente, o processo de treinamento e
desenvolvimento. Durante a dinâmica de integração deve-se valorizar a prática do saber
ouvir e compartilhar ideias, desta forma absorver dos treinados um resulta-
do positivo ou não do treinamento, com uma avaliação de reação (vide

Gestão de Pessoas 90
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
apêndice) sobre as técnicas aplicadas, alcançando assim o objetivo do Portanto treinar é desenvolver habilidades para executar tarefas por
treinamento que é desenvolver a habilidade de comunicação, iniciativa, determinado trabalho, aumentando o conhecimento e a perícia no que
motivar e estabelecer um relacionamento interpessoal, onde as pessoas tange a função a um determinado cargo seja ele qual for, desde o mais
aprendem e aplicam seus conhecimentos. simples, até a função mais complexa dentro das organizações.
O treinamento sugerido à empresa em questão trata-se de uma simula- Para que uma empresa sirva de modo eficiente os serviços que presta,
ção, visto que a equipe encontra-se em processo de aprendizagem. investir no desenvolvimento de pessoas é investir, deste modo na própria
qualidade. Mas, o investimento deve alcançar todos os colaboradores que
Espera-se que futuramente, a empresa venha absorver o planejamento participam da organização, visando os resultados, já que decorrem das
de treinamento, visando atingir objetivos específicos e predefinidos de atividades coletivas, do todo organizacional.
interesse mútuo.
O treinamento deve ser priorizado quando uma nova realidade se a-
8- CONCLUSÃO presentar a organização e deve preparar as pessoas para o enfrentamento
Segundo Lucena os programas de avaliação de T&D (treinamento e e execução imediata das diversas tarefas peculiares, dando oportunidades
desenvolvimento) é o resultado da análise dos requisitos de capacitação para o contínuo desenvolvimento pessoal, não apenas no cargo que ocu-
profissional e pessoal exigidos para o desempenho de um cargo, confron- pam naquele momento, mas também em outros que o colaborador possa
tados com a capacitação real dos profissionais indicados no plano de vir a exercer. A mudança nas atitudes das pessoas cria entre elas clima
sucessão para ocuparem aquela posição. O resultado desta análise definira satisfatório, dando-lhes satisfação e motivação, além de torná-las mais
o PID (plano individual de desenvolvimento) que especificará as necessida- receptivas as tecnicas de supervisão e gestão.
des e os meios que serão utilizados para a formação, desenvolvimento ou A avaliação de treinamento propicia o feedback necessário ao profis-
aprimoramento dos indicados, dentro de um prazo determinado. sional de RH, para se concluir até que ponto o treinamento executado
Portanto o processo de treinamento, sendo aplicado de forma correta, produziu modificações de comportamentos pretendidos como também, se o
sem atropelos de cada uma de suas etapas, é responsável pela apresenta- treinamento alcançou as metas já estabelecidas anteriormente. Cabe,
ção de um capital humano bem treinado, qualificado no mercado, capaz de ainda, fazer referência as avaliações do aprendizado, de reação e dos
intervir no processo produtivo, com fortes tendências a apresentar resulta- resultados do treinamento, que seriam outras possibilidades de intervenção.
dos positivos para a empresa. Ricardo Tecnologo Etapas de Elaboração do Treinamento
Treinamento E Desenvolvimento Organizacional É interessante observar que treinar leva ao seguinte questionamento:
Introdução Por que treinar? Quem treinar? Como e quando treinar?
Com o presente trabalho venho demonstrar a importância de um pro- Algumas etapas de elaboração devem ser seguidas, ou seja, primeiro é
grama de treinamento na sua função de proporcionar o aprendizado. Para necessário um diagnóstico, uma identificação das necessidades que pos-
alcançar este objetivo o trabalho foi dividido em três partes: na primeira, sam levar a um treinamento, em seguida deve ser elaborada uma progra-
serão abordados alguns conceitos acerca do treinamento, possibilitando mação de treinamento para atender ao que se pede e que foram diagnosti-
uma visão geral do que vem a ser treinamento. Na segunda foi abordado a cadas a partir das necessidades, partindo-se da análise organizacional das
elaboração do programa de treinamento para a empresa Tecnologia Ativa operações e tarefas e da análise individual e coletiva e, finalmente a aplica-
e, traçada a proposta de um roteiro para que programas de treinamento ção e execução. Após estas etapas, deve ser feita a avaliação dos resulta-
sejam elaborados de forma a alcançarem seus objetivos, e na terceira dos obtidos.
parte, trataremos da avaliação dos resultados obtidos com o programa de
treinamento e se esse foi benéfico para a organização. Com relação à execução, deve-se levar em consideração os diversos
tipos de treinamento, como:
Fundamentação Teórica
Integração que objetiva adaptar os colaboradores a organização;
Entende-se que treinamento tem como finalidade melhorar o desenvol-
vimento profissional do ser humano na sua organização, e no desempenho O técnico-operacional, que visa capacitar a pessoa de tarefas específi-
das suas funções além de ser o processo que visa à preparação e ao cas;
aperfeiçoamento das habilidades e dos conhecimentos dos funcionários de
uma organização. O gerencial, que leva a competência técnica, administrativa e compor-
tamental;
“Treinamento é um processo de assimilação cultural a curto prazo, que
objetiva repassar ou reciclar conhecimento, habilidades ou atitudes relacio- E o comportamental que objetiva solucionar problemas no contexto do
nadas diretamente à execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho” trabalho, como as inter-relações.
(MARRAS 2001, p. 145). Fatores como adequação do programa as necessidades da organiza-
Robbins (2002 – b, p. 469) comenta que: ção, qualidade do material utilizado no treinamento, cooperação dos envol-
vidos e pessoal de chefia, preparo dos instrutores e a própria qualidade do
“A maioria dos treinamentos visa à atualização e ao aperfeiçoamento pessoal a ser treinado, devem ser levados em consideração na execução
das habilidades técnicas dos funcionários”. de um determinado treinamento.
Percebe-se que o treinamento pode trazer um grande retorno para o Elaboração do Programa de Treinamento para a Empresa Tecnologia
profissional e para a empresa, pois um profissional bem mais qualificado Ativa
terá uma motivação maior e o seu resultado na execução das tarefas será
maior e mais produtivo, consequentemente a maior produtividade do em- Justificativa – a correta identificação e análise dos funcionários garanti-
pregado poderá contribuir efetivamente para os resultados da organização. rá um percentual do sucesso do treinamento. Isto porque, um treinamento
voltado para os vendedores, não poderá ser o mesmo utilizado para o
Conceito de Treinamento gerente e vice-versa. No caso da Loja Tecnologia Ativa.
Treinamento significa desenvolver o potencial, aperfeiçoar o desem- Levantamento das necessidades.
penho e aumentar, deste modo, a produtividade e as relações interpesso-
ais. Mas necessário se faz preparar o potencial humano diante do exigente Para que um programa de treinamento tenha o resultado esperado,
mercado de trabalho e das novas tecnologias, visando desenvolver habili- temos que ajustar as ações da área de treinamento com as necessidades
dades e conhecimentos que viabilizem uma nova realidade, onde o desem- da Loja Tecnologia Ativa. Ao realizarmos um levantamento de necessidade
penho profissional deve ser maximizado. É um recurso que alem de gerar temos que tomar cuidado para não cairmos na tentação do resultado imedi-
um bom clima organizacional, é também o gerenciador do desenvolvimento ato cobrado pelos empresários.
de pessoal, apresentando um conjunto de atividades objetivando a aprendi- A Tecnologia Ativa é uma loja de venda de materiais eletrônicos, locali-
zagem e a capacidade produtiva. zada em um Shopping de São Paulo com vendedores e gerencia. Foi

Gestão de Pessoas 91
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
identificada uma má atuação de um vendedor com relação ao cliente, já Conclusão
que o mesmo encontrava-se ao telefone e só parou quando o cliente pros-
trou-se a sua frente. Nota-se que a gerencia pouco atuou na fiscalização As empresas, frente ao aumento da competitividade e ao avanço da
deste procedimento errôneo e por fim, o vendedor mostrou falta de conhe- tecnologia, devem preocupar-se com o frequente aperfeiçoamento de seus
cimento quanto aos materiais a serem vendidos, despachando uma câmera funcionários, devendo, deste modo, transformarem-se em verdadeiras
filmadora sem conhecê-la e dando informações erradas ao cliente o que escolas, onde o gerente seja o educador e os funcionários os alunos,
desencadeou um problema, culminando com a devolução da mercadoria. observando-se o verdadeiro sentido da educação que é desenvolver a
capacidade física, intelectual e moral do colaborador, levando-o a se inte-
Diagnóstico do Problema: grar e interagir com o meio que o cerca e fazendo-o refletir criticamente
sobre as mudanças que ocorrem a sua volta e, desta reflexão tomar deci-
Funcionários sem conhecimentos específicos de atendimento ao públi- sões e rumos a trilhar.
co gerando descontentamento no cliente e Gerenciamento pouco ativo
quanto a fiscalização dos funcionário que fazem o atendimento. Certo que tudo isto não se alcançara de imediato nas organizações,
cabendo aos profissionais de RH, fazer deste principio uma realidade para
A carência observada no indivíduo,é identificada pelo Levantamento o sucesso das empresas. Claro está que o treinamento é um processo
das Necessidades de Treinamento (LTN), diante do padrão a que a Loja contínuo de aprendizagem elaborado e planejado pelos profissionais de
Tecnologia Ativa necessita para a boa execução da tarefa. O resultado aqui Recursos Humanos, com apoio da gerencia, mas lembrando que um pro-
traçado,definirá as ações a serem tomadas posteriormente. grama de treinamento envolve algumas etapas que devem ser seguidas
Para realizar o LTN na Loja Tecnologia Ativa, poderão ser utilizados os para garantir-lhe o sucesso, como identificação do cliente, levantamento de
seguintes instrumentos de acordo com as necessidades: necessidades, diagnósticos, elaboração ou planejamento, execução e
avaliação dos resultados. Tais etapas não funcionam sozinhas, sendo cada
Questionário parte, de vital importância para o sucesso do programa e para o pleno
Avaliação de desempenho alcance dos objetivos estabelecidos.

Discussão em grupo O alcance do papel do treinamento na empresa moderna não se fixa


apenas em oferecer condição para que o colaborador melhor se capacite
Reuniões inter-departamentais ou se desenvolva, mas também, como força capaz de intervir na organiza-
ção e no processo produtivo. Só entendendo assim, poderemos dar à
Entrevista estruturada
empresa o que ela espera – força capaz de ajudá-la na árdua tarefa de
Pesquisa de clima maximizar resultados, minimizando os custos e otimizando os recursos
humanos disponíveis, tornando-os mais eficientes e mais eficazes.
Pesquisa de satisfação de clientes, entre outros.
Educação Corporativa
Programa do Treinamento
Educação corporativa pode ser definida como uma prática coordenada
Estabelecidos os objetivos a serem alcançados, pode-se definir os te- de gestão de pessoas e de gestão do conhecimento tendo como orientação
mas que serão abordados e quais assuntos serão levantados dentro deste a estratégia de longo prazo de uma organização.
tema, para melhor atingir os resultados, no caso da loja Tecnologia Ativa,
será abordada a questão do atendimento ao cliente e Gerenciamento ativo. Educação corporativa é mais do que treinamento empresarial ou quali-
O Treinamento deverá utilizar-se de uma metodologia, levando-se em ficação de mão-de-obra. Trata-se de articular coerentemente as competên-
consideração as necessidades estabelecidas pela clientela, que neste caso cias individuais e organizacionais no contexto mais amplo da empresa.
é o mal atendimento. Para tanto, se usará uma sala, que pode ser cedida Nesse sentido, práticas de educação corporativa estão intrinsecamente
pelo próprio Shopping. Esta metodologia é das mais utilizadas e eficientes relacionadas ao processo de inovação nas empresas e ao aumento da
já que a presença do instrutor será constante e onde será facilitada aos competitividade de seus produtos (bens ou serviços).
treinandos uma troca de experiências. Para se alcançar o êxito, o método
A Educação Corporativa consiste em um projeto de formação desen-
depende além das necessidades desta reunião, a qualificação e preparação
volvido pelas empresas, que tem como objetivo “ institucionalizar uma
do instrutor.
cultura de aprendizagem contínua, proporcionando a aquisição de novas
Implementação do Programa competências vinculadas às estratégias empresariais” (Quartiero & Cerny,
2005, p.24).
O período e horários para o treinamento poderão ser estabelecidos
com o instrutor e treinandos, em comum acordo com a gerencia, numa Segundo Jeanne Meister (1999), a Educação Corporativa é um “guar-
prévia reunião. da-chuva estratégico para desenvolver e educar funcionários, clientes,
fornecedores e comunidade, a fim de cumprir as estratégias da organiza-
A gerencia caberá a contratação do instrutor, confecção do material di- ção” (p.35).
dático a ser utilizado e orçar as despesas gerais com o treinamento.
Este fenômeno em crescente expansão tem como sustentação a cha-
Ao instrutor caberá implementar um programa voltado as necessidades mada ‘sociedade do conhecimento’, “cujo paradigma é a capacidade de
da Tecnologia Ativa, apresentando o plano de treinamento, definindo meto- transformação [...] do indivíduo social por meio do conhecimento” (Mana-
dologias adequadas a vendas e gerenciamento e conteúdo das informa- gão, 2003, p. 9). Um ‘novo trabalhador’ é exigido nesse contexto, que
ções, bem como programar os eventos e atividades, observando aspectos enfatiza as ‘competências’ segundo um “comportamento independente na
importantes como objetivos, motivação e aprendizagem. solução de problemas, a capacidade de trabalhar em grupo, de pensar e
Por fim, a escolha de uma empresa gabaritada em Treinamento deverá agir em sistemas interligados, e de assumir a responsabilidade no grupo
ser implementado como item importante para os fins desejados pela Tecno- de trabalho” (Markert 2000, apud Quartiero & Cerny, 2005, p.28).
logia Ativa.. A Educação Corporativa se justifica, segundo a literatura, pela 'incapa-
Avaliação dos Recursos do Treinamento cidade' do Estado em fornecer para o mercado mão-de-obra adequada.
Desta forma, as organizações chamam para si essa responsabilidade,
O que mais importará para a organização é estar ciente do tipo de re- defendendo o deslocamento do papel do Estado para o empresariado na
torno que o programa de treinamento irá trazer para a empresa. Portanto, direção de projetos educacionais – Teoria do Capital Intelectual. “As em-
ao terminar um treinamento devemos avalia-lo junto com os treinandos e presas [...] ao invés de esperarem que as escolas tornem seus currículos
checar posteriormente se ele trouxe realmente benefícios para a empresa. mais relevantes para a realidade empresarial, resolveram percorrer o
Ao se investir em treinamento espera-se que haja “aumento de produti- caminho inverso e trouxeram a escola para dentro da empresa” (Meister,
vidade, mudanças de comportamento, melhoria do clima humano na orga- 1999, p. 23).
nização, redução de custos e de acidentes, rotação de pessoal, além de Esse modelo educativo oferecido pelas empresas abrange várias mo-
outros resultados dalidades de ensino, tais como: cursos técnicos (inglês, informática,

Gestão de Pessoas 92
Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
etc.), educação básica (ensino fundamental e médio), pós-graduação lato pedra, mas flutuam como ideias, e quando a mudança é rápida e profunda,
sensu, entre outros. Ele emerge na década de 1950 nos Estados Unidos, a os cálculos mudam. Portanto, criar o estoque de conhecimento não é
partir da crítica ao tradicional modelo de Treinamento e Desenvolvimento suficiente para sermos realmente indivíduos voltados para o conhecimento,
(T&D) das empresas, considerado então obsoleto para os padrões do ‘novo precisamos correr riscos tanto quanto os médicos precisam conviver com
modelo produtivo’ – a acumulação flexível: as doenças.
[...] as características de um setor de Treinamento e Desenvolvimento Nesta perspectiva surge um novo papel "o líder", que seria alguém ca-
padrão se tornaram tão desgastadas que melhorias ou mesmo uma reen- paz de adotar perspectivas globais, prever oportunidades, criar uma visão
genharia mais forte não seriam suficientes para adequá-lo às novas neces- compartilhada, desenvolver e dar autoridade as pessoas para tomar deci-
sidades de educação no espaço das organizações (Quartiero & Cerny, sões, apreciar a diversidade cultural, construir equipes, favorável a mudan-
2005, p. 34). ças, garantir a satisfação dos clientes, conquistar vantagens, dividir a
liderança e viver os valores.
Naquele momento as empresas investiam nessa modalidade com o ob-
jetivo de ensinar aos trabalhadores ‘o como fazer’. As empresas inicialmen- Hoje o líder tem o papel de autoconfiança, de visão e de excelência
te tinham como foco “desenvolver qualificações isoladas, para a criação de pessoal, sob a perspectiva na formação de alianças com outras organiza-
uma cultura de aprendizagem contínua, em que os funcionários [aprendes- ções, tomada de decisões, desenvolvimento de parcerias e tratamento das
sem] uns com os outros e [compartilhassem as] inovações e melhores pessoas com respeito e dignidade. Essa é a imagem do líder, como parcei-
práticas com o objetivo de solucionar problemas empresariais” (Meister, ro, negociador, diretor social e corretor.
1999, p.21).
Assim, o Capital Intelectual de uma empresa é a soma de seu Capital
No Brasil, a Educação Corporativa emerge na década de 1990 com a Humano, Capital Estrutural e Capital de Clientes, mas certas fatias do
política neoliberal implementada no então governo Fernando Collor de Capital Intelectual são tão fungíveis que bem poderiam funcionar como
Mello, no quadro de abertura econômica do país que impulsionou a ideolo- dinheiro. O investimento em Capital Humano aumenta ainda mais o retorno
gia da competição para o mercado globalizado. Esse modelo educacional sobre os investimentos em sistemas de informação, apenas por meio do
assumido pelas empresas surgiu “no auge do Programa Brasileiro de conhecimento, as empresas são capazes de se diferenciarem das concor-
Qualidade e Produtividade – PBQP” (Martins, 2004, p.10). rentes. O ativo específico e o ativo diferenciador não é a maquinaria e nem
http://www.epsjv.fiocruz.br/ os "softwares" é o conhecimento.
Capital Intelectual: conhecimento que transforma as matérias pri- Afirma Ducker, "a melhoria da produtividade do trabalhador do conhe-
mas e as tornam mais valiosas cimento mal começou". A empresa só existe como instituição por causa das
pessoas que nela trabalham, pelo fato de, para elas, o trabalho na empresa
A economia do conhecimento é mais do que a soma de partes, ela é ser mais barato do que o trabalho por conta própria. Se esses indivíduos
singular e única. As empresas do conhecimento olham o mundo, os pro- forem embora, a empresa deixa de existir, a empresa existe porque as
blemas, as oportunidades, as pessoas e os riscos, todos esses tipos de pessoas estão dispostas a trabalhar para ela; e assim, é porque lá dispõem
aflições são na verdade, problemas de conhecimento, que dão errado em de condições sob a quais são capazes de alcançar maior eficácia do que
consequência de Capital Intelectual inadequado, conhecimento impróprio e por conta própria.
má interpretação das tendências do mercado.
A empresa faz diferença e cria vantagens ao atrair, adquirir e reunir re-
Em conjunto as pessoas não estão descobrindo os conhecimentos ne- cursos ativos que ampliam a capacidade dos indivíduos. Esses recursos e
cessários, os movimentos entre as partes envolvidas e nem as mantendo
as atividades executadas por meio deles, capacitam as pessoas a realizar
renovadas e atualizadas. Muitas pessoas e empresas estão de tal modo melhor o próprio trabalho com mais rapidez, com menor custo, por um
ocupadas na tentativa de ocultar os erros que não conseguem aprender preço melhor do que sozinhas. A empresa é um conjunto de ativos.
com a realidade. O medo é o maior obstáculo para fazer algo inovador.
Ninguém pretende estimular as mancadas apenas para aprender com elas. Conseguir resultados não é o principal atributo do líder, o que consta é
No entanto, a melhor maneira de evitar a repetição de erros é adotar a melhorar os processos, garantir que as pessoas certas estejam conversan-
perspectiva do conhecimento de celebrar o aprendizado, não apenas o do entre si sobre as coisas certas e contam com as ferramentas para
sucesso. fazerem o que considera necessário.
Essa economia do conhecimento impregna tudo que compramos, ven- Dessa forma, os líderes de hoje e do futuro estão configurados na eco-
demos e produzimos, nisso o ativo do conhecimento, isto é, o Capital nomia do conhecimento, o líder do passado era um operador, o do presente
Intelectual passou a ser mais importante para as empresas do que os ativos - um planejador e coordenador; o do futuro - um professor. Sua função é
financeiros e físicos. Para prosperar na nova economia e explorar esses desenvolver capacidades, construir Capital Intelectual, conduzir ideias e
novos ativos cruciais, precisamos de um novo léxico, novas técnicas de experiências oriundas de uma situação em oportunidades.
gestão, novas tecnologias e estratégias.
"A essência da empresa na nova economia é sua capacidade de criar,
O conhecimento, as ideias e as informações foram importantes, mas transferir, montar, integrar, proteger e explorar novos ativos de conhecimen-
hoje, como em nenhuma outra época, definem nossa vida no trabalho. Os to", diz David Teece, reitor da Hass School of Business, da Universidade da
novos empregos são empregos do conhecimento, assim como os empre- Califórnia.
gos antigos, penso, logo existo e ganho dinheiro. É inevitável que o conhe-
cimento transforme-se em ativo cada vez mais importante para as organi- As empresas só continuarão existindo se as pessoas estiverem dispos-
zações, na verdade, o ativo é tudo aquilo que transforma matéria prima em tas a trabalhar nelas. A maneira mais importante para fortalecer a lealdade
algo mais valioso, executa algum processo e dela saem outputs mais dos empregados é aumentar suas oportunidades de crescimento com
valiosos do que os inputs. liberdade e responsabilidade. O aprendizado e a independência são tam-
bém elos que amarram as pessoas às organizações.
Dessa forma, o conhecimento representa uma maneira de analisar as
questões de negócios sob a perspectiva do conhecimento. As empresas Os empregados querem compartilhar atitudes e crenças, assim como o
precisam testar todas as atividades de negócios, assim como analisar espaço de trabalho; querem desenvolver relacionamentos uns com os
atendem-se às demandas de uma época voltada para o conhecimento. No outros e com a empresa, antes de mergulhar na faina. Precisamos conhe-
entanto, o campo da gestão intelectual é praticamente inexistente e precisa cer uns aos outros, saber trabalhar juntos, de modo que, quando surgir a
ser inventado, pois se trata da maior ameaça enfrentada pelas as empresas crise, não precisemos perder muito tempo com coordenação.
neste século. As empresas existem porque no lugar de planejar usam objetivar como
Os riscos são algo positivo, o objetivo não é eliminá-los, mas gerenciá- importante atividade unificadora, promovendo um lugar de aculturação e
los, ou seja, escolher em que apostar como proteger as apostas e onde não uma cultura, ou seja, uma comunidade de pessoas com quem trabalhar e
apostar de jeito algum. Acredita-se em elementos concretos e objetivos; viajar, isso é a essência de uma comunidade talentosa, uma fonte de
mas não em liderança e empatia, e quando os riscos não são lavrados em atração de clientes. O trabalho do conhecimento é personalizado, este
evolui por iteração e reiteração.

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O Capital Intelectual, as conversas, o armazenamento de conhecimen- serviço, inovação, flexibilidade, agilidade e velocidade de forma cada vez
tos, as garantias e os serviços, cada um desses fatores é um motivo para mais crítica. As empresas tendem a se diferenciar pelo que elas sabem e
que se transfira para as organizações um pouco de domínio sobre nossos pela forma como conseguem usar esse conhecimento.
destinos, uma pequena parcela de governança.
Desta forma, uma organização dispõe de vantagem competitiva quan-
O ser humano é considerado capital por possuir capacidade de gerar do é competitivamente superior a um ou mais concorrentes. A posição
bens e serviços, por meio do emprego de sua força de trabalho do conhe- competitiva é uma medida relativa do desempenho. Do ponto de vista
cimento, constituindo-se em importante fonte de acumulação e de cresci- prático, pode ser medida comparando as capacidades integradas dos
mento econômico. A instrução e o progresso no conhecimento constituem concorrentes num ambiente competitivo. E se for aceito o princípio de que
importantes fontes de crescimento econômico, que o conceito de capital e as capacidades são os fatores fundamentais que levam à concorrência
de formação de capital deveria ser ampliado de forma a incluir investimento entre as organizações. Então, os esforços para desenvolver ou melhorar as
em seres humanos, o que se dá, pelo investimento na instrução. vantagens competitivas devem basear-se nas capacidades que, do ponto
de vista conceitual, incluem quatro componentes: as pessoas, os proces-
O Capital Intelectual abrange vários elementos intangíveis, ser relativo sos, a organização e a tecnologia.
ao intelecto, que só os seres humanos possuem. Assim, o Capital Intelec-
tual abrange o elemento possuidor do recurso do conhecimento e tudo mais Quando uma empresa oferece aos seus empregados a possibilidade
que é resultante da aplicação do conhecimento. de participar, ganhos são adquiridos, pois os trabalhadores ao se sentirem
auto-realizados com a tarefa que exercem, passam a ser funcionários
Como o Capital Humano compreende os benefícios que o indivíduo entusiasmados, com iniciativa e fiéis à empresa que participam.
pode propiciar para as organizações, é natural que hoje em dia as organi-
zações dediquem maiores esforços para identificar aquelas pessoas que Se não houver uma política de esclarecimento, de respeito e de inte-
poderão aperfeiçoar a relação de causa e efeito. Quanto melhor o Capital gração, os funcionários de uma instituição podem transformar-se em pode-
Humano de uma organização, melhores resultados ela alcançará no Capital rosa força negativa em relação à empresa. O problema de prestígio e
Intelectual. Consequentemente, as organizações necessitam apoiar-se no simpatia da organização perante o público externo e misto encontra-se,
Recurso Humano do conhecimento não mais na força braçal; a tecnologia; principalmente, na confiança que os empregados têm na sua empresa.
à medida que, por um lado, supre este fator, por outra demanda pelo po-
tencial humano da inteligência. Esforçar-se para analisar, compreender e satisfazer as necessidades
do homem social é tão essencial ao equilíbrio e ao desenvolvimento do
Alguns fatores que geram o Capital Intelectual: conhecimento, por parte indivíduo como à harmonia, à coesão e à eficiência da instituição.
do colaborador, do que representa seu trabalho para o objetivo global da
companhia, valorização das opiniões dos colaboradores sobre os aspectos As empresas precisam conscientizar-se de que a autoridade não se
de trabalho, encorajamento dos colaboradores para inovar e valorização da exerce pela hierarquia, mas sim pela orientação que os seus gestores
cultura-organizacional. conseguem passar para os seus colaboradores. Hoje, o grande potencial
das empresas é saber usar também o cérebro das pessoas.
O Capital Humano é formado pelos talentos e pelas competências das
pessoas. Sua utilização de forma que venha a fomentar um real diferencial As empresas de sucesso são aquelas que têm uma dose muito grande
vai depender da estrutura de gestão de cada empresa. É preciso adequar de profissionalismo. São as que conseguiram, ao longo de sua existência,
em moldes democráticos e criativos os modelos de gestão organizacional, manter em seu quadro de profissionais, pessoas competentes e motivadas
focando o desenvolvimento das competências de seus colaboradores. onde seu principal ativo - o humano, que faz a empresa acontecer e existir.

Acredita-se que uma das formas para medir o valor da empresa é por Hoje, as empresas precisam aprender a gerenciar o conhecimento, sa-
meio de seu resultado financeiro, e este tem sido o modelo. Por outro lado, ber desenvolver cada habilidade necessária para o sucesso dos indivíduos
julga-se que a aceitação de que o resultado financeiro é a materialização de e da empresa em um novo ambiente da economia intelectual. O conheci-
esforços nas áreas do Capital Humano e Estrutural pode ser igualmente mento, a experiência, o poder de inovação e a habilidade dos funcionários
considerada senso comum. Isso significa que os recursos consumidos de uma empresa para realizar as tarefas do dia a dia são definidos como
conduzem a um resultado, e assim tem sido desde a organização formal Capital Humano.
das primeiras fábricas. Por outro lado os equipamentos e o resto da capacidade organizacional
A criatividade e a inovação, através das ideias que provêm do conhe- que apóiam a produtividade dos funcionários são definidos como Capital
cimento, contribuem para a valorização total da empresa. O conhecimento Estrutural. Ao contrário do Capital Humano, o Capital Estrutural pode ser
é à base de sua estrutura interna e externa. Para poder competir e enfren- possuído e, portanto, negociado. O Capital Intelectual, em especial, valoriza
tar os desafios de um mercado cada vez mais exigente, as empresas têm o desenvolvimento das competências dos funcionários, que podem não
que investir em recursos humanos. influir na lucratividade de uma empresa durante anos. Não atribui valor ao
sucesso em curto prazo que não projete a empresa para o futuro.
Peter Drucker (1996) diz que os meios de produção, base tradicional do
capitalismo, estavam, agora, nas cabeças e nas mãos dos trabalhadores. O simples desperdício de recursos direcionados aos lugares errados na
Assim, devemos considerar nessa afirmação a relatividade dos mercados e época importuna é suficientemente perigoso. No entanto, um risco até
o desenvolvimento sócio-político das sociedades envolvidas. maior é que os mesmos indicadores que falham em mostrar a economia
crescendo também fracassem, quando aquelas forças subjacentes aponta-
Valorizar o Capital Humano é fundamental para a competitividade em- rem uma tendência de queda. Tem-se o enorme perigo de perder a direção
presarial, pois os recursos humanos são os principais responsáveis pelo e de se espatifar no solo, sem saber que está caminhando para uma catás-
desempenho das empresas e constituem vantagens competitivas num trofe. Somente isso deveria assustar a alma de cada investidor ou adminis-
mercado cada vez mais exigente. trador, devendo tornar-se mais que um incentivo para se procurar métodos
efetivos de se medir e estimular o Capital Intelectual.
Essa ferramenta, como afirma Rigby (2000), mostra que as empresas
de sucesso não são um conjunto de produtos, mas sim de bases de conhe- O ponto central do Capital Intelectual segundo Skandia é a ideia de que
cimento distintas. Esse Capital Intelectual é a chave da vantagem competi- o valor real do desempenho de uma empresa está em sua habilidade para
tiva da companhia com seus "clientes alvo". A Gestão do Conhecimento criar valor sustentável pela adoção de uma visão empresarial e de sua
procura acumular o Capital Intelectual que criará competências essenciais- estratégia resultante. A partir desta estratégia podem-se determinar os
exclusivas e produzirá resultados melhores. fatores de sucesso que devem ser maximizados.
Com o enfoque da Gestão do Conhecimento, começa-se a rever a em- O Capital Intelectual representa uma maneira nova de encarar o valor
presa, suas estratégias, estrutura e cultura. Isso se dá num ambiente organizacional que nunca ficará limitado a desempenhar um papel secun-
competitivo, onde a rápida globalização da economia e as melhorias nos dário em relação à contabilidade tradicional. É da natureza humana supor
transportes e nas comunicações dão aos consumidores uma gama de que uma importante inovação se desenvolverá a partir daquilo que já existe
opções sem precedentes. O ciclo de desenvolvimento de novos produtos é e, então, espantar-se quando ela ocupar um novo espaço, mesmo entre a
cada vez mais curto. As empresas precisam de qualidade, valor agregado, crescente fileiras de adeptos do Capital Intelectual, a magnitude da revolu-

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ção financeira representada pelo Capital Intelectual frequentemente não é possam orientar os seus comportamentos, com a finalidade de construir
compreendida. relações de confiança.
O Capital Intelectual não se limita estritamente às entidades com fins Este trabalho tem como objetivo identificar as expectativas dos lidera-
lucrativos, ele pode também ser aplicado às entidades que não visam dos quanto aos comportamentos de seus líderes para que se percebam
lucros. O resultado é de avaliação comum para medir e comparar o cresci- envolvidos numa relação de confiança e, consequentemente, alavancar a
mento do valor de todos os tipos de organização de uma sociedade. Assim geração e o desenvolvimento do capital intelectual como fonte de vantagem
o Capital Intelectual oferece a possibilidade de uma valoração do comum competitiva sustentável para as organizações.
de todas as iniciativas dos grupos humanos.
Com este estudo, pretende-se contribuir com conhecimentos que pos-
A ascensão do Capital Intelectual é inevitável devido às forças históri- sam trazer reflexões sobre o gerenciamento da confiança e suas conse-
cas e tecnológicas irresistíveis dos fluxos de investimentos que estão se quências para as organizações, abrindo caminho para novas pesquisas que
espalhando pelo mundo moderno e nos levando em direção a uma econo- possibilitem, no futuro, a construção de um modelo de gerenciamento
mia baseada no conhecimento. Somente o Capital Intelectual capta a interdependente de confiança.
dinâmica da solidez organizacional e da criação de valor reconhece que um
empreendimento moderno muda com rapidez, que passa a depender do FUNDAMENTOS TEÓRICOS
talento e da dedicação de seus colaboradores, bem como a qualidade dos As Bases Invisíveis do Capital Intelectual
instrumentos que eles utilizam.
O conceito de capital social organizacional surge da aplicação do con-
Desta forma, o Capital Intelectual é inevitável porque somente ele, tem ceito de capital social às organizações. Nos anos 70 buscavam-se novas
o desempenho corporativo e expõe o valor real. Assim, ele restaura tanto o perspectivas, além da econômica, para explicar o desenvolvimento das
bom senso quanto a equidade que devem prevalecer na economia. comunidades, surgindo reflexões que propiciaram o desenvolvimento do
Conforme o dito popular, cuidado com os cavalos antigos: eles podem conceito de capital social (Overbury, 1976). Nas décadas seguintes, o
parecer temíveis, mas estão completamente pobres em seu interior, prontos conceito de capital social ganhou força, com sua aplicação expandindo-se a
para cair na primeira tempestade que ocorrer. Desta forma é o comporta- realidades diversas e abrindo novas perspectivas. Nos anos 80, Coleman
mento das empresas que têm a responsabilidade de cortarem custos e (1988) relacionou o capital social ao desenvolvimento do capital humano e,
respondem pela eliminação não dos galhos mortos, mas também do cerne nos anos 90, Nahapiet e Ghoshal (1998) abordaram o capital intelectual à
da árvore. luz do capital social e Leana e Buren (1999) propuseram o conceito de
capital social organizacional, ao aplicarem aquele conceito no contexto
Toda capacidade, conhecimento, habilidade e experiência individuais organizacional.
dos funcionários e gerentes estão incluídos no temor Capital Humano, o
qual deve da preferência de captar com igualdade a dinâmica de uma Putnam (1995), um dos principais estudiosos de capital social, após ter,
organização inteligente em um ambiente competitivo em mudança. Assim, o em 1993, elaborado o conceito em função dos atributos de uma organiza-
Capital Humano deve incluir a criatividade e a inovação organizacionais. ção social, em 1995 destaca a sua importância como insumo para o alcan-
ce de objetivos compartilhados, definindo capital social como sendo "traços
O Capital Estrutural pode ser descrito como a infraestrutura que apóia o da rede da vida social, normas e confiança, que habilitam os participantes a
Capital Humano. Ele também é a capacidade organizacional, incluindo os agirem em conjunto, mais efetivamente, para buscarem os objetivos com-
sistemas físicos utilizados para transmitir e armazenar Conhecimento partilhados".
Intelectual. O desafio, portanto, é assegurar que o Capital Intelectual seja
importante para registrar o valor real de uma organização através da junção Nahapiet e Ghoshal (1998) entendem que o capital social consiste no
do Capital Humano e Estrutural. Assim, o Capital Humano é mais volátil, conjunto dos atuais e potenciais recursos pertencentes a uma pessoa ou a
enquanto que o Capital Estrutural é estável, podendo então ser utilizado unidade social, embutidos, derivados e disponibilizados numa rede de
como alavanca para auxiliar o crescimento corporativo. Keyth Martins relações sociais, e constituído de três dimensões: estrutural, cognitiva e
relacional. A dimensão estrutural refere-se à configuração da rede de
relações entre os atores sociais e os padrões de ligação de densidade,
conectividade e hierarquia. A dimensão cognitiva compreende o sistema de
Confiança e desenvolvimento de capital intelectual: o que os
significados, interpretações e representações compartilhado pelas pessoas.
empregados esperam de seus líderes?
A dimensão relacional tem o seu foco na qualidade das relações desenvol-
Maria Luísa Mendes Teixeira; Silvio Popadiuk vida ao longo do tempo, em que a confiança desempenha um papel espe-
cial.
INTRODUÇÃO
Leana e Buren (1999), ao abordarem as organizações à luz do capital
O capital intelectual tem sido visto como a principal fonte de vantagem social, geraram o conceito de capital social organizacional, entendendo-o
competitiva sustentável à luz dos critérios da Resource Based Approach, ao como o recurso que reflete o caráter das relações sociais existentes na
ser de difícil imitação, específico, raro e valioso para as organizações. Ele organização, vivenciadas por seus membros, envolvendo confiança com-
depende das relações de confiança que constróem o capital social, presen- partilhada e orientação para o alcance de objetivos coletivos.
tes nas relações sociais de um grupo ou comunidade, pautadas na confian-
ça, permitindo alcançar objetivos comuns (Nahapiet e Ghoshal, 1998). Tanto para Putnam (1995) quanto para Nahapiet e Ghoshal (1998), a
confiança surge como um elemento chave na construção do capital social,
A confiança permite ao grupo compartilhar conhecimento na dimensão ocorrendo o mesmo quando Leana e Buren (1999) identificaram a associa-
ontológica, proposta por Nonaka e Takeushi (1997), e responsabilidades, bilidade e a confiança como os componentes do capital social organizacio-
realizando trabalho em equipe e alcançando objetivos. O gerenciamento da nal. A associabilidade consiste na disposição de subordinar os objetivos
confiança é proposto por Sheppard e Sherman (1998), mediante a seleção individuais aos objetivos da organização e a confiança é pré-requisito e
de parceiros e mecanismos de gestão para que os colaboradores se sintam resultado do sucesso da ação coletiva, um elemento essencial para que as
membros de uma mesma organização. pessoas trabalhem juntas em projetos comuns e alcancem os resultados
Sendo o nível mais elevado de confiança aquele em que a interdepen- esperados.
dência profunda entre os parceiros (Sheppard e Sherman, 1998) está Para Nahapiet e Ghoshal (1998) o capital intelectual não consiste ape-
envolvida, o seu gerenciamento pode ser considerado como interdependen- nas num conjunto de conhecimentos de um grupo de indivíduos, mas na
te, em que os liderados também têm um papel a desempenhar, confiando à capacidade de uma coletividade de conhecer e depende do processo de
medida que percebem o seu líder formal e a empresa como confiáveis e se troca entre as partes envolvidas na sua produção. O capital intelectual é
percebem vistos como confiáveis para ambos. desenvolvido pela interação social e co-atividade capazes de gerar combi-
Sob esta perspectiva, o conhecimento das expectativas dos liderados nação de conhecimentos e experiências. Segundo esses autores, a criação
quanto aos comportamentos de seus chefes que revelem ser confiáveis e do capital intelectual é, portanto, uma consequência do capital social.
que neles confiam, pode consistir num insumo básico para que os líderes

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Note-se, porém, que Nahapiet e Ghoshal (1998) elaboraram a aborda- consequência do capital social organizacional, em que a confiança desem-
gem do capital intelectual à luz do capital social antes que Leana e Buren penha um papel chave. Lançando mão de uma metáfora, a confiança
(1999) desenvolvessem a abordagem das organizações à luz do capital consiste no fluído que alimenta e permeia todas as relações sociais, geran-
social, gerando o conceito de capital social organizacional. Parafraseando do o capital social, o capital social organizacional e o capital intelectual.
Nahapiet e Ghoshal (1998), pode-se dizer que o capital intelectual é uma Estes quatro elementos são esquematizados na Figura1.

Segundo Nahapiet e Ghoshal (1998) é a abordagem do capital social Segundo Sheppard e Sherman (1998), embora a confiança tenha sido
que permite uma melhor compreensão das razões que levam o capital estudada como uma entidade em que o risco é aceito irracionalmente, ela
intelectual a ser considerado como fonte de vantagem competitiva susten- também pode ser vista como um componente natural e essencial do rela-
tável à luz da Resource Based Approach. cionamento humano que as pessoas procuram gerenciar, de acordo com a
profundidade da dependência ou interdependência envolvida.
De acordo com a Resource Based Approach (Barney, 1991), as fontes
de vantagem competitiva sustentável são raras, valiosas e de difícil imita- De acordo com Fiske (1995), as relações sociais podem ser classifica-
ção. O capital intelectual de uma organização, para Nahapiet e Ghoshal das quanto à natureza da troca em quatro tipos, presentes em todas as
(1998), não é propriedade particular de um indivíduo, mas resulta e desen- culturas:
volve-se nas relações que permeiam a estrutura e os processos de troca,
sendo moldado de acordo com a evolução dessas relações ao longo do . comunitária, na qual existem relações estreitas típicas de consanguini-
tempo. É, portanto, de difícil imitação e raro, pois é característico de cada dade;
organização; deve ser valioso, gerando produtos capazes de proporcionar . de autoridade, em que as relações exibem diferenças de status, refle-
atratividade durável ao cliente, superior à da concorrência. tindo comando de um lado e deferência de outro;
A geração de capital intelectual, fonte de vantagem competitiva susten- . de equivalência, cujo relacionamento é um a um, de pessoas diferen-
tável para as organizações, depende do desenvolvimento do capital social tes, mas equivalentes, na qual se observa equilíbrio de reciprocidade;
organizacional e, para tanto, a confiança consiste num fator chave.
. de mercado, que são intermediadas por valores mensuráveis, em que
Gerenciamento da Confiança as partes envolvidas calculam a troca em termos da relação cus-
Confiança tem sido um importante insumo nas relações entre organiza- to/benefício.
ções e indivíduos (Cohen, 1999). Ela facilita a criação de capital intelectual Embora Fiske (1995) tenha classificado os relacionamentos de acordo
(Nahapiet e Ghoshal, 1998) e a cooperação (Spagnolo, 1999) entre os com o tipo de troca, isto não é suficiente para gerar um modelo que permita
indivíduos, para eles trabalharem em conjunto em projetos e alcançarem os compreender a confiança em seus diversos aspectos, tornando-se neces-
resultados esperados (Leana e Buren, 1999). A confiança é uma função da sário considerar os tipos de profundidade e interdependência envolvidos.
relação entre as pessoas, entre as pessoas e as organizações e entre as
organizações e o contexto institucional em que essas relações se inserem Sheppard e Sherman (1998) propõem classificar os relacionamentos
(Sheppard e Sherman, 1998). Supõe uma disponibilidade para conviver em termos de formas relacionais de dependência ou interdependência e,
com a vulnerabilidade (Leana e Buren, 1999), consistindo na aceitação de ainda, em superficiais ou profundas, de acordo com a profundidade decor-
riscos associados à profundidade e ao tipo de interdependência existente rente da importância, amplitude e contatos entre as partes envolvidas.
no relacionamento (Sheppard e Sherman, 1998). O Quadro 1 sintetiza as principais características de cada tipo de relacio-
namento, cujos detalhes são comentados na sequência.

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A dependência superficial envolve dois tipos de riscos para aquele que No relacionamento envolvendo dependência superficial basta selecio-
confia: (1) a possibilidade de que o outro seja não confiável, isto é, que não nar o parceiro pela sua história de comportamento confiável e discreto. Na
se comporte da forma esperada; (2) a indiscrição, ou seja, o risco de que o dependência profunda, para minimizar o risco de ser enganado, o parceiro
outro compartilhe informações que não se quer compartilhar. deve ter atributos de honestidade e integridade. Para evitar que os interes-
ses sejam negligenciados ou praticados abusos e danos à auto-estima, o
A interdependência superficial ocorre quando as duas partes coorde- parceiro deve apresentar características de altruísmo, benevolência e
nam o comportamento, visando ao alcance dos objetivos desejados. Nesse afetividade. Para relacionamentos que envolvam a interdependência super-
caso, a falta de qualidade de coordenação constitui-se no risco inerente. ficial, o comportamento deve ser previsível, consistente e transparente,
A dependência profunda surge quando uma das partes detém menor enquanto que na interdependência profunda a intuição e a empatia são
conhecimento sobre o assunto objeto do relacionamento e pode ser, por necessárias.
isso, enganada, ter seus interesses negligenciados, ou sofrer abuso por Outra forma de gerenciamento da confiança consiste em instrumentos
parte da outra. Esse tipo de dependência também é entendido como a de gestão, tais como penalidades sobre os que emitem comportamentos
possibilidade que uma das partes tem de determinar a sorte ou o destino da que não conformam confiança, sentido de obrigação, tecnologias que
outra. A dependência profunda pode trazer consequências para a auto- facilitam a comunicação e promoção do conhecimento compartilhado de
estima da parte que, porventura, sinta-se traída. estratégias, valores, construindo uma identidade comum (Sheppard e
A interdependência profunda tem a comunicação como fator essencial Sherman, 1998).
para que ocorra sem riscos para as partes. O risco envolvido é de uma das Como a confiança envolve pelo menos duas partes, entende-se que o
partes não fornecer antecipadamente à outra as informações de que esta conhecimento das expectativas dos liderados quanto ao comportamento de
necessite para a tomada de decisão. seus líderes, que indiquem que ambos são merecedores de confiança,
Sheppard e Sherman (1998) relacionam estas formas de dependência pode favorecer o desenvolvimento de outras formas de gestão geradoras
e intensidade da profundidade às formas de relacionamento propostas por de confiança, contribuindo para a promoção do capital intelectual.
Fiske (1995), entendendo que: (1) os relacionamentos de mercado se
caracterizam pela dependência superficial, caracterizada por uma parte que
é fornecedora de produtos e por outra que, em troca, compensa o forneci- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
mento com um pagamento, tipicamente em moeda; (2) os relacionamentos
que envolvem autoridade se caracterizam pela dependência profunda; (3) Tipo de Pesquisa e Público-Alvo
os relacionamentos de equivalência podem ser classificados como de A pesquisa caracterizou-se como descritiva, tendo-se utilizado o méto-
interdependência superficial; (4) os relacionamentos comunitários podem do quantitativo com aporte qualitativo para a construção do instrumento de
ser vistos como de interdependência profunda. coleta de dados, que foram tratados com estatística descritiva simples e
Segundo Sheppard e Sherman (1998) existe uma associação direta en- análise fatorial.
tre o risco e a confiança, isto é, quanto maior for o nível do risco, maior será A população constituiu-se de alunos participantes de cursos de pós-
o nível de confiança exigido. Ambos progridem na seguinte ordem: na graduação em Administração de Empresas, com vínculo empregatício, sob
dependência superficial, o risco e a confiança são menores que na depen- a liderança de um líder formal.
dência profunda que, por sua vez, são menores que na interdependência
superficial e, nesta, menores que na interdependência profunda. A amostra, aleatória, composta de 331 sujeitos, de um universo de
1.210, permitiu atender aos requisitos para a realização de testes estatísti-
Pode-se dizer que os empregados de uma organização estão envolvi- cos. Com esse tamanho, o erro amostral teórico ficou em torno de 5%,
dos em todos os tipos de troca: de dependência superficial, com o mercado; supondo uma confiança de 95%. Destaca-se, no entanto, que os resultados
de dependência profunda, no relacionamento com os seus líderes formais; são válidos apenas para a população de alunos de pós-graduação em
de interdependência superficial, em seu relacionamento de equivalência Administração da universidade pesquisada, de caráter privado, localizada
com os seus pares, ou colegas; de interdependência profunda, ao depende- em São Paulo, SP.
rem mutuamente de colegas e líderes para alcançarem objetivos conjuntos.
Instrumento de Coleta de Dados
O modelo proposto por Sheppard e Sherman (1998) busca contemplar
formas de gerenciamento da confiança de acordo com o tipo de dependên- O instrumento de coleta de dados, um questionário estruturado e fe-
cia e a profundidade. Uma das formas diz respeito à seleção dos parceiros, chado, autopreenchível, foi desenvolvido a partir de uma pesquisa qualitati-
de acordo com a confiabilidade necessária para que as relações sociais va, de acordo com as seguintes etapas:
entre os indivíduos e as organizações possibilitem relacionamentos basea- . aplicação de um roteiro estruturado de entrevista a 80 elementos da
dos na confiança e o alcance dos objetivos comuns seja alcançado. população. Os dados coletados foram tratados com análise de conteúdo,

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resultando num conjunto de categorias que foram classificadas em três das utilizando-se uma escala de tipo Likert de discordância /concordância,
dimensões: respeito ao empregado, crédito no empregado e honestidade com seis pontos.
para com o empregado.
Após a aplicação dos questionários, foi utilizado o teste de Wilcoxon,
. categorização das frases matrizes que foram analisadas quanto à a- envolvendo amostras relacionadas (Siegel, 1975) para identificar se as
dequação da sua estrutura para efeito de comporem, na qualidade de assertivas com o advérbio SEMPRE possuíam distribuições diferentes
assertivas, o questionário fechado aplicado. daquelas em que o advérbio não estava presente. Identificou-se que as
distribuições das assertivas "reconhecer SEMPRE as próprias falhas peran-
. submissão das assertivas à análise de 12 elementos da população, te o empregado" e "reconhecer as próprias falhas perante o empregado",
gerando as assertivas do questionário fechado. "investir no empregado" e "investir SEMPRE no empregado", eram signifi-
. construção da primeira versão do questionário. cativamente semelhantes. Por esta razão, as duas assertivas que não
continham o advérbio foram excluídas da análise. Já as distribuições para
Entre as assertivas elaboradas a partir da pesquisa qualitativa, quatro as assertivas "falar SEMPRE a verdade em qualquer situação que envolva
continham o advérbio SEMPRE, uma vez que estava presente nas frases o empregado" e "falar a verdade em qualquer situação que envolva o
matrizes originais. Porém, estabeleceu-se uma dúvida quanto à necessida- empregado", "acreditar SEMPRE no empregado" e "acreditar no emprega-
de da sua presença nas assertivas. Por este motivo, foram construídas do", apareceram como significativamente diferentes tendo, portanto, sido
quatro assertivas adicionais sem o referido advérbio. A primeira versão mantidas. Assim, o questionário final foi elaborado com 32 assertivas.
ficou constituída de 34 assertivas distribuídas pelas três dimensões, da
seguinte forma: respeito ao empregado (17); crédito ao empregado (6);
honestidade para com o empregado (11). Essas assertivas foram mensura-
TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Caracterização da Amostra
A amostra pesquisada é descrita na Tabela1. Ela caracterizou-se por uma pequena maioria de profissionais do gênero masculino (58,0%), na faixa etária
entre 25 e 30 anos (64,9%), com atuação na área administrativa (53,8%); 52,6% dos respondentes gerenciavam subordinados.

Análise Fatorial dos Dados


A fim de se conhecer em maior profundidade as expectativas dos empregados, procedeu-se à análise fatorial dos dados, que permitiu a redução das va-
riáveis em fatores, facilitando a análise do pensamento dos respondentes. Também havia uma curiosidade quanto às dimensões de confiança, identificadas
na pesquisa qualitativa: os fatores a serem obtidos na análise fatorial, guardariam alguma relação com aquelas dimensões observadas na pesquisa qualitati-
va?
Atendendo a esses objetivos, foi feita uma análise fatorial envolvendo as 32 assertivas remanescentes. O método de extração foi o de componentes prin-
cipais e o de rotação foi o varimax com a normalização de Kaiser. Dez fatores foram extraídos, explicando 62,7% da variância envolvida. O coeficiente de
adequação KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) resultou em 0,85, considerado significante ao nível de 1% (Hair et al., 1998). A análise dos MSA (measures of sam-
pling adequacy) que identifica variáveis com baixo coeficiente de adequação ao modelo de análise fatorial, representado pela matriz de correlação de anti-
imagem, revelou valores menores que 0,7 para três assertivas, que foram descartadas da análise.
A execução de uma nova análise fatorial envolvendo as 29 assertivas remanescentes, identificou oito fatores, explicando 60,0% da variância, que recebe-
ram a denominação apresentada na Tabela 2. O KMO resultante foi de 0,86 e significante ao nível de 1%, não se identificando assertivas cujos MSA fossem
inferiores a 0,7.

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Para verificar a confiabilidade da escala, foi calculado o valor do alfa de Cronbach (1951) por fator, utilizando-se escala somada, tendo-se encontrado os
valores 0,7 ou acima para os fatores 1, 2, 4, 5 e 6. Encontrou-se o valor de 0,69 para o fator 3 e 0,66 para o fator 7. Para o fator 8, encontrou-se um valor do
alfa muito baixo, indicando que a escala somada para este fator não seria apropriada. A Tabela 3 apresenta a carga fatorial de cada variável e o valor do alfa
de Cronbach (1951) para o fator, no caso da escala ser somada, e o alfa correspondente, se a variável fosse descartada da escala somada.

A análise fatorial confirmou a existência das três dimensões identificadas na pesquisa qualitativa, ao ter revelado fatores cujas variáveis estavam inseri-
das em cada uma das dimensões. Isto é, os fatores identificados não apresentaram variáveis pertencentes a mais de uma dimensão, ficando representadas
conforme exposto naTabela3.
A dimensão Honestidade é representada pelos fatores Lealdade (F1) e Cumprimento de Acordos (F5), indicando que os empregados avaliam a honesti-
dade dos seus líderes, no que se refere a identificar indícios de que sejam confiáveis, pelos comportamentos de falar sempre a verdade, em qualquer situa-
ção, e de cumprimento dos acordos estabelecidos.

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A dimensão Crédito apareceu representada pelos fatores Autonomia (F3) e Crédito (F7), indicando que os empregados reconhecem que os seus líderes
lhes atribuem crédito quando lhes permite maior poder de decisão, responsabilidade, liberdade para desenvolverem o trabalho e acreditam no que dizem.
A dimensão Respeito ficou representada pelos fatores Orientação (F2), Étnico/Religioso (F4), Expectativas (F6) e Características Pessoais (F8), indican-
do que os empregados contidos nesta amostra reconhecem que os seus líderes os respeitam quando permitem que expressem o que pensam, lhes fornecem
as orientações e condições de trabalho que precisam, os aceitam com suas características pessoais e procuram corresponder a suas expectativas.
A análise dos dados, sintetizada no Quadro 2, indica também que os empregados sentem-se envolvidos tanto em relações de dependência quanto de in-
terdependência.

Na dependência profunda, os liderados, ao dependerem dos seus líderes para conhecerem a verdade subjacente aos fatos, quer ocorram na empresa
ou a eles mesmos, correm o risco de serem enganados. Neste caso, a dependência surge representada pela dimensão Honestidade e pelos fatores que a
compõem, Fator 1 - Lealdade e Fator 5 - Cumprimento de Acordos, explicando respectivamente 25,9% e 4,8% da variância (vide Tabela 2). Também estão
envolvidos em dependência profunda - ao poder ter o seu destino e/ou auto-estima, dentro da empresa, afetados pelos seus líderes - o que se pode perceber
pela dimensãoRespeito no Fator 4 - Étnico/Religioso, Fator 6 - Expectativas e no Fator 8 - Características Pessoais, explicando respectivamente 5,0%, 4,2%
e 3,7% da variância (vide Tabela2).
Na interdependência superficial, os liderados demandam orientações, condições de trabalho e liberdade para expressarem suas ideias, conforme indica o
Fator 2 - Orientação, pertinente à dimensão Respeito, cuja variância explicada é de 7,6% (vide Tabela2).
Na interdependência profunda, os liderados desejam ter autonomia e liberdade para trabalhar, além de quererem ser merecedores de que lhes sejam de-
legadas responsabilidades. Neste caso, tanto líderes quanto liderados passam a depender fortemente um do outro, precisando, em tempo hábil, de informa-
ções para atingirem os objetivos desejados. Esta interdependência aparece representada pela dimensão Crédito no Fator 3 - Autonomia e no Fator 7 - Crédi-
to, explicando respectivamente 5,7% e 4,1% da variância (vide Tabela2).
Análise dos Resultados Segmentados
A análise dos dados segmentados teve por objetivo identificar se as expectativas dos empregados variaram de acordo com as variáveis demográficas e
profissionais, pois, se tal acontecesse, poderia-se gerar subsídios para os líderes quanto ao gerenciamento da confiança, indicando que as expectativas
quanto ao seu comportamento não eram iguais para toda a população e que se deveria atentar para este aspecto. Neste sentido, efetuou-se o tratamento das
variáveis individualmente e em fatores.
. Análise segmentadas, considerando-se as assertivas individualmente.
As assertivas foram analisadas por sexo, faixa etária, área de atuação profissional e papel desempenhado pelo informante, considerando se ele possuía,
ou não, subordinados. Acreditava-se que cada um desses atributos pudesse explicar avaliações diferenciadas.
Optou-se por utilizar o teste de Kolmogorov-Smirnov para amostras independentes quando as variáveis de segmentação (sexo e subordinados) eram
compostas por dois grupos (duas categorias de respostas). Quando as variáveis foram compostas por mais de dois grupos de segmentação (mais de duas
categorias de respostas), como foi o caso de faixa etária e área de atuação profissional, foi utilizada a prova de Kruskal-Wallis (Siegel, 1975). Enfatiza-se que
com estes testes não paramétricos, o objetivo era identificar se as distribuições diferiam segundo as variáveis de controle especificadas no estudo. Entendeu-
se que o uso do teste de comparação de médias, poderia provocar distorções nas conclusões sobre as significâncias de eventuais diferenças. Simulações
efetuadas permitiram identificar que a distribuição dos valores de determinado grupo era diferente da distribuição dos valores de outro grupo. No entanto, as
médias tendiam a ser iguais. Dessa forma, entendeu-se que o teste não paramétrico seria mais robusto para se identificar diferenças entre grupos relativos às
variáveis de segmentação.
Para as assertivas relacionadas no Quadro 3, identificaram-se significâncias estatísticas ao nível de 5%. Destaca-se que as médias dos valores atribuí-
dos pelos informantes, para todas as assertivas, tenderam paraconcordância, com a menor média sendo 4,33.

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Os resultados permitiram identificar que homens e mulheres têm a distribuição dos valores das expectativas diferente quanto ao comportamento de seus
líderes, no que se refere à orientações para desenvolvimento do trabalho, delegação de tarefas e participação nas questões institucionais da empresa. Uma
análise descritiva das médias para estas três variáveis revelou que as mulheres tenderam a atribuir valores maiores do que os dos homens. Em outras pala-
vras, elas tenderam a ser mais concordantes com as três assertivas.
De acordo com a faixa etária, os respondentes diferiram quanto a expectativas de comportamento de seus líderes, no que refere a reconhecer o potenci-
al, acreditar no empregado e investir sempre nos empregados. A análise descritiva, considerando-se as médias para estas três assertivas, segundo as faixas
etárias, mostrou algumas tendências: (1) quem tem mais de 35 anos espera menos dos seus chefes o reconhecimento do potencial do empregado, compara-
tivamente com as outras faixas etárias; (2) independentemente da faixa etária, os dados sugerem que os liderados esperam que seus líderes invistam nos
empregados; (3) os resultados sugerem que os informantes na faixa etária entre 26 e 30 anos esperam, mais do que os outros, que seus chefes acreditem
nos empregados.
Dependendo da área funcional em que o profissional atua, também diferem as expectativas quanto à orientação que consideram necessária para o de-
senvolvimento do trabalho. Os informantes alocados na área comercial apresentam uma tendência maior do que os demais a esperar mais orientação, situa-
ção inversa dos que atuam nas áreas administrativas, que tendem a esperar menos orientação de seus líderes.
Os informantes que estavam alocados na área de recursos humanos tenderam a se posicionar mais favoravelmente quanto à assertiva referente à ne-
cessidade de maior atenção dada pelos seus líderes.
O fato de o informante ter ou não experiência em cargos de chefia revelou diferenças nas respostas para a assertiva relativa à superação das expectati-
vas dos empregados na oferta de benefícios. Quem não tem experiência em cargos de chefia, valoriza mais esse comportamento de seus líderes do que
aqueles que a possuem.
. Análise segmentada, considerando-se os fatores.
O Quadro4 sintetiza as análises segmentadas, considerando-se a escala somada decorrente dos fatores obtidos.

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Ao se utilizar a escala somada para o Fator 1 (Lealdade) e o Fator 4 expectativas, buscando atendê-las, surge como possível comportamento
(Étnico Religioso), verificou-se que não ocorreram diferenças significativas dos líderes capazes de indicar aos liderados que eles são confiáveis.
entre as distribuições, ao se considerar as quatro variáveis de segmenta-
ção. Mas os empregados não querem apenas se sentir seguros quanto aos
comportamentos dos líderes; querem também ser percebidos como confiá-
Para o Fator 2 (Orientação) e o Fator 5 (Cumprimento de Acordos), i- veis, ou seja, que são merecedores de confiança, construindo uma relação
dentificou-se que, ao se comparar a área de atuação profissional, as distri- de interdependência. Esperam que a sua palavra mereça crédito, que lhes
buições foram consideradas diferentes. No Fator 2, houve uma relativa seja dada liberdade para expressarem o que pensam, que lhes sejam
tendência do valor, na escala somada, ser menor entre os profissionais atribuídas responsabilidades mediante a delegação de tarefas.
ligados às áreas administrativas, comparativamente com os profissionais
das demais áreas, indicando que aqueles têm expectativas menores quanto A incidência de fatores relativos à dependência profunda, superior à de
aos comportamentos dos seus chefes, no que se refere a liberdade para interdependência profunda, sugere que os liderados precisam confiar em
expressarem os seus pensamentos e orientações para o desenvolvimento seus líderes para se sentirem motivados a migrar para relações de interde-
do trabalho. Para o Fator 5, além dos profissionais da área administrativa, pendência profunda.
os profissionais da área de recursos humanos também tendem a esperar As expectativas, porém, diferenciam-se quanto às características de-
menos que seus chefes cumpram os acordos, uma vez que a escala soma- mográficas da população: as mulheres esperam maior autonomia, o que
da tendeu a ser menor entre esses, em comparação com aqueles de outras parece compreensível, pois estão ainda numa etapa de conquistas profis-
áreas. sionais; os mais novos esperam mais que os outros que seus líderes acre-
Para o Fator 3 (Autonomia), na escala somada, houve diferenças nas ditem neles, talvez por possuírem menos experiência, em princípio menos
distribuições, ao se considerar o sexo dos informantes. As mulheres tende- maturidade profissional e de vida; os que já possuem experiência de lide-
ram a associar valores mais elevados, sugerindo que elas têm maior expec- rança formal, esperam menos quanto ao atendimento de expectativas,
tativa quanto ao comportamento de seus líderes, no que se refere a dar- acredita-se que por conhecerem o outro lado do poder, saberem as dificul-
lhes liberdade para desenvolver o trabalho, maior poder de decisão e dades para atendê-las, o mesmo ocorrendo com os profissionais das áreas
delegação de tarefas. administrativas e de recursos humanos quanto ao cumprimento de acordos
por parte de seus líderes.
Para o Fator 6 (Expectativas), na escala somada, houve diferenças nas
distribuições ao se considerar se o informante possuía ou não experiência Estes resultados indicam que para os líderes formais da população es-
em cargos de chefia. Nesse caso, a média de quem tinha subordinados tudada criarem relações de confiança e gerenciá-las, eles deverão atender
tendeu a ser relativamente menor do que a média de quem não tinha de modo diferente às expectativas dos empregados, de acordo com as
subordinados, indicando que, quem não tem subordinados, espera mais de variáveis demográficas mencionadas.
seus líderes comportamentos no sentido de atenderem e superararem as Note-se que a pesquisa quantitativa confirmou a qualitativa no que
expectativas dos empregados. concerne à existência de três dimensões do comportamento dos líderes,
Para o Fator 7 (Crédito), a análise por faixa etária revelou diferenças que revelam para os liderados o quanto estão engendrados em relações
nas distribuições, ao se considerar a escala somada. Houve uma tendência confiáveis. São elas as dimensões de respeito, honestidade e crédito no
para a média dos respondentes entre 26 e 30 anos ser maior do que as empregado, o que significa que devem ser consideradas na criação e no
gerenciamento da confiança.
médias das demais faixas etárias, sugerindo que aqueles tendem a esperar
mais, de seus líderes, comportamentos que lhes transmitam merecerem Os resultados permitem identificar que existe, na população estudada,
crédito. uma interdependência no gerenciamento da confiança. Logo, não são
suficientes os mecanismos propostos por Sheppard e Sherman (1998) de
seleção de parceiros, quando uma das partes não tem a mesma chance de
CONCLUSÕES E SUGESTÕES selecioná-los. Da mesma forma, são insuficientes medidas institucionais
que transmitam aos liderados quesão parte de uma única entidade. É
Os empregados percebem-se envolvidos principalmente em relações necessário que os líderes conheçam as expectativas dos seus liderados,
de dependência profunda da empresa, com receio de serem enganados, de quanto aos comportamentos que esperam sejam emitidos, para transmitir-
terem a sua auto-estima e os seus destinos profissionais afetados por lhes que podem confiar e que são percebidos como confiáveis.
líderes não confiáveis. Para se sentirem mais seguros, monitoram o com-
portamento dos líderes, procurando identificar se falam a verdade, se Reconhecendo-se que o capital intelectual consiste em fonte de vanta-
cumprem o que prometem. O respeito às características pessoais e às gem competitiva sustentável capaz de alavancar a competência competitiva
das empresas, e que depende do capital social organizacional, desenvolvi-

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do por meio das relações sociais de confiança, construídas no âmbito grupos de cargos (classes de cargos), para os quais são atribuídos faixas
organizacional, tem-se aqui sinalizada a importância do papel dos lideres de classes de salários com limites máximos e mínimos. No final, cada
nessa construção, considerando as expectativas dos liderados como ele- classe passa a ter um relativo grau de importância, e todos os cargos nela
mentos essenciais no gerenciamento da confiança. contidos passam a ter igual tratamento
Outras pesquisas precisam ser realizadas, com outras amostras, para Por que discutir Planos de Carreira, Cargos e Salários?
que se possa compreender o papel das expectativas dos liderados no
gerenciamento da confiança, acarretando um modelo que contemple a Estamos em um cenário de inflação baixa e o PCCS é uma das for-
interdependência que, além de se constituir em conhecimento em si, possa mas de obter aumento salarial real e manter empregos;
subsidiar a ação dos líderes, contribuindo para a geração do capital intelec- A Empresa deve se preocupar com as expectativas de seus funcioná-
tual, fundamental à competitividade empresarial. rios com relação ao emprego, tentando conciliá-las com as exigências da
qualidade de atendimento aos seus clientes;
Planos de Carreira estão no centro dos debates sobre a vida profissio-
12 Administração de cargos, carreiras e salários.
nal do trabalhador, o que em si traz a necessidade das entidades represen-
tativas dos trabalhadores abrirem espaço para sua negociação;

Administração de Cargos e Salários A discussão sobre PCCS, então, muito mais que dar conta de estrutu-
rar a análise e definição dos cargos,deve representar uma oportunidade de
Por Vanderlei Moraes se discutir toda a política de pessoal da organização.
É muito comum abordar-se a atividade organizacional, em geral, e a a- PARA QUE SERVE O PCCS?
tividade industrial, em particular, como um processo de conversão de várias
entidades num sistema, para proporcionar saídas. O processo de conver- Sãoimportantesinstrumentosgerenciaisparaasquestõesrelacionadasàremuneraçãoe
são envolve uma combinação ótima de entradas como capital, terrenos, carreiraprofissionaldentrodeumaorganização.
esforço humano, matérias-prima, tecnologias etc., em um conjunto de Permite ao trabalhador enxergar a trajetória que tem pela frente, em termos de evolução
trabalho para produzir um resultado desejado. O elemento esforço humano salarialesuaperspectivadecarreira.
é parte integral dessa atividade e deve ser isolado para verificar-se o valor
de sua contribuição particular. Para efeito de compensação (ou administra- A carreira do trabalhador deve começar no processo de ingresso no exercício do
ção de salários) será simplesmente denominado "trabalho". O trabalho é cargo e prosseguir através do desenvolvimento profissional e de su-
um dispêndio de energia, esforço ou aplicação de esforço para algum a atuação dentro da empresa,seguindoatésuaaposentadoria.
propósito.
O PCCS NA EMPRESA
Para Chiavenato (1994 p. 303), "salário é a retribuição em dinheiro ou
Ao adotar um esquema regulador de administração de cargos, carrei-
equivalente paga pelo empregador ao empregado em função do cargo que
ras e salários, a Empresa busca:
este exerce e dos serviços que presta".
garantir algumas definições básicas que ajudam a estruturar a gestão;
Segundo Megginson, Mosley E Pietri (1998 p. 302), "remuneração é
dar aos empregados um pagamento financeiro como recompensa pelo fornecer resposta aos empregados quanto à demanda por transpa-
trabalho realizado e como motivador de desempenho futuro". rência e critérios de equidade na ascensão funcional e salarial;
Em decorrência de sua complexidade, o salário pode ser considerado permitir adequação ao mercado, pois ao balizarem a remuneração pe-
de muitas maneiras distintas: los cargos,rigorosamente definidos, viabilizam a comparação com outras
instituições correlatas.
• É o pagamento de um trabalho;
É O PCCS QUE DETERMINA:
• Constitui uma medida do valor de um indivíduo na organização;
Composiçãodecargosefunções
. Coloca uma pessoa em uma hierarquia de status dentro da organiza-
ção. Jornadas de trabalho
Em uma organização, cada função ou cada cargo tem o seu valor. Só Mecanismos de evolução funcional
se pode remunerar com justeza e equidade os ocupantes de um cargo se
conhecer o valor deste em relação aos demais cargos da organização e à Avaliação de desempenho
situação de mercado. Como a organização é um conjunto integrado Verificar estruturas salariais de outras organizações e realizar
de cargos em diferentes níveis hierárquicos e em diferentes setores de uma pesquisa de mercado
especialidade, a Administração de Salários é um assunto que abarca a
organização como um todo, repercutindo em todos os seus níveis e seto-  Analisar a composição da remuneração (salário bási-
res. co,gratificações, benefícios)
A determinação racional de salários somente estará completa, quando, Estrutura da Carreira
além de termos em mãos a avaliação da função, também tivermos Transição Entre Um Plano E Outro
a avaliação de desempenho do Colaborador. É erro comum determinar o
salário de um funcionário apenas pela avaliação de seu desempenho, Composição de cargos e funções
esquecendo-se que, antes de avaliarmos como ele desempenha uma
função, temos que avaliar o que ele desempenha. Os cargos e as funções que compõe a carreira da empresa;

No sentido estrito, a avaliação de cargos procura determinar a posição O perfil dos cargos analisados (de profissões específicas / multidisci-
relativa de cada cargo com os demais: as diferenças significativas são plinares ou de atribuição específica/atribuição genérica ou multifuncional);
colocados em uma base comparativa a fim de permitir uma distribuição Descrever as atribuições de cada cargo e função;
equitativa dos salários de uma organização, para neutralizar qualquer
arbitrariedade. A Administração de Salários deve basear-se em uma estru- Montar as tabelas de lotação, ou seja, o nº de cargos disponíveis para
tura de salários acurada e objetiva. Em outras palavras: após a avaliação, cada carreira;
os cargos são classificados, isto é, dispostos em classes de valores relati- Desenvolver os mecanismos de transição de uma atribuição para ou-
vos equivalentes. tra, dentro do mesmo cargo;
A classificação dos cargos, geralmente, é fixada arbitrariamente. Para o Avaliação de desempenho
propósito de estabelecer salários, é costume dividir as séries em graus ou

Gestão de Pessoas 103


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Construir um modelo eficiente de avaliação de desempenho, definin- determinadas pela EC 19, que suprimiu as vantagens previstas nos incs. VI
do: e XXIII do art. 70, além de estabelecer que a lei poderá estabelecer
requisitos diferenciados de admissão, de acordo com a natureza ou a
Quem avalia quem? complexidade do cargo ou emprego.
Vai existir auto-avaliação? A EC 20 também modificou profundamente a previdência social
Metas e resultados serão medidos? concernente aos servidores, efetuando nítida distinção entre o servidor
titular de cargo vitalício e efetivo e os demais servidores, titulares de outros
Terá avaliação de chefia pelos subordinados? cargos ou de empregos públicos. Na sequência, a EC 41/2003 trouxe novas
As condições de trabalho serão avaliadas? e significativas alterações na parte relativa ao teto remuneratório e ao
sistema de previdência social. Por sua vez, a EC 47, que entrou em vigor
Estrutura da Carreira em 6.7.2005, data da sua publicação, mas com efeitos retroativos à data de
vigência da EC 4 1/2003, modificou esses dois pontos.
Tamanho da carreira – quantos estepes;
Por fim, ante tantas e profundas alterações, a inevitável questão
Possibilidades de evolução funcional;
pertinente ao direito adquirido será tratada no fim deste capítulo.
Tempo mínimo para evoluir entre os estepes;
Classificação na Constituição
Tempo médio para se atingir o final da carreira
Servidores públicos em sentido amplo, no nosso entender, são todos
TRANSIÇÃO ENTRE UM PLANO E OUTRO os agentes públicos que se vinculam à Administração Pública, direta e
indireta, do Estado, sob regime jurídico (a) estatutário regular, geral ou
Na montagem de um novo plano, é importante se levar em conta os peculiar, ou (b) administrativo especial, ou (c) celetista (regido pela
planos de cargos que estão em vigor e, nesse sentido, avaliar e resolver Consolidação das Leis do Trabalho — CLT), de natureza profissional e
todos os problemas de enquadramento existentes do plano anterior. empregatícia.
Direito à opção ao novo plano; A classificação dos servidores públicos em sentido amplo é campo
Regras e prazos para opção; propício para divergências doutrinárias. De acordo com a Constituição
Federal, na redação resultante da EC 19, chamada de “Emenda da
Regras para entrada na nova tabela salarial (salário/tempo no car- Reforma Administrativa”, bem como da EC 20, classificam-se em quatro
go/tempo de profissão/etc); espécies: agentes políticos, servidores públicos em sentido es frito ou
Tempo mínimo para 1ª evolução funcional; estatutários, empregados públicos e os contratados por tempo determinado.

No caso de alterações de jornada, as regras de transição de u- Reitere-se que a classificação ora proposta procura espelhar a
ma jornada para outra. sistemática da Carta Política, com a ressalva de que esta, nas seçs. I e II
do cap. VII (“Da Administração Pública”), embora trate de forma
preponderante dos servidores públicos em sentido estrito, também contém
vários dispositivos aplicáveis às demais espécies.
13 Regime dos servidores públicos federais: admissão, demissão,
concurso público, estágio probatório, vencimento básico, licença, Os agentes políticos constituem, na realidade, categoria própria de
aposentadoria. agente público. Porém, sem dúvida, no título e seções referidas, a Carta
Magna, para fins de tratamento jurídico, coloca-os como se fossem
servidores públicos, sem embargo de os ter como agentes políticos, como
SERVIDORES PÚBLICOS se verá mais adiante. Todos os cargos vitalícios são ocupados por agentes
políticos, porém estes também ocupam cargos em comissão, como os
Considerações gerais Ministros de Estado. Normalmente deverão ser regidos pelo regime
estatutário, contudo alguns estão obrigatoriamente submetidos a um regime
Servidores públicos
estatutário de natureza peculiar, a exemplo da Magistratura e do Ministério
Os servidores públicos constituem subespécies dos agentes públicos Público.
administrativos, categoria que abrange a grande massa de prestadores de Os servidores públicos em sentido estrito ou estatutários são os
serviços à Administração e a ela vinculados por relações profissionais, em titulares de cargo público efetivo e em comissão, com regime jurídico
razão de investidura em cargos e funções, a título de emprego e com estatutário geral ou peculiar e integrantes da Administração direta, das
retribuição pecuniária. autarquias e das fundações públicas com personalidade de Direito Público.
A Constituição de 1988, corrigindo a anterior, abriu a seç. II do seu cap. Tratando-se de cargo efetivo, seus titulares podem adquirir estabilidade e
VII com a epígrafe “Dos servidores públicos civis”, no que andou bem, estarão sujeitos a regime peculiar de previdência social.
porque seus dispositivos englobam todos os que prestam serviços à Admi- Os empregados públicos são todos os titulares de emprego público
nistração em geral. Nesta seção a Constituição reformulou o tratamento do (não de cargo público) da Administração direta e indireta, sujeitos ao regime
pessoal do serviço público civil, separando-o dos militares (seç. III). Estas jurídico da CLT; daí serem chamados também de “celetistas”. Não
seçs. II e III e outras normas da Constituição de 1988 concernentes aos ocupando cargo público e sendo celetistas, não têm condição de adquirir a
servidores públicos civis e militares foram profundamente modificadas pelas estabilidade constitucional (CF, art. 41), nem podem ser submetidos ao
EC 18, 19 e 20, publicadas, respectivamente, em 6.2.98, 5.6.98 e 16.12.98, regime de previdência peculiar, como os titulares de cargo efetivo e os
e, agora, pela EC 41, de 19.12.2003, publicada em 3 1.12.2003. agentes políticos, sendo obrigatoriamente enquadrados no regime geral de
Assim, pela EC 18, a seç. II passou a denominar-se “Dos servidores previdência social, a exemplo dos titulares de cargo em comissão ou
públicos”, e a seç. III, “Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos temporário. Salvo para as funções de confiança e de direção, a serem
Territórios”, passando os militares das Forças Armadas a ser disciplinados previstas à luz dos princípios de eficiência e razoabilidade nos respectivos
exclusivamente no cap. II, “Das Forças Armadas”, do tít. V, mediante o quadros de pessoal das pessoas jurídicas da Administração indireta (na
acréscimo do § 3º ao art. 142 da CF. O regime jurídico único previsto pela Administração direta, autárquica e fundacional as funções de confiança só
podem ser exercidas por ocupantes de cargo efetivo — art. 37, V), os
Carta de 1988, que tanta polemica causou, também foi abolido pela EC empregados públicos devem ser admitidos mediante concurso ou processo
19. seletivo público, de modo a assegurar a todos a possibilidade de
A Carta de 1988 estendeu diversos direitos dos trabalhadores urbanos participação.
e rurais aos servidores públicos civis (art. 39, § 3º). Como o Autor havia Os contratados por tempo determinado são os servidores públicos
advertido, essa extensão, pelas dificuldades impostas aos Estados e submetidos ao regime jurídico administrativo especial da lei prevista no art.
Municípios, provocou reações que culminaram com as modificações

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37, IX, da Carta Magna, bem como ao regime geral de previdência social. A Organização do serviço público
contratação só pode ser por tempo determinado e com a finalidade de
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. As entidades estatais são livres para organizar seu pessoal para o
Ademais, a lei deve prever os casos de contratação temporária de forma melhor atendimento dos serviços a seu cargo, mas há três regras
especifica, não se admitindo hipóteses abrangentes ou genéricas. O inc. IX fundamentais que não podem postergar: a que exige que a organização se
não se refere exclusivamente às atividades de natureza eventual, faça por lei; a que prevê a competência exclusiva da entidade ou Poder
temporária ou excepcional. Assim, não veda a contratação para atividades interessado; e a que impõe a observância das normas constitucionais
de natureza regular e permanentes. O que importa é o atendimento da federais pertinentes aos servidores públicos e das leis federais, de caráter
finalidade prevista pela Norma. Assim, “desde que indispensáveis ao nacional. Vejamos separadamente cada uma dessas regras.
atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público, Organização legal
quer para o desempenho das atividades de caráter eventual, temporário ou
excepcional, quer para o desempenho das atividades de caráter regular ou A organização legal do serviço público é exigida pela Constituição ao
permanente”, a contratação é permitida. Desta forma, embora não possa permitir a acessibilidade dos “cargos, empregos e funções públicas” a todos
envolver cargos típicos de carreira, a contratação pode envolver o os brasileiros “que preencham os requisitos estabelecidos em lei”, assim
desempenho da atividade ou função da carreira, desde que atendidos os como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I). A parte final do
requisitos acima. Fora daí, tal contratação tende a contornar a exigência de dispositivo refere-se expressamente à lei. Isto significa que todo cargo
concurso público, caracterizando fraude à Constituição. público só pode ser criado e modificado por norma legal aprovada pelo
Legislativo. Todavia, o Executivo pode, por ato próprio, extinguir cargos
Regime jurídico públicos, na forma da lei (CF, art. 84, XXV), competindo-lhe, ainda, provê-
O regime jurídico dos servidores civis consubstancia os preceitos legais los e regulamentar seu exercício, bem como praticar todos os atos relativos
sobre a acessibilidade aos cargos públicos, a investidura em cargo efetivo aos servidores (nomeação, demissão, remoção, promoção, punição,
(por concurso público) e em comissão, as nomeações para funções de lotação, concessão de férias, assistência à saúde, licença médica,
confiança; os deveres e direitos dos servidores; a promoção e respectivos aposentadoria etc.).
critérios; o sistema remuneratório (subsídios ou remuneração, envolvendo Na organização do serviço público a Administração cria cargos e
os vencimentos, com as especificações das vantagens de ordem funções, institui classes e carreiras, faz provimentos e lotações, estabelece
pecuniária, os salários e as reposições pecuniárias); as penalidades e sua vencimentos e vantagens e delimita os deveres e direitos de seus
aplicação; o processo administrativo; e a aposentadoria. servidores.
Como vimos, a EC 19, ao dar conteúdo totalmente diverso ao art. 39, Conselhos de política de administração e remuneração de pessoal. Es-
caput, e ao alterar a redação do art. 206, V, suprimiu a obrigatoriedade de colas de governo
um regime jurídico Único para todos os servidores públicos.
Como acentuado, a EC 19 deu ao art. 39, caput, da CF conteúdo total-
Assim, o regime jurídico pode ser estatutário, celetista (o da CLT) e mente diverso, afastando, de um lado, a exigência de um regime jurídico
administrativo especial. único para os servidores e acrescentando, de outro, a obrigatoriedade de a
Em consequência, em razão de suas autonomias políticas, a União, os União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituírem, no âmbito
Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem estabelecer regime de suas Administrações, conselho de política de administração e
jurídico não contratual para os titulares de cargo público, sempre através de remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos
lei geral ou de leis específicas para determinadas categorias profissionais, respectivos Poderes.
as quais consubstanciam o chamado regime estatutário regular, geral ou A composição entre os Poderes deverá ser paritária e é recomendável
peculiar. Podem, ainda, adotar para parte de seus servidores o regime da que seus integrantes tenham investidura a termo certo, para terem maior
CLT. Por fim, devem adotar um de natureza administrativa especial, na independência na formulação da política pretendida pela norma
forma da lei de cada pessoa política, prevista pelo art. 37, IX, da CF, para a constitucional. Desse conselho também deverão participar integrantes do
contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária Tribunal de Contas e do Ministério Público, uma vez que estes órgãos
de excepcional interesse público. constitucionais autônomos e independentes têm competência para a
Mister, no entretanto, ter presente que alguns servidores públicos, por iniciativa de leis a respeito de sua Administração e da remuneração de seus
exercerem atribuições exclusivas de Estado, submetem-se, membros e pessoal. Aliás, quanto ao último, a redação do § 2º do art. 127
obrigatoriamente, a regime jurídico estatutário, pois, como se depreende do da CF assegura-lhe autonomia na formulação de sua política remuneratória
art. 247 da CF, com a redação da EC 19, devem ter cargo efetivo, sendo e planos de carreira. Assim, se, de um lado, estes órgãos têm competência
certo que alguns, como os membros da Magistratura e do Ministério Público para a formulação de suas políticas, não podem, de outro, estar divorciados
e os Conselheiros dos Tribunais de Contas, têm, também por força da da política geral pretendida pela EC 19, e que deve decorrer justamente
própria Carta Magna, cargo vitalício. Depreende-se, também, do exposto, das diretrizes desse conselho. Não podem também deixar de considerar os
que certas categorias de servidores públicos têm necessariamente regimes comandos do art. 169 e da CF.
jurídicos peculiares, de natureza estatutária. Obrigou, ainda, pelo § 2º do art. 39, a União, os Estados e o Distrito
O legislador deverá adotar cautela extrema na elaboração desses Federal — não os Municípios — a instituir e manter escolas de governo
regimes jurídicos diferenciados, uma vez que no passado tal aspecto gerou para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, facultada a
e ainda gera inúmeras disputas judiciais, que, além da insegurança jurídica celebração de convênios ou contratos entre os entes federados. Tal
para a própria pessoa política, acabam causando vantagens muitas vezes ressalva era desnecessária, pois, de regra, os entes federados podem
por ela não pretendidas. celebrar convênios e contratos. Parece-nos que a ressalva objetiva
estimular a celebração de convênios e contratos, como meio de
Querendo atender ao princípio da publicidade e assegurar um controle racionalização desse encargo para aquelas pessoas políticas, que, dessa
sobre os valores percebidos pelos servidores públicos em geral, o art. 39, § forma, poderão manter suas escolas de governo sem que, para tanto,
6º, da CF, na redação da EC 19, determina que os Poderes Executivo, tenham que construí-las ou admitir servidores. É, portanto, instrumento de
Legislativo e Judiciário publiquem “anualmente os valores do subsídio e da eficiência e economia, mesmo porque o objetivo maior da reforma é
remuneração dos cargos e empregos públicos” — obrigação que, obvia- propiciar redução de gastos. Os Municípios, embora não obrigados,
mente, se estende ao Ministério Público e aos Tribunais de Contas, órgãos poderão instituir suas escolas; contudo, pelo que se expôs, é-lhes muito
constitucionais autônomos e independentes. É importante esclarecer que a mais conveniente a celebração de convênios e contratos para esse fim.
norma não obriga à publicação de quanto percebe cada servidor, mas dos Convém observar que alguns órgãos constitucionais, em razão de suas
valores dos cargos e dos empregos públicos. atribuições, poderão ter escolas próprias, como, a título de exemplo, ocorre
com a Magistratura, o Ministério Público, a Advocacia Pública e os órgãos
de fiscalização tributária.
Cargos e funções

Gestão de Pessoas 105


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Cargo público é o lugar instituído na organização do serviço público, isto é, os sem vínculo efetivo anterior à nomeação. A lei ali referida será de
com denominação própria, atribuições e responsabilidades específicas e cada entidade política, mas, especialmente na fixação dos percentuais
estipêndio correspondente, para ser provido e exercido por um titular, na mínimos, deverá observar o princípio da razoabilidade, sob pena de fraudar
forma estabelecida em lei. Função é a atribuição ou o conjunto de a determinação constitucional, no sentido de uma parte dos cargos em
atribuições que a Administração confere a cada categoria profissional ou comissão ser provida de forma totalmente livre e outra, parcialmente, diante
comete individualmente a determinados servidores para a execução de das limitações e condições previstas nessa lei. A instituição de tais cargos é
serviços eventuais, sendo comumente remunerada através de pro labore. permanente, mas seu desempenho é sempre precário, pois quem os
Diferenciase, basicamente, do cargo em comissão pelo fato de não exerce não adquire direito à continuidade na função, mesmo porque a
titularizar cargo público. exerce por confiança do superior hierárquico; daí a livre nomeação e
exoneração.
Em face da EC 19, as funções de confiança, que só podem ser exerci-
das por servidores ocupantes de cargo efetivo, destinam-se, Cargo de chefia — É o que se destina à direção de serviços. Pode ser
obrigatoriamente, apenas às atribuições de direção, chefia e de carreira ou isolado, de provimento efetivo ou em comissão, tudo de-
assessoramento (CF, art. 37, V), que são de natureza permanente. Tal pendendo da lei que o instituir.
comando independe de lei, uma vez que o exame desse art. 37, V, revela
que para as funções de confiança ele é de eficácia plena, ao reverso do Lotação — É o número de servidores que devem ter exercício em cada
que ocorre em relação aos cargos em comissão, a serem preenchidos por repartição ou serviço. A lotação pode ser numérica ou básica e nominal ou
servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos supletiva: a primeira corresponde aos cargos e funções atribuídos às várias
previstos em lei, como ali está dito. Essas funções, por serem de confiança, unidades administrativas; a segunda importa a distribuição nominal dos
a exemplo dos cargos em comissão, são de livre nomeação e exoneração. servidores para cada repartição, a fim de preencher os claros do quadro
numérico. Ambas são atos administrativos típicos e, como tais, da
Todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo. As funções competência privativa do Executivo, no que concerne aos serviços. Por lei
do cargo são definitivas; as funções autônomas são, por índole, provisórias, se instituem os cargos e funções; por decreto se movimentam os
dada a transitoriedade do serviço que visam a atender, como ocorre nos servidores, segundo as necessidades do serviço. A lotação e a relotação
casos de contratação por prazo determinado (CF, art. 37, IX). Daí por que constituem prerrogativas do Executivo, contra as quais não se podem opor
as funções permanentes da Administração só podem ser desempenhadas os servidores, desde que feitas na forma estatutária. Na omissão da lei,
pelos titulares de cargos efetivos, e as transitórias, por servidores entende-se amplo e discricionário o poder de movimentação dos
designados, admitidos ou contratados precariamente. Os servidores podem servidores, por ato do Executivo, no interesse do serviço, dentro do quadro
estabilizar-se nos cargos, mas não nas funções. Como visto, a EC 19 a que pertencem.
restringe o exercício das funções de confiança apenas para o titular de
cargo efetivo, vale dizer, o concursado. Dessa forma, o fator confiança fica Criação, transformação e extinção de cargos, funções ou empregos
restrito ao âmbito interno da Administração. públicos

Os cargos distribuem-se em classes e carreiras, e excepcionalmente A criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções
criam-se isolados. públicas do Poder Executivo exige lei de iniciativa privativa do Presidente
da República, dos Governadores dos Estados e do Distrito Federal e dos
Classe — É o agrupamento de cargos da mesma profissão, e com Prefeitos Municipais, conforme seja federal, estadual ou municipal a
idênticas atribuições, responsabilidades e vencimentos. As classes Administração interessada, abrangendo a Administração direta, autárquica
constituem os degraus de acesso na carreira. e fundacional (CF, art. 48, X, c/c o art. 61, § 1º, II, “d”). Com a EC 32/2001,
ao Chefe do Executivo compete privativamente dispor sobre a “extinção de
Carreira — E o agrupamento de classes da mesma profissão ou funções ou cargos quando vagos” (CF, art. 84, VI, “b”). Assim, não estando
atividade, escalonadas segundo a hierarquia do serviço, para acesso vago, a extinção depende de lei, também de sua iniciativa privativa.
privativo dos titulares dos cargos que a integram, mediante provimento
originário. O conjunto de carreiras e de cargos isolados constitui o quadro A privatividade de iniciativa do Executivo toma inconstitucional o projeto
permanente do serviço dos diversos Poderes e órgãos da Administração oriundo do Legislativo, ainda que sancionado e promulgado pelo Chefe do
Pública. As carreiras iniciam-se e terminam nos respectivos quadros. Executivo, porque as prerrogativas constitucionais são irrenunciáveis por
seus titulares. Trata-se do princípio constitucional da reserva de
Quadro — É o conjunto de carreiras, cargos isolados e funções administração, que impede a ingerência do Poder Legislativo em matéria
gratificadas de um mesmo serviço, órgão ou Poder. O quadro pode ser administrativa de competência exclusiva do Poder Executivo ou, mesmo, do
permanente ou provisório, mas sempre estanque, não admitindo promoção Judiciário.
ou acesso de um para outro.
A transformação de cargos, funções ou empregos do Executivo é
Cargo de carreira — E o que se escalona em classes, para acesso admissível desde que realizada por lei de sua iniciativa. Pela transformação
privativo de seus titulares, até o da mais alta hierarquia profissional. extinguem-se os cargos anteriores e se criam os novos, que serão providos
Cargo isolado — É o que não se escalona em classes, por ser o único por concurso ou por simples enquadramento dos servidores já integrantes
na sua categoria. Os cargos isolados constituem exceção no funcionalismo, da Administração, mediante apostila de seus títulos de nomeação. Assim, a
porque a hierarquia administrativa exige escalonamento das funções para investidura nos novos cargos poderá ser originária (para os estranhos ao
aprimoramento do serviço e estímulo aos servidores, através da promoção serviço público) ou derivada (para os servidores que forem enquadrados),
vertical. Não é o arbítrio do legislador que deve predominar na criação de desde que preencham os requisitos da lei. Também podem ser
cargos isolados, mas sim a natureza da função e as exigências do serviço. transformadas funções em cargos, observados o procedimento legal e a
investidura originária ou derivada, na forma da lei. Todavia, se a
Cargo técnico — É o que exige conhecimentos profissionais transformação “implicar em alteração do título e das atribuições do cargo,
especializados para seu desempenho, dada a natureza científica ou configura novo provimento”, que exige o concurso público.
artística das funções que encerra. Nesta acepção é que o art. 37, XVI, “b”,
da CF o emprega, sinonimizando-o com cargo científico, para efeito de No Poder Executivo a extinção de cargos, funções ou empregos só po-
acumulação. de ser feita por lei de sua iniciativa ou por ato próprio (CF, art. 84, XXV),
removendo-se seus titulares para cargos, funções ou empregos equivalen-
Cargo em comissão — E o que só admite provimento em caráter tes. Se se tratar de servidor estável, extinto o cargo, será ele colocado em
provisório. São declarados em lei de livre nomeação (sem concurso disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até
público) e exoneração (art. 37, II), destinando-se apenas às atribuições de seu adequado aproveitamento em outro cargo (CF, art. 41, § 3º). Antes da
direção, chefia e assessoramento (CF, art. 37, V). Todavia, pela EC 19, o EC 19 a remuneração era integral.
preenchimento de uma parcela dos cargos em comissão dar-se-á
unicamente por servidores de carreira, nos casos, condições e percentuais As leis de criação, transformação e extinção de cargos, funções ou
mínimos previstos em lei (art. 37, V). Portanto, nestas hipóteses o empregos, ainda que dependam de iniciativa do Poder competente, podem
provimento não será totalmente livre, como ocorre com os não servidores, sofrer emendas do Legislativo, desde que não ultrapassem os limites

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qualitativos (natureza ou espécie, ou seja, estreita pertinência com o objeto Em qualquer hipótese, porém, o provimento de cargos do Executivo é
do projeto) e quantitativos da proposta, nem desfigurem o projeto original. da competência exclusiva do Chefe deste Poder (CF, art. 84, XXV), uma
Negar totalmente o poder de emenda é suprimir uma prerrogativa vez que a investidura é ato tipicamente administrativo. Por idêntica razão, a
institucional do Legislativo, mas permiti-lo sem limites é invalidar o controle desinvestidura dos cargos e os exercícios dos poderes hierárquico e
de um Poder sobre seus serviços e seu orçamento, cuja competência lhe é disciplinar são da alçada privativa do Executivo no que concerne a seus
dada pela própria Constituição da República. Daí por que a Carta Magna servidores. A lei só poderá estabelecer a forma e as condições de
veda expressamente emendas que aumentem a despesa prevista na provimento e desprovimento; não poderá, entretanto, concretizar
proposta de iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo (art. 63, I) e do investiduras ou indicar pessoas a serem nomeadas, porque isto é missão
Legislativo ou do Judiciário (art. 63, II). Essas colocações são também do Executivo, indelegável ao Legislativo. O provimento feito por lei é nulo,
aplicáveis à Constituição Estadual e suas Emendas, bem como à Lei como nula é a criação ou modificação de cargo por decreto ou qualquer
Orgânica Municipal, como tem proclamado o STF. outro ato administrativo.
Em que pese à Constituição proibir somente emendas que aumentem a No âmbito do Legislativo, do Judiciário, do Tribunal de Contas e do
despesa prevista, entendemos também inadmissíveis as que alterem, em Ministério Público o provimento e demais atos atinentes aos cargos e seus
qualidade (natureza ou espécie) ou quantidade, o cargo, função ou servidores devem ser da competência do respectivo Presidente ou do Pro-
emprego proposto pelo Poder competente. curador-Geral, conforme o caso.
No Poder Legislativo a criação, transformação ou extinção de cargos, Direitos do titular do cargo
empregos ou funções cabe à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal,
às Assembleias Legislativas e às Câmaras de Vereadores, respectiva- Os direitos do titular do cargo restringem-se ao seu exercício, às
mente, que podem, no âmbito de sua competência privativa, “dispor sobre prerrogativas da função e ao subsídio ou aos vencimentos e vantagens
sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou decorrentes da investidura, sem que o servidor tenha propriedade do lugar
extinção de cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de que ocupa, visto que o cargo é inapropriável pelo servidor. Daí por que a
lei para a fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros Administração pode suprimir, transformar e alterar os cargos públicos ou
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias” (CF, arts. 51, IV, e 52, serviços independentemente da aquiescência de seu titular, uma vez que o
XIII). Esses atos de criação, transformação ou extinção de cargos, funções servidor não tem direito adquirido à imutabilidade de suas atribuições, nem
ou empregos devem ser efetuados por resolução, como se infere da à continuidade de suas funções originárias. A lei posterior pode extinguir e
interpretação do art. 48, c/c os arts. 51 e 52, da CF. Todavia, a fixação ou a alterar cargos e funções de quaisquer titulares — vitalícios, estáveis e
alteração de vencimentos só pode ser efetuada mediante lei específica, instáveis.
sujeita, evidentemente, a sanção (CF, art. 37, X). Não, porém, a fixação dos O servidor poderá adquirir direito à permanência no serviço público,
subsídios dos Deputados Federais e Senadores, do Presidente e do Vice- mas não adquirirá nunca direito ao exercício da mesma função, no mesmo
Presidente e dos Ministros de Estado, uma vez que tal matéria, por força do lugar e nas mesmas condições, salvo os vitalícios, que constituem uma
art. 49, VII e VIII, está entre aquelas de “competência exclusiva do exceção constitucional à regra estatutária. O poder de organizar e
Congresso Nacional”, para as quais não se exige sanção, o que constitui reorganizar os serviços públicos, de lotar e relotar servidores, de criar e
exceção à regra introduzida pela Reforma Administrativa, de que a fixação extinguir cargos, é indespojável da Administração, por inerente à soberania
ou maj oração de subsidio e vencimentos está sujeita ao princípio da interna do próprio Estado.
reserva legal especifica.
Enquanto subsistir o cargo, como foi provido, seu titular terá direito ao
No Poder Judiciário a criação e a extinção de cargos e a remuneração exercício nas condições estabelecidas pelo estatuto; mas, se se
dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem modificarem a estrutura, as atribuições, os requisitos para seu
como afixação do subsídio de seus membros e dos juizes, inclusive dos desempenho, lícitas são a exoneração, a disponibilidade, a remoção ou a
tribunais inferiores, observado o disposto no art. 169 da CF, dependem de transferência de seu ocupante, para que outro o desempenhe na forma da
lei de iniciativa privativa do STF, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais lei. O que não se admite é o afastamento arbitrário ou abusivo do titular, por
de Justiça (CF, art. 96, II, “b”), salvo no tocante aos subsídios dos Ministros ato do Executivo, sem lei que o autorize.
do STF, cuja fixação deve observar o disposto no art. 48, XV, da Carta.
Acesso a informações privilegiadas
Os Tribunais de Contas, embora órgãos auxiliares do Poder Legislativo,
por serem órgãos constitucionais autônomos e independentes, têm quadro O acesso a informações privilegiadas em razão do exercício de cargo
próprio de pessoal e exercem, “no que couber, as atribuições previstas no ou emprego público é questão que sempre preocupou o Governo e os
art. 96” (CF, art. 73), acima examinadas. estudiosos, por envolver, inclusive, a moralidade administrativa. Agora,
segundo o art. 37, § 7º, da CF, com a redação da EC 19, “a lei disporá
Quanto ao Ministério Público, a Constituição de 1988 estendeu-lhe a sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da
faculdade de propor a criação e extinção de seus cargos e serviços auxilia- Administração direta e indireta que possibilite” aquele acesso. Essa lei será
res. Agora, com a EC 19 também ficou assente sua competência para pro- de caráter nacional.
por ao Poder Legislativo a sua política remuneratória (CF, art. 127, § 2º), o
que o STF já havia proclamado. O objetivo é estatuir um verdadeiro código de conduta para aqueles
agentes públicos que pelo só exercício de suas funções tenham acesso a
Provimento de cargos informações privilegiadas sobre programas e atividades do Governo
Provimento é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo relativas a qualquer campo, como o tecnológico, o industrial, o das finanças
público, com a designação de seu titular. O provimento pode ser originário públicas, inclusive câmbio, o comercial e societário, o da segurança
ou inicial e derivado. Provimento inicial é o que se faz através de nacional ou qualquer outro que o possibilite.
nomeação, que pressupõe a inexistência de vinculação entre a situação de As restrições devem ocorrer quer durante, quer após o exercício da
serviço anterior do nomeado e o preenchimento do cargo. Assim, tanto é função, durante o tempo a ser fixado de acordo com as nuanças de cada
provimento inicial a nomeação de pessoa estranha aos quadros do serviço cargo ou emprego público. A restrição ao exercício de determinadas
público quanto a de outra que já exercia função pública como ocupante de atividades ou empregos após os da atividade pública deverá ser
cargo não vinculado àquele para o qual foi nomeada. Já, o provimento estabelecida com razoabilidade, para que não se contrariem outros
derivado, que se faz por transferência, promoção, remoção, acesso, dispositivos constitucionais, como o que assegura o livre exercício de
reintegração, readmissão, enquadramento, aproveitamento ou reversão, é “qualquer trabalho, oficio ou profissão” (CF, art. 5º, XIII).
sempre uma alteração na situação de serviço do provido.
Competência para organizar o serviço público
Em razão do art. 37, II, da CF, qualquer investidura em carreira diversa
daquela em que o servidor ingressou por concurso é, hoje, vedada. A competência para organizar o serviço público é da entidade estatal a
Acrescente-se que a única reinvestidura permitida sem concurso é a que pertence o respectivo serviço. Sobre esta matéria as competências são
reintegração, decorrente da ilegalidade do ato de demissão. estanques e incomunicáveis. As normas estatutárias federais não se

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aplicam aos servidores estaduais ou municipais, nem as do Estado-membro Nem mesmo a Constituição Estadual poderá estabelecer direitos,
se estendem aos servidores dos Municípios. encargos ou vantagens para o servidor municipal, porque isto atenta contra
a autonomia local. Desde que o Município é livre para aplicar suas rendas e
Cada entidade estatal é autônoma para organizar seus serviços e com- organizar seus serviços (CF, art. 30, III e V), nenhuma interferência pode ter
por seu pessoal. Atendidos os princípios constitucionais e os preceitos das o Estado-membro nesse campo da privativa competência local.
leis nacionais de caráter complementar, a União, os Estados-membros, o
Distrito Federal e os Municípios instituirão seus regimes jurídicos, segundo Só o Município poderá estabelecer o regime de trabalho e de
suas conveniências administrativas e as forças de seus erários (CF, arts. 39 pagamento de seus servidores, tendo em vista as peculiaridades locais e as
e 169). possibilidades de seu orçamento. Nenhuma vantagem ou encargo do
funcionalismo federal ou estadual se estende automaticamente aos
Competência da União — A competência da União para organizar seu servidores municipais, porque isto importaria hierarquização do Município à
serviço público só encontra limites na Constituição da República e não União e ao Estado-membro. As Constituições Estaduais e leis ordinárias
enseja conflito de normas, porque suas leis ordinárias jamais poderão que estabelecem essa extensão de vantagens do servidor público estadual
colidir, nesse campo, com a legislação dos Estados-membros, do Distrito ao municipal tiveram as respectivas disposições invalidadas, por
Federal e dos Municípios. A questão, porém, complica-se no âmbito esta- inconstitucionais.
dual e municipal, em face da superposição de normas de entidades
diferentes e das diversas áreas de competência, nem sempre bem Competência do Distrito Federal — A competência do Distrito Federal
delimitadas e muitas vezes confundidas pelo administrador e pelo legislador corresponde à prevista para os Estados e para os Municípios, por força do
das três entidades estatais. art. 32, § 1º, da CF. Assim, o que foi dito para essas duas entidades vale
para o Distrito Federal.
A legislação federal, fora os casos expressamente previstos no texto
constitucional, só atinge os servidores estaduais — do Distrito Federal e Observância das normas constitucionais
municipais — quando tem natureza jurídica de lei nacional. São dessa
natureza, exemplificativamente, as que dispõem sobre crimes funcionais Como já vimos, em razão de sua autonomia constitucional, as
(CP, arts. 312 a 327; CPP, arts. 513 a 518); inviolabilidade no exercício da entidades estatais são competentes para organizar e manter seus
função pública (CP, art. 142, III); perda da função pública e interdição de servidores, criando e extinguindo cargos, funções e empregos públicos,
direitos (CP, arts. 92, I, e 47, I); facilitação culposa de conhecimento de instituindo carreiras e classes, fazendo provimentos e lotações,
segredo concernente à segurança nacional, revelação de segredo funcional estabelecendo a remuneração, delimitando os seus deveres e direitos e
relacionado com operações anti-subversivas (Lei 6.620/78, arts. 29 e 37); fixando regras disciplinares. Os preceitos reguladores das relações jurídicas
sanções específicas, sequestro e perdimento de bens, pela prática de atos entre a Administração e o servidor constituem o regime jurídico, explicitados
de improbidade administrativa (Lei 8.429/92); coação eleitoral (Código nos decretos e regulamentos expedidos para sua fiel execução pelo Poder
Eleitoral, art. 300); requisição para o serviço eleitoral (Código Eleitoral, arts. Executivo ou pelos demais Poderes, pelo Tribunal de Contas e pelo
30, XIV, e 344); retardamento ou recusa de publicação em órgão oficial de Ministério Público, no exercício das suas respectivas administrações.
atos da Justiça Eleitoral (Código Eleitoral, art. 341); proibição de uso de As disposições estatutárias ou de outra natureza, se outro for o regime
serviços ou dependências públicas em beneficio de partido político (Código jurídico, todavia, não podem contrariar o estabelecido na Constituição da
Eleitoral, arts. 346 e 377); proibição de nomeação e de remoção no período República como normas gerais de observância obrigatória pela
pré e pós-eleitoral (Lei 6.091, de 15.8.74, art. 13); requisições e Administração direta e indireta, conforme o caso, na organização do seu
afastamentos de servidores públicos pela Justiça Eleitoral (Lei 6.999, de pessoal e dos respectivos regimes jurídicos. Sempre entendemos, com a
7.6.82); impedimentos e prazos de desincompatibilização (Lei melhor doutrina, que essas normas, mesmo no período anterior à
Complementar 64, de 18.5.90 — Lei das Inelegibilidades); requisição de Constituição de 1988, eram impositivas para toda a Administração, em face
veículos e embarcações oficiais para o transporte gratuito de eleitores (Lei do seu duplo objetivo. Realmente, ao instituí-las, a Constituição não visa
6.091/74, art. 1º); acidente do trabalho (Lei 6.367, de 19.10.76); seguridade unicamente ao resguardo dos interesses dos servidores, como
social (Lei 8.212, de 24.7.91); Programa de Formação do Patrimônio do erroneamente se pensa. Não é assim. Juntamente com as garantias
Servidor Público — PASEP (Lei Complementar 8, de 3.12.70); outorgadas aos servidores, o texto constitucional assegura ao Estado os
obrigatoriedade de declaração de bens (Leis 8.429/92 e 8.730/93); conduta meios para realizar uma boa administração, dentre os quais o poder-dever
do servidor nas eleições (Lei 9.424/97). de zelar pela eficiência, moralidade e aprimoramento do pessoal
Essa legislação federal bem como outras que tenham a mesma administrativo. É o que ocorre, p. ex., com o instituto da estabilidade, que, a
natureza de leis nacionais são aplicáveis às entidades estatais — União, par de um direito, para o servidor titular de cargo efetivo, de permanência
Estados, Distrito Federal e Municípios —, obrigatoriamente, sem que se no serviço público enquanto bem servir, representa para a Administração a
possa falar em quebra das suas respectivas autonomias administrativas, garantia de que nenhum servidor nomeado para cargo de provimento
porque tais leis nacionais são hierarquicamente superiores, por força da efetivo em virtude de concurso poderá subtrair-se ao estágio probatório de
própria Carta Magna. Aliás, o mesmo ocorre, por exemplo, com a lei três anos e a de que nenhum outro servidor titular de cargo em comissão
nacional sobre normas gerais de licitação e contratos administrativos (Lei poderá adquirir igual direito. Assim, não pode a Administração — federal,
8.666/93). estadual, municipal ou do Distrito Federal — ampliar o prazo do art. 41 da
CF, pois estaria restringindo direito do servidor público; mas também não
Competência do Estado-membro — A competência do Estado-membro pode diminuí-lo ou estendê-lo a outros servidores que não os efetivos
é ampla, mas fica adstrita não só às normas pertinentes da Constituição da nomeados por concurso, porque estaria renunciando a prerrogativas
República e aos preceitos das leis de caráter nacional, bem como aos constitucionais consideradas essenciais na relação Estado-agente
ditames especiais da Constituição Estadual, no que concerne ao seu administrativo. Não sendo lícito ao Estado renunciar a essas prerrogativas,
pessoal. O estatuto dos servidores federais e demais normas seria nula e de nenhum efeito, portanto, a disposição estatutária em
complementares e regulamentares não se aplicam aos servidores estaduais desacordo com o preceito constitucional.
pela óbvia razão de que o Estado-membro é autônomo para organizar seus
serviços e compor seu pessoal. O exame dessas normas constitucionais deu ensejo a que o TJSP, em
sessão plenária, nos legasse esta magnífica lição de Direito Público: “Tais
Competência do Município — A competência do Município para dispositivos não contêm somente garantia, benefícios aos funcionários; têm
organizar seu funcionalismo é consectário da autonomia administrativa de uma acepção mais ampla, pois são as normas primordiais que regem as
que dispõe (CF, art. 30, I). Assim, a exemplo dos Estados, atendidas as relações entre o Poder Público e seus agentes. Nessas relações há sempre
normas constitucionais aplicáveis ao servidor público, os preceitos das leis duas pessoas: uma de Direito Público — o Estado —, outra, a individual do
de caráter nacional e de sua Lei Orgânica, pode o Município elaborar o funcionário. Não se pode considerar que os princípios preceituados na
regime jurídico de seus servidores, segundo as conveniências locais. Nesse Constituição visaram apenas a favorecer uma dessas pessoas, o
campo é inadmissível a extensão das normas estatutárias federais ou funcionário. Ao contrário, dizem respeito também ao Estado, para garantia
estaduais aos servidores municipais. Só será possível a aplicação do de sua boa administração”. E por esse raciocínio, de inegável lógica, a E.
estatuto da União ou do Estado-membro se a lei municipal assim o Corte Estadual concluiu que “os Estados (e, por extensão, os Municípios)
determinar expressamente. podem dar aos funcionários outras garantias, outros benefícios além dos

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conferidos pela Constituição Federal. É certo, mas, se essas garantias, Deveres e direitos dos servidores
esses benefícios estão previstos na Constituição, não é possível ampliá-los
e nem estendê-los a outros funcionários que não os por ela favorecidos”. Os deveres e direitos dos servidores estão detalhadamente estabeleci-
dos na Constituição da República, a serem observados pelos respectivos
Se até a Constituição de 1967 os dispositivos constitucionais regimes jurídicos ditados segundo as regras de iniciativa de lei previstas
pertinentes ao servidor público eram vistos apenas como mínimos de naquela Carta. Na imposição desses deveres e na concessão desses direi-
garantia dos servidores públicos e só se impunham integralmente por tos a Administração deverá ter sempre presente o interesse coletivo na ob-
recomendação da boa doutrina e pela moralizadora orientação tenção dos serviços públicos, lembrando-se de que — como o nome está
jurisprudencial, a partir de então passaram a ser normas de observância indicando — são serviços para o público e de que seus agentes são
obrigatória em todas as esferas administrativas, situação mantida pela atual servidores públicos, vale dizer, servidores do público: public servants, na
Constituição da República (arts. 37 a 41). Com isso, fica prejudicada expressão inglesa consagrada por Brandeis.
qualquer discussão sobre a possibilidade de sua restrição ou ampliação,
uma vez que, atualmente, constituem, mesmo, “um código de direitos e Neste item estudaremos esses direitos e deveres e, separadamente, o
obrigações fundamentais que devem ser respeitados pelo Distrito Federal, sistema remuneratório ou a remuneração em sentido amplo, que destaca-
mos do tópico Direitos, pela importância e complexidade do seu estudo.
pelos Estados e Municípios (e, também, pela União, acrescentamos) em
suas leis ordinárias”, como ensina Themístocles Cavalcanti. Deveres
Sobejam razões justificadoras desse entendimento, mas a principal Os regimes jurídicos modernos impõem uma série de deveres aos
delas é que a organização legal dos servidores públicos é tarefa do servidores públicos como requisitos para o bom desempenho de seus
Legislativo, e este, muitas vezes, desconhecendo particularidades encargos e regular funcionamento dos serviços públicos. A Lei de
administrativas e peculiaridades dos serviços afetos ao Executivo e para Improbidade Administrativa, de natureza nacional, diz que constitui ato de
atender a pretensões classistas, confere aos servidores vantagens e improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
prerrogativas que vão dificultar substancialmente o manejo e a execução do pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
serviço público. Ora, o servidor é apenas meio e não fim da Administração, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições (cf. Lei 8.429/92, art.
e toda vez que esta lhe confere uma vantagem deve fazê-lo na exata 10, caput), as quais, para serem punidas, pressupõem que o agente as
medida do interesse público. Vale dizer, as prerrogativas, garantias e pratique com a consciência da ilicitude, isto é, dolosamente.
demais vantagens do servidor só se legitimam quando reclamadas pelo
serviço público e não anulem seus requisitos de eficiência, moralidade e Dentre esses deveres salientam-se, por sua constância na legislação
aperfeiçoamento. Na concessão desses benefícios por via constitucional dos povos cultos, o de lealdade à Administração, o de obediência às ordens
existe uma presunção de imprescindibilidade, diante da qual devem curvar- superiores e, agora, o de conduta ética.
se as entidades estatais; mas, ao concedê-los, a Constituição subtrai de Dever de lealdade — O dever de lealdade, também denominado dever
cada uma delas o poder de disposição sobre a mesma matéria, de modo de fidelidade, exige de todo servidor a maior dedicação ao serviço e o
que lhes é defeso postergá-los, restringi-los ou ampliá-los, salvo quando integral respeito às leis e às instituições constitucionais, identificando-o com
expressamente autorizadas, e nos estritos limites da autorização. Assim, se os superiores interesses do Estado. Tal dever impede que o servidor atue
o constituinte entendeu que somente os servidores públicos nomeados para contra os fins e os objetivos legítimos da Administração, pois que, se assim
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso têm direito à agisse, incorreria em infidelidade funcional, ensejadora da mais grave
permanência no serviço após três anos de exercício — o que, em principio, penalidade, que é a demissão, vale dizer, o desligamento compulsório do
constitui um entrave para a Administração —, não é licito ao Estado abdicar serviço público.
da sua prerrogativa de livre disposição do seu pessoal para estender a
estabilidade a outros servidores, nem para reduzir o lapso do estágio Dever de obediência — O dever de obediência impõe ao servidor o
probatório. Pelas mesmas razões, não pode conceder a outras as acatamento às ordens legais de seus superiores e sua fiel execução.. Tal
prerrogativas de vitaliciedade, de inamovibilidade ou de irredutibilidade de dever resulta da subordinação hierárquica e assenta no princípio disciplinar
vencimentos que a Carta Magna outorgou a determinadas categorias de que informa toda organização administrativa.
agentes públicos e que não são exigidas pelos interesses administrativos.
Por esse dever não está o servidor obrigado a cumprir mecanicamente
Não quer isso dizer que a Administração esteja impedida de conceder toda e qualquer ordem superior, mas, unicamente, as ordens legais. E por
outros direitos e vantagens a seus servidores, através de normas legais. ordens legais entendem-se aquelas emanadas de autoridade competente,
Absolutamente, não. Além de o texto constitucional não exaurir a matéria, em forma adequada e com objetivos lícitos. Tanto o cumprimento de ordem
deixando, portanto, muita coisa à discrição das entidades estatais, estas se manifestamente ilegal como o descumprimento de ordem legal acarretam
vêem, comumente, obrigadas a assegurar outros benefícios a seus para o servidor responsabilidade disciplinar e criminal (CP, art. 22),
servidores, pois os recrutam em competição com o mercado empresarial. conforme seja a lesão causada à Administração ou a terceiros.
Daí por que os regimes jurídicos, além de encampar as garantias Dever de conduta ética — O dever de conduta ética decorre do
outorgadas constitucionalmente aos servidores (art. 39, § 3º), costumam princípio constitucional da moralidade administrativa e impõe ao servidor
dispor sobre outros direitos e vantagens de que esses muitas vezes não
público a obrigação de jamais desprezar o elemento ético de sua conduta.
desfrutam (licença para tratamento de interesses particulares, licença-
De acordo com o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
prêmio, adicional por tempo de serviço etc.). Todas essas concessões são
Federal (Dec. 1.171, de 22.6.94), “a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e
legítimas desde que, como já salientamos, se conformem aos interesses do
a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem
serviço público, pois, no que concerne aos direitos e vantagens de seus nortear o servidor público”. O dever de honestidade está incluído na
servidores, cada entidade estatal pode estabelecê-los livremente, com
conduta ética.
observância das normas constitucionais e das leis de caráter nacional. O
que não se permite é dispensar ou alterar o que a Constituição já Dever de eficiência — O dever de eficiência do servidor público
estabeleceu como condições de eficiência, moralidade e aprimoramento do decorre do inc. LXXVIII do art. 5º da CF, acrescentado pela EC 45/2004
serviço (requisitos de investidura, estágio probatório, limite para a
aposentadoria, processo demissório, inacumulabilidade de cargos, Outros deveres — Outros deveres são comumente especificados nos
responsabilização funcional) e como garantias dos servidores públicos estatutos, procurando adequar a conduta do servidor ao serviço que lhe é
(estabilidade, aposentadoria remunerada, contagem do tempo de serviço cometido; mas, como bem observa Masagão, já se acham compreendidos
prestado às três esferas administrativas, disponibilidade). nos deveres de fidelidade e obediência. Realmente, os deveres de lealdade
e obediência constituem a matriz dos demais, porque neles se contêm as
Feitas estas considerações de ordem geral, vejamos, a seguir, em imposições e proibições exigidas para o exato desempenho da função
espécie, as normas constitucionais pertinentes ao servidor público para, ao pública, sendo redundantes e ociosas quaisquer outras especificações.
depois, examinarmos os deveres e direitos dos servidores que poderão
constar de disposições estatutárias ou de outro regime jurídico. Muitas vezes o dever não resulta diretamente das normas estatutárias,
mas de outras, hierarquicamente superiores, que exigem dos servidores em
geral determinada conduta, positiva ou negativa, decorrente das chamadas

Gestão de Pessoas 109


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restrições funcionais, a seguir examinadas. Sistema remuneratório. Remuneração. Subsídio. Vencimentos.
Vantagens pecuniárias. Indenizações
A Lei de Improbidade Administrativa, ao tratar dos atos que atentam
contra os princípios da administração pública, diz constituir ato dessa No campo funcional a matéria de maior interesse, pelos constantes
natureza “qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, atritos entre o servidor e a Administração, é a concernente ao sistema
legalidade e lealdade às instituições” (art. 11, caput, da Lei 8.429/92). remuneratório ou á remuneração em sentido amplo. Esses atritos decorrem
das posições diametralmente opostas em que se colocam o servidor e o
Restrições funcionais Poder Público na interpretação das leis pertinentes, pressionado aquele
Dentre as restrições que a função pública impõe aos seus exercentes pelas exigências financeiras do seu status; interessado este em realizar o
destacam-se a de se sujeitarem aos impedimentos estabelecidos para o máximo de serviço com o mínimo de despesas de custeio, dentre as quais
desempenho do cargo. se incluem as de pessoal. Daí a nossa preocupação em destacar o assunto
do tópico relativo aos direitos dos servidores, para esta apreciação mais
Os impedimentos ou incompatibilidades para o desempenho de função detida e aprofundada.
pública constituem restrições perfeitamente admissíveis ao direito dos
servidores estatais, autárquicos e paraestatais, porque é lícito à Sistema remuneratório — O exame da Constituição Federal, com as
Administração estabelecer condições para a realização de seus serviços. alterações das ECs 19/98 e 41/2003, demonstra que há um sistema
Assim sendo, permitido é ao Poder Público impedir contratos de seus remuneratório para os ocupantes de cargos, funções e empregos públicos
servidores com a Administração, estabelecer incompatibilidades entre o da Administração direta, autárquica e fundacional, para os membros de
exercício do cargo ou da função e certas atividades públicas ou qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
particulares, impor exigências de residência no local do trabalho e Municípios, para os detentores de mandato eletivo e para os demais
quaisquer outros requisitos de eficiência e moralidade do serviço público, agentes políticos, bem como para os empregados públicos das chamadas
desde que não afronte os direitos fundamentais do servidor, resguardados pessoas governamentais, com personalidade de Direito Privado.
pela Constituição da República. Nessa linha serão os requisitos e restrições Assim, o sistema remuneratório ou a remuneração em sentido amplo
da lei prevista pela Carta Magna em seu art. 37, §7º, comentado em outra da Administração direta e indireta para os servidores da ativa compreende
passagem. as seguintes modalidades: a) subsídio, constituído de parcela única e
A Lei nacional 9.504, de 30.9.97, que dispõe sobre normas gerais de pertinente, como regra geral, aos agentes políticos; b) remuneração,
eleições para cargos no Executivo e no Legislativo, estabelece as condutas dividida em (b1) vencimentos, que corresponde ao vencimento (no singular,
de agentes públicos que podem afetar a igualdade de oportunidades entre como está claro no art. 39, § 1º, da CF, quando fala em” fixação dos
os candidatos, vedando-as, sob as penas ali previstas e sem prejuízo da padrões de vencimento”) e às vantagens pessoais (que, como diz o mesmo
aplicação da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa). art. 39, § 1º, são os demais componentes do sistema remuneratório do
servidor público titular de cargo público na Administração direta, autárquica
Direitos e fundacional), e em (b2) salário, pago aos empregados públicos da
A Constituição da República, ao cuidar do servidor público (arts. 37 a Administração direta e indireta regidos pela CLT, titulares de empregos
41), detalhou seus direitos, indicando especificamente os que lhe são públicos, e não de cargos públicos.
extensivos dentre os reconhecidos aos trabalhadores urbanos e rurais (CF, Nesse sentido, dentre outros, o conteúdo dos arts. 37, XI (com a
art. 7º). redação da EC 41), 61, § 1º, II, “a” e “f’, e 96, “b”, da CF. No entanto, a
De um modo geral, pode dizer-se que os servidores públicos têm os Constituição e as Emendas referidas em alguns pontos empregam
mesmos direitos reconhecidos aos cidadãos, porque cidadãos também o terminologia equivocada e não sistematizada. Assim, a titulo de exemplo,
são, apenas com certas restrições exigidas para o desempenho da função no art. 37, o inc. XV, quando fala em vencimentos, quer se referir a
publica. Com a Constituição de 1988 gozam dos seguintes direitos remuneração, e no inc. X desse artigo remuneração significa vencimentos.
assegurados aos trabalhadores do setor privado: salário mínimo; garantia Outra inovação é que o subsídio (salvo o dos Deputados Federais, dos
de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração Senadores, do Presidente e Vice-Presidente e dos Ministros, por força do
variável; décimo-terceiro salário; remuneração do trabalho noturno superior art. 49, VII e VIII, da CF) e os vencimentos, por expresso mandamento
à do diurno; salário-família para os seus dependentes; jornada de trabalho constitucional, estão sujeitos ao princípio da reserva legal especifica, pelo
não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais; repouso quê somente poderão ser fixados e alterados por lei especifica, isto é, para
semanal remunerado; remuneração do serviço extraordinário superior, no cada hipótese de fixação ou modificação, observada a iniciativa privativa
mínimo, em cinquenta por cento à do normal; gozo de férias anuais em cada caso.
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração É assegurada revisão geral anual dos subsídios e vencimentos,
de cento e vinte dias; licença-paternidade, nos termos fixados em lei; sempre na mesma data e sem distinção de índices (CF, art. 37, X).Parece-
proteção do mercado de trabalho da mulher; redução dos riscos inerentes nos que essa rega, a par de consagrar o princípio da periodicidade da
ao trabalho; proibição de diferença de salários, de exercício de funções e reposição da remuneração do servidor, culminou por assegurar a
de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. A irredutibilidade real, e não apenas nominal, do subsídio e dos vencimentos,
Constituição admitiu, agora, o direito de greve ao servidor público, que será mas não obriga a que a revisão seja feita numa data-base. Essa revisão
exercido nos termos e nos limites definidos em lei agora especifica, e não não se equipara à chamada reestruturação, significando, na realidade, um
mais em lei complementar (art. 37, VII, com a redação da EC 19), e aumento geral, por nós denominado de impróprio, como veremos mais
garantiu seu direito à sindicalização (art. 37, VI). adiante.
Os direitos decorrentes da função pública consubstanciam-se no O art. 37, XI, na redação da EC 41, institui tetos para a União, para os
exercício do cargo, na remuneração, nas férias, na aposentadoria e demais Estados, para o Distrito Federal e para os Municípios, no âmbito de seus
vantagens concedidas expressamente pela Constituição e respectivas leis Poderes e das suas Administrações diretas, autárquicas e fundacionais.
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. São direitos Alguns falam em subtetos — o que, a nosso ver, não é adequado, pois o
dos servidores públicos que vicejam ao lado dos direitos gerais e que se tem é um teto para a União e tetos para os entes federados. Assim,
fundamentais do cidadão, e, por isso mesmo, sua extensão e seus limites a remuneração, o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos
só podem ser apreciados em face das normas legais que os concedem, públicos, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
segundo as conveniências do serviço. Dentre os direitos dos servidores políticos, bem como os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
veremos especifica-mente, a seguir, o sistema remuneratório, o subsídio e percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
a remuneração, envolvendo os vencimentos, com as vantagens qualquer natureza, não poderão exceder: a) na União, o subsídio mensal,
pecuniárias, e os salários. em espécie, dos Ministros do STF; b) nos Estados e no Distrito Federal: b1)
no poder Executivo, o subsidio mensal do Governador; b2) no Poder
Legislativo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais; b3) no Poder
Judiciário, o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado

Gestão de Pessoas 110


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a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, pelo quê também se enquadram no conceito geral de remuneração, para
em espécie, dos Ministros do STF; b4) o teto previsto em “b3” aplica-se fins de observância dos tetos gerais.
também aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
Defensores Públicos; e c) nos Municípios, o subsídio do Prefeito. Registre- Faculta-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
se, todavia, que em nenhuma hipótese os Estados, o Distrito Federal e os estabelecer por lei a relação entre a maior e a menor remuneração dos
Municípios poderão fixar seus tetos acima daquele previsto para a União. servidores públicos (art. 39, § 5º, da CF, na redação da EC 19),
Nas ADIs 112, 120-5 e 1.434, considerando que o art. 132 da Carta só observando-se, como diz a parte final desse § 5º, “em qualquer caso, o
abrangeu os procuradores do Estado (este como pessoa jurídica distinta da disposto no art. 37, XI”. Vale dizer, a “relação” terá de respeitar os tetos
autarquia), o STF entendeu que ela não se refere aos procuradores constitucionais aí previstos.
autárquicos. Dai por que o teto acima referido para os procuradores só Embora evidente, por força da sistematização, convém consignar que
abarca os procuradores dos Estados ou do Distrito Federal. os direitos assegurados pelo § 3º do art. 39 — como, por exemplo, o déci-
Para os fins do disposto nesse referido inciso XI, a EC 47 acrescentou mo-terceiro salário e o terço de férias — não estão incluídos nos tetos
o § 12 ao art. 37 da CF, facultando aos Estados e ao Distrito Federal fixar, remuneratórios.
em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Cada uma dessas modalidades ou formas de remuneração, como
Orgânica, como limite único, o subsidio mensal dos Desembargadores do contraprestação devida pelo exercício de função pública, será objeto de
respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco exame a seguir.
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal. O disposto nesse § 12 não se aplica aos subsídios dos Subsídio — É outra grande novidade da chamada “Emenda da
Deputados Estaduais e dos Vereadores. Reforma Administrativa” (EC 19). Como visto, subsídio é uma modalidade
de remuneração, fixada em parcela única, paga obrigatoriamente aos
Nas edições anteriores, quando tratamos do subsídio, como parcela detentores de mandato eletivo (Senadores, Deputados Federais e
única, com base na própria Constituição, dissemos que as indenizações Estaduais, Vereadores, Presidente e Vice-Presidente, Governador e Vice-
não integram tal parcela. Agora, explicitando a questão a EC 47 inseriu o § Governador e Prefeito e Vice-Prefeito) e aos demais agentes políticos,
11 ao art. 37, da CF, dispondo que não serão computados, para efeito dos assim compreendidos os Ministros de Estado, Secretários Estaduais e
limites remuneratórios de que trata o inciso XI desse artigo, as parcelas de Municipais, os membros da Magistratura e do Ministério Público e os
caráter indenizatório “previstas em lei “. Segundo o art. 40 da EC 47, Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas (CF, arts. 39, § 4º, 49, VII
enquanto não editada essa lei, não será computada, para efeito dos limites e VIII , e 73, § 3º, c/c os arts. 75, 95, III, e 128, § 5º, I, “c”).
remuneratórios de que trata o inciso XI do art. 37, qualquer parcela de
caráter indenizatório, assim definida pela legislação em vigor na data da Dessa forma, para os que a Carta Magna considera agentes políticos
publicação da EC 41, de 2003. —os membros de Poder, os detentores de mandato eletivo, os Ministros de
Estado, os Secretários Estaduais e Municipais, os Ministros dos Tribunais
O inc. XV do art. 48, caput, na redação da EC 19/98, determinava que de Contas e os membros do Ministério Público — o subsídio é a única
a fixação do subsídio dos Ministros do STF, previstos no inc. XI do art. 37, modalidade de remuneração cabível.
fosse feita por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do STF. Como o STF Os servidores integrantes das carreiras relativas à Advocacia-Geral da
entendeu que esse inc. XI não era auto-aplicável, para contornar esse União, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, das Procuradorias dos
entendimento e assegurar a auto-aplicabilidade do teto previsto pelo art. 37, Estados e do Distrito Federal e da Defensoria Pública, bem como os
XI, na redação dada pela EC 41, o art. 8º dessa Emenda 41, em regra de servidores policiais das Polícias Federal, Ferroviária Federal, Civil, Militares
transição, estatui que, até que o valor desse subsídio seja fixado, será (não os das Forças Armadas) e Corpos de Bombeiros Militares, por força
considerado como limite para a aplicação do art. 37, XI, na sua nova dos arts. 135 e 144, § 9º, da CF, embora não sejam agentes políticos,
redação: a) no âmbito da União, o valor da maior remuneração atribuída por também serão obrigatoriamente remunerados “na forma do art. 39, § 4º”.
lei a Ministro do STF, a titulo de vencimento, de representação mensal e da Outrossim, como prevê o art. 39, § 8º, da CF, outros servidores públicos,
parcela recebida em razão de tempo de serviço; b) nos Estados e no desde que organizados em carreira, também poderão, por lei federal,
Distrito Federal: b1) no Poder Executivo, o subsídio mensal do Governador; estadual, municipal ou do Distrito Federal, ter remuneração “fixada nos
b2) no Poder Legislativo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais; termos do § 4º”, acima referido.
b3) no Poder Judiciário, o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Como se vê, na sistemática constitucional os agentes políticos só
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento da podem perceber subsídio, enquanto que os demais agentes públicos
maior remuneração mensal de Ministro do STF, prevista pela letra “a”, poderão ter remuneração fixada “nos termos” ou “na forma” do §4º do art.
acima; b4) o teto previsto em “b3” aplica-se também aos membros do 39, porém para alguns servidores a própria Cada Política já se antecipou,
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; e c) nos determinando que seria fixada na forma desse dispositivo, ou seja,
Municípios, o subsidio do Prefeito. exclusiva-mente em parcela única (arts. 135 e 144, § 9º, c/c o art. 39, §§ 8º
Ao lado dessa rega, especificamente quanto aos vencimentos, temos a e 4º).
do inc. XII do mesmo art. 37, estabelecendo que os dos cargos do Em razão da natureza jurídica que lhe foi imposta constitucionalmente,
Legislativo e do Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo o subsídio é constituído de parcela única. Por isso, o art. 39, § 4º, veda
Poder Executivo. Portanto, temos os tetos acima referidos e há um teto expressamente que tal parcela seja acrescida de “qualquer gratificação,
entre os vencimentos dos cargos pertencentes aos Poderes, que adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
corresponde àqueles pagos pelo Executivo. remuneratória”. Obviamente, como a Cada Política deve ser interpretada de
Registre-se, por relevante, que os salários dos empregados públicos forma sistematizada, deve-se concluir que os valores correspondentes aos
das empresas públicas e das sociedades de economia mista, e suas direitos por ela assegurados no § 3º do art. 39 — como, para ilustrar, do
subsidiárias, só estarão submetidos ao teto geral se essas pessoas décimo-terceiro salário e do terço de férias — não são atingidos pela
jurídicas receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou proibição de qualquer acréscimo. Aliás, como visto, o mesmo ocorre em
dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em relação ao teto geral.
geral (CF, art. 37, § 9º) Assim, se tiverem vida financeira própria no que diz Como vimos antes, o § 11 do art. 37, da Constituição, acrescentado
respeito às despesas de custeio em geral e de pessoal, excluídos, pois, os pela EC 47, dispõe que não serão computadas, para efeito dos limites
investimentos, não estarão submetidas ao comando do art. 37, XI. A remuneratórios de que trata o inciso XI, as parcelas de caráter indenizatório
exceção é altamente salutar e moralizadora, servindo de estimulo à previstas em lei.
eficiência. A lei nacional prevista no art. 173, § 1º, da CF, por ela chamada
de “estatuto jurídico”, deverá dispor a respeito da aplicação dessa matéria. Os aspectos acima apontados deverão, por cedo, servir de norte para a
estipulação, pela lei ali referida, das parcelas remuneratórias que não serão
Vale ainda observar que o art. 37, XI, da CF, ao falar em “outras computadas nos limites do inciso XI do art. 37, da CF, e, também no subsí-
espécies remuneratórias” após cuidar de proventos e pensões por morte, dio — como as relativas a gastos de transporte, diárias, ajuda de custo,
deixa patente que aqueles e estas constituem espécies remuneratórias,

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presença em sessão extraordinária. O mesmo aplica-se às férias e licen- mesmo capítulo, onde, sob a epigrafe Competência para organizar o
ças-prêmios não gozadas e indenizadas. Todas deverão, obviamente, serviço público, já analisamos a privatividade da iniciativa do Executivo para
observar os princípios constitucionais, especialmente os da legalidade, os seus servidores e os limites do poder de emenda do Legislativo nessa
razoabilidade e moralidade, sob pena de caracterizarem inaceitável fraude matéria.
aos limites remuneratórios e ao conceito constitucional de subsídio, a ser
repelida pelo Poder Judiciário no exame de constitucionalidade, direto O princípio da isonomia, mesmo antes da Carta de 1988 — que, pelo §
(concentrado) ou incidental (difuso), da lei que as instituírem. 10 do art. 39, modificado inteiramente pela EC 19, o havia determinado
especificamente para os servidores civis —,já vinha sendo frequentemente
Vencimentos — Vencimentos (no plural) é espécie de remuneração e invocado para a equiparação de servidores não contemplados nas leis
corresponde à soma do vencimento e das vantagens pecuniárias, majoradoras de vencimentos ou concessivas de vantagens. Hoje, com a
constituindo a retribuição pecuniária devida ao servidor pelo exercício do redação do §1ºdo art. 39 dada pela EC 19, suprimindo o princípio da
cargo público. Assim, o vencimento (no singular) correspondente ao padrão isonomia da seç. II— “Dos servidores civis” —, a questão é regulada pelo
do cargo público fixado em lei, e os vencimentos são representados pelo principio geral da igualdade previsto no art. 5º da Carta. Dessa forma,
padrão do cargo (vencimento) acrescido dos demais componentes do mesmo com a EC 19 sua aplicação não pode ser afastada. Mas há de ser
sistema remuneratório do servidor público da Administração direta, entendido e aplicado nos justos limites do mandamento igualitário.
autárquica e fundacional. Esses conceitos resultam, hoje, da própria Cada
Magna, como se depreende do art. 39, § 1º, I, c/c o art. 37, X, XI, XII e XV. O que a Constituição assegura é a igualdade jurídica, ou seja, trata-
mento igual, aos especificamente iguais perante a lei. A igualdade genérica
Quando o legislador pretender restringir o conceito ao padrão do cargo dos servidores públicos não os equipara em direitos e deveres e, por isso
do servidor, deverá empregar o vocábulo no singular — vencimento; mesmo, não os iguala em vencimentos e vantagens. Genericamente, todos
quando quiser abranger também as vantagens conferidas ao servidor, os servidores são iguais, mas pode haver diferenças especificas de função,
deverá usar o termo no plural — vencimentos. de tempo de serviço, de condições de trabalho, de habilitação profissional e
outras mais, que desigualem os genericamente iguais. Se assim não fosse,
Os vencimentos — padrão e vantagens — só por lei específica (reserva
ficaria a Administração obrigada a dar os mesmos vencimentos e
legal específica) podem ser fixados ou alterados (art. 37, X), segundo as vantagens aos portadores de iguais títulos de habilitação, aos que
conveniências e possibilidades da Administração. A EC 19 manteve a desempenham o mesmo oficio, aos que realizam o mesmo serviço embora
irredutibilidade assegurada pela Constituição de 1988 e esclareceu que ela
em cargos diferentes ou em circunstâncias diversas. Todavia, não é assim,
só se aplica ao subsídio e aos vencimentos (aqui empregado com o
porque cada servidor ou classe de servidor pode exercer as mesmas
significado de remuneração) dos ocupantes de cargos públicos e empregos
funções (v.g., de médico, engenheiro, escriturário, porteiro etc.) em
públicos. Todavia, restringindo a Constituição Federal de 1988, ressalvou
condições funcionais ou pessoais distintas, fazendo jus a retribuições
que ela não se aplica nos casos previstos nos incs. XI e XIV do art. 37 e
diferentes, sem ofensa ao princípio isonômico. Até mesmo a organização
nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I (art. 37, XV), o que também da carreira, com escalonamento de classes para acesso sucessivo, com
é previsto para os magistrados, conselheiros dos Tribunais de Contas e gradação crescente dos vencimentos, importa diferençar os servidores sem
membros do Ministério Público. os desigualar perante a lei. É uma contingência da hierarquia e da seleção
Vantagens irretiráveis do servidor só são as que já foram adquiridas de valores humanos na escala dos servidores públicos.
pelo desempenho efetivo da função (pro labore facto) ou pelo transcurso do O que o princípio da isonomia impõe é tratamento igual aos realmente
tempo de serviço (ex facto temporis); nunca, porém, as que dependem de
iguais. A igualdade nominal não se confunde com a igualdade real. Cargos
um trabalho a ser feito (pro labore faciendo), ou de um serviço a ser
de igual denominação podem ser funcionalmente desiguais, em razão das
prestado em determinadas condições (ex facto officii), ou em razão da
condições de trabalho de um e de outro; funções equivalentes podem
anormalidade do serviço (proper laborem), ou, finalmente, em razão de
diversificar-se pela qualidade ou pela intensidade do serviço ou, ainda, pela
condições individuais do servidor (propterpersonam). habilitação profissional dos que as realizam. A situação de fato é que dirá
Desde que sob o regime estatutário o Estado não firma contrato com da identidade ou não entre cargos e funções nominalmente iguais.
seus servidores, mas para eles estabelece unilateralmente um regime de
Há duas espécies de aumento de vencimentos: uma genérica, provo-
trabalho e de retribuição por via estatutária, lícito lhe é, a todo tempo,
cada pela alteração do poder aquisitivo da moeda, à qual poderíamos
alterar esse regime jurídico e, assim, as condições de serviço e de denominar aumento impróprio, por se tratar, na verdade, de um
pagamento, desde que o faça por lei, sem discriminações pessoais, visando reajustamento destinado a manter o equilíbrio da situação financeira dos
às conveniências da Administração. Todavia, da alteração do regime
servidores públicos; e outra específica, geralmente feita à margem da lei
jurídico não pode advir redução de remuneração, pois a garantia da
que concede o aumento geral, abrangendo determinados cargos ou classes
irredutibilidade, acima referida, protege o montante dos ganhos. funcionais e representando realmente uma elevação de vencimentos, por
A percepção de vencimentos pelo exercício do cargo é a regra da se fazer em índices não proporcionais ao do decréscimo do poder
Administração Brasileira, que desconhece cargo sem retribuição pecuniária. aquisitivo.
Pode haver função gratuita, como são as honorificas e as de suplência, No tocante à primeira espécie, a parte final do inc. X do art. 37, na
mas cargo gratuito é inadmissível na nossa organização administrativa. redação da EC 19, assegura “revisão geral anual, sempre na mesma data e
Diante deste princípio, resulta que todo aquele que for investido num cargo sem distinção de índices”, dos vencimentos e dos subsídios. A revisão já
e o exercer como titular ou substituto tem direito ao vencimento respectivo,
era prevista pela mesma norma na sua antiga redação, que, todavia, não a
salvo, obviamente, quando a função do cargo for a de substituição. Daí por assegurava. Agora, no entanto, na medida em que o dispositivo diz que a
que a jurisprudência é uniforme e pacífica no reconhecer ao suplente que
revisão é “assegurada”, trata-se de verdadeiro direito subjetivo do servidor
substitui o titular a retribuição correspondente ao exercício do cargo.’34 A e do agente político, a ser anualmente respeitado e atendido pelo emprego
mesma razão de direito impõe o pagamento da diferença’35 de vencimento do índice que for adotado, o qual, à evidência, sob pena de fraude á
entre a do cargo do substituído e a do substituto, mas a lei pode Constituição e imoralidade, não pode deixar de assegurar a revisão. Tais
condicionar este pagamento a um período mínimo de substituição e a considerações é que nos levaram a entender que, agora, a Constituição
outros requisitos de eficiência. assegura a irredutibilidade real, e não apenas nominal, da remuneração.
Este aumento não obsta, como se verá a seguir, ao aumento impróprio.
O aumento de subsídio e de vencimentos — padrão e vantagens —
dos servidores públicos depende de lei específica, observada a A segunda espécie ocorre através das chamadas reestruturações,
competência. constitucional para a iniciativa privativa em cada caso (CF, pelas quais se corrigem as distorções existentes no serviço público, tendo
art. 37, X). Assim, para os do Executivo a iniciativa é exclusiva de seu em vista a valorização profissional observada no setor empresarial, para
Chefe (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). É uma restrição fundada na harmonia dos que a Administração não fique impossibilitada de satisfazer suas
Poderes e no reconhecimento de que só o Executivo está em condições de necessidades de pessoal. A fim de facilitar a ação do Poder Público e evitar
saber quando e em que limites pode majorar a retribuição de seus a descaracterização das reestruturações, anteriormente transformadas em
servidores. Para não repetir a matéria, remetemos o leitor ao item 2.8 deste verdadeiros aumentos gerais, pela reação em cadeia que provocavam
relativamente aos vencimentos de cargos não abrangidos diretamente pela

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lei reestruturadora, foi que as Constituições, desde 1967, passaram a Certas vantagens pecuniárias incorporam-se automaticamente ao
proibir a “vinculação ou equiparação de vencimentos, para o efeito de vencimento (v.g., por tempo de serviço) e o acompanham em todas as suas
remuneração de pessoal do serviço público” (CF, art. 37, XIII). mutações, inclusive quando se converte em proventos da inatividade
(vantagens pessoais subjetivas); outras apenas são pagas com o
Em qualquer das hipóteses — aumento impróprio e reestruturação — vencimento, mas dele se desprendem quando cessa a atividade do servidor
podem ocorrer injustiças, pela inobservância do princípio da isonomia, tal (vantagens de função ou de serviço); outras independem do exercício do
como explicado acima. Nesse caso, porém, somente a lei poderá corrigi- cargo ou da função, bastando a existência da relação funcional entre o
las, pois qualquer interferência do Judiciário nesta matéria constituiria servidor e a Administração (v.g., salário-família), e, por isso, podem ser
usurpação de atribuições do Legislativo, consoante vêm decidindo auferidas mesmo na disponibilidade e na aposentadoria, desde que
reiterada-mente nossos Tribunais e, finalmente, sumulou o STF, nestes subsista o fato ou a situação que as gera (vantagens pessoais objetivas).
termos: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia” Em razão do art. 37, XIV, da CF, com a redação da EC 19, os
(Súmula 339). acréscimos pecuniários percebidos pelo servidor não serão computados
nem acumulados para fim de concessão de acréscimos posteriores. Não
A natureza alimentar dos vencimentos não permite sejam eles retidos podem, pois, incidir um sobre o outro. Não há confundir acumulação de
pela Administração, nem admite arresto, sequestro ou penhora, consoante cargos com acumulação de vantagens de um mesmo cargo, ou de cargos
dispõe o art. 649, IV, do CPC, a que fazem remissão os arts. 821 e 833 do diversos constitucionalmente acumuláveis. Desde que ocorra o motivo
mesmo diploma legal, relativamente ao arresto e ao sequestro. Todavia, as gerador da vantagem, nada impede sua acumulação, se duplicadas forem
prestações alimentícias devidas pelo servidor público são descontáveis em as situações que a ensejam. Outra observação que se impõe é a de que a
folha (CPC, art. 734). concessão das vantagens pecuniárias só por lei pode ser feita, e por lei
O desconto em folha de pagamento é forma administrativa usual para a cuja iniciativa deve observar os preceitos constitucionais dos arts. 61, § 1º ,
retenção de contribuições de previdência, de imposto de renda, de quantias II, “a”, e 63, I.
pagas indevidamente aos servidores, de empréstimos contraídos no As vantagens pecuniárias podem ser concedidas tendo-se em vista
serviço, de aquisições ou consumações feitas na própria repartição ou por unicamente o tempo de serviço, como podem ficar condicionadas a
seu intermédio. Essa modalidade de desconto é legítima quando realizada determinados requisitos de duração, modo e forma da prestação de serviço
na forma e limites previstos no estatuto respectivo e não houver dúvida (vantagens modais ou condicionais). As primeiras tomam-se devidas desde
sobre a quantia a ser reposta. Se, porém, ocorrer divergência sobre o logo e para sempre com o só exercício do cargo pelo tempo fixado em lei;
quantum a descontar ou sobre a legalidade do ato que determinou a as últimas (modais ou condicionais) exigem, além do exercício do cargo, a
restituição, já não poderá a Administração efetivar os descontos a que se ocorrência de certas situações, ou o preenchimento de determinadas
opõe o servidor. Em tal hipótese, somente após a solução definitiva da condições ou encargos estabelecidos pela Administração. Exemplo típico
controvérsia é que se iniciará o desconto em folha, nas condições de vantagens dependentes apenas do tempo de serviço são os adicionais
constantes do estatuto ou de leis especiais, assegurado o direito de defesa. por biênio, triênio, quinquênio etc.; exemplos de vantagens condicionais ou
Os vencimentos ou vantagens percebidos em virtude de medida liminar modais temo-los nos adicionais de tempo integral, de dedicação plena e de
obtida em mandado de segurança ficam sujeitos a reposição, mediante nível universitário, como, também, nas gratificações por risco de vida e
desconto em folha, caso a liminar seja cassada ou a segurança denegada.’ saúde, no salário-família, na licença-prêmio conversível em pecúnia e
Em julgado exemplar, o TSE entendeu que o desconto em folha de outras dessa espécie.
contribuição para partido político discrepa do arcabouço normativo em O que convém fixar é que as vantagens por tempo de serviço integram-
vigor. se automaticamente no padrão de vencimento, desde que consumado o
A prescrição de vencimentos e vantagens consuma-se em cinco tempo estabelecido em lei, ao passo que as vantagens condicionais ou
anos (Dec. federal 20.910, de 6.1.32) e sua interrupção só poderá ser feita modais, mesmo que auferidas por longo tempo em razão do preenchimento
uma vez, recomeçando o prazo a correr pela metade (Dec.-lei 4.597, de dos requisitos exigidos para sua percepção, não se incorporam ao venci-
19.8.42). Suspende-se, entretanto, a prescrição durante o tempo em que a mento, a não ser quando essa integração for determinada por lei. E a razão
Administração permanecer estudando o recurso ou a reclamação do dessa diferença de tratamento está em que as primeiras (por tempo de
servidor (Lei 5.761, de 25.6.30). Como se trata de débito vencível mês a serviço) são vantagens pelo trabalho já feito (pro labore facto), ao passo
mês, a prescrição só atinge os vencimentos e vantagens anteriores ao que as outras (condicionais ou modais) são vantagens pelo trabalho que
quinquênio. Observe-se que a irredutibilidade dos vencimentos dos está sendo feito (pro labore faciendo), ou, por outras palavras, são
servidores públicos não tem o condão de torná-los imprescritíveis, uma vez adicionais de função (ex facto officii), ou são gratificações de serviço
que a perda da ação pela inércia do seu titular não se confunde com a (propter laborem), ou, finalmente, são gratificações em razão de condições
garantia constitucional que os tomou irredutíveis. pessoais do servidor (propter personam). Daí por que quando cessa o
trabalho, ou quando desaparece o fato ou a situação que lhes dá causa,
Vantagens pecuniárias — Já vimos que os servidores públicos, deve cessar o pagamento de tais vantagens, sejam elas adicionais de
quando não remunerados por subsídio, podem ser estipendiados por meio função, gratificações de serviço ou gratificações em razão das condições
de vencimento. Além dessa retribuição estipendiária podem, ainda, receber pessoais do servidor.
outras parcelas em dinheiro, constituídas pelas vantagens pecuniárias a
que fizerem jus, na conformidade das leis que as estabelecem. Neste tópico Além dessas vantagens, que encontram justificativa em fatos ou
veremos a natureza e efeitos das vantagens pecuniárias, bem como as situações de interesse administrativo, por relacionadas direta ou
espécies e modalidades em que geralmente se repartem. indiretamente com a prestação do serviço ou com a situação do servidor, as
Administrações têm concedido vantagens anômalas, que refogem
Vantagens pecuniárias são acréscimos ao vencimento do servidor, completamente dos princípios jurídicos e da orientação técnica que devem
concedidas a titulo definitivo ou transitório, pela decorrência do tempo de nortear a retribuição do servidor. Estas vantagens anômalas não se
serviço (ex facto temporis), ou pelo desempenho de funções especiais (ex enquadram quer como adicionais, quer como gratificações, pois não têm a
facto officii), ou em razão das condições anormais em que se realiza o natureza administrativa de nenhum destes acréscimos estipendiários,
serviço (propter laborem), ou, finalmente, em razão de condições pessoais apresentando-se como liberalidades ilegítimas que o legislador faz à custa
do servidor (propter personam). As duas primeiras espécies constituem os do erário, com o só propósito de cortejar o servidor público.
adicionais (adicionais de vencimento e adicionais de função), as duas
últimas formam a categoria das gratificações (gratificações de serviço e A legislação federal, estadual e municipal apresenta-se com lamentável
gratificações pessoais). Todas elas são espécies do gênero retribuição falta de técnica e sistematização na denominação das vantagens
pecuniária, mas se apresentam com características próprias e efeitos pecuniárias de seus servidores, confundindo e baralhando adicionais com
peculiares em relação ao beneficiário e à Administração, constituindo os gratificações, o que vem dificultando ao Executivo e ao Judiciário o
“demais componentes do sistema remuneratório” referidos pelo art. 39, § 1º, reconhecimento dos direitos de seus beneficiários. Essa imprecisão
da CF. Somadas ao vencimento (padrão do cargo), resultam nos conceitual é que responde pela hesitação da jurisprudência, pois que em
vencimentos, modalidade de remuneração. cada estatuto, em cada lei, em cada decreto, a nomenclatura é diversa e,

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não raro, errônea, designando uma vantagem com o nomenjuris da outra. desempenhados, exigem um regime especial de trabalho, uma particular
Urge, portanto, a adoção da terminologia certa e própria do Direito dedicação ou uma especial habilitação de seus titulares. Ocorrendo qual-
Administrativo, para unidade de doutrina e exata compreensão da natureza, quer dessas hipóteses, em que o serviço refoge da rotina burocrática, por
extensão e efeitos das diferentes vantagens pecuniárias que a seu caráter técnico, didático ou científico, passando a exigir maior jornada
Administração concede aos seus servidores. de trabalho, maior atenção do servidor ou maior especialização profissional,
a Administração recompensa pecuniariamente os funcionários que o
Feitas essas considerações de ordem geral sobre o gênero vantagens realizam, pagando-lhes um adicional de função enquanto desempenham o
pecuniárias, vejamos as suas espécies, isto é, os adicionais e as cargo nas condições estabelecidas pelo Poder Público.
gratificações e suas várias modalidades.
Nesta categoria entram os adicionais de tempo integral, de dedicação
Adicionais: são vantagens pecuniárias que a Administração concede plena e nível universitário.
aos servidores em razão do tempo de exercício (adicional de tempo de
serviço) ou em face da natureza peculiar da função, que exige Todo adicional de função é, por natureza, vantagem pecuniária pro
conhecimentos especializados ou um regime próprio de trabalho (adicionais labore faciendo, de auferimento condicionado à efetiva prestação do serviço
de função). Os adicionais destinam-se a melhor retribuir os exercentes de nas condições estabelecidas pela Administração. Dai por que não se
funções técnicas, científicas e didáticas, ou a recompensar os que se incorpora automaticamente ao vencimento, mas deve integrá-lo para efeitos
mantiveram por longo tempo no exercício do cargo. O que caracteriza o de disponibilidade ou aposentadoria se no momento da passagem para a
adicional e o distingue da gratificação é o ser aquele uma recompensa ao inatividade remunerada o funcionário estava exercendo o cargo ou a função
tempo de serviço do servidor, ou uma retribuição pelo desempenho de com o período de carência consumado. Nem seria justo e jurídico que a
funções especiais que refogem da rotina burocrática, e esta, uma Administração se beneficiasse durante todo o tempo de atividade do
compensação por serviços comuns executados em condições anormais servidor com as vantagens da exclusividade de seu trabalho e de sua
para o servidor, ou uma ajuda pessoal em face de cenas situações que profissão e ao pólo em disponibilidade, ou ao conceder-lhe a
agravam o orçamento do servidor. O adicional relaciona-se com o tempo ou aposentadoria, passasse a desconhecer o regime especial em que
com a função; a gratificação relaciona-se com o serviço ou com o servidor. trabalhou e o diploma universitário que apresentou para ter acesso ao
O adicional, em princípio, adere ao vencimento e, por isso, tem caráter cargo ou à função.
permanente; a gratificação é autônoma e contingente. Ambos, porém,
podem ser suprimidos para o futuro. Comumente, o estatuto estabelece um período de carência para que o
adicional de função se incorpore ao vencimento, cautela muito conveniente,
Fixada a distinção conceitual entre adicional e gratificação, vejamos as a fim de que a Administração obtenha uma relativa continuidade nos
modalidades ou subespécies de adicionais (de tempo de serviço e de trabalhos empreendidos por seus técnicos, professores e pesquisadores e,
função) para, após, examinarmos as gratificações e suas variantes, por outro lado, para que o acréscimo estipendiário não venha a integrar o
encontradiças na prática administrativa. vencimento dos inconstantes no serviço, nem se preste à maj oração de
proventos daqueles que às vésperas da aposentadoria ingressem no
Adicional por tempo de serviço é o acréscimo pecuniário que se regime de tempo integral ou no de dedicação plena ou passem a exercer
adita definitivamente ao padrão do cargo em razão exclusiva do tempo de cargos ou funções de nível universitário.
exercício estabelecido em lei para o auferimento da vantagem. É um
adicional ex facto temporis, resultante de serviço já prestado — pro labore O adicional de tempo integral advém do regime de full-time norte-
facto. Dai por que se incorpora automaticamente ao vencimento e o americano e só recentemente foi adotado pela Administração Brasileira. O
acompanha na disponibilidade e na aposentadoria. estatuto federal facultava o estabelecimento deste regime de trabalho “para
os cargos ou funções indicados em lei” (Lei 1.711/52, art. 244). A
Este adicional adere ao vencimento para todos os efeitos legais, salvo
subsequente Lei 3.780, de 12.7.60, permitia sua adoção pelo servidor que
“para fins de concessão de acréscimos ulteriores” (CF, art. 37, XIV), pois a exercesse atividades técnico-científicas, de magistério ou pesquisa,
regra é sua vinculação ao padrão de vencimento do beneficiário. E é satisfeitas as exigências regulamentares, declarando-o incompatível com o
irretirável do funcionário precisamente porque representa uma exercício cumulativo de cargos, empregos ou funções, bem como de
contraprestação de serviço já feito. É uma vantagem pessoal, um direito qualquer outra atividade pública ou privada (art. 49 e §1º).
adquirido para o futuro. Sua conditio juris é apenas e tão-somente o tempo
de serviço já prestado, sem se exigir qualquer outro requisito da função ou Posteriormente, as Leis 4.345, de 26.6.64, e 3.863, de 29.11.65,
do servidor. estabeleceram novas regras para esse adicional, especificando os casos
em que poderia ser adotado. Atualmente, o regime jurídico dos servidores
O adicional por tempo de serviço tem origem remota em nossa
Administração, pois vem da Lei de 14.10.1827, interpretada pelo Aviso públicos civis da União’57 não prevê esse adicional.
Imperial 35, de 10.2.1854, onde se lê que tal vantagem “tem em vista As esferas públicas estaduais e municipais podem ou não adotar esse
remunerar serviços já prestados; sendo de natureza mui diversa das regime, variando na percentagem do adicional e em minúcias para sua
gratificações que se concedem em vista de serviços prestados na concessão. O adicional de tempo integral é, assim, uma vantagem
atualidade”. De lá para cá esse adicional generalizou-se nas pecuniária ex facto officii, privativo de certas atividades (comumente de
Administrações e se estendeu a quase todas as categorias de servidores Magistério e Pesquisa) e condicionado a determinados requisitos
das repartições centralizadas e das entidades autárquicas. E é louvável sua regulamentares. Não é um acréscimo por tempo de serviço, como à
adoção, pelo sentido de justiça que tal acréscimo apresenta para aqueles primeira vista pode parecer; é um típico adicional de função, auferível em
que há mais tempo se dedicam ao serviço público, e nos quais se presume razão do serviço técnico ou científico a ser prestado (pro labore faciendo)
maior experiência e mais eficiência no desempenho de suas funções, o que nas condições estabelecidas pela Administração. A ampliação da jornada
justifica o acréscimo estipendiário, sem correr os azares de uma eventual de trabalho entra, tão-somente, como pressuposto do regime, e não como
promoção. causa da vantagem pecuniária, a qual assenta, precipuamente, na
O adicional em exame tanto pode ser calculado percentualmente sobre realização de certas atividades que exigem maior assistência do
o padrão de vencimento atual do servidor como pode a lei indicar outro funcionário, que há de ficar integralmente à disposição da Administração, e
índice ou, mesmo, instituí-lo em quantia fixa, igual para todos, ou somente dela. O que caracteriza o regime de tempo integral é o fato de o
progressiva em relação aos estipêndios. Sua adoção fica inteiramente a servidor só poder exercer uma função ou um cargo público, sendo-lhe
critério e escolha da Administração, que poderá concedê-lo, modificá-lo ou vedado realizar qualquer outra atividade profissional particular ou pública.
extingui-lo a qualquer tempo, desde que o faça por lei e respeite as Nesse regime a regra é um emprego e um só empregador, diversamente do
situações jurídicas anteriores, definitivamente constituídas em favor dos que ocorre no regime de dedicação plena, em que o servidor pode ter mais
servidores que já completaram o tempo necessário para a obtenção da de um emprego e mais de um empregador, desde que diversos da função
vantagem. pública a que se dedica precipuamente.

O adicional de função apresenta-se como vantagem pecuniária ex facto Como adicional de função, o acréscimo de tempo integral não deve ser
officii, ligada a determinados cargos ou funções que, para serem bem estendido, indiscriminadamente, a cargos e funções de atividades mera-
mente burocráticas, porque isto importa desvirtuar o regime e anular sua

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finalidade, convertendo-o num simples meio de majoração de vencimento, interesse do serviço e do servidor, mas sempre vantagens transitórias, que
quando seu objetivo institucional é o de aprimorar o trabalho técnico e não se incorporam automaticamente ao vencimento, nem geram direito
incrementar a investigação científica e a formação de pesquisadores, subjetivo à continuidade de sua percepção. Na feliz expressão de Mendes
necessários ao desenvolvimento do País. Por idêntica razão, este adicional de Almeida, “são partes contingentes, isto é, partes que jamais se
não deve ser instituído como vantagem pessoal pura, sem condições de incorporam aos proventos, porque pagas episodicamente ou em razão de
melhoria do serviço e sem prazo de carência para se incorporar ao circunstâncias momentâneas”.
vencimento.
Como já vimos precedentemente, as gratificações distinguem-se dos
O adicional de dedicação plena tem natureza similar à do de tempo adicionais porque estes se destinam a compensar encargos decorrentes de
integral, visto que ambos resultam de regimes especiais de trabalho, funções especiais, que se apartam da atividade administrativa ordinária, e
exigidos por determinadas atividades do Magistério e Pesquisa, próprias aquelas — as gratificações — visam a compensar riscos ou ônus de
das Universidades e Institutos científicos. serviços comuns realizados em condições extraordinárias, tais como os
trabalhos executados em perigo de vida e saúde, ou no período noturno, ou
A diferença entre o regime de tempo integral e o de dedicação plena além do expediente normal da repartição, ou fora da sede etc. As
está em que naquele o servidor só pode trabalhar no cargo ou na função gratificações são concedidas em razão das condições excepcionais em que
que exerce para a Administração, sendo-lhe vedado o desempenho de está sendo prestado um serviço comum (propter laborem) ou em face de
qualquer outra atividade profissional pública ou particular, ao passo que situações individuais do servidor (propter personam), diversamente dos
neste (regime de dedicação plena) o servidor trabalhará na atividade adicionais, que são atribuídos em face do tempo de serviço (ex facto officii).
profissional de seu cargo ou de sua função exclusivamente para a Não há confundir, portanto, gratificação com adicional, pois são vantagens
Administração, mas poderá desempenhar atividade diversa da de seu cargo pecuniárias distintas, com finalidades diversas, concedidas por motivos
ou de sua função em qualquer outro emprego particular ou público, desde diferentes. A gratificação é retribuição de um serviço comum prestado em
que compatível com o da dedicação plena. No regime de tempo integral o condições especiais; o adicional é retribuição de uma função especial
servidor só poderá ter um emprego; no de dedicação plena poderá ter mais exercida em condições comuns. Daí por que a gratificação é, por índole,
de um, desde que não desempenhe a atividade correspondente à sua vantagem transitória e contingente e o adicional é, por natureza,
função pública exercida neste regime. Exemplificando: o professor em permanente e perene.
regime de tempo integral só poderá exercer as atividades do cargo e
nenhuma outra atividade profissional pública ou particular; o advogado em Em última análise, a gratificação não é vantagem inerente ao cargo ou
regime de dedicação plena só poderá exercer a Advocacia para a à função, sendo concedida em face das condições excepcionais do serviço.
Administração da qual é servidor, mas poderá desempenhar a atividade de ou do servidor.
Magistério ou qualquer outra para a Administração (acumulação de cargos)
ou para particulares. Feitas essas considerações preliminares sobre as gratificações,
vejamos as duas modalidades em que se apresentam na Administração
Trabalhando em regime de dedicação plena o servidor fará jus ao Pública: gratificação de serviço e gratificação pessoal.
adicional de função estabelecido em lei, como compensação pelas
Gratificação de serviço (propter laborem) é aquela que a Administração
restrições do cargo. Este regime só se justifica para aqueles serviços que
institui para recompensar riscos ou ônus decorrentes de trabalhos normais
exigem demorados estudos e pacientes trabalhos técnicos que nem sempre
executados em condições anormais de perigo ou de encargos para o
podem ser feitos nas repartições, requerendo do funcionário a preparação
servidor, tais como os serviços realizados com risco de vida e saúde ou
ou a complementação em casa ou, mesmo, em biblioteca e locais diversos
do da sede do serviço. O adicional de dedicação plena não se incorpora prestados fora do expediente, da sede ou das atribuições ordinárias do
imediatamente ao vencimento, dependendo do transcurso de período de cargo. O que caracteriza essa modalidade de gratificação é sua vinculação
carência que a Administração estabelecer. a um serviço comum, executado em condições excepcionais para o
funcionário, ou a uma situação normal do serviço mas que acarreta
O adicional de nível universitário é um típico adicional de função (ex despesas extraordinárias para o servidor. Nessa categoria de gratificações
facto officii), decorrente do caráter técnico de certas atividades da entram, dentre outras, as que a Administração paga pelos trabalhos
Administração, que exigem conhecimentos especializadas para serem bem realizados com risco de vida e saúde; pelos serviços extraordinários; pelo
realizadas. Por sua natureza, deve incorporar-se ao vencimento, mas essa exercício do Magistério; pela representação de gabinete; pelo exercício em
integração tem sido evitada pela legislação pertinente das três esferas determinadas zonas ou locais; pela execução de trabalho técnico ou
administrativas, que o classificam, equivocadamente, como “gratificação”. científico não decorrente do cargo; pela participação em banca
examinadora ou comissão de estudo ou de concurso; pela transferência de
Desde que a finalidade institucional deste adicional é propiciar melhor
remuneração aos profissionais diplomados em curso superior, de cuja sede’6’ (ajuda de custo); pela prestação de serviço fora da sede (diárias).
habilitação se presume a maior perfeição técnica de seu trabalho, não se Essas gratificações só devem ser percebidas enquanto o servidor está
justifica sua extensão a servidores leigos, embora exercendo funções prestando o serviço que as enseja, porque são retribuições pecuniárias pro
especializadas ou ocupando cargos reservados a titulares de nível labore faciendo e propter laborem. Cessado o trabalho que lhes dá causa
universitário. A ampliação dessa vantagem aos não diplomados, sobre ser ou desaparecidos os motivos excepcionais e transitórios que as justificam,
um contra-senso, prejudicaria os objetivos que a Administração teve em extingue-se a razão de seu pagamento. Daí por que não se incorporam
vista quando a destinou unicamente aos diplomados em curso superior, automaticamente ao vencimento, nem são auferidas na disponibilidade e na
excluindo de seus benefícios até mesmo os habilitados em cursos de grau aposentadoria, salvo quando a lei expressamente o determina, por
médio. liberalidade do legislador.
Finalmente, é de se observar que não basta seja o servidor titular de Dentre as gratificações de serviço merece algumas considerações, por
diploma de curso superior para o auferimento da vantagem de nível sua novidade e generalidade no serviço público, a que se paga aos
universitário; é necessário que esteja desempenhando função ou servidores que executam trabalho com risco de vida ou saúde.
exercendo cargo para o qual se exige o diploma de que é portador. O que a
Administração remunera não é a habilitação universitária em si mesma; é o A gratificação por risco de vida ou saúde é uma vantagem pecuniária
trabalho profissional realizado em decorrência dessa habilitação, e da qual vinculada diretamente às condições especiais de execução do serviço. Não
se presume maior perfeição técnica e melhor rendimento administrativo. é uma retribuição genérica pela função desempenhada pelo servidor; é uma
compensação específica pelo trabalho realizado em condições potencial-
Gratificações: são vantagens pecuniárias atribuídas precariamente aos mente nocivas para o servidor. O que se compensa com esta gratificação é
servidores que estão prestando serviços comuns da função em condições o risco, ou seja, a possibilidade de dano à vida ou à saúde daqueles que
anormais de segurança, salubridade ou onerosidade (gratificações de executam determinados trabalhos classificados pela Administração como
serviço), ou concedidas como ajuda aos servidores que reúnam as perigosos. Daí por que tal gratificação só é auferível enquanto o servidor
condições pessoais que a lei especifica (gratificações especiais). As estiver executando o trabalho beneficiado com essa vantagem.
gratificações — de serviço ou pessoais — não são liberalidades puras da
Administração; são vantagens pecuniárias concedidas por recíproco Essa gratificação só pode ser instituída por lei, mas cabe ao Executivo

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especificar, por decreto, quais os serviços e os servidores que irão auferi-la. benefícios previdenciários e não estão sujeitas ao imposto de renda.
Não será o servidor, nem o Judiciário, que dirá se ocorre o risco gratificável, Normalmente, recebem as seguintes denominações: ajuda de custo —
porque o conceito de risco, para fins de vantagem pecuniária, não é destina-se a compensar as despesas de instalação em nova sede de
técnico, nem jurídico: é meramente administrativo. O risco só existe, para serviço, pressupondo mudança de domicílio em caráter permanente; diárias
efeito de gratificação, onde a Administração o admitir, e cessará quando ela — indenizam as despesas com passagem e/ou estadia em razão de
o considerar inexistente. Por esse motivo, a gratificação por risco de vida ou prestação de serviço em outra sede e em caráter eventual; auxílio-
saúde pode ser suprimida, ampliada ou restringida a todo tempo, sem transporte — destina-se ao custeio total ou parcial das despesas realizadas
ofensa a direito dos que a estavam percebendo. pelo servidor com transporte coletivo nos deslocamentos de sua residência
para o trabalho e vice-versa.
Por outro lado, o Executivo não pode estender essa vantagem a
serviços e servidores que não satisfaçam os pressupostos legais para seu Outras podem ser previstas pela lei, desde que tenham natureza inde-
auferimento, porque, como bem decidiu o STF, isto importaria majoração de nizatória. Seus valores não podem ultrapassar os limites ditados por essa
vencimentos por decreto, o que é inadmissível para o serviço público de finalidade, não podem se converter em remuneração indireta. Há de impe-
qualquer das entidades estatais. rar, como sempre, a razoabilidade.
Observe-se, finalmente, que a gratificação por risco de vida ou saúde Responsabilidades dos servidores
não cobre o dano efetivo que o servidor venha a suportar no serviço. Esta
gratificação visa a compensar, apenas, a possibilidade de dano, vale dizer, Os servidores públicos, no desempenho de suas funções ou a pretexto
o risco em si mesmo, e não a morte, a doença ou a lesão ocasionada pelo de exercê-las, podem cometer infrações de quatro ordens: administrativa,
trabalho. Se nada ocorrer ao servidor durante o serviço, cessado este, deve civil, criminal e improbidade administrativa. Por essas infrações deverão ser
cessar a gratificação, por afastada a potencialidade do dano, que é o risco. responsabilizados no âmbito interno da Administração e/ou judicialmente.
Assim, todavia, não tem sido entendido pela jurisprudência, que vem A responsabilização dos servidores públicos é dever genérico da
considerando a gratificação incorporada ao vencimento e integrante dos Administração e específico de todo chefe, em relação a seus subordinados.
proventos da aposentadoria. Não podemos abonar esse entender, contrário
à natureza e à finalidade da vantagem em exame, que é uma gratificação No campo do Direito Administrativo esse dever de responsabilização foi
de serviço, e não um componente do padrão de vencimento, que deva erigido em obrigação legal, e, mais que isso, em crime funcional, quando
acompanhá-lo na inatividade. relegado pelo superior hierárquico, assumindo a forma de condescendência
criminosa (CP, art. 320). E sobejam razões para esse rigor, uma vez que
Gratificação pessoal, ou, mais precisamente, gratificação em razão de tanto lesa a Administração a infração do subordinado como a tolerância do
condições pessoais do servidor (propter personam), é toda aquela que se chefe pela falta cometida, o que é um estímulo para o cometimento de
concede em face de fatos ou situações individuais do servidor, tais como a novas infrações.
existência de filhos menores ou dependentes incapacitados para o trabalho
(salário-família) e outras circunstâncias peculiares do beneficio. Tais Responsabilidade administrativa
gratificações não decorrem de tempo de serviço, nem do desempenho de Responsabilidade administrativa é a que resulta da violação de normas
determinada função, nem da execução de trabalhos especiais, mas, sim, da internas da Administração pelo servidor sujeito ao estatuto e disposições
ocorrência de fatos ou situações individuais ou familiares previstas em lei. complementares estabelecidas em lei, decreto ou qualquer outro
Daí por que podem ser auferidas independentemente do exercício do car- provimento regulamentar da função pública. A falta funcional gera o ilícito
go, bastando que persista a relação de emprego entre o beneficiário e a administrativo e dá ensejo à aplicação de pena disciplinar, pelo superior
Administração, como ocorre com os que se encontram em disponibilidade hierárquico, no devido processo legal.
ou na aposentadoria.
A punição administrativa ou disciplinar não depende de processo civil
O salário-família é uma típica gratificação pessoal, pois é concedido ou criminal a que se sujeite também o servidor pela mesma falta, nem
aos servidores em exercício ou em inatividade, desde que apresentem as obriga a Administração a aguardar o desfecho dos demais processos, bem
condições familiares estabelecidas na lei respectiva. Essa gratificação não mesmo em face da presunção constitucional de não culpabilidade. Apurada
deflui do serviço público, nem lhe é privativa, mas encontra justificativa no a falta funcional, pelos meios adequados (processo administrativo,
interesse do Estado em amparar os servidores que tenham maiores sindicância ou meio sumário), o servidor fica sujeito, desde logo, à
encargos pessoais para a manutenção de filhos menores ou de penalidade administrativa correspondente.
dependentes incapacitados para o trabalho. É assegurado aos servidores
de baixa renda nos termos da lei (arts. 7º, 39, § 3º, e 142, § 3º, VIII, da CF, A punição interna, autônoma que é, pode ser aplicada ao servidor
com as redações das EC 18, 19 e 20). Essa lei é de caráter nacional. antes do julgamento judicial do mesmo fato. E assim é porque, como já
Enquanto não editada, o salário-família assim como o auxílio-reclusão vimos, o ilícito administrativo independe do ilícito penal. A absolvição
somente serão concedidos àqueles que tenham renda bruta mensal igual criminal só afastará o ato punitivo se ficar provada, na ação penal, a
ou inferior a R$ 360,00 (art. 13 da EC 20). inexistência do fato ou que o acusado não foi seu autor.’7’ Mas, se a
Com essas vantagens pecuniárias a Administração atende à punição estiver fundamentada na “prática de crime contra a Administração
recomendação constitucional para que se dê à família especial proteção do Pública, este há que estar afirmado em sentença transitada em julgado”.
Estado (CF, art. 226). Não se incorporam à remuneração, mas devem ser O que a Administração não pode é aplicar punições arbitrárias, isto é,
auferidas também na disponibilidade, na aposentadoria e na pensão que não estejam legalmente previstas. Desde já deixamos esclarecido que
enquanto subsistirem as condições legais para sua percepção. tais atos exigem fiel observância da lei para sua prática e impõem à
Desde que o salário-família não integra o vencimento, sobre esta Administração o dever de motivá-los, isto é, de demonstrar sua
gratificação não devem incidir os adicionais de tempo de serviço ou de conformidade com os dispositivos em que se baseiam. Aliás, a tendência
função, nem as gratificações de serviço, os quais terão para base de moderna, como observa mui agudamente Jèze, é a da motivação de todo
cálculo o padrão do cargo, se de outra forma não dispuser a lei. ato administrativo que não decorra do poder discricionário da Administração
e da sua vinculação aos motivos determinantes do seu cometimento. Na
A Constituição de 1988 acrescentou dentre os direitos dos servidores motivação da penalidade, a autoridade administrativa competente para sua
públicos e aos militares, a licença-gestante e a licença-paternidade (arts. aplicação deve justificar a punição imposta, alinhando os atos irregulares
39, § 3º, e 142, § 3º, VIII), as quais, embora não sejam tipicamente praticados pelo servidor, analisando sua repercussão danosa para o Poder
vantagens pecuniárias, assumem esse caráter, por serem remunerados os Público, apontando os dispositivos legais ou regulamentares violados e a
períodos de afastamento do trabalho. cominação prevista. O necessário é que a Administração Pública, ao punir
seu servidor, demonstre a legalidade da punição. Feito isso, ficará
Indenizações — São previstas em lei e destinam-se a indenizar o justificado o ato, e resguardado de revisão judicial, visto que ao Judiciário
servidor por gastos em razão da função. Seus valores podem ser fixados só é permitido examinar o aspecto da legalidade do ato administrativo, não
em lei ou em decreto, se aquela permitir. Tendo natureza jurídica indeniza- podendo adentrar os motivos de conveniência, oportunidade ou justiça das
tória, não se incorporam à remuneração,’ não repercutem no cálculo dos medidas da competência específica do Executivo.

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A extinção da pena administrativa dá-se normalmente pelo seu visa, unicamente, à reparação material, pecuniária, da Administração.
cumprimento, e excepcionalmente pela prescrição e pelo perdão por parte
da Administração. O cumprimento da pena exaure a sanção; a prescrição A comprovação do dano e da culpa do servidor é comumente feita
extingue a punibilidade, com a fluência do prazo fixado em lei, ou, na sua através do processo administrativo, findo o qual a autoridade competente
omissão, pelo da norma criminal correspondente; o perdão da pena é ato lhe impõe a obrigação de repará-lo, através de indenização em dinheiro,
de demência da Administração e só por ela pode ser concedido em caráter indicando a forma de pagamento. Os estatutos costumam exigir a reposição
geral (a que se denomina, impropriamente, “anistia administrativa”), ou em de uma só vez quando o prejuízo decorrer de alcance, desfalque, remissão
cada caso, sempre por atuação do Executivo que aplicou a sanção. Não ou omissão de recolhimento ou entrada no prazo devido, admitindo para os
pode o Legislativo conceder “anistia administrativa” por lei de sua iniciativa, demais casos o desconto em folha, em bases módicas, geralmente não
porque isto importaria cancelamento de ato do Executivo por norma mais de dez por cento do vencimento do responsável.
legislativa, o que é vedado pelo nosso sistema constitucional (art. 2º) (STF, Esse procedimento é válido inclusive na hipótese prevista no § 6º do
RDA 86/142). Observamos que a pena expulsiva (demissão) é insuscetível art. 37 da CF, mas, em qualquer caso, é necessária a concordância do
de extinção, porque todos os seus efeitos se consumam no ato de sua responsável, porque a Administração não pode lançar mão dos bens de
imposição, fazendo cessar o vinculo funcional com a Administração. seus servidores, nem gravar unilateralmente seus vencimentos, para
Responsabilidade civil ressarcir-se de eventuais prejuízos. Faltando-lhe esta aquiescência, deverá
recorrer às vias judiciais, quer propondo ação de indenização contra o
A responsabilidade civil é a obrigação que se impõe ao servidor de servidor, quer executando a sentença condenatória do juízo criminal ou a
reparar o dano causado à Administração por culpa ou dolo no desempenho certidão da divida ativa (no caso de alcances e reposições de recebimentos
de suas funções. Não há, para o servidor, responsabilidade objetiva ou sem indevidos).
culpa. A sua responsabilidade nasce com o ato culposo e lesivo e se
exaure com a indenização. Essa responsabilidade (civil) é independente A responsabilização civil de servidor por danos causados a terceiros no
das demais (administrativa e criminal) e se apura na forma do Direito exercício de suas atividades funcionais depende da comprovação de sua
Privado, perante a Justiça Comum. culpa em ação regressiva proposta pela pessoa jurídica de Direito Público
depois de condenada à reparação (CF, art. 37, § 6º). É óbvio que o servidor
A Administração não pode isentar de responsabilidade civil seus pode ter interesse em intervir na ação, principalmente para assegurar o
servidores, porque não possui disponibilidade sobre o patrimônio público. justo valor da indenização, devendo fazê-lo na qualidade de assistente
Muito ao contrário, é seu dever zelar pela integridade desse patrimônio, voluntário, e nunca como litis-consorte necessário (CPC, art. 75, I), situação
adotando todas as providências legais cabíveis para a reparação dos danos que lhe permite, entre outras coisas, confessar os fatos alegados pelo autor
a ele causados, qualquer que seja o autor. Dai por que a parte final do § 6º (art. 75, III), prejudicando a defesa da Administração e obrigando-a a uma
do art. 37 da CF impõe a responsabilização do agente causador do dano indenização nem sempre devida, sem possibilidade, na maioria das vezes,
somente quando agir com culpa ou dolo, excluindo, portanto, a de ressarcir-se.
responsabilidade objetiva, que é unicamente da Administração perante a
vitima. Responsabilidade criminal

A responsabilização de que cuida a Constituição é a civil, visto que a A responsabilidade criminal é a que resulta do cometimento de crimes
administrativa decorre da situação estatutária e a penal está prevista no funcionais. O ilícito penal sujeita o servidor a responder a processo crime e
respectivo Código, em capítulo dedicado aos crimes funcionais (arts. 312 a a suportar os efeitos legais da condenação (CP, arts. 91 e 92). O Estado-
327). Essas três responsabilidades são independentes e podem ser apura- membro e o Município não podem legislar sobre crimes funcionais, porque
das conjunta ou separadamente. A condenação criminal implica, entretanto, tal matéria é de Direito Penal e constitui reserva constitucional da União
o reconhecimento automático das duas outras, porque o ilícito penal é mais (CF, art. 22, I).
que o ilícito administrativo e o ilícito civil. Assim sendo, a condenação A maioria dos crimes contra a Administração Pública está definida no
criminal por um delito funcional importa o reconhecimento, também, de tít. XI, caps. 1 (arts. 312 a 326) e II (arts. 359-A a 359-H), do Código Penal;
culpa administrativa e civil, mas a absolvição no crime nem sempre isenta o este último com o nome de “Crimes Contra as Finanças Públicas”, foi
servidor destas responsabilidades, porque pode não haver ilícito penal e acrescentado pela Lei 10.028, de 19.10.2000, que instituiu novos crimes em
existir ilícitos administrativo e civil. decorrência da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas nada impede que lei
A absolvição criminal só afasta a responsabilidade administrativa e civil especial federal estabeleça outras infrações, visando a proteger
quando ficar decidida a inexistência do fato ou a não autoria imputada ao determinados interesses administrativos.
servidor, dada a independência das três jurisdições. A absolvição na ação Considera-se servidor público, para efeitos penais, quem, embora
penal, por falta de provas ou ausência de dolo, não exclui a culpa transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
administrativa e civil do servidor público, que pode, assim, ser punido pública (art. 327 do CP). O parágrafo único desse art. 327, na redação dada
administrativamente e responsabilizado civilmente. pela Lei 9.983, de 14.7.2000, equipara a “funcionário público quem exerce
Culpa e dolo são conceitos diversos. A culpa verifica-se na ação ou cargo, emprego ou função em entidade paraestatal e quem trabalha para
omissão lesiva, resultante de imprudência, negligência ou imperícia do empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução
agente; o dolo ocorre quando o agente deseja a ação ou omissão lesiva ou de atividade típica da Administração Pública”. Convém observar que a
assume o risco de produzi-la. Um exemplo distinguirá bem as duas legislação penal continua a empregar a terminologia “funcionário público”
situações: se um motorista propositadamente atropelar um transeunte, mesmo diante da Constituição Federal de 1988, que só utiliza o nomen juris
desejando matar ou ferir, cometerá um crime doloso; se o mesmo motorista “servidor público”.
atropelar um mesmo transeunte sem o querer, mas com imprudência, O processo dos crimes funcionais previstos no Código Penal e em leis
imperícia ou negligência, terá cometido um crime culposo. A diferença entre esparsas obedece ao rito estabelecido nos arts. 513 a 518 do CPP, ficando
os dois ilícitos é subjetiva: varia segundo a conduta do agente. Assim, se o o réu, desde o indiciamento, sujeito ao sequestro de bens, a requerimento
servidor causar prejuízo à Administração por negligência, imperícia ou do Ministério Público, quando houver prejuízo para a Fazenda Pública
imprudência na sua conduta, ficará sujeito à responsabilização civil e (Dec.-lei 3.240/41). Para os crimes de abuso de autoridade o processo é o
administrativa, mas pode não ficar sujeito à responsabilização penal, se não previsto nos arts. 12 a 28 da Lei 4.898/65.
cometeu nenhum ilícito criminal. A culpa é menos que o dolo, como os
ilícitos administrativo e civil são menos que o ilícito penal, e, por isso, pode Além dos crimes funcionais comuns, nos quais pode incidir qualquer
haver responsabilidade civil e administrativa sem haver responsabilidade servidor público, há, ainda, os crimes de responsabilidade dos agentes
criminal, mas não pode haver responsabilidade penal sem responsabilidade políticos (Chefes do Executivo federal, estadual e municipal, Ministros do
administrativa e civil. Estado e do STF, Procurador-Geral da República e Secretários de Estado),
capitulados na Lei 1.079, de 10.4.50, que regula o impeachment a ser
Essencial para existência da responsabilidade civil é que o ato culposo aplicado como penalidade político-administrativa, sem prejuízo da ação
do servidor cause dano patrimonial à Administração. Sem a ocorrência de penal, e no Dec.-lei 201, de 27.2.67 (para os Prefeitos).
dano patrimonial não há fundamento para a responsabilização civil, que

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Todos os crimes funcionais e os de responsabilidade são delitos de defesa; estes compreendem os processos judiciais, civis e criminais. Os
ação pública, o que permite a instauração do processo respectivo mediante meios internos, como o nome está indicando, desenvolvem-se e se
comunicação de qualquer pessoa à autoridade competente e denúncia do exaurem no âmbito da própria Administração; os meios externos ficam a
Ministério Público. Para os crimes de abuso de autoridade a Lei 4.898/65 cargo exclusivo do Poder Judiciário e se realizam como prestações
condicionava a denúncia do Ministério Público a representação do ofendido jurisdicionais comuns, quando requeridas pela própria Administração
(art. 12), mas a Lei 5.249, de 9.2.67, praticamente dispensou este requisito (ações civis) ou pelo Ministério Público (ações criminais e ação civil
ao dispor que a falta de representação “não obsta a iniciativa ou o curso da pública). Ao Direito Administrativo só interessam os meios internos como
ação” (art. 1º). formas especificas de proteção ao serviço público e de repressão às
infrações funcionais dos servidores.
Responsabilidade por improbidade administrativa
Conforme a gravidade da infração a apurar e da pena a aplicar, a
O art. 12, caput, da Lei 8.429/92 diz que, independentemente das Administração disporá do meio de responsabilização adequado, que vai
sanções penais, civis e administrativas, o responsável pelo ato de desde o processo administrativo disciplinar até a apuração sumária da falta,
improbidade administrativa fica sujeito às punições previstas nos seus incs. através de simples sindicância, ou mesmo pela verdade sabida, mas, em
I, II e III. Logo, ex vi legis, a punição por improbidade administrativa decorre qualquer hipótese, com a garantia de ampla defesa (CF, art. 5º, LV).
de responsabilidade distinta e independente das responsabilidades penal,
civil e administrativa previstas na legislação específica, analisadas acima. Para a demissão dos vitalícios, entretanto, o meio único é o processo
Por essa razão, “a aplicação das penalidades previstas na Lei 8.429/92 não judicial (CF, arts. 95, I, e 128, § 5º, I, “a”); para os estáveis poderá ser
incumbe à Administração”, sendo “privativa do Poder Judiciário” (STF, RTJ utilizado o processo administrativo disciplinar (CF, art. 41, § 1º) e para os
195/73). instáveis bastará a sindicância, despida de maiores formalidades, desde
que por ela se demonstre a falta ensejadora da pena demissória. Em
A Lei 8.429/92 classifica e define os atos de improbidade administrativa qualquer caso, porém, é necessário que se faculte ao processado ou ao
em três espécies: a) os que importam enriquecimento ilícito (art. 90); b) os sindicado a possibilidade de ampla defesa.
que causam prejuízo ao erário (art. 10); e c) os que atentam contra os
princípios da Administração Pública (art. 11). Para cada espécie há uma Por ampla defesa deve-se entender a vista do processo ou da
previsão de punições, descritas nos incs. I a III do art. 12. Conforme o caso, sindicância ao servidor acusado, com a faculdade de resposta e de
as cominações podem ser: perda dos bens ou valores acrescidos produção de provas contrárias à acusação. Essa defesa poderá ser feita
ilicitamente; ressarcimento integral do dano; perda da função pública; pessoalmente pelo servidor ou por advogado regularmente constituído, sem
suspensão dos direitos políticos; multa civil; proibição de contratar com o que os autos saiam da repartição em que tramitam. Não se exigem para a
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios — punição disciplinar os rigores do processo criminal, nem do contraditório da
cabendo ao Judiciário aplicá-las, levando em conta a extensão do dano e o ação penal, mas é necessário que se conceda ao acusado oportunidade de
proveito patrimonial obtido pelo agente, dentre outros fatores inerentes e ilidir a acusação. Sem esta possibilidade de defesa a punição administrativa
inafastáveis na aplicação da lei (art. 12, parágrafo único). é nula, por afrontar uma garantia constitucional (CF, art. 5º, LV).
Dentre os diversos atos de improbidade administrativa, exemplificados Dada sua importância como meio de punição interno, o processo
nessa lei, o de “adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, administrativo disciplinar, espécie do gênero processo administrativo, está
cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor examinado exaustivamente no item 3.3.6 do cap. XI, a que remetemos o
seja desproporcional à evolução do patrimônio ou renda do agente público” leitor, para evitar repetições.
(art. 9º, VII) merece destaque, dado seu notável alcance, pois inverte o
ônus da prova, sempre difícil para o autor da ação em casos como o Sequestro e perdimento de bens
descrito pela norma. Nessa hipótese, quando desproporcional, o enriqueci- O sequestro e o perdimento de bens são cabíveis contra os servidores
mento é presumido como ilícito, cabendo ao agente público a prova de que que enriqueceram ilicitamente com o produto de crime contra a
ele foi lícito, apontando a origem dos recursos necessários à aquisição. Administração, ou por influência ou com abuso de cargo, função ou
Para os fins previstos na Lei 8.429/92, reputa-se agente público todo emprego público. O sequestro é providência cautelar, enquanto o
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por perdimento é medida definitiva, respaldada no art. 5º, XLV, da CF, que
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de resulta do reconhecimento da ilicitude do enriquecimento do servidor. O
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em entidades perdimento, quando não decorre de sentença criminal condenatória (CP,
da Administração direta, indireta ou fundacional ou de empresa incorporada art. 74, II), pode ser declarado judicialmente, através de procedimento
ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário próprio.
haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio O sequestro dos bens adquiridos pelo indiciado com o produto da in-
ou da receita anual (art. 2º, c/c O art. 1º). fração penal está genericamente disciplinado no CPP, arts. 125 a 144.
Os responsáveis por atos de improbidade praticados contra o Todavia, quando a vítima é a Fazenda Pública, o procedimento é o previsto
patrimônio de entidade que receba subvenção ou qualquer beneficio do no Dec.-lei 3.240, de 8.5.4 1, expressamente revigorado pelo Dec.-lei
Poder Público ou para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou 359/68 (art. 11). Nesse caso, é requerido pelo Ministério Público, por
concorra com menos de cinquenta por cento também estão sujeitos às representação da autoridade policial ou da administrativa, dependendo sua
penalidades dessa lei (art. 1º, parágrafo único). O art. 52 da Lei subsistência da instauração da ação penal no prazo de noventa dias (arts.
10.527/2001 (Estatuto da Cidade) diz que, pelas condutas ali relacionadas, 6º, I, e 20, §1º).
o “Prefeito” pode incorrer em improbidade administrativa, nos termos da Lei O sequestro é cabível, também, como medida preliminar, nos
8.429/92. Embora essa norma mencione apenas o “Prefeito”, é claro que processos de perdimento, a requerimento do Ministério Público ou da
outros agentes públicos que também participarem ou concorrerem para pessoa jurídica interessada (art. 16 da Lei 8.429/92). O pedido pode incluir,
aquelas condutas poderão cometer improbidade administrativa, só que esta ainda, a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e
deverá se enquadrar nas espécies previstas pela Lei 8.429/92. aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no Exterior, nos termos da
O § 2º do art. 84 do CPP, na redação que lhe dava a Lei 10.268/2003, lei e dos tratados internacionais (art. 16, § 2º). É evidente que tais medidas
foi julgado inconstitucional pelo STF na ADI 2.797-DF. Assim, quer se cuide podem envolver contas e aplicações existentes no território nacional.
de ocupante de cargo público, quer se cuide de titular de mandato eletivo, a O perdimento dos bens que constituem produto de crime ou proveito
ação de improbidade de que trata a Lei 8.429/92 será proposta em primeiro auferido pelo agente com a prática do fato criminoso, em favor da União, é
grau. um dos efeitos da condenação, nos termos do art. 91, II, “b”, do CP. Por
Meios de punição isso mesmo, na hipótese de crime comum, a Administração interessada de-
verá promover o sequestro, na forma do Dec.-lei 3.240/41, a fim de garantir
A responsabilização e a punição dos servidores públicos fazem-se por o ressarcimento com os referidos bens.
meios internos e externos. Aqueles abrangem o processo administrativo
disciplinar e os meios sumários, com a garantia do contraditório e da ampla Em qualquer hipótese, porém, é cabível ação autônoma visando à

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decretação da perda dos bens, a qual, caso tenha havido medida cautelar, Os militares em atividade, como ocorre com os servidores civis, podem
deve ser proposta dentro de trinta dias, contados da efetivação da medida passar para a inatividade remunerada, mediante reforma, nos termos da
(Lei 8.429/92, art. 17). Constituição Federal e da legislação ordinária correspondente, ou, ainda,
manter-se na reserva não remunerada, como ocorre com os oficiais
Enriquecimento ilícito provenientes do Centro e Núcleos de Preparação de Oficiais da Reserva —
Enriquecimento ilícito, no que tange a servidores públicos, é o que CPOR e NPOR, os quais, em tempo de guerra, podem ser convocados
decorre da prática de crime contra a Administração definido no CP, arts. para a ativa de sua patente.
312 a 327. O art. 42, § 1º, da CF, na redação dada pela EC 20/98, manda aplicar
Abuso de autoridade aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que
vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º (militar alistável e
O abuso de autoridade, definido na Lei 4.898, de 9.12.65, alterada pela elegível), do art. 40, § 9º (contagem de tempo de contribuição), e do art.
Lei 6.657, de 5.6.79, sujeita o agente público federal, estadual ou municipal 142, §§ 2º e 3º, cabendo à lei estadual específica dispor sobre as matérias
à tríplice responsabilidade civil, administrativa e penal. do art. 142, § 3º, X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos
A apuração da responsabilidade civil faz-se por ação ordinária, perante respectivos Governadores. Esse inc. X do § 3º do art. 142, na redação dada
a Justiça Comum federal ou estadual, conforme seja a autoridade. A pela EC 18, prevê um regime jurídico peculiar para os militares, inclusive
responsabilidade administrativa e a penal apuram-se através dos processos sobre a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais,
especiais estabelecidos pela própria lei, mediante representação da vítima “consideradas as peculiaridades de suas atividades”. Quanto aos
à autoridade superior ou ao Ministério Público competente para a ação pensionistas, o § 2º do art. 42, na redação da EC 41, determina a aplicação
criminal. do que for fixado em lei específica de cada Estado, do Distrito Federal e
dos Territórios. Registre-se que a aplicação do disposto no art. 40, § § 7º e
Os abusos de autoridade puníveis nos termos dessa lei são somente 8º, da CF, prevista pelo inc. IX do § 3º do art. 142 da CF, foi excluída, por
os indicados em seus arts. 3º e 4º, relativos à liberdade individual, à força de sua revogação pelo art. 10 da EC 4 1/2003.
inviolabilidade do domicílio e da correspondência e aos direitos de
locomoção, de culto, de crença, de consciência, de voto e de reunião, bem Direito adquirido
como os concernentes à incolumidade física do indivíduo. A EC 19 determina, pelo seu art. 29, que os “subsídios, vencimentos,
Para os efeitos dessa lei, considera-se autoridade todo aquele que remuneração, proventos de aposentadoria e pensões e quaisquer outras
exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, ainda espécies remuneratórias adequar-se-ão”, a partir da sua publicação, “aos
que transitoriamente ou sem remuneração. limites decorrentes da Constituição Federal, não se admitindo a percepção
de excesso a qualquer título”. Já a EC 20, no art. 30, caput e seus §§ 2º, 3º
As penas por abuso de autoridade vão desde a advertência administra- e 4º, após assegurar o direito adquirido quanto ao regime jurídico anterior
tiva até a demissão, e no processo penal escalonam-se em multa, deten- para os já aposentados ou os pensionistas dos já falecidos ou para os que
ção, perda do cargo e inabilitação para função pública, aplicadas isolada ou já tenham cumprido os requisitos para a aposentadoria e/ou para a
cumulativamente. concessão da pensão com base na legislação então vigente, determina que
seja observado o disposto no art. 37, XI (cf parte final do referido § 4º). Por
Os procedimentos decorrentes dessa lei são autônomos em relação à
seu turno, o art. 90 da EC 41 determina a aplicação do disposto no art. 17
responsabilização civil e administrativa da própria Administração, visto que
do ADCT da CF/88, aos vencimentos, remunerações e subsídios, bem
o legislador deu legitimidade às vitimas para chamarem a juízo diretamente
como aos proventos, pensões e outra espécie remuneratória percebidos
seus ofensores. Isto não impede, entretanto, que a Administração tome a
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
iniciativa da ação regressiva prevista no art. 37, § 6º, da CF,
natureza.
independentemente de qualquer representação do ofendido (Lei 4.619, de
28.4.65). Em razão dessas normas, pode-se pensar que a EC 41 teria imposto
uma redução do valor percebido quando este for superior ao resultante da
Militares
aplicação do art. 37, XI, na redação por ela dada, mesmo nos casos em
Como acentuado, a EC 18 alterou a denominação da seç. III do cap. que esse quantum decorra de ato legítimo, ou seja, conforme aos princípios
VII do tít. III da Constituição para “Dos militares dos Estados, do Distrito constitucionais e à lei. Assim seria porque, como aquele valor estaria sendo
Federal e dos Territórios” e deslocou o tratamento dos militares das Forças percebido em desacordo com a Constituição, haveria a incidência do
Armadas para o cap. II do tít. V. De servidores públicos, passaram a ser disposto no art. 17 do ADCT da Carta de 1988. Como veremos, esse
denominados exclusivamente de militares, quando membros das Forças raciocínio não é admitido pela ordem jurídica, mesmo porque recentemente
Armadas; e de servidores policiais ou, ainda, de militares, quando o colendo STF voltou a proclamar que a garantia constitucional de
integrantes das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros (cf. art. 42, do art. irredutibilidade de vencimentos ou do valor dos benefícios (arts. 37, XV, e
144, § 9º, e art. 142, § 3º) 194, parágrafo único, IV, da CF) é “modalidade qualificada da proteção ao
direito adquirido”.
Os não integrantes das Forças Armadas estão tratados no tít. III, cap.
VII, que cuida “Da Administração Pública”, apenas separados dos Por isso, a exemplo do que dissemos nas edições anteriores a respeito
servidores civis, em seção diversa. Já os membros das Forças Armadas das EC 19 e 20, para evitar numerosos conflitos entre servidores e a
estão tratados no cap. II (“Das Forças Armadas”) do tít. V, que cuida “Da Administração Pública, cremos que o art. 90 da EC 41, na sua parte final,
defesa do Estado e das instituições democráticas”. deveria ter o acréscimo da locução “salvo os direitos adquiridos”, em
especial o da garantia da irredutibilidade do quantum percebido. Note-se
O ingresso no serviço público militar dá-se, normalmente, por que essa proteção decorre também do princípio da segurança jurídica. Isso
recrutamento e, excepcionalmente, por concurso, na forma regulamentar da sem falar que somente dessa forma é que se assegura a preservação da
respectiva Arma ou serviço. Os militares têm por base a hierarquia e a dignidade dos servidores, aposentados ou pensionistas. Aqui, desde logo,
disciplina, no que diferem dos servidores civis. A estrutura do serviço militar deve-se frisar que a garantia da irredutibilidade refere-se ao montante
consiste em patentes (para os oficiais) e graduação (para os praças). global de remuneração, obstando à diminuição do quanto já percebido.
Os direitos e deveres dos militares constam dos respectivos Assim sendo, desde que não haja redução, não é vedada a alteração de
regulamentos, atendidos os preceitos constitucionais pertinentes (art. 42, critérios legais de fixação do valor da remuneração ou do regime legal de
§§1º e 2º, para os Estados; e art. 142, § 3º, para as Forças Armadas), cálculo ou reajuste de vencimentos ou vantagens funcionais.
ressaltando-se que “ao militar são proibidas a sindicalização e a greve”, Na aplicação de norma constitucional que tem por objetivo fixar um
aplicando-se-lhes o disposto no art. 7º, VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no valor máximo e ideal para a remuneração e os proventos dos servidores
art. 37, XI, XIII, XIV e XV, bem como no art. 40, §§ 4º, 5º e 6º, da CF (art. públicos, do naipe, por exemplo, do art. 37, XI, haverá sempre uma postura
142, § 3º, IV e VIII). Vale destacar que para as punições disciplinares voltada para o ideal e outra para o cumprimento dos mandamentos
militares não é cabível habeas corpus (CF, art. 142, § 2º). constitucionais, ainda que isto não corresponda ao ideal. Preferimos, como
se verá, flcar com a segunda hipótese, única cabível no Estado de Direito,

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mesmo porque, acreditamos, o sistema constitucional instituído pela Carta Plenário do STF proclamou que a incidência da garantia da irredutibilidade
de 1988 contém mecanismos que podem levar àquele ideal, como, a título pressupõe a licitude da aquisição da remuneração —‘ as remunerações
de exemplo, a correta aplicação dos princípios da razoabilidade e da ilegítimas, ou seja, não conformes com a lei e os princípios constitucionais,
moralidade administrativo, mesmo porque, no mesmo precedente acima podem e devem ser revistas. Dessa forma, o caminho está no exame da
referido, o STF consignou que a incidência da garantia da irredutibilidade, razoabilidade e da moralidade entre as vantagens pessoais, antes não
como direito adquirido, pressupõe a licitude da aquisição do direito a sujeitas ao cálculo do teto, e os valores computados nesse cálculo. E, pois,
determinada remuneração. possível alcançar a aplicação da ordem jurídica sem ofensa às garantias
individuais e, portanto, aos mandamentos constitucionais e ao real e
Perfilhando o entendimento dominante entre os publicistas, o STF legítimo direito adquirido.
assentou a possibilidade de emenda constitucional ser submetida ao
controle concentrado ou difuso de constitucionalidade. Assim, qualquer Obviamente, cada situação individual ou cada carreira poderão ser
emenda constitucional pode ser objeto de controle de constitucionalidade objeto dessa revisão. Porém, quando o exame do caso indicar a ilicitude da
no pertinente às limitações decorrentes da própria Carta Magna. Segundo remuneração, a Administração Pública deverá instaurar processo
Michel Temer, essas limitações são de três espécies: procedimentais, administrativo e observar o devido processo legal, com o direito de defesa e
materiais (explícitas e implícitas) e circunstanciais. No caso, o exame do contraditório, devendo a decisão pela redução ou pela manutenção ser
direito adquirido à irredutibilidade envolve limitação de natureza material amplamente motivada e comunicada ao respectivo Tribunal de Contas.
explícita, uma vez que advém do art. 60, § 4º, da CF.
Fonte: DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO – Hely Lopes
Com efeito, ali está consignado que não será objeto de deliberação a Meirelles – 33ª edição, Malheiros Editores Ltda., 2007, SP
proposta de emenda tendente a abolir, dentre outros, os direitos e garantias
individuais. Como ensina o acatado constitucionalista José Afonso da Silva,
é “claro que o texto não proíbe apenas emendas que expressamente 14 Gestão por competências.
declarem: ‘fica abolida a Federação ou a forma federativa de Estado’, ‘fica
abolido o voto direto (...)‘, ‘passa a vigorar a concentração de Poderes’, ou 14.1 Conceito, levantamento, mapeamento e descrição de compe-
ainda ‘fica extinta a liberdade religiosa, ou de comunicação (...), ou o tências.
habeas corpus, o mandado de segurança (...)‘. A vedação atinge a
pretensão Gestão por competências é um programa sistematizado e
desenvolvido no sentido de definir perfis profissionais que proporcionem
de modificar qualquer elemento conceitual (...) ou indiretamente maior produtividade e adequação ao negócio, identificando os pontos de
restringir a liberdade religiosa, ou de comunicação ou outro direito e excelência e os pontos de carência, suprindo lacunas e agregando
garantia individual; basta que a proposta de emenda se encamINhe, ainda conhecimento, tendo por base certos critérios objetivamente mensuráveis.
que remotamente, ‘tenda’ (emendas tendentes, diz o texto) para sua
abolição”. Os subsistemas da Gestão por Competências

Nessa linha, por força dessa cláusula pétrea, a garantia do direito A Gestão por Competências é composta por alguns subsistemas,
adquirido há de ser respeitada e preservada mesmo pelo chamado poder como:
constituinte derivado. Vale dizer, nenhum pessoa — e, portanto, nenhum mapeamento e descrição de competências;
servidor — poderá ter seu direito adquirido desrespeitado ou afrontado,
ainda que remotamente, por qualquer emenda constitucional. Nas palavras mensuração de competências;
do STF — nosso maior guardião e intérprete da Constituição —, as remuneração por competências;
“limitações constitucionais explícitas, definidas no § 4º do art. 60 da
Constituição da República, incidem diretamente sobre o poder de reforma seleção por competências;
conferido ao Poder Legislativo da União, inibindo-lhe o exercício quanto às
desenvolvimento de competências;
categorias temáticas ali referidas”.
avaliação de desempenho por competências;
Não se afirma, aqui, que há direito adquirido ao regime jurídico; o que
se sustenta é o direito adquirido de ordem individual, isto é, os efeitos plano de desenvolvimento por competências.
jurídicos produzidos no passado (facta praeterita) e já incorporados ao
patrimônio jurídico do servidor, ativo e inativo, e de seus pensionistas. Por- O que é competência
tanto, os limites remuneratórios decorrentes da EC 19 da EC 20 e, agora, A definição de competência está baseada no CHA, que são os
da EC 41 aplicam-se a partir da entrada em vigor de cada uma, e, quanto à conhecimentos (C) e as habilidades (H), competências técnicas, e as
última, para o futuro, não podendo retroagir para colher efeitos que ocorre- atitudes (A), competências comportamentais, que uma pessoa possui. O
ram em momento anterior ao da respectiva publicação. Registre-se: os conhecimento tem relação com a formação acadêmica, o conhecimento
efeitos jurídicos já produzidos, não as meras expectativas de direito, na teórico. A habilidade está ligada ao prático, a vivência e ao domínio do
medida em que estas não caracterizam direito adquirido, justamente conhecimento. Já a atitude representa as emoções, os valores e
porque, por serem expectativas, ainda não se concretizaram e, por não sentimentos das pessoas, isto é, o comportamento humano.
terem se concretizado, não produziram efeitos anteriormente à norma nova.
O que é a Gestão por Competências
Comensurando o exposto, temos que o servidor, o inativo ou o
pensionista que percebia quando da publicação da EC 41 remuneração, A gestão por competências representa uma alternativa aos modelos
proventos ou pensão superior ao teto geral previsto no art. 37, XI, da CF, na gerenciais tradicionalmente utilizados pelas organizações. Propõe-se a
sua nova redação, não poderá ter redução desse valor. A diferença entre orientar esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes
esse valor e o do teto geral deverá ser absorvida por alterações futuras do níveis da organização (individual, grupal e organizacional), as competências
subsídio, da remuneração ou do beneficio. necessárias para alcançar seus objetivos.
É manifesto que somente o que foi adquirido de conformidade com a A proposta da Gestão por Competências é compreender quais são as
ordem jurídica constitucional e legal então vigente é que tem a garantia do competências organizacionais críticas para o sucesso empresarial,
direito adquirido. Nessa linha, no nosso entender, remunerações que desdobrá-las em termos de competências profissionais e desenvolvê-las
estejam em valores notoriamente desproporcionais aos limites máximos junto ao quadro de funcionários internos. Trata-se de uma metodologia de
estabelecidos pelo art. 37, Xl, da CF, inclusive com as vantagens pessoais gestão moderna, focada nos negócios, no mercado e no desenvolvimento
incorporadas, não guardam razoabilidade e moralidade. Vale dizer, re- profissional permanente.
velam-se destituídas do necessário coeficiente de razoabilidade e, assim,
A Gestão por Competências direciona sua ação prioritariamente para o
lesivas à cláusula do substantive due process of law, objeto de expressa gerenciamento da lacuna (gap) de competências eventualmente existente
proclamação pelo art. 50, LIV, da CF (cf Ministro Celso de Melo, RTJ 160/ na organização ou equipe, procurando eliminá-lo ou minimizá-lo. A ideia é
143, STF, Pleno). Portanto — e considerando que, como visto, o douto

Gestão de Pessoas 120


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aproximar ao máximo as competências existentes na organização daquelas Reduz a subjetividade na Seleção e Avaliação de pessoas;
necessárias para a atingir os objetivos organizacionais.
Analisa o desenvolvimento dos colaboradores;
Sob essa perspectiva, minimizar eventuais lacunas de competências
significa orientar e estimular os profissionais a eliminar as Enriquece o perfil dos colaboradores, potencializando seus resultados;
incompatibilidades entre o que eles são capazes de fazer (competências Melhora o relacionamento entre gestores e liderados;
atuais) e o que a organização espera que eles façam (competências
necessárias). Mantém a motivação e o compromisso;

Mapeamento de competências Extrai o máximo de produtividade de cada colaborador.

O mapeamento de competências é a base de toda a Gestão por 15 Tendências em gestão de pessoas no setor público.
Competências.
A administração pública visa a atender ao interesse público e às ne-
O mapeamento se dá pela descrição das competências laborais no cessidades sociais, utilizando para isso a estrutura administrativa, de forma
trabalho. Para tanto, existem fundamentalmente duas metodologias direta ou indireta, bem como os meios que a legislação permite. Para
complementares de descrição de competências no trabalho, a saber: cumprir sua função administrativa, visando ao interesse público, o Estado
se vale de certas prerrogativas que a lei lhe assegura; entretanto, tais
A primeira se baseia nos recursos ou dimensões da competência, ou
prerrogativas devem ser utilizadas no cumprimento dos fins a que se desti-
seja, os conhecimentos, habilidades e atitudes que se pressupõem sejam
nam.
necessários para que o profissional possa apresentar determinado
desempenho no trabalho. Na administração pública, administrar não significa apenas prestar e
executar serviços, mas dirigir e governar buscando o bem comum e a
A segunda utiliza-se de pautas ou referenciais de desempenho, de
satisfação do coletivo. Para tanto, é preciso que toda a estrutura administra-
forma que o profissional demonstraria deter uma dada competência por
tiva esteja em sintonia, e, para além do simples cumprimento dos ditames
meio da adoção de certos comportamentos passíveis de observação no
legalistas, procure satisfazer, de forma planejada e sistemática, às necessi-
trabalho.
dades do cidadão.
Em geral, a adoção de um ou outro critério para descrição de
Mundialmente, as administrações públicas precisam atender às de-
competências ocorre em razão do uso que se pretende dar à descrição.
mandas com eficiência (utilização racional dos recursos), eficácia (capaci-
Quando utilizadas em instrumentos de avaliação do desempenho no
dade de atingir resultados) e efetividade (observando a ética cívica). Para
trabalho, por exemplo, as competências são descritas sob a forma de
que esses valores sejam introduzidos na gestão pública, são necessários
comportamentos passíveis de observação (referenciais de desempenho),
agentes públicos qualificados com competências técnicas, humanas e
para que o avaliador possa mensurar o desempenho do avaliado a partir
gerenciais.
dos comportamentos que este adota no trabalho. Quando utilizadas na
formulação de ações de treinamento, por sua vez, então faz-se necessário A administração pública tendo como norteador os princípios constitu-
descrever não apenas os comportamentos desejados (referenciais de cionais, tem por missão realizar ações que vão ao encontro dos anseios da
desempenho), os quais constituirão os objetivos instrucionais do população. Todavia, a gestão de recursos humanos no setor público reali-
treinamento, mas também os conhecimentos, habilidades e atitudes zou, por muito tempo, atividades meramente operacionais, devido à falta de
correspondentes, os quais constituirão os conteúdos educacionais a serem diretrizes claras e planejadas, em virtude de que também não havia um
ministrados. quadro de servidores qualificados.
Avaliação por Competências Gestão de Pessoas na Administração Pública: pessoas competen-
tes, melhores resultados.
Através da avaliação por competências, também chamada de
avaliação de desempenho, será identificado se o perfil comportamental e 1 INTRODUÇÃO
técnico dos colaboradores de uma corporação estão alinhados ao perfil
ideal exigido pelos cargos. O presente artigo se pauta nas leituras feitas sobre a realidade da Ad-
ministração Pública no que diz respeito à Gestão de Pessoas e esta, por
A avaliação por competências é uma maneira de estimar o sua vez, traduz os cuidados que devem ser comuns ao cotidiano de uma
aproveitamento do potencial individual de cada colaborador dentro das instituição pública para o estabelecimento de serviços qualitativos presta-
organizações. dos por servidores competentes. A Gestão de Pessoas, em suas mais
diversas acepções, está relacionada às funções que devem ser realizadas
O resultado da avaliação será a identificação das competências
por profissionais capazes de desempenhar estas funções de modo eficien-
comportamentais e técnicas que precisam ser aperfeiçoadas.
te.
Plano de Desenvolvimento por Competências
É perceptível, no entanto, em algumas instituições de ordem pública, a
Baseado no resultado da Avaliação por Competências será criado um necessidade de qualificação profissional dos servidores, tendo em vista
Plano de Desenvolvimento para os colaboradores, cujo objetivo será algumas deficiências no atendimento, deficiências que, muitas vezes,
aperfeiçoar e potencializar o perfil individual de cada colaborador. surgem pelo comodismo que alguns funcionários de órgãos públicos apre-
sentam pelo fato de serem efetivados no cargo que ocupam sendo protegi-
O uso de software na Gestão por Competências dos, assim, pela legislação que efetiva o funcionário, mas não fiscaliza ou
Um projeto de implantação de gestão por competências em uma avalia o desempenho desses profissionais após realização do estágio
empresa, demanda grande trabalho e dedicação da área de Recursos probatório.
Humanos e gestores. Diante dessa realidade, percebeu-se o quanto se faz necessário criar
A utilização de um sistema informatizado desde o início do processo um método profícuo de avaliação para os funcionários amparados por
facilita grandemente o gerenciamento e as chances de sucesso do projeto. legislaturas de modo que, ao se efetivarem, não deixem de realizar eficien-
temente suas funções e cargos. Além desse fator, busca-se criar inferên-
Observe se a metodologia por trás do software escolhido atende de cias acerca do melhor método para avaliação do profissional que deve ser
maneira satisfatória a necessidade da sua empresa. mantenedor, no exercício de sua função, de atributos relacionados à com-
Alguns benefícios da Gestão por Competências petência, ou seja, servidores que não possuam apenas a capacidade
técnico-teórica, mas, também, atitudes vinculadas ao conhecimento e suas
Melhora o desempenho dos colaboradores; habilidades dentro dos objetivos organizacionais.
A realização deste artigo se dá através da produção de cinco seções em
Identifica as necessidades de treinamentos;
que são abordados os seguintes tópicos: Gestão de Pessoas, Sistema de
Alinha os objetivos e metas da organização e da equipe; Gestão de Pessoas, Gestão por Competência, Gestão de Pessoas na

Gestão de Pessoas 121


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Administração Pública e Gestão por Competência na Administração Públi- remuneração, ou cargos e salários, até mesmo a vacância desses cargos,
ca. Desse modo, apresenta conceitos pertinentes ao estudo teórico em que além de estabelecer o redirecionamento profissional.
se fundamenta a pesquisa realizada, através da construção de questiona-
mentos, que serviram para redirecionar a estrutura organizacional das Sobre Sistemas de gestão de pessoas, Pires et al. (2009, p.70) alude,
instituições públicas, além de buscar as possíveis soluções para as proble- em forma de resumo, divisões em sub-áreas, tais como: “Educação Coope-
máticas que impedem que haja a implementação de um Sistema de Gestão rativa, Identificação e Alocação de Talentos, Gestão de Desempenho,
de Pessoas, num âmbito institucional público. Orientação Profissional, Remuneração e Benefícios, etc.”

2 GESTÃO DE PESSOAS Essas sub-áreas ou subsistemas são, segundo Feitoza (2009), as ati-
vidades intimamente integradas/relacionadas que direcionam as práticas,
Pensar uma definição, acerca do que é a Gestão de Pessoas, pode ser correspondentes aos processos de gerenciamento dos profissionais, de
um trabalho válido para que se entenda adinâmica do processo administra- uma organização.
tivo. Para Chiavenato (2008) a Gestão de Pessoas corresponde à mentali-
dade predominante nas organizações que se contextualizam de acordo Aplica-se, dentre outras modalidades, para definir, analisar e descre-
com uma cultura e um método organizacional, além de depender das ver cargos. Essa análise é de suma importância, porque viabiliza a escolha
características do contexto ambiental, dos negócios desenvolvidos na ou recrutamento de acordo com as competências desejadas. Segundo
instituição, da tecnologia e dos processos internos utilizados e, também, do Chiavenato (2008), a obtenção de informações significativas sobre o cargo
estilo de gestão que se empreende. Para confirmar essa explanação de a ser preenchido, ou a definição dascompetências almejadas pela organi-
cunho introdutório, observe-se o que diz a seguinte citação: zação, se caracteriza como pontos de partida para o processamento da
seleção pessoal.
A Gestão de Pessoas - GP é uma área muito sensível à mentalidade
que predomina nas organizações. Ela é extremamente contingencial e Desse modo, o autor referenciado coloca que toda organização neces-
situacional, pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe em sita de um sistema de gestão de pessoas capaz de facilitar e integrar as
cada organização, da estrutura organizacional adotada, das características pessoas que a compõe com a finalidade de obter melhores resultados.
do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, 3GESTÃO POR COMPETÊNCIA
dos processos internos, do estilo de gestão utilizado e de uma infinidade de
outras variáveis importantes. (CHIAVENATO, 2008, p. 08) Percebe- O termo competência era, no fim da Idade Média, representado essen-
se, com isso, que o autor estabelece certa relação entre o proces- so de cialmente na linguagem jurídica. Servia de atribuição a alguém ou a uma
Gestão e a construção ideológica que permeia o sistema organiza- cional instituição para apreciar e julgar certas questões. Assim, o conceito de
de uma instituição. Os aspectos ideológicos norteiam a ação execu- tada competência veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade
pelos gestores. A cultura, as regras estabelecidas socialmente, a condição de alguém se pronunciar a respeito de determinado assunto. Com o adven-
social dos executores da ação empresarial, são elementos impor- tantes to da Administração Científica, essa expressão passou a ser designada
para a compreensão do que caracteriza a Gestão e suas nuances. para qualificar o indivíduo de realizar determinado trabalho (ISAMBERT-
JAMATI apud PIRES et al. 2009).
Ainda, segundo esse mesmo autor, a Gestão de Pessoas vai muito a-
lém do que vem a ser Recursos Humanos. Trabalha-se os talentos e as Há uma preocupação, por parte das organizações, em contar com pes-
pessoas em prol de um desenvolvimento pessoal e organizacional, tratan- soas capacitadas para desempenharem suas funções de forma eficiente. E
do-as não apenas como meros recursos para se conseguirem os objetivos isso não é recente. Seguindo o princípio taylorista de seleção e treinamento
estabelecidos pela instituição, objetivos que, dentre outros, se caracteriza do trabalhador, as empresas procuravam aperfeiçoar, em seus emprega-
pela ideia de obtenção de lucros. A Gestão de Pessoas trabalha os objeti- dos, as habilidades necessárias para o exercício de certas funções, restrin-
vos organizacionais, contextualizando as pessoas como seres humanos, gindo-se a questões técnicas relacionadas ao trabalho e à especificação do
através de seus talentos, desempenho, competência e motivação. Esse cargo. Baseado nessa ideia, Pires et. al. (2009) retirou um conceito sobre
moderno conceito vê as pessoas como ativadores de outros recursos tais competência, referindo-se a um conjunto de conhecimentos e habilidades
como financeiros, tecnológicos, mercadológicos e produtivos. As pessoas que credenciam um profissional a exercer determinada função.
se sentem como parceiros da organização e não apenas como um recurso O autor referenciado coloca que com as intensificações das pressões
qualquer utilizável e descartável. sociais e do aumento da complexidade das relações de trabalho, as organi-
Assim sendo, percebe-se o quão é importante o conceito da Gestão de zações tiveram que considerar não só os conhecimentos e habilidades dos
Pessoas para as organizações de sucessos, uma vez que, de acordo com o empregados, mas também os aspectos sociais e comportamentais, enfati-
autor supracitado, são as pessoas que movem todo o processo organiza- zando a necessidade de se ter atitudes para o seu desenvolvimento profis-
cional, interno e externamente. Sem as pessoas, fica difícil gerir um siste- sional.
ma, um empreendimento. Portanto, há a necessidade das organizações de Em relação a essas considerações propostas, competência passou a
se tornarem mais conscientes e atentas para seus colaboradores, não os significar, para as pessoas, o compromisso com as responsabilidades
tratando como quaisquer funcionários. diante de situações de trabalho complexas, aliado ao exercício sistemático
Chiavenato (2008) expõe que, as organizações, públicas ou privadas, de uma reflexidade no trabalho, permitindo, desse modo, que o profissional
precisam equiparar talentos e competênciaspara poder acompanhar a forte saiba lidar com situações eventuais inéditas, surpreendentes e compostas
mudança e evolução do mundo moderno. Segundo ele, a excelência na por singularidades (ZAFIRIAN apud PIRES et al.2009).
prestação de serviços públicos ou privados, não depende apenas de con- Considerando agora não só os aspectos relacionados aos conhecimen-
quistar, reter, aplicar, desenvolver, motivar e recompensar talentos, mas, tos e habilidades, mas também as atitudes, tem-se um novo conceito de
principalmente, de gerir competência e alcançar resultados significativos competência, baseado, de forma abrangente, na possibilidade de geração
por meio delas. de resultados dentro dos objetivos da organização. Essa ideia se reflete na
2.1 SISTEMA DE GESTÃO DE PESSOAS sinergia dos conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desem-
penho profissional, dentro de um determinado contexto ou estratégia orga-
Toda organização que tem consciência da importância da Gestão de nizacional. (DURAND; NISEMBAUM; SANTOS apud PIRES et al., 2009).
Talentos e Pessoas, para obtenção de êxitos, preocupa-se em criar um
sistema de Gestão de Pessoas que auxilie, de forma independente, a Desse modo, percebe-se que o termo competência é muito abrangen-
administração de pessoal. De acordo com o que preceitua Marras (2007), te, pois estabelece uma relação de atributos que uma pessoa deva possuir
esse sistema compõe-se de subsistemas, os quais facilitam para que se insira em um contexto organizacional, desempenhando suas
o desenvolvimento do quadro de pessoal na organização, por responderem atividades de forma a atingir os objetivos propostos pela organização.
individualmente por cada uma das funções da administração de recursos 4 GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
humanos. Esses subsistemas se referem, dentre outras coisas, à questão
do recrutamento e seleção, passando pelo treinamento e desenvolvimento, Historicamente, as políticas de gestão de pessoas na Administração
Pública no Brasil são caracterizadas por dificuldades significativas no que
se referem à estruturação dos seus principais sistemas.

Gestão de Pessoas 122


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Na década de 1930, com a criação do Conselho Federal do Serviço Já função, para ele, é a atribuição ou conjunto de atribuições que a
Público e do Departamento do Serviço Público – DASP, houve a primeira Administração confere a cada categoria profissional ou comete individual-
tentativa efetiva para construção de um serviço público profissional no mente a determinados servidores para a execução de serviços eventuais,
Brasil. Para Pires et al. (2009), instituir um órgão central para política de sendo comumente remunerada através de pro labore.
recursos humanos, a criação de novas sistemáticas de classificação
de cargos e a estruturação de quadros de pessoal, o estabelecimento de Assim, observa-se que todo cargo tem função, no entanto, nem toda
regras para profissionalização dos servidores e a constituição de um siste- função possui cargo. As funções do cargo são definitivas, mas as funções
ma de carreiras baseado no mérito são as medidas mais significativas autônomas são provisórias, dada a transitoriedade do serviço que visa a
desse período. atender em caráter eventual.

Segundo Pires et al. (2009), a edição do Decreto-Lei 1713 de 28 de ou- Analisando as formas de provimento de um cargo, Meirelles (2008)
tubro de 1939, substituído em 1952 pelo Estatuto dos Funcionários Públicos preceitua alguns conceitos sobre provimento. Ele explica que há diversas
Civis da União foi a primeira grande tentativa de regulamentação das formas de provimento, a maioria delas através de concursos públicos.
relações entre Estado e Servidores. Com amplo debate no Congresso Entretanto, só há provimento, através da nomeação do servidor. Esta se
Nacional, houve a adoção do Regime Jurídico Único para toda a Adminis- caracteriza pela ideia de provimento inicial, na qual se pressupõe a inexis-
tração direta, autárquica e fundacional, ou seja, a criação da Lei nº. tência de vinculação entre a situação de serviço anterior do nomeado e o
8112/90. preenchimento do cargo.

Para Chiavenato (2008), a Legislação que regula as relações de traba- Além do provimento inicial, há também o provimento derivado que, de
lho no setor público é inadequada, notadamente pelo caráter protecionista e acordo com o autor em destaque, caracteriza-se pela transferência, promo-
inibidor do espírito empreendedor. Para ele, a aplicação indiscriminada do ção, remoção, acesso, reintegração, readmissão, enquadramento, aprovei-
instituto da estabilidade para o conjunto de servidores públicos civis subme- tamento ou reversão.
tidos a regime de cargos públicos e de critérios rígidos de seleção e contra- Assim sendo, pressupõe que a Administração Pública está equipada
tação de pessoal, impede o recrutamento direto no mercado, em detrimento quanto às políticas de recursos humanos. Políticas estas regidas pelo
do estímulo à competência. Regime Jurídico Único dos servidores, enquadrado na Lei nº. 8.112/90.
Este mesmo autor explica que a Constituição Federal de 1988 ao insti- No que se refere à questão do mantimento do cargo, o autor abordado,
tucionalizar o Regime Jurídico Único, iniciou o processo de uniformização explana que Lei 8.112/90 estabelece um prazo de 36 meses, prazo este
do tratamento de todos os servidores da Administração direta e indireta. chamado de estágio probatório, em que, depois de decorrido este prazo, o
Para compreender sua posição em relação à adoção desse Regime Ju- servidor ganha a estabilidade e efetividade do cargo. Nesse estágio, são
rídico, observa-se o seguinte: avaliados alguns fatores como, por exemplo, a assiduidade do servidor, a
responsabilidade, a disciplina e a capacidade de iniciativa.
Limitou-se o ingresso ao concurso público, sendo que poderiam ser
também utilizadas outras formas de seleção que, tornariam mais flexível Observam-se nesse estágio os elementos de suma importância para a
o recrutamento de pessoal sem permitir a volta do clientelismo patrimonia- avaliação por competências. Essa ideia está inserida, como se percebe, no
lista (por exemplo, o processo seletivo público para funcionários celetistas, ato de se ter a capacidade de atitude que, por sua vez, faz parte do concei-
que não façam parte das carreiras exclusivas do Estado. (CHIAVENATO, to de competência.
2008) Quanto à questão da vacância, o autor estabelece, segundo a Lei
Ao adotar essa posição, o autor questiona o fato dos concursos públi- 8.112/90 que esta ocorrerá das seguintes maneiras: através de exoneração
cos serem realizados sem uma prévia avaliação da necessidade de qua- (a pedido do servidor ou de ofício), demissão e promoção. Para compreen-
dros. Assim, há a admissão de um contingente excessivo de candidatos a der essas formas de vacância de cargo público, analisa-se a seguinte
um só tempo, seguidos de longos períodos sem uma nova seleção, inviabi- citação:
lizando, desse modo, verdadeiras carreiras. A desinvestidura do cargo pode ocorrer por demissão, exoneração ou
Analisando a dinâmica do processo de gerir pessoas na Administração dispensa. Demissão é punição por falta grave. Exoneração é a desinvesti-
Pública, é de suma importância que se conheça o conceito de alguns dura: a) a pedido do interessado – neste caso, desde que não esteja sendo
fatores predominantes que fazem parte desse processo. Esses fatores são processado judicial ou administrativamente; b) de ofício, livremente (ad
o que venha a ser Servidores Públicos, Cargos e Funções, Carreiras e as nutum), nos cargos em comissão. (MEIRELLES, 2008, p. 446)
possíveis formas de provimento de um cargo público, seu mantimento e sua Analisando os motivos para ocorrência da vacância de um cargo públi-
vacância. co, observa-se que esta decorre de maneira sempre em que o servidor não
Segundo Meirelles (2008), Servidores Públicos são todos os agentes atenda aos conceitos preestabelecidos para o cargo ou a função. Tem-se
públicos que se vinculam à Administração Pública, direta e indireta, do que, se o servidor durante o estágio probatório não tenha obtido ótimo
Estado sob regime jurídico estatutário regular, geral ou peculiar, ou admi- desempenho, este desocupará o cargo, ocorrendo a vacância. Caso o
nistrativo especial, ou celetista que tenha natureza profissional e emprega- servidor já seja estável, este poderá ser exonerado caso tenha se compro-
tícia. vado insuficiência de desempenho ou ainda se tenha praticado algum ato
ilícito ou de improbidade administrativa, sendo assegurados por lei a livre
Observam-se, nesse conceito alguns elementos que podem influenciar defesa e o contraditório.
na forma de atuação desses servidores, como, por exemplo, a forma esta-
tutária, na qual os servidores são amparados e é a que estabelece as 5 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
políticas de recursos humanos. As organizações, públicas ou privadas, antes de recrutarem e selecio-
O mesmo autor também conceitua muito bem o que vem a ser cargos e narem as pessoas que ocuparão os cargospropostos, já têm definido
funções. É importante que se saiba distinguir esses dois elementos para o perfil dos candidatos desejados. No que se refere
que se compreenda o processo decisório, por parte dos gestores de recur- à gestão por competências nas organizações públicas, Pires et. al. (2009)
sos humanos, no sentido de estabelecer políticas voltadas para o desem- preceitua que a formação do quadro de servidores deve estar embasada na
penho das pessoas que compõe, gerir a competência e os talentos corretos contratação de pessoal que não apenas demonstrem o domínio de conhe-
para determinados cargos e o exercício das tarefas ideais inerentes às cimentos técnicos sobre matérias específicas, mas que também tenham um
funções de cada cargo. conjunto de habilidades e atitudes compatíveis com suas futuras atribui-
ções.
Para ele, Cargo Público significa o lugar instituído na organização do
serviço público, com denominação própria, atribuições e responsabilidades Para ele, há uma grande dificuldade de implantação na administração
específicas e estipêndio correspondente, para ser provido por um titular, na pública do modelo de gestão porcompetências, uma vez que, há várias
forma estabelecida em lei. restrições quanto a realização de processos seletivos, pois tais processos
seletivos não avaliam determinados comportamentos e atitudes.

Gestão de Pessoas 123


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Contudo, para a adoção do modelo de gestão por competências, o re- avaliação e desenvolvimentocomportamentalpossa servir como base de
ferido autor, propõe que algumas questões relativas às principais fases dos orientação para a lotação dos servidores.
concursos sejam levadas em conta. Essas etapas são compostas, princi-
palmente, por recrutamento e seleção externa, lotação e movimentação, e No que se refere ao processo seletivo externo, o qual acontece durante
seleção interna. Para o autor, devem-se analisar as lacunas o estágio probatório, o autor coloca que, apesar de não estar adequada-
de competências existentes em cada equipe de trabalho, para que, desse mente regulado ou, de não ser corretamente aplicado, pressupõe-se,
modo, orecrutamento atraia candidatos com os principais requisitos deseja- muitas vezes, na nomeação de servidores cujas atitudes e comportamentos
dos, através de publicações voltadas para grupos específicos. Observe o ficam a desejar.
entendimento de Pires et al. (2009, p. 24) “Os concursos devem ter como Pires et al. (2009), preceitua que as atividades de recrutamento e sele-
objetivo a seleção de indivíduos que apresentem ção são de suma relevância para a construção e implantação do modelo
as competências requeridas pelas equipes e/ou áreas a serem supridas e de gestão por competências. Para ele, caso essas atividades sejam bem
estejam alinhados com as competências estratégicas definidas pela organi- conduzidas, as instituições terão maior probabilidade de recrutar profissio-
zação. nais que estejam alinhados com as estratégias e objetivos organizacionais.
Nesse contexto, é proposto ainda, pelo autor supracitado, que os con- Uma seleção em que não priorize os aspectos relacionados a competência,
cursos públicos, além de serem aplicadas provas e comprovação de títulos, pode gerar custos que durarão até 30 ou 40 anos para a organização,
devem possuir outras formas de avaliação. Alguns concursos já possuem, sendo sanada a situação apenas com a aposentadoria do servidor.
por exemplo, uma etapa chamada de curso de formação, no qual são É proposto pelo autor, no que se refere às práticas de gestão por com-
verificadas as competências interpessoais, estratégicas e gerenciais, cujas petências, que as instituições comparem os perfis elaborados pelos setores
observações feitas não são possíveis através, unicamente, de provas solicitantes com os perfis dos candidatos, buscando, assim, localizá-los nos
escritas. espaços organizacionais (carreiras, setores, cargos e funções) apropriados.
Para Pires et al. (2009), a preocupação em provimento de cargo públi- Com o objetivo de oferecer uma alternativa eficaz para o preenchimen-
co de pessoas com as características inerentes ao cargo e às atividades to de cargos e funções, o enfoque dascompetências também tem sido
que irão ser desempenhadas, dar-se por conta do objetivo de se contar apresentado como instrumento auxiliar para os atos de nomeação de
com servidores aptos a realizar com êxito e motivação suas futuras funções servidores. O autor coloca que esse auxilio se dá, por exemplo, porque as
e progredir de forma satisfeita em suas carreiras. funções de confiança são de livre nomeação e exoneração. No entanto, o
O autor supracitado alerta sobre a necessidade de se mudar a filosofia processo de preenchimento e ocupação dessas funções pode ser aperfei-
çoado através do uso de bancos de talentos, além do trabalho de orienta-
predominante nas organizações públicas, segundo a qual os postos de
trabalho são ocupados por pessoas com maior qualificação técnica, mas ção dos gestores de recursos humanos.
que não há uma avaliação de sua plena adequação ao cargo ou à função. Esse banco de talentos versa dados dos servidores sobre sua forma-
Na gestão por competência, as organizações do setor público, o perfil do ção, especialização, atividades acadêmicas, experiência profissional,
candidato para o posto de trabalho e a carreira passa a ser uma variável- realizações, atividades de entretenimento artísticas, desportivas, dentre
chave, muito embora a qualificação técnica ainda conta pontos positivos. outras. Segundo Pires et al. (2009), serve para auxiliar na identificação
do perfil geral dos colaboradores, incluindo informações curriculares e
Caracterizando os processos seletivos externos, nos quais englobam
também comportamentais.
os concursos públicos para o preenchimento de cargos, Pires et al. (2009),
coloca que é de suma importância, uma vez que, as provas exigem conteú- Diante do exposto, percebe-se a linha em que o autor ressalta a rele-
dos amplos e profundos, exigindo do candidato alto nível de conhecimen- vância da gestão por competências em organizações de governo. Há, sem
tos. As provas de títulos, prevista na legislação, visam a dimensão acadê- dúvida, grandes entraves para a adoção do modelo, mas já se compreende
mica e cognitiva dos processos de seleção. No entanto, tais aspectos o conceito, já se tem a ideia da dimensão que se quer conseguir com tal
priorizam somente os conhecimentos e habilidades, não considerando tão forma de gerir as pessoas, de modo a gerar melhores resultados. Tem-se
importante os aspectos relacionados às atitudes, deixando, desse modo, de que, segundo as ideias propostas pelo autor supracitado, a gestão por
se estar gerindo as pessoas por competências. competências requer uma análise desde o recrutamento e seleção, pa-
Para o autor em destaque, há a argumentação por parte da administra- ra cargos públicos, através da identificação do perfil adequado dos futuros
ção pública que existem grandes dificuldades quanto a definição de critérios servidores, sugerindo uma nova fase de avaliação (curso de formação) para
para se avaliar os aspectos relacionados à conduta pessoal e interpessoal viabilizar e conhecer algumas atitudes e comportamentos dos servidores,
do futuro servidor, ou seja, as atitudes e valores, posturas, a imagem que passando pelo estágio probatório, fazendo-se, nessa fase, uma avaliação
projetam ou a percepção que têm de si mesmos, sua motivação e outros mais eficiente quanto a que já é estabelecida pela legislação, criando-se um
traços de personalidade. banco de talentos, no qual facilite a identificação de características e de-
terminadas competências para alocar e prover as pessoas (seleção inter-
O mesmo autor diz que a consequência imediata de tal forma de sele- na), além de redirecionar essas pessoas profissionalmente, permitindo a
ção pública, como está sendo realizada atualmente, é a escolha de candi- elas criarem verdadeiras carreiras.
datos bastante capazes intelectualmente, mas, por vezes, sem o perfil
6 METODOLOGIA
adequado para um bom desempenho num determinado cargo ou função.
Outra análise feita pelo autor é que, a fase derecrutamento, na qual deveria Este trabalho foi realizado a partir de um projeto que visava, dentre ou-
ter como foco a identificação do perfil desejado dos futuros servidores, tros fatores, desenvolver Pesquisas Bibliográficas vinculadas às políticas de
representa apenas uma exigência formal. Assim, é comum se ver, nesse Recursos Humanos, em instituições públicas, com base num cronograma
tipo de processo seletivo, problemas de adaptação de trabalho, baixa que apontava a sequência de ações a serem produzidos durante a realiza-
produtividade e altos índices de doenças profissionais. Para superar a ção deste. Desse modo, foram pesquisados autores vinculados
dificuldade de se gerir pessoas por competências, algumas organizações ao estudo da temática em pauta para, assim, criar inferências quanto aos
públicas têm implementado mais uma etapa em seu processo seletivo: o conceitos explanados por alguns autores sobre o que é a Gestão de Pes-
curso de formação. Segundo o autor, esse curso visa preparar os novos soas e sobre as demarcações que essa terminologia comporta.
servidores de acordo com o que a lei estabelece, sem, contudo, deixar de
avaliar certas habilidades e atitudes que só serão possíveis após um perío- Os textos encontrados sobre o assunto foram fichados e, após a análi-
do de contato que permita o reconhecimento das potencialidades, qualifica- se de dados teóricos presentes nestes, foi realizado artigo científico em que
ções e outros aspectos relacionados ao comportamento dos candidatos. foram distribuídos todos os conteúdos em cinco seções no intuito de obser-
var conceitos para discutir, coerentemente, as problemáticas vinculadas à
Tendo como embasamento essas questões relativas ao curso de for- implantação de um sistema de Gestão de Pessoas em instituições públi-
mação, esse mesmo autor ainda propõe que seja avaliado o perfil em cas.
cursos de ambientação não mais como etapa de concurso, mas já como
fase de socialização na instituição. A ideia é que essa fase de observação, 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Gestão de Pessoas 124


Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
Após realizar este trabalho, que se pretende em conclusão, é possível cados à prática, muitas modificações poderiam ser concretizadas. Ainda se
inferir o quanto ainda se pode discutir acerca da realidade de órgãos admi- pretende observar a realidade de certas entidades, por ora pode ser dito
nistrativos que devem encontrar métodos eficazes para modificar o trabalho que a respeito de Gestão de Pessoas em órgãos públicos muito se pode
de alguns funcionários que, por se sentirem assegurados pela efetivação, inferir, esse trabalho se pretende concluído, mas é sabido que muito se
terminam por demonstrar comodismo e despreocupação mediante às pode explanar sobre conteúdo tão amplo, o que exigiria tempo para realizar
funções a serem executadas. mais pesquisas de cunho bibliográfico e, talvez, pesquisa de campo. O que
não pode deixar de ser considerado, no entanto, é o fato de que os concei-
Diante dessa problemática, foram feitas indagações e foram encontra- tos expostos ao longo desse artigo foram sobremaneira importantes para
das possíveis causas, bem como soluções, para o problema. Ao desenvol- evidenciar que algumas entidades públicas devem observar com mais
ver pesquisas sobre Gestão de Pessoas foi possível, ainda, analisar alguns sobriedade para os serviços que pode realizar através da implantação da
conceitos que podem ser observados na aplicabilidade de certas institui- Gestão de Pessoas, o que não pode acontecer de uma hora para outra,
ções públicas, o que ocasionaria melhor desempenho na realização de mas pode acontecer, principalmente, a partir de reflexões sobre o modo
serviços pertinentes a cada ambiente. como qualquer serviço é realizado, afinal o objetivo de toda entidade públi-
Sendo assim, observou-se que não adianta apenas desenvol- ca, direta ou indiretamente, é propiciar à sociedade melhores condições
ver estudos teóricos que discutam essa realidade, mas que através deles existenciais e, para isso ocorrer, deve-se observar com criticidade as ações
se possam criar métodos avaliativos a fim de modificar a realidade de efetivadas no cotidiano administrativo de modo a conscientizar a importân-
alguns órgãos públicos deficientes em organicidade, dentre outros proble- cia que o profissional representa para o espaço em que atua.
mas não menos importantes. Se os conceitos aqui discutidos fossem apli- http://www.rhportal.com.br/

16 Qualidade no atendimento ao público: comunicabilidade, apresentação, atenção, cortesia, interesse, presteza, eficiência, tolerância, discrição,
conduta, objetividade.
Principais deveres do servidor público
Além daqueles deveres contidos na legislação específica (Lei 8.112, Estatuto dos Servidores Civis), o código em estudo discrimina o que chama de deve-
res fundamentais, ou seja, que servem como base dos princípios da ética e do comportamento desejado. São eles:
Significa empenhar-se para que cumpra as determinações dentro dos prazos fixados
Desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo...
e com razoabilidade administrativa
Exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendi-
É o princípio da eficácia...
mento...
Ser probo, reto, leal e justo, Ser honesto, sem desvio de condutas, de confiança e agir com senso de justiça.
Jamais retardar qualquer prestação de contas Zelar pela clareza e pontualidade na prestação de contas do que é público
Tratar cuidadosamente os usuários dos serviços Ter o cuidado de preservar a dignidade e o respeito à pessoa humana
Ter consciência de que seu trabalho é regido por princí-
Agir sempre dentro dos princípios e fundamentos deste Código
pios éticos
Atender sempre com gentileza, educação e boa vontade, com atenção especial às
Ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção
dificuldades e deficiências dos assistidos
Ter respeito à hierarquia Obedecer a ordens, sem se vincular a subserviências pessoais ou oportunistas
Resistir a todas as pressões
Manter-se inerte a qualquer tipo de vinculação contrária ao interesse público e à
que visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta-
probidade do cargo.
gens indevidas
Zelar pelas exigências específicas da defesa da vida e da Mesmo em estado de greve decretada, cuidar para que os serviços classificados
segurança coletiva como essenciais sejam prestados
Ser assíduo e frequente ao serviço Comprometer-se com a pontualidade e frequência
Comunicar imediatamente
Responsabilizar-se pela denúncia de irregularidades em seu setor
todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público
Manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho Organização e asseio no ambiente de trabalho
Participar dos movimentos e estudos que se relacionem Participar e interessar-se por cursos de aperfeiçoamento e especialização no seu
com a melhoria do exercício de suas funções setor de trabalho
Vestimentas adequadas ao exercício da função Vestir-se de acordo com o ambiente e o cargo que exerce
Manter-se atualizado com as instruções, as normas de Procurar se informar permanentemente quanto às instruções de serviço, modificações
serviço e a legislação de regras, leis pertinentes, etc.
Cumprir as tarefas de seu cargo ou função com critério,
É o mesmo princípio da eficácia e eficiência
segurança e rapidez
Facilitar a fiscalização É dever de todos os cidadãos e ao funcionário é princípio ético profissional
Exercer com estrita moderação as prerrogativas funcio-
Evitando exageros, desperdícios e “mordomias”
nais
Abster-se
Não se valer do cargo ou função para obter vantagens pessoais ou pressionar as
de exercer sua função, poder ou autoridade com finalida-
pessoas, etc.
de estranha ao interesse público
Divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe
Colaborar na divulgação destes princípios éticos, tidos como deveres funcionais
sobre a existência deste Código de Ética

Gestão de Pessoas 125


Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
2. Qualidade no atendimento ao público atendido. Alcançar o objetivo do atendimento, sem rodeios ou dificuldades
adicionais.
A qualidade no atendimento é pré-requisito de qualquer serviço presta-
do no mercado, tanto no setor público quanto no privado. Aqui, interessa 3. Trabalho em equipe
que essa qualidade esteja voltada também para os pré-requisitos constitu-
cionais do ato administrativo e dos princípios gerais da administração É da essência do trabalho em órgãos públicos o inter-relacionamento
pública, já comentados nos tópicos de Direito Administrativo e constitucio- de qualidade ímpar, devido ao alto grau de responsabilidade desejado.
nal. Mas também estão relacionados a: Como os órgãos obedecem a estruturas pré-determinadas por Lei, as
repartições, seções, departamentos, etc. já trazem pronta a sua funcionabi-
2.1 Comunicabilidade lidade e todas elas, sem exceção, dependem de trabalho em equipe. É o
perfil principal da administração moderna, que se projeta na administração
Tanto na sua divulgação (publicidade) quanto na entrega do serviço, o pública como solução inteligente (isso ocorre já há alguns anos).
ato de atendimento público deve ser livre de embaraços e complicações na
sua prestabilidade. Deve chegar como informação completa e eficaz, capaz Assim, o trabalho em equipe deixa de ser uma característica para ser
de realizar-se como atendimento às necessidades a que se propõe satisfa- uma determinante superior de funcionabilidade do setor público. Ainda que
zer. funcione isoladamente, sozinho num posto de atendimento, o servidor terá
vinculada a sua rotina a de outros colegas, que recebem sua produção ou
Mas também é pré-requisito ligado diretamente ao comportamento do
lhe enviam informações e procedimentos a serem cumpridos.
servidor que entrega o serviço, que deverá portar-se de maneira gentil,
objetiva e eficaz, na mesma proporção e com os mesmos objetivos no 3.1 Personalidade e relacionamento no trabalho
atendimento.
Não há muito que se falar em personalidade do servidor e tampouco do
2.2 Apresentação setor em que funciona, pois as instruções que normatizam sua prestabilida-
de são determinadas em escala decrescente (vêm de cima para baixo, já
A apresentação se refere ao servidor, que deverá estar sempre de a-
prontas) e sua conduta profissional está “amarrada” no código de ética do
cordo com a prestação a que se determinou. Assim, é importante que serviço público. Tanto com os colegas de trabalho quanto no atendimento
esteja adequadamente trajado, demonstrando higiene e organização pes- ao público, sua personalidade deve ser “moldada” segundo os princípios
soal. que regem o atendimento público, como vimos no texto sobre a ética no
2.4 Atenção serviço público. Comportando-se de acordo com aqueles princípios, o
servidor estará atendendo perfeitamente ao perfil de personalidade deseja-
Refere-se à atenciosidade desprendida no ato do atendimento. É im- do para o exercício da função pública.
prescindível para a conclusão de eficiência do atendimento.
3.2 Eficácia no comportamento inter-pessoal
2.5 Cortesia
Está ligada diretamente ao princípio de mesmo nome, que norteia o
Ser cortês e polido é obrigação que provém da urbanidade, requisito serviço público, a administração pública e demais atividades em que o
constitucional do ato de atendimento. interesse público é alvo ou cliente. Significa que o servidor não pode se
2.6 Interesse e presteza interpor, em atitude de cunho pessoal, ante os interesses coletivos, sem
risco de comprometer a eficácia, a segurança da realização do serviço, do
São importantíssimos para concluir o atendimento em eficiência. Estão atendimento, da prestação pública.
expressos na boa vontade e determinação em atingir os objetivos do aten-
dimento, até fim. Os funcionários públicos são treinados para atuarem segundo o que
hoje se chama etiqueta profissional, uma espécie de código de conduta
2.7 Eficiência convencional, nascido no próprio mercado, das relações modernas do
mundo dos negócios e que permeou para a qualidade de atendimento e
Requisito já comentado, é o cerne da realização do ato de atendimen-
inter-relacionamentos no setor público.
to. É tão importante que está prescrito no texto da Constituição Federal
como princípio da administração pública. O saber se comportar e a aparência são questões cada vez mais exigi-
das para o funcionário público. As administrações desenvolvem cursos e
2.8 Tolerância
treinamento para prepararem seus funcionários. Quem faz o curso aprende
Leia-se aqui paciência, para não se confundir com favorecimento me- ainda:
diante benevolência. Deve o funcionário ser tolerante com o público atendi-
a criticar com resultados positivos;
do ou assistido, no sentido de compreender suas dificuldades e viabilizar a
melhor e mais adequada solução do problema apresentado. transformar reclamações em resultados e lidar com colegas e clientes
de temperamento difícil;
2.9 Discrição
apresentar ideias e projetos com eficiência;
Recomenda-se que seja o servidor discreto no atendimento, evitando
situações de constrangimento para os atendidos, não adentrando em conduzir reuniões e até mesmo contornar situações mais graves, como
situações particulares ou impertinentes. É comum o atendido expor certas o assédio sexual, por exemplo
situações pessoais (atendimento médico, por exemplo) ou segredos de
família (atendimento jurídico) que devem ser tratadas com a devida reserva Dentro de uma dinâmica atual, no setor público (e no privado também),
e respeito. estas seriam as práticas mais procuradas:

2.10 Conduta Ser bem-educado exige algumas atitudes fundamentais. Esmerar-


se nas boas maneiras quando tiver que:
é o conjunto de todas essas recomendações e práticas, no ato do a- Expressar-se verbal-
tendimento, dentro dos critérios de urbanidade já mencionados. Mas tam- jamais fale palavrões
mente
bém é a livre condução de sua vida privada, que deverá ser sempre condi-
Redigir documentos, dê sempre um cunho elegante e positivo
zente com o exercício do cargo que ocupa. Ex.: as restrições de comporta-
memorandos ou ofícios nos textos
mento social inadequado por que passam os juízes e promotores, sob risco
de comprometerem a qualidade e credibilidade dos seus trabalhos. lembre-se de sempre de ser gentil com os
Manter amizades
atendidos
2.11 Objetividade pessoas elegantes não perdem seu tempo
Ligado à eficiência e à presteza. Devem ser os atendimentos feitos Respeitar os ausentes com fofocas e comentários sobre a vida
com loquacidade, tornando-se práticos e simplificados ao máximo para o alheia

Gestão de Pessoas 126


Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
não desconsiderar os menos favorecidos, mas da desorganização dos serviços prestados, do mau planejamento, da
Tratar com pessoas inadequação de práticas administrativas do que da real conduta de seus
tratar a todos com respeito independente-
socialmente carentes servidores. Isso torna a imagem do serviço e por consequência, do órgão,
mente da hierarquia
Ser sempre ético e essencialmente profissional associada à má qualidade, o que gera uma imagem pública ruim. Outro
exemplo é o atendimento médico na saúde pública, que dispensa maiores
Conduzir os serviços conservando a ética e
Agir dentro da ética comentários. Essa imagem de descaso e ineficiência reflete na opinião que
a honestidade em suas relações com
profissional o público em geral tem desses serviços.
atendidos, funcionários, fornecedores, etc.
Pensar sempre primei- Ceder espontaneamente o seu lugar para 3.4 Fatores positivos do relacionamento
ro nos outros idosos, gestantes ou deficientes físicos;
Chamamos de fatores positivos todos aqueles que, num somatório ge-
Cumprimentar e agradecer os atendidos e ral, irão contribuir para uma boa qualidade no atendimento. Assim, desde
Agir com urbanidade assistidos; agradecer aos auxiliares, mes- que cumpridos ou atendidos todos os requisitos antes mencionados para o
mo quando cumpriram suas obrigações; concurso de um bom atendimento, estaremos falando de um bom relacio-
Cuidar da linguagem corporal namento entre servidor e atendidos. Os níveis de relacionamento aqui
Estar atento aos gestos, expressão facial, postura quando em pé ou devem ser elevados, tendo em vista sempre o direito de cada assistido de
sentado; receber com qualidade a supressão de suas necessidades.
Saber sentar, levantar-se, comer, apresentar corretamente as pessoas, 3.4.1 Comportamento receptivo e defensivo
usar cartões de visita, cumprimentar, presentear e ser presenteado,
pedir licença, agradecer, dizer não, criticar sem ofender, ser pontual, Receptivo, como o próprio nome já diz, é o comportamento que trans-
conversar de forma agradável, ser um bom ouvinte e, principalmente, corre naturalmente aberto, solícito, prestativo, objetivo, claro, sem rodeios,
ter autocrítica e perceber quando deve desculpar-se. indo direto ao ponto da necessidade do atendido. Defensivo, ao contrário, é
aquele em que o servidor cria obstáculos e dificuldades para livrar-se do
Segundo os estudiosos, alguns critérios servem de orientação ao clien- encargo, obstruindo a qualidade.
te na hora de avaliar a qualidade do serviço ou produto. Embora o nível de
importância de cada critério varie de acordo com as características de cada 3.4.2 Empatia e compreensão mútua
serviço, pode-se listar nove principais critérios de avaliação da qualidade do E empatia é resultado de uma preparação do servidor em atender. De
serviço utilizados pelo cliente: sua dedicação ao exercício da função. Deve ser natural e quase pessoal.
Refere-se à qualidade Pode estar resumido no aspecto daquele servidor que “gosta do que faz”.
(e/ou aparência) de Será muito mais fácil transmitir empatias nesses casos. O resultado da
É um importante critério empatia, mesmo que consciente e provocada com gentileza, é a compreen-
Aspectos qualquer evidência física
pela própria visualização e são mútua, que certamente facilitará o atendimento e a conclusão pela
tangíveis do serviço: bens facilita-
compreensão do serviço. eficiência.
dores, equipamentos,
instalações, pessoal. LEI Nº 11.788/2008 (ESTÁGIO SUPERVISIONADO).
É a ausência da variabi-
lidade no resultado ou LEINº11.788,DE 25DE SETEMBRODE2008.
no processo. Consis-
É importante para clientes Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da
Consis- tência influencia até na
que querem saber o que Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no
tência propaganda boca-a- 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
esperar do serviço
boca realizada por
1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23
clientes frequentes e
de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de
potenciais.
dezembro de 1996, e o art. 6o da Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de
É importante para serviços agosto de 2001; e dá outras providências.
Refere-se à habilidade e
Compe- profissionais: serviços
ao conhecimento para O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacio-
tência médicos, assistência jurídi-
executar o serviço nal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ca, por exemplo.
Critério importante para CAPÍTULO I
a maioria dos consumi- DA DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E RELAÇÕES DE ESTÁGIO
Velocida-
dores de serviços (na Nem sempre a redução do
de de Art. 1o Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no
ótica deles, sempre). O tempo real é a desejada no
Atendi- ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de
tempo pode ter duas tempo percebido.
mento educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de
dimensões: a real e a
percebida. educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educa-
ção especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade
Refere-se à experiência
profissional da educação de jovens e adultos.
que o cliente tem duran-
te o processo de aten- § 1o O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de inte-
dimento: a capacidade Numa repartição pública, grar o itinerário formativo do educando.
de agradar (de exceder) além da cortesia pessoal irá
Atendi- as expectativas. A contribuir para uma boa § 2o O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da ativi-
mento capacidade de reconhe- atmosfera a música, a luz, a dade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvi-
cimento, o grau de temperatura, a decoração, mento do educando para a vida cidadã e para o trabalho.
cortesia criando o prazer etc. Art. 2o O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório, conforme
da participação do determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de
cliente no processo de ensino e do projeto pedagógico do curso.
“produção do serviço”.
§ 1o Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso,
3.3 Servidor e opinião pública (o órgão e a opinião pública) cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma.
Nos dias de hoje, um dos elementos de mensuração da qualidade é a § 2o Estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade op-
opinião pública. Mas aqui, trata-se mais da imagem que têm o servidor e o cional, acrescida à carga horária regular e obrigatória.
órgão público a que pertence. Tomemos como exemplo o INSS e a sua já
clássica má fama no atendimento ao público. Muitas vezes isso decorre,

Gestão de Pessoas 127


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§ 3o As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica II – avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua ade-
na educação superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser quação à formação cultural e profissional do educando;
equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico do
curso. III – indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio,
como responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do
Art. 3o O estágio, tanto na hipótese do § 1o do art. 2o desta Lei quanto estagiário;
na prevista no § 2o do mesmo dispositivo, não cria vínculo empregatício de
qualquer natureza, observados os seguintes requisitos: IV – exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não supe-
rior a 6 (seis) meses, de relatório das atividades;
I – matrícula e frequência regular do educando em curso de educação
superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial V – zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o
e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da estagiário para outro local em caso de descumprimento de suas normas;
educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; VI – elaborar normas complementares e instrumentos de avaliação dos
II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte estágios de seus educandos;
concedente do estágio e a instituição de ensino; VII – comunicar à parte concedente do estágio, no início do período le-
III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e a- tivo, as datas de realização de avaliações escolares ou acadêmicas.
quelas previstas no termo de compromisso. Parágrafo único. O plano de atividades do estagiário, elaborado em a-
§ O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter
1o cordo das 3 (três) partes a que se refere o inciso II do caput do art. 3o desta
acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino Lei, será incorporado ao termo de compromisso por meio de aditivos à
e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios medida que for avaliado, progressivamente, o desempenho do estudante.
referidos no inciso IV do caput do art. 7o desta Lei e por menção de aprova- Art. 8o É facultado às instituições de ensino celebrar com entes públi-
ção final. cos e privados convênio de concessão de estágio, nos quais se explicitem o
§ 2o O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de processo educativo compreendido nas atividades programadas para seus
qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo educandos e as condições de que tratam os arts. 6o a 14 desta Lei.
de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os Parágrafo único. A celebração de convênio de concessão de estágio
fins da legislação trabalhista e previdenciária. entre a instituição de ensino e a parte concedente não dispensa a celebra-
Art. 4o A realização de estágios, nos termos desta Lei, aplica-se aos es- ção do termo de compromisso de que trata o inciso II do caput do art. 3o
tudantes estrangeiros regularmente matriculados em cursos superiores no desta Lei.
País, autorizados ou reconhecidos, observado o prazo do visto temporário CAPÍTULO III
de estudante, na forma da legislação aplicável. DA PARTE CONCEDENTE
Art. 5o As instituições de ensino e as partes cedentes de estágio po- Art. 9o As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da adminis-
dem, a seu critério, recorrer a serviços de agentes de integração públicos e tração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da
privados, mediante condições acordadas em instrumento jurídico apropria- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profis-
do, devendo ser observada, no caso de contratação com recursos públicos, sionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus respecti-
a legislação que estabelece as normas gerais de licitação. vos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, obser-
§ 1o Cabe aos agentes de integração, como auxiliares no processo de vadas as seguintes obrigações:
aperfeiçoamento do instituto do estágio: I – celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o edu-
I – identificar oportunidades de estágio; cando, zelando por seu cumprimento;

II – ajustar suas condições de realização; II – ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao edu-
cando atividades de aprendizagem social, profissional e cultural;
III – fazer o acompanhamento administrativo;
III – indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou
IV – encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais; experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do
estagiário, para orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultane-
V – cadastrar os estudantes. amente;
§ 2o É vedada a cobrança de qualquer valor dos estudantes, a título de IV – contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais,
remuneração pelos serviços referidos nos incisos deste artigo. cuja apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique
§ 3o Os agentes de integração serão responsabilizados civilmente se estabelecido no termo de compromisso;
indicarem estagiários para a realização de atividades não compatíveis com V – por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de reali-
a programação curricular estabelecida para cada curso, assim como esta- zação do estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas,
giários matriculados em cursos ou instituições para as quais não há previ- dos períodos e da avaliação de desempenho;
são de estágio curricular.
VI – manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a
Art. 6o O local de estágio pode ser selecionado a partir de cadastro de relação de estágio;
partes cedentes, organizado pelas instituições de ensino ou pelos agentes
de integração. VII – enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6
(seis) meses, relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário.
CAPÍTULO II
DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO Parágrafo único. No caso de estágio obrigatório, a responsabilidade pe-
la contratação do seguro de que trata o inciso IV do caput deste artigo
Art. 7o São obrigações das instituições de ensino, em relação aos está- poderá, alternativamente, ser assumida pela instituição de ensino.
gios de seus educandos:
CAPÍTULO IV
I – celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu repre- DO ESTAGIÁRIO
sentante ou assistente legal, quando ele for absoluta ou relativamente
incapaz, e com a parte concedente, indicando as condições de adequação Art. 10. A jornada de atividade em estágio será definida de comum a-
do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade da cordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário
formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar; ou seu representante legal, devendo constar do termo de compromisso ser
compatível com as atividades escolares e não ultrapassar:

Gestão de Pessoas 128


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I – 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de es- IV – acima de 25 (vinte e cinco) empregados: até 20% (vinte por cento)
tudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na de estagiários.
modalidade profissional de educação de jovens e adultos;
§ 1o Para efeito desta Lei, considera-se quadro de pessoal o conjunto
II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estu- de trabalhadores empregados existentes no estabelecimento do estágio.
dantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do
ensino médio regular. § 2o Na hipótese de a parte concedente contar com várias filiais ou es-
tabelecimentos, os quantitativos previstos nos incisos deste artigo serão
§ 1o O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos perí- aplicados a cada um deles.
odos em que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada
de até 40 (quarenta) horas semanais, desde que isso esteja previsto no § 3o Quando o cálculo do percentual disposto no inciso IV do caput
projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino. deste artigo resultar em fração, poderá ser arredondado para o número
inteiro imediatamente superior.
§ 2o Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem pe-
riódicas ou finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio § 4o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos estágios de ní-
será reduzida pelo menos à metade, segundo estipulado no termo de vel superior e de nível médio profissional.
compromisso, para garantir o bom desempenho do estudante. § 5o Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência o percentu-
al de 10% (dez por cento) das vagas oferecidas pela parte concedente do
Art. 11. A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá
exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de estágio.
deficiência. Art. 18. A prorrogação dos estágios contratados antes do início da vi-
gência desta Lei apenas poderá ocorrer se ajustada às suas disposições.
Art. 12. O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contra-
prestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, Art. 19. O art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, apro-
bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de estágio não obrigatório. vada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar
§ 1o A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, a- com as seguintes alterações:
limentação e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício. “Art. 428. ......................................................................
§ Poderá o educando inscrever-se e contribuir como segurado facul-
2o § 1o A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na
tativo do Regime Geral de Previdência Social. Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e frequência do apren-
Art. 13. É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha dura- diz na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em
ção igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade
ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares. qualificada em formação técnico-profissional metódica.

§ 1o O recesso de que trata este artigo deverá ser remunerado quando ......................................................................
o estagiário receber bolsa ou outra forma de contraprestação. § 3o O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais
§ 2o Os dias de recesso previstos neste artigo serão concedidos de de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiên-
maneira proporcional, nos casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) cia.
ano. ......................................................................
Art. 14. Aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e se- § 7o Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o
gurança no trabalho, sendo sua implementação de responsabilidade da cumprimento do disposto no § 1o deste artigo, a contratação do aprendiz
parte concedente do estágio. poderá ocorrer sem a frequência à escola, desde que ele já tenha concluído
CAPÍTULO V o ensino fundamental.” (NR)
DA FISCALIZAÇÃO Art. 20. O art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a
vigorar com a seguinte redação:
Art. 15. A manutenção de estagiários em desconformidade com esta
Lei caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente “Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização
do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria.
§ 1o A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade de Parágrafo único. (Revogado).” (NR)
que trata este artigo ficará impedida de receber estagiários por 2 (dois)
anos, contados da data da decisão definitiva do processo administrativo Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
correspondente. Art. 22. Revogam-se as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e
§ A penalidade de que trata o § deste artigo limita-se à filial ou
2o 1o 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no
agência em que for cometida a irregularidade. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6o da Medida Provisória no
2.164-41,de 24de agosto de2001.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Brasília, 25 de setembro de 2008; 187o da Independência e 120o da
República.
Art. 16. O termo de compromisso deverá ser firmado pelo estagiário ou
com seu representante ou assistente legal e pelos representantes legais da LEI Nº 10.410/2002 (CRIAÇÃO DA CARREIRA DE ESPECIALISTA
parte concedente e da instituição de ensino, vedada a atuação dos agentes EM MEIO AMBIENTE.
de integração a que se refere o art. 5o desta Lei como representante de
qualquer das partes.
Art. 17. O número máximo de estagiários em relação ao quadro de LEI No 10.410, DE 11 DE JANEIRO DE 2002.
pessoal das entidades concedentes de estágio deverá atender às seguintes Cria e disciplina a carreira de Especialista em Meio Ambiente.
proporções:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacio-
I – de 1 (um) a 5 (cinco) empregados: 1 (um) estagiário; nal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
II – de 6 (seis) a 10 (dez) empregados: até 2 (dois) estagiários; Art. 1o Fica criada a Carreira de Especialista em Meio Ambiente, com-
III – de 11 (onze) a 25 (vinte e cinco) empregados: até 5 (cinco) estagi- posta pelos cargos de Gestor Ambiental, Gestor Administrativo, Analista
ários; Ambiental, Analista Administrativo, Técnico Ambiental, Técnico Administra-

Gestão de Pessoas 129


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tivo e Auxiliar Administrativo, abrangendo os cargos de pessoal do Ministé- agrupadas de modo a caracterizar um conjunto mais abrangente de atribui-
rio do Meio Ambiente – MMA e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e ções, cuja natureza generalista seja requerida pelo Instituto no exercício de
dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama. suas funções.
§ 1o Os atuais cargos de provimento efetivo integrantes dos quadros de Art. 5o São atribuições do cargo de Analista Administrativo o exercício
pessoal a que se refere o caput passam a denominar-se cargos de Gestor de todas as atividades administrativas e logísticas relativas ao exercício das
Ambiental e Gestor Administrativo do Ministério do Meio Ambiente – MMA e competências constitucionais e legais a cargo do Ibama, fazendo uso de
Analista Ambiental, Analista Administrativo, Técnico Ambiental, Técnico todos os equipamentos e recursos disponíveis para a consecução dessas
Administrativo e Auxiliar Administrativo do Instituto Brasileiro do Meio atividades.
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, na proporção a ser
definida em regulamento, vedando-se a modificação do nível de escolarida- Art. 6o São atribuições dos titulares do cargo de Técnico Ambiental:
de do cargo em razão da transformação feita. I – prestação de suporte e apoio técnico especializado às atividades
§ 2o Sem prejuízo do disposto no § 1o, ficam criados: dos Gestores e Analistas Ambientais;

I - no quadro de pessoal do Ministério do Meio Ambiente, 300 (trezen- II – execução de atividades de coleta, seleção e tratamento de dados e
informações especializadas voltadas para as atividades finalísticas; e
tos) cargos efetivos de Gestor Ambiental;
II - no quadro de pessoal da autarquia a que se refere o caput, 2.000 III – orientação e controle de processos voltados às áreas de conserva-
(dois mil) cargos efetivos de Analista Ambiental. ção, pesquisa, proteção e defesa ambiental.

§ 3o Os cargos de nível intermediário ou auxiliar alcançados pelo dis- Parágrafo único. O exercício das atividades de fiscalização pelos titula-
posto no § 1o que estejam vagos poderão ser transformados em cargos de res dos cargos de Técnico Ambiental deverá ser precedido de ato de desig-
Analista Ambiental ou Analista Administrativo, quando integrantes do qua- nação próprio da autoridade ambiental à qual estejam vinculados e dar-se-á
dro de pessoal do Ibama, e extintos, se pertencentes ao quadro de pessoal na forma de norma a ser baixada pelo Ibama ou pelo Instituto Chico Men-
do Ministério do Meio Ambiente. des de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes, conforme
o Quadro de Pessoal a que pertencerem. (Redação dada pela Lei nº
§ 4o Estende-se, após a vacância, o disposto no § 3o aos cargos ali re- 11.516, 2007)
feridos que se encontrem ocupados na data de publicação desta Lei.
Art. 7o São atribuições do cargo de Técnico Administrativo a atuação
§ No uso da prerrogativa prevista no § é vedada a transformação
5o 1o, em atividades administrativas e logísticas de apoio relativas ao exercício
de cargos de provimento efetivo idênticos em distintos cargos de provimen- das competências constitucionais e legais a cargo do Ibama, fazendo uso
to efetivo. de equipamentos e recursos disponíveis para a consecução dessas ativida-
des.
Art. 2o São atribuições dos ocupantes do cargo de Gestor Ambiental:
Art. 8o São atribuições do cargo de Auxiliar Administrativo o desempe-
I - formulação das políticas nacionais de meio ambiente e dos recursos nho das atividades administrativas e logísticas de nível básico, relativas ao
hídricos afetas à: exercício das competências constitucionais e legais a cargo do Ibama,
a) regulação, gestão e ordenamento do uso e acesso aos recursos fazendo uso de equipamentos e recursos disponíveis para a consecução
ambientais; dessas atividades.
b) melhoria da qualidade ambiental e uso sustentável dos recursos na- Art. 9o As atribuições pertinentes aos cargos de Gestor Administrativo,
turais; Analista Administrativo, Técnico Administrativo e Auxiliar Administrativo
podem ser especificadas, de acordo com o interesse da administração, por
II - estudos e proposição de instrumentos estratégicos para a imple- especialidade profissional.
mentação das políticas nacionais de meio ambiente, bem como para seu
acompanhamento, avaliação e controle; e Art. 10. (VETADO)
III - desenvolvimento de estratégias e proposição de soluções de inte- Art. 11. O ingresso nos cargos referidos no art. 1o far-se-á mediante
gração entre políticas ambientais e setoriais, com base nos princípios e prévia aprovação em concurso público específico, exclusivamente de
diretrizes do desenvolvimento sustentável. provas.
Art. 3o São atribuições do cargo de Gestor Administrativo o exercício de § 1o Na hipótese do art. 4o, parágrafo único, o concurso realizar-se-á
todas as atividades administrativas e logísticas relativas ao exercício das obrigatoriamente por áreas de especialização.
competências constitucionais e legais a cargo do Ministério do Meio Ambi- § 2o São requisitos de escolaridade para ingresso nos cargos referidos
ente, fazendo uso de todos os equipamentos e recursos disponíveis para a no art. 1o:
consecução dessas atividades.
I – curso superior completo ou habilitação legal equivalente, para os
Art. 4o São atribuições dos ocupantes do cargo de Analista Ambiental o cargos de Gestor e Analista Ambiental;
planejamento ambiental, organizacional e estratégico afetos à execução
das políticas nacionais de meio ambiente formuladas no âmbito da União, II – diploma de conclusão de curso superior, com habilitação legal es-
em especial as que se relacionem com as seguintes atividades: pecífica, conforme definido no edital do concurso, para os cargos de Gestor
Administrativo e Analista Administrativo;
I – regulação, controle, fiscalização, licenciamento e auditoria ambien-
tal; III – diploma de conclusão de segundo grau, ou de curso técnico equi-
valente, para o cargo de Técnico Ambiental; e
II – monitoramento ambiental;
IV – diploma de conclusão de segundo grau, e habilitação legal especí-
III – gestão, proteção e controle da qualidade ambiental;
fica, se for o caso, conforme definido no edital do concurso, para o cargo de
IV – ordenamento dos recursos florestais e pesqueiros; Técnico Administrativo.
V – conservação dos ecossistemas e das espécies neles inseridas, in- § 3o Para acesso às áreas de especialização a que se referem o pará-
cluindo seu manejo e proteção; e grafo único do art. 4o e o § 1o, poderão ser estabelecidos, no ato que as
delimitar, requisitos específicos de formação e titulação.
VI – estímulo e difusão de tecnologias, informação e educação ambien-
tais. Art. 12. Os ocupantes dos cargos da Carreira de Especialista em Meio
Ambiente cumprirão jornada de trabalho de 40 (quarenta) horas.
Parágrafo único. As atividades mencionadas no caput poderão ser dis-
tribuídas por áreas de especialização, mediante ato do Poder Executivo, ou

Gestão de Pessoas 130


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Art. 13. Os padrões de vencimento básico dos cargos da Carreira de veis, com 3 (três) anos ou mais de exercício no órgão ou entidade a que
Especialista em Meio Ambiente são os constantes dos Anexos I, II e III estejam vinculados, e todos de nível hierárquico não inferior ao do servidor
desta Lei, com efeitos financeiros a partir das datas neles especificadas. a ser avaliado, sendo um o seu chefe imediato e outro um servidor estável,
(RedaçãodadapelaLeinº11.907, de2009) cuja indicação será efetuada ou respaldada, nos termos de regulamento e
no prazo máximo de 15 (quinze) dias, por manifestação expressa do servi-
§ 1o O padrão de ingresso no cargo de Analista Ambiental poderá vari- dor avaliado.
ar de acordo com a especialização à qual o servidor for alocado, quando
utilizada a prerrogativa prevista no parágrafo único do art. 4o. § 6o O membro indicado ou respaldado pelo servidor terá direito a voz e
não a voto nas reuniões deliberativas da comissão a que se refere o § 5o.
§ 2o A investidura em cargo de Gestor Ambiental, Gestor Administrati-
vo, Analista Administrativo, Técnico Ambiental, e Técnico Administrativo § 7o O resultado da avaliação anual será motivado exclusivamente com
ocorrerá, exclusivamente, no padrão inicial da respectiva tabela. base na aferição dos critérios previstos nesta Lei, sendo obrigatória a
indicação dos fatos, das circunstâncias e dos demais elementos de convic-
Art. 13-A. A estrutura remuneratória dos titulares dos cargos de provi- ção no termo final de avaliação, inclusive, quando for o caso, o relatório
mento efetivo integrantes da Carreira de Especialista em Meio Ambiente, de relativo ao colhimento de provas testemunhais e documentais.
que trata o art. 1o desta Lei, terá a seguinte composição: (Incluído pela Lei
nº11.907,de 2009) § 8o É assegurado ao servidor o direito de acompanhar todos os atos
de instrução do procedimento que tenha por objeto a avaliação de seu
I - Vencimento Básico; e (IncluídopelaLeinº11.907, de2009) desempenho.
II - Gratificação de Desempenho de Atividade de Especialista Ambien- Art. 17. A avaliação será homologada pela autoridade imediatamente
tal - GDAEM, de que trata a Lei no 11.156, de 29 de julho de 2005. (Incluído superior, dela dando-se ciência ao interessado.
pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 18. O servidor será notificado do resultado de sua avaliação, po-
Parágrafo único. Os integrantes da Carreira de que trata o caput deste dendo requerer reconsideração, com efeito suspensivo, para a autoridade
artigo não fazem jus à percepção da Vantagem Pecuniária Individual -VPI, que o homologou, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, decidindo-se o
de que trata a Lei no 10.698, de 2 de julho de 2003. (Incluído pela Lei nº pedido em igual prazo.
11.907, de2009)
Art. 19. O resultado e os instrumentos de avaliação, a indicação dos e-
Art. 14. A movimentação do servidor nas tabelas constantes dos Ane- lementos de convicção e de prova dos fatos narrados na avaliação, os
xos I, II e III ocorrerá mediante progressão funcional e promoção. recursos interpostos, bem como as metodologias e os critérios utilizados na
Art. 15. Para os fins do art. 14, progressão funcional é a passagem do avaliação serão arquivados na pasta ou base de dados individual, permitida
servidor para o padrão de vencimento básico imediatamente superior a consulta pelo servidor a qualquer tempo.
dentro de uma mesma classe, podendo ocorrer: Art. 20. O termo de avaliação anual indicará as medidas de correção
I – por merecimento, quando o servidor for habilitado em avaliação de necessárias, em especial as destinadas a promover a capacitação, ou
desempenho funcional especificamente voltada para essa finalidade, hipó- treinamento do servidor avaliado.
tese em que o interstício entre os padrões corresponderá a 1 (um) ano, Art. 21. O termo de avaliação anual obrigatoriamente relatará as defici-
contado da divulgação do resultado da última avaliação efetuada; ências identificadas no desempenho do servidor, considerados os critérios
II – por antiguidade, sempre que, no interregno de 3 (três) avaliações de avaliação previstos nesta Lei.
de desempenho subsequentes, não forem obtidos os índices exigidos para Art. 22. As necessidades de capacitação, ou treinamento do servidor
a progressão funcional por merecimento. cujo desempenho tenha sido considerado insuficiente serão priorizadas no
Art. 16. A avaliação de desempenho funcional terá seus resultados a- planejamento do órgão ou da entidade.
purados mensalmente e consolidados a cada 12 (doze) meses, obedecen- Art. 23. É obrigatória a instauração de processo administrativo discipli-
do ao disposto nesta Lei. nar para apuração da infração a que se refere o art. 117, XV, da Lei no
§ 1o A avaliação anual de desempenho terá como finalidade a verifica- 8.112, de 11 de dezembro de 1990, no caso de 2 (duas) avaliações insufi-
ção da observância dos seguintes critérios: cientes consecutivas, ou de 3 (três), no período de 5 (cinco) anos, em que
seja obtido esse resultado, assegurados ao servidor o contraditório e a
I – cumprimento das normas de procedimentos e de conduta no de- ampla defesa.
sempenho das atribuições do cargo;
Parágrafo único. Não poderá participar da comissão destinada à exe-
II – produtividade no trabalho, com base em padrões previamente es- cução do processo a que se refere o caput servidor ou autoridade que
tabelecidos de qualidade e economicidade; tenha emitido manifestação por ocasião da avaliação de desempenho.
III – assiduidade; Art. 24. Promoção é a passagem do servidor do último padrão de uma
IV – pontualidade; classe para o primeiro da classe imediatamente superior, exigindo-se, além
dos requisitos previstos para a progressão funcional, a conclusão, com
V – disciplina. aproveitamento, de curso de capacitação especificamente voltado para
essa finalidade.
§ 2o Os critérios de avaliação serão aplicados e ponderados em con-
formidade com as características das funções exercidas, sendo considera- Art. 25. Enquanto não forem implementados os procedimentos previs-
do insuficiente, para obtenção de promoção por merecimento, o desempe- tos nesta Lei, a progressão funcional e a promoção submetem-se exclusi-
nho apurado em avaliação que comprove o desatendimento, de forma vamente a interstício de 1 (um) ano.
habitual, de qualquer dos requisitos previstos no § 1o.
Art. 26. (VETADO)
§ 3o Será dado conhecimento prévio aos servidores dos critérios, das
normas e dos padrões a serem utilizados para a avaliação de seu desem- Art. 27. São criados, no âmbito da Agência Nacional de Águas – ANA,
penho. de modo a compor seu quadro de pessoal, 266 (duzentos e sessenta e
seis) cargos de Regulador, 84 (oitenta e quatro) cargos de Analista de
§ 4o No estabelecimento dos padrões a que se refere o inciso II do § 1o, Suporte à Regulação, ambos de nível superior, destinados à execução das
é vedada a aferição de resultados com base em número de autos de infra- atribuições legalmente instituídas pela Lei no 9.984, de 17 de junho de
ção ou de busca e apreensão lavrados, ou fundada na arrecadação decor- 2000, e 20 (vinte) cargos efetivos de Procurador.
rente da expedição desses atos ou de outros similares.
Art. 28. A implementação do disposto nesta Lei observará o disposto
§ 5o A avaliação de desempenho será realizada por comissão de avali- no § 1o do art. 169 da Constituição Federal e as normas pertinentes da Lei
ação composta por 4 (quatro) servidores, pelo menos 3 (três) deles está- Complementar no 101, de 4 de maio de 2000.

Gestão de Pessoas 131


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Art. 29. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. I - os investidos em função de confiança ou cargos em comissão do
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 3, 2, 1 ou
Brasília, 11 de janeiro de 2002; 181o da Independência e 114o da Re- equivalentes, perceberão a respectiva gratificação de desempenho calcula-
pública. da conforme disposto no § 3o do art. 2o desta Lei; e (Redação dada pela Lei
nº11.907,de 2009)

LEI Nº 11.156/2005 (CRIAÇÃO DA GDAEM). II - os investidos em cargos em comissão do Grupo-Direção e Assesso-


ramento Superiores - DAS, níveis 6, 5, 4 ou equivalentes, perceberão a
respectiva gratificação de desempenho calculada com base no valor máxi-
mo da parcela individual, somado ao resultado da avaliação institucional do
LEI Nº 11.156, DE 29 DE JULHO DE 2005. período. (RedaçãodadapelaLeinº11.907,de2009)
Dispõe sobre a criação da Gratificação de Desempenho de Atividade Parágrafo único. A avaliação institucional referida no inciso II do caput
de Especialista Ambiental – GDAEM e da Gratificação de Desempenho de deste artigo será a do órgão ou entidade de lotação do servidor. (Redação
Atividade Técnico-Administrativa do Meio Ambiente – GDAMB e dá outras dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
providências.
Art. 4o-A. Ocorrendo exoneração do cargo em comissão, os servidores
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacio- referidos nos arts. 4o e 5o desta Lei continuarão percebendo a GDAEM
nal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: correspondente ao último valor obtido, até que seja processada a sua
Art. 1o Fica instituída a Gratificação de Desempenho de Atividade de primeira avaliação após a exoneração. (Incluído pela Lei nº 11.907, de
Especialista Ambiental – GDAEM, devida aos ocupantes dos cargos da 2009)
Carreira de Especialista em Meio Ambiente, do Ministério do Meio Ambien- Art. 4o-B. Em caso de afastamentos e licenças considerados como de
te, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Reno- efetivo exercício, sem prejuízo da remuneração e com direito à percepção
váveis – IBAMA e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiver- de gratificação de desempenho, o servidor continuará percebendo a GDA-
sidade – Instituto Chico Mendes, de que trata a Lei no 10.410, de 11 de EM correspondente à última pontuação obtida, até que seja processada a
janeiro de 2002, quando em exercício de atividades inerentes às atribuições sua primeira avaliação após o retorno. (Incluído pela Lei nº 11.907, de
do respectivo cargo no Ministério do Meio Ambiente, no Ibama ou no Institu- 2009)
to Chico Mendes. (RedaçãodadapelaLeinº11.516,2007)
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica aos
Art. 2o A GDAEM será atribuída em função do desempenho individual casos de cessão. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
do servidor e do desempenho institucional do Ministério do Meio Ambiente,
do Ibama ou do Instituto Chico Mendes, conforme o caso. (Redação dada Art. 4o-C. Até que seja processada a sua primeira avaliação de desem-
pela Lei nº 11.516, 2007) penho que venha a surtir efeito financeiro, o servidor que tenha retornado
de licença sem vencimento ou cessão ou outros afastamentos sem direito à
§ 1o Ato do Poder Executivo disporá sobre os critérios gerais a serem percepção da GDAEM no decurso do ciclo de avaliação receberá a gratifi-
observados para a realização das avaliações de desempenho individual e cação no valor correspondente a 80 (oitenta) pontos. (Incluído pela Lei nº
institucional da GDAEM. 11.907, de 2009)
§ 2o Os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desem- Art. 5o O titular de cargo efetivo referido no art. 1o desta Lei quando não
penho individual e institucional e de atribuição da GDAEM serão estabele- se encontrar em exercício no Ministério do Meio Ambiente, no IBAMA ou no
cidos em ato do Ministro de Estado do Meio Ambiente, observada a legisla- Instituto Chico Mendes somente fará jus à GDAEM quando: (Redação dada
ção vigente. pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 3o A GDAEM será paga observado o limite máximo de 100 (cem) I - requisitado pela Presidência ou Vice-Presidência da República ou
pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor, correspondendo cada nas hipóteses de requisição previstas em lei, situação na qual perceberá a
ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido GDAEM com base nas regras aplicáveis como se estivesse em efetivo
no Anexo II desta Lei, produzindo efeitos financeiros a partir das datas nele exercício no seu órgão de lotação; e (Redação dada pela Lei nº 11.907, de
especificadas. (RedaçãodadapelaLeinº11.907,de2009) 2009)
§ 4o Observado o disposto no § 3o deste artigo, os valores a serem pa- II - cedido para órgãos ou entidades da União distintos dos indicados
gos a título de GDAEM serão calculados multiplicando-se o somatório dos no inciso I do caput deste artigo e investido em cargos de Natureza Especi-
pontos auferidos nas avaliações de desempenho individual e institucional al, de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Supe-
pelo valor do ponto constante do Anexo II desta Lei de acordo com o res- riores - DAS, níveis 6, 5 e 4 ou equivalentes, e perceberá a GDAEM calcu-
pectivo nível, classe e padrão, observada a seguinte distribuição: (Redação lada com base no resultado da avaliação institucional do período. (Redação
dadapela Leinº11.907, de2009) dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados ob- Parágrafo único. A avaliação institucional referida no inciso II do caput
tidos na avaliação de desempenho individual; e (Incluído pela Lei nº 11.907, deste artigo será a do órgão ou entidade de lotação do servidor. (Redação
de 2009) dadapela Leinº11.907, de2009)
II - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados Art. 6o Até que seja publicado o ato a que se refere o § 2o do art. 2o
obtidos na avaliação de desempenho institucional. (Incluído pela Lei nº desta Lei, e processados os resultados da primeira avaliação individual e
11.907, de 2009) institucional considerando a distribuição de pontos de que tratam os incisos
§ 5o A avaliação de desempenho individual visa a aferir o desempenho I e II do § 4o do art. 2o desta Lei, os servidores que fizerem jus à GDAEM
do servidor no exercício das atribuições do cargo, com foco na sua contri- deverão percebê-la em valor correspondente ao último percentual recebido,
buição individual para o alcance dos objetivos organizacionais. convertido em pontos que serão multiplicados pelo valor constante do
Anexo II desta Lei, conforme disposto no § 4o do art. 2o desta Lei. (Redação
Art. 3o (RevogadopelaLeinº11.907,de2009) dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 4o O titular de cargo efetivo referido no art. 1o desta Lei quando in- Art. 6o-A. As metas de desempenho institucional a que se refere o art.
vestido em cargo em comissão ou função de confiança no Ministério do 6o desta Lei serão estabelecidas anualmente em ato do Ministro de Estado
Meio Ambiente, no IBAMA ou no Instituto Chico Mendes fará jus à GDAEM, do Meio Ambiente. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
observado o posicionamento na Tabela e o cargo efetivo ocupado pelo
servidor, nas seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 11.907, de Art. 7o O servidor ativo beneficiário da GDAEM que obtiver na avaliação
2009) de desempenho individual pontuação inferior a 50% (cinquenta por cento)
da pontuação máxima estabelecida para essa parcela será imediatamente
submetido a processo de capacitação ou de análise da adequação funcio-

Gestão de Pessoas 132


Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
nal, conforme o caso, sob responsabilidade do órgão ou entidade de lota- cidos em ato do Ministro de Estado do Meio Ambiente, observada a legisla-
ção do servidor. (RedaçãodadapelaLeinº11.907,de2009) ção vigente.
Parágrafo único. A análise de adequação funcional visa a identificar as § 5o A GDAMB será paga com observância dos seguintes limites:
causas dos resultados obtidos na avaliação do desempenho e a servir de
subsídio para a adoção de medidas que possam propiciar a melhoria do I - máximo, 100 (cem) pontos por servidor; e
desempenho do servidor. (IncluídopelaLeinº11.907,de2009) II - mínimo, 30 (trinta) pontos por servidor, correspondendo cada ponto
Art. 8o Para fins de incorporação aos proventos da aposentadoria ou às ao valor estabelecido no Anexo I desta Lei, com efeitos financeiros a partir
pensões, relativas a servidores referidos no art. 1o desta Lei, a GDAEM: das datas nele especificadas. (RedaçãodadapelaLeinº11.907,de2009)

I - para as aposentadorias e pensões instituídas até 19 de fevereiro de § 6o O limite global de pontuação mensal por nível de que dispõem o
2004, será: (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Ministério do Meio Ambiente, o Ibama e o Instituto Chico Mendes para ser
atribuído aos servidores corresponderá a 80 (oitenta) vezes o número de
a) a partir de 1o de julho de 2008, correspondente a 40 (quarenta) pon- servidores ativos por nível que fazem jus à GDAMB, em exercício no Minis-
tos, considerados o nível, classe e padrão do servidor; e (Incluído pela Lei tério do Meio Ambiente, no Ibama ou no Instituto Chico Mendes. (Redação
nº11.907,de 2009) dadapela Leinº11.516, 2007)
b) a partir de 1o de julho de 2009, correspondente a 50 (cinquenta) pon- § 7o Considerando o disposto nos §§ 1o e 2o deste artigo, a pontuação
tos, considerados o nível, classe e padrão do servidor; (Incluído pela Lei nº referente à GDAMB está assim distribuída:
11.907, de2009)
I - até 57 (cinquenta e sete) pontos percentuais de seu limite máximo
II - para as aposentadorias e pensões instituídas após 19 de fevereiro serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desem-
de 2004, será: (RedaçãodadapelaLeinº11.907,de2009) penho individual; e
a) quando percebida por período igual ou superior a 60 (sessenta) me- II - até 43 (quarenta e três) pontos percentuais de seu limite máximo
ses e ao servidor que deu origem à aposentadoria ou à pensão se aplicar o serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desem-
disposto nos arts. 3o e 6o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de de- penho institucional.
zembro de 2003, e no art. 3o da Emenda Constitucional no 47, de 5 de julho
de 2005, aplicar-se-á a média dos valores recebidos nos últimos 60 (ses- Art. 11. (Revogado pela Lei nº 11.907, de 2009)
senta) meses; (IncluídopelaLeinº11.907,de2009) Art. 12. A partir da data de produção dos efeitos financeiros do primeiro
b) quando percebida por período inferior a 60 (sessenta) meses, ao período de avaliação, o titular de cargo efetivo a que se refere o art. 9o
servidor de que trata a alínea a deste inciso aplicar-se-á o disposto nas desta Lei, em exercício no Ministério do Meio Ambiente, no Ibama ou no
alíneas a e b do inciso I do caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº Instituto Chico Mendes, quando investido em cargo em comissão ou função
11.907, de 2009) de confiança fará jus à GDAMB, nas seguintes condições: (Redação dada
pela Lei nº 11.516, 2007)
III - aos demais aplicar-se-á, para fins de cálculo das aposentadorias e
pensões, o disposto na Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004. (Redação I - ocupantes de cargos comissionados de Natureza Especial DAS-6,
dada pela Lei nº 11.907, de 2009) DAS-5, ou equivalentes, perceberão a GDAMB calculada no seu valor
máximo; e
Art. 9o Fica instituída a Gratificação de Desempenho de Atividade Téc-
nico-Administrativa do Meio Ambiente - GDAMB, devida aos servidores dos II - ocupantes de cargos comissionados DAS, níveis 1 a 4, de função
Quadros de Pessoal do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama e do Institu- de confiança, ou equivalentes, perceberão até 100% (cem por cento) do
to Chico Mendes ocupantes de cargos de provimento efetivo, de nível valor máximo da GDAMB, exclusivamente em decorrência do resultado da
superior, intermediário ou auxiliar, do Plano de Classificação de Cargos, avaliação institucional do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama ou do
instituído pela Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970, ou de planos Instituto Chico Mendes, conforme o caso. (Redação dada pela Lei nº
correlatos das autarquias e fundações públicas, não integrantes de Carrei- 11.516, 2007)
ras estruturadas, quando em exercício de atividades inerentes às atribui- Art. 13. A partir da data de produção dos efeitos financeiros do primeiro
ções do respectivo cargo no Ministério do Meio Ambiente, no Ibama ou no período de avaliação, o titular de cargo efetivo a que se refere o art. 9o
Instituto Chico Mendes. (RedaçãodadapelaLeinº11.516,2007) desta Lei que não se encontre em exercício no Ministério do Meio Ambien-
Parágrafo único. Aplica-se a GDAMB, exclusivamente, aos servidores te, no Ibama ou no Instituto Chico Mendes fará jus à GDAMB nas seguintes
lotados no Ministério do Meio Ambiente ou no IBAMA em 1o de outubro de situações: (Redação dada pela Lei nº 11.516, 2007)
2004 ou que venham a ser redistribuídos para o Ministério do Meio Ambien- I - quando requisitado pela Presidência ou Vice-Presidência da Repú-
te ou para o IBAMA, desde que as respectivas redistribuições tenham sido blica, calculada como se estivesse em exercício no Ministério do Meio
requeridas até 30 de setembro de 2004. Ambiente, no Ibama ou no Instituto Chico Mendes; e (Redação dada pela
Art. 10. A GDAMB será atribuída em função do desempenho individual Lei nº 11.516, 2007)
do servidor e do desempenho institucional do Ministério do Meio Ambiente, II - quando cedido para outros órgãos ou entidades do Governo Fede-
do Ibama ou do Instituto Chico Mendes, conforme o caso. (Redação dada ral, da seguinte forma:
pela Lei nº 11.516, 2007)
a) o servidor investido em cargo em comissão de Natureza Especial
§ 1o A avaliação de desempenho individual visa a aferir o desempenho DAS-6, DAS-5, ou equivalentes, perceberá a GDAMB em valor calculado
do servidor no exercício das atribuições do cargo ou função, com foco na com base no seu valor máximo; e
contribuição individual para o alcance dos objetivos organizacionais.
b) o servidor investido em cargo em comissão DAS-4, ou equivalente,
§ 2o A avaliação de desempenho institucional visa a aferir o desempe- perceberá a GDAMB no valor de 75% (setenta e cinco por cento) do seu
nho coletivo no alcance dos objetivos organizacionais, podendo considerar valor máximo.
projetos e atividades prioritárias e condições especiais de trabalho, além de
outras características específicas. Art. 14. A partir de 1o de novembro de 2004 e até 31 de dezembro de
2005 e enquanto não forem editados os atos referidos nos §§ 3o e 4o do art.
§ 3o Ato do Poder Executivo disporá sobre os critérios gerais a serem 10 desta Lei e processados os resultados do 1o (primeiro) período de avali-
observados para a realização das avaliações de desempenho individual e ação de desempenho, a GDAMB será paga aos servidores a que se refere
institucional da GDAMB. o art. 9o desta Lei nos valores correspondentes a R$ 824,00 (oitocentos e
§ 4o Os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desem- vinte e quatro reais) para os servidores de nível superior, R$ 355,00 (tre-
penho individual e institucional e de atribuição da GDAMB serão estabele- zentos e cinquenta e cinco reais) para os de nível intermediário e R$ 199,00
(cento e noventa e nove reais) para os de nível auxiliar.

Gestão de Pessoas 133


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§ 1o O resultado da 1ª (primeira) avaliação gerará efeitos financeiros a DECRETONº7.133,DE 19DE MARÇODE2010.
partir do início do 1o (primeiro) período de avaliação, devendo ser compen-
sadas eventuais diferenças pagas a maior ou a menor. Regulamenta os critérios e procedimentos gerais a serem observados
para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional e
§ 2o A data de publicação no Diário Oficial da União do ato a que se re- o pagamento das gratificações de desempenho de que tratam as Leis nos
fere o § 4o do art. 10 desta Lei constitui o marco temporal para o início do 9.657, de 3 de junho de 1998, 10.484, de 3 de julho de 2002, 10.550, de 13
período de avaliação. de novembro de 2002, 10.551, de 13 de novembro de 2002, 10.682, de 28
de maio de 2003, 10.768, de 19 de novembro de 2003, 10.871, de 20 de
§ 3o O disposto neste artigo aplica-se aos ocupantes de cargos comis- maio de 2004, 10.883, de 16 de junho de 2004, 11.046, de 27 de dezembro
sionados que fazem jus à GDAMB. de 2004, 11.090, de 7 de janeiro de 2005, 11.095, de 13 de janeiro de 2005,
Art. 15. O servidor ativo beneficiário da GDAMB que obtiver na avalia- 11.156, de 29 de julho de 2005, 11.171, de 2 de setembro de 2005, 11.233,
ção pontuação inferior a 50% (cinquenta por cento) do limite máximo de de 22 de dezembro de 2005, 11.344, de 8 de setembro de 2006, 11.355, de
pontos destinado à avaliação individual em 2 (duas) avaliações individuais 19 de outubro de 2006, 11.356, de 19 de outubro de 2006, 11.357, de 19 de
consecutivas será imediatamente submetido a processo de capacitação, outubro de 2006, 11.784, de 22 de setembro de 2008, 11.890, de 24 de
sob responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama ou do dezembro de 2008, e 11.907, de 2 de fevereiro de 2009.
Instituto Chico Mendes, conforme a unidade de lotação do servidor. (Reda- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confe-
ção dada pela Lei nº 11.516, 2007) re o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no § 6o
Art. 16. Para fins de incorporação aos proventos da aposentadoria ou do art. 7o-A da Lei no 9.657, de 3 de junho de 1998, no § 5o do art. 2o da Lei
às pensões, relativas aos servidores a que se refere o art. 9o desta Lei, a no 10.484, de 3 de julho de 2002, no § 7o do art. 5o da Lei no 10.550, de 13
GDAMB: de novembro de 2002, no art. 4o da Lei no 10.551, de 13 de novembro de
2002, no art. 4o-C da Lei no 10.682, de 28 de maio de 2003, no art. 12-A da
I - somente será devida se percebida há pelo menos 60 (sessenta) me- Lei no 10.768, de 19 de novembro de 2003, no § 1o do art. 16 e no § 1o do
ses; e art. 20-B da Lei no 10.871, de 20 de maio de 2004, no § 10 do art. 5o-A da
II - será calculada pela média aritmética dos valores percebidos nos úl- Lei no 10.883, de 16 de junho de 2004, na Lei no 11.046, de 27 de dezem-
timos 60 (sessenta) meses anteriores à aposentadoria ou à instituição da bro de 2004, no § 10 do art. 16 da Lei no 11.090, de 7 de janeiro de 2005,
pensão, consecutivos ou não. no art. 11-D da Lei no 11.095, de 13 de janeiro de 2005, no § 1o do art. 2o
da Lei no 11.156, de 29 de julho de 2005, na Lei no 11.171, de 2 de setem-
Art. 17. A GDAMB integrará os proventos da aposentadoria e das pen- bro de 2005, no art. 2o-E da Lei no 11.233, de 22 de dezembro de 2005, no
sões, de acordo com: art. 19-D da Lei no 11.344, de 8 de setembro de 2006, no § 7o do art. 5o-B,
no § 3o do art. 35 e no art. 145 da Lei no 11.355, de 19 de outubro de 2006,
I - a média dos valores recebidos nos últimos 60 (sessenta) meses; ou
no § 6o do art. 1o-C e no § 6o do art. 8o-C da Lei no 11.356, de 19 de outubro
II - o valor correspondente a 50 (cinquenta) pontos, quando percebida de 2006, no art. 7o-A, no art. 17, no art. 31-E, no § 1o do art. 33, no art. 48-D
por período inferior a 60 (sessenta) meses. e no art. 62-A da Lei no 11.357, de 19 de outubro de 2006, no art. 75 da Lei
no 11.784, de 22 de setembro de 2008, no § 6o do art. 56, no § 6o do art. 91,
Parágrafo único. Às aposentadorias e às pensões instituídas até o dia no § 6o do art. 124 e no art. 142 da Lei no 11.890, de 24 de dezembro de
anterior ao da vigência desta Lei aplica-se o disposto no inciso II do caput 2008, no art. 7o, no § 5o do art. 111, no § 6o do art. 128, no art. 194 e no art.
deste artigo. 233 da Lei no 11.907, de 2 de fevereiro de 2009,
Art. 18. A aplicação do disposto nesta Lei aos inativos e pensionistas DECRETA:
dos Quadros de Pessoal do Ministério do Meio Ambiente e do IBAMA,
referidos nos arts. 1o e 9o, não poderá implicar redução de proventos e de Art. 1o Ficam aprovados, na forma deste Decreto, os critérios e proce-
pensões. dimentos gerais a serem observados para a realização das avaliações de
desempenho individual e institucional e o pagamento das seguintes gratifi-
Parágrafo único. Constatada a redução de provento ou de pensão de- cações de desempenho:
corrente da aplicação do disposto nesta Lei, a diferença será paga a título
de vantagem pessoal nominalmente identificada, a ser absorvida gradati- I - Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder
vamente com a implantação dos valores da GDAEM e da GDAMB. Executivo - GDPGPE, instituída pela Lei no 11.357, de 19 de outubro de
2006, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo de níveis
Art. 19. Na hipótese de redução de remuneração de servidor, decorren- superior, intermediário e auxiliar do Plano Geral de Cargos do Poder Execu-
te da aplicação do disposto nesta Lei, a diferença será paga a título de tivo, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições
vantagem pessoal nominalmente identificada, a ser absorvida gradativa- do respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública
mente com a implantação dos valores da GDAEM e da GDAMB e por federal ou nas situações referidas no § 9o do art. 7o-A da Lei no 11.357, de
ocasião da reorganização ou reestruturação de sua tabela remuneratória, 2006;
concessão de reajustes, adicionais, gratificações ou vantagem de qualquer
natureza. II - Gratificação de Desempenho de Atividades Especializadas e Técni-
cas de Informações e Avaliações Educacionais - GDIAE, instituída pela Lei
Art. 20. O titular de cargo de provimento efetivo dos cargos de que trata no 11.357, de 2006, devida aos ocupantes dos cargos das Carreiras de
o art. 1o desta Lei não faz jus à percepção da GDAMB. Pesquisa e Desenvolvimento de Informações e Avaliações Educacionais e
Art. 21. O titular de cargo de provimento efetivo dos cargos de que trata Suporte Técnico em Informações Educacionais, quando lotados e em
o art. 9o desta Lei não faz jus à percepção das seguintes gratificações: exercício das atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo no
Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP;
I - Gratificação de Desempenho de Atividade de Especialista Ambiental
- GDAEM de que trata o art. 1o desta Lei; e III - Gratificação de Desempenho de Atividades de Estudos, Pesquisas
e Avaliações Educacionais - GDINEP, instituída pela Lei no 11.357, de
II - Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa - 2006, devida aos ocupantes de cargos do Plano Especial de Cargos do
GDATA de que trata a Lei no 10.404, de 9 de janeiro de 2002. Inep - PECINEP, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às
Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. atribuições do respectivo cargo no INEP;

Brasília, 27 de julho de 2005; 184o da Independência e 117o da Repú- IV - Gratificação de Desempenho de Atividades de Financiamento e
blica. Execução de Programas e Projetos Educacionais - GDAFE, instituída pela
Lei no 11.357, de 2006, devida aos ocupantes dos cargos das Carreiras de
Financiamento e Execução de Programas e Projetos Educacionais e Supor-
te Técnico ao Financiamento e Execução de Programas e Projetos Educa-
DECRETO Nº 7.133/2010 (AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO INDIVI- cionais, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribui-
DUAL.

Gestão de Pessoas 134


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ções do respectivo cargo no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Edu- ra do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça e nas
cação - FNDE; dependências do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça;
V - Gratificação de Desempenho de Atividade do Plano Especial de XIII - Gratificação de Desempenho de Atividade Indigenista - GDAIN,
Cargos do FNDE - GDPFNDE, instituída pela Lei no 11.357, de 2006, instituída pela Lei no 11.907, de 2009, devida aos titulares de cargos de
devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo integrantes do Plano provimento efetivo, de níveis superior, intermediário e auxiliar, regidos pela
Especial de Cargos do FNDE - PECFNDE, quando lotados e em exercício Lei no 8.112, de 1990, quando lotados e em exercício das atividades ineren-
das atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo no FNDE; tes às atribuições do respectivo cargo na Fundação Nacional do Índio -
FUNAI;
VI - Gratificação de Desempenho da Suframa - GDSUFRAMA, instituí-
da pela Lei no 11.356, de 19 de outubro de 2006, devida aos servidores XIV - Gratificação de Desempenho de Atividade de Perito Federal Agrá-
titulares dos cargos de provimento efetivo do Plano de Classificação de rio - GDAPA, instituída pela Lei no 10.550, de 13 de novembro de 2002,
Cargos - PCC instituído pela Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970, ou devida aos servidores ocupantes dos cargos de Engenheiro Agrônomo,
de planos correlatos das autarquias e fundações públicas não integrantes pertencentes ao Quadro de Pessoal do Instituto Nacional de Colonização e
de carreiras estruturadas, regidos pela Lei no 8.112, de 11 de dezembro de Reforma Agrária - INCRA, que integrarem a Carreira de Perito Federal
1990, pertencentes ao Quadro de Pessoal da Superintendência da Zona Agrário;
Franca de Manaus - SUFRAMA e nele lotados em 31 de dezembro de 2005
ou que venham a ser para ele redistribuídos, desde que as respectivas XV - Gratificação de Desempenho de Atividade de Reforma Agrária -
redistribuições tenham sido requeridas até a referida data, quando lotados e GDARA, instituída pela Lei no 11.090, de 7 de janeiro de 2005, devida aos
em exercício das atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo na ocupantes dos cargos do Plano de Carreira dos Cargos de Reforma e
SUFRAMA; Desenvolvimento Agrário, quando em exercício de atividades inerentes às
atribuições do respectivo cargo no INCRA;
VII - Gratificação de Desempenho de Atividade da Embratur - GDA-
TUR, instituída pela Lei no 11.356, de 2006, devida aos servidores titulares XVI - Gratificação de Desempenho de Atividades Hospitalares do Hos-
dos cargos de provimento efetivo do Plano de Classificação de Cargos pital das Forças Armadas - GDAHFA, instituída pela Lei no 11.784, de 22 de
instituído pela Lei no 5.645, de 1970, ou de planos correlatos das autarquias setembro de 2008, devida aos servidores ocupantes de cargos de provi-
e fundações públicas não integrantes de Carreiras estruturadas, regidos mento efetivo do Plano de Carreiras e Cargos do Hospital das Forças
pela Lei no 8.112, de 1990 pertencentes ao Quadro de Pessoal da EMBRA- Armadas - PCCHFA, quando lotados e em exercício das atividades ineren-
TUR - Instituto Brasileiro de Turismo, e nele lotados em 31 de dezembro de tes às atribuições do respectivo cargo no Hospital das Forças Armadas -
2005 ou que venham a ser para ele redistribuídos, desde que as respecti- HFA;
vas redistribuições tenham sido requeridas até a referida data, quando XVII - Gratificação de Desempenho de Atividade de Controle e Segu-
lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições do respectivo rança de Tráfego Aéreo - GDASA, instituída pela Lei no 10.551, de 13 de
cargo na EMBRATUR; novembro de 2002, devida aos ocupantes dos cargos efetivos de níveis
VIII - Gratificação de Desempenho de Atividade Cultural - GDAC, insti- superior e intermediário do Grupo Defesa Aérea e Controle de Tráfego
tuída pela Lei no 11.233, de 22 de dezembro de 2005, devida aos servido- Aéreo - DACTA, quando no exercício das atribuições do cargo, ressalvadas
res ocupantes de cargos de provimento efetivo do Plano Especial de Car- as exceções expressamente previstas em lei;
gos da Cultura, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às XVIII - Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico Operacional
atribuições do respectivo cargo no Ministério da Cultura ou no Instituto do em Tecnologia Militar - GDATEM, instituída pela Lei no 9.657, de 3 de junho
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, na Fundação Nacional de de 1998, devida aos ocupantes dos cargos efetivos do Plano de Carreira
Arte - FUNARTE, na Fundação Biblioteca Nacional - FBN e na Fundação dos Cargos de Tecnologia Militar, quando no exercício de atividades ineren-
Cultural Palmares - FCP, em 30 de julho de 2005, ou que venham a ser tes às respectivas atribuições nas organizações militares, que cumpram
redistribuídos para esses Quadros, desde que as redistribuições tenham carga horária de quarenta horas semanais;
sido requeridas até 12 de julho de 2005;
XIX - Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saú-
IX - Gratificação de Desempenho de Atividade de Apoio Técnico- de e do Trabalho - GDPST, instituída pela Lei no 11.355, de 19 de outubro
Administrativo à Polícia Federal - GDATPF, instituída pela Lei no 10.682, de de 2006, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo da Carreira
28 de maio de 2003, devida aos servidores ocupantes de cargos de provi- da Previdência, da Saúde e do Trabalho, quando lotados e em exercício
mento efetivo do Plano Especial de Cargos do Departamento de Polícia das atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo no Ministério da
Federal, quando em exercício das atividades inerentes às atribuições do Previdência Social, no Ministério da Saúde, no Ministério do Trabalho e
respectivo cargo no Departamento de Polícia Federal; Emprego e na Fundação Nacional de Saúde - FUNASA;
X - Gratificação de Desempenho de Atividade de Apoio Técnico- XX - Gratificação de Desempenho de Atividade dos Fiscais Federais
Administrativo à Polícia Rodoviária Federal - GDATPRF, instituída pela Lei Agropecuários - GDFFA, instituída pela Lei no 10.883, de 16 de junho de
no 11.095, de 13 de janeiro de 2005, devida aos servidores ocupantes de 2004, devida aos titulares de cargos de provimento efetivo da Carreira de
cargos de provimento efetivo do Plano Especial de Cargos do Departamen- Fiscal Federal Agropecuário, de que trata o art. 1o da mencionada Lei,
to de Polícia Rodoviária Federal, quando em exercício das atividades quando lotados e em exercício nas atividades inerentes às atribuições do
inerentes às atribuições do respectivo cargo no Departamento de Polícia respectivo cargo nos órgãos ou entidades da administração pública federal;
Rodoviária Federal;
XXI - Gratificação de Desempenho de Atividade Técnica de Fiscaliza-
XI - Gratificação de Desempenho de Atividade de Assistência Especia- ção Agropecuária - GDATFA, instituída pela Lei no 10.484, de 3 de julho de
lizada do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça - 2002, devida aos ocupantes dos cargos de Agente de Inspeção Sanitária e
GDAPEN, instituída pela Lei no 11.907 de 2 de fevereiro de 2009, devida Industrial de Produtos de Origem Animal e de Agente de Atividades Agro-
aos titulares dos cargos de Especialista em Assistência Penitenciária e de pecuárias, pertencentes ao Quadro de Pessoal do Ministério da Agricultura,
Técnico de Apoio à Assistência Penitenciária, quando em exercício das Pecuária e Abastecimento, quando lotados e em exercício naquele Ministé-
atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo no âmbito dos rio;
estabelecimentos penais e de internamento federais, integrantes da estrutu-
ra do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça; XXII - Gratificação de Desempenho de Atividades de Chancelaria -
GDACHAN, instituída pela Lei no 11.907, de 2009, devida aos servidores
XII - Gratificação de Desempenho de Atividade de Agente Penitenciário titulares dos cargos de provimento efetivo integrantes das Carreiras de que
Federal - GDAPEF, instituída pela Lei no 11.907, de 2009, devida aos trata o art. 1o da mencionada Lei, quando lotados e em exercício das ativi-
titulares dos cargos de Agente Penitenciário Federal quando em exercício dades inerentes às atribuições do respectivo cargo no Ministério das Rela-
das atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo no âmbito dos ções Exteriores;
estabelecimentos penais e de internamento federais, integrantes da estrutu-
XXIII - Gratificação de Desempenho de Atividade de Ciência e Tecno-
logia - GDACT, instituída pela Medida Provisória no 2.229-43, de 6 de

Gestão de Pessoas 135


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setembro de 2001, devida aos ocupantes dos cargos efetivos integrantes art. 15 da mencionada Lei, quando em exercício de atividades inerentes às
das carreiras de Pesquisa em Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento atribuições do respectivo cargo no DNIT;
Tecnológico e de Gestão, Planejamento e Infra-Estrutura em Ciência e
Tecnologia, de que trata a Lei no 8.691, de 28 de julho de 1993, e aos XXXII - Gratificação de Desempenho de Atividades de Recursos Mine-
empregados de nível superior mencionados no art. 27 da citada Lei, quando rais - GDARM, instituída pela Lei no 11.046, de 27 de dezembro de 2004,
em exercício das atividades inerentes às atribuições do cargo ou emprego devida aos ocupantes dos cargos das Carreiras de Especialista em Recur-
de que é titular no respectivo órgão de lotação; sos Minerais e de Técnico em Atividades de Mineração, quando em exercí-
cio das atividades inerentes às atribuições do cargo de que é titular no
XXIV - Gratificação de Desempenho de Atividade de Ciência, Tecnolo- Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM;
gia, Produção e Inovação em Saúde Pública - GDACTSP, instituída pela Lei
no 11.355, de 2006, devida aos ocupantes dos cargos efetivos de que XXXIII - Gratificação de Desempenho de Atividades de Produção Mine-
tratam os arts. 12 e 28 da mencionada Lei, que optaram pelo enquadra- ral - GDAPM, instituída pela Lei no 11.046, de 2004, devida aos servidores
mento no Plano de Carreiras e Cargos de Ciência, Tecnologia, Produção e do Plano Especial de Cargos do DNPM ocupantes dos cargos de nível
Inovação em Saúde Pública; superior de Economista, Engenheiro, Geógrafo, Geólogo, Pesquisador em
Ciências Exatas e da Natureza e Químico e dos de nível intermediário de
XXV - Gratificação de Desempenho de Pesquisa e Investigação Bio- Desenhista, Técnico em Cartografia e Técnico em Recursos Minerais,
médica em Saúde Pública - GDAPIB, instituída pela Lei no 11.907, de 2009, quando em exercício das atividades inerentes às atribuições do cargo de
devida aos ocupantes dos cargos efetivos, de carreira ou isolados, de nível que é titular no citado órgão;
superior, intermediário e auxiliar dos Quadros de Pessoal do Instituto Evan-
dro Chagas - IEC e do Centro Nacional de Primatas - CENP, aos titulares XXXIV - Gratificação de Desempenho de Atividades Administrativas do
dos cargos efetivos de níveis superior e intermediário do Plano Geral de DNPM - GDADNPM, instituída pela Lei no 11.046, de 2004, devida aos
Cargos do Poder Executivo, de que trata a Lei no 11.357, de 2006, os servidores das Carreiras de Analista Administrativo e de Técnico Adminis-
integrantes da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho, de que trativo do DNPM, quando em exercício das atividades inerentes às atribui-
trata a Lei no 11.355, de 2006, e da Carreira da Seguridade Social e do ções do cargo de que é titular no citado órgão;
Trabalho, de que trata a Lei no 10.483, de 3 de julho de 2002, pertencentes XXXV - Gratificação de Desempenho de Atividades Administrativas do
ao Quadro de Pessoal do IEC e do CENP, em 31 de maio de 2008, e aos Plano Especial de Cargos do DNPM - GDAPDNPM, instituída pela Lei no
empregados de nível superior mencionados no art. 27 da Lei no 8.691, de 11.046, de 2004, devida aos servidores do Plano Especial de Cargos do
1993, quando em exercício das atividades inerentes às atribuições do cargo DNPM não compreendidos no art. 15 da mencionada Lei, quando em
ou emprego de que é titular no respectivo órgão de lotação; exercício de atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo no
XXVI - Gratificação de Desempenho de Atividade de Especialista Am- citado órgão;
biental - GDAEM, instituída pela Lei no 11.156, de 29 de julho de 2005, XXXVI - Gratificação de Desempenho de Atividade Fazendária - GDA-
devida aos ocupantes dos cargos da Carreira de Especialista em Meio FAZ, instituída pela Lei no 11.907, de 2009, devida aos servidores ocupan-
Ambiente, do Ministério do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro do Meio tes dos cargos de provimento efetivo do Plano Especial de Cargos do
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e do Instituto Chico Ministério da Fazenda - PECFAZ, quando lotados e no exercício das ativi-
Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, de dades inerentes às atribuições do respectivo cargo nas unidades do Minis-
que trata a Lei no 10.410, de 11 de janeiro de 2002, quando em exercício de tério da Fazenda;
atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo no Ministério do
Meio Ambiente, no IBAMA ou no Instituto Chico Mendes; XXXVII - Gratificação de Desempenho de Atividade Específica da Su-
sep - GDASUSEP, instituída pela Lei no 11.890, de 24 de dezembro de
XXVII - Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Executiva e 2008, devida exclusivamente aos servidores de nível intermediário do
de Suporte do Meio Ambiente - GTEMA, instituída pela Lei no 11.357, de Quadro de Pessoal da Superintendência de Seguros Privados - SUSEP e
2006, devida aos titulares dos cargos do Plano Especial de Cargos do aos titulares de cargos integrantes do Quadro Suplementar daquela entida-
Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de, quando em exercício de atividades nas unidades da SUSEP;
dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA - PECMA, de que trata o art.
12 da mencionada Lei, quando lotados e em exercício das atividades XXXVIII - Gratificação de Desempenho de Atividades Específicas da
inerentes às atribuições do respectivo cargo no Ministério do Meio Ambien- CVM - GDECVM, instituída pela Lei no 11.890, de 2008, devida exclusiva-
te, no IBAMA ou no Instituto Chico Mendes; mente aos servidores de nível intermediário titulares dos cargos de Agente
Executivo do Quadro de Pessoal da Comissão de Valores Mobiliários -
XXVIII - Gratificação de Desempenho de Atividade de Infra-Estrutura de CVM e aos servidores de nível superior do Quadro Suplementar daquela
Transportes - GDAIT, instituída pela Lei no 11.171, de 2 de setembro de entidade, quando em exercício de atividades nas unidades da CVM;
2005, devida aos ocupantes dos cargos das carreiras de Infra-Estrutura de
Transportes e de Suporte à Infra-Estrutura de Transportes, quando em XXXIX - Gratificação de Desempenho de Atividades de Suporte da
exercício das atividades inerentes às atribuições do cargo de que é titular CVM - GDASCVM, instituída pela Lei no 11.890, de 2008, devida exclusi-
no Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT; vamente aos servidores de nível intermediário titulares dos cargos de
Auxiliar de Serviços Gerais do Quadro de Pessoal da CVM;
XXIX - Gratificação de Desempenho de Atividade de Transportes -
GDIT, instituída pela Lei no 11.171, de 2005, devida aos servidores do XL - Gratificação de Desempenho de Atividades Específicas do Ipea -
Plano Especial de Cargos do DNIT, ocupantes dos cargos de nível superior GDAIPEA, instituída pela Lei no 11.890, de 2008, devida exclusivamente
de Arquiteto, Economista, Engenheiro, Engenheiro Agrônomo, Engenheiro aos titulares de cargos de níveis superior e intermediário do Plano de
de Operações, Estatístico e Geólogo e de nível intermediário de Agente de Carreiras e Cargos da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Serviços de Engenharia, Técnico de Estradas e Tecnologista, quando em - IPEA, de que trata o inciso V do caput do art. 102 da mencionada Lei e
exercício das atividades inerentes às atribuições do cargo de que é titular aos servidores de nível superior do Quadro Suplementar daquela entidade,
no DNIT; quando em exercício de atividades nas unidades do IPEA;

XXX - Gratificação de Desempenho de Atividades Administrativas do XLI - Gratificação de Desempenho de Atividades de Informações e In-
DNIT - GDADNIT, instituída pela Lei no 11.171, de 2005, devida aos servi- teligência - GDAIN, instituída pela Lei no 11.776, de 17 de setembro de
dores das Carreiras de Analista Administrativo e de Técnico Administrativo 2008, devida exclusivamente aos servidores de níveis superior e intermedi-
do DNIT, quando em exercício de atividades inerentes às atribuições do ário do Grupo Informações, quando em exercício de atividades nas unida-
respectivo cargo do citado órgão; des da Agência Brasileira de Inteligência - ABIN;

XXXI - Gratificação de Desempenho de Atividades Administrativas do XLII - Gratificação de Desempenho de Atividades Complementares na
Plano Especial de Cargos do DNIT - GDAPEC, instituída pela Lei no 11.171, ABIN - GDACABIN, instituída pela Lei no 11.776, de 2008, devida exclusi-
de 2005, devida aos servidores do Plano Especial de Cargos do Departa- vamente aos ocupantes dos cargos de níveis superior, intermediário e
mento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes não compreendidos no auxiliar do Grupo Apoio do Plano Especial de Cargos, quando em exercício
de atividades nas unidades da ABIN;

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XLIII - Gratificação de Desempenho de Atividade de Regulação - § 1o Na avaliação de desempenho individual, além do cumprimento das
GDAR, instituída pela Lei no 10.871, de 20 de maio de 2004, devida aos metas de desempenho individual, deverão ser avaliados os seguintes
ocupantes dos cargos a que se referem os incisos I a XVI, XIX e XX do art. fatores mínimos:
1o da mencionada Lei, quando em exercício de atividades inerentes às
atribuições do respectivo cargo nas Agências Reguladoras referidas no I - produtividade no trabalho, com base em parâmetros previamente es-
Anexo I da Lei no 10.871, de 2004; tabelecidos de qualidade e produtividade;

XLIV - Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico- II - conhecimento de métodos e técnicas necessários para o desenvol-
Administrativa em Regulação - GDATR, instituída pela Lei no 10.871, de vimento das atividades referentes ao cargo efetivo na unidade de exercício;
2004, devida aos ocupantes dos cargos de Analista Administrativo e Técni- III - trabalho em equipe;
co Administrativo de que tratam as Leis no 10.768, de 19 de novembro de
2003, e 10.871, de 2004, quando em exercício de atividades inerentes às IV - comprometimento com o trabalho; e
atribuições do respectivo cargo nas Agências Reguladoras referidas no V - cumprimento das normas de procedimentos e de conduta no de-
Anexo I da Lei no 10.871, de 2004; sempenho das atribuições do cargo.
XLV - Gratificação de Desempenho de Atividade de Recursos Hídricos § 2o Além dos fatores mínimos de que trata o § 1o, o ato a que se refere
- GDRH, instituída pela Lei no 10.768, de 2003, devida aos ocupantes dos o caput do art. 7o poderá incluir, entre os fatores mínimos a serem avalia-
cargos de Especialista em Recursos Hídricos e de Especialista em Geopro- dos, um ou mais dos seguintes fatores:
cessamento, quando em exercício de atividades inerentes às atribuições do
respectivo cargo na Agência Nacional de Águas - ANA; I - qualidade técnica do trabalho;
XLVI - Gratificação de Desempenho dos Planos Especiais de Cargos II - capacidade de autodesenvolvimento;
das Agências Reguladoras - GDPCAR, instituída pela Lei no 11.357, de
III - capacidade de iniciativa;
2006, devida aos servidores de que trata o art. 31 da mencionada Lei
integrantes dos Quadros de Pessoal Específico, quando em exercício de IV - relacionamento interpessoal; e
atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo nas respectivas
Agências Reguladoras de lotação; V - flexibilidade às mudanças.

XLVII - Gratificação de Efetivo Desempenho em Regulação - GEDR, § 3o Os servidores não ocupantes de cargos em comissão ou função
instituída pela Lei no 11.357, de 2006, devida aos ocupantes dos cargos do de confiança serão avaliados na dimensão individual, a partir:
Plano Especial de Cargos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - I - dos conceitos atribuídos pelo próprio avaliado, na proporção de
ANVISA, quando em exercício de atividades inerentes às atribuições do quinze por cento;
respectivo cargo na ANVISA; e
II - dos conceitos atribuídos pela chefia imediata, na proporção de ses-
XLVIII - Gratificação de Desempenho de Atividade Técnica de Plane- senta por cento; e
jamento - GDATP, de que trata a Lei no 11.890, de 2008, devida aos servi-
dores titulares dos cargos de provimento efetivo de Técnico de Planejamen- III - da média dos conceitos atribuídos pelos demais integrantes da e-
to P-1501 do Grupo P-1500, de que trata a Lei no 9.625, de 7 de abril de quipe de trabalho, na proporção de vinte e cinco por cento.
1998. § 4o Os servidores ocupantes de cargos em comissão ou função de
Art. 2o Para efeito de aplicação do disposto neste Decreto, ficam defini- confiança que não se encontrem na situação prevista no inciso II do art. 13
dos os seguintes termos: ou no inciso II do art. 14 serão avaliados na dimensão individual, a partir:
I - avaliação de desempenho: monitoramento sistemático e contínuo da I - dos conceitos atribuídos pelo próprio avaliado, na proporção de
atuação individual do servidor e institucional dos órgãos e das entidades de quinze por cento;
lotação dos servidores integrantes dos planos de cargos e de carreiras II - dos conceitos atribuídos pela chefia imediata, na proporção de ses-
abrangidos pelo art. 1o, tendo como referência as metas globais e interme-
senta por cento; e
diárias destas unidades;
III - da média dos conceitos atribuídos pelos integrantes da equipe de
II - unidade de avaliação: o órgão ou a entidade como um todo, um trabalho subordinada à chefia avaliada, na proporção de vinte e cinco por
subconjunto de unidades administrativas de um órgão ou entidade que cento.
execute atividades de mesma natureza, ou uma unidade isolada, conforme
definido no ato de que trata o caput do art. 7o, a partir de critérios geográfi- § 5o Excepcionalmente, no primeiro ciclo de avaliação implementado a
cos, de hierarquia organizacional ou de natureza de atividade; partir da data de publicação deste Decreto, os servidores de que tratam os
§§ 3o e 4o serão avaliados apenas pela chefia imediata.
III - equipe de trabalho: conjunto de servidores que faça jus a uma das
gratificações de desempenho de que trata o art. 1o, em exercício na mesma § 6o A atribuição de conceitos pelos integrantes da equipe de trabalho
unidade de avaliação; aos pares e à chefia imediata, a que se referem os incisos III dos §§ 3o e 4o
deverá ser precedida de evento preparatório com vistas ao esclarecimento
IV - ciclo de avaliação: período de doze meses considerado para reali- da metodologia, procedimentos, critérios e sua correta aplicação.
zação da avaliação de desempenho individual e institucional, com vistas a
aferir o desempenho dos servidores alcançados pelo art. 1o e do órgão ou § 7o Caberá à unidade de recursos humanos de cada órgão ou entida-
da entidade em que se encontrem em exercício; e de de lotação consolidar os conceitos atribuídos ao servidor e dar ciência
ao avaliado de todo o processado.
V - plano de trabalho: documento em que serão registrados os dados
referentes a cada etapa do ciclo de avaliação, observado o disposto no art. Art. 5o A avaliação de desempenho institucional visa a aferir o alcance
6o. das metas organizacionais, podendo considerar projetos e atividades
prioritárias e condições especiais de trabalho, além de outras característi-
Art. 3o Os valores referentes às gratificações de desempenho referidas cas específicas.
no art. 1o serão atribuídos aos servidores que a elas fazem jus em função
do alcance das metas de desempenho individual e do alcance das metas § 1o As metas referentes à avaliação de desempenho institucional de-
de desempenho institucional do órgão ou entidade de lotação do servidor. verão ser segmentadas em:
Art. 4o A avaliação de desempenho individual será feita com base em I - metas globais, elaboradas, quando couber, em consonância com o
critérios e fatores que reflitam as competências do servidor, aferidas no Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei
desempenho individual das tarefas e atividades a ele atribuídas. Orçamentária Anual - LOA; e
II - metas intermediárias, referentes às equipes de trabalho.

Gestão de Pessoas 137


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§ 2o As metas globais referentes à avaliação de desempenho institu- Parágrafo único. O plano de trabalho deverá abranger o conjunto dos
cional serão fixadas anualmente, em ato do dirigente máximo do órgão ou servidores em exercício na unidade de avaliação, devendo cada servidor
entidade de lotação ou do Ministro de Estado ao qual o órgão ou entidade individualmente estar vinculado à pelo menos uma ação, atividade, projeto
esteja vinculado, conforme disposto nas leis que instituíram as gratificações ou processo.
de desempenho de que trata este Decreto, podendo ser revistas, a qual-
quer tempo, na hipótese de superveniência de fatores que influenciem Art. 7o Os critérios e procedimentos específicos de avaliação de de-
significativa e diretamente a sua consecução, desde que o órgão ou entida- sempenho individual e institucional e de atribuição das gratificações de
de não tenha dado causa a tais fatores. desempenho regulamentadas por este Decreto serão estabelecidos em ato
do dirigente máximo do órgão ou entidade ou do Ministro de Estado ao qual
§ 3o As metas referidas no § 2o devem ser objetivamente mensuráveis, o órgão ou entidade esteja vinculado, observada a legislação específica de
utilizando-se como parâmetros indicadores que visem a aferir a qualidade cada gratificação de desempenho referida no art. 1o.
dos serviços relacionados à atividade finalística do respectivo órgão ou
entidade de lotação, levando-se em conta, no momento de sua fixação, os Parágrafo único. O ato a que se refere o caput deverá conter:
índices alcançados nos exercícios anteriores. I - os critérios, as normas, os procedimentos, os mecanismos de avali-
§ 4o As metas globais estabelecidas pelas entidades da administração ação e os controles necessários à implementação da gratificação;
indireta deverão ser compatíveis com as diretrizes, políticas e metas gover- II - a identificação do responsável pela observância dos critérios e pro-
namentais dos órgãos da administração direta aos quais estão vinculadas. cedimentos gerais e específicos de avaliação de desempenho em cada
§ 5o As metas intermediárias de que trata o inciso II do § 1o deverão ser unidade de avaliação;
elaboradas em consonância com as metas globais, podendo ser segmenta- III - a data de início e término do ciclo de avaliação, o prazo para pro-
das, segundo critérios geográficos, de hierarquia organizacional ou de cessamento das avaliações e a data a partir da qual os resultados da
natureza de atividade. avaliação gerarão efeitos financeiros;
§ 6o As metas de desempenho individual e as metas intermediárias de IV - os fatores a serem aferidos na avaliação de desempenho individu-
desempenho institucional deverão ser definidas por critérios objetivos e al;
comporão o plano de trabalho de cada unidade do órgão ou entidade de
lotação e, salvo situações devidamente justificadas, serão previamente V - o peso relativo do cumprimento de metas e de cada fator, referidos
acordadas entre o servidor, a chefia e a equipe de trabalho. no art. 4o, e de cada conceito, referido nos §§ 3o e 4o do art. 4o, na compo-
sição do resultado final da avaliação de desempenho individual;
§ 7o Não havendo a pactuação a que se refere o § 6o antes do início do
período de avaliação, caberá à chefia responsável pela equipe de trabalho VI - os indicadores de desempenho institucional;
fixar as metas. VII - a metodologia de avaliação a ser utilizada, abrangendo os proce-
§ 8o As metas de desempenho institucional e os resultados apurados a dimentos que irão compor o processo de avaliação, a sequência em que
cada período deverão ser amplamente divulgados pelo órgão ou entidade serão desenvolvidos e os responsáveis pela sua execução;
de lotação, inclusive em seu sítio eletrônico, permanecendo acessíveis a VIII - os procedimentos relativos ao encaminhamento de recursos por
qualquer tempo. parte do servidor avaliado;
§ 9o No primeiro período de avaliação, o último percentual apurado em IX - as unidades da estrutura organizacional do órgão ou entidade qua-
avaliação de desempenho institucional já efetuada no respectivo órgão ou lificadas como unidades de avaliação; e
entidade de lotação poderá ser utilizado para o cálculo da parcela a que se
refere o inciso II do art. 8o. X - a sistemática de estabelecimento das metas, da sua quantificação e
revisão a cada ano.
§ 10. Para fins do disposto no § 9o, o ato a que se refere o caput do
art. 7o disporá sobre quais resultados de alcance das metas globais serão Art. 8o As gratificações de desempenho regulamentadas por este De-
utilizados no primeiro período de avaliação para fins de pagamento da creto serão pagas observados o limite máximo de cem pontos e o mínimo
parcela institucional das gratificações de desempenho de que trata o art. 1o, de trinta pontos por servidor, correspondendo cada ponto, em seus respec-
tendo em vista o planejamento institucional, podendo considerar projetos e tivos níveis, classes e padrões, aos valores estabelecidos em lei, respeitada
atividades prioritárias e condições especiais de trabalho, além de outras a seguinte distribuição:
características específicas.
I - até vinte pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos
Art. 6o O plano de trabalho a que se refere o § 6o do art. 5o deverá con- na avaliação de desempenho individual; e
ter, no mínimo:
II - até oitenta pontos serão atribuídos em função dos resultados obti-
I - as ações mais representativas da unidade de avaliação; dos na avaliação de desempenho institucional.
II - as atividades, projetos ou processos em que se desdobram as a- Art. 9o Os valores a serem pagos a título de gratificação de desempe-
ções: nho serão calculados multiplicando-se o somatório dos pontos auferidos
nas avaliações de desempenho individual e institucional pelo valor do ponto
III - as metas intermediárias de desempenho institucional e as metas de estabelecido em lei, observados, conforme o caso, o nível, a classe e o
desempenho individual propostas; padrão em que se encontra posicionado o servidor.
IV - os compromissos de desempenho individual e institucional, firma- Art. 10. As avaliações de desempenho individual e institucional serão
dos no início do ciclo de avaliação entre o gestor, a equipe e cada integran- apuradas anualmente e produzirão efeitos financeiros mensais por igual
te da equipe, a partir das metas institucionais de que tratam os incisos I e II período.
do § 1o do art. 5o;
§ 1o O ciclo da avaliação de desempenho terá a duração de doze me-
V - os critérios e procedimentos de acompanhamento do desempenho ses, exceto o primeiro ciclo, que poderá ter duração inferior à estabelecida
individual e institucional de todas as etapas ao longo do ciclo de avaliação, neste parágrafo, e compreenderá as seguintes etapas:
sob orientação e supervisão do gestor e da Comissão de Acompanhamento
de que trata o art. 23; I - publicação das metas globais, a que se refere o inciso I do § 1o do
art. 5o;
VI - a avaliação parcial dos resultados obtidos, para subsidiar ajustes
no decorrer do ciclo de avaliação; e II - estabelecimento de compromissos de desempenho individual e ins-
titucional, firmados no início do ciclo de avaliação entre a chefia imediata e
VII - a apuração final do cumprimento das metas e demais compromis- cada integrante da equipe, a partir das metas institucionais de que trata o
sos firmados de forma a possibilitar o fechamento dos resultados obtidos inciso II do § 1o do art. 5o;
em todos os componentes da avalição de desempenho.

Gestão de Pessoas 138


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III - acompanhamento de todas as etapas do processo de avaliação de § 1o No caso das gratificações de desempenho referidas nos incisos
desempenho individual e institucional, sob orientação e supervisão dos XLIII a XLVII do art. 1o, aplica-se o inciso II deste artigo aos cargos comis-
dirigentes do órgão ou entidade e da Comissão de Acompanhamento de sionados CGE I a IV, CA I e II e CD I e II, ou cargos equivalentes, no âmbito
que trata o art. 23, ao longo do ciclo de avaliação; das Agências Reguladoras.
IV - avaliação parcial dos resultados obtidos, para fins de ajustes ne- § 2o A avaliação institucional referida no inciso II do caput será a do
cessários; órgão ou entidade de lotação.
V - apuração final das pontuações para o fechamento dos resultados Art. 14. Os titulares dos cargos de provimento efetivo integrantes dos
obtidos em todos os componentes da avaliação de desempenho; Planos de Carreiras e Cargos de que trata o art. 1o, quando não se encon-
trarem em exercício no respectivo órgão ou entidade de lotação, ressalvado
VI - publicação do resultado final da avaliação; e o disposto em legislação específica, somente farão jus à respectiva gratifi-
VII - retorno aos avaliados, visando a discutir os resultados obtidos na cação de desempenho:
avaliação de desempenho, após a consolidação das pontuações. I - quando requisitados pela Presidência ou Vice-Presidência da Repú-
§ 2o O primeiro ciclo de avaliação de desempenho relativo à GDATEM blica ou nas hipóteses de requisição previstas em lei, situação na qual
não poderá ter duração inferior a seis meses. perceberão a gratificação de desempenho calculada com base nas regras
aplicáveis como se estivessem em efetivo exercício no respectivo órgão ou
§ 3o As avaliações serão processadas no mês subsequente ao término entidade de lotação; e
do período avaliativo e gerarão efeitos financeiros a partir do primeiro dia do
mês subsequente ao do processamento das avaliações. II - quando cedidos para órgãos ou entidades da União distintos dos in-
dicados no inciso I e investidos em cargo de Natureza Especial, de provi-
§ 4o Até que sejam processados os resultados do primeiro ciclo de ava- mento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores -
liação de desempenho, as gratificações de desempenho serão pagas no DAS, níveis 6, 5, 4 ou equivalentes, perceberão a gratificação de desempe-
valor correspondente a oitenta pontos, observados os respectivos níveis, nho calculada com base no resultado da avaliação institucional do período.
classes e padrões, exceto nos casos em que a legislação específica da
gratificação dispuser de forma diversa. Parágrafo único. A avaliação institucional referida no inciso II do caput
será a do órgão ou entidade de lotação.
§ 5o O primeiro ciclo de avaliação terá início trinta dias após a data de
publicação das metas de desempenho, a que se refere o § 1o do art. 5o, Art. 15. As gratificações de desempenho referidas nos incisos I e XIX
exceto nos casos em que a legislação específica da gratificação dispuser do art. 1o serão pagas, com base na avaliação de desempenho individual
de forma diversa. somada ao resultado da avaliação institucional, ao servidor:
§ 6o O resultado da primeira avaliação de desempenho processada de I - cedido aos Estados do Amapá, de Roraima e de Rondônia, com
acordo com o disposto neste ato gerará efeitos financeiros a partir da fundamento no art. 31 da Emenda Constitucional no 19, de 4 de junho de
publicação do ato a que se refere o § 2o do art. 5o, ou na data estabelecida 1998, e no § 2o do art. 19 da Lei Complementar no 41, de 22 de dezembro
na lei específica de cada gratificação de desempenho. de1981, no caso da GDPGPE; ou
§ 7o O disposto nos §§ 4o, 5o e 6o aplica-se aos ocupantes de cargos II - à disposição de Estado, do Distrito Federal ou de Município, con-
comissionados que fazem jus às gratificações de desempenho de que trata forme disposto no art. 20 da Lei no 8.270, de 17 de dezembro de 1991, no
o art. 1o. caso da GDPGPE ou GDPST; ou
§ 8o Até que seja processada a primeira avaliação de desempenho in- III - de que trata o art. 21 da Lei no 8.270, de 1991, no caso da GDPG-
dividual que venha a surtir efeito financeiro, o servidor recém-nomeado para PE; ou
cargo efetivo e aquele que tenha retornado de licença sem vencimento, de IV - cedido nos termos do inciso I do art. 22 e do art. 23 da Lei no 9.637,
cessão ou de outros afastamentos sem direito à percepção de gratificação de 15 de maio de 1998, no caso da GDPGPE.
de desempenho, no decurso do ciclo de avaliação, receberá a respectiva
gratificação no valor correspondente a oitenta pontos, exceto nos casos em § 1o A avaliação institucional referida no caput será a:
que a legislação específica da gratificação dispuser de forma diversa.
I - do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, para os servi-
Art. 11. A avaliação de desempenho individual somente produzirá efei- dores referidos nos incisos I, III e IV do caput; e
tos financeiros se o servidor tiver permanecido em exercício nas atividades
relacionadas ao plano de trabalho a que se refere o art. 6o, por, no mínimo, II - do Ministério da Saúde, para os servidores referidos no inciso II do
dois terços de um período completo de avaliação. caput.

Art. 12. As avaliações de desempenho individual e institucional serão § 2o A parcela da gratificação de desempenho referente à avaliação in-
utilizadas como instrumento de gestão, com a identificação de aspectos do dividual será paga aos servidores de que trata o caput com base nos
desempenho que possam ser melhorados por meio de oportunidades de critérios e procedimentos específicos a serem estabelecidos em ato:
capacitação e aperfeiçoamento profissional. I - do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, para
Art. 13. Os titulares dos cargos de provimento efetivo integrantes dos os servidores referidos nos incisos I, III e IV do caput; e
Planos de Carreiras e de Cargos referidos no art. 1o, quando investidos em II - do Ministro de Estado da Saúde, para os servidores referidos no in-
cargo em comissão ou função de confiança no respectivo órgão e entidade ciso II do caput.
de lotação, farão jus à respectiva gratificação de desempenho da seguinte
forma: § 3o A avaliação de desempenho individual do servidor de que trata o
caput será realizada pela chefia imediata ou, excepcionalmente, por aquele
I - os investidos em função de confiança ou cargo em comissão do a quem o dirigente máximo do órgão ou entidade de exercício do servidor
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 3, 2, 1 ou designar.
equivalentes, perceberão a gratificação de desempenho calculada confor-
me disposto no art. 9o; e § 4o O órgão ou entidade de exercício do servidor de que trata o caput
é responsável pelo envio do resultado da avaliação individual para o órgão
II - os investidos em cargo de Natureza Especial ou cargo em comissão ou entidade de lotação, na forma que dispuser o ato a que se refere o § 2o.
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6, 5, 4 ou
equivalentes, perceberão a respectiva gratificação de desempenho calcula- § 5o O órgão ou entidade de lotação dos servidores de que trata o ca-
da com base no valor máximo da parcela individual, somado ao resultado put será responsável pela orientação, acompanhamento, supervisão e
da avaliação institucional do respectivo órgão ou entidade de lotação no processamento da avaliação individual, bem como pelo registro histórico
período. dos resultados das avaliações.

Gestão de Pessoas 139


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§ 6o Para fins do disposto nos incisos I a VII do § 1o do art. 10, deverão § 2o O pedido de reconsideração será apreciado no prazo máximo de
ser consideradas as condições específicas de exercício profissional e cinco dias, podendo a chefia deferir o pleito, total ou parcialmente, ou
observados os procedimentos aplicáveis aos demais servidores do órgão indeferi-lo.
ou entidade no qual o servidor de que trata o caput esteja em exercício.
§ 3o A decisão da chefia sobre o pedido de reconsideração interposto
§ Até que sejam processados os resultados da primeira avaliação
7o será comunicada, no máximo até o dia seguinte ao de encerramento do
individual, conforme disposto neste Decreto, os servidores de que trata o prazo para apreciação pelo avaliador, à unidade de recursos humanos, que
caput, perceberão a respectiva gratificação em valor correspondente a dará ciência da decisão ao servidor e à Comissão de Acompanhamento de
oitenta pontos, que serão multiplicados pelo valor constante das leis especí- que trata o art. 23.
ficas que dispõem sobre as gratificações de desempenho nele referidas.
§ 4o Na hipótese de deferimento parcial ou de indeferimento do pleito,
Art. 16. Em caso de afastamentos e licenças considerados pela Lei no caberá recurso à Comissão de Acompanhamento de que trata o art. 23, no
8.112, de 1990, como de efetivo exercício, sem prejuízo da remuneração e prazo de dez dias, que o julgará em última instância.
com direito à percepção da gratificação de desempenho, o servidor conti-
nuará percebendo a respectiva gratificação correspondente à última pontu- § 5o O resultado final do recurso deverá ser publicado no boletim admi-
ação obtida, até que seja processada a sua primeira avaliação após o nistrativo do órgão ou entidade de lotação, intimando o interessado por
retorno. meio do fornecimento de cópia da íntegra da decisão.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de ces- Art. 23. Será instituída, no âmbito do órgão ou entidade de lotação, por
são. intermédio de ato de seu dirigente máximo, Comissão de Acompanhamento
da Avaliação de Desempenho - CAD, que participará de todas as etapas do
Art. 17. O titular de cargo de provimento efetivo dos Planos de Carrei- ciclo da avaliação de desempenho.
ras e de Cargos referidos no art. 1o que não permanecer em efetivo exercí-
cio na mesma unidade organizacional durante todo o período de avaliação § 1o A CAD será formada por representantes indicados pelo dirigente
será avaliado pela chefia imediata de onde houver permanecido por maior máximo do órgão ou entidade e por membros indicados pelos servidores.
tempo. § 2o A CAD deverá julgar, em última instância, os eventuais recursos
Parágrafo único. Caso o servidor tenha permanecido o mesmo número interpostos quanto aos resultados das avaliações individuais.
de dias em diferentes unidades organizacionais, a avaliação será feita pela § 3o A forma de funcionamento da CAD será definida no ato a que se
chefia imediata da unidade em que se encontrava no momento do encer- refere o caput do art. 7o.
ramento do período de avaliação.
§ 4o Somente poderão compor a CAD servidores efetivos, em exercício
Art. 18. Ocorrendo exoneração do cargo em comissão, o titular de car- no órgão ou entidade, que não estejam em estágio probatório ou respon-
go de provimento efetivo dos Planos de Carreiras e de Cargos referidos no dendo a processo administrativo disciplinar.
art. 1o continuará percebendo a respectiva gratificação de desempenho
correspondente ao último valor obtido, até que seja processada a sua § 5o No caso dos órgãos ou entidades que tenham unidades descentra-
primeira avaliação após a exoneração. lizadas, poderão ser instituídas subcomissões de acompanhamento, cujas
atribuições e forma de funcionamento serão estabelecidas no ato a que se
Art. 19. Os servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo dos refere o caput do art. 7o.
Planos de Carreiras e Cargos referidos no art. 1o que obtiverem avaliação
de desempenho individual inferior a cinquenta por cento da pontuação § 6o A composição da CAD e das subcomissões serão definidas em ato
máxima prevista serão submetidos a processo de capacitação ou de análi- dos dirigentes máximos dos órgãos e das entidades.
se da adequação funcional, conforme o caso, sob a responsabilidade do Art. 24. Durante o primeiro período de avaliação, as atribuições da CAD
órgão ou entidade de lotação. ficarão a cargo da unidade de recursos humanos do órgão ou entidade de
§ 1o Ao servidor ativo beneficiário da GDATFA que obtiver pontuação lotação.
inferior a cinquenta pontos em duas avaliações individuais consecutivas Art. 25. Para fins de incorporação das gratificações a que se refere o
será assegurado processo de capacitação, de responsabilidade do órgão art. 1o aos proventos de aposentadoria ou às pensões, serão adotados os
ou entidade de lotação. critérios estabelecidos na legislação específica de cada gratificação.
§ 2o A análise de adequação funcional visa a identificar as causas dos Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
resultados obtidos na avaliação do desempenho e servirá de subsídio para
a adoção de medidas que possam propiciar a melhoria do desempenho do Art. 27. Ficam revogados:
servidor.
I - os Decretos nos:
Art. 20. As gratificações de desempenho referidas no art. 1o não pode-
a) 3.762, de 5 de março de 2001;
rão ser pagas cumulativamente com qualquer outra gratificação de desem-
b) 4.540, de 23 de dezembro de 2002;
penho profissional, individual ou institucional ou de produtividade, indepen-
c) 5.008, de 8 de março de 2004;
dentemente da sua denominação ou base de cálculo.
d) 5.009, de 8 de março de 2004;
Art. 21. Aos ocupantes dos cargos de provimento efetivo dos Planos de e) 5.206,de15desetembrode2004;
Carreiras e Cargos referidos no art. 1o é assegurada a participação no f) 5.207,de16desetembrode2004;
processo de avaliação de desempenho, mediante prévio conhecimento dos g) 5.407,de31demarçode2005;
critérios e instrumentos utilizados, assim como do acompanhamento do h) 5.515,de18deagostode2005;
processo, cabendo ao órgão ou entidade de lotação a ampla divulgação e a i) 5.572,de3denovembrode2005;
orientação a respeito da política de avaliação dos servidores. j) 5.580,de10denovembrode2005;
k) 5.616,de13dedezembrode2005;
Art. 22. O avaliado poderá apresentar pedido de reconsideração, devi- l) 5.827, de 29 de junho de 2006;
damente justificado, contra o resultado da avaliação individual, no prazo de m) 5.915, de 28 de setembro de 2006;
dez dias, contados do recebimento de cópia de todos os dados sobre n) 6.030, de 1o de fevereiro de 2007; e
avaliação. o) 6.069,de27marçode2007; e
§ 1o O pedido de reconsideração de que trata o caput será apresenta- II - os arts. 1o a 14 do Decreto no 5.914, de 28 de setembro de 2006.
do à unidade de recursos humanos do órgão ou entidade de lotação, que o
encaminhará à chefia do servidor para apreciação. Brasília, 19 de março de 2010; 189o da Independência e 122o da Re-
pública.
DECRETO Nº 7.203/2010 (VEDAÇÃO DO NEPOTISMO).

Gestão de Pessoas 140


Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
DECRETO Nº 7.203, DE 4 DE JUNHO DE 2010. III - realizadas anteriormente ao início do vínculo familiar entre o agente
público e o nomeado, designado ou contratado, desde que não se caracte-
Dispõe sobre a vedação do nepotismo no âmbito da administração pú- rize ajuste prévio para burlar a vedação do nepotismo; ou
blica federal.
IV - de pessoa já em exercício no mesmo órgão ou entidade antes do
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confe- início do vínculo familiar com o agente público, para cargo, função ou
re o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, emprego de nível hierárquico igual ou mais baixo que o anteriormente
DECRETA: ocupado.
Art. 1o A vedação do nepotismo no âmbito dos órgãos e entidades da Parágrafo único. Em qualquer caso, é vedada a manutenção de familiar
administração pública federal direta e indireta observará o disposto neste ocupante de cargo em comissão ou função de confiança sob subordinação
Decreto. direta do agente público.
Art. 2o Para os fins deste Decreto considera-se: Art. 5º Cabe aos titulares dos órgãos e entidades da administração pú-
blica federal exonerar ou dispensar agente público em situação de nepotis-
I - órgão: mo, de que tenham conhecimento, ou requerer igual providência à autori-
a) a Presidência da República, compreendendo a Vice-Presidência, a dade encarregada de nomear, designar ou contratar, sob pena de respon-
Casa Civil, o Gabinete Pessoal e a Assessoria Especial; sabilidade.

b) os órgãos da Presidência da República comandados por Ministro de Parágrafo único. Cabe à Controladoria-Geral da União notificar os ca-
Estado ou autoridade equiparada; e sos de nepotismo de que tomar conhecimento às autoridades competentes,
sem prejuízo da responsabilidade permanente delas de zelar pelo cumpri-
c) os Ministérios; mento deste Decreto, assim como de apurar situações irregulares, de que
tenham conhecimento, nos órgãos e entidades correspondentes.
II - entidade: autarquia, fundação, empresa pública e sociedade de e-
conomia mista; e Art. 6º Serão objeto de apuração específica os casos em que haja indí-
cios de influência dos agentes públicos referidos no art. 3o:
III - familiar: o cônjuge, o companheiro ou o parente em linha reta ou
colateral, por consanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau. I - na nomeação, designação ou contratação de familiares em hipóte-
ses não previstas neste Decreto;
Parágrafo único. Para fins das vedações previstas neste Decreto, serão
consideradas como incluídas no âmbito de cada órgão as autarquias e II - na contratação de familiares por empresa prestadora de serviço ter-
fundações a ele vinculadas. ceirizado ou entidade que desenvolva projeto no âmbito de órgão ou enti-
dade da administração pública federal.
Art. 3o No âmbito de cada órgão e de cada entidade, são vedadas as
nomeações, contratações ou designações de familiar de Ministro de Esta- Art. 7o Os editais de licitação para a contratação de empresa prestado-
do, familiar da máxima autoridade administrativa correspondente ou, ainda, ra de serviço terceirizado, assim como os convênios e instrumentos equiva-
familiar de ocupante de cargo em comissão ou função de confiança de lentes para contratação de entidade que desenvolva projeto no âmbito de
direção, chefia ou assessoramento, para: órgão ou entidade da administração pública federal, deverão estabelecer
vedação de que familiar de agente público preste serviços no órgão ou
I - cargo em comissão ou função de confiança;
entidade em que este exerça cargo em comissão ou função de confiança.
II - atendimento a necessidade temporária de excepcional interesse
Art. 8o Os casos omissos ou que suscitem dúvidas serão disciplinados
público, salvo quando a contratação tiver sido precedida de regular proces-
e dirimidos pela Controladoria-Geral da União.
so seletivo; e
Art. 9o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
III - estágio, salvo se a contratação for precedida de processo seletivo
que assegure o princípio da isonomia entre os concorrentes. Brasília, 4 de junho de 2010; 189o da Independência e 122o da Repú-
blica.
§ Aplicam-se as vedações deste Decreto também quando existirem
1o
circunstâncias caracterizadoras de ajuste para burlar as restrições ao DECRETO Nº 5.707/2006 (DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL).
nepotismo, especialmente mediante nomeações ou designações recípro-
cas, envolvendo órgão ou entidade da administração pública federal. DECRETONº5.707,DE 23DEFEVEREIRODE 2006.
§ As vedações deste artigo estendem-se aos familiares do Presiden-
2o Institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da
te e do Vice-Presidente da República e, nesta hipótese, abrangem todo o administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e regulamen-
Poder Executivo Federal. ta dispositivos da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
§ 3o É vedada também a contratação direta, sem licitação, por órgão ou O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe con-
entidade da administração pública federal de pessoa jurídica na qual haja fere o art. 84, incisos IV e VI, alínea "a", da Constituição, e tendo em vista o
administrador ou sócio com poder de direção, familiar de detentor de cargo disposto nos arts. 87 e 102, incisos IV e VII, da Lei no 8.112, de 11 de
em comissão ou função de confiança que atue na área responsável pela dezembro de 1990,
demanda ou contratação ou de autoridade a ele hierarquicamente superior
DECRETA:
no âmbito de cada órgão e de cada entidade.
Objeto e Âmbito de Aplicação
Art. 4º Não se incluem nas vedações deste Decreto as nomeações, de-
signações ou contratações: Art. 1o Fica instituída a Política Nacional de Desenvolvimento de Pes-
I - de servidores federais ocupantes de cargo de provimento efetivo, soal, a ser implementada pelos órgãos e entidades da administração públi-
bem como de empregados federais permanentes, inclusive aposentados, ca federal direta, autárquica e fundacional, com as seguintes finalidades:
observada a compatibilidade do grau de escolaridade do cargo ou emprego I - melhoria da eficiência, eficácia e qualidade dos serviços públicos
de origem, ou a compatibilidade da atividade que lhe seja afeta e a comple- prestados ao cidadão;
xidade inerente ao cargo em comissão ou função comissionada a ocupar,
além da qualificação profissional do servidor ou empregado; II - desenvolvimento permanente do servidor público;

II - de pessoa, ainda que sem vinculação funcional com a administra- III - adequação das competências requeridas dos servidores aos objeti-
ção pública, para a ocupação de cargo em comissão de nível hierárquico vos das instituições, tendo como referência o plano plurianual;
mais alto que o do agente público referido no art. 3º; IV - divulgação e gerenciamento das ações de capacitação; e

Gestão de Pessoas 141


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V - racionalização e efetividade dos gastos com capacitação. Art. 4o Para os fins deste Decreto, são consideradas escolas de gover-
no as instituições destinadas, precipuamente, à formação e ao desenvolvi-
Art. 2o Para os fins deste Decreto, entende-se por: mento de servidores públicos, incluídas na estrutura da administração
I - capacitação: processo permanente e deliberado de aprendizagem, pública federal direta, autárquica e fundacional.
com o propósito de contribuir para o desenvolvimento de competências Parágrafo único. As escolas de governo contribuirão para a identifica-
institucionais por meio do desenvolvimento de competências individuais; ção das necessidades de capacitação dos órgãos e das entidades, que
II - gestão por competência: gestão da capacitação orientada para o deverão ser consideradas na programação de suas atividades.
desenvolvimento do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes Instrumentos
necessárias ao desempenho das funções dos servidores, visando ao alcan-
ce dos objetivos da instituição; e Art. 5o São instrumentos da Política Nacional de Desenvolvimento de
Pessoal:
III - eventos de capacitação: cursos presenciais e à distância, aprendi-
zagem em serviço, grupos formais de estudos, intercâmbios, estágios, I - plano anual de capacitação;
seminários e congressos, que contribuam para o desenvolvimento do
servidor e que atendam aos interesses da administração pública federal II - relatório de execução do plano anual de capacitação; e
direta, autárquica e fundacional. III - sistema de gestão por competência.
Diretrizes § 1o Caberá à Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Or-
Art. 3o São diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento de Pes- çamento e Gestão desenvolver e implementar o sistema de gestão por
soal: competência.
§ 2o Compete ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e
I - incentivar e apoiar o servidor público em suas iniciativas de capaci-
Gestão disciplinar os instrumentos da Política Nacional de Desenvolvimento
tação voltadas para o desenvolvimento das competências institucionais e
de Pessoal.
individuais;
II - assegurar o acesso dos servidores a eventos de capacitação inter- Art. 6o Os órgãos e entidades da administração pública federal direta,
na ou externamente ao seu local de trabalho; autárquica e fundacional deverão incluir em seus planos de capacitação
ações voltadas à habilitação de seus servidores para o exercício de cargos
III - promover a capacitação gerencial do servidor e sua qualificação de direção e assessoramento superiores, as quais terão, na forma do art. 9o
para o exercício de atividades de direção e assessoramento; da Lei no 7.834, de 6 de outubro de 1989, prioridade nos programas de
desenvolvimento de recursos humanos.
IV - incentivar e apoiar as iniciativas de capacitação promovidas pelas
próprias instituições, mediante o aproveitamento de habilidades e conheci- Parágrafo único. Caberá à ENAP promover, elaborar e executar ações
mentos de servidores de seu próprio quadro de pessoal; de capacitação para os fins do disposto no caput, bem assim a coordena-
ção e supervisão dos programas de capacitação gerencial de pessoal civil
V - estimular a participação do servidor em ações de educação conti- executados pelas demais escolas de governo da administração pública
nuada, entendida como a oferta regular de cursos para o aprimoramento federal direta, autárquica e fundacional.
profissional, ao longo de sua vida funcional;
Comitê Gestor
VI - incentivar a inclusão das atividades de capacitação como requisito
para a promoção funcional do servidor nas carreiras da administração Art. 7o Fica criado o Comitê Gestor da Política Nacional de Desenvol-
pública federal direta, autárquica e fundacional, e assegurar a ele a partici- vimento de Pessoal, com as seguintes competências:
pação nessas atividades;
I - avaliar os relatórios anuais dos órgãos e entidades, verificando se
VII - considerar o resultado das ações de capacitação e a mensuração foram observadas as diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento de
do desempenho do servidor complementares entre si; Pessoal;
VIII - oferecer oportunidades de requalificação aos servidores redistri- II - orientar os órgãos e entidades da administração pública federal di-
buídos; reta, autárquica e fundacional na definição sobre a alocação de recursos
para fins de capacitação de seus servidores;
IX - oferecer e garantir cursos introdutórios ou de formação, respeita-
das as normas específicas aplicáveis a cada carreira ou cargo, aos servido- III - promover a disseminação da Política Nacional de Desenvolvimento
res que ingressarem no setor público, inclusive àqueles sem vínculo efetivo de Pessoal entre os dirigentes dos órgãos e das entidades, os titulares das
com a administração pública; unidades de recursos humanos, os responsáveis pela capacitação, os
servidores públicos federais e suas entidades representativas; e
X - avaliar permanentemente os resultados das ações de capacitação;
IV - zelar pela observância do disposto neste Decreto.
XI - elaborar o plano anual de capacitação da instituição, compreen-
dendo as definições dos temas e as metodologias de capacitação a serem Parágrafo único. No exercício de suas competências, o Comitê Gestor
implementadas; deverá observar as orientações e diretrizes para implementação da Política
Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, fixadas pela Câmara de Políticas
XII - promover entre os servidores ampla divulgação das oportunidades de Gestão Pública, de que trata o Decreto no 5.383, de 3 de março de 2005.
de capacitação; e
Art. 8o O Comitê Gestor da Política Nacional de Desenvolvimento de
XIII - priorizar, no caso de eventos externos de aprendizagem, os cur- Pessoal será composto por representantes dos seguintes órgãos e entidade
sos ofertados pelas escolas de governo, favorecendo a articulação entre do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, designados pelo
elas e visando à construção de sistema de escolas de governo da União, a Ministro de Estado:
ser coordenado pela Escola Nacional de Administração Pública - ENAP.
I - Secretaria de Recursos Humanos, que o coordenará;
Parágrafo único. As instituições federais de ensino poderão ofertar cur-
sos de capacitação, previstos neste Decreto, mediante convênio com II - Secretaria de Gestão; e
escolas de governo ou desde que reconhecidas, para tanto, em ato conjun-
to dos Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e da III - ENAP.
Educação. Parágrafo único. Compete à Secretaria de Recursos Humanos do Mi-
Escolas de Governo nistério do Planejamento, Orçamento e Gestão:

Gestão de Pessoas 142


Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
I - desenvolver mecanismos de incentivo à atuação de servidores dos Servidor Público Federal - SIASS, integrante do Sistema de Pessoal Civil
órgãos e das entidades como facilitadores, instrutores e multiplicadores em da Administração Federal - SIPEC, criado pelo Decreto nº67.326, de 5 de
ações de capacitação; e outubro de 1970.
II - prestar apoio técnico e administrativo e os meios necessários à e- Art. 2º O SIASS tem por objetivo coordenar e integrar ações e
xecução dos trabalhos do Comitê Gestor. programas nas áreas de assistência à saúde, perícia oficial, promoção,
prevenção e acompanhamento da saúde dos servidores da administração
Treinamento Regularmente Instituído federal direta, autárquica e fundacional, de acordo com a política de
Art. 9o Considera-se treinamento regularmente instituído qualquer ação atenção à saúde e segurança do trabalho do servidor público federal,
de capacitação contemplada no art. 2o, inciso III, deste Decreto. estabelecida pelo Governo.
Art. 3º Para os fins deste Decreto, considera-se:
Parágrafo único. Somente serão autorizados os afastamentos para
treinamento regularmente instituído quando o horário do evento de capaci- I - assistência à saúde: ações que visem a prevenção, a detecção
tação inviabilizar o cumprimento da jornada semanal de trabalho do servi- precoce e o tratamento de doenças e, ainda, a reabilitação da saúde do
dor, observados os seguintes prazos: servidor, compreendendo as diversas áreas de atuação relacionadas à
atenção à saúde do servidor público civil federal;
I - até vinte e quatro meses, para mestrado;
II - perícia oficial: ação médica ou odontológica com o objetivo de
II - até quarenta e oito meses, para doutorado; avaliar o estado de saúde do servidor para o exercício de suas atividades
laborais; e
III - até doze meses, para pós-doutorado ou especialização; e
III - promoção, prevenção e acompanhamento da saúde: ações com o
IV - até seis meses, para estágio. objetivo de intervir no processo de adoecimento do servidor, tanto no
Licença para Capacitação aspecto individual quanto nas relações coletivas no ambiente de trabalho.
Art. 4o Fica instituído o Comitê Gestor de Atenção à Saúde do
Art. 10. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor poderá
Servidor, no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
solicitar ao dirigente máximo do órgão ou da entidade onde se encontrar em
com as seguintes atribuições:
exercício licença remunerada, por até três meses, para participar de ação
de capacitação. I - aprovar as diretrizes para aplicação da política de atenção à saúde e
segurança do trabalho do servidor público federal, e para a capacitação dos
§ 1o A concessão da licença de que trata o caput fica condicionada ao servidores em exercício nas unidades do SIASS;
planejamento interno da unidade organizacional, à oportunidade do afasta-
mento e à relevância do curso para a instituição. II - deliberar sobre as propostas de criação, jurisdição e funcionamento
das unidades do SIASS;
§ 2o A licença para capacitação poderá ser parcelada, não podendo a
III - deliberar, em relação às unidades do SIASS, sobre os instrumentos
menor parcela ser inferior a trinta dias.
de cooperação e as iniciativas para provimento de materiais e
§ 3o O órgão ou a entidade poderá custear a inscrição do servidor em equipamentos, força de trabalho, imóveis e instalações, bem como sobre
ações de capacitação durante a licença a que se refere o caput deste contratos de segurança, limpeza e conservação;
artigo. IV - deliberar sobre os procedimentos para uniformização e
§ A licença para capacitação poderá ser utilizada integralmente para
4o padronização das ações relativas ao SIASS;
a elaboração de dissertação de mestrado ou tese de doutorado, cujo objeto V - orientar e acompanhar a execução das ações e programas no
seja compatível com o plano anual de capacitação da instituição. âmbito do SIASS; e
Reserva de Recursos VI - aprovar regras e procedimentos para guarda e utilização das
informações pessoais sobre a saúde dos servidores, de acesso restrito às
Art. 11. Do total de recursos orçamentários aprovados e destinados à pessoas a que elas se referirem ou a servidores autorizados na forma da
capacitação, os órgãos e as entidades devem reservar o percentual fixado lei.
a cada biênio pelo Comitê Gestor para atendimento aos públicos-alvo e a
conteúdos prioritários, ficando o restante para atendimento das necessida- § 1o A força de trabalho do SIASS será formada exclusivamente por
des específicas. servidores federais, ficando vedadas a terceirização de mão-de-obra e a
contratação de pessoal por tempo determinado.
Disposição Transitória
§ 2o O Comitê Gestor pautará suas ações visando tornar célere o
Art. 12. Os órgãos e entidades deverão priorizar, nos dois primeiros atendimento ao servidor, especialmente no que se refere às ações
anos de vigência deste Decreto, a qualificação das unidades de recursos preventivas, e reduzir o tempo de ausência do servidor do seu ambiente de
humanos, no intuito de instrumentalizá-las para a execução das ações de trabalho.
capacitação. Art. 5o O Comitê Gestor será composto por um representante de cada
Vigência órgão a seguir indicado:

Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. I - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que o coordenará;
II - Casa Civil da Presidência da República;
Revogação
III - Ministério da Saúde;
Art. 14. Fica revogado o Decreto no 2.794, de 1o de outubro de 1998.
IV - Ministério da Previdência Social;
DECRETO Nº 6.833, DE 29 DE ABRIL DE 2009. V - Ministério da Educação;
Institui o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público VI - Ministério da Fazenda; (Redação dada pelo Decreto nº 7.121, de
Federal - SIASS e o Comitê Gestor de Atenção à Saúde do Servidor. 2010)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe VII - Ministério do Trabalho e Emprego; e (Redação dada pelo Decreto
confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em nº 7.121, de 2010)
vista o disposto no art. 30 do Decreto-Lei no 200, de 25 de fevereiro de VIII - Ministério da Justiça. (IncluídopeloDecretonº7.121,de2010)
1967,
§ 1o A Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do
DECRETA: Planejamento, Orçamento e Gestão exercerá as funções de secretaria-
Art. 1º Fica instituído, no âmbito do Ministério do Planejamento, executiva do Comitê Gestor.
Orçamento e Gestão, o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do

Gestão de Pessoas 143


Gestão de Pessoas Editora Tradição – Participando de sua aprovação!
§ 2o As deliberações do Comitê Gestor serão adotadas por maioria ( ) No modelo autocrático de liderança, as comunicações verticais des-
simples, presentes pelo menos cinco dos seus membros, cabendo ao cendentes prevalecem sobre as ascendentes.
coordenador exercer, além do próprio voto, o de desempate. ( ) O modelo autocrático de liderança enfatiza a confiança mútua, a
§ 3o Os membros do Comitê Gestor, titular e suplente, serão indicados participação e o envolvimento do grupo.
pelos titulares dos seus respectivos órgãos e designados pelo Ministro de
Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, para mandato de três anos, Escolha a alternativa que contém a sequência CORRETA.
permitida uma única recondução. A) V, F, V, V, F.
B) V, V, F, V, V.
§ 4o As regras para organização e funcionamento do Comitê Gestor C) V, V, V, F, F.
serão definidas em seu regimento interno, aprovado na forma do § 2o, D) F, V, V, F, F.
observadas as disposições deste Decreto. E) V, V, V, F, V.
§ 5o A participação no Comitê Gestor é considerada de relevante
interesse público e não será remunerada. 4. É de fundamental importância, para se compreender a relação entre
motivação e desempenho, entender que
Art. 6º O exercício do servidor no âmbito do SIASS não implica
A) motivação e cultura organizacional estão estreitamente vinculadas.
mudança de unidade de lotação ou de órgão de origem. B) o estilo gerencial vigente na organização não afeta o desempenho.
Art. 7o Caberá ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e C) todas as pessoas têm o mesmo nível motivacional.
Gestão decidir sobre as deliberações do Comitê Gestor e celebrar os D) a motivação caracteriza-se por um elevado padrão de racionalidade
instrumentos de cooperação ou parceria com os órgãos e entidades da objetiva.
administração direta, autárquica e fundacional. E) o desempenho individual não depende da capacidade da pessoa nem
Art. 8º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. das oportunidades oferecidas pela organização.
Art. 9o Fica revogado o Decreto no 5.961, de 13 de novembro de 2006. 5. Complete a afirmativa a seguir com a opção CORRETA.
Brasília, 29 de abril de 2009; 188o da Independência e 121o da Repú- As políticas de gestão de pessoas e suas respectivas práticas devem
blica. estar às estratégias empresariais para
produzirem melhores para as organizações.
PROVA SIMULADA A) alinhadas, resultados
1. Leia as afirmativas a seguir. B) vinculadas, processos
I. O comportamento organizacional refere-se ao estudo de indivíduos e C) desagregadas, lucros
grupos atuando em organizações . D) extrínsecas, vantagens
II. O comportamento organizacional está voltado para o estudo da E) alheias, satisfações
dinâmica e do funcionamento das organizações.
III. O comportamento organizacional corresponde ao lado humano da 6. A teoria motivacional de Maslow se baseia na chamada hierarquia
organização. das necessidades. Assinale a alternativa que indica, apenas, aspec-
Assinale a alternativa CORRETA. tos relacionados à classificação de necessidades sociais.
A) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. A) Trabalho seguro, reconhecimento, responsabilidade.
B) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. B) Interação com clientes, amizade dos colegas, chefia amigável.
C) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. C) desagregadas, lucros
D) Nenhuma das afirmativas está correta. D) Crescimento pessoal, benefícios, grupos sociais.
E) Todas as afirmativas estão corretas. E) Trabalho seguro, horário, interação com clientes.

2. Sobre a liderança, assinale como verdadeira ( V ) ou falsa ( F ) cada 7. Considerando que se pretenda implantar, em uma organização, um
afirmativa. sistema de gestão de desempenho, julgue os itens a seguir, como
( ) Liderança é o processo de dirigir o comportamento das pessoas para Certo ou Errado, quanto às premissas que devem embasar esse pro-
o alcance de objetivos. cesso.
( ) Liderança é uma influência interpessoal exercida em uma dada a) O modelo de gestão de desempenho deve ser definido com a partici-
situação e dirigida através do processo de comunicação humana para pação restrita das chefias da organização.
a consecução de um ou mais objetivos específicos.
( ) Liderança é uma função das necessidades existentes em uma deter- b) Deve-se utilizar a avaliação 360 graus por ela se adequar a qualquer
minada situação e consiste em uma relação entre um individuo e um ambiente/situação organizacional.
grupo.
( ) Liderança é uma característica exclusiva das funções de chefia e c) Na definição de investimento em capacitação, devem ser utilizados os
decorre da estrutura formal da organização. resultados da avaliação do desempenho.
( ) Liderança é a capacidade de justificar legalmente o exercício do
poder. d) Os sistemas focados na avaliação comportamental devem ser priori-
zados sob qualquer circunstância, não sendo importantes os que fo-
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA. calizam resultados.
A) V, F, V,V , V.
B) V, V, F, V, V. e) O comprometimento da alta direção da organização constitui diferen-
C) V, V, V, F, F. cial para o sucesso da implantação de um sistema de gestão de de-
D) F, V, V, F, F. sempenho.
E) V, V, V, F, V.
f) São duas as etapas do sistema de gestão de desempenho: planeja-
3. Sobre estilos de liderança, assinale como verdadeira ( V ) ou falsa ( F mento e avaliação.
) cada afirmativa.
( ) O modelo autocrático de liderança caracteriza-se pela centralização a) EECECE
das decisões na cúpula da organização. b) EEECCC
( ) O modelo autocrático de liderança caracteriza-se pela valorização do c) CECECE
processo representativo. d) CECECE
( ) O modelo democrático de liderança caracteriza-se pela participação
dos empregados no processo de tomada de decisões. 8. O processo de gestão por competências tem se destacado como uma
opção para o aprimoramento da gestão de pessoas nas organiza-

Gestão de Pessoas 144


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ções. Acerca desse tema, julgue os próximos itens, como Certo ou 12. Uma empresa realizou um processo de seleção visando a enfatizar a
Errado. liderança, os aspectos comportamentais e a facilidade no relaciona-
a) A gestão por competência deve ser implantada a partir do mapea- mento interpessoal. A técnica de seleção utilizada, nesse caso, foi:
mento das competências organizacionais e profissionais desejadas A) a simulação
bem como das competências existentes. B) a entrevista
C) a prova objetiva
b) Nesse processo deve-se considerar que as competências dos indiví- D) o teste de personalidade
duos são influenciadas por aspectos motivacionais, traços de perso-
nalidade e capacidades pessoais. 13. O modelo contingencial de desenho de cargos é caracterizado pela
seguinte afirmação:
c) A gestão por competência é voltada para o desenvolvimento sistemá- A) a busca da eficiência do desenho de cargo realiza-se através do
tico de competências profissionais das equipes e dos empregados. método e racionalização do trabalho.
B) o desenho de cargos simples requer pouco treinamento e facilita a
d) As competências humanas são externadas quando as pessoas seleção
relatam verbalmente o que fazem na organização. C) o desenho de cargo baseia-se na dinâmica e na contínua mudança e
revisão do cargo
e) Nas organizações, o enfoque com base em competências possibilita D) o desenho de cargo deve ser projetado como algo definitivo
uma visão mais clara das possibilidades de ascensão do empregado,
na medida em que especifica o conjunto de competências para dife- 14. Uma organização utiliza, em sua avaliação de desempenho, um
rentes níveis de carreira do mesmo eixo, ou mesmo para eixos distin- método que se baseia nas características externas relacionadas a
tos. desempenhos altamente positivos ou altamente negativos. Esta forma
a) CCCEC de avaliar caracteriza o método:
b) ECCEC A) das listas de avaliações
c) ECECE B) dos incidentes críticos
d) CCECC C) de participação por objetivos
D) de escolha forçada
9. A respeito das expectativas atuais relativas à atuação estratégica da
área de gestão de pessoas, julgue os itens subsequentes, como Cer- 15. Com relação às necessidades básicas do ser humano, avalie os itens
to ou Errado. a seguir:
a) A área de gestão de pessoas pode orientar políticas e ações, visando 1- A cesta básica distribuída por empresas, é ideal para motivar um
à aquisição das competências necessárias à consecução dos objeti- grupo que está com a necessidade de segurança mais precária.
vos organizacionais. 2- A compra de um carro de luxo está mais ligada à satisfação da ne-
b) A área de gestão de pessoas deve estar voltada para o atendimento cessidade de status.
da padronização das competências dos indivíduos. 3- A estabilidade de emprego atende melhor os empregados com ne-
c) Para que a organização alcance seus objetivos, as atribuições rela- cessidade de segurança.
cionadas à área de gestão de pessoas devem envolver estudo da cul- 4- A habitação ou moradia satisfaz mais às necessidades fisiológicas do
tura, das competências e do desenvolvimento do comprometimento ser humano.
dos empregados. 5- Os elogios atendem melhor aquela pessoa com maior necessidade
d) O foco da área de gestão de pessoas deve ser móvel, adaptando-se de estima.
às mudanças no cenário em que a organização se insere, as quais O correto está somente em:
podem interferir no mercado de trabalho ou no resultado da empresa. A) 1, 2, 4 e 5.
B) 2, 3, 4 e 5.
a) CECC C) 1 e 3.
b) CCCC D) 1, 2, 3 e 5.
c) CECE
d) CEEE 16. Nesses últimos anos, assistimos a muitas mudanças e transforma-
ções. Testemunhamos guerras e a paz entre continentes. Vimos
grandes potências surgirem no mundo empresarial, da mesma forma
10. O gerente de recursos humanos de uma empresa farmacêutica está que assistimos a outras tantas desaparecer. Embora ouçamos sem-
implantando uma metodologia de avaliação de desempenho em sua pre dizer que as mudanças são necessárias, por que há tantas resis-
empresa, e optou pelo método de pesquisa de campo. Isto significa: tências?
a) avaliar o desempenho das pessoas por meio de fatores de avaliação 1- pela maneira inadequada como são implantadas.
previamente definidos e graduados, utilizando um formulário de dupla 2- porque ninguém gosta de mudança.
entrada no qual as linhas em sentido horizontal representam os fato- 3- pelo medo do novo, do que é desconhecido, do que não é familiar.
res de avaliação do desempenho, enquanto as colunas em sentido 4- porque resistências sempre fazem bem às mudanças.
vertical representam os graus de variação dos fatores de avaliação; 5- pelo medo de fazer contato com as pessoas.
b) avaliar o desempenho dos indivíduos por intermédio de frases descri- São corretas somente as afirmativas:
tivas de determinadas alternativas de tipos de desempenho individual; A) 1 e 4.
c) que o superior irá avaliar o subordinado, com o auxílio de um espe- B) 1, 2 e 5.
cialista (staff). Este especialista irá a cada seção para entrevistar as C) 1 e 3.
chefias sobre o desempenho de seus respectivos subordinados; D) 2, 3 e 4.
d) que a avaliação será feita por todos os elementos que mantêm algu-
ma interação com o avaliado, de forma circular. 17. Considerando que a Remuneração por Competência é uma ferramen-
ta de Gestão, é correto afirmar:
11. O desempenho na realização de qualquer tipo de tarefa é influencia- 1- Os funcionários que ocupam o mesmo cargo podem receber salários
do por forças chamadas motivos, as quais produzem a motivação. diferentes conforme a competência de cada um.
Podemos citar como exemplos de motivos internos: 2- É uma forma de remuneração relacionada com o grau de informação
a) valores e habilidades das pessoas; e o nível de capacitação de cada funcionário.
b) discurso de exortação feito por líder político; 3- O foco principal é o cargo e não a pessoa.
c) escala de progressão salarial; 4- O objetivo é remunerar de maneira personalizada cada funcionário de
d) desafio proposto pelo gerente de vendas. acordo com sua competência pessoal.
O correto está apenas em:

Gestão de Pessoas 145


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A) 1 e 2. A) enriquecimento
B) 2 e 4. B) ampliação
C) 1, 2 e 4. C) extensão
D) 2, 3 e 4. D) rotação

18. Com relação às vantagens esperadas pelo desenho clássico dos 25. A obtenção da análise do cargo é possível a partir dos requisitos
cargos, é correto afirmar: chamados de fatores de especificação. Exigência anterior e tempo de
A) Cargos simples requerem pouco treinamento e facilitam a seleção. adaptação são fatores relacionados ao seguinte tipo de requisito:
B) Cargos simples requerem pessoas com poucas habilidades, porém A) físico
com salários mais altos. B) mental
C) A padronização dos cargos dificulta o controle e supervisão dos C) técnico
subordinados. D) responsabilidade
D) Devido à mecanização, o ocupante do cargo fica fisicamente cansa-
do. 26. O treinamento realizado com o objetivo de aumentar o nível de abs-
tração do indivíduo é o do tipo:
19. A avaliação do desempenho tem várias aplicações e propósitos, A) transmissão de informações
dentre os quais: B) desenvolvimento de atitudes
I- Localizar pessoas com características e atitudes adequadas ao C) desenvolvimento de conceitos
negócio da organização. D) desenvolvimento de habilidades
II- Indicar se as pessoas estão sendo adequadamente recompensadas e
remuneradas. 27. A monitoração do processo de treinamento, bem como a comparação
III- Verificar se o tempo de serviço se constitui no melhor critério de da situação atual com a situação anterior, correspondem às etapas
promoção. de:
IV- Propiciar a retroação às pessoas sobre o desenvolvimento de suas A) implementação e ação
tarefas. B) avaliação e controle
O correto está apenas em: C) diagnóstico e prognóstico
A) I e IV. D) decisão estratégica e implementação
B) II e III.
C) I, II e III. 28. Relativamente a gestão de pessoas, assinale a opção correta.
D) I, II e IV. a) O processo de seleção de recursos humanos deve apoiar-se em um
conjunto de critérios extraídos das características do cargo a ser pre-
20. O processo de seleção de pessoal é um sistema de comparação e de enchido. Assim, os instrumentos utilizados no processo de seleção
escolha, através do qual determinados padrões são adotados como possibilitam a coleta de informações acerca do candidato, o que per-
critérios extraídos de informações sobre o cargo a ser preenchido, e mite a comparação entre o perfil deste e o do cargo a ser ocupado.
sobre os candidatos que se apresentam. Uma das maneiras de reali- b) O modelo clássico de desenho de cargos favorece a segmentação e
zar a coleta destas informações baseia-se na anotação sistemática e fracionamento dos cargos em tarefas simples, repetitivas e facilmente
criteriosa que os gestores procuram realizar sobre fatos e comporta- treináveis, na busca da máxima eficiência em um ambiente estável; o
mentos dos ocupantes anteriores do cargo e que produziram bons ou modelo contingencial baseia-se na contínua ampliação do cargo atra-
maus resultados no trabalho. Este método de avaliação é conhecido vés do amplo enriquecimento de tarefas. As estruturas com muitos
como: níveis administrativos, como os órgãos públicos brasileiros, cujos
A) descrição e análise do cargo. grupos de trabalho são focados nas unidades administrativas formali-
B) técnica dos incidentes críticos. zadas, utilizam caracteristicamente o modelo contingencial.
C) requisição de pessoal. c) A responsabilidade pela avaliação de desempenho é unicamente do
D) análise do cargo no mercado. próprio indivíduo, pois, na área de gestão de pessoal, destaca-se a
necessidade de cada pessoa se auto-avaliar o mais adequadamente
21. A técnica indicada para seleção de pessoal que enfatiza aspectos quanto à sua performance, eficiência e eficácia.
comportamentais, bem como evidencia a liderança do candidato e a d) Em uma organização, a principal responsabilidade da assessoria
facilidade no relacionamento com as outras pessoas, é a: (staff) é a identificação dos problemas decorrentes da carência de
A) entrevista preliminar treinamento, processo que deve ser iniciado a partir do levantamento
B) entrevista técnica de necessidades (LNT).
C) teste de seleção
D) simulação 29. A Avaliação de Desempenho tem por objetivo realizar uma aprecia-
ção sistemática do desempenho do indivíduo no cargo, e seu poten-
22. Ao processo de iniciação e de aculturação às práticas e filosofias da cial de desenvolvimento futuro. Um dos pontos fracos do processo de
organização, bem como à modificação de hábitos e comportamentos avaliação do desempenho pode ocorrer quando:
indesejados da pessoa recém-admitida, dá-se o nome de: a) a avaliação enfatiza a atuação do indivíduo no cargo e não a impres-
A) socialização são a respeito dos hábitos pessoais, observados no trabalho.
B) acomodação b) a avaliação abarca não somente o desempenho dentro do cargo
C) cultura organizacional ocupado, mas, também, o alcance de metas e objetivos.
D) desenvolvimento de habilidades c) avaliador e avaliado estão de acordo em que a avaliação deve trazer
algum benefício para a organização, e para o próprio funcionário.
23. O grau de liberdade que o ocupante tem para programar suas ativi- d) as pessoas envolvidas na avaliação de desempenho a percebem
dades, selecionar equipamentos e escolher métodos e procedimentos como uma situação de recompensa, ou de punição, pelo desempe-
a seguir está relacionado com: nho passado.
A) a retroação
B) a autonomia 30. A Avaliação de Desempenho tem por objetivo realizar uma aprecia-
C) o significado das tarefas ção sistemática do desempenho do indivíduo no cargo, e seu poten-
D) a identificação com as tarefas cial de desenvolvimento futuro. Um dos pontos fracos do processo de
avaliação do desempenho pode ocorrer quando:
24. A maneira de se obter satisfação através do cargo que tem como A) a avaliação enfatiza a atuação do indivíduo no cargo e não a impres-
escopo aumentar gradativamente os objetivos, as responsabilidades são a respeito dos hábitos pessoais, observados no trabalho.
e os desafios das tarefas, denomina-se:

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B) a avaliação abarca não somente o desempenho dentro do cargo b) José é Líder de um grupo. Ele é capaz de se relacionar com seus
ocupado, mas, também, o alcance de metas e objetivos. colaboradores de modo equilibrado e sabe como compreender as
C) avaliador e avaliado estão de acordo em que a avaliação deve trazer pessoas. Nessa situação, José demonstra ter empatia com sua equi-
algum benefício para a organização, e para o próprio funcionário. pe.
D) as pessoas envolvidas na avaliação de desempenho a percebem A) C, E
como uma situação de recompensa, ou de punição, pelo desempe- B) C, C
nho passado. C) E, E
D) E, C
31. O processo de interação humana é um dos aspectos mais importan- E) N. R. A.
tes na definição de atividades voltadas para a obtenção dos resulta-
dos de qualquer organização. Com relação a esse assunto, julgue os 35. A competência interpessoal é um requisito imprescindível em todos
itens subsequentes em (C) CERTO ou (E) ERRADO. os níveis ocupacionais de uma organização, desde o atendimento à
a) Os processos interpessoais existentes nas organizações dependem comunidade externa até o convívio diário com o público interno, no
tanto da qualificação técnica de seus membros quanto de habilidades mesmo setor (os colegas e a chefia imediata) e intersetores. Acerca
de comunicação. de relações humanas, julgue os itens subsequentes em (C) CERTO
b) A sujeição a variações conjunturais caracteriza o relacionamento ou (E) ERRADO.
interpessoal como um processo. a) A competência interpessoal é a habilidade de ser eficaz nas relações
c) A discriminação de certos aspectos do próprio comportamento facilita interpessoais, de lidar com outras pessoas de maneira diferenciada,
a convivência com os colegas no trabalho e contribui para evitar influ- adequada ás necessidades de cada uma.
ências recíprocas, que prejudicam a autonomia de cada um. b) Perceber de forma acurada uma situação e suas variáveis permite
d) O desempenho esperado, tanto individual quanto coletivo, pode ser que o indivíduo seja capaz de se posicionar de forma habilidosa na
alterado pela interação entre os membros da organização, que pode rede de relações interpessoais interna e externa no local de trabalho.
também gerar comportamentos insólitos. c) Espaços internos de exposição de conflitos, no trabalho, podem
A) C, E, E, C aumentar as divergências e dificultar a elaboração das relações de
B) E, C, E, C confiança entre os trabalhadores.
C) E, E, C, C A) C, E, C
D) E, E, E, C B) C, C, E
E) E, E, E, E C) E, E, E
D) C, C, C
32. A maneira como as relações humanas são conduzidas em uma E) E, C, E
organização tem forte impacto na produtividade e na qualidade do
trabalho. Com referência a esse tema, julgue os itens que se seguem 36. Considere a seguinte situação hipotética:
em (C) CERTO ou (E) ERRADO. a) Carlos, funcionário público, integra uma equipe de agentes adminis-
a) A diminuição da qualidade das relações interpessoais entre os em- trativos do setor de recursos humanos do MEC. Carlos está sempre
pregados de uma empresa está diretamente relacionada ao aumento reforçando para seus pares a ideia de que toda a equipe precisa tra-
de produtividade. balhar suas competências de integração por meio de atitudes de res-
b) A valorização do ser humano no ambiente profissional é fato gerador peito às diferenças individuais, busca de qualidade do trabalho, busca
de produtos e serviços de melhor qualidade. de alcance das metas, ausência de imposição de limites nas relações
c) Relações humanas infortunadas entre empregados que desempe- interpessoais e estabelecimento de relações de poder sadias. Nessa
nham a mesma função normalmente são benéficas, uma vez que es- situação, todos os aspectos reforçados por Carlos conduzem a equi-
timulam o espírito competitivo dos empregados, o que gera resulta- pe a um estágio de boas relações humanas no trabalho.
dos mais positivos. b) Bruno, administrador público, interage com os demais colaboradores
d) O relaxamento da cobrança de disciplina produz incremento nos de seu setor basicamente para compartilhar informações e tomar de-
graus de satisfação dos empregados, o que contribui para maior efi- cisões que ajudem cada pessoa no seu desempenho funcional, no
ciência no trabalho. campo definido como de responsabilidade individual. Nessa situação,
A) C, C, C, C essa coletividade funcional com a qual Bruno interage é denominada
B) E, C, E, E equipe de trabalho.
C) C, E, C, E A) C, C
D) C, C, C, E B) E, E
E) E, E, E, E C) E, C
D) C, E
33. Manter boas relações humanas no trabalho é uma habilidade que E) N. R. A
compõe importante diferencial nas organizações.
Acerca desse tema, julgue os itens que se seguem em (C) CERTO ou 37. Segundo as teorias da motivação, recompensas extrínsecas são
(E) ERRADO: (A) externas à própria organização e resultantes da valorização do traba-
a) Coletar informações, junto à chefia imediata, acerca do contexto no lho da empresa pelo mercado.
qual ocorreu determinado problema de relacionamento interpessoal é (B) independentes da direção da organização, decorrendo da necessida-
suficiente para a solução desse problema. de de autorrealização dos indivíduos.
b) O gerente que tem opinião própria e que decide sozinho o que é (C) fundamentais para a possibilidade de satisfação das necessidades de
importante para a sua equipe favorece o bom clima de trabalho. autorrealização das pessoas.
A) E, C (D) aquelas que geram um sentimento de autorrealização pela participa-
B) E, E ção na gestão da empresa.
C) C, E (E) aquelas que os indivíduos recebem por seu envolvimento com pro-
D) C, C gramas de responsabilidade social da organização.
E) N. R. A. 38. A abordagem da Qualidade de Vida no Trabalho envolve duas di-
mensões potencialmente antagônicas. São elas:
34. Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotéti- (A) A necessidade de aumentos constantes de produtividade no trabalho
ca acerca das relações humanas no trabalho, seguida de uma asser- e a luta dos trabalhadores pelas melhorias salariais.
tiva a ser julgada em (C) CERTO ou (E) ERRADO. (B) O bem-estar e a satisfação dos funcionários no trabalho e a produtivi-
a) Maria é gerente e tem, sob sua coordenação, dez colaboradores, com dade e a qualidade dos produtos/serviços fornecidos pela organiza-
os quais mantém um relaciona-mento muito bom. Nessa situação, ção.
Maria demonstra ter competência técnica e interpessoal.

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(C) A preservação do meio ambiente e a expansão da produção industri- D) Incidente crítico.
al. E) [Todas as alternativas são verdadeiras.]
(D) O crescente uso de tecnologias poupadoras de mão de obra e a
necessidade de elevar a qualificação dos trabalhadores. 44. Dadas as afirmações a respeito do processo de atendimento ao
(E) A melhoria contínua dos processos e a necessidade de lazer dos cliente,
trabalhadores. I. Quando chegar a hora marcada para o fim do expediente e fecha-
mento do ponto, devemos demonstrar para o cliente a ansiedade pelo
39. Nem sempre as empresas que criaram um nicho de mercado serão encerramento dos serviços.
sempre as líderes desse mesmo mercado. Isto ocorre porque a mo- II. A falta de comunicação dos dados importantes e indispensáveis para
derna gestão de pessoas pressupõe o serviço ao funcionário responsável pelo atendimento é certeza de
(A) a existência de uma política de carreiras estável e bem delineada. prejuízo.
(B) uma cultura organizacional onde predominem valores como respeito III. A atenção para os itens que interessam ao cliente é uma questão de
à hierarquia e à disciplina. preparo e postura do prestador de serviço. Enquanto o estabeleci-
(C) uma política de remuneração centrada na valorização da qualificação mento recebe os clientes, é hora de atendimento.
formal dos funcionários. IV. Equipes multidisciplinares enxergam melhor os problemas, comple-
(D) a existência de um clima organizacional saudável e seguro para todos mentando-se e encontrando soluções de forma mais imediata. verifi-
os funcionários. ca-se que estão corretas
(E) o desenvolvimento de um clima organizacional próativo e desafiador. A) II, III e IV.
B) II e IV.
40. Em ambientes altamente competitivos, em que predominam a mu- C) I e II.
dança e a incerteza, a cultura organizacional D) I, II, III e IV.
(A) deve ser tratada como mais um elemento do planejamento estratégi- E) I, II e III.
co da organização.
(B) terá um impacto significativo sobre o desempenho econômico da 45. O profissional de recursos humanos deve dispor de um conjunto de
organização apenas no curto prazo. elementos a fim de tornar o processo seletivo menos subjetivo e mais
(C) exerce maior influência sobre o desempenho e os resultados da pragmático. Considerando os itens seguintes,
empresa do que os aspectos físicos, estruturais e estratégias organi- I. Ter a descrição do cargo da vaga em aberto.
zacionais. II. Conhecer (e entender) a missão, a visão, os objetivos estratégicos,
(D) dificulta a sobrevivência de uma organização no longo prazo, quando os princípios da empresa para não contratar “um estranho no ninho”.
baseada em valores centrais que transcendem considerações eco- III. Conhecer os principais desafios esperados pela área solicitante.
nômicas. IV. Ter a percepção correta do perfil comportamental esperado/desejado.
(E) representa aspectos irracionais profundamente enraizados na organi- V. Conhecer a cultura, os valores e os princípios, não só da empresa,
zação que devem ser removidos. mas da área, bem como da equipe da vaga em aberto.

41. A área de recursos humanos possui um papel determinante na valori- O reconhecimento do desempenho apresentado pelas equipes consti-
zação das competências humanas da empresa. tui parte da dinâmica da gestão de pessoas. Acerca desse tema, jul-
Nessa perspectiva, é falso afirmar que gue os itens a seguir.
A) o processo seletivo é hoje considerado pelos empresários e executi-
vos das organizações, como um evento empresarial estratégico e vi- 46. Os critérios utilizados para a definição de recompensas pelo desem-
tal. penho das equipes devem ter por base o mercado de trabalho e pa-
B) recrutar e selecionar pessoas no mercado é uma atividade sem drões internos de equidade.
metodologia própria e pode ser encarada como um evento pontual e
subjetivo. 47. As informações externas, que contribuem para a organização manter-
C) a seleção por competências é nada mais nada menos que ter, em se competitiva, devem ser obtidas por meio de pesquisas específicas
nossos quadros de colaboradores, pessoas capazes de desempenhar ou de contatos com o mercado.
determinada atividade com eficácia, em qualquer situação.
D) as universidades e entidades voltadas à formação profissional, estão 48. Para que haja percepção de equidade no processo de recompensa,
hoje em seus programas de desenvolvimento e capacitação profis- devem ser utilizados padrões que eliminem diferenciações inválidas
sional ou acadêmico, dando forte ênfase à questão da seleção por de desempenho.
competências.
E) as Organizações de ponta estabelecem sistemas eficazes de Recru- 49. É aceitável o entendimento de que atualmente as pessoas devem ser
tamento que definem claramente o perfil das pessoas passíveis de valorizadas não pelo que fazem, mas pelo valor daquilo que entregam
nela alcançarem sucesso. à organização.

42. Liderar é ter a capacidade de ajudar as pessoas a entender o lugar 50. A remuneração focada em resultados pressupõe maior envolvimento
onde elas se encontram, a desenhar o futuro e a descobrir meios de e comprometimento das pessoas com sua carreira e com sua valori-
realizá-lo, e acima de tudo (esse é seu maior desafio), fazê-las acre- zação no âmbito da empresa, o que pode gerar atitude de resistência
ditar que têm capacidade de atravessar a ponte para o sucesso. São entre os empregados de uma organização.
traços de personalidade comuns nos líderes, com exceção da seguin-
te alternativa: RESPOSTAS
A) Gosto pelo poder. 01. E 11. A 21. D 31. D 41. B
B) Senso de identidade pessoal. 02. C 12. A 22. A 32. B 42. C
C) Busca exclusiva de suas metas. 03. A 13. C 23. B 33. B 43. B
D) Capacidade de comunicação. 04. A 14. B 24. A 34. B 44. A
E) Capacidade de tomar a iniciativa nas relações sociais. 05. A 15. B 25. B 35. D 45. D
06. B 16. C 26. C 36. B 46. C
07. A 17. C 27. B 37. C 47. C
43. Para saber com precisão se o enfoque das relações humanas tem 08. A 18. A 28. A 38. B 48. E
influência positiva sobre o desempenho das pessoas e das organiza- 09. A 19. D 29. D 39. E 49. C
ções, o método apropriado é: 10. C 20. B 30. D 40. C 50. C
A) Estudo de caso.
B) Levantamento correlacional.
C) Levantamento simples.

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