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Podemos dizer que a filosofia surge quando os seres humanos começam a exigir
provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas. Por
que racionais? Em primeiro lugar, porque racional significa argumentado, debatido e
compreendido; em segundo lugar, porque racional significa que, ao argumentar, e
debater, queremos conhecer as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os
dos outros e; em terceiro lugar, porque racional significa respeitar certas regras de
coerência do pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido,
chegando a conclusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e respeitadas
por outros.
ATIVIDADE
Não podemos, pois, saber se uma teoria é boa se não soubermos avaliar a
qualidade dos seus argumentos. Esse é, precisamente, o nosso objectivo ao estudar
lógica.
ATIVIDADE
1- A Abstração
Exemplo: “Todo homem é um ser social” (Aristóteles)
2- O Conceito
E como se chama esta palavra que usamos para generalizar e reduzir vários
aspectos da realidade, ou seja, que usamos para realizar a abstração: esta palavra é o
conceito. Usamos os conceitos quando queremos caracterizar vários aspectos de nossa
realidade que possuem alguma coisa em comum em uma única palavra.
Ora, sabemos que existem vários animais diferentes, várias escolas distintas e
muitos modelos de carros, mas, quando no referimos a eles de modo geral e dentro de
uma proposição filosófica usamos os conceitos, para dar conta de toda estas variedade.
Só existe pensamento lógico a partir do uso da abstração e do conceito.
3- A Racionalidade
Desafios de Lógica. Para cada proposição abaixo, identifique se suas conclusões são
lógicas, isto é, se seus argumentos e se suas conclusões são validadas como proposições
lógicas:
Para que um conjunto de frases constitua um argumento tem de haver entre elas
uma certa relação, de tal modo que uma, e só uma, se apresente como conclusão e que
todas as outras sirvam como razões para obter essa conclusão. As frases, ou afirmações,
que oferecemos como razões chamamos premissas, podendo haver uma ou mais
premissas num argumento; a afirmação que daí obtemos, fazendo apelo às premissas,
chamamos, como se viu, conclusão. Eis um exemplo de um conjunto de frases que é um
argumento:
Se os filósofos têm sempre razão, então não vale a pena discutir o que dizem,
porque se têm sempre razão não temos nada para criticar e se não temos nada
para criticar não vale a pena discutir o que dizem.
Neste conjunto de frases há uma delas que é a conclusão e duas outras que são
premissas. Perante um argumento, a primeira coisa a fazer é um trabalho de
interpretação, identificando a conclusão e as premissas (ou premissa, caso haja apenas
uma). Um argumento, contudo, não é constituído por qualquer tipo de frases. Só as
frases que exprimem proposições podem fazem parte dos argumentos.
Estas frases não exprimem proposições porque não são frases declarativas. Ou
seja, não afirmam nada; exprimem apenas promessas, desejos, ordens e perguntas. Por
isso não estamos em condições de dizer se são verdadeiras ou falsas. Diz-se que não têm
condições de verdade. Assim, as frases declarativas são todas as frases, e só essas, que
têm condições de verdade. Donde se excluem todas as frases que, como acontece nos
exemplos anteriores, exprimem promessas, desejos, ordens e perguntas. As seguintes
frases podem ser verdadeiras ou falsas, e portanto têm condições de verdade:
São seis horas da tarde.
Alguém disse ao Paulo para tirar os pés da mesa.
Saber se uma frase é declarativa ou não torna-se fácil, embora haja frases muito
semelhantes em que uma é declarativa e outra não. Eis um exemplo, em que a primeira
é uma frase declarativa e a segunda não é:
Rui está na sala.
O Rui está na sala?
É claro que podemos ter dúvidas ou nem sequer saber se algumas daquelas frases
são verdadeiras ou falsas. Mas, apesar das nossas dúvidas, e quer saibamos ou não, elas
hão-de ser verdadeiras ou falsas. Quer dizer, elas têm um valor de verdade. A frase “são
seis horas da tarde” proferida às nove da manhã é falsa e proferida às seis da tarde é
verdadeira. Não deixa, contudo, de ter um valor de verdade. Assim como a frase “gosto
de aprender lógica”, proferida por umas pessoas pode ser verdadeira e por outras falsa.
Mas tem de ser verdadeira ou falsa.
ATIVIDADE
O que é validade?
Dizemos frequentemente que uma ideia, uma pessoa ou uma iniciativa são
válidas. Com isso queremos dizer que tal pessoa, tal ideia ou tal iniciativa são boas ou
úteis, ou que têm um certo valor. Isso é o que acontece na linguagem comum. Em lógica
e filosofia, porém, o termo validade tem um significado diferente e muito preciso, que
já veremos qual é. Antes disso, há uma ideia que tem de ficar bem clara. Essa ideia é a
da distinção entre verdade e validade; distinção fundamental em lógica e filosofia.
De uma proposição dizemos que é verdadeira ou falsa. Mas de um argumento,
que é formado por várias proposições, já não podemos dizer que é verdadeiro ou falso.
Isso seria um erro enorme. Algumas pessoas pensam que se um argumento é um
conjunto de proposições e como as proposições são verdadeiras ou falsas, assim
também os argumentos podem ser verdadeiros ou falsos. Isso seria o mesmo que dizer
que um conjunto de pessoas é alto porque é formado por pessoas altas. As pessoas
podem ser altas ou baixas, mas os conjuntos (sejam eles de pessoas ou de outra coisa
qualquer) não são altos nem baixos. Se, como se verá, o mesmo argumento pode conter
proposições verdadeiras e falsas, por que razão afirmaríamos que esse argumento é
verdadeiro em vez de falso, ou vice-versa? Aquilo que, primeiramente, nos interessa
num argumento é saber se a conclusão se segue das premissas. No caso de isso
acontecer estamos perante um argumento válido. Caso contrário, estamos perante um
argumento inválido. O seguinte argumento é claramente válido:
Todos os espanhóis são toureiros.
Bill Clinton é espanhol.
Logo, Bill Clinton é toureiro.
Ao analisar este argumento, a diferença entre verdade e validade torna-se clara.
É fácil verificar que tanto as premissas como a conclusão são falsas. Contudo, a
conclusão segue-se das premissas. Por isso o argumento é válido. Falamos de verdade e
falsidade quando referimos as premissas e a conclusão e falamos de validade ou
invalidade quando referimos o próprio argumento. Veja-se agora o seguinte argumento
claramente inválido:
Todos os portugueses são europeus.
Luís Figo é europeu.
Logo, Luís Figo é português.
É muito fácil verificar que se trata de um argumento inválido, bastando substituir
o nome de Luís Figo por outro nome como, digamos, Tony Blair, mas mantendo tudo o
resto. E, apesar de ser um argumento inválido, todas as proposições que o constituem
são verdadeiras. Só que a conclusão não é sustentada pelas premissas.
Mais uma vez se diz que um argumento é válido ou inválido consoante a sua
conclusão se segue ou não das premissas, sejam elas verdadeiras ou falsas. Mas esta é
ainda uma forma imprecisa de dizer o que é a validade. Existe, contudo, uma definição
explícita de “argumento válido”. Assim, diz-se que um argumento é válido se, e só se, é
logicamente impossível ter premissas verdadeiras e conclusão falsa. Sabemos agora
exactamente o que procurar num argumento para saber se é válido ou não. Tudo pode
acontecer com um argumento válido, menos uma coisa: ter premissas verdadeiras e
conclusão falsa. Mas isto não significa que o argumento é válido desde que não tenha
premissas verdadeiras e conclusão falsa. Não basta que não tenha as premissas
verdadeiras e a conclusão falsa; é necessário que isso seja impossível de acontecer.
Repare-se no meu último exemplo: não acontece ele ter as premissas verdadeiras e a
conclusão falsa, até porque premissas e conclusão são todas verdadeiras. Mas se no
mesmo argumento substituirmos, como atrás sugeri, o nome de Luís Figo pelo de Tony
Blair, o que acontece? Acontece que as premissas continuam verdadeiras mas a
conclusão é falsa. E essa é a única coisa que não pode acontecer num argumento válido.
Portanto, é inválido.
ATIVIDADE
Vimos que, para um argumento ser considerado válido ou inválido sua conclusão
deve ser resultado de suas premissas, não importando que premissas e conclusão sejam
verdadeiras ou falsas. Ainda que todo o argumento seja construído com proposições
falsas, se sua conclusão decorrer de suas premissas, ainda assim este argumento pode
ser considerado válido. Contudo, há alguns casos em que o argumento se torna inválido,
ou seja, que não há uma construção lógica de suas proposições. Veremos, nesta aula,
três destes casos, que são os mais conhecidos: o paradoxo, a aporia e a falácia.
O que é o paradoxo?
(-doxa): opinião.
O paradoxo não é uma ferramente importante apenas para a lógica, mas também
para a filosofia moral, em suas proposições filosóficas e no modo de construir seus
argumentos. Observe o exemplo a seguir:
O que é Aporia?
|_______________________________|________________|_______________|
A C D B
-1m-
Imagine que para percorrer a distância que vai do ponto A até o ponto B, que é
de 1 metro, você possa caminhar apenas a metade da distência restante. No ponto inicial
A, a metade da distância restante para chegar até B é de 50cm. Após percorrer esta
distância, concluimos que, no novo ponto de partida C, a metade da distência restante
para chegar até B será de 25cm. Percorrida esta nova distância, no novo ponto de
partida D, a metade da distância restante para chegar até B será de 12,5cm. Assim por
diante, percorrendo sempre a metade da distância restante para chegar até B, nunca se
chegará, dentro deste sistema lógico, até o ponto B. Sempre faltará a metade da
distância, independentemente do ponto de partida, para se chegar até B.
O que é a Falácia?
ATIVIDADE:
a) Temos sempre que falar a verdade. Mas e quando um mentiroso diz “eu sou um
mentiroso”, ele está mentindo ou falando a verdade?
Os limites deste texto não permitem expor de forma detalhada muitos pontos
importantes da visão aristotélica do conhecimento. Mas não poderíamos deixar de dizer
uma palavrinha sobre a lógica aristotélica. Antes de Aristóteles não houve nenhum
filósofo que se preocupasse com a formalização de regras que pudessem garantir a
validade de raciocínios e argumentos. Este é propriamente o objeto da lógica. Para
Aristóteles era mais desafiante encontrar uma forma de organizar a massa de dados do
conhecimento do que propriamente reuni-los. Nesse sentido, Aristóteles percebeu que se
fazia necessária uma classificação dos conhecimentos: ele dividiu as ciências em
teóricas (matemática, física e metafísica), práticas (ética e política) e produtivas
(agricultura, metalurgia, culinária, pintura, engenharia, etc.). Mas o filósofo também
concluiu que é fundamental estudar o procedimento correto que deve orientar uma
investigação em qualquer destas áreas. Foi então que nasceu a lógica, conjunto de
regras formais que servem para ensinar a maneira adequada de se produzir argumentos,
raciocínios, proposições, frases e juízos.
Aristóteles em vida não pôde organizar sua obra. Essa tarefa ficou a cargo de
seus alunos. Os escritos que tratavam do raciocínio foram reunidos num único volume
que recebeu o título de Organon, literalmente “instrumento”. O Organon é um conjunto
de diferentes tratados (exposição sistemática de um tema): Categorias, Tópicos,
Dos Argumentos Sofísticos, Primeiros Analíticos, Segundos Analíticos e Da
Interpretação. Segundo o historiador da filosofia Giovanni Reale, Aristóteles sabia que
estava sendo pioneiro quando começou a estudar uma forma de argumentação chamada
silogismo. Por meio das análises que o filósofo fazia de textos de sofistas, de Sócrates e
do pensamento de Platão, a lógica aristotélica:
ATIVIDADE
Atenção: a regra anterior é absoluta no que toca ao aprendizado, mas ela não diz
tudo. O texto da Física também indica que o “claro” para nós é, frequentemente, um
dado muito geral e simplista. O conhecimento só é efetivo quando puder descer às
minúcias. A marcha é do que nós sabemos em direção ao que as coisas são de fato.
Procure não fazer confusão sobre esse ponto. Essa é a razão pela qual os melhores
alunos na escola são aqueles que desenvolvem o hábito de acompanhar os pontos
principais do conteúdo. A regra de ouro é: compreenda os conceitos principais, mais
gerais, só então se dedique ao estudo dos pontos particulares. Muitas vezes esses
alunos são tomados por “inteligentes”, mas não é nada disso. Adquirir conhecimento é
uma questão de saber como procede o aprendizado. Muitos que tiram os primeiros
lugares nos vestibulares não dedicam mais do que 4 horas de estudo por dia no período
de preparação, o que escandaliza os demais que no mesmo período chegam a estudar 10
horas por dia e não alcançam os mesmos resultados.
ATIVIDADE:
c) Peça ajuda a seu professor para organizar os conteúdos que você lembra de
acordo com essa metodologia.
d) Depois disso, recorde os métodos usados pelos professores: quais foram os que
iniciaram seus conteúdos por apanhados gerais e, posteriormente, acrescentaram
os detalhes.
“O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não
conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a
prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão
distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida.
O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas
parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las. O
terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais
simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco, como por degraus, até o
conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se
precedem naturalmente uns aos outros. E o último, o de fazer em toda parte
enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada
omitir”.
ATIVIDADE:
1- O que é a lógica?
2- Qual a importância da lógica para a filosofia?
3- Faça a relação entre o que você aprendeu sobre lógica e a atitude filosófica.