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Embargos de Terceiro

Trata-se de ação, de procedimento especial contencioso, que visa à proteção da


posse ou propriedade de bens de terceiro, uma vez que estes sofreram ameaça de constrição ou
constrição judicial indevida e o ato judicial originou-se de relação processual da qual o terceiro
não participou.
Os embargos de terceiros são possíveis em qualquer dos procedimentos.
No que se refere aos fundamentos dos embargos de terceiro, não cabe ao
embargante discutir o direito das partes ou os demais atos processuais praticados, o embargante
apenas deve demonstrar que o ato processual que gerou a constrição de seus bens era
incompatível.
Observe-se que nos termos do parágrafo único do art. 675: “Caso identifique a
existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo
pessoalmente”.

1 Pressupostos

• Ato judicial que violou posse ou propriedade de terceiro (terceiro é aquele que
não é parte no processo);
• Impropriedade do ato judicial, que decorreu de processo em curso.

Observe-se que, em regra, o terceiro não é responsável pelo adimplemento da


obrigação e é estranho ao processo.
Além disto, o ato constritivo decorre de qualquer espécie de procedimento e gerou
esbulho, turbação ou mera ameaça na posse.

2 Oportunidade

• Processo de conhecimento: a qualquer tempo no processo de conhecimento,


enquanto não transitada em julgado a sentença.

• Processo de execução e cumprimento de sentença: até cinco dias depois da


adjudicação, da alienação por iniciativa particular, da arrematação ou remição, mas sempre
antes da assinatura da respectiva carta.
3 Competência

Distribuição por dependência e correrão em autos distintos perante o mesmo juiz


que ordenou a constrição (art. 676 do CPC/2015).

4 Legitimidade ativa

Nos termos do art. 674 do CPC/2015, a legitimidade ativa é de:

5 Legitimidade passiva

Todas as partes que têm interesse no ato processual emanado do processo e que
ameace a posse ou a propriedade dos bens do embargante.
O Autor da ação da qual emanou o ato de constrição sempre figurará no polo
passivo.
O réu da ação da qual emanou o ato, só figurará se concorreu para o ato de
constrição.
Poderá ainda figurar no polo passivo o terceiro adquirente do bem (exemplo:
adquiriu em hasta pública).
O réu nos embargos de terceiro deverá ser citado pessoalmente, se não tiver
procurador constituído nos autos da ação principal. Caso haja procurador, este será intimado no
lugar do réu.

6 Procedimento

A petição inicial atende aos requisitos do art. 677 do CPC/2015: o embargante


deverá respeitar o disposto no art. 319 do CPC/2015, além de fazer a prova sumária de sua
posse e a qualidade de terceiro, oferecer documentos e rol de testemunhas, requerer a liberação
dos bens e dar como valor da causa o valor do bem constrito.
Em juízo de admissibilidade, caso esteja presente o requisito, qual seja, elementos
suficientes para conduzir a um juízo provisório sobre a posse e/ou propriedade do bem do
embargante, o Juiz deferirá liminar para suspender as medidas constritivas sobre os bens
litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse,
se o embargante a houver requerido.
O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de
posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte
economicamente hipossuficiente.
Se o juiz desejar, poderá determinar audiência de justificação (oitiva do autor e de
suas testemunhas).
Após o recebimento da inicial, o juiz determinará a citação do Embargado para se
defender em 15 dias.
Vencendo o prazo de contestação – seja ela apresentada ou não –, o processo seguirá
pelo rito comum (art. 679 do CPC/2015).
Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com
o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem
ou do direito ao embargante (art. 681).
MODELO DE PETIÇÃO INICIAL DE EMBARGOS DE TERCEIRO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA CÍVEL DO


FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – ESTADO DE SÃO PAULO

(Espaço de aproximadamente 5 linhas)


Por dependência ao processo n. (número)

EMBARGANTE, (nacionalidade), (estado civil e/ou informar união estável),


(profissão), portador da cédula de identidade RG n. (número do documento) e inscrito no
CPF/MF sob o n. (número do documento), endereço eletrônico, residente e domiciliado na rua
(endereço completo), vem, por sua advogada com endereço profissional na Rua ..., nº ..., Bairro
..., Cidade ..., e endereço eletrônico, com fundamento no disposto nos artigos 674 e seguintes
do Código de Processo Civil opor EMBARGOS DE TERCEIRO pelo procedimento especial,
contra EMBARGADO, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador da cédula de
identidade RG n. (número do documento) e inscrito no CPF/MF sob o n. (número do
documento), residente e domiciliado na rua (endereço completo), pelos motivos de fato e de
direito a seguir expostos.

I – DOS FATOS

O Embargado promoveu Ação de Conhecimento pelo procedimento comum em


face da Empresa X S/C Ltda. para cobrar indenização por perdas e danos correspondente a 2%
ao mês do valor reajustado de um imóvel, o apartamento de n. (número) do Edifício (nome),
valor a ser apurado desde a data de (data) (doc. 2).

Em (data), a Empresa X S/C Ltda. apresentou defesa e, em (data), foi condenada ao


pagamento do valor pleiteado (doc. 3). O Egrégio Tribunal manteve a r. decisão.

Iniciada o cumprimento de sentença, o Embargado requereu e obteve a penhora dos


seguintes bens:
1) casa localizada na rua (endereço);
2) conjunto comercial , localizado na rua (endereço) (doc. 4).
Posteriormente, o Embargado, verificando que os imóveis pertenciam ao sócio da
empresa Fulano de Tal, pediu a desconsideração da personalidade jurídica da empresa para a
inclusão de seu sócio no polo passivo da ação. A pretensão do Embargado foi deferida em (data)
pelo r. despacho de fls. 228 (doc. 5).

O sócio da empresa (Fulano de Tal) foi citado e intimado da referida penhora por
meio de editais publicados em (data) (docs. 7, 8 e 9).

Após apresentação de Impugnação ao Cumprimento da Sentença, foi expedida carta


de sentença e encontra-se agora na fase de avaliação dos imóveis.

Entretanto, entre os imóveis penhorados existe um que não pode e não deve
continuar a garantir o presente cumprimento de sentença, trata-se do imóvel situado na rua
(endereço), casa de propriedade do Embargante. É o que se passa a demonstrar.

Com efeito, o Embargante adquiriu por meio de escritura pública de compra e venda
o referido imóvel de Fulano de Tal e sua esposa em (data).

Note-se que a aludida escritura de compra e venda do imóvel foi lavrada em (data),
antes da propositura da ação pelo Embargado. Ressalte-se, assim, que a escritura deu-se cerca
de 7 (sete) meses antes de o sócio ser incluído no polo passivo da demanda e quase 1 (um) ano
antes de sua citação como devedor. E mais, não havia à época da aquisição realizada pela
Embargante, como não há até a presente data, nenhuma notícia de arresto ou penhora do imóvel
em sua matrícula imobiliária. É, pois, o que se constata pelos docs. 10 e 11, ora anexados.

Portanto, o negócio de compra e venda celebrado é anterior à inclusão do sócio da


empresa no polo passivo da ação de conhecimento. Ademais, o imóvel pertencia ao patrimônio
pessoal da esposa do sócio.

Não há, pois, que se falar em fraude ou simulação do negócio realizado, pois, repita-
se, à época em que o Embargante adquiriu o imóvel penhorado pelo Embargado, o sócio da
empresa Ré não tinha contra si nenhuma ação ou pendência.

II – DO DIREITO
Primeiramente é salutar destacar que a presente medida esta sendo interposta dentro
do prazo legal, conforme preceitua o art. 675, do CPC:

“Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento


enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou
no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por
iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da
respectiva carta”.

Com efeito, na espécie pode-se afirmar, sem nenhum exagero ou receio, que o
Embargante, terceiro de absoluta e cristalina boa-fé, não pode ser prejudicado por ato
desprovido de amparo legal praticado pelo Embargado, pois inexiste a fraude, que, a princípio
autorizaria a penhora do imóvel alienado ao Embargante, por força do disposto no artigo 792,
IV, do Código de Processo Civil, que dispõe da seguinte forma:

“Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:


IV – quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramita contra o devedor ação
capaz de reduzi-lo à insolvência”.

Como é curial, para a caracterização da fraude de execução, prevista no art. 792,


IV, do CPC, é necessária e imprescindível a existência de dois pressupostos, tais sejam: ação
em curso, com citação válida, e o estado de insolvência em virtude da alienação.

Com base nos elementos referidos, no que dispõe a Lei Processual e a


jurisprudência dominante, é possível afirmar que a posse e a propriedade exercidas pelo
Embargante desde (data) devem ser protegidas, por meio desses embargos.

Conforme dispõe o art. 674, do CPC:

“Quem não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição


sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos
de terceiro”.
Assim, provada a qualidade de terceiro de boa-fé, legítimo o direito do Embargante
de vir, por meio destes embargos, pleitear que o imóvel de sua propriedade fique livre da
constrição judicial realizada nos autos da Ação de conhecimento pelo procedimento comum,
ora em fase de Cumprimento de Sentença, que o Embargado promove em face da Empresa X
S/C Ltda., impondo-se a procedência do pedido destes Embargos.

III – DO PEDIDO

Posto isso, requer a citação do Embargado para, querendo, apresentar defesa à


presente ação, que ao final deverá ter seu pedido julgado procedente para o fim de desconstituir
e levantar a penhora do bem pertencente ao patrimônio particular do Embargante, acima
caracterizado, e condenar o Embargado ao pagamento das custas e despesas processuais,
honorários advocatícios e demais cominações legais.

Requer, por último, a distribuição por dependência à Ação de Conhecimento pelo


procedimento comum que tramita nesse M.M. Juízo sob o n. (número), ora em fase de
cumprimento de sentença.

Requer provar o alegado por todos os meios em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ ... (valor da causa).

Nesses termos,
Pede deferimento.

Local e data.

NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO


Número de inscrição na OAB

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