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PORTFÓLIO NARRATIVO
Noções de Saúde Coletiva
Aluno (a):
Lara Monalisa Alves dos Santos - UC11681031
BRASÍLIA
2016 1
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
No caso do Brasil, as origens de saúde coletiva vêm desde a segunda metade dos anos 50
do século XX, com o projeto preventista e social dos departamentos da medicina, ampliando as
perspectivas clinicas, como a epidemiologia, as ciências da conduta dentre elas, a extensão da
atuação pedagógica para fora do hospital criando trabalhos comunitários. A década de 1960, foi
uma época de realizações e de grandes mudanças, por ter se inaugurado Brasília e com isso, os
anos iniciais de 1970 são de crescimento do Brasil, mas começa a diminuir depois de três anos,
por causa do aumento da inflação, e por consequência, tem-se o aumento da miséria que foi
constatado com o aumento da mortalidade infantil no estado mais rico da federação, São Paulo, e
dos municípios onde não possuíam abastecimento de água.
Fato que, hoje ainda possuímos estes índices alarmantes, em pleno século XXI. De acordo
com os dados disponíveis pelo TRATA BRASIL (2013), diz que apenas 82,5% dos brasileiros são
atendidos com abastecimento de água tratada e são mais de 35 milhões de brasileiros sem
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acesso a este serviço básico, fatores estes que contribuem para as grandes contrações de
doenças provenientes pela falta do saneamento básico descente.
A MEDICINA SOCIAL
A medicina social também era definida como: o estudo da dinâmica do processo saúde-
doença dentro da sociedade, sua relação com a estrutura da atenção medica, para os níveis
máximos possíveis de saúde e bem-estar das populações.
A construção da medicina social, se deu entre 1974 a 1979, sendo de fato, um momento
importante na parte de pesquisas sociais, epidemiológicas sobre os determinantes econômicos da
doença e de propostas alternativas ao sistema de saúde vigente.
O Brasil realiza um intenso projeto de conhecimento da saúde e de movimento em direção as
reformas, graças a criação dos cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado em saúde pública
e medicina social, que são enquadrados no campo das ciências da saúde, com a denominação de
Saúde Coletiva.
A SAÚDE COLETIVA
Foi marcada nos primeiros anos da década de 1980, por atividades que se voltam para a
construção do próprio campo, recriando em novos moldes (congressos, grupo de trabalho,
pesquisa e ensino), um verdadeiro movimento sanitário.
De acordo com TOLEDO (2016), os anos 1980 representam a garantia constitucional de
universalização da atenção à saúde, os problemas das redes hospitalares se agravaram devido à
grande demanda, e por causa da má qualidade de um grande número de hospitais, insatisfatórios
quanto ao dimensionamento, sua localização, e ao seu partido arquitetônico. Essa problemática
das deficiências da rede pública de saúde, têm aberto espaços cada vez maiores para a iniciativa
privada, e por consequência, a estimulação de investimento no setor, o que tem ocorrido com os
investimentos de planos de seguro-saúde, com o objetivo de oferecer ao mercado uma alternativa
de atendimento.
Na década de 1990, os níveis de desigualdade continuavam altos. De acordo com os
dados do autor NUNES (2014), cerca de 30,7% das famílias brasileiras recebiam renda inferior a
dois salários mínimos. Os 10% mais ricos no Brasil detinham 51,7% da renda, enquanto os 10%
mais pobres ficavam somente com 0,7%. Concluísse que, quem possuía um atendimento
adequado de saúde era a população mais rica do país, pois tinham maiores condições de
contribuir com algum instituto de previdência social, e ainda possuir condições de terem um
adequado sistema de saúde.
A partir do momento em que se foram firmadas as formas de tratar o coletivo, o social e o
público caminhou-se para entender a saúde coletiva como um campo estruturado e estruturante
de práticas e conhecimentos, tanto teóricos como políticos. A presença das ciências sociais e
humanas, foram se consolidando e sendo consideradas fundamentais para a compreensão dos
processos de vida, do trabalho, do adoecimento e da morte.
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A epidemiologia, foi estudada no sentido de entender as causas das doenças em grupos
de pessoas, tais como: a era sanitária, a era das doenças infecciosas, a era das doenças
crônicas, ainda no século XX. A epidemiologia e o planejamento têm trazido um crescimento
recíproco, pela junção de um rico e extenso quadro conceitual procedente das ciências sociais e
humanas.
A saúde pública vem sendo definida, estudada e aperfeiçoada desde os séculos remotos,
porém, isso não é muito bem retratado e implementado hoje depois de todos estes séculos, seja
por intervenções da igreja ou pela deficiência de como tratar suas “vitimas”, sendo estes os
pacientes na área da saúde pública, como no filme “Deuseli à margem do corpo”. Este filme
retrata o lado da lentidão do serviço público de saúde, e até que ponto isso pode prejudicar e
acarretar transtornos para a saúde de um paciente.
No filme, a trajetória de Deuseli Vanines de 19 anos, é reconstruída através de
depoimentos de pessoas que conviveram com ela, desde o momento em que é estuprada até a
sua morte, em aproximadamente três anos. Suas características (físicas e comportamentais) são
reelaboradas pelos personagens entrevistados, que incluem concepções estéticas (mais ou
menos feia, mais ou menos bonita), descrições étnicas (mais ou menos negra) e julgamentos
morais (mais ou menos prostituta, mais ou menos vítima). Enquanto a paciente se faz de vítima do
contexto em que se discute, ela é definida como “inocente” da história, e sua descrição passa a
ser relatada pelo o que é visto pela sua aparência, descrevendo-a com uma certa “delicadeza” nas
palavras propriamente ditas. A narrativa reconstrói os detalhes do estrupo sofrido por Deuseli e
protagonizado por Negro Vila, um personagem também caracterizado como (mais ou menos
negro, mais ou menos bêbado). O descaso com a jovem foi tão grande, desde que ela chegou ao
hospital para fazer a perícia medica, sendo orientada a voltar para casa e tomar banho, apagando
qualquer prova de defesa que ela poderia comprovar e não ter uma gravidez indesejada. O tópico
da questão surge a partir do atendimento recebido pela jovem no hospital.
Desde este momento, seu caso é enrolado em todos os aspectos, depois de procurar a
promotora afim da retirada do feto, ela não encontra nenhum médico que se sujeitasse a realizar
tal procedimento e com isso segue com a gravidez indesejada, apresentando um quadro grave de
epilepsia e desequilíbrio psiquiátrico, sendo apontada como uma pessoa possuída por “forças
demoníacas”. Depois de 11 meses ela mata sua filha na banheira, diante disso ela é tratada como
uma pessoa desprezada pela sociedade e pela saúde pública, e quem passa a assumir e tentar a
resolver o problema, é a igreja (a crença interferindo no tratamento). Neste caso, percebe-se a
ineficiência da saúde publica, que começou desde o momento em que ela chegou para registrar o
estrupo até o momento em que ninguém tomou as devidas providencias, influenciando o
psicológico desta jovem, por consequências de irresponsabilidades na saúde publica que
poderiam ter sido adotadas de início. Este é um fato que acontece na saúde pública, em que a
maioria dos funcionários não fazem a sua parte para o bem social da população onde trabalham,
desencadeando outras series de problemas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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O conceito próprio de saúde varia segundo a sociedade na qual é produzida, definindo que
não há um conceito universa de saúde e sim um conceito no qual foi formado ao longo de uma
história com formas de pensar o mundo, refletindo a sua conjuntura social, econômica, política e
cultural de cada época e lugar.
Recapitulando um pouco da história, na Antiguidade até a civilização grega, predominavam
explicações e intervenções sobre a doença de caráter mágico-religioso, responsáveis pela
manutenção da coesão social e pelo desenvolvimento inicial da pratica medica.
Na Grécia Antiga, a medicina era baseada na observação do adoecimento. Hipócrates, foi o pai
da medicina, dizia que era necessário estudar o ser humano em seu estado normal, na relação
com o meio em que vivia, e investigar as causas que perturbavam o equilíbrio entre ambos.
Hipócrates postulou a existência de quatro fluidos no corpo: a bile amarela, a bile negra, a fleuma
e o sangue. A doença era resultado do excesso ou da falta de um desses elementos primordiais e
suas relações com o meio natural (chuva, vento, calor ou frio) e social (trabalho, moradia, posição
social).
A idade média foi uma época marcada pelas guerras e a queda do império romano, teve influência
da igreja católica com o seu poder de autoridade, moral e financeiro, e grandes cargas de
impostos cobradas sobre os colonos, pela força de trabalho dominada pelo feudalismo, sendo
considerado a era das trevas. Com isso, o Cristianismo levou ao abandono da pratica médica.
Quem fosse alvo de alguma doença naquela época seria purificado, possuíam uma preocupação
com a salvação do espirito, e as epidemias eram vistas como um castigo divino para os pecados
do mundo. Também, nesta época surge os primeiros hospitais, hospícios e asilos, nos quais os
pacientes recebiam mais conforto espiritual do que tratamento adequado.
No final do período medieval, aumentaram as epidemias na Europa por consequência das
guerras, despertando preocupações com as formas de transmissões das doenças da época,
juntamente com dois elementos da medicina utilizados até hoje, sendo eles, o empirismo clínico,
que se apoia na observação, e a classificação das doenças em agudas e crônicas.
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O Renascimento é caracterizado como, “revolução cientifica”, levando a queda do poder da Igreja
Católica, o que permitiu o avanço cientifico e ao nascimento da ciência moderna. Issac Newton,
cientista inglês, contribuiu para a medicina através de suas teorias matemáticas que confirmaram
a visão do corpo e do mundo como uma máquina a ser explorada. Com este desenvolvimento
cientifico aparece os médicos como Miguel Severt e Willian Harvey descrevendo o mecanismo da
circulação sanguínea. A anatomia clínica do século XIX, fez com que a cura se baseasse na
eliminação dos sintomas.
A Revolução Industrial, provocou a migração e a aglomeração das pessoas nas cidades,
facilitando a difusão dos micro-organismos nos ambientes de trabalho, que eram fechados e
insalubres. O saneamento e a miséria juntaram-se com às péssimas condições de trabalho e do
ambiente, onde os trabalhadores começaram a morrer por acidentes e desenvolver doenças
infectocontagiosas, tais como: tuberculose, sarampo, pneumonia, e outras doenças
transmissíveis. A dispersão destas doenças estava ligada ao edifício onde estes trabalhadores se
encontravam, pela falta de ventilação cruzada e grandes pátios internos.
Com o surgimento da medicina social, começa os estudos e trabalho da sociedade, as
primeiras investigações sistemáticas sobre a saúde e as condições de vida da sociedade, sendo
desenvolvida em três etapas: a da Medicina de Estado, a Medicina Urbana e da força de trabalho.
A Polícia Médica foi formada para o controle da atividade médica, normalização do ensino
e do saber médico, e por um sistema de observação das taxas de natalidade e mortalidade. A
ação estatal também se fez presente na prevenção e no controle de doenças transmissíveis,
habitação, nutrição, higiene pessoal e ocupacional e na educação sanitária.
A medicina social teve um segundo momento, sendo este representado pelo fenômeno da
urbanização ocorrido na França no final do século XVIII, favorecendo a concentração da
população em determinados lugares, e por consequência o aumento das epidemias decorrentes
da falta de saneamento básico. Vale destacar a reforma em Paris e o Plano de Haussmann, cujo
princípio era liberar o tecido urbano para facilitar manobras militares. O foco principal era a
melhoria da circulação, o acesso rápido a toda a cidade como visão estratégica, estabelecendo
uma imagem geral de modernidade. Esta questão de imagem envolve também a questão da
insalubridade e para isso foram eliminados bairros considerados degradados, as ruas são
arborizadas e recebem sistema de iluminação (ARQUITETANDO, 2009).
A política sanitária e higiene publica viu-se com uma necessidade de uma estrutura urbana
melhor, com uma relação importante entre o ser humano e o meio em que vivia. O propósito da
Medicina Social era a vigilância das condições de vida, da qualidade do ar, da água e das
decomposições. Era necessário fazer com que o ar circulasse nas cidades e nas casas para
manter o bom estado de saúde da população. A terceira etapa da Medicina Social é representada
pela medicina dos pobres, que representa a força de trabalho do modelo inglês, em que o corpo é
visto como força de produção e os trabalhadores ganham a força política através de uma medicina
assistencial destinada aos mais pobres, uma medicina administrativa encarregada dos problemas
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como vacinação e epidemias e por uma medicina privada que beneficiava quem possuía recursos
para pagar.
A Bacteriologia foi responsável pela formulação do modelo da doença específica, fez com que as
empresas produtoras de medicamentos passassem a pesquisar tratamentos para cada tipo de
doença. Meados do século XX, a epidemiologia e a medicina proporcionaram a compreensão dos
modos de transmissão dos agentes infecciosos e possibilitaram intervenções que contribuíram
para o controle de grande parte das doenças transmissíveis.
Henry Sigerist defendia a Teoria da determinação social, onde a sociedade era organizada
na forma que influenciava na sua saúde, com diferentes tipos de tratamento de acordo com a
posição em que ocupava na sociedade (níveis de hierárquicos). Henry definiu as quatro tarefas
essenciais à medicina; a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento dos doentes
e a reabilitação, sendo necessária uma relação equilibrada entre condições de vida, trabalho,
educação e lazer.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também definiu em uma carta seus princípios em
que; “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de enfermidade”. Sua concepção ganhou maior abrangência, passando a ser
reconhecida como um dos direitos fundamentais de todo ser humano, onde a pessoa saudável é
aquela que, além de apresentar perfeitas condições de higiene física e mental, encontra-se
integrada à vida em sociedade, desfrutando dos meios necessários a seu bem-estar. Uma visão
positiva da saúde que abrange os aspectos físicos, sociais e psicológicos.
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O processo saúde-doença é caracterizado pelas relações dos seres humanos com a
natureza (meio ambiente, espaço e território) e com outros homens (através do trabalho e das
relações sociais, culturais e políticas) num espaço e tempo.
Embora adote um conceito ampliado de saúde, o SUS ainda opera com o conceito de
saúde como ausência de doença, não desenvolvendo ações que levem em conta os
determinantes sociais que interferem nas condições de vida e saúde da população.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PEREIRA, I.C.; OLIVEIRA, M.A.C. A construção histórica das concepções sobre saúde e
doença. In: PEREIRA, I.C.; OLIVEIRA, M.A.C. Atenção Primária, promoção da saúde e
o Sistema Único de Saúde: um diálogo necessário. São Paulo: Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo, 2014.
SILVA, Tharsila Martins Rios da. Processo Saúde Doença. Brasília: Apresentação, 2016.
42 slides, color.
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Na primeira republica até a revolução de 30, foi marcado pela economia agroexportadora,
favorecendo a industrialização, a expansão das atividades comerciais e o aumento acelerado da
população urbana. Com a abolição da escravatura, intensificaram-se as correntes imigratórias
provenientes da Itália, Espanha e Portugal, acarretando um quadro sanitário caótico,
caracterizado por epidemias de febre amarela, peste bubônica e varíola que continuavam a matar
a população. Oswaldo Cruz, organizou e implementou progressivamente instituições públicas de
higiene e saúde no Brasil com o modelo Sanitarismo Campanhista, o instituto Soro Terápico para
a produção de vacinas com o objetivo de combater as epidemias urbanas e, mais tarde, as
epidemias rurais. Foi em torno do modelo sanitarista que se concentrou o discurso dominante da
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política de saúde pública no Brasil, atrelada aos interesses econômicos e políticos das classes
dominantes nacionais. Os militares positivistas eram contra a vacinação obrigatória, e
reconheciam o progresso da ciência, mas a imposição das campanhas contraria a liberdade e a
imposição dos cidadãos.
A Era Vargas, foi marcado pela crescente massa de trabalhadores que reivindicavam
melhores condições de trabalho e vida. Em 1933, a CAP é transformada em Instituto de
Aposentadorias e Pensões (IAP), agora não mais organizados por empresas, mas por segmentos
dos assalariados sendo o setor econômico em que estavam inseridos. Apesar dos IAP estarem
voltados para os benefícios e as pensões, também ofereciam serviços médicos. A assistência era
limitada apenas aos trabalhadores inseridos em empregos formais (considerados cidadãos),
organizados conforme o sindicalismo instituído por Vargas, e atrelado aos interesses do Estado.
Os trabalhadores informais (considerados não-cidadãos), contavam apenas com ações
assistenciais. Os recursos dos IAP foram sempre aplicados pelo governo no financiamento da
industrialização do País. Os trabalhadores deveriam contribuir durante 30 anos para terem o
direito da aposentadoria e assistência medica, se não pagasse, não teria o direito.
A característica desse período é a separação entre saúde pública, centrada na erradicação de
doenças infectocontagiosas, endemias ou epidemias, e assistência medica previdenciária, de
caráter individual, destinada aos indivíduos pertencentes ao mercado de trabalho formal,
acometidos por doenças que os impediam de trabalhar.
As principais ações de saúde pública desenvolvidas no período tinham como foco o combate à
malária e à tuberculose, e a formulação de um plano nacional de combate à lepra. A febre
amarela, tradicional alvo da saúde pública, continuou a merecer a atenção do governo federal e a
parceria da Fundação Rockefeller.
Nessa época, os discursos e as práticas políticas priorizavam a importância do desenvolvimento
econômico e industrial, enfatizando não só o caráter democrático proporcionado pelas eleições
diretas, mas a importância de um projeto nacional de desenvolvimento econômico moderno,
integrado à ordem capitalista industrial.
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Cabia ao Estado, o exercício do poder, gerir a sociedade de forma que preservasse a
segurança dos cidadãos, portando a ordem, e condições para que a sociedade se reproduzia e se
desenvolvia de forma que sempre respondesse da maneira mais adequada possível ao bem geral
e ao interesse público, além de provocar mudanças estruturais na sociedade. No Brasil, a
responsabilidade do Estado foi dirigida para a promoção da industrialização e o desenvolvimento
urbano dos setores básicos da economia para acelerar o desenvolvimento econômico e social.
Na saúde pública, a maior presença do estado ocorreu após a criação do Ministério da Saúde em
1953, quando houve uma maior organização dos serviços e criação de departamentos específicos
para cada finalidade. A inversão dos gastos públicos, favoreceu o crescimento da assistência
médica privada em relação à saúde pública refletindo na construção de um modelo semelhante
aos padrões americanos, com o avanço da indústria farmacêutica estrangeira e de equipamentos.
O hospital assumi a posição central na prestação de serviços de saúde, definindo como o local de
encontro das diversas especialidades medicas, com infraestrutura de equipamentos necessário
para a prestação dos serviços.
Ao criar o sistema previdenciário, não foi levado em conta o crescimento que ele teria com o
passar dos anos. Momento em que os IAP cresceram com o maior número de trabalhadores
filiados. Por consequência de uma administração inadequada dos recursos arrecadados, com
investimentos irracionais, sem planejamento e a intensa construção e compra de hospitais, e
equipamentos médicos e com desvio de recursos para outros setores públicos, tornando
impossível atender as necessidades de saúde da época. O número era alarmante dos índices de
mortalidade infantil e as doenças infecciosas e parasitárias constituíam uma das principais causas
de óbito.
Surgiu-se então o Movimento Sanitário, no qual buscava reverter a lógica da assistência à saúde
no País, apresentando quatro proposições para debate; a saúde como direito de todo cidadão,
independente de contribuição ou de qualquer outro critério de discriminação; as ações de saúde
que deveriam estar integradas em um único sistema garantindo o acesso de toda população a
todos os serviços de saúde, seja de cunho preventivo ou curativo; a questão administrativa e
financeira das ações de saúde que deveriam ser descentralizada para estados e municípios, onde
o Estado deveria promover a participação e o controle social das ações de saúde.
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O SUS hoje é uma política de sistema de saúde que organiza o sistema de saúde brasileiro que
não consegue cumprir com o que ele promove, no qual seus princípios são: universalização,
equidade, integralidade, descentralidade, regionalização, hierarquização e a participação
popular.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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De acordo com o que foi visto nas leituras anteriores, o SUS tem como ideia central o
direito de todas as pessoas terem acesso a saúde, um direito ligado à condição de cidadania.
Uma das premissas do SUS é uma sociedade solidária e democrática, movida por valores de
igualdade e de equidade, sem discriminação ou privilégios. A saúde só passa a ser conhecida
como um direito social graças a Constituição da República de 1988, onde o poder público garante
como obrigação de que: A saúde é direito de todos e dever do Estado. Uma conquista política e
social graças a luta da reforma sanitária.
O acesso universal a saúde, significa a possibilidade de todos os brasileiros poderem alcançar
uma ação ou serviço de saúde de que necessitem. O acesso universal é para todos, ricos e
pobres, homens e mulheres, velhos e crianças. Já o processo igualitário, é o acesso igual para
todos, sem qualquer discriminação ou preconceito.
A promoção em saúde supõe atuar sobre as “causas das causas”, nos determinantes
socioambientais, cultivando o bem-estar e a qualidade de vida. O direito à saúde no Brasil,
encontra-se com a atenção direcionada à prevenção de doenças, ao controle de riscos e à
promoção da saúde. Existem programas como a atenção à saúde na comunidade e a assistência
medica ambulatorial, hospitalar e domiciliar que representam as principais medidas para a
recuperação da saúde.
Quando foi aprovada a Constituição que cria o SUS, teve-se a necessidade de uma
legislação especifica, que esclarecesse como aplicar essas orientações gerais na realidade
brasileira. Criou-se então a lei orgânica de saúde, na qual regula em todo território nacional, as
ações e serviços de saúde, isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual.
O SUS corresponde a um sistema público de saúde formado por órgãos e instituições
federais, estaduais e municipais, seus objetivos e atribuições são a assistência às pessoas, a
vigilância sanitária, a vigilância epidemiológica, a saúde do trabalhador e a assistência terapêutica
integral, inclusive farmacêutica.
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O SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo e desenvolve uma das
propostas de atenção primaria de saúde mais abrangente, por meio do Programa de saúde da
família (estando consolidado apenas nos municípios de pequeno porte e com pouca ou
nenhuma capacidade instalada de serviço de saúde). Além disso, a organização do sistema do
SUS tem buscado avançar na regionalização da rede de serviços, porém, um dos maiores
desafios reside na reestruturação do modelo de atenção à equidade, qualidade, humanização e
integralidade da atenção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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O fato de aumentar cada vez mais a resolutividade do centro de saúde para realizar o
pronto-atendimento, acaba sendo reproduzido um mini hospital ou um pronto-socorro
miniaturizado e simplificado e que nem sempre muito resolutivo, de forma que a lógica
assistencialista centrada no trabalho do médico acaba colonizando a vida da unidade e
comprimindo as atividades de prevenção das doenças e promoção da saúde.
A população está entrando pela porta errada, diante de suas necessidades, e acabam
acessando o sistema por onde é possível e recebendo um atendimento paliativo e insatisfatório.
Os poucos recursos são mal gastos agravando o quadro crônico de insuficiente dos mesmos.
O modelo pirâmide para poder vir a ser implantado, deve pensar novos fluxos e circuitos
dentro do sistema, redesenhados a partir dos movimentos reais dos usuários, dos seus desejos e
necessidades e da incorporação de novas tecnologias.
Pensando em um sistema de saúde como um círculo, relativa a concepção da
hierarquização dos serviços, com fluxos verticais em ambos os sentidos. O círculo é associado
com a ideia de movimento, de múltiplas alternativas de entrada e saída não hierarquizada. Sendo
assim, como deve ser o modelo assistencial que preside o SUS. Trabalhando com várias
possibilidades de entrada.
O centro de saúde (posto de saúde), deve ser qualificado para se tornar uma das portas de
entrada do sistema de saúde e, não deve mais ser pensado como a porta de entrada do sistema.
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O texto “AS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE”, deixa claro que as situações da saúde
dos brasileiros são analisadas nos seus aspectos demográficos e epidemiológicos. O Brasil vive
hoje uma transição demográfica, em que no ano 2050, o percentual de pessoas idosas maiores de
65 passará de 19%, chegando a conclusão de que o rápido processo de envelhecimento significa
um crescente aumento das condições crônicas.
Os brasileiros de mais de 65 anos de idade, sendo 79,1% da população relatam ser
portadores de, pelo menos, uma das doze doenças crônicas existentes.
Até a metade do século XX, a atenção era voltada para as doenças infecciosas, e na segunda
metade do século, para as condições agudas e para as doenças crônicas.
A solução do problema fundamental do SUS consiste em restabelecer a coerência entre a
situação de saúde de tripla carga de doenças, com predominância as condições crônicas, e o
sistema de atenção à saúde, exigindo mudanças que permitam superar o sistema fragmentado
através da implantação de redes de atenção à saúde.
As redes de atenção à saúde são constituídas de três elementos, sendo eles; a população,
a estrutura operacional e o modelo de atenção à saúde.
Já a estrutura operacional das redes de atenção à saúde compõe-se de cinco
componentes: o centro de comunicação, a atenção primária à saúde, os pontos de atenção
secundários e terciários, os sistemas de apoio, os sistemas logísticos, e o sistema de governança
da rede de atenção à saúde.
O modelo de atenção à saúde são sistemas lógicos que organizam o funcionamento das
redes de atenção à saúde, articulando, as relações entre a população e suas subpopulações. Os
focos são destinados as intervenções do sistema à saúde e os diferentes tipos de intervenções
sanitárias, definidos a partir das situações demográficas e epidemiológicas e os determinantes
sociais da saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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tendo como foco, a saúde de transformação e a solidariedade como valor estruturante,
construindo politicas publicas universais e igualitárias. A reforma sanitária configurou-se como
uma proposta de princípios e proposições políticas para saúde, evidenciando a criação de um
Sistema Único de Saúde.
Neste período, uma grande parcela da população não possuía acesso a recursos para ter
assistência à saúde, dependendo exclusivamente do orçamento do Ministério da Saúde, no qual
atuava no campo da vigilância em saúde, em ações de controle a doenças transmissíveis e de
vigilância sanitária e secretárias de estados e municípios, ou recursos provenientes da caridade.
No período pós-constituinte, promoveu-se a criação Tripartite de financiamento federalista da
saúde, em que a responsabilidade do financiamento do SUS seria de competência comum da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a federação neste momento passa a ter
responsabilidades compartilhadas, na qual, incidia sobre a folha de salários dos empregadores, o
faturamento, confins e o lucro. Esses recursos não integrariam o orçamento da União, mas o
Orçamento da Seguridade social, que destinaria por disposição transitória 30% das contribuições
para a saúde.
A EC 29/2000, foi aprovada a partir de uma receita subfinanciada que pudesse atender às
demandas do SUS. Foi iniciada com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 169/1993,
estabelecendo regras para a progressiva provisão de recursos às ações e serviços públicos de
saúde. Com isso, o sistema de financiamento de saúde ganha maior estabilidade. A EC 29/2000
foi criada com o objetivo de evitar a repetição dos problemas que comprometeram o financiamento
SUS, determinando a vinculação e estabelecendo a base de cálculos e os percentuais mínimos
dos recursos orçamentários da União, Estados, Distrito Federal e municípios devendo destinar
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para as ações e serviços públicos de saúde. As definições legais dadas pela EC 29/2000
constituem importante mecanismo de garantia dos recursos para a saúde.
O SUS ainda hoje se depara com dificuldades relevantes no acesso e na qualidade dos
serviços públicos, dentre eles; os indicadores de cobertura muitas vezes são insuficientes e
inadequados, hospitais públicos apresentam frequentes problemas de estrutura e ineficiência de
gestão. A construção de unicidade para sistema público não superou a segmentação da rede de
serviços e a fragmentação no cuidado do usuário. Muitos dos problemas do SUS podem ser
equacionados mediante boas práticas de gestão, sendo o subfinanciamento o ponto frágil do
sistema público de saúde, o fator que mais impossibilita os gestores municipais e estaduais de
organizarem a oferta de serviços com qualidade, de acordo com as necessidades e direito da
população usuária, sendo que, os profissionais e os estabelecimentos prestadores de serviços
são sub-remunerados e não investem em melhores edificações e equipagem de unidades de
saúde. Outro fator, é o atraso no pagamento de prestadores e fornecedores, pondo em risco a
viabilidade da gestão.
PARTICIPAÇÃO IGUALDADE
SUS
INTEGRALIDADE
REGIONALIZAÇÃO
DESCENTRALIDADE
Com a implantação do SUS em meio à crise fiscal e sem descrever quais seriam suas
fontes de recursos acabou por afasta-lo de alguns princípios da reforma sanitária, como a
universalidade, produzindo o efeito do fortalecimento dos planos privados de saúde. O gasto
nacional em saúde assumiu participação crescente do setor privado em relação ao público. O
estado perde força no empate com o mercado, ao tratar da temática dos direitos sociais e o
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judiciário, concebe a universalidade como um processo incremental a partir de mínimos garantidos
pelo Estado.
A falta de recursos é um dos maiores dilemas a ser enfreado hoje pelo SUS. É necessária
a reorientação das ações políticas na saúde, tendo como mediadoras a compreensão do
financiamento e a clareza da carência de recursos para gerir o SUS, isso faz com que a saúde
esteja relacionada com a forma de sociedade e de Estado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
SILVA, C.L.; ROTTA, C.V. O dilema da universalidade e financiamento público do Sistema Único
de Saúde no Brasil. Textos & Contextos. Porto Alegre, v. 11, n. 2, 333-345.
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