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SEMINÁRIO

A Irradiação no Centro
Espírita

Material de Apoio à Atividade


de
Irradiação no Centro Espírita
FEP – 17 de Julho de 2013
ÍNDICE

Prefácio ...................................................................................................................................................................................... 3
1. Irradiação ...................................................................................................................................................................................... 4
2. O Sol como modelo de irradiação ................................................................................................................................ 5
3. O Amor de Jesus irradia, há milênios, em toda parte! .................................................................................... 5
4. Roteiro para a tarefa ............................................................................................................................................................. 6
5. Antes e depois da tarefa ...................................................................................................................................................... 6
6. Quem são os trabalhadores .............................................................................................................................................. 7
7. O local da reunião .................................................................................................................................................................... 8
8. A tarefa de irradiação não é reunião mediúnica! ............................................................................................... 8
9. As potências da alma: a oportunidade dos ensinamentos de Léon Denis ............................................. 9
10. A atividade de irradiação no contexto do Atendimento Espiritual no Centro Espírita ................... 10
Posfácio .......................................................................................................................................................................................... 12
Bibliografia .................................................................................................................................................................................. 14
Anexo - Orientação ao Centro Espírita - Capítulo III – Atendimento Espiritual no Centro
Espírita .................................................................................................................................................................................................. 15
3

PREFÁCIO

Diante da necessidade da reunião e aprofundamento de temas associados à Atividade de


Irradiação elaboramos o presente trabalho objetivando aclarar, orientar e fazer conhecer a
importância desta tarefa nos Centros Espíritas, consoante as recomendações do texto aprovado
pelo Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira em sua reunião de novembro
de 2006, que resultou no opúsculo Orientação ao Centro Espírita.
Óbvio que não pretendemos esgotar o assunto. Outras contribuições serão analisadas e
incorporadas a este trabalho.
Pelas colaborações que receberemos neste campo de pesquisa e trabalho, quedamo-nos,
antecipando agradecimentos.

Curitiba, Paraná, dezembro de 2012.


4

1. IRRADIAÇÃO

Irradiação1 é um substantivo que pode ser assim definido:

irradiação | s. f.
derivação fem. sing. de irradiar

irradiação
s. f.
1. .Ato de irradiar.
2. Espargimento dos raios de luz.
3. [Por extensão] Difusão do que sai de um centro para a periferia.
4. [Figurado] Propagação; contágio.

irradiar
v. tr., intr. e pron.
1. Arrojar, lançar de si (raios de luz).
2. Difundir (do centro para a periferia).
3. Espalhar.

A definição nos faz recordar que todos os corpos emitem, num determinado grau, alguma
forma de energia. Quando, no inverno, nos cobrimos com pesados casacos, ficamos com a
impressão de que é nosso agasalho produz calor, quando na verdade estamos recebendo nossas
próprias irradiações de calor retidas pelo tecido do nosso abrigo.
Irradiar, para a compreensão dos objetivos deste trabalho é, em síntese, lançar de si,
promover, pela vontade e em nome do amor fraternal, raios, energias, fluidos, sentimentos e
pensamentos.
Já ouvimos, alhures, que a irradiação é o passe à distância, o que revela uma boa dose de
verdade.
Como as irradiações que emitimos ou recebemos não são visíveis, criamos, via de regra, a
ideia de sua ineficiência ou mesmo de sua inexistência. É o caso das ondas mentais produzidas
pelos componentes do grupo de irradiação. Mesmo sem ver as irradiações produzidas por cada
um dos trabalhadores ou pelo grupo, devemos guardar a certeza de que as produzimos e nelas
depositamos uma parcela de solidariedade, de amor, de fraternidade, convertidas em focos
reanimadores ou calmantes, portadores das nossas emissões mentais, das nossas melhores
energias.
O alcance das irradiações é ilimitado, podendo ser dirigidos aos seres encarnados ou aos
desencarnados; àqueles que se encontram na Terra ou no Plano Espiritual. A distância não é
obstáculo para as emissões produzidas pelas nossas irradiações.
Este trabalho não tem a pretensão de “ensinar” como emitir nossas vibrações, nossas
ondas mentais, magnéticas. Mas tem por objetivo, através do material adiante exposto, relembrar
que todos possuímos essa capacidade notável que deve ser colocada a serviço do nosso próximo.
O que emitirmos durante a atividade da irradiação ou mesmo enquanto nos ocupamos das nossas
atividades diárias, auxiliará na construção e manutenção de um ambiente de harmonia, saúde e
paz. É o momento de exercitar, de aplicar os ensinamentos que Jesus nos legou ao recomendar o
amor a Deus ao próximo, condições inadiáveis para a conquista da felicidade real já nesta Terra
que antegoza as harmonias e a musicalidade de um Mundo de Regeneração2. 5

2. O SOL COMO MODELO DE IRRADIAÇÃO

Equivocadamente imaginamos que às 03h00min de uma madrugada de inverno deixamos


de ser beneficiados pelas energias do Astro-rei. Houve, é certo, a diminuição da percepção de suas
ondas de energia em face da maior distância entre nós e seu foco gerador e pela momentânea
ausência direta de seus raios. Creia, no entanto, que mesmo sem que o vejamos ou sintamos seu
calor, seus raios nos alcançam e nos beneficiam, incessantemente.
À semelhança do Sol nos encontramos, na tarefa da aplicação do passe magnético e na
tarefa da irradiação, exercendo uma ação direta ou indireta em relação àqueles que necessitam.
Estabelecemos este paralelo para demonstrar, da forma mais convincente, o que ocorre durante
a tarefa de irradiação. Quando estamos diante do receptor das nossa emanações fluídico-
magnéticas, na atividade renovadora do passe, somos qual o Sol para aquele que se nos submete
à ação. Ele crê porque vê e pressente, sabe que ali estamos interagindo, vibrando, desejando
animar, auxiliar, aliviar, encorajar. As atividades da irradiação são, no grau de comparação
sugerido, nossas emissões dirigidas àquele paciente que não se encontra diante de nós, mas que
sabemos alcançá-lo com as irradiações que produzimos, com as ideias de renovação e vida, beleza
e saúde, alegria e paz. Esteja na sala ao lado, no bairro vizinho ou na cidade distante, neste ou
noutro país ou mesmo nas dimensões espirituais, os nossos pensamentos, em prece, alcançarão
seu objetivo porque sabemos que a tarefa que desempenhamos é do desejo dAquele que é todo
Amor, todo Justiça, todo Sabedoria. E tenhamos a certeza de que nossas vibrações, associadas às
vibrações daqueles que nos orientam as atividades serão pressentidas, de forma objetiva ou
subjetiva, no campo das ideias e das intuições, promovendo as alterações na ambientação
psíquica desta Terra, em favor da construção de um mundo melhor. (Produzir texto relativo à
página 70 de “Voltei”)

3. O AMOR DE JESUS IRRADIA, HÁ MILÊNIOS, EM TODA PARTE!

O pensamento dO Cristo permanece envolvendo o Planeta, desde sua formação. Se muitos


receberam diretamente, na Terra, os benefícios inesquecíveis da Sua presença, bilhões percebem,
todos os dias, os reflexos do pensamento que Ele nos deixou. São as ideias superiores de justiça e
de sabedoria, de amor e de paz que vimos surgir todos os dias, em todos os lugares. Cada palavra
recuperada durante a meditação, o estudo e a prece, traz Jesus de volta; e adquirimos a certeza
de que Ele se encontra ao nosso lado, na sala ao lado ou no auditório cheio de expectativa
repassando, doce e pacientemente, através dos demais trabalhadores, as lições que já recebemos
e que procuramos aplicar nas tarefas levadas a efeito em Seu nome.
Jesus é o Sol das nossas almas. Irradia, incessantemente, em todas as direções. Asseverou
que poderíamos fazer muito, assim como Ele fez. Jesus nos convida ao desenvolvimento das
nossas capacidades, das nossas aptidões, da nossa fé, e isso se dará pela prática das virtudes já
conquistadas, pelo exercício, pela ação!
A respeito das nossas potencialidades e da fé que deve animar o trabalhador da tarefa de
irradiação recomendamos a leitura do Capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo – A fé
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transporta montanhas. A beleza e a singularidade daquelas orientações são mais que oportunas.
O estudo e a observação profunda do item 12 deste capítulo, acerca da fé humana e da fé divina,
revelarão o quão subutilizada se encontra, por vezes, essa capacidade admirável que
menosprezamos, esse tesouro que egoisticamente guardamos e cujo valor desconhecemos: a fé
divina, verdadeiro sol interior que ofuscamos por desconhecimento ou inércia, perdendo
excelentes oportunidades de auxílio. Jesus se ocupou, durante todo seu ministério de amor, em
fazer desenvolver, nas criaturas, essa admirável capacidade de irradiar, qual um sol! Pensemos
nisso!

4. ROTEIRO PARA A TAREFA

A brevidade e mesmo a simplicidade da tarefa de irradiação permite-nos a transcrição total


do modelo sugerido pelo opúsculo “Orientação ao Centro Espírita” nas suas páginas 47 e 48, com
destaque para o item 4 do aludido manual.
A brevidade das instruções faz supor a desnecessidade de arranjos ou adoção de outras
práticas na execução desta tarefa. Esse grau de objetividade faz com que não ocorra desvio do
foco, do objetivo que nos conduz à atividade de irradiação. A clareza e a simplicidade são irmãs da
eficácia. Ensina o aludido texto, in verbis:3

“E – ATIVIDADE DE “IRRADIAÇÃO”

1. CONCEITO
É uma reunião privativa de vibração em conjunto para irradiar energias de paz, de amor e de
harmonia, inspiradas na prática do Evangelho à luz da Doutrina Espírita, em favor de encarnados e
desencarnados carentes de atendimento espiritual.

2. FINALIDADE
Amparar e fortalecer os carentes de atendimento espiritual e os trabalhadores do Centro Espírita e
do Movimento Espírita.

3. PARTICIPANTES
a) Um coordenador.
b) Colaboradores – treinados na irradiação e disciplina mental, para a sustentação vibratória.

4. DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES


a) Leitura preparatória.
b) Prece inicial.
c) Vibrações.
d) Prece final.
Tempo previsto para a reunião: no máximo, uma hora.

5. RECOMENDAÇÕES
a) Utilizar música suave no ambiente.
b) Usar para a preparação do ambiente, de preferência, os livros de mensagens como: Pão Nosso;
Caminho, Verdade e Vida; Fonte Viva; Vinha de Luz e Palavras de Vida Eterna.
c) Selecionar e capacitar, continuadamente, os colaboradores que tenham o propósito de ajudar e
um perfil adequado para a tarefa: conhecimento evangélico-doutrinário, maturidade emocional,
bom senso, afetividade, naturalidade e segurança.”
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5. ANTES E DEPOIS DA TAREFA

As atividades da Casa Espírita, como um todo, guardam estreita relação entre si. Não há tarefa mais
ou menos importante; todas estão interligadas. A atividade de recepção, por exemplo, tem relação direta
com a atividade de palestras públicas, comunicação social ou outras que, a princípio, não são tarefas
específicas do Setor de Atendimento Espiritual no Centro Espírita. E nem poderia ser diferente. Todos os
setores e atividades do Centro Espírita interdependem-se. Daí sua força. Não há atividade isolada, que não
estabeleça a troca de experiências, de vivências, de material doutrinário, de informações, de apoio e
colaboração mútua.
Um exemplo prático dessa integração é a semelhança, em alguns aspectos, entre as tarefas de
Irradiação e a reunião mediúnica. Apesar de pontos de contato são tarefas absolutamente distintas, cada
uma com objetivos próprios, bem delineados. Apesar desta distinção, a prática do silêncio respeitoso, do
diálogo sempre elevado (antes e depois da tarefa) e da certeza do envolvimento espiritual que acomete os
trabalhadores do grupo da mediunidade, são aplicáveis, em toda sua extensão, aos trabalhadores do grupo
de irradiação. A leitura preparatória, por exemplo, sugerida como forma de reunir os pensamentos em
torno de um ideal nobre e elevado, presente na atividade da explanação do evangelho à luz da doutrina
espírita, é perfeitamente adotado, em número e grau, na atividade socorrista da irradiação.
Antes das atividades de irradiação faz-se recomendável, portanto, a vigilância e a oração, a busca
pelo aperfeiçoamento moral e o cultivo do bom e reto proceder. Recomendações que, obviamente, não se
aplicam somente ao período anterior aos trabalhos. O trabalhador consciente sabe que a conduta, neste
nível de enobrecimento, para o êxito das tarefas espíritas em geral, deve ser levada a efeito diariamente e
em qualquer lugar. Antes e depois da tarefa, portanto, a certeza de que somos acompanhados pelos nossos
afins, não somente no teatro da existência material mas, sobretudo, por aqueles que conosco dividem
opiniões, gostos, tendências e inclinações desde o plano espiritual. São testemunhas do que falamos e do
que fazemos. Daí a responsabilidade daqueles que nos propomos à execução das atividades esclarecedoras
em nome da Doutrina Espírita. A fidelidade doutrinária e aos postulados do Evangelho de Jesus são as
garantias que devem cercar o trabalhador de fé e coragem para o desempenho da tarefa abraçada. Se a
santidade ainda não é mérito da imensa maioria de nós, cabe aqui, entretanto, a assertiva sempre atual
contida no capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo: Sede Perfeitos, Item 4: Os bons Espíritas:
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para
domar suas inclinações más.”
Uma vez convidado para a tarefa, neste ou noutro setor de atividades, cumpre ao trabalhador a
oração e a vigilância recomendados por Jesus. Assim não seremos surpreendidos pelas nossas imperfeições
e nem seremos dificuldade no caminho dos companheiros que dividem conosco as tarefas espíritas. O
trabalhador empenhado na tarefa da irradiação deve ter em mente que uma das suas principais atribuições
é a produção das vibrações fraternas que envolvam todos os trabalhadores do movimento espírita, em
todos os níveis, setores, funções e responsabilidades. É urgente e de vital importância a criação e
manutenção de uma atmosfera de paz, harmonia e fraternidade entre os trabalhadores espíritas!

6. QUEM SÃO OS TRABALHADORES


O opúsculo Orientação ao Centro Espírita, material que é a base, a nossa referência para a
elaboração deste trabalho, sugere que a atividade de irradiação seja executada por um coordenador e por
colaboradores treinados na irradiação e na disciplina mental, para a sustentação vibratória.
Quando há a aparente omissão quanto ao número de participantes, entendemos que não devemos
nos fixar num número exato, fechado, para a tarefa. Claro que a expressão “colaboradores” pressupõe um
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mínimo de duas pessoas e não há um número máximo de participantes. A quantidade de trabalhadores


varia em função das disponibilidades naturais de cada Centro Espírita. Como se trata de atividade
caracterizada por um desejável nível de concentração em torno de objetivos comuns, com a mínima
dispersão possível dos pensamentos, subentende-se que em um grupo com mais de 20 pessoas, por
exemplo, é mais difícil conseguir-se esse estado ideal do que num grupo de 10, 12 trabalhadores.
Somente à guisa de sugestão mencionamos os números acima. A realidade de cada Centro e a
intimidade com os valores desejáveis para a tarefa, associados à cautela com que o coordenador selecione
e conduza os trabalhos é que vão determinar um maior ou menor aproveitamento da atividade de
irradiação.
É sempre difícil fazer escolhas. Escolher colaboradores para a tarefa de irradiação não foge à regra.
A maturidade do coordenador e o grau de seriedade com que veja a atividade, assim como o estudo
continuado acerca do processo de irradiação, associado ao indispensável conhecimento doutrinário, são
fatores que darão a confiança necessária ao coordenador na escolha dos trabalhadores que o auxiliarão.
Como em toda e qualquer atividade doutrinária, deve o coordenador preparar sua equipe oferecendo
treinamentos, sugerindo leituras, orientando quanto à importância dos estudos e da integração sadia com
as demais atividades do Centro Espírita. Indispensável frisar, novamente, a necessidade da integração desta
com todas as outras atividades, em face dos elevados objetivos da irradiação, como já expostos no item 5.
Entre os convocados para a tarefa é desejável que não haja entre quaisquer dos participantes sinais
de dissenções, antagonismos, rixas ou prevenções. Uma vez que a união dos pensamentos e dos
sentimentos de amor ao próximo serão o resultado do ser coletivo, possíveis vibrações contrárias à
caridade, sentimentos vis como inveja, ódio ou qualquer outra manifestação nesse sentido certamente
comprometerão o nível das emissões fluídicas e diminuirão a força e a pureza das emanações elaboradas
pela prece e pelas irradiações produzidas pelo grupo.
Orai e vigiai, repetimos, é a mais oportuna orientação para todos os componentes do grupo. Seu
alto significado deve ser compreendido e consolidado nos corações daqueles que pretendem colaborar em
tão gratificante tarefa.

7. O LOCAL DA REUNIÃO

O ambiente mais adequado para o desenvolvimento da tarefa de irradiação é sala com


bom isolamento acústico, bem ventilada e com iluminação discreta, sem arranjos especiais,
lâmpadas coloridas ou quaisquer apetrechos que distraiam a atenção dos trabalhadores. Por se
tratar de reunião privativa e em face da natureza das atividades, o silêncio e o recolhimento devem
imperar no ambiente; indispensável lembrar que o local da reunião abrigará, por cerca de uma
hora, os participantes da tarefa. Assim sendo, algum conforto deve ser considerado, uma vez que
acomodações inadequadas podem causar cansaço ou enfado, desviando ou diminuindo o nível de
concentração dos participantes. Apesar da simplicidade sugerida, nada deve obstar, por parte do
coordenador da tarefa, a busca pelo bem-estar dos colaboradores empenhados na tarefa.
Também neste aspecto devemos considerar as disponibilidades materiais de cada Centro Espírita.
O fato de não dispormos de uma sala com os requisitos sugeridos não é óbice para que a tarefa
não seja realizada.
Em razão das características e dos objetivos da reunião, pode-se utilizar o mesmo
ambiente das reuniões mediúnicas, caso o Centro Espírita não tenha condições materiais para a
destinação de uma sala específica para a irradiação. Nesse contexto é oportuno lembrar e sugerir
que determinadas atividades, particularmente aquelas que produzam maior movimentação de
pessoas ou manifestações sonoras (teatro, ensaios em geral, reuniões de confraternização) não
sejam realizadas nas salas destinadas às reuniões de irradiação.
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8. A TAREFA DE IRRADIAÇÃO NÃO É REUNIÃO MEDIÚNICA!

Pode parecer óbvia e desnecessária a advertência deste capítulo. Ocorre que algumas semelhanças
com as atividades desenvolvidas pelo grupo da mediunidade podem fazer com que médiuns ostensivos
sintam-se estimulados à passividade, o que, sugere-se, seja reservado para o local e momento destinado
para essa finalidade. O envolvimento que o trabalhador sentirá, especialmente dos Mentores e dos
Espíritos que trabalharão no desenvolvimento dos potenciais de cada colaborador, poderão facilmente ser
observados, sentidos, eis que é um momento de profunda comunhão de propósitos da Espiritualidade
Superior e dos trabalhadores encarnados envolvidos na tarefa. Caso sinta a aproximação ou o desejo de se
manifestar sobre uma ocorrência ou mensagem sugerida pelos trabalhadores do Invisível, guarde, o
trabalhador, os fundamentos e a ideia central do que lhe foi permitido entrever, compartilhando-o, ao final
da reunião, com os demais colaboradores, se for este o caso.
Pergunta-se: há inconvenientes quanto à manifestação mediúnica, durante a tarefa de irradiação?
Responderemos, primeiramente, que se trata de uma tarefa específica, com contornos e objetivos bem
delineados. Assim, os componentes do grupo e principalmente os Espíritos Benfeitores e orientadores dos
trabalhos saberão, melhor do que nós, da oportunidade ou não da manifestação durante as atividades, o
que, de resto, não deve ocorrer. Caso haja a necessidade de orientações, corrigendas, encorajamento ou
qualquer outra mensagem oriunda do Plano Espiritual, guardemos a certeza de que ela virá, no momento
próprio, durante as atividades específicas e destinadas para esse mister.

9. AS POTÊNCIAS DA ALMA: A OPORTUNIDADE DOS ENSINAMENTOS DE LÉON


DENIS
Para melhor compreensão e esclarecimentos acerca do processo da irradiação, eis mais uma
sugestão de leitura. A respeito das habilidades psíquicas de cada um de nós, Léon Denis, na Terceira Parte
da obra magistral O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Capítulo XX – As Potências da Alma – A Vontade,
convida-nos à reflexão dos benefícios que somos capazes de produzir através da direção consciente do
pensamento associado à vontade de servir, de auxiliar, esclarecer e amparar aos que sofrem. Assim se
manifesta Denis acerca das potências da alma: (os grifos são nossos)

“O reino dos céus está dentro de vós”, disse o Cristo. O mesmo pensamento está por outra forma
expresso nos Vedas: “Tu trazes em ti um amigo sublime que não conheces.” A sabedoria persa
não é menos afirmativa: “Vós viveis no meio de armazéns cheios de riquezas e morreis de fome
à porta.” (Suffis Ferdousis).
Todos os grandes ensinamentos concordam neste ponto: É na vida íntima, no desabrochar de
nossas potências, de nossas faculdades, de nossas virtudes, que está o manancial das felicidades
futuras. Olhemos atentamente para o fundo de nós mesmos, fechemos nosso entendimento às
coisas externas e, depois de havermos habituado nossos sentidos psíquicos à escuridade e ao
silêncio, veremos surgir luzes inesperadas, ouviremos vozes fortificantes e consoladoras. Mas, há
poucos homens que saibam ler em si, que saibam explorar as jazidas que encerram tesouros
inestimáveis. Gastamos a vida em coisas banais, improfícuas; percorremos o caminho da
existência sem nada saber de nós mesmos, das riquezas psíquicas, cuja valorização nos
proporcionaria gozos inumeráveis. Há em toda alma humana dois centros ou, melhor, duas
esferas de ação e expressão. Uma delas, a exterior, manifesta a personalidade, o “eu”, com suas
paixões, suas fraquezas, sua mobilidade, sua insuficiência. Enquanto ela for a reguladora de
nosso proceder, teremos a vida inferior, semeada de provações e males. A outra, interna,
profunda, imutável, é, ao mesmo tempo, a sede da consciência, a fonte da vida espiritual, o templo
de Deus em nós. É somente quando esse centro de ação domina o outro, quando suas impulsões
nos dirigem, que se revelam nossas potências ocultas e que o Espírito se afirma em seu brilho e
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beleza. É por ele que estamos em comunhão com “o Pai que habita em nós”, segundo as palavras
do Cristo, com o Pai que é o foco de todo o amor, o princípio de todas as ações. Por um desses
centros perpetuamo-nos em mundos materiais, onde tudo é inferioridade, incerteza e dor; pelo
outro temos entrada nos mundos celestes, onde tudo é paz, serenidade, grandeza. Somente pela
manifestação crescente do Espírito divino em nós chegaremos a vencer o “eu” egoísta, a associar-
nos plenamente à obra universal e eterna, a criar uma vida feliz e perfeita. Por que meio poremos
em movimento as potências internas e as orientaremos para um ideal elevado? Pela vontade! Os
usos persistentes, tenazes, dessa faculdade soberana permitir-nos-á modificar a nossa natureza,
vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a morte. É pela vontade que dirigimos
nossos pensamentos para um alvo determinado. Na maior parte dos homens os pensamentos
flutuam sem cessar. Sua mobilidade constante e sua variedade infinita oferecem limitado acesso
às influências superiores. É preciso saber se concentrar, colocar o pensamento acorde com o
pensamento divino. Então, a alma humana é fecundada pelo Espírito divino, que a envolve e
penetra, tornando-a apta a realizar nobres tarefas, preparando-a para a vida do espaço, cujos
esplendores ela começa fracamente a entrever desde este mundo. Os Espíritos elevados veem e
ouvem os pensamentos uns dos outros, com os quais são harmonias penetrantes, ao passo que
os nossos são, as mais das vezes, somente discordâncias e confusão. Aprendamos, pois, a servir-
nos de nossa vontade e, por ela, a unir nossos pensamentos a tudo o que é grande, à harmonia
universal, cujas vibrações enchem o espaço e embalam os mundos.

A beleza desta narrativa só é suplantada pelo valor da orientação que encerra. Fazer o pensamento
e a vontade operar conforme as conclusões de Denis é compreender as determinações e os ensinos de
Jesus. É imaginar a sala de reuniões transformada no refúgio de segurança de onde o grupo poderá emitir
os tesouros da consolação para toda parte. As potências da alma humana, decorridos tantas décadas, ainda
não foram compreendidas em sua totalidade, merecendo, por isso estudo continuado.
Jesus sabia como comungar os Seus com os objetivos do Criador. Encharcava-se de luz. Por onde
andava era pressentido por irradiar de si as virtudes dos céus. Sim, Jesus buscava o silêncio do monte, a
calma das águas do lago ou o perfume do horto. Agigantava, assim, potências da Sua alma enobrecida e
saía a semear...
Reunir-se o grupo de irradiação parece, a princípio, medida de efeitos imperceptíveis, senão nulos,
invisíveis, inócuos. Basta, no entanto, que o trabalhador esteja compenetrado e ciente da importância da
tarefa que desempenha e que estenda, pelo pensamento e pela vontade, suas vibrações àqueles que
sofrem, para que a tarefa se veja revestida do mais profundo significado e alcance, onde estiver, o alvo das
nossas vibrações de amor e paz, entendimento, encorajamento e fé.

10. A ATIVIDADE DE IRRADIAÇÃO NO CONTEXTO DO SETOR DE ATENDIMENTO


ESPIRITUAL NO CENTRO ESPÍRITA
A atividade de Irradiação é uma das propostas de trabalho ligadas ao Setor de Atendimento Espiritual
no Centro Espírita.
As demais atividades do SAECE são:
a. Recepção e Grupo de Acolhimento;
b. Atendimento Fraterno;
c. Explanação do Evangelho à Luz da Doutrina Espírita;
d. Passes (e magnetização da água);
e. Evangelho no Lar e
f. Implantação do Evangelho no Lar. 11

O Setor do Atendimento Espiritual no Centro Espírita interage com todas as demais propostas de
trabalho sugeridas pelo opúsculo Orientação ao Centro Espírita:
a. Palestras públicas;
b. Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita;
c. Estudo e Educação da Mediunidade;
d. Reunião Mediúnica;
e. Evangelização Espírita da Infância e da Juventude;
f. Divulgação da Doutrina Espírita;
g. Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita;
h. Atividades Administrativas;
i. Participação do Centro Espírita nas Atividades de Unificação do Movimento Espírita;
j. Administrativo e Institucional.

A tarefa de irradiação acontece em dia, horário e local previamente determinados. No caso de


Centros Espíritas com grande fluxo de pessoas e de trabalhadores, nada impede que ocorra em mais que
um dia da semana (aliás, isso seria excelente). Cada Centro Espírita tem suas particularidades quanto ao
número de trabalhadores e condições físicas para a execução das suas atividades. Há Centros com 10, 20,
trabalhadores e há centros com centenas de voluntários. As adequações seguem por conta dessas
diferenças, o que permitirá a ocorrência de atividades em apenas um dia da semana ou em vários dias,
conforme as necessidades, a oferta de trabalhadores e as disponibilidades de espaço.
O importante é que haja, para efeitos de organização e administração, apenas um coordenador da
tarefa da irradiação e este assessore, com o carinho que a tarefa requer, ao coordenador do Setor de
Atendimento Espiritual no Centro Espírita.

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POSFÁCIO
Há pouco material publicado acerca da atividade de Irradiação. Isso não obsta, de forma alguma, a
execução da tarefa, já existente em praticamente todos os Centros Espíritas com outras denominações
(grupo da prece, grupo de orações, etc.)
Que o presente trabalho sirva para situar esta importante atividade no contexto organizacional do
Centro Espírita, dando-lhe a merecida identidade, aumentando-lhe o valor pela identificação das suas
raízes, oriundas das próprias ações do Cristo de Deus e Sua conduta, modelo e guia inigualável.

Vale relembrar, à guisa de ilustração (e que ilustração!) o seguinte momento da vida de Jesus:4

10. Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia;
— que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum
alívio conseguira — como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as
vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. — No
mesmo instante o fluxo sanguíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada
daquela enfermidade. Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou
no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes? — Seus discípulos lhe disseram: Vês que
a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? — Ele olhava em torno de si
à procura daquela que o tocara. A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e
pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade.
— Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade.
(S. Marcos, 5:25 a 34.)

11. Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, são significativas.
Exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram
a ação que acabara de produzir-se. É de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato
da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos. Bastou a irradiação
fluídica normal para realizar a cura. Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher
e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão? É
bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria
orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou
atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à
corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba
aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só.
O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos. Razão, pois, tinha Jesus
para dizer: Tua fé te salvou. Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude
mística, qual a entendem muitas pessoas, mas uma verdadeira força atrativa, de sorte que
aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força
de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também, se compreende que, apresentando-se ao
curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos
mais importantes princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes,
apontando-lhes uma causa muito natural.
(Cap. XIV, nos 31, 32 e 33.)

Além do pedido (elaborado por meio da crença no Messias e nas Suas potencialidades) há aqui13 a
figura de Jesus como verdadeiro Sol irradiando energias do mais alto teor, não perceptíveis por todos que
o cercavam! Caso a mulher hemorroíssa acreditasse e tivesse, ao invés de tocado o Mestre, Lhe dirigido o
pensamento em prece, teria, certamente, obtido o mesmo resultado!
O objetivo das atividades do Grupo de Irradiação não é exatamente o de cura. Trata-se, segundo a
proposta mesma da criação desta tarefa, de “reunião privativa de vibração em conjunto para irradiar
energias de paz, de amor e de harmonia, inspiradas na prática do Evangelho à luz da Doutrina Espírita, em
favor de encarnados e desencarnados carentes de atendimento espiritual.” Óbvio que podemos (e
devemos) esperar as repercussões naturais das emissões que produzimos, mas não nos cabe, por questões
óbvias, nos sentirmos desapontados caso nossos desejos não se efetivem da forma como os imaginamos,
eis que há inumeráveis fatores que vão intermediar o processo de emissão e recepção fluídica que o grupo
se dispôs a colocar em movimento em nome da fraternidade e do amor.
Em outro momento de singular beleza, Jesus atendeu ao pedido de Lívia em favor da pequena
Flávia Lentúlia durante a visita que recebeu, às ocultas, do orgulhoso senador Públio Lentulus! Fê-lo a partir
dali, lendo as angústias do coração daquele pai que tudo fez para ver o restabelecimento da criança tão
amada... Apesar da súplica sem palavras Jesus o atende, sim, lembrando que os méritos da ação corriam,
segundo o Mestre, por conta da fé e do amor maternal da mulher dedicada e fiel que em casa ficara, em
prece, pedindo pelo atendimento da saúde da filha que ternamente agasalhava na concha nos braços5...
A transmissão do pensamento é fato comprovado há séculos! Se é possível a telepatia conduzir
uma ideia, um pensamento, pode conduzir também um sentimento, um ensejo, uma energia! Nossas
emanações mentais, mesmo sem critério e correta educação, alcançam seu objetivo, seu alvo. Uma vez
educadas e colocadas a serviço dos nossos semelhantes, podem fazer prodígios!
O grau de receptividade dos que se nos submetem ao auxílio é outro fator de grande importância.
A mulher hemorroíssa desejava a cura. O senador Públio Lentulus também. Jesus, na sua bondade
inesgotável atende ao pedido de Lívia na pessoa do marido e viu, na pequena Flávia, condições de
receptividade para os fluidos que lhe penetraram o ser, operando a cura.
Apesar dessas e de inúmeras outras ocorrências coroadas de êxito, o trabalhador da Irradiação não
deve agir pretensamente à cata de resultados imediatos. Há circunstâncias que demandam mais tempo e
precisam de determinadas condições para se operar, o que não deve, jamais, obstar o trabalho. Pedir por
um criminoso, em nossas preces, pode deflagrar, nele, um processo de arrependimento e demoção do mal,
cujo prazo para a apresentação de seus efeitos pode demorar. Recebemos benefícios diários da Natureza
sem que formulemos uma única palavra! Isso porque, além do tropismo divino ao qual estamos todos
submetidos, há, sempre, junto de cada um de nós, almas afins que nos querem ver progredir, que se
interessam pelo nosso crescimento e bem-estar. O que basta para que esses seres intervenham em nosso
benefício é a menor das atitudes no sentido de auxiliar, amparar, socorrer.

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BIBLIOGRAFIA
1
http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=irradiação

2
MATEUS, 22: 34 a 40; Idem, 7:12; LUCAS, 6:31, In O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap XI – Amar o próximo como
a si mesmo. Itens 1 e 2, p. 183. FEB, 2001.

3
ORIENTAÇÃO AO CENTRO ESPÍRITA, Capítulo III: Atendimento Espiritual no Centro Espírita. FEB, 2006. p. 47/8

4
ALLAN KARDEC: A Gênese. Cap. XV, itens 10 e 11. P. 401/2. FEB, 2001.

5
EMMANUEL/CHICO XAVIER: Há 2000 anos, Cap V: O Messias de Nazaré, p. 82 a 90. FEB, 1994.

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