Professional Documents
Culture Documents
A Irradiação no Centro
Espírita
Prefácio ...................................................................................................................................................................................... 3
1. Irradiação ...................................................................................................................................................................................... 4
2. O Sol como modelo de irradiação ................................................................................................................................ 5
3. O Amor de Jesus irradia, há milênios, em toda parte! .................................................................................... 5
4. Roteiro para a tarefa ............................................................................................................................................................. 6
5. Antes e depois da tarefa ...................................................................................................................................................... 6
6. Quem são os trabalhadores .............................................................................................................................................. 7
7. O local da reunião .................................................................................................................................................................... 8
8. A tarefa de irradiação não é reunião mediúnica! ............................................................................................... 8
9. As potências da alma: a oportunidade dos ensinamentos de Léon Denis ............................................. 9
10. A atividade de irradiação no contexto do Atendimento Espiritual no Centro Espírita ................... 10
Posfácio .......................................................................................................................................................................................... 12
Bibliografia .................................................................................................................................................................................. 14
Anexo - Orientação ao Centro Espírita - Capítulo III – Atendimento Espiritual no Centro
Espírita .................................................................................................................................................................................................. 15
3
PREFÁCIO
1. IRRADIAÇÃO
irradiação | s. f.
derivação fem. sing. de irradiar
irradiação
s. f.
1. .Ato de irradiar.
2. Espargimento dos raios de luz.
3. [Por extensão] Difusão do que sai de um centro para a periferia.
4. [Figurado] Propagação; contágio.
irradiar
v. tr., intr. e pron.
1. Arrojar, lançar de si (raios de luz).
2. Difundir (do centro para a periferia).
3. Espalhar.
A definição nos faz recordar que todos os corpos emitem, num determinado grau, alguma
forma de energia. Quando, no inverno, nos cobrimos com pesados casacos, ficamos com a
impressão de que é nosso agasalho produz calor, quando na verdade estamos recebendo nossas
próprias irradiações de calor retidas pelo tecido do nosso abrigo.
Irradiar, para a compreensão dos objetivos deste trabalho é, em síntese, lançar de si,
promover, pela vontade e em nome do amor fraternal, raios, energias, fluidos, sentimentos e
pensamentos.
Já ouvimos, alhures, que a irradiação é o passe à distância, o que revela uma boa dose de
verdade.
Como as irradiações que emitimos ou recebemos não são visíveis, criamos, via de regra, a
ideia de sua ineficiência ou mesmo de sua inexistência. É o caso das ondas mentais produzidas
pelos componentes do grupo de irradiação. Mesmo sem ver as irradiações produzidas por cada
um dos trabalhadores ou pelo grupo, devemos guardar a certeza de que as produzimos e nelas
depositamos uma parcela de solidariedade, de amor, de fraternidade, convertidas em focos
reanimadores ou calmantes, portadores das nossas emissões mentais, das nossas melhores
energias.
O alcance das irradiações é ilimitado, podendo ser dirigidos aos seres encarnados ou aos
desencarnados; àqueles que se encontram na Terra ou no Plano Espiritual. A distância não é
obstáculo para as emissões produzidas pelas nossas irradiações.
Este trabalho não tem a pretensão de “ensinar” como emitir nossas vibrações, nossas
ondas mentais, magnéticas. Mas tem por objetivo, através do material adiante exposto, relembrar
que todos possuímos essa capacidade notável que deve ser colocada a serviço do nosso próximo.
O que emitirmos durante a atividade da irradiação ou mesmo enquanto nos ocupamos das nossas
atividades diárias, auxiliará na construção e manutenção de um ambiente de harmonia, saúde e
paz. É o momento de exercitar, de aplicar os ensinamentos que Jesus nos legou ao recomendar o
amor a Deus ao próximo, condições inadiáveis para a conquista da felicidade real já nesta Terra
que antegoza as harmonias e a musicalidade de um Mundo de Regeneração2. 5
transporta montanhas. A beleza e a singularidade daquelas orientações são mais que oportunas.
O estudo e a observação profunda do item 12 deste capítulo, acerca da fé humana e da fé divina,
revelarão o quão subutilizada se encontra, por vezes, essa capacidade admirável que
menosprezamos, esse tesouro que egoisticamente guardamos e cujo valor desconhecemos: a fé
divina, verdadeiro sol interior que ofuscamos por desconhecimento ou inércia, perdendo
excelentes oportunidades de auxílio. Jesus se ocupou, durante todo seu ministério de amor, em
fazer desenvolver, nas criaturas, essa admirável capacidade de irradiar, qual um sol! Pensemos
nisso!
“E – ATIVIDADE DE “IRRADIAÇÃO”
1. CONCEITO
É uma reunião privativa de vibração em conjunto para irradiar energias de paz, de amor e de
harmonia, inspiradas na prática do Evangelho à luz da Doutrina Espírita, em favor de encarnados e
desencarnados carentes de atendimento espiritual.
2. FINALIDADE
Amparar e fortalecer os carentes de atendimento espiritual e os trabalhadores do Centro Espírita e
do Movimento Espírita.
3. PARTICIPANTES
a) Um coordenador.
b) Colaboradores – treinados na irradiação e disciplina mental, para a sustentação vibratória.
5. RECOMENDAÇÕES
a) Utilizar música suave no ambiente.
b) Usar para a preparação do ambiente, de preferência, os livros de mensagens como: Pão Nosso;
Caminho, Verdade e Vida; Fonte Viva; Vinha de Luz e Palavras de Vida Eterna.
c) Selecionar e capacitar, continuadamente, os colaboradores que tenham o propósito de ajudar e
um perfil adequado para a tarefa: conhecimento evangélico-doutrinário, maturidade emocional,
bom senso, afetividade, naturalidade e segurança.”
7
As atividades da Casa Espírita, como um todo, guardam estreita relação entre si. Não há tarefa mais
ou menos importante; todas estão interligadas. A atividade de recepção, por exemplo, tem relação direta
com a atividade de palestras públicas, comunicação social ou outras que, a princípio, não são tarefas
específicas do Setor de Atendimento Espiritual no Centro Espírita. E nem poderia ser diferente. Todos os
setores e atividades do Centro Espírita interdependem-se. Daí sua força. Não há atividade isolada, que não
estabeleça a troca de experiências, de vivências, de material doutrinário, de informações, de apoio e
colaboração mútua.
Um exemplo prático dessa integração é a semelhança, em alguns aspectos, entre as tarefas de
Irradiação e a reunião mediúnica. Apesar de pontos de contato são tarefas absolutamente distintas, cada
uma com objetivos próprios, bem delineados. Apesar desta distinção, a prática do silêncio respeitoso, do
diálogo sempre elevado (antes e depois da tarefa) e da certeza do envolvimento espiritual que acomete os
trabalhadores do grupo da mediunidade, são aplicáveis, em toda sua extensão, aos trabalhadores do grupo
de irradiação. A leitura preparatória, por exemplo, sugerida como forma de reunir os pensamentos em
torno de um ideal nobre e elevado, presente na atividade da explanação do evangelho à luz da doutrina
espírita, é perfeitamente adotado, em número e grau, na atividade socorrista da irradiação.
Antes das atividades de irradiação faz-se recomendável, portanto, a vigilância e a oração, a busca
pelo aperfeiçoamento moral e o cultivo do bom e reto proceder. Recomendações que, obviamente, não se
aplicam somente ao período anterior aos trabalhos. O trabalhador consciente sabe que a conduta, neste
nível de enobrecimento, para o êxito das tarefas espíritas em geral, deve ser levada a efeito diariamente e
em qualquer lugar. Antes e depois da tarefa, portanto, a certeza de que somos acompanhados pelos nossos
afins, não somente no teatro da existência material mas, sobretudo, por aqueles que conosco dividem
opiniões, gostos, tendências e inclinações desde o plano espiritual. São testemunhas do que falamos e do
que fazemos. Daí a responsabilidade daqueles que nos propomos à execução das atividades esclarecedoras
em nome da Doutrina Espírita. A fidelidade doutrinária e aos postulados do Evangelho de Jesus são as
garantias que devem cercar o trabalhador de fé e coragem para o desempenho da tarefa abraçada. Se a
santidade ainda não é mérito da imensa maioria de nós, cabe aqui, entretanto, a assertiva sempre atual
contida no capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo: Sede Perfeitos, Item 4: Os bons Espíritas:
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para
domar suas inclinações más.”
Uma vez convidado para a tarefa, neste ou noutro setor de atividades, cumpre ao trabalhador a
oração e a vigilância recomendados por Jesus. Assim não seremos surpreendidos pelas nossas imperfeições
e nem seremos dificuldade no caminho dos companheiros que dividem conosco as tarefas espíritas. O
trabalhador empenhado na tarefa da irradiação deve ter em mente que uma das suas principais atribuições
é a produção das vibrações fraternas que envolvam todos os trabalhadores do movimento espírita, em
todos os níveis, setores, funções e responsabilidades. É urgente e de vital importância a criação e
manutenção de uma atmosfera de paz, harmonia e fraternidade entre os trabalhadores espíritas!
7. O LOCAL DA REUNIÃO
Pode parecer óbvia e desnecessária a advertência deste capítulo. Ocorre que algumas semelhanças
com as atividades desenvolvidas pelo grupo da mediunidade podem fazer com que médiuns ostensivos
sintam-se estimulados à passividade, o que, sugere-se, seja reservado para o local e momento destinado
para essa finalidade. O envolvimento que o trabalhador sentirá, especialmente dos Mentores e dos
Espíritos que trabalharão no desenvolvimento dos potenciais de cada colaborador, poderão facilmente ser
observados, sentidos, eis que é um momento de profunda comunhão de propósitos da Espiritualidade
Superior e dos trabalhadores encarnados envolvidos na tarefa. Caso sinta a aproximação ou o desejo de se
manifestar sobre uma ocorrência ou mensagem sugerida pelos trabalhadores do Invisível, guarde, o
trabalhador, os fundamentos e a ideia central do que lhe foi permitido entrever, compartilhando-o, ao final
da reunião, com os demais colaboradores, se for este o caso.
Pergunta-se: há inconvenientes quanto à manifestação mediúnica, durante a tarefa de irradiação?
Responderemos, primeiramente, que se trata de uma tarefa específica, com contornos e objetivos bem
delineados. Assim, os componentes do grupo e principalmente os Espíritos Benfeitores e orientadores dos
trabalhos saberão, melhor do que nós, da oportunidade ou não da manifestação durante as atividades, o
que, de resto, não deve ocorrer. Caso haja a necessidade de orientações, corrigendas, encorajamento ou
qualquer outra mensagem oriunda do Plano Espiritual, guardemos a certeza de que ela virá, no momento
próprio, durante as atividades específicas e destinadas para esse mister.
“O reino dos céus está dentro de vós”, disse o Cristo. O mesmo pensamento está por outra forma
expresso nos Vedas: “Tu trazes em ti um amigo sublime que não conheces.” A sabedoria persa
não é menos afirmativa: “Vós viveis no meio de armazéns cheios de riquezas e morreis de fome
à porta.” (Suffis Ferdousis).
Todos os grandes ensinamentos concordam neste ponto: É na vida íntima, no desabrochar de
nossas potências, de nossas faculdades, de nossas virtudes, que está o manancial das felicidades
futuras. Olhemos atentamente para o fundo de nós mesmos, fechemos nosso entendimento às
coisas externas e, depois de havermos habituado nossos sentidos psíquicos à escuridade e ao
silêncio, veremos surgir luzes inesperadas, ouviremos vozes fortificantes e consoladoras. Mas, há
poucos homens que saibam ler em si, que saibam explorar as jazidas que encerram tesouros
inestimáveis. Gastamos a vida em coisas banais, improfícuas; percorremos o caminho da
existência sem nada saber de nós mesmos, das riquezas psíquicas, cuja valorização nos
proporcionaria gozos inumeráveis. Há em toda alma humana dois centros ou, melhor, duas
esferas de ação e expressão. Uma delas, a exterior, manifesta a personalidade, o “eu”, com suas
paixões, suas fraquezas, sua mobilidade, sua insuficiência. Enquanto ela for a reguladora de
nosso proceder, teremos a vida inferior, semeada de provações e males. A outra, interna,
profunda, imutável, é, ao mesmo tempo, a sede da consciência, a fonte da vida espiritual, o templo
de Deus em nós. É somente quando esse centro de ação domina o outro, quando suas impulsões
nos dirigem, que se revelam nossas potências ocultas e que o Espírito se afirma em seu brilho e
10
beleza. É por ele que estamos em comunhão com “o Pai que habita em nós”, segundo as palavras
do Cristo, com o Pai que é o foco de todo o amor, o princípio de todas as ações. Por um desses
centros perpetuamo-nos em mundos materiais, onde tudo é inferioridade, incerteza e dor; pelo
outro temos entrada nos mundos celestes, onde tudo é paz, serenidade, grandeza. Somente pela
manifestação crescente do Espírito divino em nós chegaremos a vencer o “eu” egoísta, a associar-
nos plenamente à obra universal e eterna, a criar uma vida feliz e perfeita. Por que meio poremos
em movimento as potências internas e as orientaremos para um ideal elevado? Pela vontade! Os
usos persistentes, tenazes, dessa faculdade soberana permitir-nos-á modificar a nossa natureza,
vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a morte. É pela vontade que dirigimos
nossos pensamentos para um alvo determinado. Na maior parte dos homens os pensamentos
flutuam sem cessar. Sua mobilidade constante e sua variedade infinita oferecem limitado acesso
às influências superiores. É preciso saber se concentrar, colocar o pensamento acorde com o
pensamento divino. Então, a alma humana é fecundada pelo Espírito divino, que a envolve e
penetra, tornando-a apta a realizar nobres tarefas, preparando-a para a vida do espaço, cujos
esplendores ela começa fracamente a entrever desde este mundo. Os Espíritos elevados veem e
ouvem os pensamentos uns dos outros, com os quais são harmonias penetrantes, ao passo que
os nossos são, as mais das vezes, somente discordâncias e confusão. Aprendamos, pois, a servir-
nos de nossa vontade e, por ela, a unir nossos pensamentos a tudo o que é grande, à harmonia
universal, cujas vibrações enchem o espaço e embalam os mundos.
A beleza desta narrativa só é suplantada pelo valor da orientação que encerra. Fazer o pensamento
e a vontade operar conforme as conclusões de Denis é compreender as determinações e os ensinos de
Jesus. É imaginar a sala de reuniões transformada no refúgio de segurança de onde o grupo poderá emitir
os tesouros da consolação para toda parte. As potências da alma humana, decorridos tantas décadas, ainda
não foram compreendidas em sua totalidade, merecendo, por isso estudo continuado.
Jesus sabia como comungar os Seus com os objetivos do Criador. Encharcava-se de luz. Por onde
andava era pressentido por irradiar de si as virtudes dos céus. Sim, Jesus buscava o silêncio do monte, a
calma das águas do lago ou o perfume do horto. Agigantava, assim, potências da Sua alma enobrecida e
saía a semear...
Reunir-se o grupo de irradiação parece, a princípio, medida de efeitos imperceptíveis, senão nulos,
invisíveis, inócuos. Basta, no entanto, que o trabalhador esteja compenetrado e ciente da importância da
tarefa que desempenha e que estenda, pelo pensamento e pela vontade, suas vibrações àqueles que
sofrem, para que a tarefa se veja revestida do mais profundo significado e alcance, onde estiver, o alvo das
nossas vibrações de amor e paz, entendimento, encorajamento e fé.
O Setor do Atendimento Espiritual no Centro Espírita interage com todas as demais propostas de
trabalho sugeridas pelo opúsculo Orientação ao Centro Espírita:
a. Palestras públicas;
b. Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita;
c. Estudo e Educação da Mediunidade;
d. Reunião Mediúnica;
e. Evangelização Espírita da Infância e da Juventude;
f. Divulgação da Doutrina Espírita;
g. Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita;
h. Atividades Administrativas;
i. Participação do Centro Espírita nas Atividades de Unificação do Movimento Espírita;
j. Administrativo e Institucional.
12
POSFÁCIO
Há pouco material publicado acerca da atividade de Irradiação. Isso não obsta, de forma alguma, a
execução da tarefa, já existente em praticamente todos os Centros Espíritas com outras denominações
(grupo da prece, grupo de orações, etc.)
Que o presente trabalho sirva para situar esta importante atividade no contexto organizacional do
Centro Espírita, dando-lhe a merecida identidade, aumentando-lhe o valor pela identificação das suas
raízes, oriundas das próprias ações do Cristo de Deus e Sua conduta, modelo e guia inigualável.
Vale relembrar, à guisa de ilustração (e que ilustração!) o seguinte momento da vida de Jesus:4
10. Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia;
— que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum
alívio conseguira — como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as
vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. — No
mesmo instante o fluxo sanguíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada
daquela enfermidade. Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou
no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes? — Seus discípulos lhe disseram: Vês que
a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? — Ele olhava em torno de si
à procura daquela que o tocara. A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e
pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade.
— Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade.
(S. Marcos, 5:25 a 34.)
11. Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, são significativas.
Exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram
a ação que acabara de produzir-se. É de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato
da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos. Bastou a irradiação
fluídica normal para realizar a cura. Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher
e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão? É
bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria
orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou
atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à
corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba
aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só.
O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos. Razão, pois, tinha Jesus
para dizer: Tua fé te salvou. Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude
mística, qual a entendem muitas pessoas, mas uma verdadeira força atrativa, de sorte que
aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força
de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também, se compreende que, apresentando-se ao
curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos
mais importantes princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes,
apontando-lhes uma causa muito natural.
(Cap. XIV, nos 31, 32 e 33.)
Além do pedido (elaborado por meio da crença no Messias e nas Suas potencialidades) há aqui13 a
figura de Jesus como verdadeiro Sol irradiando energias do mais alto teor, não perceptíveis por todos que
o cercavam! Caso a mulher hemorroíssa acreditasse e tivesse, ao invés de tocado o Mestre, Lhe dirigido o
pensamento em prece, teria, certamente, obtido o mesmo resultado!
O objetivo das atividades do Grupo de Irradiação não é exatamente o de cura. Trata-se, segundo a
proposta mesma da criação desta tarefa, de “reunião privativa de vibração em conjunto para irradiar
energias de paz, de amor e de harmonia, inspiradas na prática do Evangelho à luz da Doutrina Espírita, em
favor de encarnados e desencarnados carentes de atendimento espiritual.” Óbvio que podemos (e
devemos) esperar as repercussões naturais das emissões que produzimos, mas não nos cabe, por questões
óbvias, nos sentirmos desapontados caso nossos desejos não se efetivem da forma como os imaginamos,
eis que há inumeráveis fatores que vão intermediar o processo de emissão e recepção fluídica que o grupo
se dispôs a colocar em movimento em nome da fraternidade e do amor.
Em outro momento de singular beleza, Jesus atendeu ao pedido de Lívia em favor da pequena
Flávia Lentúlia durante a visita que recebeu, às ocultas, do orgulhoso senador Públio Lentulus! Fê-lo a partir
dali, lendo as angústias do coração daquele pai que tudo fez para ver o restabelecimento da criança tão
amada... Apesar da súplica sem palavras Jesus o atende, sim, lembrando que os méritos da ação corriam,
segundo o Mestre, por conta da fé e do amor maternal da mulher dedicada e fiel que em casa ficara, em
prece, pedindo pelo atendimento da saúde da filha que ternamente agasalhava na concha nos braços5...
A transmissão do pensamento é fato comprovado há séculos! Se é possível a telepatia conduzir
uma ideia, um pensamento, pode conduzir também um sentimento, um ensejo, uma energia! Nossas
emanações mentais, mesmo sem critério e correta educação, alcançam seu objetivo, seu alvo. Uma vez
educadas e colocadas a serviço dos nossos semelhantes, podem fazer prodígios!
O grau de receptividade dos que se nos submetem ao auxílio é outro fator de grande importância.
A mulher hemorroíssa desejava a cura. O senador Públio Lentulus também. Jesus, na sua bondade
inesgotável atende ao pedido de Lívia na pessoa do marido e viu, na pequena Flávia, condições de
receptividade para os fluidos que lhe penetraram o ser, operando a cura.
Apesar dessas e de inúmeras outras ocorrências coroadas de êxito, o trabalhador da Irradiação não
deve agir pretensamente à cata de resultados imediatos. Há circunstâncias que demandam mais tempo e
precisam de determinadas condições para se operar, o que não deve, jamais, obstar o trabalho. Pedir por
um criminoso, em nossas preces, pode deflagrar, nele, um processo de arrependimento e demoção do mal,
cujo prazo para a apresentação de seus efeitos pode demorar. Recebemos benefícios diários da Natureza
sem que formulemos uma única palavra! Isso porque, além do tropismo divino ao qual estamos todos
submetidos, há, sempre, junto de cada um de nós, almas afins que nos querem ver progredir, que se
interessam pelo nosso crescimento e bem-estar. O que basta para que esses seres intervenham em nosso
benefício é a menor das atitudes no sentido de auxiliar, amparar, socorrer.
14
BIBLIOGRAFIA
1
http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=irradiação
2
MATEUS, 22: 34 a 40; Idem, 7:12; LUCAS, 6:31, In O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap XI – Amar o próximo como
a si mesmo. Itens 1 e 2, p. 183. FEB, 2001.
3
ORIENTAÇÃO AO CENTRO ESPÍRITA, Capítulo III: Atendimento Espiritual no Centro Espírita. FEB, 2006. p. 47/8
4
ALLAN KARDEC: A Gênese. Cap. XV, itens 10 e 11. P. 401/2. FEB, 2001.
5
EMMANUEL/CHICO XAVIER: Há 2000 anos, Cap V: O Messias de Nazaré, p. 82 a 90. FEB, 1994.