Professional Documents
Culture Documents
MarioFleig
Notas
1 CHEMAMA, R. Clivage et modernité. Toulouse, Éres, 2003.
2 Esse novo livro deve muito às atentas observações que Jean-
Pierre Lebrun dadivosamente me fez ao longo do período no
qual eu o escrevia, assim como as trocas que tive com Christiane
Lacôte e Bernard Vandermersch, por ocasião de um seminário
em comum na Association lacanienne internationale.
A carênda de endereçamento
Caro amigo,
<'uro amigo,
Notu
1 Ver principalmente S. Ferenczi, Journal clinique, Paris, Payot,
Caro amigo,
rlotu
'Denominada posteriormente de Association lacanienne
lnternationale.
1 O texto desta intervenção, "A questão do tempo nas depressões
neuróticas", foi publicado em meu livro Elementos lacanianos
,,,,ra uma psicanálise no cotidiano, Porto Alegre, CMC Edito-
rn, 2002. As páginas que seguem aqui retomam parcialmente
l'SNC texto, mas constituem também a ampliação de uma outra
mtcrvenção, "Representações do tempo e da depressão" feita na
Jornada da Association lacanienne internationale em março
1004.
' I.ACAN, J. "Fonction et champ de la parole et du langage
,·111 psychanalyse". Em Écrits, Paris, Seuil, 1996.
A relação com o tempo
Caro amigo,
Caro amigo,
notas
1 MELMAN, C. Novas formas clínicas no início do terceiro
Caro amigo,
notas
' 1!m contrapartida, podemos encontrar o enunciado "o incons-
1 lente é a política" no seminário A lógica do fantasma,
hwC'iation lacanienne internationale. Paris, 2003, lição de 10
,Ir maio de 1967.
1 I .ACAN, J., "Fonction et champ de la parole et du langage en
Caro amigo,
Caro amigo,
fitotas
1 ( 'HEMAMA, R. Clivage et modernité. Toulouse, Éres, 2003,
p t,7-71.
'IIERGSON, H. "L'évolution créatrice". Em <Euvres, Paris, PUF,
111,CJ, p. 775.
'IIERGSON, H. "La pensée et le mouvant". Em <Euvres, Paris,
l'll F, 1959, p. 1380
• HASCHET, J. La civilizacionféoda/e. Paris, Aubier Flarnma-
2004.
111111,
Sobre uma versão depressiva
da repetição
Caro amigo,
t,ota
' liNNIIS linhas foram escritas em uma época em que o legislador,
I"'' ler se preocupado em regulamentar as psicoterapias, neces-
•11ru,mcnte, está confrontado com a especificidade da psicanáli-
•r Freud havia tratado disso desde os anos 1925-30, quando
prr~·1sou defender Theodor Reik, psicanalista não-médico, que
l111vi11 ,;ido acusado do exercício ilegal da medicina. É nesta opor-
11111iJude que ele escreve um texto essencial sobre A questão da
1111,W.1·,• profana (ou ainda melhor: leiga). Por vezes pensa-se
1111r nesse texto se trata apenas de defender os analistas não-
111c"dicos. Seriam eles os "leigos" da análise, por oposição aos
·'i ·ll'rigos", quer dizer, aos analistas médicos. Mas Freud vai muito
,Mm disso. Para justificar que a análise possa ser praticada por
111l11 -médicos, ele retoma a apresentação desta práxis e demons-
1111 NIIU especificidade radical. Se a psicanálise não se confunde
, 11111 11 medicina, ela se confunde menos ainda com a psicologia.
11111 consiste em ouvir o mais singular discurso, o do inconscien-
lr, ,• 110 mesmo tempo em ouvi-lo em sua relação com as deter-
11111111çõcs mais universais, uma vez que cada fala verídica inter-
vl'111 1mbre um fundo cultural que o analista deve levar conta. A
•·-~,· respeito ele deve ser um letrado. Ele não poderá ouvir o que
,,•11 pudente diz se sua fonnação estiver encerrada nos limites
,Ir 1111111 disciplina universitária, ainda com maior razão em nos-
"' 111111ca de progressivo esfacelamento dos saberes. Freud preco-
111111v11 4ue o analista conheça, além de sua própria teoria, a lite-
111111111 internacional, a história das religiões, a mitologia, e ain-
il11 muitos outros domínios.
Sobre o que Incide o
recalcamento'I
C'aro amigo,
i1
incidiria sobre a possibilidade de enunciação como tal.
Você vê onde eu quero chegar. Desde o início,
eu não escondi de você que a própria idéia de fazer da
depressão uma entidade específica não era evidente.
Certos sujeitos parecem se fechar de saída em uma
existência triste, inibida e empobrecida. Mas falar da
depressão como uma entidade suporia poder dizer, es-
truturalmente, o que pode orientá-los nesta direção.
Será realmente o caso? Bem, eu creio que sim. Com
efeito, parece-me, que a cada vez, se pode localizar
aquilo frente ao qual o sujeito pára, frente ao qual ele
se cala como sendo a própria possibilidade da fala. A
fala, pode-se dizer que ele não tem a coragem de crer
nela.
Você almejaria que, para concluir, eu retomasse
à distinção entre "depressivo" e "deprimido"? Aqui ela
não me parece essencial. Por vezes, entretanto, a re-
nuncia à fala é constante numa vida. Algumas vezes,
ela pára e se reativa por algum acontecimento doloro-
so. Mas eu penso que há, além dessas diferenças, uma
localização realmente estrutural da qual eu espero ter
1 lhe dado alguma idéia.
Uma mística Nlll Deus
Caro amigo,
fllotas
1 A idéia de que a religião triunfará é geralmente retomada como
uma das teses de Lacan. Na realidade, ele a enuncia por ocasião
de uma simples entrevista para a imprensa, no Centre Culturel
français, em Roma, em 29 de outubro de 1974. Jacques-Alain
Miller acreditou, aparentemente, dever dar a esse enunciado ( O
triunfo da religião) um grande valor ao tomá-lo título de um
livro, que reúne, além desta entrevista, duas palestras feitas em
Bruxelas (Discurso aos católicos).
2 Ver a esse respeito, CHEMAMA, R. Clivage et modernité.
Caro amigo,
not.as
1 Do latim inedia, abstinência de todo o alimento, ou espaço de
Caro amigo,
<'nro amigo,
Caro amigo,
Caro amigo,
Notas
1 Poder-se-ia dizer que o significante fálico constitui, no sujeito
Caro amigo,
Notall
1 LACAN, J. Le myte individuei du névrosé ou poésie et vérité
dans la névrose, Éditions des grandes têtes molles de notre
époque, sem data.
2 A cisão em questão, que divide a Société psychanalytique de
Seuil, 1994.
Uma fordusão do falo1
Retomo à questão da cllvagem
Caro amigo,
r.otu
1 Faço aqui o uso desse termo, corrente em Freud, para designar
Caro amigo,
notas
1 LACAN, J. Séminaire V. Les formations de l 'inconscient, l lJ:'i 7
Caro amigo,
I,ota
1 LACAN, J. "Fonction et champ de laparole et du langage em
Caro amigo,
1"otaa
1 Lembremos aqui, de uma vez por todas, que nós podemos dis-
tinguir com Lacan entre, por um lado, o sujeito, quer dizer, o
indivíduo dependente da linguagem e, por outro, o eu (ego em
latim) que constitui a representação que o sujeito pode ter de si
mesmo. Essa representação é imaginária e com duplo sentido,
Inicialmente, porque ela se forma como uma imagem, o que ilus-
tra a teoria do estádio do espelho, segundo a qual o eu se forma
no momento em que a criança, entre 6 e 18 meses, pode se reco-
nhecer no espelho. A seguir, porque ela constitui uma falsa uni-
ficação e sempre guarda uma dimensão ilusória.
1 Ele lembra, aliás, que o "esse sou eu (ce-suisje)" do tempo de
Caro amigo,
Caro amigo,
notas
1 Encontra-se, por vezes, a idéia de que a carência da função
fálica conduz o sujeito depressivo a evitar uma verdadeira perda
do gozo. Isso está bem ilustrado em sua fala feita mais para
enunciar um saber sobre a dor - que é também gozo - do que
para arriscar alguma coisa de seu desejo no jogo metafórico do
significante. Mas essa formulação não é incompatível com aquela
que eu escolhi, visto que um sacrifício total pode ter o valor de
evitar uma confrontação com a castração, com uma renúncia
parcial, que seria compatível com o desejo e a ação.
172 Depressão, a neurose do contemporâne.a
1998.
2 Notar-se-á que Ehrenberg também fala de patologias narcísicas
Marchioni.
Mentira privada, mentira social
Caro amigo,
flllota
1 Ver a esse respeito CHEMAMA, R. Le travai) aujourd'hui.
Caro amigo,
Caro amigo,
Caro amigo,
Notas
1 Durante esses anos, Lacan sustenta um seminário para ai
Caro amigo,
ftotaa
Caro amigo,
tado, como em sua vida ele tem sido, por exigênrn,, 1h1
mesma ordem. Certamente, há um círculo: ck p,·,h•
tanto mais amor quanto mais se sente rejeitado. l' 1'111
teme se fazer rejeitar quanto mais sua demanda pa11'\II
exorbitante. E esse círculo parece ter a função d,· 1111
mentar sem cessar seu sofrimento, o do miserável 111111
do pária.
Falaremos, então, de masoquismo e eu anl'dt
to que você também não está longe disso. Entrctanlo,
eu penso ser necessária maior precisão. De uma 11111
neira geral, fala-se um tanto facilmente do masoqu1"
mo, mesmo em situações nas quais não é disso Vl'rdu
deiramente que se trata. Se você procurar pode cnrn11
trar em A lógica do fantasma, de Jacques Lacan, 1111111
discussão de um livro de Edmund Bergler, que se d111
ma A neurose de base. Lacan diz que "é uma obra dt•
mérito." Eu não penso que isso seja apenas irônirn
Efetivamente, Bergler é um autor que ele cilu
freqüentemente em seus seminários, para discuti ·h1,
certamente, mas isso mostra pelo menos que ele 1hr
atribui algum interesse.
O livro de Bergler retoma, de maneira sistcmá
tica, uma grande quantidade de observações clínicas.
O fio que ele puxa, entre suas observações, é que ela~
remetem a uma camada ou uma estrutura profunda qul'
diz respeito à oralidade. Para Bergler, as "neurose~
orais" criam por si mesmas uma situação fundamental
e complexa na qual eles se sentem rejeitados, eventu
almente onde eles se fazem efetivamente rejeitar. Con ·
forme ele diz, são os "masoquistas psíquicos". De ai
guma forma, segundo Bergler, há uma lógica no pn,
cedimento deles, que Lacan lembra ao citar longamentl'
esse autor. Eu não vou retomar as citações, que você
encontrará no texto da lição. Mas talvez seja preciso
se perguntar no que a busca de um sentimento de sn
rejeitado teria relação com a oralidade.
O depbuldo é um llllll!IOCpdsta1 211
fllobla
1 Ver o artigo de LACÔTE, CH. "Avoir la grâce ou pas". Em le
Caro amigo,
Caro amigo,
Caro amigo,
notas
1 FREUD, S. lnhibition, symptôme et angoisse. Paris, PUF, 1973,
p. 82.
2 Nós vimos, no sonho do restaurante italiano, o quanto um su-
Caro amigo,