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Propulsivo
A seleção do sistema propulsivo consiste, inicialmente, em definir uma família de
hélices que atenda a todos os critérios estabelecidos. Após isso, será feita a seleção do melhor
conjunto motor-hélice. Antes de iniciarmos o procedimento de seleção do hélice, é
conveniente fazermos um resumo teórico acerca do assunto abordado, visando esclarecer
todos os aspectos do processo.
Resumo Teórico
Como resultado final do fator de projeto “Resistência ao Avanço”, obtemos a
Resistência Total e os três coeficientes propulsivos: coeficiente de esteira, coeficiente de
redução do empuxo e eficiência rotativa relativa. Através desses dados e da velocidade de
serviço do navio, podemos obter os parâmetros necessários ao dimensionamento do hélice.
São eles:
Velocidade de Avanço: É a velocidade com a qual a água chega ao hélice. Devido à
interferência do casco no escoamento incidente no propulsor, retratada pelo
coeficiente de esteira ( w ), a Velocidade de Avanço ( V A ) é menor que a
velocidade de serviço da embarcação ( V S ) e pode ser expressa por:
V A =V S ( 1−w )
Onde:
V S =Velocidade de Serviço [ m/ s ] ;
w=Coeficiente de Esteira .
Eficiências
A transmissão de potência entre o motor principal e o eixo propulsor está sujeita à
eficiência mecânica do eixo e pode ser expressa pela seguinte fórmula:
DHP
ηS =
BHP
Onde:
ηS =Eficiência mecânica do eixo de transmissão ;
DHP=Potência de saída do eixode transmissão [ kW ] ;
BHP=Potência , gerada pelo motor ,entregue ao eixo de transmissão [ kW ] .
Hélices
Hélices são os dispositivos mais comuns e, geralmente, mais eficientes de propulsão
marítima. Em geral, possuem quatro características específicas, que, quando modificadas,
influenciam no desempenho propulsivo. Esses parâmetros geométricos são: Diâmetro ( D ),
Número de pás ( Z ), Razão de Áreas ( A E / A 0 ) e Razão de Passo ( P/ D ).
O diâmetro do hélice interfere diretamente no empuxo gerado por ele. Dessa forma,
um propulsor com um diâmetro maior, gerará mais empuxo e, geralmente, será mais eficiente.
Segundo a referência [4], o diâmetro máximo do hélice não deve ser maior que dois terços do
calado de projeto ( T P ).
2
Dmax ≤ T P
3
Hélices marítimos podem ser construídos com 2, 3, 4, 5 ou 6 pás. Em termos de
eficiência, quanto menos pás o propulsor tiver, melhor será. No entanto, em casos onde as
cargas envolvidas são maiores, a utilização de hélices com duas ou três pás torna-se inviável.
Portanto, pode-se afirmar que o número de pás está diretamente relacionado com o empuxo
gerado pelo propulsor, sendo usual a utilização de hélices com 4, 5 e 6 pás em navios grandes.
A razão de áreas é definida como a razão entre a área superficial total do hélice e a
área do disco propulsor. Em geral, a diminuição da razão de áreas aumenta, embora pouco, o
empuxo gerado pelo hélice. De acordo com [5], para navios com um propulsores de 4 pás, o
valor de 0,55 é considerado bom para esse parâmetro.
AE Z ∙ AE0
=
A 0 ( π D2 /4 )
Onde:
A 0= Área do Disco Propulsor [ m2 ] : É a área do círculo descrito pela rotação das
pás do propulsor;
D=Diâmetro do propulsor [ m ] ;
Figura 2 – Construção das linhas de contorno que definem a área extendida da pá do hélice
Após a descrição das características do hélice, podemos fazer uma análise qualitativa
das modificações na geometria do propulsor. Portanto, quando se deseja um aumento do
empuxo, deve-se:
Aumentar o diâmetro;
Aumentar o número de pás;
Diminuir a razão de áreas;
Aumentar a razão de passo.
KQ × J ;
T ∙V A ( K T ∙ ρ ∙ n2 ∙ D4 ) × ( J ∙ n ∙ D ) K T J
η0 = = = ×
2 π ∙ Q∙ n 2 π × ( K Q ∙ ρ ∙n 2 ∙ D5) × n K Q 2 π
Na figura abaixo, retirada de [4], podemos ver um exemplo do diagrama
KT , KQ × J para um Hélice Série-B de quatro pás, com razão de áreas de 0,55.
0.80
0.70
0.60
0.50
ho
0.40
0.30
0.20
0.10
0.00
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60
Figura 5 – Ponto de operação ideal do hélice, com máxima eficiência em águas abertas
Cavitação
Em linhas gerais, a cavitação consiste na formação e subsequente colapso, ao longo do
escoamento de um fluido, de bolhas ou cavidades preenchidas por vapor de líquido. Um Hélice
Marítimo imerso em um fluido se movimentando apresenta variação de pressão em suas faces,
ocorrendo no dorso, a pressão mínima. Em alguns casos, essa pressão é tão baixa que o fluido
muda do estado líquido para o gasoso, o que forma uma “nuvem” de bolhas de vapor. Ao se
afastar da superfície do hélice, uma porção de água líquida rapidamente preenche o espaço
“vago” deixado por essa nuvem, provocando impactos no material. Esses impactos provocam
fraturas por fadiga, deixando o material mais frágil e resultando em um possível
desbalanceamento do hélice, caso haja perda de massa.
De uma forma resumida, pode-se afirmar que qualquer alteração nas características
principais do hélice que forneça mais empuxo (e, portanto, mais torque), aumentará o risco de
cavitação. Logo:
Aumento da Rotação ( n ) → Aumento do Empuxo e do Torque → Aumento do risco de cavitação
Aumento do nº de pás ( Z ) → Aumento do Empuxo e doTorque → Aumento do risco de cavitação
Aumento do diâmetro ( D ) → Aumento do Empuxo e do Torque → Aumento do risco de cavitação
Aumento da Razão de Passo ( P/ D ) → Aumento do Empuxo e do Torque → Aumento do risco de cavitaçã
Diminuição da Razão de Áreas ( A e / A 0 ) → Aumento do Empuxo e do Torque → Aumento do risco de cavi