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PROCEDIMENTOS
CAUTELARES E
ESPECIAIS
1
FABRÍCIO, Adroaldo Furtado. Comentários ao Código de Processo Civil, 3 ed., Forense: Rio de Janeiro, 1988, v.
7, t. III, p. 139 e 143.
2 SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Procedimentos Especiais, 2 ed., AIDE, 1993, p.64.
De outra esteira, caminha o entendimento do eminente
doutrinador Antônio Carlos Marcato 1, o qual entende ser uma sentença, que
desafia o Recurso de Apelação.
Encerrada a primeira fase da consignação judicial, seja
por decisão interlocutória, seja por sentença, a segunda fase prosseguirá sem o
devedor/autor mas, tão somente, entre os credores, sob o rito ordinário.
Uma última questão que foi alvo de algumas críticas
doutrinárias. A fixação da verba de sucumbência em decisão interlocutória foi a
solução adotada e não há o que reparar, visto que em outra situação processual,
qual seja, no litisconsórcio passivo, em que o juiz, na decisão saneadora, exclui
um dos réus do processo, fixando em seu favor honorários advocatícios.
1 MARCATO, Antônio Carlos. Ação de Consignação de Pagamento, 2 ed., Revista dos Tribunais , p. 115.
2
JÚNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade.Código de Processo Civil Comentado, 5 ed., Revista dos
Tribunais: São Paulo. 2001. nota 9 do art. 890. p. 1266.
Não obstante, de acordo com o entendimento do ilustre
doutrinador Marcus Vinícius Rios Gonçalves 3, inexiste obste porquanto a norma
que o institui tem caráter material, sendo irrelevante que o procedimento seja
regulado por lei especial.
Diferentemente do previsto no Código de Processo
Civil, a Lei do Inquilinato prevê que na situação em que o locatário reconhecer a
insuficiência do depósito poderá completá-lo, no prazo de cinco dias,
acrescentado de 10% (dez por cento) sobre a diferença a título de multa
moratória.
Outro aspecto, suscitante, é que já foi dito em linhas
volvidas que é possível a Reconvenção na Ação Consignatória sob a égide do
CPC, no entanto, a Lei do Inquilinato vedou expressamente tal possibilidade.
b) Ação de Depósito:
A ação em comento tem previsão no Digesto Processual
Civil nos arts. 901 usque 906, com o objetivo de fazer do depositário entregar
coisa confiada sob sua guarda pelo depositante.
A questão palpitante que norteia o presente tema é a
prisão do depositário infiel. Tal possibilidade encontra previsão no art. 1.287 do
Código Civil e no §1º do art. 902 do Diploma Processual Comum, os quais foram
recepcionados pelo inciso LXVII, do art. 5º, da Constituição Federal.
O Pleno do Supremo Tribunal Federal, por maioria de
votos, decidiu que, “ainda que não requerida na petição inicial, a prisão poderá
ser postulada mais tarde, depois do não-cumprimento do mandado de execução
da sentença condenatória” (RTJ, 113:626).
Quanto à classificação do depósito em contratual e
judicial (o que nos interessa), cabe destacar que: no primeiro o depositário tem a
3
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Procedimentos Especiais. V.13. Saraiva: São Paulo. 1999. p 23.
posse direta e o depositante a posse indireta. Enquanto, no segundo, o depositário
é mero detentor da coisa, mantendo-a consigo em nome do munus púbico estatal.
Curiosamente a Súmula nº 619 do Supremo Tribunal
Federal destaca a possibilidade de ser decretada a prisão do depositário judicial
nos próprios autos da ação em que se constitui o encargo, independentemente da
propositura da ação de depósito.
Há alguns casos na legislação em que o legislador
equipara as situações típicas ao depósito, como por exemplo na Alienação
Fiduciária em Garantia, que prevê a conversão do pedido em busca e apreensão
em ação de depósito, nos mesmos autos (Dec. Lei nº 911/69, art. 4º). Assim,
também, para efeitos previdenciários é equiparada ao depositário, a pessoa que a
Lei imponha a obrigação de reter ou receber de terceiro e recolher aos cofres
públicos.
A respeito da constitucionalidade da prisão do devedor
alienante que não entrega o bem alienado fiduciariamente, o STF já decidiu por
maioria dos votos pela constitucionalidade do ato, do que se tem exemplo o
julgado (HC 72.131-RJ, rel. Ministro Moreira Alves).
Particularmente, na Ação de Depósito, depois de
apresentada a resposta, o rito a ser adotado será o ordinário, consoante prevê o
art. 903 do Código de Processo Civil.
A prisão civil do devedor alienante não tem o condão de
afastar a obrigação do mesmo de entregar o bem, porquanto mesmo estando preso
poderá ser decretada a busca e apreensão da coisa. Não se pode olvidar que prisão
decretada pela sentença deve ter por parâmetro o pedido na exordial.
Diferentemente do Recurso de Apelação na Ação
Consignatória, em se tratando da Ação de Depósito será recebido em ambos os
efeitos.
Enfim, cumpre registrar que a única diferença entre a
Ação de Depósito Comum e a Ação de Alienação fiduciária em Garantia
(propriedade resolúvel) é que esta é precedida de uma busca e apreensão,
frustrada pela não localização da coisa. Além do mais, na primeira, o depósito do
equivalente em dinheiro só permite afastar o encargo se tiver ocorrido o
perecimento do bem confiado. Quanto a segunda, o simples depósito livra o
devedor da obrigação. A razão é bem simples, na alienação fiduciária o interesse
do bem é como garantia do pagamento da dívida (direito real de garantia), logo,
se houve o pagamento não existe razão de se permanecer obrigado.
c) Ação de Anulação e Substituição de Títulos ao Portador:
O procedimento especial dessa Ação encontra-se
disciplinado pelos arts. 907 usque 913 do CPC, nas hipóteses em que houver
perdido o título ao portador ou dele tiver sido desapossado injustamente.
O pedido mediato na presente ação poderá consistir em:
reivindicar de quem o detiver ou requer-lhe a anulação ou destruição do título ao
portador.
No caso da ação reivindicatória, se acaso o adquirente
de boa-fé do título ao portador tiver adquirido em um leilão público, o dono que
pretenda a restituição deverá indenizá-lo (art. 521 do CC e art. 913 do CPC).
Em se tratando da Ação de anulação e substituição de
títulos ao portador, há uma peculiaridade que merece destaque, qual seja, não
existe no procedimento especial o prazo para resposta. À falta de norma
reguladora, aplicar-se supletivamente o procedimento comum (art. 910, p. único
do CPC), o qual prevê o prazo de 15 (quinze) dias. Tal procedimento será adotado
depois de apresentado a resposta do réu.
Ocorre que a contestação do réu somente será admitida,
mediante, a apresentação do título reclamado (art. 910, caput, do CPC).
Por fim, em matéria de competência, observa-se que: A
ação reivindicatória deve ser ajuizada no foro do domicílio do réu (art. 94 do
CPC). De outra sede, a ação de anulação e substituição de título será processada
no domicílio do devedor (art. 100, III do CPC).
d) Ação de Prestação de Contas:
É disciplinada nos arts. 914 usque 919 do CPC, cabendo
utilizar desse veículo processual tanto quem tenha o direito de exigi-las, quanto a
obrigação de prestá-las.
No caso da Ação que vise exigir a prestação de contas,
o réu pode ter três reações: responder no prazo de cinco dias, quedar-se silente ou
apresentar as contas.
Em relação ao primeiro caso, o juiz poderá designar
audiência de instrução e julgamento, caso seja necessária a produção de prova, ou
caso contrário, proferirá desde logo sentença. No tocante ao segundo, o juiz
julgará antecipadamente a lide e, sendo procedente, condenará o réu a prestar as
contas em 48 horas. Na terceira hipótese, o autor, então, apresentá-las-á em 10
(dez) dias.
Quando se tratar de ação que a pessoa esteja obrigado
a prestar as contas, o réu poderá ter duas condutas: não contestar ou declarar que
aceita as contas, em dez dias, e, ainda, contestar ou impugnar as contas, podendo,
se houver necessidade, o juiz designar audiência de instrução e julgamento.
O art. 917 do CPC exige que as contas a serem prestadas
sejam em forma mercantil. Em execução forçada poderá ser cobrado o saldo
devedor (art. 918 do CPC).
Portanto, as contas do inventariante, do tutor, do
curador, do depositário serão apresentadas ao juiz e, se julgadas regular, os
excluirão do ônus ou encargo assumido. Caso contrário, serão condenados a pagar
o saldo devedor e, não o fazendo, o juiz o destituirá e seqüestrará os bens sob sua
guarda e glosar o prêmio ou gratificação a que teria direito.
e) Ações Possessórias:
O procedimento especial das ações possessórias está
insculpido nos arts. 920 usque 933 do CPC.
A fungibilidade é uma das peculiaridades inerentes a
essa ação. Nesse espeque, o autor ao ajuizar a ação pedindo a proteção
possessória (manutenção) que não corresponda à situação fática - causae petendi-
(esbulho), o juiz, de ofício, poderá conceder a tutela legal que se amolda ao caso
em concreto, sem prejuízo do princípio da demanda.
Concomitantemente ao pedido possessório, poderá o
autor requerer: perdas e danos, cominação para nova turbação ou esbulho e o
desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento da posse.
Uma observação importante é que transitada em
julgado, se por acaso ocorrer nova turbação ou esbulho, não será necessário
intentar nova ação, mas tão somente requerer o revigoramento do mandado.
Particularmente, nas Ações Possessórias, há o caráter
dúplice (art. 922 do CPC), ou seja, é a reconvenção endógena (dentro da própria
contestação). Isso significa que o réu ao ser citado numa ação possessória, pode
também, alegando que é o ofendido e demandar a proteção respectiva. Na
hipótese em que o réu faça um pedido que esteja fora dos arts. 920 ou 921 do
CPC, deverá fazer uso da Reconvenção.
A lei nº 6.820/80 eliminou a exceção do domínio no
Brasil, inutilizando a Súmula nº 487 do STF e definitivamente o art. 505 do CC.
Sendo a turbação ou o esbulho de menos de ano e dia
(ação de força nova), adotar-se-á as normas especiais. Em sentido oposto, far-se-
á uso do procedimento ordinário (ação de força velha).
As hipóteses de proteções possessórias existentes são:
Manutenção e Reintegração de Posse, e Interdito Proibitório. As primeiras são
nos caso de turbação e esbulho respectivamente. Já a última ocorre na situação de
justo receio de ameaça iminente à posse.
Enfim, em face das pessoas jurídicas de direito público
não será deferida a proteção possessória sem a audiência dos representantes legais
judiciais.
f) Ação de Nunciação de Obra Nova:
É um tipo de ação, regulamentada nos arts. 934 usque
940 do CPC, que é comportável em se tratando de obra nova (não importando se
há construção) e, não nos casos em que esteja concluída. Também denominada de
“embargo de obra nova” e está associada ao direito de vizinhança.
Os legitimados para propor a presente demanda são: o
proprietário ou o possuidor, ao condômino e ao Município.
Havendo urgência na medida, é lícito ao prejudicado
socorrer-se do embargo extrajudicial, notificando o embargado (o proprietário ou
o construtor), diante de duas testemunhas, da sua falta. Ato contínuo, deverá
requerer a ratificação em juízo, sob pena de cessar o efeito.
Existe uma controvérsia sobre a natureza jurídica desta
ação. Para uns é real, de acordo com o art. 95 do CPC. Em sentido contrário, é
pessoal, porquanto não há necessidade de outorga uxória.
As hipóteses de cabimento são: a obra nova em imóvel
vizinha, a alteração da coisa comum e a construção que desrespeita as normas. Na
primeira, o Supremo Tribunal Federal entende cabível a conversão desta ação em
perdas e danos. Nesse caso, o juiz poderá conceder perdas e danos no lugar do
que foi pedido, sem que a sentença seja extra petita, em razão do princípio da
função da propriedade. Em se tratando do último caso, embora a legitimidade seja
exclusiva do Município, não há vedação para os Estados e a União, desde que
haja interesses dessas entidades.
g) Ação de Usucapião de Terras Particulares:
Essa ação tem o procedimento previsto nos arts.941
usque 945 do CPC. O objetivo (pedido mediato) que o autor formula é a
declaração do domínio ou da servidão predial.
Há uma classificação, dependendo da natureza do
usucapião, em: extraordinário (requisitos: 05 e 20 anos de posse para móveis e
imóveis, respectivamente, independente de justo título e boa-fé.), ordinário (
requisitos: imóveis - 15 e 10 anos de posse mansa e pacífica entre ausentes e
presentes respectivamente, com justo título e boa-fé; móveis – 03 anos de posse
mansa e pacífica, justo título e boa fé,especial (requisitos: urbano – área de até
250 m2, 05 anos de posse e não sendo proprietário de outro imóvel; rural – área
de 50 hectares e 05 anos de posse produtiva).
Observa-se que os artigos supracitados disciplinam tão
somente o usucapião extraordinário e o ordinário. Com relação ao especial, será
regulado pela Lei especial nº 6.969/81, sob o rito sumário.
Particularmente, o autor não poderá olvidar de requerer
a citação daquele em cujo nome conste do imóvel registrado usucapiendo, assim
como os confinantes e, por edital, todos os demais réus em lugar incerto e demais
interessados. Os representantes da Fazenda Pública Federal, Estadual, do Distrito
Federal e dos Municípios serão intimados por via postal. Caso a União o faça,
haverá deslocamento para Justiça Federal, não cabendo à Justiça Estadual aferir a
existência de interesse ou não (súmula 150 do STJ).
A participação do parquet nesse processo é obrigatória,
sob pena de nulidade (súmula 99 do STJ).
Enfim, a sentença tem cunho meramente declaratório
prescindindo de fase executiva e será transcrita no registro de imóveis tão logo
sejam satisfeitas as obrigações fiscais.
h) Ação de Divisão e Demarcação de Terras Particulares:
Está disciplinada pelos arts. 946 usque 981 do CPC.
As terras devolutas, bens públicos dominicais, não
serão objeto dessas espécies de ação, mas das discriminatórias, tratadas pela Lei
nº 6.383/76.
A demarcação está ligada ao direito de vizinhança
enquanto a divisão é a forma de extinguir a comunhão. A ação de divisão
pressupõe que o imóvel em condomínio seja divisível. Do contrário, a extinção da
comunhão será feita pela alienação judicial de coisa, procedimento voluntário
(art. 1.117, II do CPC). A lei civil vedou a instituição do condomínio perpétuo,
não podendo ser superior a cinco anos, susceptível de prorrogação (CC, art. 629,
p. único).
Sendo os envolvidos maiores e capazes poderão fazer a
demarcação ou a divisão sem recurso ao Judiciário, por meio de escritura
pública ou instrumento particular homologado em Juízo.
Assim como, as Ações Consignatórias e a Possessórias,
estas Ações possuem caráter dúplice (reconvenção endógena). Tais demandas
somente podem ser propostas no foro da situação do imóvel (art. 95 do CPC)
pelos proprietários e não apenas o possuidor.
A natureza jurídica da Ação de Demarcatória é de
direito de vizinha, constituindo-se em uma obrigação propter rem. A Ação de
Divisão está ligado à extinção da propriedade comum. Apesar disso, ambas
exigem a outorga uxória para propositura.
Por fim, a sentença será simplesmente declaratória e
não atributiva da propriedade com efeitos ex tunc.
i) Inventário e Partilha:
A ação em tela é regulada pelos arts. 982 usque 1045 do
CPC.
O CPC incluiu o Inventário e a Partilha entre os
Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa tornando-o obrigatório, ainda
que todos sejam capazes, e haja acordo sobre a partilha.
Essa ocorrência poderá ser classificada quanto ao
procedimento em: solene (inventário propriamente dito), arrolamento, e
arrolamento sumário.
Embora sem previsão legal, há possibilidade de realizar
o inventário sem que existam bens, com o fim deixar isso registrado, o que é
denominado de inventário negativo. Tem sido admitido pela doutrina e
jurisprudência.
A diferença que se estabelece entre inventário e partilha
é a seguinte: o primeiro visa enumerar e descrever os bens existentes enquanto a
segunda faz dividir os quinhões que cada herdeiro irá receber.
Ocorrem em alguns casos que depois de ultimada a
partilha aparecem bens. Nesse caso, será adotado o procedimento da
sobrepartilha prevista no art. 1040 do CPC.
Quanto à competência cabe observar que: os bens sitos
no Brasil serão da competência exclusiva da Justiça brasileira (art. 89 do CPC). A
primeira regra que daí decorre é que competente é o foro do domicílio do autor da
herança – competência relativa (art. 96, I do CPC e súmula 33 do STJ). Acaso o
de cujus não possuísse domicílio certo, a competência recairá sobre o foro da
situação dos bens. Se estes estiverem em vários lugares, passará ao foro do lugar
onde ocorreu o óbito.
O Juízo do Inventário detém a vis attractiva com relação
a competências relativas.
O inventário e a partilha devem ser requeridos no prazo
de 30 (trinta) dias a contar do óbito, ultimando-se nos seis meses subseqüentes
(art. 983 do CPC), sob pena de multa. O STF já declarou constitucionais as
multas fixadas pelos Estados-Membros como sanção ao retardamento do
inventário.
Há algumas questões nessa Ação que são de alta
indagação: a admissão de herdeiro, que envolve investigação de paternidade, a
exclusão de herdeiro por indignidade ou o reconhecimento de que o de cujus vivia
com alguém em união estável.
O requerimento de abertura de Inventário pode ser feito
peos legitimados do arts. 987 e 988 do CPC. Em caso de omissão, o juiz o fará de
ofício.
Peculiaridades do procedimento: o inventariante (maior
e capaz) nomeado prestará compromisso em cinco dias, incumbindo-lhe a
representação judicial ativa e passiva do espólio até a final partilha, prestar as
primeiras declarações em vinte dias a contar da data do compromisso. Somente as
pessoas domiciliadas na comarca serão citadas pessoalmente. A Fazenda citada é
a Estadual. Não serão citados os cônjuges dos herdeiros, no entanto, qualquer ato
dependerá de outorga uxória (art. 44,III do CC). As partes poderão impugnar no
prazo de dez dias. Depois, mais dez dias para manifestarem sobre as avaliações. E
dez dias para as últimas declarações. Os bens estarão sujeitos ao pagamento do
imposto causa mortis, cuja alíquota é 4%. A partilha não tem força translativa e
sim declaratória. A partilha poderá ser amigável em vida ou post mortem. Em
caso judicial, será necessário a formulaçaõa de pedido de quinhão em dez dias.
Adota-se o Arrolamento Comum, na hipótese em que os
bens forem de pequeno valor, até o limite de 2.000 ORTNs(13.840 BTNs),
herdeiros maiores e capazes e não houver divergência entre eles, e o inventariante
não precisa prestar compromisso. De outro lado, Arrolamento Sumário será
utilizado quando todos os herdeiros forem maiores e capazes, qualquer que seja o
valor e não se lavrarão termos de qualquer espécie.
j) Embargos de Terceiros:
Essa ação de procedimento especial está prevista nos
arts. 1046 usque 1054 do CPC.
A presente é cabível a quem, não sendo parte em
processo judicial, sofra turbação ou esbulho na posse do bem, em razão de ato de
apreensão judicial, tais como, penhora, arresto, seqüestro, depósito, alienação
judicial, arrecadação, arrolamento, inventário e partilha. A legitimidade pode
decorrer da condição de proprietário ou possuidor.
É equiparado nessa condição que, sendo parte no
processo, tenha bem que não podem ser atingidos pela apreensão judicial. Assim
como, o cônjuge que defenda sua meação, bens reservados e dotais (§2º e 3º do
art. 1046 do CPC) .
Demais, admite-se nos seguintes casos: defesa da posse
nas ações de divisão e demarcação e para o credor com garantia real obstar
alienação judicial.
Quanto ao prazo, podem ser opostos a qualquer tempo,
no processo de conhecimento, até o trânsito em julgado e, na execução, até 05
(cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas antes de
assinada a respectiva carta.
Os embargos serão distribuídos por dependência e
apensados ao processo principal. Nele a parte embargante fará prova da sua
posse. Não haverá suspensão da Ação principal, a não ser que a medida recaia
sobre todos os bens.
A oportunidade de contestar os embargos será feita em
10 (dez) dias.
k) Habilitação:
É uma medida judicial prevista nos procedimentos
especiais nos arts. 1055 usque 1062 do CPC.
Tem cabimento quando, por falecimento de qualquer
das partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo (art. 265, I do
CPC). Com efeito, é uma Ação Incidental.
Observa-se, nesse procedimento, que a parte contrária
será citada pessoalmente caso não tenha procurador constituído e, também, que
estando a causa no Tribunal, a mesma será processada perante relator.
Processar-se-á nos próprios autos da causa e
independentemente de sentença quando for promovida, por exemplo, pelo
cônjuge e herdeiros necessários e demais casos do art. 1060 do CPC.
Enquanto a habilitação está sendo processada, o
processo principal ficará suspenso, até que ultime com sentença transitada em
julgado, quando retomará o curso normal.
l) Restauração de Autos:
Encontra-se prevista nos arts. 1063 usque 1069 do CPC.
É cabível quando houver desaparecimento dos autos.
Nesse caso, pode qualquer das partes promover-lhe a restauração. Nas comarcas
em que houver autos suplementares, nestes prosseguirá o processo.
Os legitimados serão necessariamente as partes na
relação jurídica processual.
Na restauração as partes apresentarão cópias das peças e
atos que tiverem consigo. No caso das provas testemunhais, as mesmas serão
reinquiridas, não havendo substituição, salvo se permitido em Lei.
A presente ação, que se dá de forma incidental a outro
processo, será julgada por sentença, a qual desafia recurso de Apelação.
Ocorrendo o desaparecimento dos autos no Tribunal, a
ação será processada perante o relator da mesma.
Ultimada a restauração, retomar-se-á o curso do
processo.
m) Vendas a créditos com reserva de domínio:
A previsão legal encontra-se nos arts. 1070 usque 1071
do CPC.
Esse procedimento especial será empregado quando o
vendedor quiser reaver a coisa alienada, rescindindo o contrato.
Trata-se de um negócio de venda sob condição
suspensiva, em que a transferência da propriedade fica condicionada ao
pagamento integral do preço, embora a posse seja transmitida desde logo.
Nesse procedimento há possibilidade de haver o
deferimento liminar que consistirá no depósito da coisa sob a guarda de um
depositário, preservando-a de desaparecimento ou deterioração, desde que exista
os seguintes requisitos: contrato de compra e venda com reserva de domínio e a
mora, provada pelo protesto do título.
Após a contestação, poderá o réu purgar a mora,
contanto que já tenha pagado de mais de 40% do preço, seguindo-se pelo rito
ordinário. Não sendo contestado, nem purgado a mora, o julgar-se-á acolhendo o
pedido reintegratório. Quanto ao autor, deverá depositar o valor de saldo,
descontado as despesas judiciais e extrajdudiciais. Por fim, se a dívida for inferior
ao valor do bem, o autor deverá restituir ao réu a diferença, sob pena de
enriquecimento sem causa.
n) Arbitragem:
A lei nº 9.307/96 revogou os arts. 1037 a 1048 e 1072 a
1102 do CPC. A referida norma acolhe somente os direitos patrimoniais
disponíveis.
Alguns falam a respeito da Constitucionalidade da
Arbitragem, sob o argumento de que ofenderia o princípio da inafastabilidade da
jurisdição. Não há razão de ser, posto que essa lei não exclui da apreciação do
Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito, mas faculta a possibilidade de
submeter a decisão a um terceiro (árbitro).
As duas formas de instituir o Juízo Arbitral são: a
cláusula compromissória e o compromisso arbitral. A primeira consiste no pacto
pelo qual as partes comprometem submeter à arbitragem os litígios que possam
vir a surgir relativamente a determinado contrato. Já o compromisso arbitral é o
pacto pelo qual as partes submetem à arbitragem determinado litígio.
Nos contratos de adesão, em virtude da fragilidade do
aderente, a cláusula compromissória só valerá se instituída por iniciativa dele, ou
se ele concordar, expressamente, com a sua instituição.
Ainda está em vigor a vedação do art. 51, VII da lei nº
8.078/90 quanto a adoção de cláusula compromissória nos contratos de consumo.
A sentença proferida pelo árbitro vale como título
executivo judicial e põe fim ao litígio, não ficando sujeita a recurso o
homologação do Poder Judiciário.
Aos árbitros são atribuídos os mesmos poderes
instrutórios do Juiz no procedimento jurisdicional (art. 130 do CPC). Se no curso
da arbitragem, houver necessidade de alguma medida coercitiva ou cautelar, o
árbitro poderá solicitá-la ao órgão do Poder Judiciário que seria competente para
julgar a causa.
o) Ação Monitória:
A ação em comento foi introduzida no CPC pela Lei nº
9.079/95.
É cabível a quem possuindo prova escrita sem eficácia
de título executivo, pretenda pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa
fungível ou bem móvel.
O réu nessa ação é citado mediante um mandado de
pagamento ou entrega da coisa, no prazo de quinze dias. Diante disso o réu
poderá: oferecer embargos (suspendendo a eficácia do mandado); cumprir o
mandado, quando, então, ficará isento de custas e honorários advocatícios; não
oferecidos os embargos ou rejeitados os embargos, o constituirá, de pleno direito,
o título executivo judicial.
Particularmente, os referidos embargos podem ser
interpostos independentemente de segurança do juízo.
SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Procedimentos Especiais, 2 ed., AIDE: São
Paulo, 1993.