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CURSO DE

PROCEDIMENTOS
CAUTELARES E
ESPECIAIS

Professor: Flavio Henrique de Melo

Goiânia, novembro de 2002


SUMÁRIO

1. Considerações preliminares, 04.


2. Aspectos relevantes da Parte Geral do Processo Cautelar, 05.
3. Das medidas cautelares específicas
a) Arresto
b) Seqüestro
c) Caução
d) Busca e Apreensão
e) Exibição
f) Produção antecipada de provas
g) Alimentos provisionais
h) Arrolamento de bens
i) Justificação
j) Protesto
k) Protestos, Notificações e Interpelações
l) Homologação de penhor legal
m) Posse em nome do nascituro
n) Atentado
o) Protesto e apreensão de títulos
p) Outras medidas provisionais
4. Aspectos relevantes da Parte Geral dos Procedimentos Especiais
5. Dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa
a) Ação de consignação em pagamento
b) Ação de depósito
c) Ação de anulação e substituição de títulos ao portador
d) Ação de prestação de contas
e) Ações possessórias
f) Ação de nunciação de obra nova
g) Ação de Usucapião
h) Ação de divisão e da demarcação de terras particulares
i) Inventário e Partilha
j) Embargos de Terceiros
k) Habilitação
l) Restauração dos autos
m) Vendas a créditos com reserva de domínio
n) Arbitragem
o) Ação Monitória
6. Dos procedimentos especiais de jurisdição voluntária:
a) Alienações judiciais
b) Separação consensual
c) Testamentos e Codicilos
d) Herança jacente
e) Bens dos ausentes
f) Coisas vagas
g) Curatela dos interditos
h) Nomeação e remoção de tutor ou curador
i) Organização e fiscalização das fundações
j) Especialização da hipoteca legal
7 . Referência Bibliográfica
1. Considerações Preliminares:

O presente material de estudo será desenvolvido de


acordo com o previsto na solicitação de proposta apresentada para esse Curso, ou
seja, contendo uma abordagem objetiva e sobre os assuntos mais relevantes do
tema em questão.
Inicialmente, cumpre apresentar a disposição que tal
matéria possui no Código de Processo Civil (Lei nº 5.869, de 11-1-1973),
diploma que regulamente a maioria dos temas. Pois bem:

O Processo Cautelar compreende o Livro III que contém


Título único (Das medidas cautelares), o qual está dividido em dois capítulos I
(Das disposições gerais) e II (Dos procedimentos cautelares específicos),
englobando, ao final, do art. 796 usque 889 do referido Digesto.

Por sua vez, os Procedimentos Especiais estão contidos


no Livro IV, o qual encontra-se dividido em dois Títulos, Título I (Dos
Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa) e Título II (Dos
Procedimentos Especiais de Jurisdição Voluntária) que compreendem 15 (quinze)
capítulos, reunindo, no final, do art. 890 usque 1210 do aludido Diploma.

2. Aspectos relevantes da Parte Geral do Processo Cautelar:

A parte geral do Processo Cautelar está compreendida


no Capítulo I, dos art. 796 usque 812 do Estatuto Processual Civil.
O processo cautelar, em razão da sua natureza sui
generis, tem características próprias que merecem ser abordadas. São as
seguintes: autonomia, instrumentalidade, urgência, sumariedade da cognição,
provisoriedade, revogabilidade, inexistência de coisa material e
fungibilidade.
A autonomia significa que o processo cautelar possui os
seus próprios elementos (individualidade da demanda, relação jurídica processual,
provimento e um objeto).
A instrumentalidade aponta que o processo cautelar não
é o fim em si mesmo, mas o instrumento para se tutelar diretamente a viabilidade
do processo principal e, indiretamente, o direito material.
A urgência é essencial para a concessão da tutela
cautelar, vez que a mesma é uma das espécies da tutela urgente.
A sumariedade da cognição é dividida em dois planos:
horizontal e vertical. No primeiro, a apreciação poderá ser plena ou limitada. No
segundo, o exame será superficial ou exauriente. No processo cautelar, cabe
destacar que há marcantemente a presença do exame superficial, no plano
vertical.
A provisoriedade indica que o provimento do processo
cautelar é transitório, ou seja, será substituído pela prolação da sentença de mérito
no processo de conhecimento ou pela satisfação definitiva do credor na execução.
A revogabilidade expressa que as medida cautelares
permanecerá enquanto existirem as condições que ensejaram a sua concessão,
podendo ser revogadas a qualquer tempo.
A inexistência da coisa julgada material quer dizer
sentença no processo cautelar não tem o condão de apreciar o mérito principal
(direito material), com exceção das hipóteses de prescrição e decadência (art. 810
do CPC).
A derradeira característica é a fungibilidade, ou seja,
que a medida cautelar requerida ao juiz pode ser substituída, de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes, por outra se a parte autora indicou a causa
de pedir de uma e requereu outra (art. 805 do CPC).
Com efeito, pode-se destacar que o conceito de
Processo Cautelar é um conjunto de atos coordenados entre si tendentes a um
provimento final que serve de instrumento acessório e provisório de outro
processo, com vistas a assegurar a viabilidade deste.

A finalidade do Processo Cautelar, como se vê, é


garantir, diretamente, a viabilidade do Processo Principal e, por vias indiretas, o
direito material (objeto da lide), diante de circunstâncias excepcionais que exigem
tal tutela de urgência.
Por certo, conforme já foi dito, a tutela cautelar é uma
espécie da tutela (jurisdição) de urgência que é dividida em : tutelas satisfativas
de urgência e tutelas cautelares propriamente ditas. As primeiras correspondem
as tutelas que, embora não sejam tipicamente cautelares, estão inseridas como
jurisdição urgente no Código de Processo Civil pelas circunstâncias especiais que
são utilizadas pelo requerente. Enquanto as segundas dizem respeitos as medidas
cautelares em sentido estrito, ou seja, que possuem as características acima
indicadas e servem ao Processo e à parte em determinados casos de exceção.
Demais, a idéia de medida cautelar não pode ser
confundida com a de Antecipação dos efeitos tutela (art. 273 do CPC) e
julgamento antecipado a lide (art. 330 do CPC). A medida cautelar é aquela que
pretende instrumentar e assessorar o Processo Principal garantindo sua
viabilidade em razão da demora natural do procedimento e não possui caráter
satisfativo. Já a antecipação dos efeitos da tutela é uma medida encontrada no
Processo de Conhecimento (art. 273, CPC), de natureza satisfativa, em que, tendo
correlação entre o antecipado e pedido final, há antecipação dos efeitos buscados
de forma parcial ou total. Enfim, com relação ao julgamento antecipado da lide
(art. 330, CPC)pode-se dizer que é uma medida a ser utilizada pelo Juiz em
qualquer espécie de procedimento, desde que o Juiz tenha a convicção do estado
“maduro” do processo (pronto para sentença) antes mesmo de chegar a fase
instrutória. Essas hipóteses são: questão unicamente de direito ou de direito e de
fato, não havendo necessidade de produção de prova em audiência e, quando,
ocorrer a revelia (art. 319, CPC).
Outro ponto interessante é a diferença entre medida
cautelar e processo cautelar. Àquela existe sempre que há o deferimento de uma
medida de prevenção, em sede cautelar, com relação ao processo principal. De
outro lado, este se refere ao procedimento verdadeiramente contencioso,
momento que ocorre após a resposta do requerido ao pedido de medida cautelar.

Dentro da classificação das medidas cautelares, precisa-


se destacar o assunto Tutela cautelar “ex offício”, o qual parece não combinar
com os princípios jurisdicionais, notadamente, o da demanda ou da inércia. No
entanto, a Lei Processual previu tais exceções em que o Juiz diante da iminência
da situação, autoriza-o a utilizar-se de tal recurso incidentalmente. A exemplo
disso, existe o art. 804 do CPC que faculta ao juiz exigir caução nos casos de
medidas cautelares inaudita altera parte e também no §4º do art. 12 do Dec. Lei
nº 7.661/45 (Lei de falência) em que é autorizado ao juiz seqüestrar os livros,
correspondências e bens do devedor.

Em outra parte, está o Poder Geral de Cautela previsto


no art. 798 do CPC. A atuação do juiz, também neste caso, está condicionada ao
exame da verossimilhança da alegação (fumus boni iuris) e risco ou perigo de
dano (periculum in mora). Não somente isso, mas na escolha da medida o juiz
valerá do juízo discricionário para identificar a medida mais adequada para
conservar o estado de fato ou de direito envolvido na lide. Enfim, nesse
dispositivo é que se encontra o fundamento para as medidas cautelares atípicas
(ou não específicas).

Sendo assim, o tema intervenção de terceiros desperta


interesse no Processo Cautelar. Da análise das cinco formas, nota-se o seguinte:
não há qualquer obste quanto a Assistência (arts. 50 a 55 do CPC), apesar dela
não estar inserida. No entanto, com relação à Oposição (art. 56 do CPC) não há
qualquer pertinência, já que o opoente não tem interesse em substituir uma
relação já a sentença cautelar não decide o direito material a seu favor. Quanto à
nomeação à autoria (arts. 62 e 63 do CPC), que tem o intuito de corrigir a
pertinência subjetiva, é pertinente na Ação Cautelar. Por fim, a denunciação da
lide e o chamamento ao processo que são questões ligadas exclusivamente ao
mérito da ação cognitiva (art. 70 do CPC).

No tocante aos requisitos da petição inicial da Ação


Cautelar, cabe anotar duas especificidades. A primeira refere-se ao inciso III o
art. 801 do CPC que trata da “lide e seu fundamento, sendo que a “lide “ referida
pertence à ação de mérito e, não à cautelar, porquanto o que se exige é a
demonstração do fumus boni iuris do requerente para ver se há alguma ação
principal. A segunda é a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da
lesão, ou seja, terá que demonstrar o periculum in mora ou a iminência de ocorrer
a inviabilidade ou inutilidade do provimento de mérito no processo principal.
A eficácia da medida cautelar no tempo é, de acordo
com o art. 806 do CPC, de 30 (trinta) dias, ou seja, cuida-se do prazo após a
execução da medida liminar que a autor tem para ajuizar a ação principal, sob
pena de ineficácia daquela. No entanto, o prazo extintivo aplica-se tão somente às
medidas de caráter restritivo (arrestro, seqüestro e outras) e, não nos provimentos
conservativos (justificações, protestos e outros).
3. Das medidas cautelares específicas:

A seguir o quadro comparativo com tais medidas.


4. Aspectos relevantes da Parte Geral dos Procedimentos Especiais:

A princípio é pertinente realizar duas observações. A


primeira delas é a diferença entre Processo e Procedimento. Nesse espeque,
aquele representa uma relação jurídica de direito processo, formada pelos sujeitos
principais (juiz, autor e réu), que contém um conjunto de atos coordenados entre
si tendentes a um provimento final e definitivo. De outra sorte, este quer dizer o
caminho, o meio, o modo, a maneira de conduzir os referidos atos processuais,
enquadrando-se de acordo com o direito material invocado.

O segundo ponto é relação que se estabelece entre o


Procedimento Comum e o Procedimento especial. Este recebe tal denominação
em razão das peculiaridades das normas que o constituem e, bem assim, pelo fato
de que para cada direito material suscitado exige-se um procedimento para se
alcançar o escopo final (sentença). Concernente àquele, vale mencionar que tem
aplicação subsidiária ao Procedimento Especial, ou seja, somente aplica-se o
Procedimento Comum quando não houve previsão neste.

Inobstante, tal aspecto, as normas do Procedimento


Comum tem aplicação supletiva em relação ao Procedimento Especial que se
utiliza daquele na ausência de norma específica.

Quanto aos Procedimentos Especiais de Jurisdição


Voluntária existem controvérsias a respeito da sua natureza jurídica. Há um
entendimento que predomina, qual seja, o de que não se trata de jurisdição
verdadeiramente, entretanto, de uma administração pública de interesses
privados.

Nessa espécie de procedimento a função do Juiz não é a


predominante (julgar), mas fiscalizar e integrar o negócio jurídico privado entre
as partes.

Pode-se ir além, ainda, para afirmar que, tecnicamente,


não existe ação, processo, lide, partes e, como já foi dito, jurisdição.

A ação é o veículo (meio) de se provocar o Estado-Juiz


a agir num caso concreto para dizer o direito (aplicar a Jurisdição propriamente
dita naquela situação posta ao crivo judicial).

O processo é o instrumento pelo qual o Estado-Juiz faz


operacionalizar a Jurisdição no caso concreto, mormente porque avocou para si a
responsabilidade de dizer o direito no caso concreto, proibindo a utilização da
autotutela, com o intuito de compor a controvérsia e restabelecer a paz social.

A lide, especificamente, é o conflito de interesses


qualificados pela pretensão resistida, segundo Carnelutti. A justificativa de um
Processo é exatamente porque para compor tal controvérsia o Estado necessitaria
de um instrumento que equilibrasse os direitos e os deveres das partes. Com
efeito, como não existe tal resistência de interesses não há necessidade desse
instrumento que se forma a partir de um veículo propulsor (ação). Inexistindo a
ação e o processo não há com a Jurisdição se fazer atuar, por falta de elementos
legitimadores.
Nos procedimentos especiais de jurisdição voluntária, a
denominação das pessoas que estão em juízo submetendo ao exame judicial não é
de partes, posto que partes são elementos essenciais de uma relação jurídica de
direito processual (processo) o que não existe aqui, mas, sim, interessados. Há o
entendimento de que partes, no âmbito processual, são as pessoas envolvidas
numa relação jurídica processual contenciosa, compreendendo um sujeito ativo
que propõe a demanda (autor) e um sujeito passivo (réu) que deve suportar a
contenda proposta.

Ainda, nessa sede, não se aplica o princípio do


dispositivo, porém há a incidência do princípio do inquisitivo, no qual o Juiz tem
plenos poderes de investigação, determinando a produção de provas que entender
necessária, mesmo que contra a vontade dos interessados. Da mesma sorte, não se
aplica o princípio da legalidade estrita, porquanto em cada caso o Juiz pode
adotar a solução que entender mais justa, decidindo, inclusive, por eqüidade (art.
1112 do CPC).

Por certo, nesse procedimento, não há também a


existência de coisa julgada material, posto que as sentenças proferidas podem ser
modificadas por circunstâncias supervenientes. Ademais, justifica-se pela
condição de não existir a questão de mérito (lide- fundo), sobre a qual recai a
autoridade do manto da coisa julgada material.

Os pressupostos ensejadores da participação do parquet


nos procedimentos especiais de jurisdição voluntária são os mesmos dos
procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, previstos nos arts. 82 e 83 do
CPC. Nos casos de intervenção obrigatória do Ministério Público, deverá ocorrer
a sua ciência para participar do processo, seja na qualidade de parte, seja na
qualidade de custus legis (fiscal da lei). Outrossim, existindo o interesse deverá
ser ouvida necessariamente a Fazenda Púbica.
5. Dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa:
Dada a exigüidade do tempo para se ministrar o presente
curso e a finalidade do mesmo, as abordagens seguintes serão detidas nos pontos
centrais de cada procedimento, sem prejuízo da qualidade desse trabalho.
a) Ação de Consignação em Pagamento:
A consignação em pagamento é um meio de extinção
das obrigações. Essa ação é o procedimento judicial para que o devedor se liberte
de tal ônus em relação a algum credor.
Encontra-se previsão legal nos arts. 890 usque 900 do
Diploma Processual Comum.
Para o ajuizamento de tal veículo judicial é preciso que
o autor demonstre a existência de alguma das hipóteses abaixo, com vistas a
justificar o interesse de agir.
a.1) Consignação fundada na recusa em receber:
É o principal de todos os motivos. Emprega-se para
denominá-lo também a expressão de “execução às avessas” ou “execução ao
contrário.” Consiste na hipótese em que o credor discordando do valor, recusa-se
a dar a devida quitação.
Tal procedimento sofreu várias alterações pela Lei
8.951/94:
A primeira é que foi suprimida a audiência de oblação,
na qual o Juiz designava dia, hora e local para que o credor viesse receber o valor
oferecido. A segunda alteração consiste na possibilidade de consignação
extrajudicial, por meio de depósito em estabelecimento bancário.
Outro aspecto modificado, é a redação do art. 896 do
CPC que previa o prazo de 10 (dez) dias para resposta. Com isso, a norma
tornou-se omissa, devendo aplicar, supletivamente, as regras do procedimento
comum.
Atualmente, as modificações que ocorreram no
procedimento da consignação retiram-lhe um pouco do caráter especial,
resumindo-se à exigência de deposito inicial e ao caráter dúplice (reconvenção
endógena).
O aforamento da reconvenção não é incompatível com a
consignação, desde que haja conexão entre aquela e o fundamento da defesa (art.
896 do CPC).
Outra inovação é a introdução do §2º do art. 899 do
CPC, qual seja, quando o réu defender-se sob o argumento de que o depósito é
insuficiente, deverá indicar o montante devido.
a.2) Consignação fundada na dúvida sobre a titularidade do crédito:
Não é o caso de mora accipiendi. Trata-se de medida de
prudência do devedor que quer evitar o pagamento a quem não seja o titular do
crédito a ser recebido.
As dúvidas podem ser de várias espécies: quando o
credor é desconhecido (sendo citado por edital e não aparece – converter-se-á em
arrecadação de bens de ausente – art. 1160 do CPC; críticas: o procedimento de
arrecadação de bens de ausente foi previsto considerando o ausente alguém
conhecido) e quando nenhum dos potenciais credores comparece: há o
entendimento doutrinário 1 de que seria mais adequada a adoção do procedimento
destinado às coisas vagas (arts. 1.171 e s.s. do CPC).
De mais a mais, existe uma divergência quanto à
natureza jurídica do ato judicial que declara efetivado o depósito e extinta a
obrigação, excluindo o devedor do pólo passivo. Segundo o entendimento
doutrinário de Ovídio Araújo Baptista da Silva2, acompanhado de Adroaldo
Furtado Fabrício 1, seria o caso de Decisão Interlocutória, desafiando o Recurso de
Agravo de Instrumento.1

1
FABRÍCIO, Adroaldo Furtado. Comentários ao Código de Processo Civil, 3 ed., Forense: Rio de Janeiro, 1988, v.
7, t. III, p. 139 e 143.
2 SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Procedimentos Especiais, 2 ed., AIDE, 1993, p.64.
De outra esteira, caminha o entendimento do eminente
doutrinador Antônio Carlos Marcato 1, o qual entende ser uma sentença, que
desafia o Recurso de Apelação.
Encerrada a primeira fase da consignação judicial, seja
por decisão interlocutória, seja por sentença, a segunda fase prosseguirá sem o
devedor/autor mas, tão somente, entre os credores, sob o rito ordinário.
Uma última questão que foi alvo de algumas críticas
doutrinárias. A fixação da verba de sucumbência em decisão interlocutória foi a
solução adotada e não há o que reparar, visto que em outra situação processual,
qual seja, no litisconsórcio passivo, em que o juiz, na decisão saneadora, exclui
um dos réus do processo, fixando em seu favor honorários advocatícios.

a.3) Consignação dos alugueres:


Ao contrário das demais, esta ação de consignação tem
curso nas férias forenses.
Outrossim, o Recurso de Apelação, no presente caso, é
recebido apenas no efeito devolutivo, diferentemente das outras hipóteses de
consignação.
Há uma controvérsia sobre a possibilidade de o locatário
valer-se do depósito extrajudicial disposto no Código de Processo Civil e, não, na
Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91). Segundo a cátedra dos eminentes
doutrinadores Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery 2, a resposta é
negativa porque a norma que trata da matéria tem natureza material, não sendo
alcançada pela reforma introduzida pela Lei nº 8.953/94. Acrescentam, ainda, que
não é cabível para as consignações de débitos fiscais (art. 156, VIII e 164 do
CTN).

1 MARCATO, Antônio Carlos. Ação de Consignação de Pagamento, 2 ed., Revista dos Tribunais , p. 115.
2
JÚNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade.Código de Processo Civil Comentado, 5 ed., Revista dos
Tribunais: São Paulo. 2001. nota 9 do art. 890. p. 1266.
Não obstante, de acordo com o entendimento do ilustre
doutrinador Marcus Vinícius Rios Gonçalves 3, inexiste obste porquanto a norma
que o institui tem caráter material, sendo irrelevante que o procedimento seja
regulado por lei especial.
Diferentemente do previsto no Código de Processo
Civil, a Lei do Inquilinato prevê que na situação em que o locatário reconhecer a
insuficiência do depósito poderá completá-lo, no prazo de cinco dias,
acrescentado de 10% (dez por cento) sobre a diferença a título de multa
moratória.
Outro aspecto, suscitante, é que já foi dito em linhas
volvidas que é possível a Reconvenção na Ação Consignatória sob a égide do
CPC, no entanto, a Lei do Inquilinato vedou expressamente tal possibilidade.

b) Ação de Depósito:
A ação em comento tem previsão no Digesto Processual
Civil nos arts. 901 usque 906, com o objetivo de fazer do depositário entregar
coisa confiada sob sua guarda pelo depositante.
A questão palpitante que norteia o presente tema é a
prisão do depositário infiel. Tal possibilidade encontra previsão no art. 1.287 do
Código Civil e no §1º do art. 902 do Diploma Processual Comum, os quais foram
recepcionados pelo inciso LXVII, do art. 5º, da Constituição Federal.
O Pleno do Supremo Tribunal Federal, por maioria de
votos, decidiu que, “ainda que não requerida na petição inicial, a prisão poderá
ser postulada mais tarde, depois do não-cumprimento do mandado de execução
da sentença condenatória” (RTJ, 113:626).
Quanto à classificação do depósito em contratual e
judicial (o que nos interessa), cabe destacar que: no primeiro o depositário tem a

3
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Procedimentos Especiais. V.13. Saraiva: São Paulo. 1999. p 23.
posse direta e o depositante a posse indireta. Enquanto, no segundo, o depositário
é mero detentor da coisa, mantendo-a consigo em nome do munus púbico estatal.
Curiosamente a Súmula nº 619 do Supremo Tribunal
Federal destaca a possibilidade de ser decretada a prisão do depositário judicial
nos próprios autos da ação em que se constitui o encargo, independentemente da
propositura da ação de depósito.
Há alguns casos na legislação em que o legislador
equipara as situações típicas ao depósito, como por exemplo na Alienação
Fiduciária em Garantia, que prevê a conversão do pedido em busca e apreensão
em ação de depósito, nos mesmos autos (Dec. Lei nº 911/69, art. 4º). Assim,
também, para efeitos previdenciários é equiparada ao depositário, a pessoa que a
Lei imponha a obrigação de reter ou receber de terceiro e recolher aos cofres
públicos.
A respeito da constitucionalidade da prisão do devedor
alienante que não entrega o bem alienado fiduciariamente, o STF já decidiu por
maioria dos votos pela constitucionalidade do ato, do que se tem exemplo o
julgado (HC 72.131-RJ, rel. Ministro Moreira Alves).
Particularmente, na Ação de Depósito, depois de
apresentada a resposta, o rito a ser adotado será o ordinário, consoante prevê o
art. 903 do Código de Processo Civil.
A prisão civil do devedor alienante não tem o condão de
afastar a obrigação do mesmo de entregar o bem, porquanto mesmo estando preso
poderá ser decretada a busca e apreensão da coisa. Não se pode olvidar que prisão
decretada pela sentença deve ter por parâmetro o pedido na exordial.
Diferentemente do Recurso de Apelação na Ação
Consignatória, em se tratando da Ação de Depósito será recebido em ambos os
efeitos.
Enfim, cumpre registrar que a única diferença entre a
Ação de Depósito Comum e a Ação de Alienação fiduciária em Garantia
(propriedade resolúvel) é que esta é precedida de uma busca e apreensão,
frustrada pela não localização da coisa. Além do mais, na primeira, o depósito do
equivalente em dinheiro só permite afastar o encargo se tiver ocorrido o
perecimento do bem confiado. Quanto a segunda, o simples depósito livra o
devedor da obrigação. A razão é bem simples, na alienação fiduciária o interesse
do bem é como garantia do pagamento da dívida (direito real de garantia), logo,
se houve o pagamento não existe razão de se permanecer obrigado.
c) Ação de Anulação e Substituição de Títulos ao Portador:
O procedimento especial dessa Ação encontra-se
disciplinado pelos arts. 907 usque 913 do CPC, nas hipóteses em que houver
perdido o título ao portador ou dele tiver sido desapossado injustamente.
O pedido mediato na presente ação poderá consistir em:
reivindicar de quem o detiver ou requer-lhe a anulação ou destruição do título ao
portador.
No caso da ação reivindicatória, se acaso o adquirente
de boa-fé do título ao portador tiver adquirido em um leilão público, o dono que
pretenda a restituição deverá indenizá-lo (art. 521 do CC e art. 913 do CPC).
Em se tratando da Ação de anulação e substituição de
títulos ao portador, há uma peculiaridade que merece destaque, qual seja, não
existe no procedimento especial o prazo para resposta. À falta de norma
reguladora, aplicar-se supletivamente o procedimento comum (art. 910, p. único
do CPC), o qual prevê o prazo de 15 (quinze) dias. Tal procedimento será adotado
depois de apresentado a resposta do réu.
Ocorre que a contestação do réu somente será admitida,
mediante, a apresentação do título reclamado (art. 910, caput, do CPC).
Por fim, em matéria de competência, observa-se que: A
ação reivindicatória deve ser ajuizada no foro do domicílio do réu (art. 94 do
CPC). De outra sede, a ação de anulação e substituição de título será processada
no domicílio do devedor (art. 100, III do CPC).
d) Ação de Prestação de Contas:
É disciplinada nos arts. 914 usque 919 do CPC, cabendo
utilizar desse veículo processual tanto quem tenha o direito de exigi-las, quanto a
obrigação de prestá-las.
No caso da Ação que vise exigir a prestação de contas,
o réu pode ter três reações: responder no prazo de cinco dias, quedar-se silente ou
apresentar as contas.
Em relação ao primeiro caso, o juiz poderá designar
audiência de instrução e julgamento, caso seja necessária a produção de prova, ou
caso contrário, proferirá desde logo sentença. No tocante ao segundo, o juiz
julgará antecipadamente a lide e, sendo procedente, condenará o réu a prestar as
contas em 48 horas. Na terceira hipótese, o autor, então, apresentá-las-á em 10
(dez) dias.
Quando se tratar de ação que a pessoa esteja obrigado
a prestar as contas, o réu poderá ter duas condutas: não contestar ou declarar que
aceita as contas, em dez dias, e, ainda, contestar ou impugnar as contas, podendo,
se houver necessidade, o juiz designar audiência de instrução e julgamento.
O art. 917 do CPC exige que as contas a serem prestadas
sejam em forma mercantil. Em execução forçada poderá ser cobrado o saldo
devedor (art. 918 do CPC).
Portanto, as contas do inventariante, do tutor, do
curador, do depositário serão apresentadas ao juiz e, se julgadas regular, os
excluirão do ônus ou encargo assumido. Caso contrário, serão condenados a pagar
o saldo devedor e, não o fazendo, o juiz o destituirá e seqüestrará os bens sob sua
guarda e glosar o prêmio ou gratificação a que teria direito.
e) Ações Possessórias:
O procedimento especial das ações possessórias está
insculpido nos arts. 920 usque 933 do CPC.
A fungibilidade é uma das peculiaridades inerentes a
essa ação. Nesse espeque, o autor ao ajuizar a ação pedindo a proteção
possessória (manutenção) que não corresponda à situação fática - causae petendi-
(esbulho), o juiz, de ofício, poderá conceder a tutela legal que se amolda ao caso
em concreto, sem prejuízo do princípio da demanda.
Concomitantemente ao pedido possessório, poderá o
autor requerer: perdas e danos, cominação para nova turbação ou esbulho e o
desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento da posse.
Uma observação importante é que transitada em
julgado, se por acaso ocorrer nova turbação ou esbulho, não será necessário
intentar nova ação, mas tão somente requerer o revigoramento do mandado.
Particularmente, nas Ações Possessórias, há o caráter
dúplice (art. 922 do CPC), ou seja, é a reconvenção endógena (dentro da própria
contestação). Isso significa que o réu ao ser citado numa ação possessória, pode
também, alegando que é o ofendido e demandar a proteção respectiva. Na
hipótese em que o réu faça um pedido que esteja fora dos arts. 920 ou 921 do
CPC, deverá fazer uso da Reconvenção.
A lei nº 6.820/80 eliminou a exceção do domínio no
Brasil, inutilizando a Súmula nº 487 do STF e definitivamente o art. 505 do CC.
Sendo a turbação ou o esbulho de menos de ano e dia
(ação de força nova), adotar-se-á as normas especiais. Em sentido oposto, far-se-
á uso do procedimento ordinário (ação de força velha).
As hipóteses de proteções possessórias existentes são:
Manutenção e Reintegração de Posse, e Interdito Proibitório. As primeiras são
nos caso de turbação e esbulho respectivamente. Já a última ocorre na situação de
justo receio de ameaça iminente à posse.
Enfim, em face das pessoas jurídicas de direito público
não será deferida a proteção possessória sem a audiência dos representantes legais
judiciais.
f) Ação de Nunciação de Obra Nova:
É um tipo de ação, regulamentada nos arts. 934 usque
940 do CPC, que é comportável em se tratando de obra nova (não importando se
há construção) e, não nos casos em que esteja concluída. Também denominada de
“embargo de obra nova” e está associada ao direito de vizinhança.
Os legitimados para propor a presente demanda são: o
proprietário ou o possuidor, ao condômino e ao Município.
Havendo urgência na medida, é lícito ao prejudicado
socorrer-se do embargo extrajudicial, notificando o embargado (o proprietário ou
o construtor), diante de duas testemunhas, da sua falta. Ato contínuo, deverá
requerer a ratificação em juízo, sob pena de cessar o efeito.
Existe uma controvérsia sobre a natureza jurídica desta
ação. Para uns é real, de acordo com o art. 95 do CPC. Em sentido contrário, é
pessoal, porquanto não há necessidade de outorga uxória.
As hipóteses de cabimento são: a obra nova em imóvel
vizinha, a alteração da coisa comum e a construção que desrespeita as normas. Na
primeira, o Supremo Tribunal Federal entende cabível a conversão desta ação em
perdas e danos. Nesse caso, o juiz poderá conceder perdas e danos no lugar do
que foi pedido, sem que a sentença seja extra petita, em razão do princípio da
função da propriedade. Em se tratando do último caso, embora a legitimidade seja
exclusiva do Município, não há vedação para os Estados e a União, desde que
haja interesses dessas entidades.
g) Ação de Usucapião de Terras Particulares:
Essa ação tem o procedimento previsto nos arts.941
usque 945 do CPC. O objetivo (pedido mediato) que o autor formula é a
declaração do domínio ou da servidão predial.
Há uma classificação, dependendo da natureza do
usucapião, em: extraordinário (requisitos: 05 e 20 anos de posse para móveis e
imóveis, respectivamente, independente de justo título e boa-fé.), ordinário (
requisitos: imóveis - 15 e 10 anos de posse mansa e pacífica entre ausentes e
presentes respectivamente, com justo título e boa-fé; móveis – 03 anos de posse
mansa e pacífica, justo título e boa fé,especial (requisitos: urbano – área de até
250 m2, 05 anos de posse e não sendo proprietário de outro imóvel; rural – área
de 50 hectares e 05 anos de posse produtiva).
Observa-se que os artigos supracitados disciplinam tão
somente o usucapião extraordinário e o ordinário. Com relação ao especial, será
regulado pela Lei especial nº 6.969/81, sob o rito sumário.
Particularmente, o autor não poderá olvidar de requerer
a citação daquele em cujo nome conste do imóvel registrado usucapiendo, assim
como os confinantes e, por edital, todos os demais réus em lugar incerto e demais
interessados. Os representantes da Fazenda Pública Federal, Estadual, do Distrito
Federal e dos Municípios serão intimados por via postal. Caso a União o faça,
haverá deslocamento para Justiça Federal, não cabendo à Justiça Estadual aferir a
existência de interesse ou não (súmula 150 do STJ).
A participação do parquet nesse processo é obrigatória,
sob pena de nulidade (súmula 99 do STJ).
Enfim, a sentença tem cunho meramente declaratório
prescindindo de fase executiva e será transcrita no registro de imóveis tão logo
sejam satisfeitas as obrigações fiscais.
h) Ação de Divisão e Demarcação de Terras Particulares:
Está disciplinada pelos arts. 946 usque 981 do CPC.
As terras devolutas, bens públicos dominicais, não
serão objeto dessas espécies de ação, mas das discriminatórias, tratadas pela Lei
nº 6.383/76.
A demarcação está ligada ao direito de vizinhança
enquanto a divisão é a forma de extinguir a comunhão. A ação de divisão
pressupõe que o imóvel em condomínio seja divisível. Do contrário, a extinção da
comunhão será feita pela alienação judicial de coisa, procedimento voluntário
(art. 1.117, II do CPC). A lei civil vedou a instituição do condomínio perpétuo,
não podendo ser superior a cinco anos, susceptível de prorrogação (CC, art. 629,
p. único).
Sendo os envolvidos maiores e capazes poderão fazer a
demarcação ou a divisão sem recurso ao Judiciário, por meio de escritura
pública ou instrumento particular homologado em Juízo.
Assim como, as Ações Consignatórias e a Possessórias,
estas Ações possuem caráter dúplice (reconvenção endógena). Tais demandas
somente podem ser propostas no foro da situação do imóvel (art. 95 do CPC)
pelos proprietários e não apenas o possuidor.
A natureza jurídica da Ação de Demarcatória é de
direito de vizinha, constituindo-se em uma obrigação propter rem. A Ação de
Divisão está ligado à extinção da propriedade comum. Apesar disso, ambas
exigem a outorga uxória para propositura.
Por fim, a sentença será simplesmente declaratória e
não atributiva da propriedade com efeitos ex tunc.
i) Inventário e Partilha:
A ação em tela é regulada pelos arts. 982 usque 1045 do
CPC.
O CPC incluiu o Inventário e a Partilha entre os
Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa tornando-o obrigatório, ainda
que todos sejam capazes, e haja acordo sobre a partilha.
Essa ocorrência poderá ser classificada quanto ao
procedimento em: solene (inventário propriamente dito), arrolamento, e
arrolamento sumário.
Embora sem previsão legal, há possibilidade de realizar
o inventário sem que existam bens, com o fim deixar isso registrado, o que é
denominado de inventário negativo. Tem sido admitido pela doutrina e
jurisprudência.
A diferença que se estabelece entre inventário e partilha
é a seguinte: o primeiro visa enumerar e descrever os bens existentes enquanto a
segunda faz dividir os quinhões que cada herdeiro irá receber.
Ocorrem em alguns casos que depois de ultimada a
partilha aparecem bens. Nesse caso, será adotado o procedimento da
sobrepartilha prevista no art. 1040 do CPC.
Quanto à competência cabe observar que: os bens sitos
no Brasil serão da competência exclusiva da Justiça brasileira (art. 89 do CPC). A
primeira regra que daí decorre é que competente é o foro do domicílio do autor da
herança – competência relativa (art. 96, I do CPC e súmula 33 do STJ). Acaso o
de cujus não possuísse domicílio certo, a competência recairá sobre o foro da
situação dos bens. Se estes estiverem em vários lugares, passará ao foro do lugar
onde ocorreu o óbito.
O Juízo do Inventário detém a vis attractiva com relação
a competências relativas.
O inventário e a partilha devem ser requeridos no prazo
de 30 (trinta) dias a contar do óbito, ultimando-se nos seis meses subseqüentes
(art. 983 do CPC), sob pena de multa. O STF já declarou constitucionais as
multas fixadas pelos Estados-Membros como sanção ao retardamento do
inventário.
Há algumas questões nessa Ação que são de alta
indagação: a admissão de herdeiro, que envolve investigação de paternidade, a
exclusão de herdeiro por indignidade ou o reconhecimento de que o de cujus vivia
com alguém em união estável.
O requerimento de abertura de Inventário pode ser feito
peos legitimados do arts. 987 e 988 do CPC. Em caso de omissão, o juiz o fará de
ofício.
Peculiaridades do procedimento: o inventariante (maior
e capaz) nomeado prestará compromisso em cinco dias, incumbindo-lhe a
representação judicial ativa e passiva do espólio até a final partilha, prestar as
primeiras declarações em vinte dias a contar da data do compromisso. Somente as
pessoas domiciliadas na comarca serão citadas pessoalmente. A Fazenda citada é
a Estadual. Não serão citados os cônjuges dos herdeiros, no entanto, qualquer ato
dependerá de outorga uxória (art. 44,III do CC). As partes poderão impugnar no
prazo de dez dias. Depois, mais dez dias para manifestarem sobre as avaliações. E
dez dias para as últimas declarações. Os bens estarão sujeitos ao pagamento do
imposto causa mortis, cuja alíquota é 4%. A partilha não tem força translativa e
sim declaratória. A partilha poderá ser amigável em vida ou post mortem. Em
caso judicial, será necessário a formulaçaõa de pedido de quinhão em dez dias.
Adota-se o Arrolamento Comum, na hipótese em que os
bens forem de pequeno valor, até o limite de 2.000 ORTNs(13.840 BTNs),
herdeiros maiores e capazes e não houver divergência entre eles, e o inventariante
não precisa prestar compromisso. De outro lado, Arrolamento Sumário será
utilizado quando todos os herdeiros forem maiores e capazes, qualquer que seja o
valor e não se lavrarão termos de qualquer espécie.
j) Embargos de Terceiros:
Essa ação de procedimento especial está prevista nos
arts. 1046 usque 1054 do CPC.
A presente é cabível a quem, não sendo parte em
processo judicial, sofra turbação ou esbulho na posse do bem, em razão de ato de
apreensão judicial, tais como, penhora, arresto, seqüestro, depósito, alienação
judicial, arrecadação, arrolamento, inventário e partilha. A legitimidade pode
decorrer da condição de proprietário ou possuidor.
É equiparado nessa condição que, sendo parte no
processo, tenha bem que não podem ser atingidos pela apreensão judicial. Assim
como, o cônjuge que defenda sua meação, bens reservados e dotais (§2º e 3º do
art. 1046 do CPC) .
Demais, admite-se nos seguintes casos: defesa da posse
nas ações de divisão e demarcação e para o credor com garantia real obstar
alienação judicial.
Quanto ao prazo, podem ser opostos a qualquer tempo,
no processo de conhecimento, até o trânsito em julgado e, na execução, até 05
(cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas antes de
assinada a respectiva carta.
Os embargos serão distribuídos por dependência e
apensados ao processo principal. Nele a parte embargante fará prova da sua
posse. Não haverá suspensão da Ação principal, a não ser que a medida recaia
sobre todos os bens.
A oportunidade de contestar os embargos será feita em
10 (dez) dias.
k) Habilitação:
É uma medida judicial prevista nos procedimentos
especiais nos arts. 1055 usque 1062 do CPC.
Tem cabimento quando, por falecimento de qualquer
das partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo (art. 265, I do
CPC). Com efeito, é uma Ação Incidental.
Observa-se, nesse procedimento, que a parte contrária
será citada pessoalmente caso não tenha procurador constituído e, também, que
estando a causa no Tribunal, a mesma será processada perante relator.
Processar-se-á nos próprios autos da causa e
independentemente de sentença quando for promovida, por exemplo, pelo
cônjuge e herdeiros necessários e demais casos do art. 1060 do CPC.
Enquanto a habilitação está sendo processada, o
processo principal ficará suspenso, até que ultime com sentença transitada em
julgado, quando retomará o curso normal.
l) Restauração de Autos:
Encontra-se prevista nos arts. 1063 usque 1069 do CPC.
É cabível quando houver desaparecimento dos autos.
Nesse caso, pode qualquer das partes promover-lhe a restauração. Nas comarcas
em que houver autos suplementares, nestes prosseguirá o processo.
Os legitimados serão necessariamente as partes na
relação jurídica processual.
Na restauração as partes apresentarão cópias das peças e
atos que tiverem consigo. No caso das provas testemunhais, as mesmas serão
reinquiridas, não havendo substituição, salvo se permitido em Lei.
A presente ação, que se dá de forma incidental a outro
processo, será julgada por sentença, a qual desafia recurso de Apelação.
Ocorrendo o desaparecimento dos autos no Tribunal, a
ação será processada perante o relator da mesma.
Ultimada a restauração, retomar-se-á o curso do
processo.
m) Vendas a créditos com reserva de domínio:
A previsão legal encontra-se nos arts. 1070 usque 1071
do CPC.
Esse procedimento especial será empregado quando o
vendedor quiser reaver a coisa alienada, rescindindo o contrato.
Trata-se de um negócio de venda sob condição
suspensiva, em que a transferência da propriedade fica condicionada ao
pagamento integral do preço, embora a posse seja transmitida desde logo.
Nesse procedimento há possibilidade de haver o
deferimento liminar que consistirá no depósito da coisa sob a guarda de um
depositário, preservando-a de desaparecimento ou deterioração, desde que exista
os seguintes requisitos: contrato de compra e venda com reserva de domínio e a
mora, provada pelo protesto do título.
Após a contestação, poderá o réu purgar a mora,
contanto que já tenha pagado de mais de 40% do preço, seguindo-se pelo rito
ordinário. Não sendo contestado, nem purgado a mora, o julgar-se-á acolhendo o
pedido reintegratório. Quanto ao autor, deverá depositar o valor de saldo,
descontado as despesas judiciais e extrajdudiciais. Por fim, se a dívida for inferior
ao valor do bem, o autor deverá restituir ao réu a diferença, sob pena de
enriquecimento sem causa.
n) Arbitragem:
A lei nº 9.307/96 revogou os arts. 1037 a 1048 e 1072 a
1102 do CPC. A referida norma acolhe somente os direitos patrimoniais
disponíveis.
Alguns falam a respeito da Constitucionalidade da
Arbitragem, sob o argumento de que ofenderia o princípio da inafastabilidade da
jurisdição. Não há razão de ser, posto que essa lei não exclui da apreciação do
Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito, mas faculta a possibilidade de
submeter a decisão a um terceiro (árbitro).
As duas formas de instituir o Juízo Arbitral são: a
cláusula compromissória e o compromisso arbitral. A primeira consiste no pacto
pelo qual as partes comprometem submeter à arbitragem os litígios que possam
vir a surgir relativamente a determinado contrato. Já o compromisso arbitral é o
pacto pelo qual as partes submetem à arbitragem determinado litígio.
Nos contratos de adesão, em virtude da fragilidade do
aderente, a cláusula compromissória só valerá se instituída por iniciativa dele, ou
se ele concordar, expressamente, com a sua instituição.
Ainda está em vigor a vedação do art. 51, VII da lei nº
8.078/90 quanto a adoção de cláusula compromissória nos contratos de consumo.
A sentença proferida pelo árbitro vale como título
executivo judicial e põe fim ao litígio, não ficando sujeita a recurso o
homologação do Poder Judiciário.
Aos árbitros são atribuídos os mesmos poderes
instrutórios do Juiz no procedimento jurisdicional (art. 130 do CPC). Se no curso
da arbitragem, houver necessidade de alguma medida coercitiva ou cautelar, o
árbitro poderá solicitá-la ao órgão do Poder Judiciário que seria competente para
julgar a causa.
o) Ação Monitória:
A ação em comento foi introduzida no CPC pela Lei nº
9.079/95.
É cabível a quem possuindo prova escrita sem eficácia
de título executivo, pretenda pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa
fungível ou bem móvel.
O réu nessa ação é citado mediante um mandado de
pagamento ou entrega da coisa, no prazo de quinze dias. Diante disso o réu
poderá: oferecer embargos (suspendendo a eficácia do mandado); cumprir o
mandado, quando, então, ficará isento de custas e honorários advocatícios; não
oferecidos os embargos ou rejeitados os embargos, o constituirá, de pleno direito,
o título executivo judicial.
Particularmente, os referidos embargos podem ser
interpostos independentemente de segurança do juízo.

6. Dos procedimentos especiais de jurisdição voluntária:


Dada a exigüidade do tempo para se ministrar o presente
curso e a finalidade do mesmo, as abordagens seguintes serão detidas nos pontos
centrais de cada procedimento, sem prejuízo da qualidade desse trabalho.
a) Das alienações judiciais:
Essa espécie de procedimento está disciplinada nos arts.
1.113 usque 1.119 do CPC.
São cabíveis nos casos em que os bens depositados
judicialmente forem de fácil deterioração, estiverem avariados ou existirem
grandes despesas para sua guarda.
O depositário ou qualquer das partes poderá requerer tal
medida em juízo e o próprio juiz de ofício poderá mandar aliená-los. Quando o
requerimento for feito por uma das partes, o juiz necessariamente terá que ouvir a
outra parte antes de decidir.
Poderá ser dispensado a realização de leilão se as partes
forem capazes e houverem expressamente consentido. A alienação será feita pelo
maior lanço, ainda que este preço seja menor que o valor da avaliação. Do valor
apurado serão deduzidas as despesas e o saldo irá ser depositado. Não sendo o
caso de levantamento antes de 30 dias, o juiz determinará a aquisição de títulos de
dívida pública da União ou dos Estados.
O art. 1.117 enumera alguns casos particulares que
objeto de alienação judicial em leilão, em se tratando de bens indivisíveis por sua
natureza ou quando esta for a única maneira de se vender o bem. Na alienação
judicial de coisa comum, se acaso for preterido o direito de um condômino, este
poderá depositar o preço e requerer a adjudicação da coisa.
b) Separação Consensual:
Encontra-se prevista nos arts. 1.120 usque 1.124 do
CPC.
As disposições deste capítulo da Separação Consensuais
aplicam-se também para o caso de Divórcio Consensual.
Ambos os cônjuges assinaram a petição requerendo a
separação, cuja assinatura se não for realizada na presença do juiz, deverá ser
reconhecido por tabelião. O casal deverá mencionar todos os itens dessa
dissolução: bens, guarda dos filhos, pensão dos filhos e para o cônjuge
necessitado. Não havendo acordo no tocante a partilha dos bens, a separação
poderá ser homologada sem prejuízo de futura divisão dos bens.
O foro competente será o domicílio do casal. O único
requisito para esta separação é o prazo de dois anos de casado.
No dia da audiência, o juiz verificará se ambos estão
decidindo livremente e sem hesitações a separação e mandará reduzir a termo.
Depois dará vistas a o Ministério Público no prazo de cinco dias e em seguida
homologará. Não havendo certeza da segurança do casal naquele propósito, o juiz
designará outra audiência entre 15 a 30 dias de intervalo a fim de ratificar o
pedido. A ausência de qualquer dos cônjuges implicará no arquivamento do
processo.
Na hipótese de separação judicial, é lícito o
requerimento das partes para converter-se em separação consensual. Enfim,
havendo homologação, averbar-se-á sentença no registro civil e, havendo, bens
imóveis na circunscrição onde se acharem registrados.
c) Testamentos e Codicilos:
Tal procedimento está expressamente regulado nos arts.
1.125 usque 1.141 do CPC.
É uma das espécies de sucessão, ao lado da sucessão
legítima. A primeira decorre da disposição de última vontade e a segunda decorre
da lei.
Não se pode olvidar que havendo herdeiros necessários
a liberdade de testar é plena. Caso contrário, será limitada, restringindo-se tão
somente a metade do montante.
Nesse procedimento a participação do Ministério
Público é imprescindível.
Depois de registrado e confirmados os testamentos,
caberá ao testamenteiro (administrador do testamento - responsável pela guarda e
execução do testamento) nomeado ou dativo dar-lhe cumprimento. Para tanto,
deve requerer a abertura de inventário e o cumprimento das disposições de última
vontade. Ele tem direito a um prêmio pelo seu trabalho que será fixado pelo
próprio testador ou pelo juiz, em até 5% sobre o valor da herança líquida. Esse
prêmio é denominado vintena.
d) Herança Jacente:
É disciplinada nos arts. 1.142 usque 1.158 do CPC.
A herança será jacente sempre que, aberta a sucessão,
apurar-se que o de cujus não deixou testamento nem notícia da existência de
herdeiros.
O juiz de ofício, ou a pedido de qualquer interessado ou
o do Ministério Público, mandará arrecadar os bens nomeando um curador para
ser o seu administrador.
Ato contínuo, o juiz mandará fixar edital que será
publicado três vezes, com intervalo de trinta dias, no órgão oficial e na imprensa
da comarca, convocando eventuais interessados a habilitar-se no prazo de seis
meses. Se no curso do processo, aparecer cônjuge, algum herdeiro ou o
testamenteiro reclamando a herança, suspender-se-á, para a habilitação, ouvidos
o curador, o Ministério Público e a Fazenda Pública. Sendo acolhida a
habilitação, o processo de arrecadação converte-se em inventário.
A herança jacente será declarada vacante, se dentro de
um ano ninguém se habilitar.Transitada em julgado, o cônjuge, os herdeiros e os
credores somente poderão reclamar por meio de Ação de Petição de Herança.
Ao final de cinco anos, contados da data da abertura da
sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio Público (Municípios ou
Distrito Federal e União em caso de Territórios).
e) Dos bens dos ausentes:
Há previsão legal nos arts. 1.159 usque 1.169 do CPC.
O estado de “ausência” será declarado quando a pessoa
desaparecer de seu domicílio sem deixar representante e sem deixar notícia de seu
paradeiro ou, ainda, deixando procurador nomeado não queira continuar
exercendo o mandato.
O requerimento poderá ser feito por qualquer
interessado ou pelo Ministério Público ao Juiz da Vara de Família, se houver na
comarca. A sentença será meramente declaratória, devendo ser levada a registro
(art. 94 da Lei nº 6.015/73), quando será nomeado um curador que procederá a
arrecadação dos bens nos moldes da herança jacente.
A declaração de ausência tem efeitos apenas
patrimoniais e não pessoais, de modo que o cônjuge não será considerado viúvo
e nem os filhos como órfão. Não se deve confundir a morte presumida depois da
abertura da sucessão definitiva do ausente com a justificação de óbito, prevista no
art. 88 da Lei nº 6.015/73, posto que neste último implicará em morte real.
As fases do procedimento são: 1ªfase – publicação dos
editais por um ano, com intervalos de dois meses; 2ª fase – um ano após
publicação do primeiro edital, com abertura da sucessão provisória, prevendo a
hipótese de caução pelos herdeiros; 3ª fase – sucessão definitiva, após dez anos
passados do trânsito em julgado da sentença da sucessão provisória. Será de cinco
anos das últimas notícias quando o ausente contar com 80 anos; 4ªfase –
aguardar-se-á mais dez anos: se o ausente aparecer receber os bens no estado em
que encontrar. Somente após os dez anos, não há mais hipótese de reclamar.
f) Coisas vagas:
Procedimento especial de jurisdição voluntária previsto
nos arts. 1.170 usque 1.176.
Coisa vaga é aquele objeto alheio perdido pelo legítimo
dono ou possuidor. A pessoa que encontra deve encaminhá-lo a autoridade
policial que lavrará o competente auto. Ato contínuo, será encaminhada ao Juiz
que nomeará um depositário. Em seguida, serão publicados editais, por duas
vezes, no órgão oficial, com intervalo de dez dias. Aparecendo o dono e
provando o seu direio, o juiz mandará entregar-lhe a coisa. Na hipótese em que
não apareça ninguém, o objeto será alienado em hasta pública e o produto da
venda será destinado ao pagamento das despesas e à recompensa da pessoa que o
achou (inventor). O restante será entregue à União, aos Estados ou ao Distrito
Federal.
Se o dono aparecer e não quiser a coisa, adjudicar-se-á
ao inventor. Quando houver fundado receio que a coisa é produto de crime, a
arrecadação será convertida em inquérito.
g) Curatela dos Interditos:
Está disciplinada nos arts. 1.177 usque 1.186 do CPC.
O procedimento, em comento, de interdição, de
jurisdição voluntária, tem por finalidade declarar a incapacidade, absoluta ou
relativa, das pessoas que não podem , sozinhas, exercer os atos da vida civil.
Estão sujeitos à interdição os loucos de todos os
gêneros, os surdos-mudos que não podem exprimir-se a sua vontade, os
toxicômanos e os pródigos. Quanto ao ausentes o novo Código Civil corrigiu a
incoerência de colocá-lo entre os absolutamente incapazes.
A interdição pode ser requerida pelo pai, mãe ou tutor,
pelo cônjuge, ou algum parente próximo, e o Ministério Público. No caso de
pródigo a legitimidade ativa é restrita ao cônjuge, ascendentes e descendentes. A
legitimidade do parquet é plena nos casos de anomalia psíquica. Nos casos em
que o Ministério Público for o requerente, o juiz nomeará um curador à lide.
O foro competente será o domicílio do incapaz.
A finalidade da audiência é a constatação do estado de
incapacidade do interditando pelo juiz e a designação de perícia se houver
necessidade. Nesse procedimento, o incapaz terá necessariamente advogado
constituído ou nomeado, porquanto não tem discernimento para decidir sobre as
conseqüências desse ato. A presença do Ministério Público é essencial; não sendo
autor, intervirá necessariamente como fiscal da lei.
Apesar de ser controvertido, prevalece o entendimento
de que a sentença nesse procedimento tem cunho meramente declaratório. Esse
ato jurisdicional deverá ser averbado no registro civil de pessoas naturais e além
disso será publicado na imprensa oficial por três vezes, com intervalo de dez dias.
Por fim, quando houver cessado a causa de determinante
da interdição, será procedido o seu levantamento que será processado em apenso.
h) Nomeação e Remoção de Tutor ou Curador:
O CPC dedicou o capítulo IX do livro IV, do art. 1.187
usque 1.204.
A tutela só terá lugar quando houver menor que não
esteja sob o pátrio poder. Já o curador será nomeado em favor dos demais
incapazes que não os menores.
O tutor e o curador serão intimados para prestar
compromisso, no prazo de cinco dias. Em seguida, realizará a especialização da
hipoteca legal com fim de garantir os bens confiados à sua administração. Não o
fazendo, Ministério Público tomará a iniciativa. Poderá ser dispensada tal
garantia quando o tutor ou o curador for pessoa reconhecidamente idônea e com
patrimônio considerável e o tutelado ou curatelado tenha um patrimônio de
pequena monta.
Ambos poderão oferecer recusa do encargo,
apresentando ao juiz as razões.
Quanto à remoção do cargo, poderá ser requerida, nos
casos previstos na Lei Civil, pelo Ministério Público ou quem tenha legítimo
interesse.
i) Organização e Fiscalização das Fundações:
Está regulamenta nos arts. 1.199 usque 1.204 do CPC.
As Fundações constituem-se num acervo de bens que
adquirem personalidade jurídica para poder atingir seus objetivos.
A organização das Fundações passa por quatro fases: 1ª
fase – dotação ou instituição (reserva do patrimônio e indicação da finalidade); 2ª
fase – elaboração dos estatutos pelo próprio instituidor ou terceiro designado por
este que tenha se recusado ou, quando não, a incumbência passará ao Ministério
Público; 3ª fase – aprovação do estatuto pelo Ministério Público que poderá
aprovar, negá-la, ou exigir complementação; e se acaso for ele o elaborador, a
aprovação competirá ao juiz. Nos casos de negar ou exigir complementação, a
parte poder requer que sejam supridas pelo juiz. Qualquer alteração posterior fica
sujeita a aprovação do Ministério Público que, denegada, pode ser suprida pelo
juiz; 4ª fase – registro no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Enfim, podem ser requeridas, por qualquer interessado
ou o Ministério Público, a extinção da fundação que se tornar ilícito o seu objeto.

j) Especialização da hipoteca legal:


Trata-se do último procedimento especial de jurisdição
voluntária que se encontra prevista nos arts. 1.205 usque 1.210 do CPC.
A hipoteca é um direito real de garantia que recai sobre
bens imóveis, navios e aeronaves e que atribui direito de preferência. Tem como
características essenciais a seqüela e a preferência. Por se referir a um direito real
deve ser inscrita e especializada no Cartório de Registro da respectiva
circunscrição.
Pode ser instituída de três formas: convencional
(contrato), legal (emana da lei) ou judicial (decorre de sentença).
A legitimidade para requerê-la será do próprio devedor,
do beneficiário ou do Ministério Público. A competência será do juízo em que
tiver situado o imóvel.
O procedimento é regulado pelos 1.205 usque 1.210 do
CPC.
Por fim, a especialização dispensa a intervenção
judicial sempre que as partes (credor e devedor) forem capazes e
convencionarem, por escritura pública.
7. Referência Bibliográfica:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, 32 ed., Saraiva: São Paulo.2002.

CÓDIGO CIVIL, 2 ed. Revista dos Tribunais: São Paulo. 2000.

FABRÍCIO, Adroaldo Furtado. Comentários ao Código de Processo Civil, 3 ed.,


Forense: Rio de Janeiro, v. 7, t. III, 1988.

GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS. V.13.


Saraiva: São Paulo. 1999.

GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. PROCESSO DE EXECUÇÃO E


CAUTELAR. V.12. 2 ed., Saraiva: São Paulo. 1999.

HUMBERTO, Theodoro Júnior. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL,


vol. II. 16 ed. revista e atualizada, Forense: Rio de Janeiro.1995.

HUMBERTO, Theodoro Júnior. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL,


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