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• Axiomas
Anotações
Tanto Freud como Lacan tentaram encontrar um mecanismo específico para as psicoses. Para isso Freud
propôs a verwerfung como o processo pelo qual o eu recusa a representação intolerável ao mesmo tempo em
que seu afeto, comportando-se como se a representação nunca houvera chegado até o eu.
Os tradutores de Freud ao francês, haviam traduzido este termo como sendo um juízo que recusa e escolhe.
Para Lacan a verwerfung não é um juízo e sim uma operação diferente.
“Foraclusão” foi a tradução proposta por Lacan para verwerfung. É um termo de uso corrente no
vocabulário jurídico procedimental e significa o vencimento de um direito não exercido nos prazos
prescritos.
Para abordar o tema, Lacan se apóia no texto de Freud Die Verneinung no qual Freud propõe que o juízo de
atribuição é anterior a um juízo de existência.
Freud afirma que anterior a verneinung (negação) deve existir uma bejahung (afirmação).
A ausstossung (expulsão), operação que Freud entende como constitutiva do psíquico é regulada pelo
princípio do prazer: a expulsão do desprazeroso e a inclusão do prazenteiro estabelecem uma primeira
distinção entre um fora e um dentro.
Desta forma, a negação é uma formação tardia a serviço do recalque e a verwerfung (foraclusão) é um
obstáculo, pois age anulando a bejahung (afirmação).
O recalque gera sintomas e a foraclusão irá gerar fenômenos diversos, como por exemplo, a alucinação e o
acting-out.
A diferença entre repressão e foraclusão é que o recalcado se revela mediante uma negação e demonstra ser
dialetizável. Ao contrário, o surgimento do verworfen (foracluído) é “incapaz de fazer funcionar a
verneinung”, diz Lacan.
Lacan articulou a função paterna, relacionada com este significante primordial, através do Complexo de
Édipo.
O do texto De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose onde Lacan delineia que "a
falta que lhe dá a psicose sua condição essencial" se encontra formulada pela primeira vez como foraclusão
do Nome-do-Pai. Ali o Nome-do-Pai em especificado como “o significante que, no Outro, enquanto lugar
do significante, é o significante do Outro enquanto lugar da lei”.
De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose introduz o significante do Nome-do-Pai
como o operador simbólico principal na metáfora paterna. Este significante é apresentado como correlato a
um Outro consistente, sem barra.
Este matema designa um significante exterior ao Outro, mas conectado com ele é necessário para sua
consistência; nenhuma linguagem articula toda a verdade, o que foi demonstrado por Gödel.
A elaboração conceitual do campo simbólico, do Outro, como barrado, esburacado, como não-todo,
constitui a condição para que o GOZO não simbolizável possa ser circunscrito na operação psicanalítica.
É graças à introdução da noção de falta de um significante primordial, suporte da armação simbólica, que
resulta possível conceber a especificidade de uma verwerfung psicótica.
Lacan refere-se ao mito freudiano do Pai morto como um significante em falta, metaforizado como uma
sepultura vazia; falta que Lacan começa a escrever . Lacan escreve também (-1), um significante
que não se pode contar no conjunto do Outro. O tem como última conseqüência pensarmos o Nome-
do-Pai como tampão de A. marca a inconsistência e a incompletude do Outro.
No que se refere à metáfora paterna, o significante do Nome-do-Pai supre o lugar previamente simbolizado
pela operação da ausência da m de uma formalização do Complexo de Édipo baseada no princípio de sua
redução a um processo metafórico.
Quando o desejo da mãe não está simbolizado, o sujeito corre o risco de enfrentar-se com o desejo do Outro
experimentado como uma vontade de desfrute sem limite.
Na década do cinqüenta, o Outro lacaniano não estava ainda centrado numa falta.
Apesar da referência ao pai morto, o Nome-do-Pai é concebido inicialmente como o que assegura a
consistência de um Outro absoluto que certifica a verdade.
No processo de simbolização, a absorção da Coisa pelo Outro, onde a linguagem apaga o gozo e o
reabsorve, há um resto, o mais-gozar. O Outro é um conceito organizado em torno de um núcleo de gozo. O
Outro está marcado por uma falta central, a do gozo como significante. O Outro não existe para o gozo. Não
existe Outro do outro.
Lacan ilustra o com o nome próprio, caracterizado pela equivalência entre o enunciado e sua
significação, a função que permanece nele é da nomeação.
O ser vivo ou de preferência a parte viva do ser fica por fora do registro da nomeação à causa de ,a
falta inscrita no Nome-do-Pai. Existe uma parte do ser que escapa à mortificação significante própria do
"mar dos nomes próprios".
Lacan propõe o objeto a como resto do processo de simbolização, não sendo redutível ao significante, o
objeto a não é um elemento do Outro, é um vazio no Outro. O pai tem uma dupla dimensão de pai gozador e
de pai da lei.
O Outro é marcado por uma falta central: a do gozo como significante. Lacan introduziu o matema ,
significante de uma falta no Outro, significante sem o qual os outros nada representariam, mas que ele
mesmo permanece êxtimo ao Outro.
Trata-se de uma generalização da foraclusão como estrutura. Nesse sentido, Lacan propõe o conceito de
alíngua enquanto um simbólico não referido ao Outro, mas ao Um, o que implica na palavra como veículo
de gozo e não de comunicação, porquanto não está endereçada ao Outro.
Essa referência ao Um traz implícita uma mudança na operação de estruturação do ser falante, pois propõe o
gozo e alíngua como anteriores ao Outro e à linguagem, um vazio central onde Lacan distingue o que revela
Sade: uma exigência de gozo.
Esta, conforme Lacan, escava um buraco no lugar do Outro para apoiar ali a cruz da experiência sadiana.
Esta hiância do Outro, como foraclusão generalizada deve ser diferenciada da foraclusão psicótica.
Axiomas
1 - A foraclusão é uma abolição do juízo de existência - É um fato de estrutura que seu próprio significante
falte ao Outro. : significante da falta no Outro.
2 - O termo foraclusão generalizada faz uma alusão à Teoria da Relatividade Geral de Einstein (1916) que
amplia para outros sistemas os conceitos da Teoria da Relatividade Restrita (1905). A foraclusão do Nome-
do-Pai equivaleria, portanto à Teoria da Relatividade Restrita.
4 - A partir dos anos sessenta torna-se necessário conceber a foraclusão do Nome-do-Pai não já como recusa
de um significante primordial, senão como a ruptura de um anodamento entre a cadeia significante e aquilo
que desde o exterior sustenta seu ordenamento.
5 - Para isso Lacan analogizou o Nome-do-Pai com a função do zero e esboçou seu estatuto de exceção nas
fórmulas da sexuação e finalmente sua equivalência com o anodamento da cadeia borromeana.
6 – Na cisão do sujeito produzida pela articulação do ser com a linguagem, o complexo de castração ocupa
um lugar cada vez mais importante.
7 - No seio do intervalo S1-S2 se revela pouco a pouco à insistência do gozo e em 1963 o objeto a aparecerá
concebido como a causa real do desejo.
8 - Só a divisão deste objeto põe em progresso a dialética do desejo. A lei da castração impõe a ambos
(sujeito e Outro) a marca da incompletude, neste sentido o Nome-do-Pai se pode conceber como uma
função que assegura a inclusão do falo no objeto a, é dizer, a conexão deste último com a linguagem.
9 - A falha essencial do Outro simbólico redireciona a ausência do significante que possa dar conta do
objeto de prazer.
10 - Apesar de não ser um elemento do Outro, o objeto a está incluído nele, é o que designa a noção de
extimidade: no ponto mais íntimo do Outro, o mesmo que no seguro, se aloja uma sorte de bolha de gozo.
11 - O mais íntimo constitui ao mesmo tempo o mais heterogêneo. O que falta ao nível significante vem a se
situar no que não tenha sido objeto de simbolização, o objeto de prazer; daqui a diante uma escritura
possível da extimidade: .
12 - Jacques-Alain Miller formula que comporta a existência de uma foraclusão generalizada seu
próprio significante lhe falta ao Outro; trata-se de uma falha estrutural.
13 - Esses avanços teóricos se apóiam na própria experiência analítica que impõe que se reformule o
conceito de estrutura numa referência para além do Outro.
14 - A ex-sistência do real refere-se ao impossível, ao não simbolizável, ao fato de que a articulação dos
registros não oferece ao sujeito um Outro consistente, há um furo radical no Outro, que será marcado por
pontos de impossibilidade.
15 - O furo do simbólico fala do recalque originário, condição para o surgimento do sujeito e da cadeia
significante. A consistência imaginária corresponde à idéia da existência de um corpo atrelado a um sujeito.
16 - No desanodamento dos aros do Real, o Simbólico e o Imaginário, o que está foracluído é precisamente
a condição borromeana, é o que traduz ao nível topológico a falha no Outro: .
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