You are on page 1of 2

Resenha sobre terceirização: fenômeno recente, data de 1970 e é alinhavado pela

Revolução​ ​Toyotista.

Sofreu dupla alteração nesse ano. Foi a primeira reforma da Lei 13.429/17 e foi aprovada
em fevereiro. E agora, com a reforma de julho, o que havia sido aprovado em fevereiro foi
reaprovado.

É uma técnica de flexibilização horizontal. Tudo o que diz respeito à horizontalidade


no direito do trabalho se dá no âmbito da contratação da energia do trabalho. É uma
flexibilização, porque insere uma empresa prestadora de serviços como intermediária entre
o​ ​tomador​ ​do​ ​trabalho​ ​e​ ​o​ ​trabalhador.​ ​A​ ​relação​ ​é​ ​sempre​ ​triangular.
E.g.:​ ​a​ ​Cocamar​ ​precisa​ ​de​ ​um​ ​serviço​ ​de​ ​vigilância.

No modelo flexibilizado, da terceirização, há intermediação ali. Não se mantém com


João​ ​pessoalidade.
Quais são as condições históricas que merecem o registro? A terceirização é um
processo que surge com a terceira Revolução Industrial. Estamos vivendo o apogeu da
terceira.
Na primeira Revolução Industrial surgiu o Direito do Trabalho. A máquina passou a
substituir​ ​a​ ​mão-de-obra​ ​e​ ​se​ ​deu​ ​uma​ ​crise​ ​no​ ​capital​ ​de​ ​trabalho.
Depois veio a segunda Revolução Industrial quando essas máquinas foram
colocadas em modelo de esteira. Nesse segundo modelo de produção, temos uma espécie
de concentração no processo produtivo. Ainda há muitas fábricas onde, em movimentos
simultâneos, cadenciados. Há uma concentração do modelo de produção. Primeiro se põe o
eixo, o motor, a carenagem, a pintura… Existe uma sequência até o veículo ser montado.
Depois​ ​de​ ​montado,​ ​inicia-se​ ​o​ ​processo​ ​de​ ​publicidade.
A partir de 1970, sobretudo, e no Brasil (meados de 82, 85…), experimentou-se a
descentralização do modelo de dentro da fábrica. Haverá várias fábricas, onde existe o
modelo de produção “just in time”, tudo a um só tempo, simultâneo. Os que o
aperfeiçoaram, levaram à última instância. Não há um funcionário que produza sequer uma
peça​ ​do​ ​aparelho.
A produção de um chip é na Coréia, ao mesmo tempo, o vidro, na China, a armação
em Taiwan… até que haja uma montagem e o produto, que já foi comercializado, chega às
prateleiras. A Apple só tem como empregados quem pensa no modelo que será
comercializado.​ ​A​ ​Nike​ ​é​ ​mais​ ​ousada.
O salário mínimo da Alemanha é de aproximadamente 2 mil euros. Para se produzir
um​ ​tênis​ ​no​ ​contingente​ ​alemão,​ ​um​ ​tênis​ ​da​ ​Nike​ ​sairia​ ​no​ ​mínimo​ ​R$1.500,00​ ​o​ ​preço.
A terceirização coincide com o modelo Toyotista de produção, cujas características
são: a) a descentralização do processo produtivo; b) a simultaneidade das diversas peças
do​ ​produto;​ ​c)​ ​a​ ​rapidez​ ​produtiva​ ​para​ ​dar​ ​cobro​ ​às​ ​vendas​ ​massificadas.
Toda ideia de toyotismo é para dar barateamento do custo de produção. Tornar
menor​ ​a​ ​oneração​ ​do​ ​tomador​ ​de​ ​trabalho.
O direito brasileiro admite, de forma indireta, a terceirização. O artigo 170 incorpora
o princípio da livre-iniciativa, supondo que aquele que se propõe a lucrar deliberará sobre as
estratégias​ ​da​ ​produção.
Se eu monto uma empresa no Brasil, cabe apenas a mim entender como vou
produzir​ ​dentro​ ​da​ ​minha​ ​empresa.
Essa livre-iniciativa deve respeitar a dignidade humana e o lucro. Mas eu tenho que
respeitar os próximos como pessoas, e não torná-los sujeitos e objetos ao mesmo tempo. E
um princípio que tem sido questionado é o princípio do ​pleno emprego​. A dignidade tem
previsão​ ​no​ ​caput​ ​e​ ​o​ ​pleno​ ​emprego​ ​no​ ​inciso​ ​8º​ ​do​ ​artigo​ ​180.
Qual a plenitude de emprego de alguém que trabalha terceirizado? O banco Itaú tem
como​ ​proposta​ ​terceirizar​ ​todo​ ​seu​ ​setor​ ​produtivo.
Quem vende o seguro? Uma empresa prestadora de serviços e alguém dentro do
banco​ ​que​ ​vende​ ​esses​ ​serviços.
A​ ​ideia​ ​é​ ​que​ ​os​ ​gerentes​ ​sejam​ ​terceirizados​ ​por​ ​uma​ ​empresa​ ​de​ ​gestão.
Não haverá mais a sensação de pertencer a empresa alguma, em um quadro
funcional onde ele se isolará insularmente, de forma que teremos uma precarização à ideia
de pleno emprego. O valor social do trabalho se esfacela, fragmentando a ideia de
plenitude.
O​ ​meu​ ​enquadramento​ ​sindical​ ​se​ ​faz​ ​pela​ ​atividade​ ​econômica​ ​do​ ​patrão.
13.429/17
Lei​ ​sobre​ ​vigilância​ ​bancária:​ ​Terceirização​ ​nos​ ​serviços​ ​de​ ​vigilância​ ​bancária.

Os serviços de conservação e limpeza, gerando-se a súmula 256 do TST, que teve


vigência até 1993 previa a terceirização só nessas três atividades, os contratos
temporáriios,​ ​a​ ​vigilância​ ​ou​ ​a​ ​limpeza.​ ​São​ ​6​ ​incisos:
I - terceirização por interposta pessoa: manteve-se com a reforma. É uma empresa
terceirizada de aparência, de maquiagem, que esconde o verdadeiro empregador. A falta de
lastro​ ​econômico​ ​é​ ​o​ ​maior​ ​indício​ ​de​ ​uma​ ​interposta​ ​pessoa​ ​(o​ l​ aranja​).
A terceirização nesse caso é absolutamente nula. O vínculo empregatício se forma
diretamente entre o tomador e o trabalhador terceirizado, e a responsabilidade do tomador e
da​ ​interposta​ ​pessoa​ ​passa​ ​a​ ​ser​ ​solidária.
II - interposta pessoa e setor público: é nula. O vínculo se dá pelo concurso. A única
consequência que não vai existir é a formação do vínculo direto. Responsabilidade do ente
público​ ​e​ ​a​ ​interposta​ ​pessoa​ ​é​ ​solidária.
III - ​o que foi radicalmente alterado​: as atividades-fim podem ser terceirizadas. A
legislação passa a admitir a terceirização nas atividades-fim. Provavelmente esse inciso
será cancelado, pois temos um radical conflito. Parte desse inciso se mantém, pois há uma
parte que diz que o tomador não pode manter subordinação entre o trabalhador
terceirizado.
IV - a responsabilidade do tomador será subsidiária caso os direitos trabalhistas não
sejam pagos ao trabalhador terceirizado. O que é uma responsabilidade subsidiária? É
aquela que respeita o benefício de ordem (num primeiro momento, o empregado deve voltar
contra seu empregador, e depois de esgotadas todas as tentativas, é que se volta contra o
tomador).
V - licitação, terceirização e administração pública: o STF, em uma ADCon,
entendeu que o artigo 78 da Lei 8.666/93 é constitucional, e afastou a responsabilidade do
ente público por direitos trabalhistas como legítimas. O ente público deve fiscalizar o
repasse​ ​das​ ​verbas​ ​da​ ​empresa​ ​licitada,​ ​aos​ ​seus​ ​empregados.
VI - a responsabilidade do tomador (subsidiária) avoca direitos trabalhistas,
previdenciários​ ​e​ ​indenizatórios.

You might also like