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jusbrasil.com.br
4 de Março de 2018
INTRODUÇÃO
Os meios alternativos de resolução de conflitos, tais como a mediação, a
conciliação e a arbitragem tem adquirido crescente importância no direito
brasileiro. A visão concebida pela experiência e pelo senso comum quanto à
resolução de conflitos por estes meios tem possibilitado o seu reconhecimento
como instrumentos eficazes e mais rápidos do que a via conflituosa.
Todavia, ainda é necessário que se difunda de forma mais efetiva uma “cultura” a
favor da mediação e da conciliação na população. Tendo em vista estes meios de
solução de conflitos são instrumentos que visam o bem de todos e a supremacia do
bem-estar social, e considerando as dificuldades enfrentadas pelo judiciário
brasileiro carente de mão-de-obra, a adoção destes métodos extrajudiciais pode ser
extremamente benéfica.
É neste viés que a Teoria dos Jogos se apresenta, tendo como objeto de estudo o
conflito e baseando-se em cálculos matemáticos e dados comportamentais, John
Nash desenvolveu a ideia de cooperação demonstrando matematicamente que a
cooperação com o adversário poderia possibilitar a maximização de ganhos
individuais.
John Nash trouxe novos horizontes para a teoria dos jogos com o seu conceito de
equilíbrio, e ainda rompeu com o paradigma econômico, criado por Adam Smith,
que se baseia puramente na competição. Para Adam Smith se cada um lutar para
garantir uma melhor parte para si, os competidores mais qualificados ganhariam
um maior quinhão.
Ainda, para John Von Neumann, professor de John Nash, um dos competidores
para ganhar, deveria necessariamente levar o adversário a derrota, de certa forma
concordando com a teoria de Adam Smith.
Porém, John Nash, introduziu o elemento cooperativo na teoria dos jogos, ideia
que não é totalmente incompatível com o pensamento de ganho individual, já que
o entendimento é de que é possível maximizar os ganhos individuais cooperando
com o adversário, assim os jogadores devem pensar no individual e no coletivo ao
formular sua estratégia.
O equilíbrio de Nash
O princípio do equilíbrio criado por John Nash é baseado em um par de estratégias
em que cada uma é a melhor resposta à outra, ou seja, é uma espécie de meio
termo que permite que ambos possam auferir ganhos. Assim, o equilíbrio de Nash
seria a solução conceitual para o qual os comportamentos se estabilizam em
resultados nos quais os jogadores não se arrependem, em uma análise posterior do
jogo, levando em consideração a jogada apresentada pela parte adversária.
Não se pode afirmar que tal teoria é ingênua pois “ Se todos fizerem o melhor para
si e para os outros, todos ganham”.
Competição e cooperação
Como regra, a grande maioria das pessoas não foi estimulada, ainda na fase da
infância, a interagirem de forma cooperativa quando se deparavam com conflitos.
Tanto mediadores, como partes e advogados não possuem enraizada a ideia da
cooperação como sendo o melhor caminho para todos. Pelo contrário, em nossa
sociedade o estímulo direciona-se para a competição desde cedo, com jogos,
brincadeiras dentro outros, nos quais há apenas um vencedor e um perdedor.
Conclui-se que as partes têm a ganhar com soluções cooperativas para os seus
litígios, ao invés de utilizar-se da competição para tentar resolvê-los. Merece
destaque também que, pensando de forma puramente racional, as partes tendem a
cooperar, mas não por razões altruístas, mas sim visando a otimização de seus
ganhos individuais.
CONCLUSÃO
A teoria dos jogos como ramo de estudo das situações estratégicas que envolvem
interações entre dois ou mais indivíduos tem por objetivo traçar parametros
comportamentais e soluções para importantes questões envolvendo conflitos entre
dois sujeitos.
Apesar de a teoria ter se iniciado com teoricos que apontavam para um resultado
baseado na derrota de uma parte e vitória da outra, a partir de John Forbes Nash,
aceitaram-se novos conceitos para a teoria, que revolucionaram a economia com o
conceito de equilíbrio. Nash rompeu com o paradigma econômico da competição.
Com base na teoria dos jogos, pode‑se perceber que nos conflitos de relações
contínuas as partes tendem a ganhar com soluções cooperativas. É importante
perceber também a racionalidade envolvida nisto, pois independentemente de
questões éticas, as partes que auferem ganhos ao cooperar estão acima de tudo
otimizando os seus ganhos individuais.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Fábio Portela Lopes de. A teoria dos jogos: uma fundamentação teórica
dos métodos de resolução de disputa. In: AZEVEDO, André Gomma de (Org.).
Estudos em arbitragem, mediação e negociação. Brasília: Ed. Grupos de Pesquisa,
2003. V. 2.
http://www.cnj.jus.br/images/programas/conciliacao/manual_mediacao_judicial
_4ed.pdf
Disponível em: http://rebecacbarbosa.jusbrasil.com.br/artigos/376965945/a-teoria-dos-jogos-e-sua-aplicabilidade-na-resolucao-de-
conflitos