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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
EDUCACIONAIS
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3 INTRODUÇÃO
4 UNIDADE 1 – Didática, Metodologia, Saber e Fazer Docentes, O Ponto de Partida para uma Prática Pedagógica Significativa
10 UNIDADE 2 – Prática Pedagógica – Da Teoria à Prática
10 2.1 Conceitos e definições

12 2.2 Particularidades da prática pedagógica: ser política e bancária

14 2.3 Concepções de prática pedagógica – conhecer para criticar e aplicar

16 UNIDADE 3 – A Prática Pedagógica no Cotidiano da Escola – O Currículo rm Ação


17 3.1 Planejamento

SUMÁRIO
18 3.2 Prática pedagógica – o currículo em ação

20 UNIDADE 4 – A Prática Pedagógica numa Perspectiva Interdisciplinar


20 4.1 Termos básicos

21 4.2 Dimensões estratégicas para acontecer a interdisciplinaridade

23 UNIDADE 5 – Usando as Tecnologias da Informação e Comunicação


24 5.1 As múltiplas tecnologias

25 5.2 WebGincana (WG)

27 UNIDADE 6 – Prática Pedagógica na Área Empresarial


30 UNIDADE 7 – Prática Pedagogica na Área Hospitalar
34 UNIDADE 8 – Trabalhando com Educação do Campo e EJA
39 REFERÊNCIAS
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INTRODUÇÃO

Sendo ‘prática pedagógica’ uma atividade matizado – assume um sentido terapêutico


pedagógica planejada e colocada em ação, ao despertar no educando uma nova consci-
definição mais concisa encontrada e que ao ência que transcenda do eu individual para o
mesmo tempo nos abre um leque de inter- eu transpessoal.
pretações, evidentemente que nos cabe
Enfim, o que devemos considerar en-
‘destrinchar’, ‘esmiuçar’ essa definição.
quanto educadores é uma perspectiva in-
É assim que iremos caminhar neste mó- tegradora, uma concepção de prática peda-
dulo, falaremos sobre método, instrumento, gógica que visualize o conceito integral de
didática, conteúdo, currículo, planejamento educação, que promova o aperfeiçoamento
(que envolve o como, quais recursos, quan- humano (MATOS, 2010).
to tempo, quais objetivos, entre outros), sa-
Desejamos uma boa leitura a todos, que
beres docentes, as características para que
sejam perspicazes, que sejam observadores
a prática pedagógica seja efetiva, as suas
e críticos de suas próprias práticas e bus-
perspectivas multi, trans e interdisciplinar,
quem a transformação social de seus alunos.
as dimensões para que aconteça numa práti-
ca interdisciplinar, afinal de contas, o mundo Duas observações se fazem necessárias
vem caminhando assim e nossos “futuros ci- antes de iniciarmos nosso caminhar:
dadãos” precisam ser críticos, criativos, ino-
Em primeiro lugar, sabemos que a escrita
vadores, conscientes e justos.
acadêmica tem como premissa ser científi-
Como disse Libâneo (2001), a Pedagogia ca, ou seja, baseada em normas e padrões
enquanto ciência tem por objeto de estu- da academia. Pedimos licença para fugir um
do a educação que é o processo de ensino e pouco às regras com o objetivo de nos apro-
aprendizagem, portanto, ao Pedagogo, cabe ximarmos de vocês e para que os temas
interessar-se pela prática educativa, que faz abordados cheguem de maneira clara e obje-
parte da atividade humana e da vida social tiva, mas não menos científicos.
do indivíduo. Assim, a educação busca trans-
Em segundo lugar, deixamos claro que
formar os seres humanos nos seus estados
este módulo é uma compilação das ideias de
físicos, mentais, espirituais, culturais, dando
vários autores, incluindo aqueles que consi-
configuração à nossa existência humana in-
deramos clássicos, não se tratando, portan-
dividual e coletiva.
to, de uma redação original.
Cardoso (1995, p. 48) também destaca
Ao final do módulo, além da lista de refe-
que educar significa utilizar práticas peda-
rências básicas, encontram-se muitas ou-
gógicas que desenvolvam simultaneamen-
tras que foram ora utilizadas, ora somente
te razão, sensação, sentimento e intuição e
consultadas e que podem servir para sanar
que estimulem a integração intercultural e a
lacunas que por ventura surgirem ao longo
visão planetária das coisas, em nome da paz
dos estudos.
e da unidade do mundo. Por isso, a educação
– além de transmitir e construir o saber siste-
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UNIDADE 1 – Didática, Metodologia, Saber e
Fazer Docentes, O Ponto de Partida para uma
Prática Pedagógica Significativa
A didática tem uma história mais que sobre o papel sociopolítico da educação,
secular, principalmente se pensarmos da escola e do ensino; compreender o pro-
que ao longo de sua existência o homem cesso de ensino e suas múltiplas deter-
sempre aprendeu e ensinou, mas teórica minações; instrumentalizar pela teoria o
e conceitualmente, a didática tem início futuro professor para captar e resolver
cerca de 200 anos atrás quando, pelas ne- os problemas postos pela prática pedagó-
cessidades do capitalismo 1, vimos o surgi- gica; redimensionar a prática pedagógica
mento das instituições sociais que objeti- através da elaboração da proposta de en-
vavam transmitir conhecimentos. sino numa perspectiva crítica de educa-
ção (OLIVEIRA, 1995).
Podemos definir didática sob duas
perspectivas: campo de saber ou ramo de Como diz Libâneo (1994 p. 26), a didá-
conhecimento ou uma ciência com objeto tica converte objetivos sociopolíticos e
próprio e como uma disciplina dos cursos pedagógicos em objetivos de ensino, se-
de formação de professores (tanto que já leciona conteúdos e métodos em função
tivemos um momento específico para ela. desses objetivos e estabelece os vínculos
Aqui, grosso modo, nosso objetivo é tecer entre ensino e aprendizagem, tendo em
algumas teias, algumas relações entre as vista o desenvolvimento das capacidades
ferramentas usadas para edificar o co- mentais dos alunos.
nhecimento).
Fazendo um recorte temporal, foi a
A didática é uma disciplina que integra partir dos anos 1990 que a didática veio
teoria e prática, ou seja, ela ordena e pro- se tornando instrumento para a coope-
move a estrutura de ambas em função do ração entre docente e discente, para que
ensino, tendo como fundamentos contri- realmente ocorresse a apropriação dos
buições da Psicologia, da Filosofia e da So- processos de ensinar e de aprender. Para
ciologia que são áreas do conhecimento isso, é importante o comportamento de
que lançam luz sobre a complexidade da ambos para que o conhecimento realmen-
prática pedagógica. te aconteça, tanto que aparece o caráter
questionador do aluno em uma nova rela-
Os objetivos da Didática são: refletir
ção baseada nas indagações do contradi-
tório (TONIAZZO, 2009).
1  Das relações nômades à produção feudal pouco mudou, mas
destas últimas que tinham como característica um trabalho conser-
vador, baixa produtividade e uso de técnicas rudimentares houve a Eis que devemos mencionar Paulo Frei-
substituição de um novo sistema econômico, motivado pela necessi- re e sua “Pedagogia do Oprimido” com
dade da nobreza em ampliar seus negócios, pelo desenvolvimento
do comércio e das cidades, pelo fortalecimento de novos modos ideias novas... ‘propor uma prática de sala
de produção com o trabalho livre e assalariado e o surgimento de
uma nova classe social: a burguesia. Esse novo sistema econômico,
de aula que pudesse desenvolver a criti-
o capitalismo, marcou um novo momento na história da humanida- cidade dos alunos’. Seria a tendência pro-
de, haja vista que a individualidade, a igualdade e a liberdade do
homem foram geradas por novas necessidades, novas concepções gressista da educação!
de mundo e novos valores e eis que a educação formal mudou seu
foco para atender tais demandas e aí temos um ponto de partida do O trabalho pedagógico, além de didáti-
desenvolvimento da didática.
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ca, exige uma metodologia, certo?! diferentes.

Etimologicamente, considerando a sua Vilarinho (1985, p. 52) cita três modali-


origem grega, a palavra metodologia ad- dades básicas de métodos de ensino.
vém de methodos, que significa meta (ob-
Métodos de ensino individualizado:
jetivo, finalidade) e hodos (caminho, inter-
a ênfase está na necessidade de se aten-
mediação), isto é: caminho para se atingir
der às diferenças individuais, como por
um objetivo. Por sua vez, logia quer dizer
exemplo: ritmo de trabalho, interesses,
conhecimento, estudo. Assim, metodo-
necessidades, aptidões, entre outras,
logia significaria o estudo dos métodos,
predominando o estudo e a pesquisa, o
dos caminhos a percorrer, tendo em vista
contato entre os alunos é acidental.
o alcance de uma meta, objetivo ou finali-
dade. Métodos de ensino socializado: o
objetivo principal é o trabalho de grupo,
Então: a metodologia do ensino seria
com vistas à interação social e mental
o estudo das diferentes trajetórias traça-
proveniente dessa modalidade de tarefa.
das/planejadas e vivenciadas pelos edu-
A preocupação máxima é a integração do
cadores para orientar/direcionar o proces-
educando ao meio social e a troca de ex-
so de ensino-aprendizagem em função de
periências significativas em níveis cogni-
certos objetivos ou fins educativos/for-
tivos e afetivos.
mativos (CARRAHER et al, 2012).
Métodos de ensino socioindividua-
Simplificando: é a aplicação de diferen-
lizado: procura equilibrar a ação grupal e
tes métodos no processo ensino-apren-
o esforço individual, no sentido de promo-
dizagem, é escolher um caminho a seguir.
ver a adaptação do ensino ao educando e
Esse caminho pode seguir pelo método
o ajustamento deste ao meio social.
tradicional, o construtivismo, o socioin-
teracionismo, o método montessoriano, Relembremos as diversas técnicas de
entre outros, que implicarão em técnicas ensino, expostas no quadro abaixo.

Método Individualizado

Técnica Aplicação

Estimular método de estudo e pensamento reflexivo.


Estudo
Levar a autonomia intelectual.
Dirigido
Atender a recuperação de estudos.
Ensino por
Revisão e enriquecimento de conteúdos
fichas
Apresentação de informações em pequenas etapas e sequência ló-
Instrução gica.
programada Fornece recompensa imediata e reforço.
Permite que o aluno caminhe no seu ritmo próprio.
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Leva o estudante a responsabilidade no desempenho das tarefas


Ensino por propostas.
módulos Propõe ao aluno os objetivos a serem atingidos e variadas atividades
para alcançar esses objetivos.

Método Socializado
Técnica Aplicação
Discussão em pe-
quenos grupos
Troca de ideias e opiniões face a face.
Estudo de casos

Revisão de assuntos.
Discussão 66 ou
Estímulo à ação.
Phillips 66
Troca de ideias e conclusão.

Definir pontos de acordo e desacordo.


Painel
Debate, consenso e atitudes diferentes (assuntos polêmicos).

Troca de informações.
Painel
Integração total (das partes num todo).
Integrado
Novas oportunidades de relacionamento.

Máximo de participação individual.


Grupo de Troca de informações.
cochicho Funciona como meio de incentivação.
Facilita a reflexão.

Discussão Solução conjunta de problemas.


dirigida Participação de todos.

Criatividade (Ideias originais).


Brainstorming
Participação total e livre.

Estudo aprofundado de um tema.


Coleta de informações e experiências.
Seminário Pesquisa, conhecimento global do tema.
Reflexão crítica.

Divisão de um assunto em partes para estudo.


Simpósio Apresentação de ideias de modo fidedigno.
O grupão faz a conferência do que foi apresentado.
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Verbalização.
GVGO ou Grupo
Objetividade na discussão de ideias.
na Berlinda
Capacidade de análise e síntese.

Troca de informações.
Entrevista
Apresentação de fatos, opiniões e pronunciamentos importantes.

Intercomunicação direta.
Diálogo
Exploração, em detalhe, de diferentes pontos de vista.

Exposição menos formal de ideias relevantes.


Palestra Sistematização do conteúdo.
Comunicação direta com o grupão.

Representação de situações da vida real.


Dramatização
Melhor rendimento e compreensão dos elementos.

Método Sócio - Individualizado


Técnica Aplicação

Realiza algo de concreto.


Método de
Incentiva a resolução de problemas sugeridos pelos alunos.
Projetos
Exige trabalho em grupo e atividades individuais.

Método de Desenvolve o pensamento reflexivo.


problemas Desenvolve o pensamento científico.

Compreensão do “todo” a ser estudado.


Unidades
Incentivo ao aluno e a criatividade, flexibilidade nas atividades.
didáticas
Permite organização do conteúdo aprendido.

Aplicação dos conceitos teóricos na prática.


Unidades de
Permite ao aluno uma análise crítica e a reconstrução da experiência
Experiências
social.

Desenvolve o gosto pelo estudo científico.


Pesquisa como
Leva o aluno a distinguir a pesquisa pura da aplicada.
atividade
Utiliza-se de diversas técnicas de coleta de dados.
discente
Utiliza-se do método científico.

Fonte: Texto “Metodologia de Ensino” do Colégio Estadual Wolff Klabin – Telêmaco Borba – Paraná. Organizado pela Prof.
Rosângela Menta Mello em 21/07/2007. Disponível em: http://estagiocewk.pbwiki.com/OTP Acesso: 17 nov. 2015
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Até o momento, temos duas ferramen- cia conta muito, mas tem de ser amadu-
tas nas mãos: sabemos o que é e para que recida. E sob esta perspectiva, surge nas
servem a didática e metodologia, inclu- últimas décadas uma tendência denomi-
sive temos algumas técnicas que podem nada genericamente de formação de pro-
ser usadas de acordo com cada contexto fessores reflexivos, fazendo um profun-
e situação. do exame da situação atual da docência
e indicando, bem como praticando, novos
Como podemos avançar para o saber/
caminhos, não mais separando de forma
fazer docente e a prática pedagógica efe-
drástica a formação inicial da continuada,
tiva e significativa?
tendo como referencial a prática docen-
Podemos relacionar o saber fazer do- te, ou seja, é colocar hoje em prática uma
cente com o professor prático-reflexivo, lição que sabemos de cor e Schön identi-
termo este idealizado por Donald Schön fica nos bons profissionais uma brilhante
(1997). combinação de ciência, técnica e arte. É
esta dinâmica que possibilita o professor
O professor reflexivo é aquele que pen-
agir em contextos instáveis como o da
sa no que faz, que é comprometido com
sala de aula. O processo é essencialmente
a profissão e se sente autônomo, capaz
metacognitivo, onde o professor dialoga
de tomar decisões e ter opiniões. Ele é,
com a realidade que lhe fala, em reflexão
sobretudo, uma pessoa que atende aos
permanente.
contextos em que trabalha, os interpreta
e adapta a própria atuação a eles e os con- Ao analisar a construção da prática pe-
textos educacionais são extremamente dagógica do professor, Lopes (2010) tam-
complexos e não há um igual ao outro, bém pondera que o trabalho docente é
podemos ser obrigado a, numa mesma mediado pela prática pedagógica que se
escola e até numa mesma turma, utilizar constrói e se reconstrói com novos conhe-
práticas diferentes de acordo com o gru- cimentos e novas experiências.
po. Portanto, se o professor não tiver ca-
Igualmente para Brito (2006, p. 51): “o
pacidade de analisar, vai se tornar um tec-
pensamento do professor, constrói-se,
nocrata.
pois, com base em suas experiências indi-
Como diz Magalhães (2008), os bons viduais e nas trocas e interações com seus
profissionais lançam mão de uma série pares”. É nesse sentido que os saberes
de estratégias não planejadas, cheias de docentes se incorporam à prática peda-
criatividade, para resolver problemas no gógica, proporcionando ao professor mais
dia a dia, então, nós temos aí uma associa- clareza e mais segurança para demandar,
ção complexa entre ciência, técnica e arte. não só o ensino, mas também suas traje-
tórias de desenvolvimento profissional.
Segundo a autora acima, é o que Do-
nald Schön defendeu: quem age em situ- No título da unidade falamos em didá-
ações instáveis e indeterminadas, como é tica, metodologia, saberes e fazeres do-
o caso de quem leciona, tem de ter muita centes como ponto de partida para uma
flexibilidade e um saber fazer inteligente, prática pedagógica significativa, mas até
uma mistura disso tudo, pois a experiên- o momento não relacionamos essa prática
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não é verdade? sobre o tema.

Na verdade, queremos fazer uma ana- b) Selecionar, organizar e elaborar o


logia com aprendizagem significativa. material educativo.
Grosso modo, aprendizagem quer dizer
c) Verificar se os significados comparti-
adquirir um novo conhecimento, mas este
lhados correspondem aos aceitos no con-
pode ser mecânico ou significativo.
texto da disciplina.
Novak (2000) explica que o conheci-
d) Reapresentar os significados de uma
mento, quando produto de aprendizagem
nova maneira, caso o aluno não tenha ain-
mecânica, por ter restrita a sua capaci-
da captado aqueles desejados.
dade de utilização em novas situações,
não garante autonomia intelectual para O aluno, por sua vez, tem a respon-
a ação do indivíduo. A aprendizagem sig- sabilidade de:
nificativa, ao contrário, favorece a cons-
trução de respostas para problemas nun-
a) Captar e negociar os novos significa-
dos.
ca vivenciados e leva tanto à capacitação
humana quanto ao compromisso e à res- b) Aprender significativamente.
ponsabilidade.
Então: prática significativa passar por
Lemos (2011, p. 29) nos explica que o uma receita que não existe de verdade...
significado de aprendizagem significati- mas experiência, inovação didática, qua-
va aponta para o papel do professor e do lificação profissional, reflexão, troca de
aluno no processo de ensino e de aprendi- saberes são elementos que você, profes-
zagem. Ou seja, se a aprendizagem signi- sor, deve estar atento ao longo de sua ca-
ficativa de um determinado corpus de co- minhada nesse processo de educação que
nhecimento instrumentaliza o indivíduo não se encerra no final de um ano letivo.
para intervir com autonomia na sua rea-
lidade, é essencial que o professor este-
ja comprometido com a aprendizagem do
aluno e este, por sua vez, com sua própria
aprendizagem (...). O bom ensino é aque-
le que, tendo sido organizado em função
das especificidades do conhecimento que
se deseja aprendido e do seu público alvo,
garantiu o compartilhamento de significa-
dos captados (GOWIN, 1981 apud LEMOS,
2011) e favoreceu a ocorrência de apren-
dizagem significativa por parte do aluno.

Neste processo, professor e aluno


têm responsabilidades distintas. O
primeiro deve:
a) Diagnosticar o que o aluno já sabe
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UNIDADE 2 – Prática Pedagógica – Da Teoria à
Prática
Vejam que resposta ampla, abrangente laria, de artes cênicas, por exemplo,
e didática dada por uma professora acerca cada área tem suas práticas pedagó-
de ‘prática pedagógica’: gicas e uma forma diferenciada de
abordar cada tema, de avaliar cada
são as ações que usamos para
habilidade ensinada e aprendida pe-
ensinar, desde como preparar uma
los alunos, pois cada área tem habi-
aula, com qual técnica de metodo-
lidades específicas, e gerais, comuns
logia usar, pode ser construtivismo,
a outras áreas.
ou técnica de transmissão cultural,
ou pode ser outras formas, nas quais
decidimos, quais habilidades, e quais
2.1 Conceitos e definições
competências, queremos que os alu- A prática pedagógica do professor bus-
nos desenvolvam, isso desde a esco- ca preparar o docente para a vida em socie-
lha dos temas a serem estudados, dade diante das diversas transformações
como será abordado o tema na sala, sociais, econômicas, políticas e culturais,
se usamos power-point, só giz e lou- fazendo com que estas mudanças acele-
sa, ou se trazemos modelos, de plás- radas que vivemos diariamente sejamos
tico pedagógicos, se usamos aulas sempre levados a adquirir competências
de laboratórios, seja de química, ou novas, pois é o meio em que vivemos e
de eletricidade, ou de informática, as relações que estabelecemos uns com
ou se plantamos uma horta de ver- os outros que criam a unidade básica de
dade, ou se usamos todos juntos, se nossas ações e transformações. Com isso,
usamos passeios a museus, empre- a prática pedagógica deve ser dinâmica, a
sas, a zoológicos, parques, jardins fim de preparar os alunos, agentes ativos
botânicos, para estudar os seres vi- e formativos, para ampla realidade social
vos, por exemplo, ou o museu de lín- que os cerca (SOUSA; SOUZA, 2012).
gua portuguesa, se usamos provas Para Gimeno Sacristan (1999), é a ação
escritas, ou chamada oral, ou provas do professor no espaço de sala de aula, ou
práticas, ou trabalhos escritos, ou seja, a prática pedagógica vai acontecer
jogral, ou peças teatrais encenadas, efetivamente quando o professor assumir
para trabalhar os conceitos, e para a função de guia reflexivo, isto é, quando
avaliar os conhecimentos aprendi- ele passa a iluminar as ações em sala de
dos dos alunos, essas são algumas aula e a interferir significativamente na
formas de práticas pedagógicas, construção do conhecimento do aluno.
existem várias outras, citei as mais
conhecidas, usuais. Mas tem mais Ao realizar essa tarefa, o professor pro-
coisas para dizer, tem outras práti- porciona reflexões sobre a prática peda-
cas, específicas, para cada área, de gógica, pois, parte-se do pressuposto de
medicina, enfermagem, de adminis- que ao assumir a atitude problematizado-
tração, de desenho, música, de hote- ra da prática, modifica-se e é modificado,
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gerando uma cultura objetiva da prática la – suas experiências e formação e, tam-


educativa (TOZETTO; GOMES, 2009). bém, suas ações segundo o posto profis-
sional que ocupam;
A prática educativa é o produto final a
partir do qual os profissionais adquirem o ao discente – sua idade, corporeida-
conhecimento prático que eles poderão de e sua condição sociocultural;
aperfeiçoar (GIMENO SACRISTAN, 1999, p.
ao currículo;
73).
ao projeto político-pedagógico da
Na perspectiva da escola enquanto
escola;
instituição social, a prática pedagógica é
uma prática social específica, de caráter ao espaço escolar – suas condições
histórico e cultural que vai além da prática materiais e organização;
docente, relacionando as atividades didá-
à comunidade em que a escola se in-
ticas dentro da sala de aula, abrangendo
sere e às condições locais.
os diferentes aspectos do projeto peda-
gógico da escola e as relações desta com Machado (2005) cita que os compor-
a comunidade e a sociedade (SILVA; RA- tamentalistas entendem a prática peda-
MOS, 2006). gógica como a atividade exclusivamente
observável e que gere uma atividade con-
Caetano (1997) afirma que, a prática
creta, cujos resultados possam ser regis-
compreende um campo de ambivalências
trados, comprovados. Os cognitivistas
e conflitos, no qual cada profissional se
entendem a prática pedagógica como a
confronta consigo mesmo, com os alunos,
atividade que desenvolva o raciocínio do
com os colegas, com a comunidade esco-
educando e que o leve a resolver proble-
lar, com as normas institucionais (escolas
mas. Os humanistas validam todo o pro-
e sistemas).
cesso de ensino-aprendizagem, priorizan-
Caldeira e Zaidan (2010, p. 21) ressal- do as relações humanas.
tam que a Prática Pedagógica é entendida
Ao se questionar qual fundamentação
como uma prática social complexa, acon-
deveria ser prioridade para a prática pe-
tece em diferentes espaço/tempos da es-
dagógica, a autora explica que, se forem
cola, no cotidiano de professores e alunos
combinadas, todas têm espaço e impor-
nela envolvidos e, de modo especial, na
tância, relembrando que é preciso saber
sala de aula, mediada pela interação pro-
de antemão se esse foco estaria na ativi-
fessor-aluno-conhecimento. Nela estão
dade do professor, do aluno ou da qualida-
imbricados, simultaneamente, elementos
de da atividade propriamente dita.
particulares e gerais. Os aspectos particu-
lares dizem respeito: Apesar de concordarmos que da prática
pedagógica fazem parte conhecimento,
ao docente – sua experiência, sua
professor e estudante, ela vai além, como
corporeidade, sua formação, condições de
vimos demonstrando, ela é um processo
trabalho e escolhas profissionais;
social que envolve alguns princípios da
aos demais profissionais da esco- dialética enumerados por Gadotti (2010).
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São eles: Podemos falar que a prática pedagó-


gica é política e bancária. Vejamos o en-
“totalidade”, na qual o todo e as par-
tendimento e as justificativas propostas
tes se relacionam;
por alguns autores como Brandão (2003)
“movimento”, que considera a dina- e Souza (2005), esta última, a qual en-
micidade dos processos; tende que tanto as relações econômicas
e sociais interferem na prática pedagó-
“mudança qualitativa”, que possibili-
gica quanto esta, igualmente, possibilita
ta observar os movimentos do micro para
mudanças de rumo nas mesmas relações
o macro, e vice-versa; e,
econômica-sociais, desde que educador
“contradição”, capaz de captar ao e educando estejam plenamente envolvi-
mesmo tempo unidade e luta de opostos. dos no processo de aprendizagem.

Em última análise, podemos afirmar Como diz Brandão (2003, p. 7), ninguém
que a prática pedagógica é influenciada escapa da educação. Em casa, na rua, na
pelos aspectos conjunturais e estrutu- igreja, ou na escola, de um modo ou de
rais da sociedade brasileira. A conjuntura muitos, todos nós envolvemos pedaços da
pode ser visualizada nos aspectos da ges- vida com ela: para aprender, para ensinar,
tão educacional, do desenvolvimento das para aprender-e-ensinar. Para saber, para
propostas curriculares, dos programas so- fazer, para ser ou para conviver, todos os
ciais – a exemplo do Bolsa Escola –, políti- dias misturamos a vida com a educação (...)
cas de cotas, entre outros. A estrutura é A educação existe onde não há a escola e
marcada pelas relações sociais de classe, por toda parte podem haver redes e es-
de desigualdades e de concentração de truturas sociais de transferência de saber
renda, além das dimensões da dominação de uma geração a outra, onde ainda não
do campo da política internacional e dos foi sequer criada a sombra de algum mo-
processos decisórios que geram impactos delo de ensino formal e centralizado. Por-
na esfera escolar (SOUZA, 2005). que a educação aprende com o homem a
continuar o trabalho da vida (2003, p. 13).
2.2 Particularidades da prá- Souza (2005) cita os movimentos so-
tica pedagógica: ser política ciais de trabalhadores, os quais produzem
uma prática pedagógica, que é social, ten-
e bancária do como conteúdos centrais a política, a
De uma maneira geral, uma prática pe- estratégia de negociação, a organização,
dagógica é uma ação que está envolvida a definição de objetivos, a articulação
em um processo social. Sim, ela envolve com outras organizações sociais, desen-
uma dimensão educativa, mas nem sem- volvendo teias ou redes de informação
pre na esfera ou num ambiente escolar. e ação política. Como diz Giroux (1997, p.
Ao contrário, por ser uma prática social, 163):
ela perpassa os muros da escola e parti-
cipa da dinâmica das relações sociais que Essencial para a categoria de in-
produzem aprendizagens, que por sua telectual transformadora é a neces-
vez, produzem o “educativo”. sidade de tornar o pedagógico mais
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político e o político mais pedagógi- posta de educação libertadora, voltada


co. Tornar o pedagógico mais polí- para a transformação social e, portanto,
tico significa inserir a escolarização centralizada no sujeito histórico que pro-
diretamente na esfera da política, duz, apropria e vive a educação, localizado
argumentando-se que as escolas numa determinada situação no mundo.
representam tanto um esforço para
“Educação bancária” ainda vem sendo
definir-se o significado quanto uma
usada de maneira aleatória/eventual por
luta em torno das relações de poder
alguns educadores. Ela não é dialógica,
[...] Tornar o político mais pedagógico
não é também democrática e muito me-
significa utilizar formas de pedago-
nos condiz com nossa realidade do século
gia que incorporem interesses políti-
XXI, afinal de contas, não basta mais a re-
cos que tenham natureza emancipa-
lação: educador ensina, educando apren-
dora [...].
de, ao contrário: mediar, motivar, propor
A prática pedagógica expressa ainda as discussões, estar aberto são as ações que
atividades rotineiras que são desenvol- se fazem necessárias para que tanto edu-
vidas no cenário escolar. Podem ser ati- cadores quanto educandos encontrem
vidades planejadas com o intuito de pos- seu lugar no mundo.
sibilitar a transformação ou podem ser
A verdade é que as mudanças sociais e
atividades bancárias, tendo a dimensão
culturais pelas quais vimos passando tem
do depósito de conteúdo como caracte-
as contribuições das novas tecnologias de
rística central.
informação e comunicação.
Em se tratando de uma atividade ban-
A possibilidade da circulação da infor-
cária, termo lançado por Paulo Freire, o
mação em tempo real é um avanço, ain-
qual ainda lhe faz inúmeras críticas, por
da que a maioria da população brasileira
definição seria aquela atitude autoritária
não tenha acesso à Internet. Os terminais
e opressiva sobre alunos que se encon-
bancários foram informatizados, fazendo
trariam passivos e apenas receptivos dos
emergir novas facetas educacionais. To-
conteúdos e informações que o professor
das as pessoas estão codificadas, seja via
neles depositaria. Este modelo tende a
carteira de identidade, seja via cartão de
apresentar o professor como alguém que
crédito, dentre inúmeras senhas que vão
exerce um papel arbitrário sobre o grupo
sendo acopladas aos processos de iden-
de alunos, os quais estão inteiramente
tificação social, com fins mercadológicos
inertes. Dessa forma, a prática de se en-
e financeiros. Também, o fortalecimento
sinar conteúdos e informar os alunos para
das temáticas identitárias e aquelas rela-
que a aprendizagem seja realizada vem
cionadas ao direito à diferença conquista-
sendo entendida como uma atitude tirâ-
ram espaço na sociedade, via articulação
nica e opressora que deve ser banida das
dos movimentos e organizações sociais. A
escolas (LINS, 2011).
violência é outro tema presente no campo
Paulo Freire (1987) expressou inú- social e cultural. Por um lado, há a divulga-
meras críticas à educação que denomina ção da violência como uma característica
bancária, assim como elaborou uma pro- cotidiana e rotineira na sociedade brasi-
14

leira. Por outro lado, as reflexões sobre as do domínio da estrutura epistemológica


penalidades e as medidas que deveriam da disciplina, faz-se necessário o domínio
ser tomadas ganham os bancos escolares, das técnicas didáticas de base expositiva
os movimentos sociais, evidenciando as dos conteúdos organizados para um alu-
mazelas de uma sociedade com concen- no modelo (ideal) e a avaliação exige mera
tração de renda expressiva e excessiva repetição do conteúdo que geralmente é
(SOUZA, 2005, p. 2). cobrado do aluno apenas a memorização.

Na direção da educação bancária, que b) No enfoque técnico da prática do-


não alongaremos as discussões agora, cente, a relevância reside na instrumenta-
basta lembrarmos como foram positivas lização do professor, na técnica aplicada.
as contribuições de Paulo Freire para o A atividade do professor exige conheci-
campo da educação de jovens e adultos. mentos da ciência básica ou da disciplina
ensinada, conhecimento das técnicas que
Não ser reprodutora de uma sociedade
possibilitam definir os procedimentos
injusta para com grupos minoritários e ir
específicos de diagnósticos e solução de
além, ser transformadora, levando todos a
problemas do ensino-aprendizagem.
serem justos para com o outro, trabalhan-
do para que todos os cidadãos tenham os c) No enfoque prático, a ênfase cen-
mesmos direitos, seria muita utopia? tra-se no desenvolvimento de competên-
cias técnicas e atitudes que se apropriam
Deixamos para vocês essa reflexão e
do conhecimento básico e aplicado. Cabe
essa possível resposta.
ao professor com o desenvolvimento
de tais competências intervir na prática
2.3 Concepções de prática orientado pela especialização.
pedagógica – conhecer para d) O enfoque crítico-reflexivo busca-
criticar e aplicar -se na reflexão, tomadas de decisão ou
Em trabalho reflexivo sobre a prática confronto entre ideias conceitos e con-
pedagógica centrada na perspectiva in- cepções, afim de reconstruir as ações,
terdisciplinar, enfocando as contribuições oportunizando ao professor desenvol-
no processo ensino-aprendizagem, Silva ver-se como profissional, a partir da cons-
e Ramos (2006) falam que as concepções ciência dos seus saberes, habilidades,
de educação traduzidas em tendências, atitudes e afetos, consolidando valores,
estão subjacentes nas práticas dos pro- princípios e interesses na construção do
fessores, no processo ensino-aprendiza- conhecimento, considerando uma deman-
gem adotado, caracterizando-se sob os da plural imposta pelo contexto sociopolí-
enfoques tradicional, técnico, prático e tico e econômico.
crítico/reflexivo. A partir desses conceitos acima abor-
a) O enfoque tradicional centra-se no dados que norteiam a prática pedagógica,
ensino enciclopédico, nele o professor é convém lembrar o que ressalta Pérez Gó-
um transmissor de conhecimentos e da mez (1995), quando afirma que a forma-
cultura acumulada pela humanidade, além ção do professor vai além da metodologia
15

e construção de conhecimento. Ele preci- percebe-se que eles se afastam das abor-
sa assumir uma postura dinâmica e refle- dagens que identificam o ensino como
xiva, para responder às novas exigências uma ciência, uma técnica uma atividade
de mudanças de caráter subjetivo e obje- profissional de fundamentos na raciona-
tivo na ressignificação da sua identidade lidade exclusivamente epistemológica.
profissional. Portanto, eles argumentam em favor de
uma racionalidade concreta, que permite
A prática docente, nesta perspectiva,
ser alimentada por saberes contingentes,
engloba todas as práticas que defendem
mutáveis e cheios de lacunas oriundas da
um ensino e aprendizagem como ativi-
vivência, da experiência e da vida.
dade crítica, histórica, reflexiva em que
pressupõe do professor uma emancipa- Neste sentido, os professores precisam
ção, autonomia de análise execução de ampliar seu mundo de ação e de reflexão,
suas ações e exige que ultrapassando os limites da sala de aula,
transcendendo para um espaço de análise
O professor adquira uma baga-
do sentido político, cultural e econômico,
gem cultural explicitamente política
cujo contexto, a escola, se insere. A par-
e social; o desenvolvimento de capa-
tir dessa tomada de consciência, surge a
cidades de reflexão crítica capaz de
necessidade de aspiração à emancipação
perceber os processos de exclusão,
que se interpreta como a construção das
ainda que ocultos sob a ideologia do-
conexões entre a realização da prática
minante, e o desenvolvimento de ati-
profissional e o contexto social amplo em
tudes que promovam o comprometi-
transformação (SILVA; RAMOS, 2006).
mento do professor (ROMANOWSKI;
SANTOS, 2003).

Nessa ótica, compreende-se que a prá-


tica pedagógica do professor perpassa
pela construção de sua identidade, res-
peitando as dimensões ético-políticas do
processo ensino-aprendizagem, os valo-
res que regem a intencionalidade educati-
va, uma escola democrática, a construção
do currículo com participação docente in-
telectual, criativa, crítica, dinâmica e inte-
gradora.

A partir dessa premissa, o professor


precisa ser capaz de distinguir e julgar si-
tuações humanas, complexas, incertezas
e singulares, reconstruindo as estruturas
do pensamento em situações de aula.

Refletindo sobre essa prática pedagó-


gica na perspectiva desses pensadores,
16
UNIDADE 3 – A Prática Pedagógica no Cotidia-
no da Escola – O Currículo rm Ação
Das explanações que fizemos até o mo- saberes são construídos na prática
mento, esperamos que esteja claro que comunitária. Esta afirmativa per-
a prática pedagógica do professor busca meia o desafio de pensar a forma-
preparar o docente para a vida em socie- ção docente e o professor como um
dade diante das diversas transformações intelectual transformador, capaz de
sociais, econômicas, políticas e culturais, repensar e reestruturar a ação do-
fazendo com que nestas mudanças acele- cente, pois, na prática pedagógica,
radas que vivemos diariamente, sejamos diferentes saberes são utilizados:
sempre levados a adquirir competências multifacetados, plurais e heterogê-
novas, pois é o meio em que vivemos e as neos.
relações que estabelecemos uns como os
Evidente que não dá para “elaborar” um
outros que criam a unidade básica de nos-
plano de aula para cada aluno, mas sendo
sas ações e transformações. Com isso, a
o planejamento flexível, o professor tem
prática pedagógica deve ser dinâmica, a
possibilidade de fazer as adaptações ne-
fim de preparar os alunos, agentes ativos
cessárias, de parar, voltar, tomar um cami-
e formativos, para ampla realidade social
nho diferente quando necessário.
que os cerca (SOUSA; SOUZA, 2012).
Eis que podemos citar algumas compe-
Dentre as variáveis que estão impli-
tências dos professores, que, por conse-
cadas na prática pedagógica, Caldeira e
guinte, irão estimular o desenvolvimento
Zaidan (2010) citam sua experiência, sua
de competências nos seus alunos.
corporeidade, sua formação, condições de
trabalho e escolhas profissionais, além de Organizar e dirigir situações de apren-
outras que falamos ao longo das unidades dizagem.
anteriores. Esses aspectos são apenas al-
Ser muito bom na seleção dos conte-
guns exemplos de elementos que influen-
údos a serem ensinados, elegendo-os de
ciam as ações docentes nas salas de aula
acordo com os objetivos da aprendizagem.
e as relações que estabelecem com os de-
mais atores do sistema escolar. Trabalhar a partir das representações
dos alunos.
Claro que o respeito aos saberes dos
alunos deve ser observado sempre, tanto Trabalhar a partir dos erros e dos obs-
que Freire (2002, p .33) reforça que táculos da aprendizagem.
ensinar exige respeito aos sa- Construir e planejar dispositivos e se-
beres dos educandos. Para ele, o quências didáticas e envolver os alunos
professor, e, especificamente as es- em atividades de pesquisa, em projetos
colas, têm o dever de respeitar os sa- de conhecimento (ANTUNES, 2001, p. 37-
beres com que os educandos, sobre- 41).
tudo das classes populares, chegam
ao ambiente escolar, visto que esses
17

3.1 Planejamento o professor deve enumerar os objetivos


que tem em vista, selecionando-os con-
Não podemos nos furtar a falar do pla-
forme prioridade e viabilidade de execu-
nejamento que tem vários elementos bá-
ção. Esta primeira etapa permite ao do-
sicos envolvidos.
cente prever os resultados que pretende
Planejar quer dizer estabelecer priori- alcançar.
dades necessárias quando temos um pro-
Para que o planejamento seja eficiente,
pósito, já definido, a realizar.
o professor deve conhecer seus alunos,
Também podemos definir como um pro- afinal de contas, ele é o centro do proces-
cesso que objetiva bem distribuir no tem- so educativo. Mais uma vez reforçamos:
po e no espaço os recursos disponíveis,
estejam atentos para a população-
dentro de uma sequência lógica de neces-
-alvo e para o contexto sócio-econômico-
sidades, a fim de possibilitar a elaboração
-cultural deles;
de meios para alcançar o desígnio.
respeite os limites impostos pela re-
Planejamento é a seleção e identifica-
alidade;
ção dos objetivos globais, de longo prazo,
de uma organização, dos vários cursos de atentem para os interesses, motiva-
ações possíveis em termos de custo e efe- ções e igualmente para o estágio do co-
tividade ou benefícios relativos, de modo nhecimento em que se encontram.
a facilitar aos executores a decisão dos
cursos em ação a serem adotados para
São elementos básicos do planeja-
atingir os referidos objetivos.
mento:

Apesar de termos três modalidades bá-


a) Aluno que deve ser percebido como
um sujeito concreto no tempo e espaço,
sicas de planejamento: o plano da escola, o
síntese de múltiplas determinações um
plano de ensino e o plano de aulas, vamos
sujeito real, com o qual a escola necessita
centrar nossos esforços no último, que é
trabalhar da melhor maneira possível.
a forma predominante de organizar o pro-
cesso de ensino. É na aula que o professor b) Professor deve ser percebido, ape-
organiza ou cria situações docentes, isto sar de todas as dificuldades da situação
é, as condições e meios necessários para atual do ensino, como profissional res-
que os alunos assimilem ativamente co- ponsável pela educação escolar autorida-
nhecimentos, habilidades e desenvolvem de competente, profissional responsável
suas capacidades cognoscitivas (LIBÂ- pelo ensino-aprendizagem através da me-
NEO, 1994, p. 241). diação entre o educando e os conteúdos
de ensino contextualizado politicamente
Em outras palavras, o planejamento
com a realidade.
didático parte do currículo para os pro-
gramas, deste para os planos de curso, de c) Os objetivos devem refletir os pon-
curso para a unidade, e deste para o plano tos de chegada da educação escolar, sen-
de aula. do definidos a partir das necessidades dos
educandos e dos compromissos políticos
Ao elaborar seu planejamento didático,
18

do grupo de educadores, a definição dos cativa em relação à avaliação.


objetivos deve resultar da reflexão dos
Um processo de ensino competente –
educadores em torno da realidade em que
bem preparado e desenvolvido – reduz,
estão inseridos, pois propiciam o surgi-
sensivelmente, os tradicionais problemas
mento dos reais objetivos com os quais o
de avaliação do aluno. É preciso, pois, que
grupo de educadores deseja se compro-
se recuperem instrumentos e técnicas
meter.
de avaliação mais desafiantes e eficien-
d) Os conteúdos são conhecimentos tes que funcionem como apoio para uma
produzidos e acumulados historicamen- aprendizagem que efetivamente instru-
te pela humanidade, que devem ser de- mentalize o cidadão para a prática social.
mocratizados através da educação esco-
g) A relação professor-aluno, ou seja,
lar, de forma organizada e coerente. São
relação profissional entre o educador e o
meios utilizados pelos educadores para a
educando, em que o primeiro atua como
instrumentalização do cidadão-educan-
mediador entre o aluno e os conteúdos
do, para o enfrentamento do mundo, atra-
do ensino, também é elemento primordial
vés de:
no processo de planejamento. A relação
- SABER PARA SI – a propriação dos humana deve ser respeitosa, saudável,
saberes para instrumentalizá-lo para amigável, cordial e clara entre ambos,
uma prática social objetiva; desviando do autoritarismo, para assumir
um caráter de autoridade competente (LI-
- SABER FAZER – tradução do saber
BÂNEO, 1994).
apreendido, pela prática profissional
crítica;
3.2 Prática pedagógica – o
- SABER PARA SER – articulação dinâ-
mica daquilo que o sujeito “sabe para
currículo em ação
si” e o “saber fazer” em posições, ati- Não há dúvidas que a prática pedagó-
tudes, diante das contradições do gica é a dimensão em que o currículo se
mundo – cidadania plena. expressa e ninguém mais estudioso do
assunto do que Gimeno Sacristan (2000,
e) A metodologia é o processo pelo p. 201) para nos falar a respeito:
qual o educador utiliza diferentes proce-
dimentos, técnicas e recursos para a me- é na prática que todo projeto, toda
diação entre o educando e os conteúdos ideia, toda intenção se faz realidade
de ensino. de uma forma ou outra; manifesta-
-se, adquire significação e valor, in-
f) A avaliação é muito importante, e dependentemente de declarações e
na medida que não se torne um fim em si propósitos de partida.
mesmo, trata-se de um recurso que deve
ser utilizado e colocado a favor da apren- E, desse modo, o currículo é a ponte en-
dizagem do aluno, e não como instrumen- tre teoria e ação, concretizado por meio
to de opressão e punição. É preciso que a do ensino que se realiza em resposta a
escola desenvolva uma atitude mais edu- uma necessidade que é a de pensar, pla-
nejar, organizar ações que levem o aluno
19

a aprender.

Nesse sentido, Veiga (2006) também


coloca que ensinar é trabalho laborioso
que envolve elementos articulados sobre
os quais já vimos citando ao longo do mó-
dulo: o professor, o aluno e o conhecimen-
to.

Voltando à questão do currículo em


ação, lembremos que ele é diferente do
currículo formal e do currículo oculto, pois
ele é aquilo que efetivamente aconte-
ce nas salas de aula e nas escolas e falar
dele é, portanto, sair da ideia de que uma
proposta curricular só pode ser entendida
com uma relação de conteúdos progra-
máticos padronizados com a finalidade de
atender a um saber sistematizado univer-
sal.

Esse currículo sofre influências da pós-


-modernidade, de valores, lutas e postu-
ras um tanto que avançadas para alguns
dos educadores, mas que estão aí, são
questões contemporâneas, não podemos
fugir delas, portanto, a hora é de reno-
var, de reorganizar a escola e fazer valer
as histórias não-contadas pelos livros, é
aceitar as diferenças e dialogar com elas,
é comprometer-se com atitudes solidárias
e democráticas, necessárias a um mundo
mais justo e mais humano.

E eis que podemos partir para a prática


numa perspectiva interdisciplinar, última
parada nessa viagem sem fim, antes de
propormos práticas em vários dos possí-
veis campos de atuação.
20
UNIDADE 4 – A Prática Pedagógica numa
Perspectiva Interdisciplinar
Apesar de em outro momento do cur- abordagens metodológicas estipulem co-
so já termos falado sobre as várias face- nexões entre os temas abordados. Em re-
tas do currículo, acreditamos que reforçar sumo, a interação entre as disciplinas não
essas dimensões ajudarão a contribuir no é relevante (KRAUSZ, 2011).
momento de escolher as técnicas, os mé-
b) Interdisciplinaridade – consiste na
todos, enfim, o percurso que irão seguir
síntese dialética das disciplinas, instau-
para que proporcionem uma aprendiza-
rando um novo nível de linguagem, uma
gem efetiva e significativa e mais, que,
nova forma de pensar e agir, caracteriza-
como já dito, proporcionem ao aluno a ca-
dos por relações, articulações e mobiliza-
pacidade de conviver em uma sociedade
ções de conceitos e metodologias. Dois
que está em constantes mudanças.
ou mais campos do saber estão reunidos
Eles precisam tornar-se construtores e voltados para a análise e verificação do
de seu conhecimento, sujeitos ativos do mesmo objeto de estudo. Os professores
processo no qual a sensibilidade e razão fazem um planejamento conjunto com
sejam seus companheiros de viagem, pre- objetivo de propor discussões que levem
cisam dominar formas de raciocínio não os alunos a estabelecer relações entre o
mais lineares como antigamente enfim, que estão pesquisando nas diversas dis-
necessitam desenvolver comportamen- ciplinas em relação a um tema em ques-
tos e aprendizagem diferentes da lógica tão. No trabalho interdisciplinar, uma
racional (SILVA; RAMOS, 2006). área enriquece o conhecimento sobre a
outra e o resultado é a construção de um
Não vamos nos alongar, mas vamos aos
saber mais complexo e menos fragmen-
conceitos ou às formas possíveis de arti-
tado, que buscará trazer mais nexos para
cular diversas disciplinas!
o estudante, visto que será pesquisado e
discutido sob diferentes pontos de vista
4.1 Termos básicos (KRAUSZ, 2011).
a) Pluri ou multidisciplinaridade –
enfoca a proximidade, a justaposição de c) Transdisciplinaridade – refere-se
várias disciplinas sem a tentativa de sín- a axionomia convergente, busca de valo-
tese. Pressupõe que várias disciplinas res comuns, é o reconhecimento da inter-
podem ser reunidas; porém, essa reunião dependência das áreas de conhecimento.
não implica nem que elas tenham o mes- O prefixo trans quer dizer aquilo que
mo objeto de estudo e tampouco que par- está entre, através e além. Nesse sentido,
tilhem qualquer tipo de relação sobre esse um ensino transdisciplinar não se restrin-
objeto. Isto é, na escola, os alunos podem ge nem à simples reunião das disciplinas
estudar a China em geografia, os espor- nem à possibilidade de haver diálogo en-
tes olímpicos em educação física, o comu- tre duas ou mais disciplinas porque ultra-
nismo em história, sem que as disciplinas passa sua dimensão. Faz com que o tema
tenham um planejamento conjunto ou as pesquisado passe pelas disciplinas, porém
21

sem ter como objetivo final o conheci- de que ele possa contemplar diferentes
mento específico dessa mesma disciplina dimensões consideradas estratégicas
ou a preocupação de delimitar o que é o para o saber fazer interdisciplinar.
seu objeto ou o que é de outra área inter-
Silva e Ramos (2006) citando Fazenda
-relacionada. A transdisciplinaridade se
(2001), ressaltam a importância do pla-
preocupa com a interação contínua e inin-
nejamento da atividade interdisciplinar,
terrupta de todas as disciplinas num mo-
o qual envolve a tríade: necessidade, in-
mento e lugar (KRAUSZ, 2011).
tenção e cooperação de modo, que o mo-
Entretanto, trabalhar com atividades vimento gerado tenha como propósito, a
integradas não é um modismo, mas o en- construção da cidadania e exercício da au-
contro com as adversidades, que exigem tonomia pessoal.
uma nova compreensão da concepção de
A necessidade diz respeito ao contex-
interdisciplinaridade.
to da escola e envolve múltiplos aspectos
Segundo Fazenda (2001), a inter- e diferentes dimensões da vida social. A
disciplinaridade se expressa em: intenção gesta do projeto pedagógico da
escola, da projeção e planejamento das
uma atitude interdisciplinar – é
atividades que possibilitem a constru-
compreensão e vivência do movimen-
ção do conhecimento, e se manifesta na
to dialético, é rever o velho para torná-
atitude, no refazer, rever, reconstruir em
-lo novo e admitir que há sempre algo de
vista de sua característica formadora e
velho no novo, velho e novo são faces da
científica. A cooperação se dá a partir da
mesma moeda;
intenção por confrontar posicionamen-
parceria – pressupõe um diálogo en- tos, interrogações da realidade, veicular
tre diferentes atores e formas de conhe- concepções de valores e, principalmente,
cimento, trata-se de uma consolidação transpor os diferentes campos do conhe-
da intersubjetividade, um pensar que se cimento.
completa no outro;
A prática interdisciplinar constitui-se
na totalidade do conhecimento – de um trabalho coletivo e solidário que
consiste em respeitar as especificidade, exige a descentralização do poder e uma
na forma de pensar com intencionalidade, efetiva autonomia do sujeito, seu exercí-
numa ação conjunta, baseada nos aspec- cio envolve competências docentes, tais
tos teórico-metodológicos que embasam como:
o fazer pedagógico.
perceber-se interdisciplinar;

4.2 Dimensões estratégicas contextualizar os conteúdos;

para acontecer a interdisci- valorizar o trabalho em parceria;


desenvolver atitude de pesquisa;
plinaridade
Para acontecer a interdisciplinaridade, valorizar e dinamizar a comunicação;
é preciso instrumentalizar o professor resgatar o sentido de humano; e,
através de vivências práticas, no sentido
22

trabalhar com a pedagogia de proje-


tos.

A partir do delineamento dessas com-


petências, define-se o eixo integrador
que deve articular as várias disciplinas,
tendo em vista a aprendizagem signifi-
cativa para o aluno. A realização da ativi-
dade planejada inclui: textos, seminários,
visitas, entrevistas, estudo de caso, opor-
tunizando ao aluno a problematização da
realidade, construção de conhecimento
e desenvolvimento de habilidades para
intervenção da mesma. Na etapa final,
apresenta-se os resultado em forma de
produções escritas, seminários, simpó-
sios, painéis e exposições (SILVA; RAMOS,
2006).

Que tal a partir desse momento, ver-


mos algumas ideias, algumas sugestões
de como trabalhar na prática? E fiquem à
vontade para acrescentar, modificar os
planos exemplificativos. A aula é de vo-
cês, levem alegria e conhecimento aos
seus alunos, mantenha-os motivados
para a vida!
23
UNIDADE 5 – Usando as Tecnologias da
Informação e Comunicação
Evolução e revolução são dois proces- dade de adaptação para sobrevivência.
sos bem conhecidos de nós seres huma-
Evidentemente, que nem sempre evo-
nos, não é verdade?! E na medida em que
lução pode ser vista como sinônimo de
os anos vão caminhando nos surpreen-
progresso, já que uma mesma caracterís-
demos cada vez mais com nossa própria
tica que garante o sucesso, em um deter-
capacidade de criação, inovação, adapta-
minado momento, pode não ser tão favo-
ção...
rável em outro momento. Quanto a isso,
Do século XX em que a maioria de nós por exemplo, acredita-se que a anemia
nasceu para esses poucos 15 primeiros falciforme surgiu na África, há milhões de
anos do século XXI, a velocidade com que anos atrás. Como indivíduos com a doença
inovamos tecnologicamente também é falciforme eram mais resistentes à malá-
evento que ainda nos espanta. E nesse ria; por seleção natural, aqueles com suas
campo, parece que quanto mais jovem se hemácias normais tinham mais chances
é, mais se têm desejos e ímpetos de re- de não resistir à parasitose.
novar, criar, desafiar e inovar que muitas
Tomando agora como exemplo a Língua
vezes nós professores nos sentimos ver-
Portuguesa, nascida na Península Ibérica,
dadeiros sujeitos pré-históricos, essa é a
mas que tem raízes pré-românicas, prove-
verdade. Por isso, precisamos estar sem-
nientes de povos indo-europeus, a evolu-
pre ‘antenados’ para que não sejamos um
ção também deixou suas marcas.
‘peso morto’ em sala de aula, aquele que
não ‘sabe nada’ ou ‘pouco sabe’ em termos Chamada língua neolatina, a Língua
de tecnologia. Portuguesa é formada da mistura de mui-
to latim vulgar com influências árabes e
Gravar as aulas, fotografar as lousas,
que ainda esteve altamente conectada ao
são situações que pouco tempo atrás não
galego, tudo inicialmente assimilado pelo
cogitávamos e hoje está realmente difí-
português arcaico, entre outros, mesmo
cil frear essa comodidade oferecida por
assim uma língua própria e independente.
celulares, smartphones, tablets. Além, é
claro, da necessidade de pensarmos ‘duas Vocábulos franceses, ingleses, espa-
vezes’ antes de expormos nossos pensa- nhóis, sufixos, radicais, nossa língua abar-
mentos em sala de aula, porque qualquer cou uma gama de outras propriedades
deslize, qualquer opinião pode virar um que merecem estudo aprofundado.
‘caso de polícia’ e até mesmo ‘viralizar na
Infelizmente, pouca atenção nossos
rede’.
jovens dão a essa língua tão bela que nos
Se pensarmos nas ciências biológicas, oferece um leque de estudos e usos, haja
evolução é o processo através do qual vista a linguagem usada nas redes sociais,
ocorrem mudanças ou transformações onde esquecemos, ‘comemos’, a usamos
nos seres vivos ao longo do tempo, dando sem o devido respeito.
origem a espécies novas. É ainda a capaci-
24

O que queremos mostrar é que a evolu- tido da seleção e utilização mais adequa-
ção é um processo que acontece para as da dessas novas tecnologias (ANDRADE,
pessoas, para as línguas, para as diversas 2011).
áreas das ciências e que conhecer esse
caminho é importante para entendermos 5.1 As múltiplas tecnologias
o estágio atual, o que perdemos, o que Por definição, tecnologia é um produto
ganhamos, enfim, fazer um balanço para da ciência e da engenharia que envolve
que nos mantenhamos equilibrados. um conjunto de instrumentos, métodos e
Com certeza vocês devem estar se per- técnicas que visam à resolução de proble-
guntando: o que tudo isso tem a ver com mas.
as TICs? Segundo Cortelazzo (2002) e Hamze
Simples: muito dificilmente consegui- (2015) podemos falar em tecnologias de
mos caminhar hoje em dia sem fazer uso informação, tecnologias de comunicação,
delas, das diversas tecnologias da infor- tecnologias interativas, tecnologias cola-
mação e da comunicação. Claro que a im- borativas.
provisação e a criatividade são ações/es- a) As tecnologias de informação são
tratégias que devemos ter em mãos para as formas de gerar, armazenar, veicular e
situações eventuais e para enriquecimen- reproduzir a informação.
to, mas o mundo pede tecnologia.
b) As tecnologias de comunicação são
Pedimos desculpas, mas a despeito de as formas de difundir informação, incluin-
sabermos que nem todos os municípios do as mídias mais tradicionais, da televi-
e escolas do país estejam conectados, são, do vídeo, das redes de computado-
não vamos entrar nesse viés da questão res, de livros, de revistas, do rádio, entre
que, além de político, podemos dizer que outras. Com a associação da informação
é também questão de consciência, indife- e da comunicação há novos ambientes de
rença e descaso de alguns governantes. aprendizagens, novos ambientes de inte-
Importa é que as tecnologias como a ração.
Internet e o computador são meios de co- c) A Tecnologia Interativa é a elabo-
municação, informação e expressão, e os ração concomitante por parte do emissor
educadores devem considerá-los como (quem emite a mensagem) e do receptor
mecanismos para esses três meios, inclu- (quem recebe a mensagem), codificando
sive como uma forma de expressão entre e decodificando os conteúdos, conforme
eles e os alunos. O uso das tecnologias a sua cultura e a realidade onde vivem. As
é iminente, e estão transformando as tecnologias interativas se dão através da
relações humanas em todas as suas di- televisão a cabo, vídeo interativo, progra-
mensões: econômicas, sociais e no âmbi- ma multimídia e Internet.
to educacional não têm sido diferente. A
apropriação desses meios de comunica- d) As tecnologias colaborativas fa-
ção para a construção do conhecimento cilitam as interações entre pessoas e o
vem mobilizando os educadores no sen- mundo, permitem um trabalho em equipe
satisfatório e, com as diferentes lingua-
25

gens, proporcionam tipos diferentes de ro americana, as WebGincanas colocam


aprendizagens. desafios de busca de informações e da-
dos na Internet, propondo um conjunto
Não há como fugir das tecnologias, ela
de questões cujas soluções dependem de
está na agenda do século XXI, portanto,
leitura e interpretação dos recursos se-
os professores devem trabalhar com seus
lecionados para a atividade. Porém, em
alunos não só para ajudá-los a desenvol-
vez de restringirem-se apenas à busca de
verem habilidades, procedimentos, es-
informações em recursos Web, o modelo
tratégias para coletar e selecionar infor-
WebGincana procura também apresentar
mações, mas, sobretudo, para ajudá-los a
aos alunos missões que decorrem de al-
desenvolverem conceitos. Conceitos que
guns conteúdos investigados. Tal inova-
serão a base para a construção de seu co-
ção pretende dar ao modelo uma dinâmica
nhecimento.
característica dos aspectos lúdicos das
Como diz Gadotti (2002, p. 32), o pro- gincanas em geral.
fessor
Se bem trabalhada, a WG é um tra-
deixará de ser um lecionador para balho didático que procura concreti-
ser um organizador do conhecimen- zar os seguintes fins educacionais:
to e da aprendizagem (...) um media-
1) Capacitar os alunos a fazer leitu-
dor do conhecimento, um aprendiz
ras rápidas, mas atentas, de textos eu
permanente, um construtor de sen-
podem conter alguma informação de
tidos, um cooperador, e sobretudo,
interesse imediato – o modelo WG tem
um organizador de aprendizagem.
como uma de suas principais finalidades
ajudar os alunos a desenvolverem a habi-
5.2 WebGincana (WG) lidade de executar varreduras guiadas por
De acordo com SENAC/SP, WebGincana algum interesse. O que se quer, numa WG,
é um modelo criativo de uso educacional é que os alunos construam boas estraté-
da Internet. Ela ajuda o professor a orga- gias de varreduras de textos, já que o uni-
nizar ambientes lúdicos para a busca de verso Web é gigantesco e a quantidade de
informação. O modelo aproveita de modo informações a que se tem acesso aumen-
eficiente a riqueza informativa da rede ta a cada dia.
mundial de computadores e é uma boa
ferramenta de tecnologia educacional. 2) Aguçar a curiosidade para um as-
sunto que começa a ser abordado no
Barato (2006) explica que WG é um mo- programa de estudos – boas WG pro-
delo de organização de informações para põem questões curiosas, surpreenden-
usos estruturados de recursos da Inter- tes, desafiadoras. Elas possuem certa di-
net em educação. Há anos, educadores mensão lúdica. O que se visa com isso não
americanos e canadenses propõem “caças é apenas o prazer do jogo, mas, sobretu-
ao tesouro na Internet”. No geral, tais ca- do, um começo de conversa atraente so-
ças ao tesouro são chamadas, em inglês, bre o assunto.
de “Scavenger Hunts”.
3) Proporcionar uso sistemático e bem
Da mesma forma que a Caça ao Tesou-
26

estruturado de recursos da Internet.

4) Modernizar modos de fazer educa-


ção.

5) Incentivar a pesquisa.
6) Promover trabalho cooperativo
de aprendizagem – tradicionais gincanas
são sempre jogos de grupos. Para ganhar o
jogo, é preciso que todos trabalhem como
um time, distribuindo funções, dividindo
as tarefas, discutindo estratégias. Espe-
ra-se que todas essas características das
gincanas tradicionais ocorram em WG bem
planejadas. Até porque, é claro, trabalhar
com outras pessoas de modo cooperati-
vo é uma competência indispensável em
nosso mundo.

7) Promover usos educativos da Inter-


net.

8) Evitar o recorte e cola.


9) Articular estudos no computador
com atividades diversificadas de uso das
informações: em WG-padrão e longas, as
atividades propostas articulam buscas
na Internet com atividades que resultam
em usos das informações encontradas
no espaço Web. Essa é uma providência
importante para que as respostas sejam
usadas em contextos significativos. Afi-
nal, aprendemos melhor quando usamos
o conteúdo estudado, e os dados obtidos
nas buscas ganham sentido quando utili-
zados em contextos significativos.

10) Fortalecer o espírito de equipe.


11) Proporcionar aos professores um
caminho simples de utilização de compu-
tadores para fins de aprendizagem (BA-
RATO, 2006, 2012).
27
UNIDADE 6 – Prática Pedagógica na Área
Empresarial
Por um longo tempo, a atuação do pe- Uma vez que você irá lidar basicamente
dagogo esteve centrada intramuros da com os conhecimentos, as competências,
escola, com um público específico, geral- as habilidades e as atitudes diagnostica-
mente muitas crianças e jovens, além dos das como indispensáveis ou necessárias à
seus colegas de trabalho e a direção da es- melhoria da produtividade, por certo, par-
cola, mas eis que nos últimos anos temos ticipará da implantação de programas de
visto abrir-se um leque de novas oportu- qualificação/requalificação profissional,
nidades, dentre elas na área empresarial produzindo e difundindo o conhecimento,
e hospitalar e também o movimento de desenvolvendo programas de levanta-
educação do campo que vem retomando mentos de necessidades de treinamento
força, áreas estas que daremos atenção e adaptando metodologias de informação
nestas próximas unidades. e comunicação às práticas de treinamento
(RIBEIRO, 2008).
De imediato, lembre-se que sua atua-
ção na empresa tem como pressupostos Trindade (2009) nos lembra que a pe-
principais a filosofia e a política de recur- dagogia tem lugar de destaque nas or-
sos humanos adotadas pela organização, ganizações por vários motivos, e usa a
portanto, não imagine que o treinamento metáfora “antibiótico para os males da
tenha um fim em si mesmo ou que a pos- empresa”. Explicando:
tura a adotar na empresa seja a mesma
Os funcionários precisam ser
adotada em uma escola.
analisados individualmente, pois as
A pedagoga empresarial se insere num pessoas respondem de formas dife-
contexto em que a empresa busca de- rentes a estímulos iguais, e a união
senvolver as seguintes competências em destas diferenças leva à soma de
seus colaboradores: ideias, construindo uma corrente. O
conjunto de inspirações de cada in-
espírito de liderança;
divíduo do grupo é que torna uma
orientação para o cliente; equipe construtiva.
orientação para resultados; Sabemos que o ser humano precisa de
comunicação clara e objetiva; motivação para caminhar. Lembrando da
pirâmide das necessidades de Abraham
flexibilidade e adaptabilidade, cria-
Maslow, temos na base as necessidades
tividade, pró-atividade e aprendizagem
fisiológicas (alimento, abrigo...) e no topo
contínua (LOPES et al. 2006).
as necessidades e autorrealização.
Podemos deduzir que você dará supor-
Eis que entram em cena ou o pedagogo
te ao setor de recursos humanos para es-
ou o psicólogo! São profissionais que têm
truturar mudanças, seja ampliação e/ou
como missão motivar, levar o colaborador
aquisição de novos conhecimentos dos
a agregar valor, levá-lo a desempenhar
colaboradores.
28

bem suas funções, sentir-se satisfeito do seu trabalho dentro da corporação. Ou


na organização. Já se foi o tempo em que seja, o pedagogo deve ter um olhar, peda-
a primeira solução seria demitir, além do gógico, filosófico, psicológico em relação
que, é mais oneroso para a empresa agir aos seres humanos que estarão presen-
assim do que propor treinamentos e “for- tes neste espaço, não os tratando como
mação continuada” para seu colaborador. meros objetos que precisam ser moldados
de acordo com o objetivo da empresa (RI-
Na prática você irá:
BEIRO, 2008).
coordenar equipe multidisciplinares
Vamos a algumas dicas de “como
no desenvolvimento de projetos;
não agir na prática”:
evidenciar formas educacionais para
a) As dinâmicas de grupos são ao mes-
aprendizagem organizacional significati-
mo tempo importantes e perigosas.
va e sustentável;
Realmente são uma forma mais dinâmi-
gerar mudanças culturais no ambien-
ca de provocar reflexão, mas nem sempre
te de trabalho; na definição de políticas
são lúdicas, e nem sempre é vista pelos
voltadas ao desenvolvimento humano
participantes com tranquilidade e isso
permanente;
precisa ser respeitado.
prestar consultoria interna relacio-
Ela é também uma forma democrática
nada à educação e desenvolvimento das
de oportunizar manifestações, mas isso
pessoas nas organizações.
também é perigoso, portanto, ser pru-
São muitos os desafios desse novo pro- dente e saber conduzir as dinâmicas con-
fissional, diferentemente do que podem tribuem para que os resultados sejam gra-
pensar alguns, não se resume a conduzir tificantes e produtivos.
dinâmicas de grupo e preparar material
Dentre os maiores perigos, temos o
de treinamento para o qual as pessoas
despertar de sentimentos e comporta-
não estão engajadas ou enxergando uma
mentos inadequados e ao lugar que é um
necessidade imediata. Isto requer mui-
risco latente. Afinal de contas, tem situ-
to trabalho como de observações cuida-
ações que remontam as pessoas a lem-
dosas principalmente ao que se refere
branças dolorosas.
ao capital humano, (termo utilizados nas
empresas ao referir-se às pessoas que Outro embaraço que as dinâmicas nos
trabalham nelas), para que com elas seja trazem são situações de estresse físico
possível desenvolver estratégias no bom como andar descalço, praticar arvorismo
sentido, que venha favorecer a humaniza- para quem tem medo de altura, entre ou-
ção dentro da empresa. Esta ação requer tros. Podendo ser evitadas ou pelo menos
do Pedagogo Empresarial perspicácia, buscando saber de antemão, esses medos
observação, envolvimento, desprendi- pessoais ajudarão a todos: constrangidos
mento, coragem, preparo técnico, ousa- e constrangedores.
dia, vontade, criatividade e desejo efetivo
b) Os projetos de trabalho de gestão.
pela descoberta de como será desenvolvi-
29

Com certeza você será solicitado(a) a


elaborar um projeto de trabalho, com os
mais variados conteúdos e situações, por
exemplo: comunicação interpessoal e
atendimento ao cliente.

Primeira atitude: elaborar um planeja-


mento! Este deve conter objetivos, nome
da dinâmica, tema, metodologia, material,
total de participantes, tempo e local.

Se seu planejamento falhar será como


uma cascata de cartas, as demais etapas
irão todas por “água abaixo”, portanto,
planeje com antecedência e revise cada
etapa.

A título e exemplo: o tempo e o número


de participantes.

Se o objetivo é que todos os participan-


tes falem por cinco minutos, ao todo, du-
rante a dinâmica, e seu tempo total é de
50 minutos, distribuição de material, 1 mi-
nuto, elaboração da atividade individual
ou em grupo – 15 minutos, então sobram
33 minutos = 50 – 1 – 1 = 33. E 33 minutos
divididos por 5 minutos (fala de cada parti-
cipante) = 6,6 (número de participantes).

Já pensou se erra nessa conta?!


30
UNIDADE 7 – Prática Pedagogica na Área
Hospitalar
Segundo Freire et al. (2012), a principal gógica que vá de encontro com o contexto
função do pedagogo hospitalar é: educacional em que está inserida a crian-
ça, observando-se a perspectiva teórica
Assegurar a dignidade e uma me-
da escola e a série em que a criança está
lhora na qualidade de vida dos alu-
matriculada. O tempo de internação e de
nos/pacientes, proporcionando uma
afastamento da escola também devem
aprendizagem de qualidade, onde
ser considerados ao se organizar o con-
deverá ser respeitado o atendimento
teúdo a ser repassado para a criança (CA-
de acordo com as condições de cada
BREIRA, 2007).
educando no hospital, respeitando
suas limitações, e buscando desen- De todo modo, a prática pedagógica
volver atividades adaptadas e criati- nesse ambiente deve levar em considera-
vas, envolvendo o aluno/paciente no ção as condições de saúde em que a crian-
processo de ensino-aprendizagem, ça ou o jovem se encontra.
essa é a função principal do pedago-
Fontes (2012) nos lembra que o peda-
go hospitalar.
gogo, na sua práxis, ao promover experi-
Nesse contexto e seguindo as orienta- ências vivenciais dentro de um hospital,
ções da Declaração de Salamanca, o prin- como brincar, pensar, criar, trocar, estará
cipal objetivo da classe hospitalar é, assim, favorecendo o desenvolvimento pleno da
fazer um acompanhamento pedagógico a criança, que não deve ser interrompido
crianças e jovens com dificuldades graves em função da hospitalização.
de saúde física ou mental e que estão de-
O atendimento hospitalar não se reali-
finitiva ou temporariamente impedidos
za somente no âmbito físico, mas também
de frequentar a escola regular.
afetivo. As ações da pedagogia se efetu-
Prestem atenção: não se trata de Edu- am sob a ótica de que, mesmo passando
cação Especial. É a Educação Escolar or- por uma internação, a criança e o adoles-
dinária, aquela que nutre o sujeito de cente não precisam ter o seu processo
informações sobre o mundo dentro do de escolarização e sua vida social preju-
currículo escolar definido pela educação dicados e/ou interrompidos. Podem ser
nacional. Marca-se como diferença en- desenvolvidas atividades em ambiente
tre a classe hospitalar e a classe especial hospitalar que deem continuidade a esse
o fato de que a segregação das crianças processo.
não se deve à rejeição por outras classes,
Ainda não falamos da brinquedoteca
mas à doença que as impede de ir à escola.
que você na sua prática pedagógica hos-
Longe de rejeitá-los, a escola vai até eles,
pitalar pode e deve incentivar (caso não
no hospital (VASCONCELOS, 2007, p. 2).
tenha ainda), afinal de contas, todos sa-
A atuação do pedagogo, no ambiente bemos que ao brincar a criança estabe-
hospitalar, pressupõe uma prática peda- lece relações com o mundo e transforma
31

seus significados, assim, as brinquedote- mais humanizado; esse olhar beneficia os


cas funcionam como espaço de resgate da aspectos físico, afetivo e cognitivo do pa-
brincadeira, além de amenizar o sofrimen- ciente.
to e desviar a atenção e muitas vezes até
O desenvolvimeno da leitura via conta-
a dor do escolar hospitalizado.
ção de histórias 2 é outra prática que você
Os traumas sofridos pelas crianças pode utilizar com a criança hospitalizada
submetidas a tratamentos hospitalares e em duas linhas de ação: para ela em seu
podem comprometer por longo tempo ou leito ou para grupos delas na brinquedo-
para sempre o seu emocional. As crianças teca aproveitando também da dramatiza-
tendem a ter medo de pessoas vestidas ção. Basta ter criatividade!
de branco; muitas em idade escolar sen-
No contexto hospitalar, as propostas
tem-se desmotivadas para retornarem
de leitura que envolvem a criança em tra-
à escola, ficam deprimidas, o grau de es-
tamento de saúde necessitam, primeira-
tresse aumenta (FONTES, 2012).
mente, considerar o contexto do qual ela
Com a possibilidade do brincar dentro provém, ou seja, a sua realidade, a sua
do hospital, elas resgatam a autoestima, história. Esse referencial fará a diferença
o sofrimento é minimizado, e até mesmo a na hora de abordar, por meio da leitura, o
permanência dentro do hospital pode ser contexto atual no qual ela se encontra in-
diminuída pelo fato de a criança corres- serida, que é o contexto hospitalar. A im-
ponder melhor ao tratamento, recuperar portância atribuída aos contextos no de-
o ânimo, assim, revigorando sua saúde. senvolvimento da leitura justifica-se pelo
fato de eles serem fenômenos indissociá-
É de suma importância. Trazem
veis e afins que dão significado à vida da
benefícios visíveis, o paciente cor-
criança.
responde melhor ao tratamento, a
família também e facilita a atuação Existe, então, a necessidade de haver
dos profissionais. [...] pois a criança uma preocupação dos professores e pe-
torna-se mais disposta ao tratamen- dagogos com a leitura, traduzindo-se em
to, trazendo uma comunicação mais práticas adequadas e eficientes que este-
efetiva com os profissionais de saú- jam fundamentadas teórica e metodolo-
de e diminuindo sua permanência no gicamente à realidade do sujeito envolvi-
hospital (GOMES, 2011 em entrevista do, ou seja, a criança hospitalizada.
a FONTES, 2012).
Essa perspectiva de leitura faz parte
Ortiz e Freitas (2005), Barros (2010) e de uma concepção de linguagem intera-
Kohn (2010) relatam que a intervenção cionista, que ultrapassa a compreensão
pedagógica com atividades lúdicas contri- superficial do ato de ler, pois ela é mais
bui para a recuperação mais rápida da en- do que o entendimento das informações
fermidade da criança. Essas ações atuam explícitas, é um processo dinâmico entre
sob a postura de resistência exercida pelo sujeitos que instituem trocas de experi-
paciente frente à doença, possibilitan-
2- Lembre-se que não somente no contexto escolar, a contação
do o desenvolvimento de um tratamento de histórias, a dramatização são estratégias que você pode co-
locar em prática quando trabalha com crianças pequenas.
32

ências, por meio do texto escrito. O professor deverá aproveitar ao máximo


esses momentos de leitura em contexto
O professor, na concepção interacio-
hospitalar, onde a atenção, a cumplicida-
nista, assume o papel de mediador entre
de e o aconchego tornam a narração de
o coletivo da sociedade e o individual do
histórias uma lembrança inesquecível.
aluno. Ele exerce também o papel de um
dos mediadores sociais entre o universal A leitura e a contação de histórias en-
da sociedade e o particular do educando volvem os sentidos, atraem pela curiosi-
hospitalizado. dade, pelo formato, pelo manuseio fácil e
pelas possibilidades emotivas que o livro
Outro aspecto importante da leitura no
pode conter. Como a infância é o melhor
contexto hospitalar é o da possibilidade
momento para iniciar a criança no hábito
de o professor envolver as crianças pela
da leitura, a estada no hospital e o aces-
contação de histórias.
so à escolarização hospitalar podem ser
Para tanto, ele deve tornar esse mo- o momento para iniciar este hábito jun-
mento prazeroso para a criança a pon- to àquelas que ainda não o possuem. Na
to de esta, após ouvir as histórias, ter o escola, a leitura envolve o cognitivo e o
desejo de ouvi-las novamente. Isso só emocional, que despertam e estimulam
será possível a partir de uma situação de a imaginação e a criatividade. O mesmo
aconchego, pela atenção que o adulto ocorre no hospital, pois essas possibilida-
dedica, pela cumplicidade que aumenta o des podem afastar a criança da dor, indo
companheirismo e favorece a afetivida- muito além do mero recurso de distração
de, que melhora as relações, o diálogo, a (WOLF, 2013).
compreensão, confiança, o conhecimento
No hospital, a leitura deve ser vista
das peculiaridades das crianças e a aber-
além do uso imediatista, ser vista como
tura ao ouvir. Após a história, o professor
recurso metodológico que mediará o pro-
deve dar oportunidade para as crianças
cesso de ensino e aprendizagem, pois en-
participarem perguntando, comentando,
volverá aspectos emocionais da criança e
dando sua compreensão e atribuição de
auxiliará no seu desenvolvimento cogniti-
sentido ao que ouviram, porém sem dire-
vo.
cionamento do professor com aquela ve-
lha “moral da história”, que poderá impor Humanizar o atendimento e tratamen-
um ponto de vista que tolhe a capacidade to, utilizar do lúdico via brinquedoteca,
de interpretação da criança sobre a histó- quando a criança pode se locomover,
ria. atenção, carinho, afetividade, atenção ao
estágio em que se encontra a criança hos-
De acordo com Dohme (2003), o nar-
pitalizada são pontos que você pedagogo
rador deverá estar atento para perceber
deve prestar atenção quando buscar esse
como elas receberam as informações; se
locus para exercer sua profissão.
a criança não quiser falar, não obrigá-la,
pois poderá oferecer outra atividade que Enfim, sem querer desanimá-lo, ao con-
aborde o mesmo teor temático que foi vis- trário, dando-lhe incentivo, é fato que o
to durante a leitura, além da conversação. trabalho junto à crianças/adolescentes
33

hospitalizados é um desafio para o pro-


fessor, pois implica em se especializar,
em conhecer a realidade do dia a dia de
um hospital e ainda saber trabalhar com
questões ligadas à bioética, perdas, doen-
ças graves, entre outras situações, então,
mãos à pesquisa, à reflexão e, claro, mãos
à obra, porque vocês podem fazer uma
grande diferença para essas crianças/
adolescentes que se encontram em situa-
ção de vulnerabilidade (FERREIRA, 2011).
34
UNIDADE 8 – Trabalhando com Educação do
Campo e EJA
Ainda pensando em ‘extramuros esco- educação que está em construção com
lar’, como resolvemos definir as práticas nexos no projeto histórico socialista. É um
apresentadas, temos a educação do cam- projeto da classe trabalhadora do campo.
po. Tem como protagonistas os próprios cam-
poneses e trabalhadores do campo, suas
Essa vertente também pode ser a op-
lutas e organização e suas experiências
ção de vocês enquanto pedagogas(os),
educativas, que incluem a escola, mas
não é verdade?! Então, vamos conhecer
vão além dela. Ela se contrapõe à educa-
um pouco dessa seara que ainda é um tan-
ção como mercadoria e afirma a educação
to incipiente.
como formação humana. O papel da edu-
A Educação do Campo estabelece rela- cação também é o de formar sujeitos crí-
ção entre a educação, a direção do desen- ticos, capazes de lutar e construir outro
volvimento da agricultura camponesa e projeto de desenvolvimento do campo e
do projeto para o Brasil. Ela nasce no bojo de nação.
do processo de resistência e luta dos cam-
A Educação do Campo compreende o
poneses e das camponesas que vivem no
trabalho como produção da vida, por con-
e do seu trabalho no campo e também na
seguinte, é nesta totalidade que a relação
luta pelo direito à educação, compreen-
educação e trabalho ganham significado e
dendo o camponês e os trabalhadores ru-
se diferencia da perspectiva do capital. O
rais como sujeitos de direitos, entre eles o
trabalho não é entendido como ocupação
direito ao estudo, e como construtores da
ou emprego, como mercadoria que se de-
sua história e da coletividade. A Educação
nomina força de trabalho. Ele é compreen-
do Campo propõe uma escola no e do cam-
dido como uma relação social que define o
po, feita pelos sujeitos que nela vivem e
modo humano de existência, que, além de
trabalham (SANTOS; PALUDO; OLIVEIRA,
responder pela reprodução física de cada
2010).
um, envolve as dimensões da cultura, la-
Nesse contexto, institucionalmente, zer, sociais, artísticas.
as escolas do campo são aquelas que têm
Em síntese, o trabalho é compreendido
sua sede no espaço geográfico classifi-
como fator de humanização permanente,
cado pelo IBGE como rural, assim como as
e é este o sentido que a Educação do Cam-
identificadas com o campo, mesmo tendo
po busca resgatar.
sua sede em áreas consideradas urbanas.
Essas últimas são assim consideradas por- Nesse sentido, sua prática pedagógi-
que atendem a populações de municípios ca vai acontecer focando desde os inte-
cuja produção econômica, social e cultural resses, a cultura, a política e a economia
está majoritariamente vinculada ao cam- dos diversos grupos de trabalhadores e
po (BRASIL/SECAD, 2007). trabalhadoras do campo, nas suas diver-
sas formas de trabalho e de organização,
A Educação do Campo é um projeto de
na sua dimensão de permanente proces-
35

so, produzindo valores, conhecimentos suas relações uns com os outros e todos
e tecnologias na perspectiva do desen- com o professor ou professora ensaiam a
volvimento social e econômico igualitário experiência profunda de assumir-se. As-
dessa população. sumir-se como ser social e histórico, como
ser pensante, capaz de ter raiva porque
Você também encontrará problemas
capaz de amar. Assumir-se como sujei-
como analfabetismo, acesso e permanên-
to por ser capaz de reconhecer-se como
cia e o tipo de projeto de escola e organiza-
objeto. A assunção de nós mesmos não
ção do trabalho pedagógico até estrutura
significa a exclusão dos outros. É a “ou-
e financiamento que são bem diferentes
tredade” do “não eu”, ou do tu, que me faz
da escola regular, mas com certeza o seu
assumir a radicalidade do meu eu (FREIRE,
público lhe chamará bastante atenção!
2002, p. 41).
Em suas leituras, não poderá faltar Pau-
Não podemos deixar de falar do adulto
lo Freire, o qual sempre lutou pela trans-
do campo, que nos dizeres de uma edu-
formação da sociedade e questionou o
canda do Movimento dos Trabalhadores
poder dominante. Seu sonho e sua luta
Rurais Sem Terra (MST),
foram pela construção de uma sociedade
igualitária, tanto do ponto de vista eco- não é igual criança, que o que a
nômico e democrático como do ponto de professora ensina ele aprende. A
vista político, racial, sexual e educacional. gente (adulto) aprende o que a gen-
te quer aprender, só isso a gente
Na concepção de educação freiriana,
aprende. Quando alguém está en-
ensinar requer aceitar os riscos do de-
sinando uma coisa que a gente tem
safio do novo, enquanto inovador, enri-
interesse de aprender parece que
quecedor, rejeitando qualquer forma de
é melhor a gente aprender. Agora
discriminação que separe as pessoas em
quando não há interesse não tem
raças ou classe. Respeitar o conhecimen-
como aprender.
to do outro significa também respeitar a
sua cultura e sua identidade. Para Freire, As palavras dessa educanda são uma
a ação pedagógica deve levar em conta comprovação de estudos científicos fei-
que os sujeitos são históricos, e que estão tos sobre a diferença entre educação
condicionados a uma realidade e a uma infantil e educação de adultos. O adulto
cultura que deve ser respeitada e valori- não vai para a escola porque o pai e a mãe
zada, portanto, você enquanto educador mandam, nem porque a lei os obriga fre-
deve se posicionar (e levar junto consigo quentar uma escola. O adulto vai para aula
seu educando) de maneira crítica, supe- porque tem interesses de aprendizagem.
rando as posturas ingênuas ou astutas, Alguns participam da Educação de Jovens
negando a pretensa neutralidade da edu- e Adultos (EJA) porque precisam aprender
cação. a escrever seu nome, nesse caso, o educa-
dor deve ensinar o que ele precisa e quer
Uma das tarefas mais importantes da
aprender e motivá-lo para querer saber
prática educativa/crítica é proporcionar
mais. O educador precisa identificar essas
as condições em que os educandos em
demandas para trabalhar a partir delas
36

(REICHWALD JUNIOR et al., 2006). para os movimentos sociais camponeses


é valorizar a real importância do conheci-
Sabemos que os adultos aprendem de
mento escolar na formação dos sujeitos
forma diferente das crianças e que apren-
que queremos forjar: sujeitos conscientes
dem a partir de suas necessidades de
e com capacidade de transformar a reali-
resolver seus problemas imediatos, por
dade (REICHWALD JUNIOR et al., 2006).
exemplo: aprender a assinar o nome para
poder fazer o cadastro do INCRA, calcular E para que a Educação do campo atinja
a área de um terreno a fim de saber quan- seus objetivos é preciso investir no adulto
to receberá por uma roçada que realizou o que significa atingir a criança, o jovem,
nessa determinada área. o adolescente e o idoso que estão, mui-
tas vezes, sob sua responsabilidade para
Sendo assim, uma das primeiras tare-
o provimento das necessidades básicas,
fas no trabalho com educação de adultos
dar-lhes estabilidade econômica e emo-
é identificar estas necessidades, que po-
cional.
dem ser chamadas de necessidades pri-
márias. Ser adulto no campo é, enfim, estar em
um movimento social que luta por tal con-
As pessoas aprendem o que necessi-
dição, pois com o êxodo rural, infelizmen-
tam, ou o que conseguem relacionar com
te, o campo é lugar essencialmente dos
uma situação vivenciada; um novo conhe-
adultos, os jovens estão desmotivados
cimento se produz em ligação com um co-
diante da crise aguda que os expulsa para
nhecimento que já se tem. É assim que o
as cidades e o declínio demográfico apon-
conhecimento passa a ser guardado na
ta para um número pequeno de crianças.
memória (Caderno de Educação, nº 11,
Por outro lado, esse projeto de perma-
2004).
nência no campo concebe o trabalho na
Para um melhor trabalho pedagógico, terra sem agrotóxicos, com sementes ori-
as necessidades imediatas devem ser te- ginárias, em harmonia com o cosmos (REI-
mas que primeiramente deverão ser tra- CHWALD JUNIOR et al., 2006).
balhados. Esses temas devem servir como
Quanto ao currículo e os eixos que irão
engate para um novo conhecimento que
nortear sua prática, deverão vir de manei-
também é importante. Essa importância
ra inter e transdisciplinar.
deve ser influenciada, fomentada pelo
educador. Partindo dessas necessidades Martins (2004) e Silva (2004) nos
primárias, os educadores precisam desen- colocam alguns destes eixos:
volver, estimular outras necessidades que
a) A natureza – entendida como estra-
os leve adquirindo consciência da neces-
to natural da ocorrência da vida e, em par-
sidade do estudo em suas vidas. Mostrar
ticular, como meio ambiente onde ocorre
o papel dos indivíduos dentro da constru-
o desenvolvimento de diferenciadas ma-
ção de uma nova sociedade, na qual todos
nifestações de vida.
tenham o direito de ter o mínimo para vi-
ver. b) O trabalho – entendido como pro-
cesso através do qual o homem transfor-
Portanto, um dos grandes desafios
37

ma a natureza, ao mesmo tempo em que uma transformação social, que lhes pos-
reconstrói, continuamente, a si mesmo e sibilitem melhores condições de vida, que
a realidade histórico-social que integra. resignifiquem a estima e identidade dos
povos do campo;
c) O conhecimento – tomado como
construção coletiva, histórico social da re- estabelecer a necessidade de aten-
lação humana, como a natureza, mediada der as mais diversas situações e exigên-
pelo trabalho. cias do campo, quais sejam (Proposições
da II Conferência Nacional de Educação do
d) A história da humanidade – com-
Campo, 2004):
preendida como processo de transfor-
mação social que envolve dimensões so- proporcionar através de atividades
cioculturais, e que inclui tanto a relação educativas condições de trabalho e gera-
com a natureza, quanto os mecanismos ção de renda para os/as jovens e adultos
de produção da humanidade, que mediam consigam viver com dignidade no campo
trabalho e conhecimento. e possam ter acesso aos bens culturais e
sociais produzidos pela humanidade;
Em sua prática você ainda pode:
contribuir na formação de lideranças
contribuir na construção de atitude e
para que estas possam estimular e orien-
valores para as novas relações de gênero,
tar o desenvolvimento técnico agroecoló-
fundamentadas na igualdade, na disposi-
gico, em geral, comunitário e em particu-
ção para reconhecer o direito de cada pes-
lar, sem perder seus valores históricos e
soa, no aprender, no ensinar a partilhar
culturais;
saberes e poder entre mulheres e homens
(ROCHA; PASSOS; CARVALHO, 2009); desenvolver aspectos que poten-
cializem uma maior valorização do cam-
garantir um processo formativo que
po, como espaço de criação e recriação de
interage continuamente com a realidade
vida;
em que os educandos(as) vivem, aproxi-
má-los(as) e aprofundar temáticas rela- preparar o educando(a) para partici-
cionadas a vida quotidiana, aos anseios par conscientemente e com preparo téc-
dos jovens, das crianças e dos adultos; nico fundamentado em um novo modelo
de desenvolvimento do meio rural;
construir novas referências de so-
ciedade, de ambiente, de natureza, da proporcionar conhecimentos teó-
relação das pessoas com o espaço social ricos e práticos na agricultura, pecuária,
é um dos grandes desafios da educação pesca, no extrativismo e outras culturas,
no momento, especialmente da Educa- destinadas a possibilitar que a economia
ção do campo, pois faz-se necessário des- das comunidades e das regiões seja eco-
construir culturas, valores e paradigmas nomicamente viável, com uso de técnicas
que orientaram secularmente as rela- adequadas para a recuperação e preser-
ções entre os sujeitos e com a natureza, vação ambiental.
as formas de lidar com o conhecimento.
A organização dos eixos curriculares,
Mudanças sociais que possam garantir
nesse universo, necessita de uma pers-
38

pectiva global e multidimensional, inte-


grando conhecimentos e áreas de estudo,
visando uma prática inter e transdiscipli-
nar, articulando diversos campos do saber
e da realidade na qual os alunos e alunas
do campo estão inseridos (ROCHA; PAS-
SOS; CARVALHO, 2009).

Mais um desafio para você: superar a


prática de pensar projetos de educação,
descontextualizados do sentido e da his-
tória dos povos do campo, pois este tem
sido um vício bastante comum ao longo da
histórica da educação.
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