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Na cena do filme em que os soldados estavam indo à torre para realizar testes com Kaspar,
eles levam espadas e simulam uma luta com ele, porém Kaspar não apresenta nenhuma
reação diante daquilo, pois não sabia o que era uma espada e que ela poderia ser perigosa.
Após a primeira tentativa ter falhado, os soldados levam uma vela para analisar qual seria a
reação de Kaspar. Ao ver a vela ele não demonstra medo e toma a iniciativa de colocar as
mãos na chama, com a qual acaba se queimando. Sua única reação foi chorar devido a dor da
queimadura. Esta ausência de reação diante das espadas e velas comprova que Kaspar não
conhecia e não possuía experiências com aqueles objetos. Ao colocar a mão na vela ele não
exprime nenhum medo, pois ele não tinha noção do perigo. Quando ele se queima, ele
adquire uma lembrança da experiência, que é a dor. As ações do sujeito são mediadas pelas
experiências de outros indivíduos, como quando a mãe de uma criança a avisa para não
colocar o dedo na chama da vela porque queima. O sujeito obtém uma relação com o fogo
mediada pela intervenção da mãe que lhe ensinou aquilo. Assim, percebe-se que se as
experiências não fossem transmitidas, cada individuo estaria começando a interagir com o
mundo sem nenhuma mediação anterior. A teoria interacionista de Vygotsky defende que o
desenvolvimento cognitivo ocorre através da interação social entre duas pessoas ou mais que
trocam experiências entre si. Assim, Vygotsky demonstra que a relação do individuo com o
meio é mediada pelo outro, dessa forma a aprendizagem e o conhecimento o mundo não é
possível sem o outro, o que pode ser notado em Kaspar Hauser.
Na cena em que Kaspar diz que quer ser um cavalheiro que voa para combater um sangrento,
mostra-se que ele não possuía o conhecimento de que seres humanos não conseguem voar.
Em uma conversa com sr. Daumer, Kaspar diz que só um homem muito grande conseguiria
construir uma torre tão alta. No meio da conversa sr. Daumer pergunta a Kaspar se ele sabia
quem é Deus e ele logo responde que não conseguia imaginar que Deus criou tudo do nada.
Nesse diálogo destaca-se que as funções mentais superiores não foram completamente
desenvolvidas em Kaspar, mostrando a falta que a interação humana fez em sua vida. Kaspar
apresenta a deficiência da capacidade de abstração, ou seja, ele não consegue imaginar o que
está além de sua noção sensorial, tornando se evidente quando ele não percebe a diferença
entre as dimensões e distancias.
Em algumas passagens da história fica claro que devido à falta de experiência e convivência,
ele não consegue agregar fatos, pessoas e locais a assuntos aos quais vivencia. Mais uma vez
pode se atribuir todo o ocorrido a Vygotsky em que a imaginação depende da experiência e a
experiência da criança forma-se e cresce gradativamente diferenciando-se por sua
originalidade em comparação a do adulto. Kaspar não obteve experiência suficiente para fazer
com que sua imaginação amadurecesse.
Conclusão