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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA ESCOLA VERDE


NÚCLEO TEMÁTICO DE EDUCAÇÃO AMBENTAL INTERDISCIPLINAR
PROFESSOR: Paulo Ramos
ALUNO: Demétrio Cardoso da Silva

FICHAMENTO

ROHDE, Geraldo Mário. Mudanças de paradigma e desenvolvimento


sustentado. In CAVALCANTI, Clovis (org.) Desenvolvimento e natureza:
estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez; Recife – PE:
Fundação Joaquim Nabuco, 1995. p. 41-51

Na página 41 do texto, o autor introduz afirmando que o século XX produziu eventos


extraordinários na teoria do conhecimento e nos paradigmas científicos. Segundo ele, o
século XX foi marcado pela invasão das desordens nas ciências com a inclusão de
noções de probabilidade, incerteza e risco em diversas disciplinas. O mundo, em seu
entendimento, passou a ser uma metáfora de museu, configurando-se numa ideologia
sustentada pela força da tecnociência instrumentalizadora. Rohde afirma que as ciências
ambientais se comprimem em vazios epistemológicos entre as ciências naturais e
sociais, “adjetivando” disciplinas existentes e com isso vem a necessidade da
interdisciplinaridade.

Para o autor, ainda que a visão economicista exerça sua influência, é possível enxergar
fatores que giram em volta da civilização contemporânea. Esse fatores, ligados ao meio
ambiente, apontam fatos ainda bem mais graves e profundos sobre o sistema atual,
decorrentes do dogma fundamental da teoria econômica vigente. Isto tem seus vínculos
na perspectiva do crescimento econômico a qualquer custo, em um planeta finito.

Para o autor, a passagem para um mundo em que o desenvolvimento seja sustentado


exige migração radical da situação presente de insustentabilidade do planeta. Neste
sentido, a investigação das fronteiras das ciências constitui tarefa básica para determinar
a nova visão de mundo imprescindível a um desenvolvimento sustentado, vez que a
situação de insustentabilidade foi baseada em paradigmas ultrapassados, a saber:
cartesiano-newtoniano causalista; mecanicista-euclidiano reducionista; e
antropocentrista.

Nas páginas 42 e 43 da obra, o autor abre algumas reflexões acerca das mudanças de
paradigmas como objeto de investigação, trazidas em fundamentos de estrutura das
revoluções científicas, citadas por Kuhn, colocando como escala de cosmovisão,
incluindo questões sociais e políticas. Neste sentido, ele destaca como fator de mudança
de paradigmas algumas reflexões de obras como: Os filósofos e as máquinas 1400-1700
(Rossi, 1989); O tao da Física (Capra, 1985); O ponto de mutação (Capra, 1986);
Sabedoria incomum (Capra, 1990); A irreversível aventura do planeta Terra (Rohde,
1992).
Para o autor, os diversos campos do conhecimento apontam para mudanças de
paradigmas a partir de determinados campos, inseridas no campo da teoria do
conhecimento, pela teoria da auto-organização, em que é feita sempre tendo em vista
um sistema dinâmico e seu ambiente, inserindo-se em um novo método. Apontando
para um paradigma holístico, ele afirma que apenas a holologia é passível de ser
abordada, vez que a holopraxia requer o acesso mediante experiência individual e
particular. No campo sistemático, o autor ressalta que a ecologia energética modeladora
desemboca na definição da quantidade de energia multiplicada por uma transformidade
que se relaciona com a qualidade da energia em questão. No campo da matemática, é
possível verificar que a simetria estrutural ocorre em todo o Universo, desde as
partículas elementares até as estruturas cósmicas mais complexas. Ele afirma que a tese
de Mandelbrot é de que as complexidades só existem no contexto da geometria
euclidiana tradicional.

Nas páginas 44 e 45, o autor faz uma breve reflexão sobre a teoria da catástrofe,
afirmando que ela fornece um método universal para o estudo de transições por saltos,
descontinuidades e súbitas mudanças qualitativas. Segundo ele, as catástrofes são
mudanças súbitas e violentas. No campo físico, o autor cita o físico David Bohm para
afirmar que o holograma é um ponto de partida para uma nova descrição da realidade.
Segundo ele, a realidade convencional da física clássica focaliza manifestações
secundárias explicadas das coisas e não a sua essência ou fonte. No campo geológico, o
autor traz como pano de fundo a teoria da tectônica de placas, afirmando que a nova
tectônica global constitui uma explicação coerente e sistêmica da dinâmica do planeta
Terra, que surge como única revolução paradigmática do tipo kuhniano consciente de si
mesma. No campo biológico, ele cita a teoria de Gaia para defender a ideia de um novo
olhar sobre o fenômeno precariamente chamado vida na Terra, a partir da concepção de
que a Terra está viva. Cita ainda Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) para afirmar que
ele escreveu seu Contrato Social para regrar as relações políticas entre os seres
humanos, posto que a História continuava cega diante da Natureza. Porém agora os
tempos impõem nova situação de abordagem, numa perspectiva dialógica de história e
natureza como uma visão holística. Uma visão fundada na ideia de que cada espécie
deve limitar seu crescimento populacional o suficiente para permitir que outras formas
de vida coexistam com ela.

Na no final da obra, o autor invoca princípios para defender a tese de que a


sustentabilidade deve levar em conta os princípios retirados dos recentes progressos nos
paradigmas e teorias científicas. Ele ressalta que os princípios filosófico-científicos que
podem compor a base para a construção da sustentabilidade, postos em contingência;
complexidade; sistêmica; recursividade; conjunção; interdisciplinaridade.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
PROGRAMA ESCOLA VERDE
NÚCLEO TEMÁTICO DE EDUCAÇÃO AMBENTAL INTERDISCIPLINAR
PROFESSOR: Paulo Ramos
ALUNO: Demétrio Cardoso da Silva
FICHAMENTO

TRINDADE, Diamantino Fernandes. Interdisciplinaridade: um novo olhar sobre as


ciências. In: FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (Org.). O que é interdisciplinaridade?
São Paulo: Cortez, 2008. p. 65-83.

Na página 65, o autor introduz o texto afirmando que a contextualização sociocultural e


histórica da ciência e tecnologia está associada às ciências humanas e por isso cria
interfaces com as demais áreas do conhecimento. Segundo ele, o caráter interdisciplinar
da história da ciência não elimina o caráter disciplinar do conhecimento científico,
porém o complementa e estimula a percepção entre os fenômenos.

Na página 66, o autor enfatiza que não há intenção de definir o que seja
interdisciplinaridade, mas, segundo ele, refletir sobre preocupações que fazem emergir
uma nova forma de pensar e de agir sobre o mundo. Para ele, o mundo globalizado deve
repensar as reivindicações geradoras do fenômeno interdisciplinar com suas formas de
pensar o ser humano no mundo e as coisas nele efervescência, posto ser uma forma de
resgate do ser humano.

Fazendo citação de Trindade, ele ressalta que a possibilidade de resgate da história do


saber é uma forma de ressignificação humana com foco nas vivencias e experiências
relegadas ao esquecimento, mas que são componentes que habitam a alma de todos do
ser humano.

Na página 67, ele afirma que o fantástico desenvolvimento científico e tecnológico que
atual trouxe preocupante carência de sabedoria e introspecção, por que a ciência
moderna passou a ser considerado mais rigoroso quanto mais restrito seu objeto de
estudo, mais preciso, quanto mais impessoal. Mais adiante, na página 69, ele acentua
que a tecnologia diminuiu tanto as distâncias e o tempo que o mundo passou a ser uma
pequena aldeia.

Na página 72, o autor afirma que a complexidade não traz consigo a ideia de menor
perfeição, nem relaciona ao que é complicado, obscuro ou inexplicável. Segundo ele, a
Complexidade significa o que está ligado, o que está tecido e por isso reconhece a
ordem e a desordem, a eventualidade e a incerteza do conhecimento. Ele ainda ressalta
nas páginas seguintes, que a mudança de pensamento, com o iluminismo, mudou a
concepção do pensamento científico, pondo a fé no modelo científico como a única
verdade.

Na página 77, o autor afirma que no século XVIII, implementou a necessidade de reunir
todo o saber acumulado e como resultado de uma nova ordem econômica, social e
intelectual, foi publicada a Encyclopedie. Segundo ele, em decorrência dos avanços
tecnológicos do século XIX, surgiram novas ciências, novas especializações. Na página
78 ele ressalta que no Brasil a interdisciplinaridade chegou no final dos anos 1960 com
sérias distorções, como se fosse um modismo, uma palavra de ordem a ser explorada,
usada e consumida por aqueles que se lançam ao novo sem avaliar a aventura. Para ele,
compreender o sentido do termo interdisciplinar se faz necessário considerar as
diferentes perspectivas de lógica do sentido, da lógica da funcionalidade e da lógica da
intencionalidade fenomenológica. Neste sentido, a lógica brasileira da intencionalidade
fenomenológica está direcionada para um terceiro elemento do processo didático, que
passa pela mão do professor no seio de sua pessoa e de sua ação. Neste aspecto, a
interdisciplinaridade se volta para o ser humano.

O autor finaliza dizendo que a prática interdisciplinar pressupõe uma desconstrução,


uma ruptura com o tradicional e com o cotidiano tarefeiro escolar. Para o autor, o
professor interdisciplinar percorre as regiões fronteiriças flexíveis onde o "eu" convive
com o "outro" sem

abrir mão de suas características, possibilitando a interdependência, o


compartilhamento, o encontro, o diálogo e as transformações, que é o que caracteriza o
movimento da interdisciplinaridade.

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