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INTRODUÇÃO ÀS NEUROCIÊNCIAS
Encéfalo na Grécia Antiga
Hipócrates: sensações + sede da inteligência
Aristóteles: radiador para resfriar o sangue superaquecido pelo coração
Encéfalo no Império Romano
Galeno: médico dos gladiadores, dissecação de animais. Quatro fluidos (humores); Sensações eram registradas em
movimentos iniciados pelo movimento do humor a partir dos – ou para os – ventrículos cerebrais, através dos
nervos, que se acreditava serem tubulações ocas, como os vasos sanguíneos.
Encéfalo na Renascença
Maior importância à substância cerebral. Substância branca: fibras que levam e trazem a informação para a
substância cinzenta. Divisão do SN em SNC (encéfalo + medula espinal) e SNP (rede de nervos que percorrem o
corpo). Giros, sulcos e lobos. Lobos: especulação que diferentes funções estariam localizadas em diferentes
saliências do cérebro.
O SN possui duas divisões, o SNC e o SNP. O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. As três principais
partes do encéfalo são o cérebro, o cerebelo e o tronco encefálico. O SNP consiste de nervos e células nervosas que se
localizam fora do encéfalo e da medula espinhal.
Século XIX – 4 descobertas-chave:
1) Nervos como fios: nervos conduzem sinais elétricos do e para o encéfalo. Cada fio: filamentos (fibras
nervosas). Nervos: raiz dorsal (sensitiva) e ventral (motora).
2) Localização de funções específicas em diferentes partes do cérebro: frenologia: correlacionar a estrutura da
cabeça com traços da personalidade. Paul Broca: lobo frontal esquerdo = produção da fala.
3) A evolução do sistema nervoso: Darwin: comportamento é um traço herdado, similaridade nas respostas
aos estímulos. Relação de resultados em experimentos em animais com os realizados em humanos
Comparando a especialização de diferentes espécies: partes do encéfalo eram responsáveis por diferentes
funções comportamentais.
4) Neurônio como unidade funcional básica do SN: microscópio mais refinado, teoria celular (Schwann): todos
os tecidos são compostos por células. 1900: a célula nervosa individual (neurônio) foi reconhecida como a
unidade funcional básica do SN.
O cérebro: fissura sagital divide-o em dois hemisférios; o direito recebe sensações e controla movimentos do lado
esquerdo do corpo. O esquerdo está envolvido com as sensações e movimentos do lado direito. (Recebe sensações e
controla o movimento do lado contralateral do corpo).
O cerebelo: é primariamente um centro para o controle do movimento que possui extensivas conexões com o
cérebro e a medula espinhal. O hemisfério cerebelar é concordante ipsilateral à região do corpo.
O tronco encefálico: conjunto complexo de fibras e células, que enviam informação do cérebro à ME e ao cerebelo,
assim como de ambos ao cérebro. Também regula funções vitais (respiração, estado de alerta consciente,
temperatura corporal). Porção mais primitiva e mais importante para a vida. Lesões do tronco encefálico em geral
significam morte rápida. pequenas lesões no tronco levam ao coma por afetar o Sistema Ativador Reticular
Ascendente (SARA). Causam também grandes disfunções hemisféricas.
A medula espinhal: maior condutor de informação da pele, das articulações e dos músculos ao encéfalo, e deste
para a pele, articulações e músculos. Uma transecção da ME resulta em anestesia (perda da sensibilidade) na pele e
paralisia dos músculos em partes do corpo caudais à secção. A ME comunica-se com o corpo pelos nervos espinhais.
SNP Somático
Todos os nervos espinhais que inervam a pele, as articulações e os músculos que estão sob controle voluntário.
Axônios motores somáticos: comandam a contração muscular, originam-se de neurônios motores na ME ventral. Os
somas desses neurônios situam-se dentro do SNC, mas seus axônios estão predominantemente no SNP.
Axônios sensoriais somáticos: inervam e coletam informação da pele, músculos e articulações; entram na ME pelas
raízes dorsais. Os corpos dos neurônios estão fora da ME em gânglios da raiz dorsal. Existe um gânglio da raiz dorsal
para cada nervo espinhal.
SNP Visceral
Sistema nervoso vegetativo, involuntário ou autônomo. Constituído de neurônios que inervam órgãos internos,
vasos sanguíneos e glândulas.
Nervos cranianos
Conexão com o encéfalo. Inervam principalmente a cabeça. A maioria liga-se ao tronco encefálico, com exceção dos I
e II pares (olfatório e óptico), que fazem parte do SNC. Os outros fazem parte do SNP.
Meninges
Não existe espaço entre a dura-máter e a membrana aracnoide, mas pode haver rompimento de vasos sanguíneos
que passam através da dura-máter causando hematomas subdurais. No espaço subaracnoide: LCR.
O sistema ventricular
Líquor: importância imunológica e física para o funcionamento do cérebro. Produzido pelos plexos corióides.
A espinha bífida é uma anormalidade congênita da coluna vertebral que pode se apresentar de formas diferentes.
Pode ser oculta e assintomática (espinha bífida oculta), apresentar as meninges expostas (meningocele) ou, além das
meninges, a medula e as raízes nervosas podem estar expostas (mielomeningocele).
Encefalocele (ou cranium bifidum) é um defeito do tubo neural, doença na qual ocorre a herniação do cérebro e
das meninges por aberturas no crânio. Pode causar deficiências motoras e intelectuais graves, mas é menos
freqüente. O único tratamento efetivo disponível é a cirurgia reparadora.
Sabe-se que níveis apropriados de ácido fólico podem ajudar a prevenir este tipo de malformações antes e durante os
primeiros tempos da gravidez.
Vesículas primárias: prosencéfalo (mais rostral, encéfalo anterior), mesencéfalo e romboencéfalo (ou encéfalo
posterior). O romboencéfalo conecta-se ao tubo neural caudal, o qual origina a medula espinhal.
FIGURA PG 181:
NEUROFISIOLOGIA
Diferenciação do prosencéfalo: surgimento de vesículas secundárias em ambos os lados do prosencéfalo: vesículas
ópticas e vesículas telencefálicas (telencéfalo).
• Diferenciação do telencéfalo e do diencéfalo: as vesículas telencefálicas formam o telencéfalo, que continua
a se desenvolver, situando-se dorsal e lateralmente do diencéfalo (ver figura pg. 182). Os espaços dentro dos
hemisférios cerebrais (que se originaram do telencéfalo) são chamados de ventrículos laterais, e o espaço no
centro do diencéfalo denomina-se terceiro ventrículo.
Diferenciação do mesencéfalo: pouca diferenciação. Tecto e tegmento, com o aqueduto cerebral entre essas duas
regiões.
Relação estrutura x função do mesencéfalo:
• Condução de informação da ME ao prosencéfalo e vice-versa
• Neurônios envolvidos com o sistema sensorial, no controle do movimento e várias outras funções
• Controle voluntário do movimento (trato córtico-espinhal passa pelo mesencéfalo)
• Tecto: diferencia-se nos colículos (movimentos oculares, informações auditivas)
• Tegmento: contém a substância negra e o núcleo rubro: movimento voluntário
• Também está relacionado com o alerta consciente, humor, prazer e dor
Diferenciação da medula espinhal: transformação do tubo neural caudal. Cavidade do tubo neural = canal
ependimário central. Substância cinzenta: corno dorsal, corno ventral e zona intermediária. Substância branca:
colunas dorsais, colunas laterais e colunas ventrais.
Relação estrutura x função da medula espinhal:
• Corno dorsal: recebe aferências sensoriais das fibras da raiz dorsal
• Corno ventral: projetam axônios às raízes ventrais que inervam músculos
• Zona intermediária: interneurônios que modulam eferências motoras em resposta a aferências sensoriais e a
comandos descendentes do encéfalo
• Coluna dorsal: transporta informação da sensibilidade somática (tato) da ME ao encéfalo
• Coluna lateral: axônios que inervam a zona intermediária e o corno ventral; também transporta sinais que
controlam os movimentos voluntários
• A ME é o principal conduto de informação da pele, articulações e músculos até o encéfalo
• Neurônios da substância cinzenta: iniciam a análise da informação sensorial; têm papel decisivo na
coordenação dos movimentos e são capazes de articular reflexos simples
Os corpos celulares dos neurônios corticais estão arranjados em camadas ou lâminas. As camadas neuronais mais
próximas da superfície estão separadas da pia por uma zona escassa em neurônios (camada molecular ou camada I).
Pelo menos uma camada contém células piramidais que emitem dendritos extensos (dendritos apicais) que se
dirigem até a camada I, de onde formam múltiplas ramificações. Córtex cerebral: 6 camadas.
Medialmente ao ventrículo lateral: hipocampo (cavalo marinho) – possui somente três camadas celulares.
Córtex olfativo: 2 ou 3 camadas celulares.
Neocórtex: apresenta muitas camadas celulares. É encontrado somente em mamíferos. Relaciona-se à visão,
audição, sensações somáticas e ao controle dos movimentos voluntários.
ÁREAS DO NEOCÓRTEX
Broadmann: mapa citoarquitetônico do neocórtex (diferenciação do neocórtex em zonas empregando a
citoarquitetura).
Cada área do córtex que tenha uma citoarquitetura em comum possui um número que a identifica. Áreas corticais
diferentes executam funções diferentes.
• Área 17: córtex visual
• Área 4: córtex motor
A DOUTRINA NEURONAL
O progresso da neurociência molecular só foi possível após a invenção do microscópio (séc XVII) e do micrótomo (séc
XIX).
O tecido nervoso tem consistência gelatinosa, pouco firme para que nele se realizem cortes delgados (a consistência
torna difícil fazer uma finíssima fatia do tecido cerebral sem alterar a arquitetura celular).
As pequenas fatias apareciam com uma cor creme no microscópio não havendo diferenças na pigmentação para se
estabelecer a histologia e a individualidade celular.
O endurecimento só foi possível com imersão em formalina (formaldeído), e com a invenção do micrótomo
conseguiu-se obter secções finas (séc. XIX).
Coloração de Nissl: O alemão Franz Nissl através de seu corante pôde mostrar o núcleo de todas as células e um
material denso ao seu redor (corpúsculo de Nissl = material agrupado que rodeia o núcleo dos neurônios).
• Pode-se com essa técnica diferenciar neurônios de células gliais
• Permite estudar a citoarquitetura de neurônios em diferentes partes do encéfalo
A coloração de Golgi
A coloração de Nissl não mostra toda a realidade. Golgi = solução de cromato de prata (procedimento Golgi). Revelou
que o soma neuronal (a região ao redor do núcleo que é observada com a técnica Nissl) na realidade é somente uma
pequena fração do total da estrutura do neurônio. O método Golgi mostrou que:
• Os neurônios têm pelo menos duas partes distinguíveis: uma região central (soma, corpo ou pericárdio, que
contém o núcleo) e numerosos tubos finos que dali irradiam (neuritos, podendo ser de 2 tipos: axônios ou
dendritos).
• A maioria das células tem um diâmetro que varia de 0,01 a 0,05 mm
Axônios: cada neurônio dá origem a um único axônio. Possuem diâmetro uniforme e podem percorrer grandes
distâncias no corpo. Levam o sinal.
Dendritos: raramente se estendem mais que 2 mm, entram em contato com muitos axônios. Recebem o sinal
(antenas do neurônio).
Cajal: Cajal utilizou a técnica de Golgi. Golgi defendeu o ponto de vista de que os processos ou neuritos de diferentes
células estavam fundidos uns aos outros, formando um retículo/rede contínuo (como artérias e veias) = teoria
reticulista. Cajal defendeu que os processos dos neurônios não possuíam continuidade entre si, e deveriam se
comunicar por algum tipo de contato descontínuo doutrina neuronal – comprovada com o microscópio eletrônico
em 1950.
Doutrina do neurônio: Os prolongamentos (neuritos) de diferentes neurônios não possuem continuidade entre si, e
se comunicam por contato.
O NEURÔNIO
Neurônio = soma + dendritos e axônio + membrana neuronal
Membrana neuronal:
• Barreira que envolve o citoplasma dentro do neurônio
• Possui espessura de 5nm e contém proteínas
• Algumas proteínas bombeiam substâncias de dentro para fora; outras formam poros que regulam a entrada
de substâncias
• As proteínas que compõem a membrana variam dependendo da região do neurônio.
Citoesqueleto
O citoesqueleto é o esqueleto interno do neurônio que sustenta a membrana plasmática e mantém o formato
característico do neurônio. O citoesqueleto está em constante movimento.
“Ossos do citoesqueleto” microtúbulos, microfilamentos e neurofilamentos sua disposição proporciona o
formato característico dos neurônios.
• Microtúbulos: semelhantes a canos cujas paredes são formadas por pequenos cordões de proteínas
chamadas de TUBULINA (polímeros de tubulina), que estão em constante processo de polimerização e
despolimerização para manter a forma do neurônio e principalmente as neurites. Estes processos são
regulados pelas MAPs (proteínas associadas aos microtúbulos). Alterações patológicas das MAPs dos
axônios, chamadas de proteínas tau, têm sido relacionadas à demência que acompanha a doença de
Alzheimer.
• Microfilamentos: são encontrados especialmente nas neurites. São formados por cordões proteicos
constantemente polimerizados pela proteína ACTINA (polímero de actina).
• Neurofilamentos: é o filamento de tamanho intermediário do citoesqueleto. No cabelo é chamado de
queratina. É formado por 3 fios de proteínas fazendo do neurofilamento uma estrutura mecânica muito
resistente.
O AXÔNIO
• Exclusivo dos neurônios
• Transferência de informação – impulsos nervosos (através de sinapses)
• Diferentemente do soma, não possui RER e possui poucos ribossomos – não há síntese proteica nos axônios!
• Especializado em comunicação
• Composição proteica da membrana do axônio difere da composição do soma
• Produz energia (possui mitocôndrias)
• O impulso nervoso (sinal elétrico ao longo do axônio) varia conforme o diâmetro do axônio: quanto mais fino
mais rápido o impulso trafega.
Axônio terminal
• É o término do axônio, local onde este entra em contato com outros neurônios e passa informações
• Este ponto de contato é chamado de SINAPSE
• Alguns axônios possuem muitos ramos terminais cada qual formando uma sinapse com dendritos ou soma
na mesma região – coletivamente são chamados de “arbor terminal”
• Alguns axônios formam sinapse em regiões dilatadas chamadas de “boutons em passant” e continuam até
terminar em outro lugar
• Outros axônios fazem sinapses com células não nervosas promovendo sua inervação.
O citoplasma do terminal axonal difere daquele do restante do axônio:
1) Microtúbulos do axônio não se estendem ao terminal sináptico
2) O terminal sináptico contém numerosos glóbulos membranosos, chamados vesículas sinápticas (50 nm de
diâmetro)
NEUROFISIOLOGIA
3) A superfície interna da membrana da sinapse apresenta um revestimento particularmente denso de
proteínas
4) Apresenta numerosas mitocôndrias, indicando uma alta demanda de energia no local.
SINAPSES
A informação é transferida de um neurônio para outro através da sinapse. A sinapse tem dois lados: o pré e o pós-
sináptico. O lado pré-sináptico geralmente consiste de um axônio terminal, enquanto o pós sináptico pode ser o
dendrito ou o soma de outro neurônio.
Fenda sináptica: espaço entre as membranas pré e pós sinápticas.
Transmissão sináptica: transferência de informação através de uma sinapse, de um neurônio para outro.
Na maioria da sinapses, a informação que viaja na forma de impulsos elétricos ao longo de um axônio é convertida,
no terminal axonal, em um sinal químico que atravessa a fenda sináptica. Na membrana pós-sináptica, esse sinal
químico é convertido novamente em um sinal elétrico. O sinal químico é chamado de neurotransmissor, sendo
armazenado nas vesículas sinápticas dentro do terminal axonal e liberado na fenda sináptica.
A sinapse também é o local de ação para o gás dos nervos e para a maioria das drogas psicoativas.
Transporte axoplásmico
• August Waller, no séc XIX, demonstrou que o axônio não podia sobreviver separado do soma, sofrendo uma
degeneração chamada walleriana
• A degeneração walleriana ocorre porque o movimento de material do soma para o axônio é interrompido
• Esse movimento de material é chamado de transporte axoplásmico
• A velocidade de transporte é de aproximadamente 1000 mm por dia
• Transporte anterógrado: quando a transmissão se dá da soma para o axônio. Proteína: cinesina
• Transporte retrógrado: quando a transmissão se dá do axônio para a soma. Proteína: dineína
Herpes labial: movimento anterógrado. Gânglio sensitivo (gânglio do trigêmeo): o vírus penetra nos terminais
axonais dos lábios e é transportado para o soma, onde fica até que um estresse desencadeie sua manifestação, e
dessa forma ele retorna à terminação nervosa.
DENDRITOS
São considerados as antenas dos neurônios. Derivado da palavra grega para árvore.
Os dendritos de um neurônio são chamados coletivamente de árvore dentrítica (ramos dendríticos). São cobertos
por milhares de sinapses. Quanto mais sinapses houver na célula, mais produtiva ela é.
A membrana dendrítica relacionada com as sinapses (membrana pós sináptica) apresenta muitos receptores,
especializados na detecção dos neurotransmissores na fenda sináptica.
AS CÉLULAS DA GLIA
A glia contribui para a atividade cerebral principalmente dando suporte às funções neuronais.
Tumores cerebrais: geralmente células da glia que se reproduzem.
Astrócitos:
• São as células mais numerosas da glia, protegem o soma
• “soldados químicos” – proteção contra acúmulo de substâncias nocivas
• Preenchem os espaços entre os neurônios, regulam o crescimento neuronal
• Regulam o conteúdo químico do espaço extracelular
• Influenciam o crescimento dos neuritos
• Regulam a concentração de várias substâncias no espaço extracelular
• Removem neurotransmissores da fenda sináptica (reciclagem)
Células ependimais: atapetam os ventrículos e direcionam a migração celular durante o desenvolvimento encefálico.
Vem do endoderme.
Microglia: “macrófagos” do sistema nervoso, removem os fragmentos celulares. Defesa (origem sanguínea). Vem do
mesoderme.
Células endoteliais: vascularização encefálica
Glia formadora de mielina (glia mielinizante): células que formam as camadas de membrana que fazem o
isolamento elétrico dos axônios.
• Oligodendrócitos: produzem a membrana que isola os axônios do SNC e mielinizam diversos axônios
• Células de Schwann: são encontradas no SNP e mielinizam somente um axônio
A bainha de mielina é periodicamente interrompida, deixando a descoberto pequenos trechos de axônio onde a
membrana axonal está exposta. Cada uma dessas regiões é chamada de nodo de Ranvier.
NEUROFISIOLOGIA
A MEMBRANA NEURONAL EM REPOUSO
O sistema nervoso deve coletar, distribuir e integrar informações.
A carga elétrica no citosol do axônio é transportada por átomos eletricamente carregados (íons), sendo o citosol um
meio pouco condutivo. Além do axônio não ser bem isolado, ele é banhado em fluido extracelular salino, que conduz
eletricidade. No entanto, a membrana do axônio tem propriedades que lhe permitem conduzir um tipo de sinal
especial – o impulso nervoso ou potencial de ação – que supera tais limitações biológicas.
Os potenciais de ação não diminuem com a distância; eles são sinais de tamanho e duração fixas.
A informação está codificada na frequência dos potenciais de ação de neurônios individuais, bem como na
distribuição e número de neurônios disparando potenciais de ação em um dado nervo.
Células capazes de gerar e conduzir potenciais de ação, que incluem tanto células nervosas quanto musculares, são
conhecidas por possuírem uma membrana excitável. A “ação” em potenciais de ação ocorre na membrana celular.
Quando uma célula como membrana excitável não está gerando impulsos, diz-se que ela está em repouso.
No neurônio em repouso, o citosol na região da superfície interna da membrana possui uma carga elétrica negativa,
comparada com a carga externa.
O potencial de repouso da membrana é a diferença na carga elétrica através da membrana (-70mV).
70% da energia gasta é para o repouso (a espera da mensagem que levará ao impulso).
O potencial de ação é simplesmente uma breve inversão dessa condição e, por um instante – de aproximadamente
um milésimo de segundo – o interior da membrana torna-se positivamente carregado em relação ao exterior.
3) As proteínas de membrana:
Os potenciais de repouso e de ação são dependentes de proteínas especiais que atravessam a bicamada lipídica. Tais
proteínas fornecem caminhos para os íons cruzarem a membrana neuronal.
Síntese de proteínas: aminoácidos são montados em uma cadeia conectada por ligações peptídicas; as proteínas
formadas de uma única cadeia de aminoácidos são também chamadas de polipeptídios.
Quatro níveis de estrutura proteica:
Primária: cadeia de polipeptídios ligados através de ligações peptídicas.
Secundária: alfa-hélice, beta-pregueada
Terciária: globular
Quaternária: união de diferentes cadeias polipeptídicas formando subunidades
Canais proteicos: proteínas de formato cilíndrico suspensas na bicamada lipídica (atravessam a membrana).
Canais iônicos: são formados pelos canais proteicos, 4 a 6 moléculas proteicas similares juntas, formando um poro
entre elas. Possuem seletividade iônica (pelo diâmetro do poro e a natureza dos grupos R que o revestem).
NEUROFISIOLOGIA
A MEMBRANA NEURONAL EM REPOUSO – O movimento de íons através da membrana
A difusão
Íons e moléculas dissolvidos na água estão em constante movimento, e tendem a se distribuir igualmente através da
solução. Apesar de os íons normalmente não passarem diretamente através da bicamada fosfolipídica, a difusão faz
com que eles sejam forçados através dos canais iônicos de membrana. A diferença de concentração é um Gradiente
de concentração. A difusão ocorre a favor deste gradiente (íons fluem a favor do gradiente de concentração); na
busca do equilíbrio.
Potencial de equilíbrio o estado de equilíbrio e alcançado quando as forças de difusão e eletricidade são iguais e
opostas, e o movimento das partículas através da membrana não ocorre.
Eletricidade
Além da difusão a favor do gradiente de concentração, induz-se o movimento direcionado de íons em uma solução
através de um campo elétrico, uma vez que íons são partículas eletricamente carregadas.
Carga elétrica propriedade intrínseca da matéria, manifestando-se como forças de atração e repulsão.
Carga elétrica positiva: prótons (fixos no núcleo). Carga elétrica negativa: elétrons (móveis em órbitas). Unidade de
carga: Coulomb (C).
Campo elétrico área de influência de uma carga elétrica no espaço a sua volta. Centro: polo. Diretamente
proporcional à intensidade das cargas elétricas; inversamente proporcional à distância das cargas.
Potencial elétrico: energia potencial acumulada em um determinado ponto do campo elétrico. Inversamente
proporcional à distância entre as cargas; medido em volts (V), pode ser positivo ou negativo.
Diferencial de potencial elétrico as cargas elétricas sempre se deslocam do ponto de potencial elétrico mais
intenso para o menos intenso. A diferença de voltagem é que permite a realização de um trabalho elétrico (uma
carga percorre dois pontos com diferentes potenciais elétricos).
Resistência elétrica dificuldade que os elétrons encontram para percorrer um circuito. Depende do tipo de
material (isolante = alta resistência; condutor = baixa resistência). Depende do seu formato (quanto maior o
diâmetro e maior o comprimento, maior é a resistência). Medida em Ohms.
O movimento de íons: íons podem cruzar a membrana somente pelos canais proteicos que são altamente seletivos
para íons específicos. Depende:
NEUROFISIOLOGIA
• Do gradiente de concentração através da membrana
• Da diferença de potencial elétrico através da membrana.
Bombas iônicas: proteínas que usam a energia liberada pela quebra de ATP para transportar certos íons através da
membrana (contra um gradiente de concentração) – gasto de ATP.
Bomba de cálcio; bombas de sódio e potássio
O potencial de repouso da membrana é a diferença de carga elétrica (a voltagem) através da membrana neuronal a
qualquer momento. Aproximadamente -70mV. Depende das concentrações iônicas nos dois lados da membrana.
O POTENCIAL DE MEMBRANA
Canais de potássio na bicamada lipídica: íons K+ passam para fora da célula pelos canais, a favor do gradiente de
concentração, deixando o seu interior com carga líquida negativa. Cada vez mais essa carga vai ficando negativa e a
força elétrica começa a atrair os íons K+ de volta ao interior da célula. Quando uma determinada diferença de
potencial é atingida, a força elétrica que atrai os íons ao interior é exatamente contrabalançada pela força de difusão
que os colocam para fora. Então:
Estado de equilíbrio: quando as forças de difusão e elétrica são iguais e opostas, cessando o movimento líquido de
K+ através da membrana.
Potencial de equilíbrio: é a diferença de potencial elétrico que contrabalança exatamente um gradiente de
concentração iônico. (No caso -80mV).
Injeções de KCL:
Um aumento de 10 vezes no K+ extracelular elimina o potencial de repouso. Embora os neurônios do encéfalo sejam
parcialmente protegidos de grandes alterações na concentração de potássio, outras células excitáveis do corpo,
como por exemplo as células musculares, não o são. Sem os potenciais de repouso negativos, as células musculares
cardíacas não podem mais gerar os impulsos que causam contração, e o coração imediatamente para de bater.
NEUROFISIOLOGIA
O POTENCIAL DE AÇÃO
Potencial de ação / spike / impulso nervoso / descarga elétrica
gasto dos outros 30% de ATP (energia)
A FÍSICA E O CÉREBRO
Hermann von Helmholtz, séc XIX: os axônios das células nervosas geram eletricidade como um meio de produzir
mensagens que são transportadas por toda a sua extensão (“fios elétricos”). O potencial de repouso da membrana
calculado a partir do ENa (62mV) e do EK (-80mV) pela equação de Goldman tem como resultado -65mV.
Fio de cobre: sinal elétrico conduzido na velocidade próxima à da luz. Entretanto a força do sinal se deteriora ao
longo de grandes distâncias, pois é propagada passivamente.
Se um axônio dependesse de propagação passiva, um sinal proveniente de um nervo eu terminasse na pele do nosso
dedão do pé se extinguiria antes de alcançar nosso cérebro!
Os axônios conduzem a eletricidade muito mais lentamente, mas não perdem a força à medida que se propagam.
propagação ativa, possibilitando a manutenção da intensidade do sinal.
Obs: Limiar é o potencial de membrana no qual um número suficiente de canais de sódio dependentes de
voltagem abrem-se de forma que a permeabilidade iônica relativa da membrana favorece o sódio sobre o potássio.
A despolarização é causada pela entrada de Na+ através de canais iônicos especializados sensíveis à distensão da
membrana, ativados pelos neurotransmissores ou pela injeção de uma corrente elétrica.
A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito até que se cruze o limiar, e
então surja um potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os potenciais de ação são “tudo-ou-nada”.
Uma vez atingido o limiar, todo o processo de despolarização da membrana vai acontecer, e da mesma forma!!!
A despolarização da célula através do potencial de ação é provocada pelo influxo (entrada) de íons de Na+ (sódio)
através da membrana; e a repolarização é provocada pelo efluxo (saída) de K+ (potássio).
• Se a corrente injetada não despolariza a membrana até o limiar, não há geração de potencial de ação.
• Se a corrente injetada despolariza a membrana além do limiar, potenciais de ação serão gerados
• A frequência de disparo do potencial de ação aumenta à medida que a corrente despolarizante aumenta.
(ver figura pg. 78)
A REPOLARIZAÇÃO É CAUSADA PELA INATIVAÇÃO DOS CANAIS DE SÓDIO E EFLUXO (SAÍDA) DOS ÍONS K+.
Período refratário equilíbrio não consegue receber impulso (não responde) – até reestabelecer o potencial de
repouso.
A mutação de um aminoácido na parte externa de um CNaVD pode causar epilepsia generalizada com convulsão
febril.
Baiacu: TTX (tetrodotoxin) – obstrui todos os poros permeáveis do Na+ ao se ligar na parte externa do canal,
bloqueando todos os potenciais de ação.
Observações:
Rivotril aumenta o limiar de despolarização (fica menos negativo), sendo mais difícil de alcança-lo e desencadear o
potencial de ação.
Cafeína diminui o limiar de despolarização (fica mais fácil despolarizar, desencadeando o potencial de ação).
RESUMINDO:
Limiar: potencial de membrana no qual um número suficiente de canais de sódio dependentes de voltagem abrem-
se de forma que a permeabilidade iônica relativa da membrana favorece o sódio sobre o potássio.
Fase ascendente (despolarização): CNaVP se abrem e íons Na+ entram na célula deixando-a mais positiva.
Fase descendente (repolarização): CNaVP são inativados, e os canais de potássio dependentes de voltagem
terminam de se abrir: K+ sai da célula, tornando o potencial de membrana novamente negativo.
Pós-hiperpolarização: o potencial de membrana permanece hiperpolarizado até que os CKVD sejam fechados.
Período refratário: os canais de sódio são inativados e não podem ser ativados novamente: outro potencial de ação
não pode ser gerado nesse período, até que os canais de membrana estejam suficientemente negativos para
reengatilhar os canais.
NEUROFISIOLOGIA
A CONDUÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO AO LONGO DO AXÔNIO
Para transferir informação de um ponto a outro no sistema nervoso é necessário que o potencial de ação, uma vez
gerado, seja conduzido ao longo do axônio.
Esta condução é semelhante à propagação da chama ao longo de um pavio, apenas se propaga em um sentido – ele
não volta pelo caminho já percorrido.
Quando o axônio está suficientemente despolarizado para atingir o limiar, canais de sódio dependentes de voltagem
abrem-se e o potencial de ação é iniciado. O influxo (entrada) de carga positiva despolariza o segmento de
membrana imediatamente à frente, até que ele alcance o limiar e gere seu próprio potencial de ação.
Dessa forma, o potencial de ação faz seu caminho ao longo do axônio até alcançar o terminal axonal, assim iniciando
a transmissão sináptica.
No final do séc XIX foi reconhecida a transferência de informações de um neurônio a outro em locais especializados.
Em 1897 o fisiologista inglês Charles Sherrington nomeou esses locais de sinapses.
A natureza física das transmissões sinápticas foi proposta há quase um século:
• Em 1921 o austríaco Otto Loewi provou a existência das sinapses químicas ao estimular eletricamente um
axônio que inervava o coração de um sapo
• Em 1951 provou-se a existência de sinapses químicas e que estas são a maioria das sinapses do cérebro
• Em 1959 foi provada a existência das sinapses elétricas.
SINAPSES
Sinapses são junções especializadas onde parte de um neurônio se comunica com outro ou outra célula. As
informações tendem a fluir em uma direção do neurônio para a célula alvo. O fluxo é do terminal axonal (pré-
sináptico) ao neurônio-alvo (pós-sináptico).
Estudo das sinapses: compreensão das ações das drogas psicoativas / causas dos transtornos mentais / bases neurais
do aprendizado, memória / comportamento
SINAPSES ELÉTRICAS
São particularmente comuns durante o desenvolvimento embrionário.
Gap junctions junções pré e pós sinápticas (3mm); também conectam celulas não neuronais como as musculares,
epiteliais, hepáticas e glandulares.
As sinapses elétricas são bidirecionais: a corrente iônica passa em ambos os sentidos (diferente das químicas, que
são unidirecionais).
Um potencial de ação no neurônio pré-sináptico pode produzir quase que instantaneamente um potencial de ação
no neurônio pós-sináptico potencial de ação rápido e infalível.
Potenciais pós-sinápticos (PPS) que se somam (sinapses múltiplas): desencadeiam um potencial de ação na célula
pós-sináptica. Apenas um PPS não é o bastante para gerar um potencial de ação.
As sinapses elétricas estão presentes na embriogênese – coordenação do crescimento e maturação.
Sinapses do SNC:
Axodendríticas (são as mais comuns); axosomáticas e axoaxônicas.
Sinapses do tipo I de Gray: a diferenciação na região pós-sináptica é mais espessa do que na pré-sináptica. São
excitatórias.
Sinapses do tipo II de Gray: as diferenciações têm espessuras similares. São inibitórias.
SINAPSES QUÍMICAS
A maioria das transmissões sinápticas no sistema nervoso humano maduro se dá por sinapses químicas.
Fenda sináptica: preenchida por matriz extracelular de proteínas fibrosas mantendo adesão entre as membranas pré
e pós-sinápticas.
Terminal axonal: possui vesículas e grânulos secretores armazenam neurotransmissores.
Zonas ativas: sítios de liberação dos neurotransmissores.
JUNÇÃO NEUROMOSCULAR
Junções sinápticas também existem fora do SNC. Junções neuromusculares são sinapses químicas entre o neurônio
motor da medula espinhal e o músculo esquelético.
É rápida e infalível; e também uma das maiores sinapses do corpo. O terminal pré-sináptico contém um grande
número de zonas ativas. A membrana pós-sináptica (também chamada de placa motora terminal) contém uma série
de dobras na superfície, com alta densidade de receptores para neurotransmissores.
NEUROFISIOLOGIA
PRINCÍPIOS DA TRANSMISSÃO SINÁPTICA QUÍMICA
1) Síntese de neurotransmissor
2) Armazenamento dentro das vesículas
3) Mecanismo responsável pela ruptura das vesículas
4) Mecanismo que produz a resposta química ou elétrica da membrana pós-sináptica quando esta entra em
contato com o neurotransmissor
5) Mecanismo que remove o transmissor da fenda sináptica
Obs: aminoácidos estão presentes em grânulos secretores; enquanto que as vesículas sinápticas contêm peptídios e
aminas.
A transmissão sináptica rápida na maioria das sinapses do SNC é mediada pelos aminoácidos Glu, GABA e Gli.
A amina acetilcolina (ACo) medeia a transmissão sináptica rápida em todas as junções neuromusculares.
As formas mais lentas de transmissão sinápticas do SNC e na periferia são mediadas por NT de todas as 3 categorias.
Uma vez sintetizados, os NT devem ser levados para as vesículas sinápticas (papel realizado por transportadores:
proteínas especiais embutidas na membrana vesicular).
Endocitose: recuperação da membrana vesicular; a vesícula reciclada é então recarregada com o neurotransmissor.
Snare: proteínas que fazem ligação e fusão específicas de membranas (“atracam as vesículas”).
BOTULISMO: doença neuroparalítica grave (Clostridium botuinum: bactéria anaeróbia obrigatória, gram+,
encontrada no solo).
Toxina butolínica bloqueadora da transmissão neuromuscular:
• Enzimas que destroem as proteínas SNARE no terminal pré-sináptico, impedindo a exocitose das vesículas
sinápticas!!!
• 10 moléculas bloqueiam uma sinapse colinérgica
• Incubação: 18-36 horas
• Quanto menor o período de incubação, mais grave a doença
• Primeiros sintomas: diplopia, boca seca, disfagia, náusea, vômitos
• Seguido por paralisia motora descendente
NEUROFISIOLOGIA
• Óbito por paralisia bulbar ou complicações respiratórias
• Tratamento suporte ventilatório, lavagem gástrica, laxantes e enemas, antitoxina trivalente EV.
O mesmo neurotransmissor pode ter diferentes ações pós-sinápticas dependendo de qual receptor se liga.
Na ausência de NT, o poro do receptor está fechado.
Canais iônicos ativados por NT não mostram o mesmo grau de seletividade iônica dos canais iônicos dependentes de
voltagem.
Contudo, via de regra, se os canais iônicos abertos forem permeáveis ao Na+, o efeito resultante será a
despolarização da membrana da célula pós-sináptica que deixa de estar no potencial de repouso. Uma vez que o NT
tende a levar o potencial de membrana até o limiar, capaz de gerar o potencial de ação, o efeito é dito EXCITATÓRIO.
Canais iônicos permeáveis a Na+ e K+ transmissão excitatória com entrada de Na+ e despolarização da
membrana.
PEPS (Potencial excitatório pós-sináptico): despolarização transitória da membrana pós-sináptica causada por uma
liberação pré-sináptica de neurotransmissores.
Se os canais iônicos abertos por neurotransmissores são permeáveis ao Cl-, o efeito resultante será a
hiperpolarização da membrana da célula pós-sináptica a partir do potencial de repouso.
Como o neurotransmissor tende a afastar o potencial de membrana do limiar de geração do potencial de ação, este
efeito é dito INIBITÓRIO.
PIPS (Potencial inibitório pós-sináptico): é uma hiperpolarização transitória do potencial de membrana pós-sináptico
causado pela liberação pré-sináptica de neurotransmissores.
A ativação sináptica de canais iônicos abertos por glicina ou GABA causam um PIPS.
Resumindo:
• Entrou Cl- por um canal de Cl- ficou hiperpolarizado (mais negativo): ação inibitória
• Entrou Na+; com descarga suficiente pode atingir o limiar capaz de gerar o potencial de ação: ação
excitatória.
• Álcool: ação inibitória.
A transmissão sináptica química rápida é mediada por neurotransmissores aminoácidos e aminas agindo em canais
iônicos ativados por esses neurotransmissores. Entretanto, todos os três tipos de neurotransmissores, agindo sobre
receptores acoplados a proteínas G, podem ter ações pós-sinápticas mais lentas, mais duradouras e mais
diversificadas.
Pelo fato de desencadearem efeitos metabólicos, os receptores de proteínas G são chamados de receptores
metabotrópicos.
NEUROFARMACOLOGIA
(Estudo dos efeitos das drogas no tecido nervoso)
Drogas inibidoras: interferem com a transmissão sináptica. Ex: gases químicos.
Essas drogas inibem a função normal de proteínas específicas envolvidas na transmissão sináptica.
Drogas antagonistas de receptores: são drogas que bloqueiam o receptor (ex: curare veneno usado em flechas de
indígenas. O curare liga-se firmemente aos receptores de acetilcolina nas células musculares e bloqueia a ação da
acetilcolina, impedindo a contração muscular – paralisia das presas).
Drogas agonistas de receptores: drogas que mimetizam a ação dos neurotransmissores ao ligar-se ao seu receptor.
Ex: nicotina.
Somatório dos PEPS: A maioria dos neurônios atua como um computador sofisticado, requerendo que muitos PEPS
juntos produzam uma significante despolarização da célula pós-sináptica (é necessário integrar muitos PEPS).
NEUROFISIOLOGIA
Há dois tipos de somatório (formas de integração sinápticas):
1) Somatória espacial consiste em adicionar PEPSs gerados simultaneamente em muitas sinapses em um
dendrito.
2) Somatória temporal consiste em adicionar PEPSs gerados na mesma sinapse e que ocorram em uma
rápida sucessão, dentro de intervalos de 1 a 15 ms.
INIBIÇÃO SINÁPTICA
A ação de algumas sinapses pode afastar o potencial de membrana do limiar de potencial de ação – essas são
chamadas sinapses inibitórias.
Seus receptores são canais iônicos dependentes de transmissores (GABA, glicina). A maioria desses canais são
permeáveis somente ao íon cloro.
Inibição por derivação: quando a sinapse age como um circuito de derivação elétrico, que é como um desvio que
impede que a corrente flua do corpo celular ao cone de implantação axonal.
A ação inibitória das sinapses também contribui para a integração sináptica. Os PIPSs podem ser subtraídos dos
PEPSs, diminuindo a probabilidade de os neurônios pós-sinápticos dispararem o potencial de ação.
Modulação sináptica
Muitas sinapses com receptores acoplados a proteínas G não estão associadas com canais iônicos. A ativação
sináptica de tais receptores não evoca diretamente PEPSs e PIPSs, mas, em vez disso, modificam a efetividade de
PEPSs gerados por outras sinapses, empregando canais iônicos dependentes de voltagem.
Esse tipo de efeito sobre a transmissão sináptica é denominado modulação.
NEUROFISIOLOGIA
SISTEMAS DE NEUROTRANSMISSORES
Pensamento: apenas uma reação química
HISTÓRICO
Tudo começou com um sonho nos estudos de Otto Loewe em 1920 com a Acetilcolina. Henry Dale introduziu o
termo “colinérgico”, logo “noradrenérgico”; e em 1936 érgico”; e em 1936 dividiu com Loewe o Prêmio Nobel de
Fisiologia e Medicina.
Uma vez que o candidato a neurotransmissor é sintetizado e localizado no terminal pré-sináptico, devemos mostrar
que ele é liberado por uma estimulação.
Com a despolarização deve haver:
1) Influxo de cálcio no terminal pré-sinápitco
2) Liberação de neurotransmissor na fenda
Estabelecer que uma molécula é sintetizada e liberada por um neurônio não é suficiente para qualifica-la como
neurotransmissor. Ela deve evocar a mesma resposta no neurônio pós-sináptico assim como o neurotransmissor
liberado na fenda pré-sináptica.
ESTUDANDO RECEPTORES
Cada neurotransmissor exerce um efeito pós-sináptico ao se ligar a um receptor específico.
Como regra, dois neurotransmissores diferentes não se ligam ao mesmo receptor.
Entretanto, um mesmo neurotransmissor pode se ligar a diferentes receptores, que são chamados de subtipos de
receptores (receptores colinérgicos: receptores nicotínicos e muscarínicos).
Análise neurofrmacológica
Muito do que nós sabemos sobre subtipos de receptores foi aprendida ela análise neurofarmacológica. Exemplo:
músculo cardíaco e estriado respondem diferentemente a várias drogas colinérgicas.
A nicotina derivada do tabaco é agonista do receptor colinérgico no músculo esquelético, mas não exerce efeito no
coração. A muscarina, derivada de um veneno do cogumelo é agonista do receptor colinérgico no coração, mas não
tem efeito no músculo esquelético.
Receptores nicotínicos e muscarínicos também existem no cérebro.
Diferentes drogas são usadas também para distinguir vários subtipos de receptores glutamatérgicos: AMPA, NMDA e
cainato.
Método ligante-ligação
• Isolar um receptor de neurotransmissor e determinar sua estrutura química;
• Mapear anatomicamente a distribuição de diferentes receptores de neurotransmissores no cérebro.
Qualquer composto químico (neurotransmissor) que se ligue a um sítio específico em um receptor é denominado um
ligante deste receptor: agonista / antagonista / o próprio neurotransmissor
Embora haja diferentes receptores de neurotransmissores, eles podem ser classificados em dois tipos:
1) Canais iônicos dependentes de transmissores
2) Receptores acoplados à proteína G
NEURÔNIOS COLINÉRGICOS
A acetilcolina (ACo) é o neurotransmissor da junção neuromuscular. É sintetizada por todos os neurônios motores na
medula espinhal e tronco encefálico.
Colina acetil transferase (CoAT) enzima necessária para síntese de ACo no terminal axonal; produzida no soma.
• Acetil + colina
A acetilcolinesterase (ACoE) na fenda sináptica quebra a ACo em colina e ácido acético.
A colina é recaptada pelo terminal axonal e reutilizada na síntese de ACo.
1960 – SNC
Estruturas (ACo): corpo estriado, coluna colinérgica rostral do prosencéfalo basal, córtex cerebral, habênula,
hipotálamo, sistema visual, mesencéfalo, formação reticular da ponte e medula espinal.
Movimento muscular / comportamento observável / funções corticais superiores como atenção, percepção,
memória e consciência.
(Doença de Alzheimer)
NEURÔNIOS CATECOLAMINÉRGICOS
Neurotransmissores catecolaminérgicos:
O aminoácido TIROSINA é precursor de três neurotransmissores (as catecolaminas):
• Dopamina (DA)
• Noradrenalina (NA) ou norepinefrina
• Adrenalina ou epinefrina
O sistema catecolaminérgico não possui uma enzima para rápida degradação extra-celular como a AChE. Elas
retornam para o neurônio pré-sináptico via transporte dependente de Na (MAO) – que também degrada os
neurônios serotoninérgicos.
Ex: anfetaminas e cocaína (IMAO – inibidores da monoamina oxidase) bloqueiam o retorno da catecolamina na fenda
sináptica, prolongando a ação dos neurotransmissores.
Dentro do axônio terminal a catecolamina pode ser rearmazenada nas vesículas ou destruída pela ação das
monoamina oxidase (MAO).
NEURÔNIOS SEROTONINÉRGICOS
Serotonina ou 6-HT (5-hidroxitriptamina).
Regulam o humor, o comportamento emocional e o sono.
A síntese de 5-HT é limitada pela disponibilidade do aminoácido TRIPTOFANO no fluido extracelular, que por sua vez
provém da dieta (grãos, carne, laticínios).
NEUROFISIOLOGIA
Ocorre recaptação da serotonina da fenda para o terminal axonal; onde é transportada para a vesícula sináptica ou
degradada pela MAO.
Antidepressivos tricíclicos: atuam em 3 vias (serotonina, catecolamina e acetilcolina); agem fazendo com que a
substância fique mais tempo na fenda sináptica.
Prozac inibidor seletivo da recaptação da serotonina.
NEURÔNIOS AMINOACIDÉRGICOS
Glutamato (Glu), glicina (Gly), e ácido gama-aminobutírico (GABA).
O Glu e a Gly são sintetizados a partir da glicose e outros precursores. São aminoácidos presentes em todos os
neurônios.
O GABA é produzido a partir do glutamato através da enzima glutamato descarboxilase (GAD).
Enquanto o glutamato é o principal NT excitatório, o GABA é o principal NT inibitório do SN!
Sua ação termina com a recaptação para o terminal pré-sináptico e glial por transportadores dependentes de Na+,
onde o GABA é metabolizado pela GABA transaminase.
OUTROS NEUROTRANSMISSORES
ATP:
• É liberado na fenda sináptica por estímulos pré-sinápticos dependentes de Ca++
• Se liga nos receptores purinérgicos: canais iônicos (normalmente cátions) e acoplados à proteína G
• Frequentemente empacotado em vesículas com outros neurotransmissores (catecolaminas), atuando como
co-transmissor
• Excita diretamente os neurônios pela abertura de canais para cátions e funciona como neurotransmissor
excitatório.
ÓXIDO NÍTRICO
• Neurotransmissor gasoso
• Mensageiro RETRÓGRADO
• Regulação do fluxo sanguíneo, relaxa a musculatura lisa dos vasos sanguíneos
NEUROFISIOLOGIA
CANNABIS SATIVA (cânhamo)
• Planta fibrosa usada na fabricação de cordas e tecidos
• Atualmente, mais utilizado como entorpecente – maconha ou haxixe
• Em estudo para fins terapêuticos
• USA-CA: uso sob prescrição médica
Doses reduzidas euforia, relaxamento muscular, alteração da percepção, redução da dor, riso e loquacidade,
fome, confusão mental, redução na capacidade de resolução de problemas, na memória de curta duração e
desempenho psicomotor.
Altas doses alucinações e mudanças de personalidade.
Desde o início, os organismos flutuavam ou nadavam em água contendo substâncias químicas que sinalizavam
comida, veneno ou sexo (a sensação química é o mais primitivo dos sentidos).
Quimiorreceptores (células quimicamente sensíveis): o mecanismo de sensações químicas evolui servindo de base
para a comunicação entre células e organismos.
Gustação e olfação: têm tarefas similares e por meio de ambos o sistema nervoso percebe o sabor: detectam
substâncias químicas externas.
A gustação e a olfação possuem conexões fortes e diretas com a maioria de nossas necessidades mais básicas: fome,
raiva, alegria, amor, sede, sexo, memória.
Entretanto são separados e diferem – de estruturas e mecanismos de seus quimiorreceptores, organização bruta de
suas conexões centrais, dos seus efeitos no comportamento.
As informações neurais de cada sistema são processadas paralelamente e são fundidas em nível alto do córtex
cerebral.
O GOSTO
Os seres humanos evoluíram como onívoros (onis = tudo; vorare = comer).
O sistema sensitivo e versátil do gosto foi necessário para distinguir novas fontes de alimentos e toxinas em
potencial. Algumas de nossas preferencias no paladar são de nascença; experiências podem modificar fortemente
nossos instintos. Nosso gosto também tem capacidade de reconhecer deficiências de certos nutrientes chaves e
desenvolver apetite por eles.
Os gostos básicos
Nós podemos reconhecer somente poucos sabores. Os 5 sabores básicos são: doce, amargo, salgado, ácido e umami.
Umami é definido pelo sabor condimentado do glutamato. As 5 categorias de qualidade de sabor parecem ser
comuns através da cultura humana.
• Umami – o quinto sabor: a palavra “umami” é de origem japonesa e pode ser traduzida como delicioso ou
saboroso. Apesar de ser descoberto em 1907, o gosto só foi reconhecido pela comunidade científica em
2000.
Basicamente três substâncias são responsáveis por proporcionar o quinto gosto básico, o ácido glutâmico,
aminoácido monossódico (aji-no-moto), o inosilato e o guanilato, que podem ser encontrados naturalmente
em determinados alimentos, sobretudo os ricos em proteína.
Além dos humanos, outros mamíferos, como cães e ratos, também são capazes de perceber o quinto gosto.
Substâncias quimicamente distintas podem possuir o mesmo sabor: frutose e aspartame. Sabores amargos podem
ocorrer por simples liberação de K+ (KCl) e Mg++ ou por substâncias complexas como o quinino e cafeína.
Muitas substâncias amargas ou venenosas podem ser sentidas com concentrações nanomolares.
O órgão do gosto:
Língua: cada papila possui de 1 a 50 botões gustativos; cada botão gustativo possui de 50 a 150 células receptoras.
NEUROFISIOLOGIA
Células receptoras da gustação:
As células receptoras da gustação constituem apenas 1% da língua. Um humano tem de 2000 a 5000 botões
gustativos (500 a 20.000).
Histologicamente, receptores gustativos não são neurônios. Entretanto, fazem sinapses com axônios aferentes. A
meia vida da célula gustativa é de duas semanas.
Mais de 90% das células receptoras respondem a dois ou mais dos sabores básicos; e podem ser neutras para outro.
Quando um estímulo é muito forte, a maioria das papilas passam a ser menos seletivas.
Papila gustativa: células receptoras da gustação: terminal apical + poro gustativo
Salgado
O protótipo do produto químico salgado é o sal de cozinha (NaCl). O sabor do sal se deve principalmente ao gosto do
cátion sódio, sendo que sua concentração deve estar muito alta a fim de prova-lo.
Os ânions dos sais afetam o gosto dos cátions. Quanto maior for o ânion, mais ele “inibe” o salgado.
Acidez
Comidas com gosto ácido são assim porque possuem um pH baixo. Podem afetar receptores gustativos de pelo
menos duas maneiras:
• Primeiro, H+ pode entrar pelos canais de sódio sensíveis à amilorida, o mesmo canal quemedeia o sabor
salgado. Isso causa uma entrada de corrente de H+ que despolariza a célula (a célula não seria capaz de
distinguir o Na+ do H+ se este fosse o único mecanismo de transdução disponível).
• Segundo, o H+ pode se ligar e bloquear canais seletivos para K+. quando a permeabilidade de membrana ao
K+ decresce, a célula despolariza.
Esses podem não ser os únicos mecanismos para transdução do sabor azedo, já que mudanças no pH podem afetar
virtualmente todos os processos celulares.
Amargo
Substâncias amargas são detectadas por 30 tipos diferentes de receptores. Cada célula gustativa pode enviar
somente um tipo de sinal para o nervo aferente, o químico pode se ligar aos 30 tipos de receptores e desencadear a
mesma resposta quando diferentes químicos se ligam a outros receptores amargos.
A importância da mensagem recebida pelo cérebro é que substâncias químicas amargas são ruins.
Doçura
Receptores de doces são semelhantes aos amargos, são acoplados à proteína G, porém cada receptor de doce é
formado por 2 tipos de proteínas:
• Ativam o mesmo sistema de segundo mensageiro que o receptor amargo ativa
Então por que não confundimos doces com amargos?
Células gustativas para amargos são diferentes das células para doces e conectam-se com diferentes axônios
gustativos. A informação é levada ao SNC por vias paralelas do sistema sensitivo de transmissão.
Umami
Excitam a mesma via de segundo mensageiro. O processo de gustação é idêntico ao doce e amargo, com uma
exceção: usa distinta linha de transmissão para levar a informação de umami ao sistema nervoso central.
Botão gustativo axônio gustativo primário (primeiro neurônio) tronco encefálico tálamo córtex cerebral
Para qual par craniano? língua facial e glossofaríngeo; garganta vago.
Sinapse no núcleo gustativo no bulbo (núcleo do trato solitário), inicia o segundo neurônio, que também projeta para
várias regiões do tronco e medula envolvidos na digestão e respiração.
NEUROFISIOLOGIA
Passa pelo tronco cerebral até o tálamo, no núcleo medial posterior ventral (VPM) – onde inicia o terceiro neurônio –
também se projeta para o hipotálamo e sistema límbico.
Então conecta-se com a região 36 do córtex (ínsula-opérculo) cerebral e se torna consciente.
Lesões no hipotálamo ou amígdala podem mudar o paladar. Lesões no núcleo gustativo ou núcleo ventral medial
posterior podem causar ageusia ou fome. As projeções são unilaterais.
Codificação neural do gosto – Conceito da Hipótese da linha rotulada:
A resposta de uma única célula gustativa é frequentemente ambígua sobre a comida inicialmente testada, as linhas
gustativas são incertas em vez de distintas.
As células receptoras da gustação podem ter dois mecanismos de transdução. Cada célula receptora faz sinapse com
um axônio gustativo que também recebe impulsos de outras células receptoras na papila quanto ao redor dela.
O axônio pode combinar informações de várias papilas. Toda essa mistura de informação continua no cérebro. Por
isso, quando se prova um sorvete de chocolate, o cérebro, através dessas informações aparente ambíguas sobre o
sabor, pode deixar clara a diferença entre o chocolate e milhares de outras possibilidades.
No caso da gustação, receptores não são sensíveis a todos os gostos, mas podem responder amplamente para o sal
ou azedo, mas não para um ácido ou doce, por exemplo.
Uma comida ativa certos conjuntos de neurônios, alguns disparam muito forte, alguns disparam moderadamente,
alguns não disparam, outros são inibidos. Uma segunda comida excita algumas células ativadas pela primeira
comida, e outras além dessas. E padrões globais de taxas de descargas irão ser diferentes e distintas.
Sabor e humor:
Serotonina e adrenalina (liberação).
Obs:
Ageusia = enfraquecimento ou ausência do paladar.
Ageusia senil = idosos perdem a sensibilidade da gustação.
NEUROFISIOLOGIA
SISTEMA AUDITIVO
A NATUREZA DO SOM
Os sons são variações audíveis na pressão do ar. Quase todas as coisas que possam mover moléculas do ar podem
gerar um som.
Nosso sistema auditivo pode responder a ondas de pressão dentro da faixa detectável de 20 a 20.000 Hz.
Som: é a variação audível da pressão do ar. Características:
Frequência: ciclos/segundo ou Hz. Tom: agudo ou grave. Intensidade = amplitude (volume).
Som: T O JO FC Neurônios
O ouvido externo
Ouvido externo: do pavilhão auricular até a membrana timpânica.
O ouvido médio
Reflexo de atenuação: Contração dos dois músculos do ouvido médio ao ouvir barulhos altos. Atenua sons graves, de
forte intensidade, nossa própria voz, não obstante tem um retardo de 50 a 100 ms, não oferecendo muita proteção
dos sons muito intensos ou repentinos como uma grande explosão.
Estruturas do ouvido médio:
• Membrana timpânica
• Ossículos (martelo, bigorna e estribo)
• 2 pequenos músculos: quando contraídos, tornam a cadeia de ossículos muito mais rígida e a condução do
som ao ouvido interno diminuída – reflexo de atenuação – adaptação do ouvido ao som contínuo de alta
intensidade. Músculo tensor do tímpano (martelo), músculo estapédio (estribo), tuba ou trompa de
Eustáquio (comunica o ouvido médio com as cavidades nasais).
O ouvido interno
Estrutura medial à janela oval. Cóclea e labirinto.
Anatomia da cóclea
A cóclea é responsável por transformar o som em um sinal neural.
A cóclea descreve uma espiral de duas voltas até chegar ao seu eixo central (o modíolo).
Na sua base existem dois orifícios cobertos por membrana: a janela oval (escala vestibular) e a janela redonda
(escala timpânica).
Se a cóclea estiver cortada em secção transversal, podemos ver que o tubo está dividido em três câmaras
preenchidas por fluido: a escala vestibular, a escala média e a escala timpânica.
As três escalas enrolam-se ao redor da porção interna da cóclea como uma escada em espiral.
A Membrana de Reissner separa a escala vestibular da escala média e a Membrana Basilar separa a escala timpânica
da escala média. Apoiado na membrana basilar está o órgão de Corti, o qual contém os neurônios receptores
auditivos; suspenso sobre esse órgão está a membrana tectorial.
FIGURA PG 358.
A membrana basilar
Diferentes posições da membrana serão deformadas ao máximo para as diferentes frequências de som (“código de
localização”).
O órgão de Corti
O órgão de Corti consiste de células ciliadas, pilares de Corti e várias células de sustentação. Apoiado na membrana
basilar, contém os neurônios receptores auditivos.
É onde há a transdução da energia mecânica do som em uma alteração da polarização da membrana.
Membrana tectorial: sobre o órgão de Corti.
Células ciliadas (receptores auditivos):
• Estereocílios rígidos
• Seu deslocamento promove a transdução do som (despolarização ou hiperpolarização)
• Com a entrada de potássio ocorre a despolarização
• Canais de cálcio voltagem dependente liberam NT (provavelmente o glutamato) – ativa fibras do gânglio
espiral (em posição pós-sináptica)
• Pilares de Corti: sustentação da estrutura (células de sustentação)
• Células ciliadas: possuem 100 estereocílios (porção apical); deslocamento dos cílios = transdução do som em
atividade neural!
Receptores auditivos na cóclea (nervo vestíbulo-coclear) neurônios do tronco encefálico (projeção bilateral)
núcleo geniculado medial no tálamo córtex auditivo primário no lobo temporal.
Se um predador está próximo, encontrar a fonte de um som repentino e fugir é mais importante do que analisar as
sutilezas do som (agudo/grave, alto/baixo...).
CÓRTEX AUDITIVO
Surdez de condução:
• Obstrução ou doença do canal auditivo externo, da membrana timpânica ou do ouvido médio. Causado por
tons baixos (graves). Pacientes tendem a falar baixo.
Surdez neuro-sensorial:
• Lesão da cóclea, nervo coclear ou núcleos cocleares.
• Tons altos (agudos) causam esse tipo de surdez. Pacientes tendem a falar alto.
NEUROFISIOLOGIA
O SISTEMA VESTIBULAR
O SISTEMA VESTIBULAR
Informa sobre a posição e o movimento da cabeça, provendo-nos com o sentido do equilíbrio, e auxilia na
coordenação dos movimentos da cabeça e dos olhos e nos ajustes.
Quando sua função e interrompida, apresentamos sensações desagradáveis como vertigens, náuseas e uma
sensação de desequilíbrio (motion sickness), acompanhada de movimentos incontroláveis dos olhos.
Em mamíferos, as células ciliares são as responsáveis pelo equilíbrio e são encontradas no “labirinto vestibular”.
O labirinto vestibular inclui dois tipos de estruturas:
• Órgão otolítico: sáculo e utrículo (próximo ao centro) – detectam a força da gravidade e as inclinações da
cabeça.
• Canais semicirculares (3/2): em planos ortogonais (angulados em 90 graus entre si) – sensíveis à rotação da
cabeça e à aceleração angular
Transmitem a energia mecânica derivada do movimento da cabeça às células ciliadas.
Os órgãos otolíticos
Par de câmeras orientadas em espelho. O movimento é traduzido quando as células ciliares da mácula são defletidas.
Otólitos (cristais de cálcio carbonado) que possuem densidade distinta da superfície gelatinosa da mácula são a
chave do mecanismo de acionamento.
Canais semicirculares
3 de cada lado; detectam movimentos de rotação. São preenchidos com endolinfa (o mesmo da cóclea). A endolinfa
exerce força como o vento sob uma vela. Dependendo da direção pode excitar ou inibir neurotransmissores das
células ciliadas para o nervo vestibular.
Após 15-30’’ de rotação há tendência de estabilizar o sistema.
Rotação: excita células ciliadas de um canal e inibe o outro lado (lados opostos).
Juntos, os três canais semicirculares de cada lado permitem o senso de rotação angular da cabeça. Se a rotação
excita um canal, inibe o canal contralateral.
Axônios vestibulares (primeiros neurônios – nervo VIII) tálamo (segundo neurônio) córtex (consciência)
As imagens se formam no olho por refração, ou seja, a modificação que pode ocorrer na direção de raios quando
esses passam de um meio transparente para outro; devido à diferença da velocidade da luz nos dois meios. Ex: ar-
água, ar-olho.
O sistema visual humano começa no olho
A retina contém fotorreceptores especializados na conversão de energia luminosa em atividade neural (transdução).
O resto do olho funciona como uma câmera fotográfica, formando imagens nítidas do mundo sobre a retina.
ANATOMIA DA RETINA
Vasos sanguíneos: artéria central da retina
Papila óptica: ponto cego, de onde se originam os vasos da retina e o nervo óptico deixa a retina.
Mácula lútea: parte da retina dedicada à visão central.
Fóvea: (dentro da mácula lútea) marca o centro da retina.
A retina possui mais bastonetes do que cones. Na fóvea há somente cones (região da retina especializada de alta
resolução; porção mais delgada da retina).
O olho coleta raios de luz emitidos ou refletidos por objetos no ambiente e os focaliza sobre a retina para formar
imagens.
A localização dos objetos envolve os poderes de refração da córnea e do cristalino.
O poder refrator é medido em dioptrias.
Na hipermetropia e na miopia o grau de refração conseguido pela córnea é pequeno ou grande demais para a
espessura do globo ocular.
NEUROFISIOLOGIA
Anatomia microscópica da retina
Transdução da energia luminosa em atividade neural (potencial de membrana).
Fotorreceptores células bipolares células ganglionares nervo óptico encéfalo
Os fotorreceptores são as únicas células sensíveis à luz na retina. As células ganglionares são as únicas fontes de
sinais de saída (disparam potenciais de ação).
Função das células horizontais e amácrinas: a inibição lateral serve para acentuar o contraste visual. Em vez de o
sinal de espalhar pela retina as células horizontais fornecem a inibição lateral da área circunjacente favorecendo a
nitidez visual.
Cones X Bastonetes
A estrutura de um fotorreceptor
Bastonetes (1 tipo): rodopsina (todos contêm o mesmo pigmento). Visão no escuro, de baixa resolução. No escuro
apenas os bastonetes contribuem para a visão. 1000 vezes mais sensíveis que os cones. Especializados para baixa
intensidade luminosa. A retina periférica possui muito mais bastonetes do que cones.
Cones (3 tipos, um para cada cor): fotopigmentos. Visão diurna e de cores (visão de alta resolução). Diferente dos
cones, são sensíveis diferentes comprimentos de onda de luz (azul, verde, vermelho). Concentrados na fóvea.
FOTOQUÍMICA DA VISÃO
A rodopsina é uma proteína conjugada. Quando é exposta à luz se decompõe até Metarrodopsina II que é
responsável pela excitação de alterações elétricas nos bastonetes. Esta ativa várias moléculas de transducina. Depois
de ativadas, as transducinas ativam muitas moléculas de fosfodiesterases. A mesma, ativada, hidrolisa o GMPc que é
responsável por manter os canais de íons Na abertos. Com isso, haverá fechamento destes canais hiperpolarizando o
bastonete.
O potencial receptor do bastonete é hiperpolarizante, pois quando a rodopsina se decompõe, diminui a
condutividade da membrana para íons Na no segmento externo. Ou seja, na escuridão existe entrada de íons Na+ no
segmento externo e saída no interno, mantendo o bastonete polarizado. Com luz não entra Na+ no segmento
externo, mas entra no segmento interno, tornando o bastonete hiperpolarizado.
TRANSDUÇÃO DA LUZ
• Fototransdução nos cones e bastonetes
• Fotopigmentos são moléculas receptoras associadas à proteína G
• São os únicos receptores acoplados à proteína G que são ativados pela luz
NEUROFISIOLOGIA
• Fotopigmentos sensíveis à luz, localizados nas membranas dos fotorreceptores, absorvem luz, ativando-se e
decompondo-se, determinando alterações no potencial de membrana do fotorreceptor
• Vitamina A = precursora dos fotopigmentos
VISÃO EM CORES
- TEORIA DAS TRICOMASIA: o que determina as cores é a porcentagem dos 3 pigmentos ou seja a mistura entre eles
determina uma cor
- TEORIA DO PROCESSO OPONENTE: existe a ativação de uns pigmentos e inibição de outros
- TEORIA DO RETINEX: o processamento ocorre nas células neurais e não nos cones
VISÃO TRIDIMENSIONAL
Vias ópticas:
Nervo óptico > quiasma > trato óptico > corpo geniculado lateral (tálamo – 2º neurônio) > radiação óptica (trato
geniculocalcarino) > córtex visual primário (região calcarina do lobo occiptal)
Presente no corpo todo, permite as sensações: tátil, pressão, temperatura, dor e posição (propriocepção).
Esse sistema interpreta a atividade de um vasto conjunto de receptores distribuídos pelo corpo.
Estrutura da pele:
Epiderme derme pelos
A pele é o maior órgão sensorial. Possui mecanorreceptores e terminações nervosas livres nos pelos.
Mecanorreceptores da pele
Os mecanosreceptores da pele são sensíveis à deformação física (flexão, estiramento). Possuem terminais axonais
não-mielinizados; canais iônicos mecanossensíveis.
Diferentes sensibilidades mecânicas nos mecanorreceptores promovem diferentes sensações.
• Quando suas cápsulas são comprimidas, a energia é transferida à terminação nervosa, sua membrana é
deformada, e os canais mecanossensíveis se abrem despolarizando o receptor e causando um potencial de
ação no axônio.
• Quando a pressão é aliviada, os eventos ocorrem de maneira inversa, a terminação repolariza novamente,
podendo disparar outro potencial de ação.
Mecanorreceptores da pele:
• Corpúsculo de Pacini
• Terminações de Ruffini
• Corpúsculos de Meissner
• Discos de Merckel
• Bulbos terminais de Krause
Mecanorreceptor axônio aferente primário (corpo celular no gânglio da raiz dorsal) raiz dorsal da ME.
A MEDULA ESPINAL
• Núcleo central de substância cinzenta
• Corno dorsal (OBS: neurônios de segunda ordem núcleo dorsal)
• Zona intermediária
• Corno ventral
• Circundada por envoltório de tratos de substância branca.
• Organização segmentar
• Dermátomos
Quando uma raiz dorsal é seccionada, o dermátomo correspondente do lado da lesão perde parte da sensação.
Raízes dorsais adjacentes inervam áreas sobrepostas.
Principais dermátomos
C5: clavicular
C6: polegar
C8: 4º e 5º dedos
T4: mamilos
T10: umbigo
T12: virilha
L4: meio do primeiro PDT
S1: margem lateral do pé
Neuralgia do trigêmeo
Idade de início: 50-70 anos
Localização: V2-V3 > V1
Duração: menos de 10 segundos, ocorre em salvas
Frequência: paroxística (crises)
Severidade: excruciante
Qualidade: “facadas”, “choque elétrico”
Pontos de gatilho faciais, espasmo ipsilateral da musculatura facial (tiques)
(alça vascular em contato com nervo = dor e queimação no núcleo).
CÓRTEX SOMATOSSENSORIAL
Lobo parietal
Somatotopia cortical: Broadmann 1, 2, 3ª e 3b giro pós-central / córtex parietal posterior
Tamanho relativo da área do córtex dedicado a cada parte do corpo está correlacionado com a densidade das
aferências sensoriais que recebe daquela região e com a sua importância (homúnculo).
DOR E NOCICEPTORES
Dor: não há órgãos receptores (como no tato), e sim terminações nervosas livres.
Nocicepção X dor: a nocicepção é um processo sensorial que fornece os sinais que desencadeiam a experiência da
dor.
Nociceptores
Do latim nocere.
• Terminações nervosas livres ramificadas e não mielinizadas
• São ativadas por estímulos que possam causar lesão nos tecidos
• Pressão forte, temperaturas extremas, privação de oxigênio e exposição a agentes químicos (ác. Lático,
histamina)
• Ativação de canais iônicos
• Liberação de proteases, ATP, K+, bradicinina
A dor é uma sensação negativa causada por estímulo com potencial lesivo.
Sofrimento é uma sensação afetiva negativa, gerada no encéfalo, como resposta à dor e a outros estados
emocionais.
Tipos de nociceptores
A transdução dos estímulos dolorosos ocorre nas terminações nervosas livres das fibras não mielinizadas C e nas
pobremente mielinizadas Aδ.
• Dor primária: aguda e rápida. Fibras Aδ.
• Dor secundária: lenta e contínua. Fibras C.
Tipos de nociceptores:
1. Mecânicos de limiar elevado (Aδ)
2. Termomecânicos (Aδ)
3. Polimodais – mecânicos, térmicos e químicos (fibras tipo C)
4. Temperaturas extremas (fibras C)
É possível que existam mais tipos. É possível estimular dois ou mais tipos.
Dor referida
Ocorre mistura na ME e gera a dor referida – percebida como sensação cutânea.
NEUROFISIOLOGIA
TATO X DOR
TATO DOR
Mecanorreceptores Nociceptores
Fibras Aβ Fibras Aδ e C
Sinapse na região posterior do corno posterior Sinapse na zona gelatinosa do corno posterior
Trato grácil e cuneiforme Trato espinotalâmico
Ipsilateral Contralateral
Decussação no bulbo Decussação imediata
VIA DA TEMPERATURA
Núcleo medial: relacionado com aspectos afetivos-motivacionais. Sistema límbico e hipotálamo participam de modo
fundamental na dimensão afetiva da dor.
Modulação segmentar:
1) Bloqueio de receptores
2) Inibição de transmissores
3) Bloqueio de mensagens (portão)
(serotonina, noradrenalina e dopamina)
NEUROFISIOLOGIA
Modulação neuroquímica:
Não-opioides (Ach, catecolaminas e serotonina) e opioides. Estresse, dor e Sugestão podem ativá-los.
O sistema motor
Charles sherrington foi o pioneiro no estudo do movimento: Pode ser dividido em:
• comando espinhal e controle da coordenação da contração muscular
• comando cerebral e controle de programas motores na espinha medular
Envolve:
Centenas de músculos - neurônios que os comandam - ação coordenada - varias combinações – ambiente em
constante mudança e imprevisível – todos os movimentos corporais, inclusive dos órgãos internos.
ESTRIADOS:
Estriado cardíaco: contração rítmica espontânea e sistema neurovegetativo.
Estriado esquelético: massa muscular propriamente dita (do sistema motor somático); movimenta os ossos nas
articulações, olhos, respiração, expressão facial e fala (agonistas/sinérgicos e antagonistas). Parte da unidade motora
(fibra muscular).
LISOS:
Tubo digestivo, artérias. Inervados pelo sistema neurovegetativo e glandular.
Músculo cardíaco: Presente apenas no coração; As células são estriadas e ramificadas. As células são unidas através
de junções comunicantes permitindo-lhes que contraiam todas as juntas como uma unidade só.
Músculo esquelético: são os músculos aderidos aos ossos. Células são agrupadas em feixes em arranjos paralelos.
Células são longas, cilíndricas e estriadas = fibras.
Músculo liso: são os muúsculos que compõe as paredes de muitos órgãos internos e alguns vasos sanguíneos. As
células não são estriadas e afunilam-se nas suas extremidades.
Um músculo é composto de células musculares. Varias unidas vão fazer a fibra muscular. Cada fibra contém muitas
miofibrilas, correspondentes a uma célula.
NERVO ESPINHAL: MISTO - Os axônios do NMI se agrupam para formar as raízes ventrais
Raízes ventrais + raízes dorsais = nervo espinhal misto (sensitivo-motor)
Deixam a medula espinhal através dos 30 espaços intervertebrais (30) 30 nervos (forames intervertebrais).
UNIDADE MOTORA - compreende um único neurônio motor inferior alfa (via final comum) e as fibras musculares
extrafusais com as quais ele estabelece contato sináptico direto.
A expressão final da atividade de uma determinada unidade motora é o resultado da interação da atividade neural
de um segmento e de suas conexões com mecanismos extrasegmentais (tractos descendentes provenientes do
cérebro, tronco encefálico e cerebelo).
Existem de 3 a 1000 fibras musculares por neurônios alfa.
Três “inputs” principais no neurônio motor inferior:
• Neurônio motor superior
• Neurônios sensitivos de gânglios da raiz dorsal
• Interneurônios (excitatórios e inibitórios) da medula
Tanto alfa quanto beta são excitatórios: sempre com liberação de acetilcolina. (o principal neurotransmissor do
movimento muscular é a acetilcolina)
Junção neuromuscular = sinapse especializada entre o nervo e o musculo esquelético (transmissão sempre
excitatória).
Liberação de acetilcolina na junção ativação dos receptores colinérgicos nicotínicos PEPS na fibra muscular
(potencial de placa motora) potencial de ação pós-sináptico com abertura dos canais de Na+ VD liberação de
íons cálcio no axônio terminal contração da fibra.
Fibras musculares de contração rápida (força) e fibras musculares de contração lenta (resistência).
NEUROFISIOLOGIA
ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO:
Liberação de acetilcolina (ACo) na junção neuromuscular ativação dos receptores colinérgicos nicotínicos PEPS
na fibra muscular (potencial de placa motora) potencial de ação pós-sináptico com aberturas de canais de Na+ VD
através dos túbulos T liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático contração da fibra
Relaxamento com recaptação de Ca+ para o interior do retículo sacroplasmático (gasto de ATP).
OS TÚBULOS T
Os túbulos T conduzem a atividade elétrica a partir da superfície da membrana para o interior da fibra muscular.
Aumento de Ca++ livre intracelular contração da miofibrila.
O MUSCULO EM REPOUSO
A miosina não interage com a actina porque os locais de ligação da miosina na molécula de actina estão cobertas
pela troponina. (troponina sai para o cálcio se ligar)
O cálcio inicia a contração do músculo por unir-se à troponina que está presente na actina, expondo os locais de
ligação com a miosina. A contração continua enquanto houver Ca e ATP disponíveis. O relaxamento ocorre quando o
cálcio é sequestrado pelo retículo sarcoplasmático.
O que é um reflexo?
Reflexos são reações automáticas; uma resposta biológica involuntária, relativamente invariável, evocada por um
estímulo específico.
Axônios aferentes da raiz dorsal neurônios motores membro efetor
- Os reflexos espinais permitem o ajuste rápido e contínuo da postura em resposta a estímulos de dentro do músculo
e do ambiente
-Reflexo miotático (de estiramento): Os Neurônios motores inferiores recebem informação direta sobre o grau de
estiramento de um músculo por meio de fibras Ia de dentro dos fusos musculares. Essas fibras formam sinapse
diretamente com neurônios motores Alfa do mesmo músculo fazendo este contrair-se. Ao mesmo tempo, a fibra 1a
forma sinapses com neurônios inibidores, os quais inibem os neurônios motores alfa dos músculos antagonistas,
impedindo-os de contrair-se.
- A extensão muscular é determinada pelo estímulo do neurônio motor superior
Os axônios 1a penetram na ME através das raízes dorsais, ramificam-se várias vezes e formam sinapses excitatórias
sobre os interneurônios e os neurônios motores alfa dos cornos ventrais.
O REFLEXO MIOTÁTICO
- Ou reflexo de estiramento
- Os músculos possuem receptores que detectam o comprimento do músculo (fusos musculares) e a força muscular
(órgãos tendinosos de Golgi)
- Arco reflexo monossinápticomiotático
- Somente uma sinapse separa a aferência sensorial primária do neurônio motor
- Quando um músculo é estirado ele se contrai
- Aparelho fusomuscular: fibras 1a (Ia) e neurônio motor alfa
NEUROFISIOLOGIA
- Quando a pessoa mantém uma postura ela está utilizando a medula na manutenção do movimento, quando passa
a ser mais elaborado é um movimento com o envolvimento do córtex
- Ou no músculo, ou na via sensorial, na via efetora ou na medula → caso a pessoa não tenha esse reflexo, a lesão vai
estar em algum desses lugares
Neurônios motores
• Fibras intrafusais neurônio motor gama
• Fibras extrafusais neurônio motor alfa
A ALÇA GAMA
- Neurônio motor gama → fibra muscular intrafuso → axônio Ia → neurônio motor alfa → fibra muscular extrafuso
- A inervação aferente dos segmentos polares contráteis da fibra intrafusal é fornecido pelo neurônio eferente gama
– sua ativação evoca umaresposta em aferentes do grupo Ia por estirar o segmento central intrafusal, que por sua
vez estimula a atividade do neurônio motor alfa, levando à contração das fibras extrafusais.
mecanismo para a manutenção da sensibilidade relacionada ao estiramento do fuso muscular.
FUSO MUSCULAR
- Detectam mudanças no comprimento dos músculos
- São encontrados dispersos em todos os músculos esqueléticos
- Fibras intrafusais: Fibras musculares dentro da cápsula do fuso muscular
- Fibras extrafusai: Todas as outras fibras musculares em um músculo esquelético
- As fibras intrafusais estão ligadas às extrafusais
- Quando o músculo é distendido, as intrafusai são estiradas passivamente, isso ativa as terminações sensoriais do
fuso muscular.
INIBIÇÃO RECÍPROCA
- Relaxamento dos músculos antagonistas (extensores) (inibe)
- Colaterais dos axônios Ia (aferentes) fazem sinapse com interneurônios espinhais inibitórios que fazem contato com
neurônios motores alfa dos músculos antagonistas.
REFLEXO FLEXOR
- Reflexo de retirada
- Arco reflexo utilizado para afastar o membro de um estímulo nocivo
- Fibras nociceptivas → ativam interneurôniosem vários segmentos da medula espinhal → excitam neurônios
motores alfa que controlam todos os músculos flexores do membro afetado
NEUROFISIOLOGIA
- Ao mesmo tempo, os músculos extensores são inibidos por meio de um interneurônio
- O reflexo flexor é polissináptico
A LOCOMOÇÃO
Geradores centrais de padrão: circuitos que dão origem a atividades motoras rítmicas
Locomoção:
• Atividade alternada rítmica na ME
• Inicia-se com uma excitação de dois interneurônios que se conectam aos neurônios motores que controlam
os flexores e extensores
• As atividades dos dois interneurônios alternam-se porque eles inibem-se reciprocamente através de
interneurônios inibitórios – uma rajada de atividade em um interneurônio inibe o outro e vice-versa
• Flexão de um lado é acompanhada pela extensão do outro
PARESIAS E PLEXIAS
- Paresia é uma paralisia incompleta ou diminuição da motricidade em uma ou mais partes do corpo, devida a lesão
dos centros nervosos ou das vias motoras (piramidal ou extrapiramidal), ou devida a lesões do sistema nervoso
periférico, inclusive na junção neuromuscular.
TÔNUS
É a resistência do movimento passivo na ausência de contração voluntária.
- Inspeção, palpação (consistência fibro elástica), balanço passivo, movimentação
- Alterações: hipertonia plástica (rigidez em roda denteada), hipertonia piramidal (espástica, sinal do canivete),
hipotonia.
TENSÃO
- Um alongamento quando mantido por vários dias provocaria uma acomodação dos sarcômeros e estimularia o
acréscimo de novos
- Alongamento passivo. Alongamento ativo. Facilitação neuromuscular proprioceptiva (mais usado).Método balístico
(não se usa mais, pois não serve como alongamento). Método russo
PRINCÍPIOS DE WILSON
- ‘’nunca se mostre surpreso para o paciente’’
- ‘’nunca fale a mesma coisa duas vezes para o paciente’’
- ‘’nunca acredite em que o paciente disse que o outro médico disse’’
- ‘’ seja decidido em sua indecisão’’
- ‘’ Nunca faça uma refeição com seu paciente’’
NEUROFISIOLOGIA
CONTROLE QUÍMICO DO ENCÉFALO E DO COMPORTAMENTO
Hipotálamo:
Menos de 1% do cérebro que influencia enormemente todo o organismo.
Uma pequena lesão no hipotálamo pode produzir um distúrbio dramático e até mesmo fatal.
É o principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais.
Responsável pela manutenção da homeostase (temperatura, apetite, sede, sono, libido).
Ligação entre SN e Sistema Endócrino: desempenho nas emoções
• Partes laterais: prazer e raiva
• Partes mediais: aversão e riso
Controle central:
O núcleo do trato solitário (origem no nervo vago) integra informações sensoriais de órgãos internos e coordena vias
autonômicas eferentes do tronco encefálico.
Localizado no bulbo e conectado com o hipotálamo, consegue orquestrar funções viscerais até mesmo quando
desconectado com estruturas acima, e isso pode até incluir o hipotálamo.
Estruturas do hipotálamo:
Fica nas duas paredes do terceiro ventrículo (corpos neuronais laterais ao terceiro ventrículo)
Cada lado possui três zonas:
• Periventricular: núcleo supraquiasmático, SNA e neurôniosneurosecretores
• Medial
• Lateral
Partes mediais e laterais possuem largas conexões com o tronco e cérebro e regula comportamentos.
Hipotálamo secretor
• Via direta:
Transportados por axônios até capilares na hipófise posterior
A chegada de potenciais de ação gerados nos corpos celulares de neurônios magnocelulares causam a
liberação desses peptídeos nos capilares hipofisários, de onde vão para a circulação sistêmica.
• Via indireta:
Sistema portal hipotálamo-hipofisário
Neurônios parvocelulares secretam neuropeptídios em um leito capilar especializado no assoalho do III
ventrículo, são levados até o lobo anterior da hipófise através do sistema portal
SNA e os circuitos
Juntamente com o sistema somático, constitui As vias eferentes do SNC.
NEUROFISIOLOGIA
Porém o soma da célula efetora fica fora do SNC = gânglio autonômico.
Neurônio pós-ganglionar: Em contraste com o SNSomático, há um gânglio autonômico periférico interpondo-se
entre o SNC e o órgão visceral.
Diferenças:
SN SOMÁTICO SN AUTONOMO
Sinapses Junção neuromuscular Varicosidades (sinapses en passant)
Neurônio motor Motoneurônio alfa Neurônio pós ganglionar Neurônio pós-
Motoneurônio gama parassimpático ganglionar simpático
Neurotransmissor ACTh ACTh NA e adrenalina
Receptores Nicotínicos Muscarínicos Alfa e beta
Mecanismo de ação Ionotrófico Metabotrófico Metabotrófico
Potencial pós-sináptico PEPS PEPS ou PIPS PEPS ou PIPS
Parassimpático:
• Neurônio pré-ganglionar longo
• Neurônios pós-ganglionares com soma próximo do órgão alvo
• Pré-ganglionar = ACo
• Pós ganglionar = ACo
• Descansar e restaurar
Simpático:
• Neurônio pré-ganglionar mais curto
• Neurônios pós-ganglionares em região paravertebral (mais longos)
• Pré-ganglionar = ACo
• Pós-ganglionar = adrenalina e NA (exceção para glândulas sudoríparas)
• Luta e fuga
• Simpático: 4 Fs: fight, flight, frightand and fuck – mobiliza o corpo para ações rápidas.
• Parassimpático: digestão, crescimento, resposta imune e estocagem de energia
Divisão entérica
Controla muitas funções fisiológicas envolvidas em transporte e digestão de alimento. Da cavidade oral a anal.
Contém aproximadamente o mesmo número de neurônios da medula espinhal (10x10 elevado a 6).
Tensiona e relaxa a parede intestinal.
Controle central
O núcleo do trato solitário integra informações sensoriais de órgãos internos e coordena vias autonômicas eferentes
do tronco encefálico.
Localizado no bulbo e conectado com o hipotálamo, consegue orquestrar funções viscerais até mesmo quando
desconectado com estruturas acima e isso pode até incluir o hipotálamo.
NEUROFISIOLOGIA
Viveríamos sem o SNA?
Animais simpatectomizados não conseguem sobreviver em ambientes estressantes, eles não podem trabalhar nem
se adaptar a situações de desafio homeostático ou desconforto social.
A glicose não é metabolizada quando ocorre demanda (hipoglicemia), a pressão sanguínea não aumenta em resposta
a atividade física, não ocorre vasoconstrição nem piloereção ao frio (hipotermia)
Mas a resposta é sim, desde que não sejamos submetidos a desafios homeostáticos.
NEUROFISIOLOGIA
SISTEMA MODULATÓRIO DIFUSO
Como se fosse o controle do volume, dos graves e dos agudos do som. Não modifica a melodia ou o lirismo da
canção, mas modifica drasticamente em como a canção impacta.
• O núcleo de cada sistema possui um pequeno conjunto de neurônios (alguns milhares apenas).
• Esses núcleos são centrais, a maioria no tronco encefálico.
• Distribuem-se amplamente, cada neurônio pode ter 10^5 conexoes pós-sinápticas.
• As sinapses liberam neurotransmissores no meio extracelular (transmissão parácrina), podendo difundir-se
para muitos neurônios.
Sistema dopaminérgico
Substância negra (sistema nigro-estriatal) e área tegumentar ventral (sistema mesocorticolímbico de DA –
dopamina).
Por muitos anos acreditava-se que só existia como precursor da NA – noradrenalina.
Marcadamente diminuído na doença de Parkinson.
• Modulação do movimento
• Sistemas de recompensa
• Comportamentos adaptativos
Sistema noradrenérgico
• Chamado de Locus ceruleus (ponto azul)
• Cerca de 12000 neurônios
• Um dos sistemas mais difusos do cérebro, podendo ter mais de 250.000 sinapses por neurônio
• Ativados em situações novas, inesperadas e não dolorosas
• Menos ativos em situações de quietude e digestão
• Funciona aumentando a capacidade de resposta do cérebro, na velocidade de processamento da
informação, deixando-o mais eficiente
Atenção, sono-vigília, ritmo circadiano, aprendizado, memoria, ansiedade, dor, humor, metabolismo
cerebral.
Sistema serotoninérgico
• Raphe (sulco)
• Mais ativo durante a vigília
• Silenciosos durante o sono
• Juntamente com o Locuscoeruleus fazem parte do SARA, fundamental na vigília e sem o qual é coma
• Menos ativo em situações de quietude e digestão
• Funciona aumentando a capacidade de resposta do cérebro, na velocidade de processamento da
informação, deixando-o mais eficiente.
Sono-vigília, diferentes fases do sono, ritmo circadiano, controle do humor, comportamento, emoções e
depressão.
Neurônios serotoninérgicos
Serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5-HT)
A síntese de 5-ht é limitada pela disponibilidade do aminoácido TRIPTOFANO no fluido extracelular, que por sua vez
provém a dieta (grãos, carne, laticínios).
Recaptação da serotonina da fenda para o terminal axonal onde é transportada para vesícula sináptica ou degradada
pela MAO (mono amino oxidase).
Prozac = fluoxetina
NEUROFISIOLOGIA
Antidepressivos tricíclicos: serotonina + noradrenalina + acetilcolina
Antidepressivos de ação dual: Venlafaxina (venlift)
Sistema colinérgico
• Núcleo basal de Meynert (neocórtex), núcleos septais (hipocampo) e Complexo
pontomesencefálicotegmental (tálamo).
• As primeiras células a degenerarem na doença de Alzheimer.
• O complexo PMT juntamente com o sistema DA e sistema 5HT auxilia na regulação da excitabilidade de
núcleos sensitivos.
Atenção, sono-vigília, ritmo circadiano, aprendizado, memória, ansiedade, dor, humor, metabolismo
cerebral
CASO CLÍNICO
Homem, 21 anos, estudante, notou que o boné que usava não servia mais, precisando usar bonés maiores. Também
seus sapatos não serviam mais. Foi diagnosticado acromegalia devido a um tumor de hipófise.
Na investigação foi verificado que possuía lesão nas vias ópticas e que não havia queixa ou prejuízo funcional.
Que tipo de perda visual poderia um tumor da hipófise causar? Hemianopsiabitemporal
Por que as ausências de queixas? As fibras do outro olho detectam a imagem que falta.
NEUROFISIOLOGIA
O CONTROLE ENCEFÁLICO DO MOVIMENTO III
Na junção do bulbo com a medula o trato piramidal cruza, ou decussa, na decussação das pirâmides.
Isso significa que o córtex motor direito comanda diretamente o movimento do lado esquerdo do corpo, e o córtex
motor esquerdo controla os músculos do lado direito.
Um AVE que lesiona o córtex motor pode levar à paralisia no lado contralateral ou o trato córtico-espinhal pode levar
à paralisia ipsilateral.
Trato rubro-espinhal:
Córtex motor frontal núcleo rubro do mesencéfalo coluna lateral da ME junto com o trato córtico-espinhal
A maioria de suas funções foram assumidas pelo trato córtico-espinhal. Em caso de lesões no trato córtico-espinhal,
o trato córtico-rubro-espinhal pode compensar parcialmente.
Trato tecto-espinhal:
Origem no colículo superior do mesencéfalo (que recebe aferências diretas da retina, projeções do córtex visual,
somatossensoriais e auditivas) decussação ainda no mesencéfalo desce contralateralmente até a ME cervical
onde termina direta e indiretamente nos NMI alfa e gama.
Orienta movimentos dos olhos, cabeça e pescoço em resposta a novos estímulos sensoriais.
O córtex motor
Os núcleos da base
• São a principal aferência subcortical para a área 6: origina-se no tálamo dorsal, o núcleo ventrolateral (VL),
que por sua vez origina-se nos núcleos da base
• Núcleo caudado + putâmen = estriado
• Putâmen + globo pálido = núcleo lentiforme
• Núcleo subtalâmico
• Substância negra
Loops motores
Múltiplos distintos circuitos que compõem uma rede de conexão cortical e subcortical.
A informação flui do principal topograficamente ordenada do neocórtex, estriado, globo pálido, tálamo e córtex.
O conhecimento das funções dos gânglios basais tem aumentado enormemente nas últimas duas décadas.
Entretanto não é completamente compreendido a função primária dos gânglios basais.
Os núcleos da base: facilitam o movimento ao focalizar a atividade de diversas áreas do córtex para a AMS. Servem
também como filtro, mantendo não-expressos os movimentos inadequados.
Estas vias explicam efeitos não motores vistos em pacientes com doenças neurodegenerativas dos gânglios basais.
Circuito pré-motor e circuito sensitivo motor: ativação de áreas associativas e pré-motoras durante a aquisição –
inversão para áreas sensitivo-motoras com a prática
O estriato não parece ser um mero “filtro de ações” que convergem informação cognitiva, motora ou emocional do
córtex. Mas está profundamente envolvido no processo de aprendizado e memória.
O CEREBELO
Ciclo sono-vigília
Podemos dividir em 3 partes:
• Vigília
• Sono não REM
• Sono REM
Sono X Coma
É um estado facilmente reversível, de reduzida responsividade ao ambiente e interação com o ambiente.
O coma não é facilmente reversível, por isso é um transtorno/distúrbio da função normal do encéfalo.
REM: 20 a 25%, movimento rápido dos olhos. Completo relaxamento muscular, ocorre de forma mais longa no terço
final do sono.
Hábitos de sono
A necessidade de sono é geneticamente determinada.
Dormidores curtos (menos de 6 horas).
Dormidores longos (mais de 8 horas).
Sistemas descendentes
O sono também envolve atividade em ramos descendentes dos sistemas modulatórios difusos, como a inibição dos
neurônios motores durante o sono.
E quando o sistema descendente não desliga? distúrbio do sono REM. 50% dos pacientes em 5 anos terão alguma
demência. (paciente se mexe durante o sono REM).
Hábitos de sono
• Matutinos e moderadamente matutinos = 10 a 12% da população. Pessoas que acordam bem cedo e
preferem dormir cedo.
• Vespertinos = 8 a 10%. Tendem a acordar tarde e deitar tarde, preferem desempenhar suas atividades a
noite.
• Indiferentes 80%. Não tem horário preferencial.
Higiene do sono
Ambiente escuro, limpo, calmo, temperaturas mais para fria, cama apropriada à idade, poucas cobertas.
Horário: regularidade para acordar e ir para a cama. Sestas com horário, frequência e duração consistentes.
Atividades: evitar TV e radio na hora anterior, evitar atividade física vigorosa na hora anterior, não usar a cama como
local de brincadeiras, estabelecer ritual (banho morno, seguido de ultima refeição, escovação de dentes, colocação
de pijama, ida ao banheiro, historias suaves); objeto de transição (fralda, brinquedo macio).
Funções do sono
• Privação do sono em humanos voluntários: fadiga intensa, alterações de atenção, irritabilidade, sonolência,
diminuição acentuada da capacidade discriminativa. Podem desenvolver alucinações sensoriais, transtornos
de equilíbrio, visão e linguagem.
• Privação de sono em ratos: morrem em 15-20 dias após grande perda de peso.
• Após um período de privação do sono, durante a fase de recuperação existe um aumento considerável do
sono de ondas lentas.
• Após um período longo de privação (maior do que 4 dias), existe um aumento da proporção do sono Rem
durante a fase de recuperação.
• O sono rem parece ter um papel fundamental no processos de aprendizagem e memorização
• O sono de ondas lentas parece estar associado à recuperação corporal
• 1960 foi realizado o primeiro estudo de privação seletiva de sono REM em humanos (5 dias). Ao final do
período reclamavam de irritabilidade, ansiedade e dificuldade de concentração, mas isto não levou a
sequelas permanentes na memoria ou no SNC.
• A privação do sono REM tem sido associada a prejuízos no processo de memória. Estudos em ratos mostram
um aumento do sono rem após aquisição de tarefas de aprendizado.
• Quando se impede os animais de dormirem após o treino, a aquisição da tarefa é prejudicada.
• Uma das alterações comportamentais replicáveis induzidas pela privação do sono REM é a hiperfagia
associada a perda ponderal (aumento do gasto energético).
• Privação do sono REM pode desencadear alterações na temperatura corporal e aumento do stress oxidativo
• A síntese de proteínas é maior no sono não-rem
• Estudos de privação de sono em ratos neonatos demonstram que a privação do sono afeta diretamente a
plasticidade sináptica em cérebros intactos.
Prevalência de insônia
• National Sleep Foundation e Callup Organization
• 1000 pessoas
• 36% insônia no ultimo ano
• Crônico em 8%
• Maior incidência em mulheres adultas
• Técnicas para insônia: atividade física, relaxamento, auto-medicação, álcool
NEUROFISIOLOGIA
Critérios diagnósticos para insônia:
• Dificuldade para iniciar (mais de 30 minutos)
• Diminuição do tempo total (menos que 5,5 a 6 horas)
• Múltiplos despertares noturnos
• Dificuldade em reiniciar
• Caráter não reparador
Critérios de suporte:
• Sonolência diurna
• Fadiga
• Irritabilidade
• Dificuldade de concentração e realização
Narcolepsia
• Sonolência diurna excessiva, catalepsia (“ataques de sono”), paralisia do sono, alucinações hipnagógicas
• Vigília: sono rem
• Déficit de hipocretina (orexona)
• Metilfenidato, tricíclicos
DISTÚRBIOS DO SONO
Parassonias
• Sonambulismo
11 anos
Estágio 4 do sono não-REM
Cognição e julgamento prejudicados no momento, sem memória do ocorrido.
• Sonilóquio
Fala sem Sentido
• Terror noturno
5-7 anos
Estágios 3 a 4 do sono Não-REM
Pânico incontrolável. Hiperatividade simpática, duração 10 minutos
Narcolepsia
• Sonolência diurna excessiva, cataplexia (“ataques” de sono), paralisia do sono, alucinações hipnagógicas
• Vigília -> sono REM
• Déficit de hipocretina (orexina)
• Metifenidato, tricíclicos
Distúrbios do Sono
Jet Lag Syndrome
• Dissociação entre o ritmo circadiano e a hora local.
• Náusea, insônia, irregularidade intestinal, perda do apetite, déficit de atenção, distúrbios de humor.
• Profilático: higiene do sono, luz matutina, melatonina 3 a 12 mg
Medicamentos Sedativo-Hipnóticos
• Medicamentos mais prescritos em todo o mundo
• Sedação: alivio da ansiedade (ansiolítico)
- com o mínimo de depressão do SNC
• Hipnose: produção de sono
- o mais próximo possível do sono natural
Mecanismo de Ação
• Ácido Gama-aminobutírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibitório do SNC
• Potencialização da neurotransmissão gabaérgica em todos os níveis do SNC
Receptor GABAa – canal de cloreto (Cl-)
NEUROFISIOLOGIA
OS MECANISMOS DE EMOÇÃO NO ENCÉFALO – O SISTEMA LÍMBICO
O que é emoção?
É o motivo de estudo da neurociência afetiva.
• Reações emocionais são um resultado de interação complexa entre estímulos sensoriais, experiências
passadas e a atividade de diferentes sistemas de neurotransmissores.
• Amor, ódio, felicidade, tristeza, medo, ansiedade...
• Reações emocionais são um resultado de uma interação complexa entre estímulos sensoriais experienciais
passados e a atividade de diferentes sistemas de neurotransmissores.
Teoria de James Lange: experiência emocional é a resposta para mudanças fisiológicas no organismo.
Teoria de Cannon-Bard: emoções persistem mesmo após ausência de estímulo. As alterações cerebrais são
anteriores à expressão. A área responsável seria o tálamo.
Teoria cognitiva = teoria do conhecimento.
O sistema límbico
Córtex ao redor com corpo caloso, principalmente giro cingulado e córtex medial do lobo temporal (incluindo
hipocampo) – Paul Broca, 1878 (não mencionou função)
Circuito de Papez: “atividades evocadas em outras áreas do neocórtex com projeções do corte cingulado adicionam
“cor” às emoções”.
Estabeleceu que o córtex e o hipotálamo podem ter influência recíproca
Córtex cingulado hipocampofornix hipotálamo corpos mamilares tálamo anterior córtex cingulado.
Eletrocorticografia
• Estimulações de regiões límbicas do lobo temporal resultaram em fenômenos experienciais: medo, dejavu,
jamais vu, alucinações visuais e auditivas, ilusões e memórias.
• De todas as estruturas límbicas a estimulação da amigdala e do hipocampo foram as que mais resultaram em
experiências psíquicas ou emocionais.
Obs:
Personalidade = caráter + pensamento
Mais recentemente os núcleos mamilares, o núcleo anterior do tálamo e o hipocampo mostraram-se mais
importantes para as funções de memória do que para a emoção.
Amígdala:
Comportamento de auto-preservação (alimentar-se, lutar, proteger-se).
Medo e agressividade, memória.
Localizada no polo do lobo temporal (Subnúcleos basolateral, corticomedial e central).
Funções da amígdala:
1) Acrescenta significado emocional aos estímulos através da associação entre estímulo e reforço (positivo ou
negativo).
2) Aprendizado. Coordenação de informações de diferentes modalidades sensoriais assim como associação
com de estímulos de respostas (o medo aprendido)
3) Processamento emocional. Reconhecimento de emoções faciais, respostas emocionais a estímulos
ameaçadores, interação social, significado emocional.
• Parte caudal: importante para funções de memória e visuo-espaciais. hipocampo; córtex parahipocampal;
cingulado posterior.
O arranjo arquitetônico:
O hipocampo é um alocórtex (não é neocórtex). Possui apenas 3 camadas. O neo tem 6 camadas.
• Síndrome de Geschiwind:
Epilepsia do lobo temporal.
Alterações na personalidade e comportamentais. Características: preocupações excessiva com questões filosóficas,
cósmicas, religiosas; hipossexualidade, hipergrafia, viscosidade interpessoal, irritabilidade.
NEUROFISIOLOGIA
ATENÇÃO E CONSCIÊNCIA
Atenção estado de processo seletivo de fontes de informações.
Ignora estímulos competitivos menos interessantes.
• Capacidade de selecionar estímulos, podendo ocorrer interação entre modalidades sensoriais
• Facilita a compreensão dos estímulos
• Aumenta a velocidade de reação
• Aumenta a sensibilidade e a reatividade a estímulos interessantes
• Distúrbios da atenção podem levar a déficits de compreensão e simular déficits de memória
Síndromes de negligência
Heminegligência, heminatenção:
• Comumente associada com lesões em córtex parietal posterior do hemisfério cerebral direito
• Pesquisadores propõem que este córtex estaria envolvido em atenção a objetos em diferentes posições no
espaço extra corporal
• Em casos extremos os pacientes podem se negar a acreditar que o hemicorpo esquerdo é realmente seu
(anasognosia = desconhecimento do déficit)
Pulvinar:
• Conexões recíprocas com a maioria do córtex occipital, parietal e temporal – modulando a difusão da
atividade cortical. Indivíduos com lesão no pulvinar respondem anormalmente lentos a estímulos
contralaterais, particularmente quando há estímulos competindo ipsilateralmente.
Fábula
Pode o animal usar a linguagem? Pode o animal usar a linguagem humana?
• Animais se comunicam de várias formas: expressões (cães, gatos); dança (abelhas, baleias)
• Primatas e golfinhos podem usar palavras, mas não gramática ou sintaxe
• Foi intensivamente tentado desde 1940, mas barreiras fonatórias (laringe) são muito limitantes
• A questão continua controversa
Afasia: é a perda parcial ou completa da habilidade da linguagem devido a lesão cerebral, frequentemente com as
demais funções cognitivas preservadas, assim como a musculatura fonatória.
Afasia de Broca: a compreensão é preservada, porém não consegue falar (sem fluência)/expressar linguagem.
1861: primeiro caso
1863: publicou oito casos
1864: linguagem no hemisfério ESQUERDO (pela primeira vez chamou “dominante”)
• Hoje se chama as áreas 44 e 45 de Brodmann como áreas de broca.
• Chama-se afasia de Broca a quadros com incapacidade de expressão da linguagem, mas com a compreensão
mantida.
• A principal característica é a fala telegráfica, sem artigos, pronomes ou conjugações gramaticais (agramasia).
Podem ocorrer parafasias (substituição por palavras de fonética parecida).
- Agramasia (sem gramática)
- Discurso telegráfico
- Compreensão mantida, reprodução prejudicada
- Comumente associada a hemipiramidalismo direito
Qual a porcentagem de um sujeito ter perdido o hemisfério esquerdo e ficar com afasia global? – 92%.
15% dos sinistros têm a representação bilateral da linguagem. Nos destros, a região de Wernicke é +- 1/3 maior no
hemisfério esquerdo, e já presente ao nascimento.
Não confundir com encefalopatia de Wernicke (EW), que é uma doença neurológica severa causada por um déficit
de vitamina B1, mas que é potencialmente tratável se diagnosticada precocemente. A síndrome é caracterizada por
ataxia, oftalmoplegia, confusão e prejuízo da memória de curto prazo.
Parafasias e jargonofasias: muito mais comuns – compreensão e repetição prejudicadas; em geral, sem déficits
motores associados.
NEUROFISIOLOGIA
Área de broca: 45
Área motora primária: 4
Área de Wernicke: 22
Região de associação parieto-temporo-occipital: 30
Áreas visuais estriadas e extraestriadas: 17, 18, 19
Tipos de afasia
Afasia bilíngue
• Depende da ordem do aprendizado
• Depende da fluência de cada língua
• Depende de quando foi utilizada pela primeira vez
Obs: segunda língua área de Wernicke
A evolução da linguagem
• Aprende-se de forma auditiva (exceções: surdos e filhos de pais surdos)
• A exposição precoce à linguagem é fundamental para o desenvolvimento da linguagem
• Detecção precoce de defeitos é fundamental
• 3 meses: murmúrios
• 6 meses: balbucios
• 18 meses: 50 palavras, compreende 150
3 anos: sentenças completas
NEUROFISIOLOGIA
O APRENDIZADO E A MEMÓRIA – Tipos de Memória e Amnésia
Funções cognitivas (funções corticais superiores):
• Memória
• Linguagem
• Atenção
• Raciocínio/abstração
• Julgamento/insight
• Orientação
• Cálculo
• Praxia
• Gnosia
• Funções executivas
Síndrome Frontal
Síndrome Temporal
Síndrome Parietal
Síndrome de Gershmann (lesões no giro angular no hemisfério dominante): agnosia para dedos, agrafia, acalculia,
desorientação direita/esquerda.
Distúrbios da função visual-espacial e do esquema corporal: lesões no hemisfério não dominante
Distúrbio da atenção seletiva: heminegligência anosognosia da hemiplegia (lesões no hemisfério não dominante)
Estereognosia (identificação de formas), agrafestesia.
NEUROFISIOLOGIA
Síndrome occipital
MEMÓRIA
A memória é imperfeita. Esquecer é tão importante quanto lembrar. A memória é um sentido contaminável.
Memória e aprendizado
Aprendizado é a aquisição de novas informações ou conhecimento
Memória é a retenção da informação que foi aprendida
Tipos de memória
- Quanto à duração / tipo de informação / estruturas encefálicas envolvidas
A memória DECLARATIVA:
• Memória explícita
• Acessada pela consciência
• Fácil de formar e fácil de perder
• Memória para fatos e eventos
• Disponível para evocação
• Memória de longo prazo: aquela que pode ser evocada dias, meses ou anos após ter sido originalmente
estocada
• Memória de curto prazo: pode durar de segundos a horas e pode ser rompida. Pode ser transformada em
memória de longo prazo através do processo de consolidação.
• Memória de trabalho: memória imediata, retida na mente.
O hipocampo
• Fundamental para o estabelecimento de novas memórias (memórias episódicas ou declarativas)
• Lesões bilaterais do hipocampo resultam em amnésia
• Os córtices entorrinal, perirrinal e para-hipocampal são críticos para a consolidação da memória
• Hipocampo: faz o armazenamento de novas memórias temporariamente e transferência da informação
aprendida para outras áreas corticais para serem armazenadas de forma mais permanente
• Envolvido com o aprendizado e memória declarativa.
Sensibilização e habituação
Habituação: aprender a ignorar um estímulo que não tenha significado.
Sensibilização: aprender a intensificar suas respostas a todos os estímulos, mesmo àqueles que previamente
evocaram pouca ou nenhuma reação.
História
1994: Academia americana de neurologia: Guideline para determinação de morte cerebral utilizado no Brasil.
Revisado em 2010.
Morte encefálica:
• Perda definitiva e irreversível das funções do encéfalo de causa conhecida e comprovada.
• Coma não perceptivo, ausência de reflexos de tronco e apneia.
• Exclusão de fatores que possam causar o quadro clínico.
Excluir:
Distúrbios hidroeletrolíticos, distúrbios ácido-básico, distúrbio endócrino, intoxicação exógena, hipotermia e uso de
depressores do SNC e BNM.
Deve-se ter dois exames clínicos, médicos diferentes (necessariamente um deve ser neurologista). São feitos 2
protocolos.