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NEUROFISIOLOGIA

INTRODUÇÃO ÀS NEUROCIÊNCIAS
Encéfalo na Grécia Antiga
Hipócrates: sensações + sede da inteligência
Aristóteles: radiador para resfriar o sangue superaquecido pelo coração
Encéfalo no Império Romano
Galeno: médico dos gladiadores, dissecação de animais. Quatro fluidos (humores); Sensações eram registradas em
movimentos iniciados pelo movimento do humor a partir dos – ou para os – ventrículos cerebrais, através dos
nervos, que se acreditava serem tubulações ocas, como os vasos sanguíneos.
Encéfalo na Renascença
Maior importância à substância cerebral. Substância branca: fibras que levam e trazem a informação para a
substância cinzenta. Divisão do SN em SNC (encéfalo + medula espinal) e SNP (rede de nervos que percorrem o
corpo). Giros, sulcos e lobos. Lobos: especulação que diferentes funções estariam localizadas em diferentes
saliências do cérebro.
O SN possui duas divisões, o SNC e o SNP. O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. As três principais
partes do encéfalo são o cérebro, o cerebelo e o tronco encefálico. O SNP consiste de nervos e células nervosas que se
localizam fora do encéfalo e da medula espinhal.
Século XIX – 4 descobertas-chave:
1) Nervos como fios: nervos conduzem sinais elétricos do e para o encéfalo. Cada fio: filamentos (fibras
nervosas). Nervos: raiz dorsal (sensitiva) e ventral (motora).
2) Localização de funções específicas em diferentes partes do cérebro: frenologia: correlacionar a estrutura da
cabeça com traços da personalidade. Paul Broca: lobo frontal esquerdo = produção da fala.
3) A evolução do sistema nervoso: Darwin: comportamento é um traço herdado, similaridade nas respostas
aos estímulos. Relação de resultados em experimentos em animais com os realizados em humanos
Comparando a especialização de diferentes espécies: partes do encéfalo eram responsáveis por diferentes
funções comportamentais.
4) Neurônio como unidade funcional básica do SN: microscópio mais refinado, teoria celular (Schwann): todos
os tecidos são compostos por células. 1900: a célula nervosa individual (neurônio) foi reconhecida como a
unidade funcional básica do SN.

Neurociências hoje – níveis de análise


a) Neurociências moleculares: estudo do encéfalo em seu nível mais elementar (moléculas).
b) Neurociências celulares: estudo de como as moléculas trabalham juntas para dar ao neurônio suas
propriedades especiais.
c) Neurociências de sistemas: estudo de como diferentes circuitos neuronais analisam informação sensorial,
formam a percepção do mundo externo, tomam decisões e executam movimentos.
d) Neurociências comportamentais: estudo de como os sistemas neuronais trabalham juntos para produzir
comportamentos integrados.
e) Neurociências cognitivas: compreensão dos mecanismos neurais responsáveis pelas atividades mentais
superiores do homem, como a consciência, a imaginação e a linguagem. Estudo de como a atividade do
encéfalo cria a mente.
NEUROFISIOLOGIA
A ESTRUTURA DO SISTEMA NERVOSO
Referenciais anatômicos
• Anterior ou rostral
• Posterior ou caudal
• Dorsal
• Ventral
• Simetria bilateral: com escassas exceções, todas as estruturas do SN ocorrem em pares, uma do LD e outra
do LE.
• Linha média: linha que atravessa o SN longitudinalmente
• Direções: medial (mais próximo à linha média) e lateral (mais afastado)
• Estruturas ipsilaterais: mesmo lado
• Estruturas contralaterais: lados opostos
• Plano mediano: plano de secção que divide o encéfalo nos hemisférios D e E
• Planos sagitais: paralelos ao plano mediano
• Plano horizontal: paralelo ao chão
• Secções horizontais: dividem o encéfalo em parte ventral e dorsal
• Plano coronal: perpendicular ao plano sagital e ao horizontal, divide o encéfalo em parte anterior e posterior

O SISTEMA NERVOSO CENTRAL

SNC  encéfalo + medula espinhal


Encéfalo: cérebro + cerebelo + tronco encefálico

Obs: forame magno – divide o tronco da medula.

O cérebro: fissura sagital divide-o em dois hemisférios; o direito recebe sensações e controla movimentos do lado
esquerdo do corpo. O esquerdo está envolvido com as sensações e movimentos do lado direito. (Recebe sensações e
controla o movimento do lado contralateral do corpo).
O cerebelo: é primariamente um centro para o controle do movimento que possui extensivas conexões com o
cérebro e a medula espinhal. O hemisfério cerebelar é concordante ipsilateral à região do corpo.
O tronco encefálico: conjunto complexo de fibras e células, que enviam informação do cérebro à ME e ao cerebelo,
assim como de ambos ao cérebro. Também regula funções vitais (respiração, estado de alerta consciente,
temperatura corporal). Porção mais primitiva e mais importante para a vida. Lesões do tronco encefálico em geral
significam morte rápida.  pequenas lesões no tronco levam ao coma por afetar o Sistema Ativador Reticular
Ascendente (SARA). Causam também grandes disfunções hemisféricas.
A medula espinhal: maior condutor de informação da pele, das articulações e dos músculos ao encéfalo, e deste
para a pele, articulações e músculos. Uma transecção da ME resulta em anestesia (perda da sensibilidade) na pele e
paralisia dos músculos em partes do corpo caudais à secção. A ME comunica-se com o corpo pelos nervos espinhais.

O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO


É dividido em duas partes: SNP somático e SNP visceral.

SNP Somático
Todos os nervos espinhais que inervam a pele, as articulações e os músculos que estão sob controle voluntário.
Axônios motores somáticos: comandam a contração muscular, originam-se de neurônios motores na ME ventral. Os
somas desses neurônios situam-se dentro do SNC, mas seus axônios estão predominantemente no SNP.
Axônios sensoriais somáticos: inervam e coletam informação da pele, músculos e articulações; entram na ME pelas
raízes dorsais. Os corpos dos neurônios estão fora da ME em gânglios da raiz dorsal. Existe um gânglio da raiz dorsal
para cada nervo espinhal.

SNP Visceral
Sistema nervoso vegetativo, involuntário ou autônomo. Constituído de neurônios que inervam órgãos internos,
vasos sanguíneos e glândulas.

Os axônios sensoriais somáticos ou viscerais podem ser:


NEUROFISIOLOGIA
Axônio aferente: TRAZ informação ao SNC.
Axônio eferente: emergem do SNC para inervar músculos e glândulas.

Nervos cranianos
Conexão com o encéfalo. Inervam principalmente a cabeça. A maioria liga-se ao tronco encefálico, com exceção dos I
e II pares (olfatório e óptico), que fazem parte do SNC. Os outros fazem parte do SNP.

Meninges
Não existe espaço entre a dura-máter e a membrana aracnoide, mas pode haver rompimento de vasos sanguíneos
que passam através da dura-máter causando hematomas subdurais. No espaço subaracnoide: LCR.

O sistema ventricular
Líquor: importância imunológica e física para o funcionamento do cérebro. Produzido pelos plexos corióides.

IMAGENS DO ENCÉFALO VIVO


Tomografia computadorizada (TC): imagens de fatias do cérebro através de RX.
Ressonância magnética (RM): mapa mais detalhado do cérebro – imagens a partir de sinais magnéticos produzidos a
partir de átomos de hidrogênio.
Imagens funcionais do Encéfalo: 2 técnicas: Tomografia por emissão de pósitrons (TEP) e imageamento por
ressonância magnética funcional (IRMf) – ambas detectam mudanças no fluxo sanguíneo regional e no metabolismo
dentro do encéfalo. Os neurônios mais ativos requerem mais glicose e oxigênio (sangue); assim, detectando
mudanças no fluxo sanguíneo, a TEP e a IRMf revelam as regiões encefálicas mais ativas em diferentes situações.

FORMAÇÃO DO TUBO NEURAL


Neurulação: processo mediante o qual a placa neural se transformará em tubo neural.
Placa neural  sulco neural  pregas neurais (fundem-se)  tubo neural.
A totalidade do SNC desenvolve-se a partir das paredes do tubo neural.
Crista neural: todos os neurônios com os corpos neuronais no SN Periférico serão derivados da crista neural.
Somitos: protuberâncias em cada lado do tubo neural – 33 vértebras.

Defeitos do tubo neural


Anencefalia  falhas no fechamento anterior do tubo neural. Ausência do prosencéfalo e do crânio. Sempre fatal.
Espinha bífida  falhas no fechamento na porção posterior do tubo neural. Na sua forma mais severa, a espinha
bífida é caracterizada pela falha na porção posterior da ME formada a partir da placa neural. Formas menos severas
são caracterizadas por déficits nas meninges e vértebras que recobrem a ME posterior. Normalmente a espinha
bífida não é fatal.

A espinha bífida é uma anormalidade congênita da coluna vertebral que pode se apresentar de formas diferentes.
Pode ser oculta e assintomática (espinha bífida oculta), apresentar as meninges expostas (meningocele) ou, além das
meninges, a medula e as raízes nervosas podem estar expostas (mielomeningocele).
Encefalocele (ou cranium bifidum) é um defeito do tubo neural, doença na qual ocorre a herniação do cérebro e
das meninges por aberturas no crânio. Pode causar deficiências motoras e intelectuais graves, mas é menos
freqüente. O único tratamento efetivo disponível é a cirurgia reparadora.
Sabe-se que níveis apropriados de ácido fólico podem ajudar a prevenir este tipo de malformações antes e durante os
primeiros tempos da gravidez.

AS TRÊS VESÍCULAS ENCEFÁLICAS PRIMÁRIAS

Vesículas primárias: prosencéfalo (mais rostral, encéfalo anterior), mesencéfalo e romboencéfalo (ou encéfalo
posterior). O romboencéfalo conecta-se ao tubo neural caudal, o qual origina a medula espinhal.
FIGURA PG 181:
NEUROFISIOLOGIA
Diferenciação do prosencéfalo: surgimento de vesículas secundárias em ambos os lados do prosencéfalo: vesículas
ópticas e vesículas telencefálicas (telencéfalo).
• Diferenciação do telencéfalo e do diencéfalo: as vesículas telencefálicas formam o telencéfalo, que continua
a se desenvolver, situando-se dorsal e lateralmente do diencéfalo (ver figura pg. 182). Os espaços dentro dos
hemisférios cerebrais (que se originaram do telencéfalo) são chamados de ventrículos laterais, e o espaço no
centro do diencéfalo denomina-se terceiro ventrículo.

O diencéfalo ainda se diferencia em duas estruturas: o tálamo e o hipotálamo.


Corpo caloso: estrutura que une os dois hemisférios cerebrais.
Cápsula interna: une o córtex com o tronco encefálico (particularmente com o tálamo).

Relação estrutura x função do telencéfalo (cérebro anterior):


• O prosencéfalo é o local das percepções conscientes, da cognição e da ação voluntária
• A estrutura mais importante do prosencéfalo é o córtex cerebral: estrutura que mais se expandiu na
evolução humana
• Os neurônios corticais recebem informação sensorial, constroem as percepções do mundo exterior e
comandam os movimentos voluntários
• Os neurônios talâmicos enviam axônios ao córtex através da cápsula interna, que leva informação ao córtex
do lado contralateral do corpo
• Os neurônios corticais também enviam axônios pela cápsula interna ao tronco encefálico
• Alguns axônios corticais percorrem todo o caminho até a ME, constituindo o trato córtico-espinhal (via do
córtex que comanda o movimento voluntário)
• O hipotálamo controla o SNV (visceral ou vegetativo), assegurando que o cérebro esteja bem nutrido
• O hipotálamo também controla a hipófise (pituitária), glândula relacionada com a liberação de hormônios na
corrente sanguínea
• O hipotálamo também tem um papel chave na motivação para a busca de alimentos, líquidos e sexo em
resposta a suas necessidades.

Diferenciação do mesencéfalo: pouca diferenciação. Tecto e tegmento, com o aqueduto cerebral entre essas duas
regiões.
Relação estrutura x função do mesencéfalo:
• Condução de informação da ME ao prosencéfalo e vice-versa
• Neurônios envolvidos com o sistema sensorial, no controle do movimento e várias outras funções
• Controle voluntário do movimento (trato córtico-espinhal passa pelo mesencéfalo)
• Tecto: diferencia-se nos colículos (movimentos oculares, informações auditivas)
• Tegmento: contém a substância negra e o núcleo rubro: movimento voluntário
• Também está relacionado com o alerta consciente, humor, prazer e dor

Diferenciação do romboencéfalo: cerebelo + ponte + bulbo.


O cerebelo e a ponte originam-se do metencéfalo (parte rostral do romboencéfalo); o bulbo origina-se do
mielencéfalo (parte caudal). A cavidade preenchida com líquor origina o quarto ventrículo, em continuidade com o
aqueduto cerebral.
A porção caudal do romboencéfalo diferencia-se em ME.
Relação estrutura x função do romboencéfalo:
• Conduto de informação que passa do prosencéfalo à ME e vice-versa
• Neurônios do romboencéfalo: processamento da informação sensorial, controle dos movimentos voluntários
e regulação do SNV
• Cerebelo  centro de controle do movimento, posição do corpo no espaço. Lesões resultam em
movimentos descoordenados e imprecisos.
• Ponte: conecta o córtex cerebral ao cerebelo.
• Bulbo: a decussação das pirâmides (no bulbo) explica por que o córtex de um lado controla os movimentos
do lado oposto do corpo. O bulbo contém neurônios que executam muitas funções sensoriais (como
informações auditivas, tato, gustação) e motoras (movimentos da língua) através do nervo craniano XII).
• O bulbo contém neurônios que retransmitem informação sensorial somática da ME ao tálamo.
NEUROFISIOLOGIA
Sistema nervoso somático é composto por neurônios sensoriais e motores que estão submetidos ao controle
consciente para gerar ações motoras voluntárias, resultantes da contração de um músculo esquelético. Sua principal
função é inervar a musculatura esquelética, responsável pelas ações voluntárias.

Diferenciação da medula espinhal: transformação do tubo neural caudal. Cavidade do tubo neural = canal
ependimário central. Substância cinzenta: corno dorsal, corno ventral e zona intermediária. Substância branca:
colunas dorsais, colunas laterais e colunas ventrais.
Relação estrutura x função da medula espinhal:
• Corno dorsal: recebe aferências sensoriais das fibras da raiz dorsal
• Corno ventral: projetam axônios às raízes ventrais que inervam músculos
• Zona intermediária: interneurônios que modulam eferências motoras em resposta a aferências sensoriais e a
comandos descendentes do encéfalo
• Coluna dorsal: transporta informação da sensibilidade somática (tato) da ME ao encéfalo
• Coluna lateral: axônios que inervam a zona intermediária e o corno ventral; também transporta sinais que
controlam os movimentos voluntários
• A ME é o principal conduto de informação da pele, articulações e músculos até o encéfalo
• Neurônios da substância cinzenta: iniciam a análise da informação sensorial; têm papel decisivo na
coordenação dos movimentos e são capazes de articular reflexos simples

CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DO SNC HUMANO


• O córtex cerebral adulto mede aproximadamente 1100 cm²
• Sulcos e giros resultam de expansões de áreas
• O córtex cerebral é o centro de raciocínio e cognição (é o único local de raciocínio e conhecimento humano)
• Sem o córtex uma pessoa seria cega, surda, muda e incapaz de iniciar um movimento voluntário
• Todos os sistemas que no encéfalo são responsáveis pelas sensações, movimentos voluntários, aprendizado,
fala e cognição: convergem no córtex

TIPOS DE CÓRTEX CEREBRAL

Os corpos celulares dos neurônios corticais estão arranjados em camadas ou lâminas. As camadas neuronais mais
próximas da superfície estão separadas da pia por uma zona escassa em neurônios (camada molecular ou camada I).
Pelo menos uma camada contém células piramidais que emitem dendritos extensos (dendritos apicais) que se
dirigem até a camada I, de onde formam múltiplas ramificações. Córtex cerebral: 6 camadas.
Medialmente ao ventrículo lateral: hipocampo (cavalo marinho) – possui somente três camadas celulares.
Córtex olfativo: 2 ou 3 camadas celulares.
Neocórtex: apresenta muitas camadas celulares. É encontrado somente em mamíferos. Relaciona-se à visão,
audição, sensações somáticas e ao controle dos movimentos voluntários.

ÁREAS DO NEOCÓRTEX
Broadmann: mapa citoarquitetônico do neocórtex (diferenciação do neocórtex em zonas empregando a
citoarquitetura).
Cada área do córtex que tenha uma citoarquitetura em comum possui um número que a identifica. Áreas corticais
diferentes executam funções diferentes.
• Área 17: córtex visual
• Área 4: córtex motor

Relação estrutura x função do córtex cerebral:


• A quantidade do córtex foi mudando ao longo da evolução, mas sua estrutura básica não
• O neocórtex se expande pela inserção de novas áreas
• Neocórtex primordial: três tipos de córtex:
Tipo 1) áreas sensoriais primárias: são as primeiras a receber sinais das vias sensoriais ascendentes (ex: área
17)
Tipo 2) áreas sensoriais secundárias: abundantes interconexões com as áreas sensoriais primárias
Tipo 3) Áreas motoras: estão envolvidas com o controle do movimento voluntário (Ex: área 4)
• Córtex associativo (áreas corticais de associação): desenvolvimento mais recente – surgimento da mente
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O NEURÔNIO E A GLIA
Células do SN: circuitos que medeiam sensação, percepção, movimento, fala e emoção.
100 bilhões de neurônios (unidade funcional básica do encéfalo) e 1 trilhão de células da glia (colaboram no
isolamento, sustentação, defesa e nutrição dos neurônios, além de manter a coesão do tecido neural). As células da
glia excedem em número os neurônios em cerca de dez vezes.
Os neurônios são as células mais importantes do encéfalo: percebem modificações no meio ambiente, comunicam
tais modificações a outros neurônios e comandam as respostas corporais a essas sensações. São responsáveis pelo
processamento das informações no encéfalo.

A DOUTRINA NEURONAL
O progresso da neurociência molecular só foi possível após a invenção do microscópio (séc XVII) e do micrótomo (séc
XIX).
O tecido nervoso tem consistência gelatinosa, pouco firme para que nele se realizem cortes delgados (a consistência
torna difícil fazer uma finíssima fatia do tecido cerebral sem alterar a arquitetura celular).
As pequenas fatias apareciam com uma cor creme no microscópio não havendo diferenças na pigmentação para se
estabelecer a histologia e a individualidade celular.
O endurecimento só foi possível com imersão em formalina (formaldeído), e com a invenção do micrótomo
conseguiu-se obter secções finas (séc. XIX).
Coloração de Nissl: O alemão Franz Nissl através de seu corante pôde mostrar o núcleo de todas as células e um
material denso ao seu redor (corpúsculo de Nissl = material agrupado que rodeia o núcleo dos neurônios).
• Pode-se com essa técnica diferenciar neurônios de células gliais
• Permite estudar a citoarquitetura de neurônios em diferentes partes do encéfalo

A coloração de Golgi
A coloração de Nissl não mostra toda a realidade. Golgi = solução de cromato de prata (procedimento Golgi). Revelou
que o soma neuronal (a região ao redor do núcleo que é observada com a técnica Nissl) na realidade é somente uma
pequena fração do total da estrutura do neurônio. O método Golgi mostrou que:
• Os neurônios têm pelo menos duas partes distinguíveis: uma região central (soma, corpo ou pericárdio, que
contém o núcleo) e numerosos tubos finos que dali irradiam (neuritos, podendo ser de 2 tipos: axônios ou
dendritos).
• A maioria das células tem um diâmetro que varia de 0,01 a 0,05 mm
Axônios: cada neurônio dá origem a um único axônio. Possuem diâmetro uniforme e podem percorrer grandes
distâncias no corpo. Levam o sinal.
Dendritos: raramente se estendem mais que 2 mm, entram em contato com muitos axônios. Recebem o sinal
(antenas do neurônio).

Cajal: Cajal utilizou a técnica de Golgi. Golgi defendeu o ponto de vista de que os processos ou neuritos de diferentes
células estavam fundidos uns aos outros, formando um retículo/rede contínuo (como artérias e veias) = teoria
reticulista. Cajal defendeu que os processos dos neurônios não possuíam continuidade entre si, e deveriam se
comunicar por algum tipo de contato descontínuo  doutrina neuronal – comprovada com o microscópio eletrônico
em 1950.
Doutrina do neurônio: Os prolongamentos (neuritos) de diferentes neurônios não possuem continuidade entre si, e
se comunicam por contato.

O NEURÔNIO
Neurônio = soma + dendritos e axônio + membrana neuronal

Soma / corpo celular / pericário: membrana neuronal + citoplasma + organelas


Membrana neuronal aproximadamente esférica.
Citoplasma (todos os componentes no interior da membrana neuronal exceto o núcleo):
• Citosol: fluido rico em potássio (separado do meio externo pela membrana neuronal)
• Organelas: ribossomos e polirribossomos, RER (corp. de Niessl), REL, Ap. de Golgi, mitocôndrias.
O soma possui aproximadamente 20 µm de diâmetro.
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Núcleo
• Localizado centralmente, cerca de 5-10 µm de largura
• Envolvido por uma dupla membrana chamada de envelope nuclear que é perfurada por poros que medem
cerca de 0,1 µm
• Contém os cromossomos que são fitas duplas de DNA com 2 nm
• A leitura do DNA é chamada de expressão gênica
• E o produto final da expressão gênica é a síntese de proteínas
Como o DNA não consegue deixar o núcleo, necessita de um mensageiro: RNAm.
Transcrição  confecção do RNAm contendo a informação genética.
Tradução  síntese de proteínas no citoplasma a partir da ligação dos aminoácidos em cadeia.

Membrana neuronal:
• Barreira que envolve o citoplasma dentro do neurônio
• Possui espessura de 5nm e contém proteínas
• Algumas proteínas bombeiam substâncias de dentro para fora; outras formam poros que regulam a entrada
de substâncias
• As proteínas que compõem a membrana variam dependendo da região do neurônio.

Citoesqueleto
O citoesqueleto é o esqueleto interno do neurônio que sustenta a membrana plasmática e mantém o formato
característico do neurônio. O citoesqueleto está em constante movimento.
“Ossos do citoesqueleto”  microtúbulos, microfilamentos e neurofilamentos  sua disposição proporciona o
formato característico dos neurônios.
• Microtúbulos: semelhantes a canos cujas paredes são formadas por pequenos cordões de proteínas
chamadas de TUBULINA (polímeros de tubulina), que estão em constante processo de polimerização e
despolimerização para manter a forma do neurônio e principalmente as neurites. Estes processos são
regulados pelas MAPs (proteínas associadas aos microtúbulos). Alterações patológicas das MAPs dos
axônios, chamadas de proteínas tau, têm sido relacionadas à demência que acompanha a doença de
Alzheimer.
• Microfilamentos: são encontrados especialmente nas neurites. São formados por cordões proteicos
constantemente polimerizados pela proteína ACTINA (polímero de actina).
• Neurofilamentos: é o filamento de tamanho intermediário do citoesqueleto. No cabelo é chamado de
queratina. É formado por 3 fios de proteínas fazendo do neurofilamento uma estrutura mecânica muito
resistente.

O AXÔNIO
• Exclusivo dos neurônios
• Transferência de informação – impulsos nervosos (através de sinapses)
• Diferentemente do soma, não possui RER e possui poucos ribossomos – não há síntese proteica nos axônios!
• Especializado em comunicação
• Composição proteica da membrana do axônio difere da composição do soma
• Produz energia (possui mitocôndrias)
• O impulso nervoso (sinal elétrico ao longo do axônio) varia conforme o diâmetro do axônio: quanto mais fino
mais rápido o impulso trafega.

Axônio terminal
• É o término do axônio, local onde este entra em contato com outros neurônios e passa informações
• Este ponto de contato é chamado de SINAPSE
• Alguns axônios possuem muitos ramos terminais cada qual formando uma sinapse com dendritos ou soma
na mesma região – coletivamente são chamados de “arbor terminal”
• Alguns axônios formam sinapse em regiões dilatadas chamadas de “boutons em passant” e continuam até
terminar em outro lugar
• Outros axônios fazem sinapses com células não nervosas promovendo sua inervação.
O citoplasma do terminal axonal difere daquele do restante do axônio:
1) Microtúbulos do axônio não se estendem ao terminal sináptico
2) O terminal sináptico contém numerosos glóbulos membranosos, chamados vesículas sinápticas (50 nm de
diâmetro)
NEUROFISIOLOGIA
3) A superfície interna da membrana da sinapse apresenta um revestimento particularmente denso de
proteínas
4) Apresenta numerosas mitocôndrias, indicando uma alta demanda de energia no local.

SINAPSES
A informação é transferida de um neurônio para outro através da sinapse. A sinapse tem dois lados: o pré e o pós-
sináptico. O lado pré-sináptico geralmente consiste de um axônio terminal, enquanto o pós sináptico pode ser o
dendrito ou o soma de outro neurônio.
Fenda sináptica: espaço entre as membranas pré e pós sinápticas.
Transmissão sináptica: transferência de informação através de uma sinapse, de um neurônio para outro.

Na maioria da sinapses, a informação que viaja na forma de impulsos elétricos ao longo de um axônio é convertida,
no terminal axonal, em um sinal químico que atravessa a fenda sináptica. Na membrana pós-sináptica, esse sinal
químico é convertido novamente em um sinal elétrico. O sinal químico é chamado de neurotransmissor, sendo
armazenado nas vesículas sinápticas dentro do terminal axonal e liberado na fenda sináptica.
A sinapse também é o local de ação para o gás dos nervos e para a maioria das drogas psicoativas.

Transporte axoplásmico
• August Waller, no séc XIX, demonstrou que o axônio não podia sobreviver separado do soma, sofrendo uma
degeneração chamada walleriana
• A degeneração walleriana ocorre porque o movimento de material do soma para o axônio é interrompido
• Esse movimento de material é chamado de transporte axoplásmico
• A velocidade de transporte é de aproximadamente 1000 mm por dia
• Transporte anterógrado: quando a transmissão se dá da soma para o axônio. Proteína: cinesina
• Transporte retrógrado: quando a transmissão se dá do axônio para a soma. Proteína: dineína

Herpes labial: movimento anterógrado. Gânglio sensitivo (gânglio do trigêmeo): o vírus penetra nos terminais
axonais dos lábios e é transportado para o soma, onde fica até que um estresse desencadeie sua manifestação, e
dessa forma ele retorna à terminação nervosa.

Transporte axoplásmico rápido = 1m/dia


Transporte axoplásmico lento = 1-10 mm/dia
MAPs: proteínas associadas aos microtúbulos (cinesina e dineína)

DENDRITOS
São considerados as antenas dos neurônios. Derivado da palavra grega para árvore.
Os dendritos de um neurônio são chamados coletivamente de árvore dentrítica (ramos dendríticos). São cobertos
por milhares de sinapses. Quanto mais sinapses houver na célula, mais produtiva ela é.
A membrana dendrítica relacionada com as sinapses (membrana pós sináptica) apresenta muitos receptores,
especializados na detecção dos neurotransmissores na fenda sináptica.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS


NEUROFISIOLOGIA
1) Classificação morfológica (baseada no número de neuritos):
Neurônio unipolar: apresenta um único neurito.
Neurônio bipolar: apresenta dois neuritos.
Nurônio multipolar: apresenta três ou mais neuritos.
Obs: neurônio típico = multipolar.
Célula piramidal: recebe informações de várias camadas

2) Classificação baseada nas conexões:


Neurônios sensitivos: levam a informação para o SNC
Neurônios motores: trazem as informações do SNC
Interneurônios: fazem conexões apenas com outros neurônios. Comunicam-se entre si geralmente com
intensificação do sinal.

3) Classificação baseada no comprimento do axônio:


Neurônios do tipo I de Golgi (neurônios de projeção): possuem longos axônios que se estendem de uma parte do
encéfalo para outra.
Neurônios do tipo II de Golgi (neurônios de circuito local): têm axônios curtos que não vão além das proximidades do
corpo celular.

4) Classificação baseada nos neurotransmissores:


Neurônio colinérgico: possui acetilcolina em sua sinapse.
Serotoninérgicos, dopaminérgicos, glutamatérgico, gabaérgico, noradrenérgico

5) Classificação baseada nos dendritos (arborização dendrítica):


Células estreladas (formato de estrela) e células piramidais (pirâmide).

AS CÉLULAS DA GLIA
A glia contribui para a atividade cerebral principalmente dando suporte às funções neuronais.
Tumores cerebrais: geralmente células da glia que se reproduzem.

Astrócitos:
• São as células mais numerosas da glia, protegem o soma
• “soldados químicos” – proteção contra acúmulo de substâncias nocivas
• Preenchem os espaços entre os neurônios, regulam o crescimento neuronal
• Regulam o conteúdo químico do espaço extracelular
• Influenciam o crescimento dos neuritos
• Regulam a concentração de várias substâncias no espaço extracelular
• Removem neurotransmissores da fenda sináptica (reciclagem)

Células ependimais: atapetam os ventrículos e direcionam a migração celular durante o desenvolvimento encefálico.
Vem do endoderme.
Microglia: “macrófagos” do sistema nervoso, removem os fragmentos celulares. Defesa (origem sanguínea). Vem do
mesoderme.
Células endoteliais: vascularização encefálica

Glia formadora de mielina (glia mielinizante): células que formam as camadas de membrana que fazem o
isolamento elétrico dos axônios.
• Oligodendrócitos: produzem a membrana que isola os axônios do SNC e mielinizam diversos axônios
• Células de Schwann: são encontradas no SNP e mielinizam somente um axônio
A bainha de mielina é periodicamente interrompida, deixando a descoberto pequenos trechos de axônio onde a
membrana axonal está exposta. Cada uma dessas regiões é chamada de nodo de Ranvier.
NEUROFISIOLOGIA
A MEMBRANA NEURONAL EM REPOUSO
O sistema nervoso deve coletar, distribuir e integrar informações.
A carga elétrica no citosol do axônio é transportada por átomos eletricamente carregados (íons), sendo o citosol um
meio pouco condutivo. Além do axônio não ser bem isolado, ele é banhado em fluido extracelular salino, que conduz
eletricidade. No entanto, a membrana do axônio tem propriedades que lhe permitem conduzir um tipo de sinal
especial – o impulso nervoso ou potencial de ação – que supera tais limitações biológicas.
Os potenciais de ação não diminuem com a distância; eles são sinais de tamanho e duração fixas.
A informação está codificada na frequência dos potenciais de ação de neurônios individuais, bem como na
distribuição e número de neurônios disparando potenciais de ação em um dado nervo.
Células capazes de gerar e conduzir potenciais de ação, que incluem tanto células nervosas quanto musculares, são
conhecidas por possuírem uma membrana excitável. A “ação” em potenciais de ação ocorre na membrana celular.
Quando uma célula como membrana excitável não está gerando impulsos, diz-se que ela está em repouso.
No neurônio em repouso, o citosol na região da superfície interna da membrana possui uma carga elétrica negativa,
comparada com a carga externa.
O potencial de repouso da membrana é a diferença na carga elétrica através da membrana (-70mV).
70% da energia gasta é para o repouso (a espera da mensagem que levará ao impulso).
O potencial de ação é simplesmente uma breve inversão dessa condição e, por um instante – de aproximadamente
um milésimo de segundo – o interior da membrana torna-se positivamente carregado em relação ao exterior.

COMPONENTES DO POTENCIAL DE REPOUSO DA MEMBRANA


1) Os fluidos salinos nos dois lados da membrana
2) A membrana neuronal em si
3) Proteínas que estão inseridas na membrana

COMPONENTES DA MEMBRANA NEURONAL EM REPOUSO


1) O citosol e o fluido extracelular:
Água e íons (átomos eletricamente carregados); sendo os íons com carga elétrica positiva os cátions, e os de carga
negativa os ânions (diferença entre o número de prótons e elétrons). Os íons são os principais carregadores de
cargas envolvidos na condução da eletricidade no sistema biológico. Os principais são:
Cátion monovalente Na+ (sódio)
Cátion monovalente K+ (potássio)
Cátion divalente Ca++ (cálcio)
Ânion monovalente Cl- (cloreto)
2) A membrana neuronal:
A bicamada fosfolipídica: cabeça polar hidrofílica e cauda apolar hidrofóbica. Contribui para os potenciais de repouso
e ação por formar uma barreira aos íons solúveis em água e à própria água, isolando o citosol do neurônio do fluido
extracelular.
A bicamada fosfolipídica é uma barreira impermeável a substâncias hidrossolúveis como íons, glicose, ureia. Por
outro lado, ela é permeável a substâncias lipossilúveis, como oxigênio, CO2 e álcool.

3) As proteínas de membrana:
Os potenciais de repouso e de ação são dependentes de proteínas especiais que atravessam a bicamada lipídica. Tais
proteínas fornecem caminhos para os íons cruzarem a membrana neuronal.
Síntese de proteínas: aminoácidos são montados em uma cadeia conectada por ligações peptídicas; as proteínas
formadas de uma única cadeia de aminoácidos são também chamadas de polipeptídios.
Quatro níveis de estrutura proteica:
Primária: cadeia de polipeptídios ligados através de ligações peptídicas.
Secundária: alfa-hélice, beta-pregueada
Terciária: globular
Quaternária: união de diferentes cadeias polipeptídicas formando subunidades
Canais proteicos: proteínas de formato cilíndrico suspensas na bicamada lipídica (atravessam a membrana).
Canais iônicos: são formados pelos canais proteicos, 4 a 6 moléculas proteicas similares juntas, formando um poro
entre elas. Possuem seletividade iônica (pelo diâmetro do poro e a natureza dos grupos R que o revestem).
NEUROFISIOLOGIA
A MEMBRANA NEURONAL EM REPOUSO – O movimento de íons através da membrana

Quatro importantes fundamentos do movimento das cargas da membrana neuronal:


1) Grandes mudanças no potencial da membrana são causados por mínimas mudanças na corrente elétrica
2) Diferenças de carga elétrica ocorrem do lado interno e externo da membrana
3) Íons são conduzidos através da membrana pela diferença do seu gradiente de concentração e de potencial
elétrico (difusão e eletricidade)
4) Se a diferença de concentração através da membrana é conhecida para cada íon, o potencial de equilíbrio
pode ser calculado para cada íon através da equação de Nernst.

Os movimentos iônicos através de canais são influenciados por dois fatores:


1) Difusão (gradiente de concentração): movimento direcionado de íons de regiões de alta concentração para
regiões de baixa concentração através dos canais iônicos de membrana
2) Eletricidade (campo elétrico): os íons são partículas eletricamente carregadas; cargas opostas se atraem e
cargas iguais se repelem

A difusão
Íons e moléculas dissolvidos na água estão em constante movimento, e tendem a se distribuir igualmente através da
solução. Apesar de os íons normalmente não passarem diretamente através da bicamada fosfolipídica, a difusão faz
com que eles sejam forçados através dos canais iônicos de membrana. A diferença de concentração é um Gradiente
de concentração. A difusão ocorre a favor deste gradiente (íons fluem a favor do gradiente de concentração); na
busca do equilíbrio.
Potencial de equilíbrio  o estado de equilíbrio e alcançado quando as forças de difusão e eletricidade são iguais e
opostas, e o movimento das partículas através da membrana não ocorre.

Eletricidade
Além da difusão a favor do gradiente de concentração, induz-se o movimento direcionado de íons em uma solução
através de um campo elétrico, uma vez que íons são partículas eletricamente carregadas.

Carga elétrica  propriedade intrínseca da matéria, manifestando-se como forças de atração e repulsão.
Carga elétrica positiva: prótons (fixos no núcleo). Carga elétrica negativa: elétrons (móveis em órbitas). Unidade de
carga: Coulomb (C).

Campo elétrico  área de influência de uma carga elétrica no espaço a sua volta. Centro: polo. Diretamente
proporcional à intensidade das cargas elétricas; inversamente proporcional à distância das cargas.
Potencial elétrico: energia potencial acumulada em um determinado ponto do campo elétrico. Inversamente
proporcional à distância entre as cargas; medido em volts (V), pode ser positivo ou negativo.
Diferencial de potencial elétrico  as cargas elétricas sempre se deslocam do ponto de potencial elétrico mais
intenso para o menos intenso. A diferença de voltagem é que permite a realização de um trabalho elétrico (uma
carga percorre dois pontos com diferentes potenciais elétricos).

Corrente elétrica  fluxo de elétrons ao longo de um condutor – medico em Amperes

Resistência elétrica  dificuldade que os elétrons encontram para percorrer um circuito. Depende do tipo de
material (isolante = alta resistência; condutor = baixa resistência). Depende do seu formato (quanto maior o
diâmetro e maior o comprimento, maior é a resistência). Medida em Ohms.

A membrana neuronal funciona como um circuito elétrico:


• Elementos condutores + fonte de força eletromotriz.
• Permite o fluxo de cargas elétricas
• Corrente elétrica (intensidade de corrente, Amperes)
• Diferença de potencial elétrico ou voltagem (Volts)
• Resistência elétrica (Ohms)
• Lei de Ohm: R = V/C

O movimento de íons: íons podem cruzar a membrana somente pelos canais proteicos que são altamente seletivos
para íons específicos. Depende:
NEUROFISIOLOGIA
• Do gradiente de concentração através da membrana
• Da diferença de potencial elétrico através da membrana.

Bombas iônicas: proteínas que usam a energia liberada pela quebra de ATP para transportar certos íons através da
membrana (contra um gradiente de concentração) – gasto de ATP.
Bomba de cálcio; bombas de sódio e potássio

O potencial de repouso da membrana é a diferença de carga elétrica (a voltagem) através da membrana neuronal a
qualquer momento. Aproximadamente -70mV. Depende das concentrações iônicas nos dois lados da membrana.

O POTENCIAL DE MEMBRANA

Canais de potássio na bicamada lipídica: íons K+ passam para fora da célula pelos canais, a favor do gradiente de
concentração, deixando o seu interior com carga líquida negativa. Cada vez mais essa carga vai ficando negativa e a
força elétrica começa a atrair os íons K+ de volta ao interior da célula. Quando uma determinada diferença de
potencial é atingida, a força elétrica que atrai os íons ao interior é exatamente contrabalançada pela força de difusão
que os colocam para fora. Então:
Estado de equilíbrio: quando as forças de difusão e elétrica são iguais e opostas, cessando o movimento líquido de
K+ através da membrana.
Potencial de equilíbrio: é a diferença de potencial elétrico que contrabalança exatamente um gradiente de
concentração iônico. (No caso -80mV).

Distribuição dos íons através da membrana


O potencial e membrana neural depende da concentração iônica dos dois lados da membrana. O ponto principal é
que o K+ é mais concentrado no citosol e o Na+ e o Ca++ são mais concentrados no lado de fora da membrana.

As bombas iônicas estabelecem o gradiente de concentração através da membrana do neurônio.


Duas bombas iônicas são particularmente importantes em neurofisiologia celular: a bomba de sódio e potássio e a
bomba de cálcio.
Por outro lado a membrana do neurônio é permeável quase que exclusivamente ao K+ e ao Na+, principalmente ao
K+ (canais próprios).
A bomba de sódio e potássio troca Na+ intracelular por K+ extracelular (ao contrário do que ocorreria naturalmente,
a bomba o faz gastando ATP). – tira Na+, mesmo ele estando mais concentrado fora da membrana.
A ação dessa bomba garante que o K+ esteja concentrado dentro do neurônio e que o Na+ esteja concentrado fora
do neurônio. Estima-se que ela gaste até 70% da quantidade total de ATP utilizada pelo encéfalo.
Bombas iônicas asseguram que o gradiente de concentração iônica sejam estabelecidos e mantidos.

Permeabilidades iônicas relativas da membrana em repouso


O potencial de equilíbrio para um íon é o potencial de membrana que resultaria se a membrana fosse seletivamente
permeável àquele íon isoladamente. Contudo, neurônios não são permeáveis a um único tipo de íon.
Nos neurônios, o potencial de membrana de repouso de -65mV aproxima-se, mas não alcança, o potencial de
equilíbrio de potássio de -80 mV. Esta diferença surge porque, apesar da membrana em repouso ser altamente
permeável ao K+, existe um “vazamento” constante de Na+ para dentro da célula.

Os canais de potássio – Importância da regulação externa da concentração de K+

Canaliculopatias: alterações/mutações em canais (no caso, de potássio).


Alterações na permeabilidade da membrana ao K+ estão relacionadas a muitas desordens neurológicas e
desestabilizam o potencial de membrana, tornando-o menos negativo, como em certas epilepsias e cefaleias.
Despolarização da membrana: alteração no potencial de membrana do valor de repouso normal para um valor
menos negativo.
Portanto, um aumento na concentração extracelular de potássio despolariza os neurônios.
Barreira hematoencefálica (BHE): um dos mecanismo que regula as concentrações extracelulares de potássio no
encéfalo. A BHE é uma especialização das paredes dos capilares nervosos que limita o movimento de potássio (e
outras substâncias do sangue) ao fluido extracelular do encéfalo.
A glia (em particular os astrócitos), também possui mecanismos eficientes de captação de K+ em excesso
(normalmente em períodos de atividade neuronal essas concentrações de K+ sobem). O astrócito, por um
NEUROFISIOLOGIA
mecanismo chamado potassium spatial buffering armazena K+ no seu citosol quando ocorre um aumento desse ion
no espaço extracelular.

Injeções de KCL:
Um aumento de 10 vezes no K+ extracelular elimina o potencial de repouso. Embora os neurônios do encéfalo sejam
parcialmente protegidos de grandes alterações na concentração de potássio, outras células excitáveis do corpo,
como por exemplo as células musculares, não o são. Sem os potenciais de repouso negativos, as células musculares
cardíacas não podem mais gerar os impulsos que causam contração, e o coração imediatamente para de bater.
NEUROFISIOLOGIA
O POTENCIAL DE AÇÃO
Potencial de ação / spike / impulso nervoso / descarga elétrica
 gasto dos outros 30% de ATP (energia)

A FÍSICA E O CÉREBRO
Hermann von Helmholtz, séc XIX: os axônios das células nervosas geram eletricidade como um meio de produzir
mensagens que são transportadas por toda a sua extensão (“fios elétricos”). O potencial de repouso da membrana
calculado a partir do ENa (62mV) e do EK (-80mV) pela equação de Goldman tem como resultado -65mV.
Fio de cobre: sinal elétrico conduzido na velocidade próxima à da luz. Entretanto a força do sinal se deteriora ao
longo de grandes distâncias, pois é propagada passivamente.
Se um axônio dependesse de propagação passiva, um sinal proveniente de um nervo eu terminasse na pele do nosso
dedão do pé se extinguiria antes de alcançar nosso cérebro!
Os axônios conduzem a eletricidade muito mais lentamente, mas não perdem a força à medida que se propagam.
 propagação ativa, possibilitando a manutenção da intensidade do sinal.

O registro do potencial de ação


Edgar Douglas Adrian, 1920: todos os potenciais de ação gerados por uma célula nervosa são iguais!
É um sinal constante, do tipo tudo-ou-nada, com o mesmo formato e amplitude, independentemente do tipo, força,
duração ou localização do estímulo que o provoca.
O sinal que leva a informação ao longo do sistema nervoso (potencial de ação/impulso nervoso/descarga
elétrica/spike):
• O citosol do neurônio em repouso está
carregado negativamente em relação ao fluido
extracelular.
• O potencial de ação é uma inversão rápida dessa
situação: por um instante, o lado citosólico fica
mais positivo do que o lado externo.
• Os potenciais de ação não diminuem à medida
que são conduzidos ao longo do axônio!
• Sua frequência e seu padrão constituem o
código utilizado pelos neurônios para transferir
informações de um neurônio ao outro.

Pico de potencial: é o sinal que leva a informação ao


longo do sistema nervoso; inversão rápida do potencial
de membrana (de -70 para +40 mV).

Fase ascendente: entra Na+  despolarização da


membrana
Fase descendente: saída de K+  repolarização da
membrana, até ela ficar mais negativa que o potencial
de repouso (hiperpolarização)
Há finalmente uma restauração do potencial de repouso.
Do início ao fim o potencial de ação dura cerca de 2
milissegndos.

O potencial de ação permite conduzir a informação por


longas distâncias através de sinais elétricos ao longo do
axônio. Tais sinais não diminuem com a distância (sinais
de tamanho e duração fixas).
A informação está codificada na frequência e no padrão dos potenciais de ação, bem como na distribuição e no
número de neurônios disparando (cód. Morse).
NEUROFISIOLOGIA
A DESPOLARIZAÇÃO: FENÔMENO TUDO-OU-NADA
Potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além do limiar.

Obs: Limiar  é o potencial de membrana no qual um número suficiente de canais de sódio dependentes de
voltagem abrem-se de forma que a permeabilidade iônica relativa da membrana favorece o sódio sobre o potássio.

A despolarização é causada pela entrada de Na+ através de canais iônicos especializados sensíveis à distensão da
membrana, ativados pelos neurotransmissores ou pela injeção de uma corrente elétrica.

A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito até que se cruze o limiar, e
então surja um potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os potenciais de ação são “tudo-ou-nada”.
 Uma vez atingido o limiar, todo o processo de despolarização da membrana vai acontecer, e da mesma forma!!!

A despolarização da célula através do potencial de ação é provocada pelo influxo (entrada) de íons de Na+ (sódio)
através da membrana; e a repolarização é provocada pelo efluxo (saída) de K+ (potássio).
• Se a corrente injetada não despolariza a membrana até o limiar, não há geração de potencial de ação.
• Se a corrente injetada despolariza a membrana além do limiar, potenciais de ação serão gerados
• A frequência de disparo do potencial de ação aumenta à medida que a corrente despolarizante aumenta.
(ver figura pg. 78)

O CANAL DE SÓDIO DEPENDENTE DE VOLTAGEM (CNaVD)


A proteína forma um poro na membrana que é altamente seletivo aos íons Na+ sendo que o poro é aberto e fechado
por alterações no potencial elétrico da membrana.
O poro fica fechado quando a membrana está em seu potencial de repouso negativo.
Quando a membrana é despolarizada até o limiar, a molécula sofre uma alteração conformacional para permitir a
passagem do Na+ através do poro.

Propriedades do canal de sódio dependente de voltagem:


• Ativação rápida
• Permanecem abertos por 1 ms e são inativados
• Não podem ser abertos novamente mediante despolarização até que o potencial de membrana retorne para
um valor negativo.

A REPOLARIZAÇÃO É CAUSADA PELA INATIVAÇÃO DOS CANAIS DE SÓDIO E EFLUXO (SAÍDA) DOS ÍONS K+.
Período refratário  equilíbrio  não consegue receber impulso (não responde) – até reestabelecer o potencial de
repouso.

A mutação de um aminoácido na parte externa de um CNaVD pode causar epilepsia generalizada com convulsão
febril.

Baiacu: TTX (tetrodotoxin) – obstrui todos os poros permeáveis do Na+ ao se ligar na parte externa do canal,
bloqueando todos os potenciais de ação.

Observações:
Rivotril  aumenta o limiar de despolarização (fica menos negativo), sendo mais difícil de alcança-lo e desencadear o
potencial de ação.
Cafeína  diminui o limiar de despolarização (fica mais fácil despolarizar, desencadeando o potencial de ação).

RESUMINDO:
Limiar: potencial de membrana no qual um número suficiente de canais de sódio dependentes de voltagem abrem-
se de forma que a permeabilidade iônica relativa da membrana favorece o sódio sobre o potássio.
Fase ascendente (despolarização): CNaVP se abrem e íons Na+ entram na célula deixando-a mais positiva.
Fase descendente (repolarização): CNaVP são inativados, e os canais de potássio dependentes de voltagem
terminam de se abrir: K+ sai da célula, tornando o potencial de membrana novamente negativo.
Pós-hiperpolarização: o potencial de membrana permanece hiperpolarizado até que os CKVD sejam fechados.
Período refratário: os canais de sódio são inativados e não podem ser ativados novamente: outro potencial de ação
não pode ser gerado nesse período, até que os canais de membrana estejam suficientemente negativos para
reengatilhar os canais.
NEUROFISIOLOGIA
A CONDUÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO AO LONGO DO AXÔNIO
Para transferir informação de um ponto a outro no sistema nervoso é necessário que o potencial de ação, uma vez
gerado, seja conduzido ao longo do axônio.
Esta condução é semelhante à propagação da chama ao longo de um pavio, apenas se propaga em um sentido – ele
não volta pelo caminho já percorrido.
Quando o axônio está suficientemente despolarizado para atingir o limiar, canais de sódio dependentes de voltagem
abrem-se e o potencial de ação é iniciado. O influxo (entrada) de carga positiva despolariza o segmento de
membrana imediatamente à frente, até que ele alcance o limiar e gere seu próprio potencial de ação.
Dessa forma, o potencial de ação faz seu caminho ao longo do axônio até alcançar o terminal axonal, assim iniciando
a transmissão sináptica.

FATORES QUE INFLUENCIAM A VELOCIDADE DE CONDUÇÃO


1) O tamanho do axônio (diâmetro): a velocidade de condução do potencial de ação aumenta com o diâmetro
axonal. Axônios menores necessitam de uma maior despolarização para alcançar o limiar de potencial de
ação.
2) Número de canais dependentes de voltagem na membrana
3) A mielina (isolante) e os nódulos de Ranvier: a mielina facilita o fluxo de corrente pelo interior do axônio,
aumentando assim a velocidade de condução do potencial de ação. Os nódulos de Ranvier são quebras na
bainha de mielina; CNaVD estão concentrados na membrana desses nodos. Em axônios mielinizados, o
potencial de ação pula de um nodo a outro (esse tipo de propagação do potencial de ação é chamado de
condução saltatória). – a mielina permite que a corrente se estenda para mais longe e de forma mais rápida
entre os nódulos, acelerando a condução do potencial de ação.

POTENCIAIS DE AÇÃO, AXÔNIOS E DENDRITOS


Dendritos e corpos celulares não geram potenciais de ação causados pelo sódio, pois possuem muito poucos CNaVD.
O cone de implantação axonal é chamado zona de disparo ou zona de gatilho.
A despolarização dos dendritos e do soma é causada pelo estímulo sináptico de outros neurônios; se a membrana do
cone de implantação axonal for despolarizada além do limiar, ocorrerá a geração de potenciais de ação.
NEUROFISIOLOGIA
TRANSMISSÃO SINÁPTICA
HISTÓRICO

No final do séc XIX foi reconhecida a transferência de informações de um neurônio a outro em locais especializados.
Em 1897 o fisiologista inglês Charles Sherrington nomeou esses locais de sinapses.
A natureza física das transmissões sinápticas foi proposta há quase um século:
• Em 1921 o austríaco Otto Loewi provou a existência das sinapses químicas ao estimular eletricamente um
axônio que inervava o coração de um sapo
• Em 1951 provou-se a existência de sinapses químicas e que estas são a maioria das sinapses do cérebro
• Em 1959 foi provada a existência das sinapses elétricas.

SINAPSES
Sinapses são junções especializadas onde parte de um neurônio se comunica com outro ou outra célula. As
informações tendem a fluir em uma direção do neurônio para a célula alvo. O fluxo é do terminal axonal (pré-
sináptico) ao neurônio-alvo (pós-sináptico).

Estudo das sinapses: compreensão das ações das drogas psicoativas / causas dos transtornos mentais / bases neurais
do aprendizado, memória / comportamento

Sinapses químicas: liberam neurotransmissores


Sinapses elétricas: transmissão direta de íons – restritas ao crescimento

SINAPSES ELÉTRICAS
São particularmente comuns durante o desenvolvimento embrionário.
Gap junctions  junções pré e pós sinápticas (3mm); também conectam celulas não neuronais como as musculares,
epiteliais, hepáticas e glandulares.
As sinapses elétricas são bidirecionais: a corrente iônica passa em ambos os sentidos (diferente das químicas, que
são unidirecionais).
Um potencial de ação no neurônio pré-sináptico pode produzir quase que instantaneamente um potencial de ação
no neurônio pós-sináptico  potencial de ação rápido e infalível.
Potenciais pós-sinápticos (PPS) que se somam (sinapses múltiplas): desencadeiam um potencial de ação na célula
pós-sináptica. Apenas um PPS não é o bastante para gerar um potencial de ação.
As sinapses elétricas estão presentes na embriogênese – coordenação do crescimento e maturação.

Sinapses do SNC:
Axodendríticas (são as mais comuns); axosomáticas e axoaxônicas.

Sinapses do tipo I de Gray: a diferenciação na região pós-sináptica é mais espessa do que na pré-sináptica. São
excitatórias.
Sinapses do tipo II de Gray: as diferenciações têm espessuras similares. São inibitórias.

SINAPSES QUÍMICAS
A maioria das transmissões sinápticas no sistema nervoso humano maduro se dá por sinapses químicas.
Fenda sináptica: preenchida por matriz extracelular de proteínas fibrosas mantendo adesão entre as membranas pré
e pós-sinápticas.
Terminal axonal: possui vesículas e grânulos secretores  armazenam neurotransmissores.
Zonas ativas: sítios de liberação dos neurotransmissores.

JUNÇÃO NEUROMOSCULAR
Junções sinápticas também existem fora do SNC. Junções neuromusculares são sinapses químicas entre o neurônio
motor da medula espinhal e o músculo esquelético.
É rápida e infalível; e também uma das maiores sinapses do corpo. O terminal pré-sináptico contém um grande
número de zonas ativas. A membrana pós-sináptica (também chamada de placa motora terminal) contém uma série
de dobras na superfície, com alta densidade de receptores para neurotransmissores.
NEUROFISIOLOGIA
PRINCÍPIOS DA TRANSMISSÃO SINÁPTICA QUÍMICA
1) Síntese de neurotransmissor
2) Armazenamento dentro das vesículas
3) Mecanismo responsável pela ruptura das vesículas
4) Mecanismo que produz a resposta química ou elétrica da membrana pós-sináptica quando esta entra em
contato com o neurotransmissor
5) Mecanismo que remove o transmissor da fenda sináptica

NEUROTRANSMISSORES – Síntese e Armazenamento

Três categorias: aminoácidos; aminas e peptídeos.


Aminoácidos  GABA (ácido gama-amino-butírico), glutamato (Glu) e glicina (Gli).
Aminas  acetilcolina (ACo), dopamina (DA), epinefrina, histamina, noradrenalina (NA), serotonina (5-HT).
Peptídios  colecistociniina (CCK), endorfinas/dinorfina, encefalinas (enk), n-acetilaspartilglutamato (NAAG),
neuropeptídio Y, somatostatina, substância P, TSH (hormônio liberador de tirotrofina), VIP (polipeptídio intestinal
vasoativo).

Obs: aminoácidos estão presentes em grânulos secretores; enquanto que as vesículas sinápticas contêm peptídios e
aminas.

• Diferentes neurotransmissores são sintetizados de diferentes maneiras.


• Diferentes neurotransmissores são liberados sob diferentes condições.
• O mesmo neurotransmissor pode ter diferentes ações pós-sinápticas, dependendo de qual receptor ele vai
ativar.

A transmissão sináptica rápida na maioria das sinapses do SNC é mediada pelos aminoácidos Glu, GABA e Gli.
A amina acetilcolina (ACo) medeia a transmissão sináptica rápida em todas as junções neuromusculares.
As formas mais lentas de transmissão sinápticas do SNC e na periferia são mediadas por NT de todas as 3 categorias.
Uma vez sintetizados, os NT devem ser levados para as vesículas sinápticas (papel realizado por transportadores:
proteínas especiais embutidas na membrana vesicular).

LIBERAÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES


A liberação dos NT é desencadeada pela chegada de um potencial de ação no terminal axonal:
• Despolarização da membrana no terminal causa a abertura de canais de Ca++ dependentes de voltagem nas
zonas ativas  é a entrada do cálcio o sinal que causa a liberação dos NT.
Obs: a concentração intracelular de cálcio no repouso é baixa. Portanto, quando os canais de cálcio estiverem
abertos, o cálcio encherá o citoplasma do terminal axonal; a elevação resultante da concentração de cálcio é o sinal
que causa a liberação dos neurotransmissores das vesículas sinápticas.

Exocitose: ocorre exocitose das vesículas sinápticas nas zonas ativas.


Na presença de cálcio aumentado, as proteínas da membrana vesicular e da zona ativa alteram sua conformação, de
modo que as bicamadas lipídicas das membranas pré-sináptica e vesicular fundem-se, formando um poro que
permite a liberação de neurotransmissores na fenda sináptica.

Endocitose: recuperação da membrana vesicular; a vesícula reciclada é então recarregada com o neurotransmissor.

Snare: proteínas que fazem ligação e fusão específicas de membranas (“atracam as vesículas”).
BOTULISMO: doença neuroparalítica grave (Clostridium botuinum: bactéria anaeróbia obrigatória, gram+,
encontrada no solo).
Toxina butolínica  bloqueadora da transmissão neuromuscular:
• Enzimas que destroem as proteínas SNARE no terminal pré-sináptico, impedindo a exocitose das vesículas
sinápticas!!!
• 10 moléculas  bloqueiam uma sinapse colinérgica
• Incubação: 18-36 horas
• Quanto menor o período de incubação, mais grave a doença
• Primeiros sintomas: diplopia, boca seca, disfagia, náusea, vômitos
• Seguido por paralisia motora descendente
NEUROFISIOLOGIA
• Óbito por paralisia bulbar ou complicações respiratórias
• Tratamento  suporte ventilatório, lavagem gástrica, laxantes e enemas, antitoxina trivalente EV.

RECEPTORES PARA NEUROTRANSMISSORES E SEUS SISTEMAS EFETORES


Os NT liberados na fenda sináptica afetam os neurônios pós-sinápticos ao se ligarem a proteínas receptoras
específicas nas densidades pós-sinápticas.
Embora haja 100 diferentes receptores de NT, eles podem ser classificados em 2 grupos:
1) Canais iônicos ativados por neurotransmissores
2) Receptores acoplados a proteínas G (proteína ligande de guanosina trifosfato – GTP).

O mesmo neurotransmissor pode ter diferentes ações pós-sinápticas dependendo de qual receptor se liga.
Na ausência de NT, o poro do receptor está fechado.
Canais iônicos ativados por NT não mostram o mesmo grau de seletividade iônica dos canais iônicos dependentes de
voltagem.
Contudo, via de regra, se os canais iônicos abertos forem permeáveis ao Na+, o efeito resultante será a
despolarização da membrana da célula pós-sináptica que deixa de estar no potencial de repouso. Uma vez que o NT
tende a levar o potencial de membrana até o limiar, capaz de gerar o potencial de ação, o efeito é dito EXCITATÓRIO.
Canais iônicos permeáveis a Na+ e K+  transmissão excitatória com entrada de Na+ e despolarização da
membrana.
PEPS (Potencial excitatório pós-sináptico): despolarização transitória da membrana pós-sináptica causada por uma
liberação pré-sináptica de neurotransmissores.

Se os canais iônicos abertos por neurotransmissores são permeáveis ao Cl-, o efeito resultante será a
hiperpolarização da membrana da célula pós-sináptica a partir do potencial de repouso.
Como o neurotransmissor tende a afastar o potencial de membrana do limiar de geração do potencial de ação, este
efeito é dito INIBITÓRIO.
PIPS (Potencial inibitório pós-sináptico): é uma hiperpolarização transitória do potencial de membrana pós-sináptico
causado pela liberação pré-sináptica de neurotransmissores.
A ativação sináptica de canais iônicos abertos por glicina ou GABA causam um PIPS.

Resumindo:
• Entrou Cl- por um canal de Cl-  ficou hiperpolarizado (mais negativo): ação inibitória
• Entrou Na+; com descarga suficiente pode atingir o limiar capaz de gerar o potencial de ação: ação
excitatória.
• Álcool: ação inibitória.

RECEPTORES ACOPLADOS À PROTEÍNA G

A transmissão sináptica química rápida é mediada por neurotransmissores aminoácidos e aminas agindo em canais
iônicos ativados por esses neurotransmissores. Entretanto, todos os três tipos de neurotransmissores, agindo sobre
receptores acoplados a proteínas G, podem ter ações pós-sinápticas mais lentas, mais duradouras e mais
diversificadas.

1) O neurotransmissor se liga ao receptor na membrana pós-sináptica.


2) O receptor ativa pequenas proteínas – proteínas G – que se movem livremente no citosol.
3) As proteínas G ativadas, por sua vez, ativam proteínas efetoras.

Pelo fato de desencadearem efeitos metabólicos, os receptores de proteínas G são chamados de receptores
metabotrópicos.

Proteínas efetoras: podem ser de dois tipos:


• Canais iônicos presentes na membrana
• Enzimas que sintetizam segundos mensageiros
Como os receptores acoplados às proteínas G podem desencadear uma variedade de efeitos metabólicos, são
denominados receptores metabotrópicos.
NEUROFISIOLOGIA
AUTO-RECEPTORES
Auto-receptores  Receptores pré-sinápticos sensíveis aos neurotransmissores liberados no próprio terminal pré-
sináptico.
(Há receptores para neurotransmissores também no terminal axonal pré-sináptico).
Os auto-receptores são tipicamente acoplados a proteínas G que estimulam a formação de segundos mensageiros.
Consequências: inibição da síntese e liberação de mais neurotransmissores (fenômeno de auto-regulação ou
feedback negativo).
Ação variada:
• estimulam a liberação de receptores e em muitos casos a síntese de neurotransmissores;
• funcionam como válvula de segurança que reduz a liberação de neurotransmissores quando a concentração
deles na fenda sináptica está muito alta.

RECICLAGEM E DEGRADAÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES


Após a interação dos neurotransmissores liberados com receptores pós-sinápticos, eles devem ser removidos da
fenda sináptica para permitir um novo ciclo de transmissão sináptica e evitar a dessensibilização:
(Obs: dessensibilização  processo no qual os canais iônicos ativados pelo NT se fecham)
1) Difusão do neurotransmissor para longe da sinapse
2) Receptação para dentro do terminal pré-sináptico ou glia (astrócitos) por transportadores proteicos
específicos na membrana pré-sináptica (degradação enzimática no citosol ou recarregados para dentro de
vesículas sinápticas)
3) Degradação enzimática na fenda sináptica

A importância da remoção do neurotransmissor não pode ser subestimada.


Na junção neuromuscular, ininterrupta exposição de altas concentrações de acetilcolina causam uma
dessensibilização. A acetilcolinesterase previne esse processo.
• Gases usados como armas químicas inibem a acetilcolinesterase.
• Na doença de Alzheimer há uma diminuição de acetilcolina, então a droga de ação escolhida é uma inibidora
da acetilcolinesterase (para que ela não abaixe mais a concentração de acetilcolina).

NEUROFARMACOLOGIA
(Estudo dos efeitos das drogas no tecido nervoso)
Drogas inibidoras: interferem com a transmissão sináptica. Ex: gases químicos.
Essas drogas inibem a função normal de proteínas específicas envolvidas na transmissão sináptica.
Drogas antagonistas de receptores: são drogas que bloqueiam o receptor (ex: curare  veneno usado em flechas de
indígenas. O curare liga-se firmemente aos receptores de acetilcolina nas células musculares e bloqueia a ação da
acetilcolina, impedindo a contração muscular – paralisia das presas).
Drogas agonistas de receptores: drogas que mimetizam a ação dos neurotransmissores ao ligar-se ao seu receptor.
Ex: nicotina.

PRINCÍPIOS DE INTEGRAÇÃO SINÁPTICA


A maioria dos neurônios recebe milhares de sinapses que ativam diferentes combinações de canais iônicos
dependentes de transmissores e receptores acoplados a proteína G.
O neurônio pós-sináptico integra todos esses sinais complexos químicos e iônicos em uma simples forma de
transmissão: o potencial de ação.
A transformação de muitos sinais sinápticos em um único sinal neuronal constitui a computação neural.
Integração sináptica é um processo no qual múltiplos potenciais sinápticos combinam dentro de um neurônio pós-
sináptico.

Análise quantal dos PEPS (potencial excitatório pós-sináptico):


A unidade elementar da liberação de neurotransmissores é o conteúdo de uma única vesícula sináptica.
Cada vesícula contém o mesmo número de transmissores. A liberação de uma vesícula gera um potencial pós-
sináptico minúsculo, chamado de “mini”.
A amplitude do PEPS (potencial excitatório pós-sináptico) é a interação múltipla de amplitude de minis (1x, 2x, 3x...)
 Análise quantal é um método que compara as amplitudes dos minis e a evocação do potencial de ação pós
sináptico, sendo usado para determinar quantas vesículas foram utilizadas durante a transmissão sináptica.

Somatório dos PEPS: A maioria dos neurônios atua como um computador sofisticado, requerendo que muitos PEPS
juntos produzam uma significante despolarização da célula pós-sináptica (é necessário integrar muitos PEPS).
NEUROFISIOLOGIA
Há dois tipos de somatório (formas de integração sinápticas):
1) Somatória espacial  consiste em adicionar PEPSs gerados simultaneamente em muitas sinapses em um
dendrito.
2) Somatória temporal  consiste em adicionar PEPSs gerados na mesma sinapse e que ocorram em uma
rápida sucessão, dentro de intervalos de 1 a 15 ms.

A INTEGRAÇÃO DOS PIPS E PEPS


Somação dos PIPS e PEPS: temporal; espacial.
Para disparar um potencial de ação deve ser gerada uma despolarização na zona de disparo ou cone de implantação
axonal. A efetividade da sinapse depende do comprimento do dendrito e das propriedades elétricas do citoplasma e
da membrana (canais iônicos).
Sinapses excitatórias e inibitórias exercem um poderoso controle sobre o sinal de saída de um neurônio. As sinapses
excitatórias e inibitórias estão espalhadas sobre os dendritos, no soma e próximas ao cone de implantação axonal.

Excitabilidade dos dendritos


Dendritos raramente possuem canais iônicos voltagem dependentes suficientes para gerar a propagação de um
potencial de ação como o axônio; mas os poucos canais encontrados são importantes para amplificar os pequenos
potenciais pós-sinápticos gerados na ponta do dendrito, aumentando o sinal sináptico em direção ao soma.
Para o PEPS gerar um potencial de ação do neurônio é necessário uma série de fatores:
• Número de sinapses excitatórias coativas
• Distância das sinapses com a zona de gatilho
• As propriedades do dendrito

INIBIÇÃO SINÁPTICA
A ação de algumas sinapses pode afastar o potencial de membrana do limiar de potencial de ação – essas são
chamadas sinapses inibitórias.
Seus receptores são canais iônicos dependentes de transmissores (GABA, glicina). A maioria desses canais são
permeáveis somente ao íon cloro.

Diferenças dos receptores pós sinápticos na sinapse excitatória X sinapse inibitória:


Sinapse excitatória: PEPS – entra Na+  despolariza  ACo, Glu
Sinapse inibitória PIPS – entra Cl-  hiperpolariza  GABA, glicina
Os receptores pós-sinápticos nas sinapses inibitórias são (na maioria) canais iônicos ativados por
neurotransmissores. As únicas diferenças importantes são que elas ligam diferentes neurotransmissores (ou GABA
ou glicina) e que permitem que distintos íons passem por seus canais.
Os canais iônicos ativados por neurotransmissores da maioria das sinapses inibitórias são permeáveis somente a um
íon natural, o Cl-. A abertura dos canais de cloreto permitem que os ions Cl- atravessem a membrana em uma
direção que leva o potencial de membrana rumo ao potencial de equilíbrio de cloreto.

Inibição por derivação: quando a sinapse age como um circuito de derivação elétrico, que é como um desvio que
impede que a corrente flua do corpo celular ao cone de implantação axonal.
A ação inibitória das sinapses também contribui para a integração sináptica. Os PIPSs podem ser subtraídos dos
PEPSs, diminuindo a probabilidade de os neurônios pós-sinápticos dispararem o potencial de ação.

A geometria das sinapses excitatórias e inibitórias


Sinapses inibitórias que utilizam GABA ou glicina como neurotransmissor: Característica morfológica: sinapse tipo II
de Gray.
Sinapses excitatórias que utilizam glutamato como neurotransmissor: Característica morfológica: sinapse tipo I de
Gray.
As sinapses inibitórias são encontradas agrupadas no corpo celular, próximas ao cone de implantação axonal, onde
estão em uma posição especialmente privilegiada para influenciar a atividade do neurônio pós-sináptico.

Modulação sináptica
Muitas sinapses com receptores acoplados a proteínas G não estão associadas com canais iônicos. A ativação
sináptica de tais receptores não evoca diretamente PEPSs e PIPSs, mas, em vez disso, modificam a efetividade de
PEPSs gerados por outras sinapses, empregando canais iônicos dependentes de voltagem.
Esse tipo de efeito sobre a transmissão sináptica é denominado modulação.
NEUROFISIOLOGIA
SISTEMAS DE NEUROTRANSMISSORES
Pensamento: apenas uma reação química

CARACTERÍSTICAS DOS NEUROTRANSMISSORES


• Uma molécula que é sintetizada e estocada no neurônio pré-sináptico
• Deve ser liberada pelo terminal axonal pré-sináptico sob estimulação
• Quando aplicada experimentalmente, deve produzir na célula pós-sináptica uma resposta que mimetiza a
resposta produzida pela liberação do neurotransmissor do neurônio pré-sináptico

HISTÓRICO
Tudo começou com um sonho nos estudos de Otto Loewe em 1920 com a Acetilcolina. Henry Dale introduziu o
termo “colinérgico”, logo “noradrenérgico”; e em 1936 érgico”; e em 1936 dividiu com Loewe o Prêmio Nobel de
Fisiologia e Medicina.

QUÍMICA DOS NEUROTRANSMISSORES


A maioria dos neurotransmissores se encaixa na seguinte classificação: aminoácidos, aminas e peptídios.

Princípio de Dale: o neurônio tem somente 01 neurotransmissor.


Quando dois ou mais neurotransmissores são liberados no terminal nervoso, eles são chamados de co-transmissores.

LOCALIZAÇÃO DO TRANSMISSOR E ENZIMAS SINTETIZADORAS DE NEUROTRANSMISSORES


Cientistas frequentemente iniciam sua busca com um pouco mais de intuição.
O primeiro passo para confirmar a hipótese é mostrar que a molécula de fato está localizada e é sintetizada por um
neurônio particular; que sua aplicação no terminal sináptico mimetiza a resposta produzida pela liberação do
neurotransmissor.
Duas das mais importantes técnicas usadas hoje são a imunocitoquímica e a hibridização in situ.

ESTUDANDO A LIBERAÇÃO DE TRANSMISSORES

Uma vez que o candidato a neurotransmissor é sintetizado e localizado no terminal pré-sináptico, devemos mostrar
que ele é liberado por uma estimulação.
Com a despolarização deve haver:
1) Influxo de cálcio no terminal pré-sinápitco
2) Liberação de neurotransmissor na fenda

Estabelecer que uma molécula é sintetizada e liberada por um neurônio não é suficiente para qualifica-la como
neurotransmissor. Ela deve evocar a mesma resposta no neurônio pós-sináptico assim como o neurotransmissor
liberado na fenda pré-sináptica.

ESTUDANDO RECEPTORES
Cada neurotransmissor exerce um efeito pós-sináptico ao se ligar a um receptor específico.
Como regra, dois neurotransmissores diferentes não se ligam ao mesmo receptor.
Entretanto, um mesmo neurotransmissor pode se ligar a diferentes receptores, que são chamados de subtipos de
receptores (receptores colinérgicos: receptores nicotínicos e muscarínicos).

Análise neurofrmacológica
Muito do que nós sabemos sobre subtipos de receptores foi aprendida ela análise neurofarmacológica. Exemplo:
músculo cardíaco e estriado respondem diferentemente a várias drogas colinérgicas.
A nicotina derivada do tabaco é agonista do receptor colinérgico no músculo esquelético, mas não exerce efeito no
coração. A muscarina, derivada de um veneno do cogumelo é agonista do receptor colinérgico no coração, mas não
tem efeito no músculo esquelético.
Receptores nicotínicos e muscarínicos também existem no cérebro.

Outra maneira de distinguir subtipos de receptores é usar antagonistas seletivos.


• O veneno curar inibe a ação de receptores nicotínicos
• A atropina derivada da bela dona é antagonista dos receptores muscarínicos
NEUROFISIOLOGIA

Diferentes drogas são usadas também para distinguir vários subtipos de receptores glutamatérgicos: AMPA, NMDA e
cainato.

Método ligante-ligação
• Isolar um receptor de neurotransmissor e determinar sua estrutura química;
• Mapear anatomicamente a distribuição de diferentes receptores de neurotransmissores no cérebro.
Qualquer composto químico (neurotransmissor) que se ligue a um sítio específico em um receptor é denominado um
ligante deste receptor: agonista / antagonista / o próprio neurotransmissor

Análise molecular dos receptores

Embora haja diferentes receptores de neurotransmissores, eles podem ser classificados em dois tipos:
1) Canais iônicos dependentes de transmissores
2) Receptores acoplados à proteína G

NEURÔNIOS COLINÉRGICOS
A acetilcolina (ACo) é o neurotransmissor da junção neuromuscular. É sintetizada por todos os neurônios motores na
medula espinhal e tronco encefálico.
Colina acetil transferase (CoAT)  enzima necessária para síntese de ACo no terminal axonal; produzida no soma.
• Acetil + colina
A acetilcolinesterase (ACoE) na fenda sináptica quebra a ACo em colina e ácido acético.
A colina é recaptada pelo terminal axonal e reutilizada na síntese de ACo.

1960 – SNC
Estruturas (ACo): corpo estriado, coluna colinérgica rostral do prosencéfalo basal, córtex cerebral, habênula,
hipotálamo, sistema visual, mesencéfalo, formação reticular da ponte e medula espinal.
 Movimento muscular / comportamento observável / funções corticais superiores como atenção, percepção,
memória e consciência.

(Doença de Alzheimer)

NEURÔNIOS CATECOLAMINÉRGICOS

Neurotransmissores catecolaminérgicos:
O aminoácido TIROSINA é precursor de três neurotransmissores (as catecolaminas):
• Dopamina (DA)
• Noradrenalina (NA) ou norepinefrina
• Adrenalina ou epinefrina

Todos possuem a enzima tirosina hidroxilase.


 Regulação do movimento, do humor, da atenção e das funções viscerais.

O sistema catecolaminérgico não possui uma enzima para rápida degradação extra-celular como a AChE. Elas
retornam para o neurônio pré-sináptico via transporte dependente de Na (MAO) – que também degrada os
neurônios serotoninérgicos.
Ex: anfetaminas e cocaína (IMAO – inibidores da monoamina oxidase) bloqueiam o retorno da catecolamina na fenda
sináptica, prolongando a ação dos neurotransmissores.
Dentro do axônio terminal a catecolamina pode ser rearmazenada nas vesículas ou destruída pela ação das
monoamina oxidase (MAO).

NEURÔNIOS SEROTONINÉRGICOS
Serotonina ou 6-HT (5-hidroxitriptamina).
 Regulam o humor, o comportamento emocional e o sono.
A síntese de 5-HT é limitada pela disponibilidade do aminoácido TRIPTOFANO no fluido extracelular, que por sua vez
provém da dieta (grãos, carne, laticínios).
NEUROFISIOLOGIA
Ocorre recaptação da serotonina da fenda para o terminal axonal; onde é transportada para a vesícula sináptica ou
degradada pela MAO.

Antidepressivos tricíclicos: atuam em 3 vias (serotonina, catecolamina e acetilcolina); agem fazendo com que a
substância fique mais tempo na fenda sináptica.
Prozac  inibidor seletivo da recaptação da serotonina.

NEURÔNIOS AMINOACIDÉRGICOS
Glutamato (Glu), glicina (Gly), e ácido gama-aminobutírico (GABA).
O Glu e a Gly são sintetizados a partir da glicose e outros precursores. São aminoácidos presentes em todos os
neurônios.
O GABA é produzido a partir do glutamato através da enzima glutamato descarboxilase (GAD).
Enquanto o glutamato é o principal NT excitatório, o GABA é o principal NT inibitório do SN!
Sua ação termina com a recaptação para o terminal pré-sináptico e glial por transportadores dependentes de Na+,
onde o GABA é metabolizado pela GABA transaminase.

Canais iônicos ativados por Glutamato:


Receptores para Glu:
• AMPA, NMDA, cainato
• Canais iônicos excitarórios ativados por Glu
• AMPA: permeáveis ao Na+ e ao K+
• NMDA: permeáveis ao Na+ e ao Ca++

Canais iônicos ativados por GABA:


• Muita inibição causa perda de consciência e coma;
• Pouca inibição conduz à convulsão.

Benzodiazepínicos: aumentam a frequência de abertura do canal.


Barbitúricos: aumentam a duração de abertura do canal.

Boa noite Cinderela:


• ácido gma-hidroxibutírico (GHB)
• ketamina
• flunitrazepam (Rohypnol)
• Lorazepam (Lorax)
• Bromazepam (Lexotam)

OUTROS NEUROTRANSMISSORES

ATP:
• É liberado na fenda sináptica por estímulos pré-sinápticos dependentes de Ca++
• Se liga nos receptores purinérgicos: canais iônicos (normalmente cátions) e acoplados à proteína G
• Frequentemente empacotado em vesículas com outros neurotransmissores (catecolaminas), atuando como
co-transmissor
• Excita diretamente os neurônios pela abertura de canais para cátions e funciona como neurotransmissor
excitatório.

ENDOCANABINOIDES (canabinoides endógenos):


• Sinalização RETRÓGRADA, em receptores acoplados à proteína G, cujo principal efeito é a diminuição da
abertura de canais de Ca++ pré-sinápticos.

ÓXIDO NÍTRICO
• Neurotransmissor gasoso
• Mensageiro RETRÓGRADO
• Regulação do fluxo sanguíneo, relaxa a musculatura lisa dos vasos sanguíneos
NEUROFISIOLOGIA
CANNABIS SATIVA (cânhamo)
• Planta fibrosa usada na fabricação de cordas e tecidos
• Atualmente, mais utilizado como entorpecente – maconha ou haxixe
• Em estudo para fins terapêuticos
• USA-CA: uso sob prescrição médica
Doses reduzidas  euforia, relaxamento muscular, alteração da percepção, redução da dor, riso e loquacidade,
fome, confusão mental, redução na capacidade de resolução de problemas, na memória de curta duração e
desempenho psicomotor.
Altas doses  alucinações e mudanças de personalidade.

Ingrediente ativo: THC (tetrahidrocanabinol).


Receptores canabinóides acoplados à proteína G no encéfalo – regiões de controle motor, córtex cerebral, vias da
dor (CB1) e tecidos do sistema imunológico (CB2).
NEUROFISIOLOGIA
OS SENTIDOS QUÍMICOS – GUSTAÇÃO E OLFAÇÃO
INTRODUÇÃO

Desde o início, os organismos flutuavam ou nadavam em água contendo substâncias químicas que sinalizavam
comida, veneno ou sexo (a sensação química é o mais primitivo dos sentidos).
Quimiorreceptores (células quimicamente sensíveis): o mecanismo de sensações químicas evolui servindo de base
para a comunicação entre células e organismos.
Gustação e olfação: têm tarefas similares e por meio de ambos o sistema nervoso percebe o sabor: detectam
substâncias químicas externas.

A gustação e a olfação possuem conexões fortes e diretas com a maioria de nossas necessidades mais básicas: fome,
raiva, alegria, amor, sede, sexo, memória.
Entretanto são separados e diferem – de estruturas e mecanismos de seus quimiorreceptores, organização bruta de
suas conexões centrais, dos seus efeitos no comportamento.
As informações neurais de cada sistema são processadas paralelamente e são fundidas em nível alto do córtex
cerebral.

O GOSTO
Os seres humanos evoluíram como onívoros (onis = tudo; vorare = comer).
O sistema sensitivo e versátil do gosto foi necessário para distinguir novas fontes de alimentos e toxinas em
potencial. Algumas de nossas preferencias no paladar são de nascença; experiências podem modificar fortemente
nossos instintos. Nosso gosto também tem capacidade de reconhecer deficiências de certos nutrientes chaves e
desenvolver apetite por eles.

Os gostos básicos
Nós podemos reconhecer somente poucos sabores. Os 5 sabores básicos são: doce, amargo, salgado, ácido e umami.
Umami é definido pelo sabor condimentado do glutamato. As 5 categorias de qualidade de sabor parecem ser
comuns através da cultura humana.
• Umami – o quinto sabor: a palavra “umami” é de origem japonesa e pode ser traduzida como delicioso ou
saboroso. Apesar de ser descoberto em 1907, o gosto só foi reconhecido pela comunidade científica em
2000.
Basicamente três substâncias são responsáveis por proporcionar o quinto gosto básico, o ácido glutâmico,
aminoácido monossódico (aji-no-moto), o inosilato e o guanilato, que podem ser encontrados naturalmente
em determinados alimentos, sobretudo os ricos em proteína.
Além dos humanos, outros mamíferos, como cães e ratos, também são capazes de perceber o quinto gosto.

Substâncias quimicamente distintas podem possuir o mesmo sabor: frutose e aspartame. Sabores amargos podem
ocorrer por simples liberação de K+ (KCl) e Mg++ ou por substâncias complexas como o quinino e cafeína.
Muitas substâncias amargas ou venenosas podem ser sentidas com concentrações nanomolares.

Como que 5 gostos provocam milhares de paladares?


1. Cada alimento ativa uma diferente combinação de gostos básicos ajudando a torna-lo único.
2. A maioria dos alimentos tem sabores distintos como resultado de seu gosto e cheiro.
3. Outras modalidades de sentidos contribuem para a experiência única do sabor dos alimentos.

Que outras modalidades sensitivas contribuem para o sabor?


• Sensibilidade térmica
• Sensibilidade tátil
• Sensibilidade vibratória
• Visão
• Nocirreceptores de queimação (pimenta – capsaicina)

O órgão do gosto:
Língua: cada papila possui de 1 a 50 botões gustativos; cada botão gustativo possui de 50 a 150 células receptoras.
NEUROFISIOLOGIA
Células receptoras da gustação:
As células receptoras da gustação constituem apenas 1% da língua. Um humano tem de 2000 a 5000 botões
gustativos (500 a 20.000).
Histologicamente, receptores gustativos não são neurônios. Entretanto, fazem sinapses com axônios aferentes. A
meia vida da célula gustativa é de duas semanas.
Mais de 90% das células receptoras respondem a dois ou mais dos sabores básicos; e podem ser neutras para outro.
Quando um estímulo é muito forte, a maioria das papilas passam a ser menos seletivas.
Papila gustativa: células receptoras da gustação: terminal apical + poro gustativo

Mecanismos de transdução de gostos


O processo pelo qual os estímulos do ambiente causam respostas elétricas nas células receptoras sensoriais é
chamado de transdução.
A transdução gustativa envolve inúmeros processos. Cada sabor básico usa um ou mais desses mecanismos:
a) Diretamente passar por canais iônicos (sal ou ácido)
b) Se ligar e bloquear um canal iônico (ácido)
c) Se ligar a um receptor acoplado à proteína G na membrana que ativa um segundo mensageiro (amargo, doce
e umami).

Salgado
O protótipo do produto químico salgado é o sal de cozinha (NaCl). O sabor do sal se deve principalmente ao gosto do
cátion sódio, sendo que sua concentração deve estar muito alta a fim de prova-lo.
Os ânions dos sais afetam o gosto dos cátions. Quanto maior for o ânion, mais ele “inibe” o salgado.

Acidez
Comidas com gosto ácido são assim porque possuem um pH baixo. Podem afetar receptores gustativos de pelo
menos duas maneiras:
• Primeiro, H+ pode entrar pelos canais de sódio sensíveis à amilorida, o mesmo canal quemedeia o sabor
salgado. Isso causa uma entrada de corrente de H+ que despolariza a célula (a célula não seria capaz de
distinguir o Na+ do H+ se este fosse o único mecanismo de transdução disponível).
• Segundo, o H+ pode se ligar e bloquear canais seletivos para K+. quando a permeabilidade de membrana ao
K+ decresce, a célula despolariza.
Esses podem não ser os únicos mecanismos para transdução do sabor azedo, já que mudanças no pH podem afetar
virtualmente todos os processos celulares.

Amargo
Substâncias amargas são detectadas por 30 tipos diferentes de receptores. Cada célula gustativa pode enviar
somente um tipo de sinal para o nervo aferente, o químico pode se ligar aos 30 tipos de receptores e desencadear a
mesma resposta quando diferentes químicos se ligam a outros receptores amargos.
A importância da mensagem recebida pelo cérebro é que substâncias químicas amargas são ruins.

Doçura
Receptores de doces são semelhantes aos amargos, são acoplados à proteína G, porém cada receptor de doce é
formado por 2 tipos de proteínas:
• Ativam o mesmo sistema de segundo mensageiro que o receptor amargo ativa
Então por que não confundimos doces com amargos?
Células gustativas para amargos são diferentes das células para doces e conectam-se com diferentes axônios
gustativos. A informação é levada ao SNC por vias paralelas do sistema sensitivo de transmissão.

Umami
Excitam a mesma via de segundo mensageiro. O processo de gustação é idêntico ao doce e amargo, com uma
exceção: usa distinta linha de transmissão para levar a informação de umami ao sistema nervoso central.

VIAS GUSTATIVAS CENTRAIS

Botão gustativo  axônio gustativo primário (primeiro neurônio)  tronco encefálico  tálamo  córtex cerebral
Para qual par craniano?  língua  facial e glossofaríngeo; garganta  vago.
Sinapse no núcleo gustativo no bulbo (núcleo do trato solitário), inicia o segundo neurônio, que também projeta para
várias regiões do tronco e medula envolvidos na digestão e respiração.
NEUROFISIOLOGIA
Passa pelo tronco cerebral até o tálamo, no núcleo medial posterior ventral (VPM) – onde inicia o terceiro neurônio –
também se projeta para o hipotálamo e sistema límbico.
Então conecta-se com a região 36 do córtex (ínsula-opérculo) cerebral e se torna consciente.
Lesões no hipotálamo ou amígdala podem mudar o paladar. Lesões no núcleo gustativo ou núcleo ventral medial
posterior podem causar ageusia ou fome. As projeções são unilaterais.
Codificação neural do gosto – Conceito da Hipótese da linha rotulada:
A resposta de uma única célula gustativa é frequentemente ambígua sobre a comida inicialmente testada, as linhas
gustativas são incertas em vez de distintas.
As células receptoras da gustação podem ter dois mecanismos de transdução. Cada célula receptora faz sinapse com
um axônio gustativo que também recebe impulsos de outras células receptoras na papila quanto ao redor dela.
O axônio pode combinar informações de várias papilas. Toda essa mistura de informação continua no cérebro. Por
isso, quando se prova um sorvete de chocolate, o cérebro, através dessas informações aparente ambíguas sobre o
sabor, pode deixar clara a diferença entre o chocolate e milhares de outras possibilidades.
No caso da gustação, receptores não são sensíveis a todos os gostos, mas podem responder amplamente para o sal
ou azedo, mas não para um ácido ou doce, por exemplo.
Uma comida ativa certos conjuntos de neurônios, alguns disparam muito forte, alguns disparam moderadamente,
alguns não disparam, outros são inibidos. Uma segunda comida excita algumas células ativadas pela primeira
comida, e outras além dessas. E padrões globais de taxas de descargas irão ser diferentes e distintas.

Sabor e memória – aversão por alimentos:


Más experiências podem causar memórias duradouras sobre os alimentos – aprendizado de gosto aversivo –
(exemplo do antietanol).

Sabor e humor:
Serotonina e adrenalina (liberação).

Obs:
Ageusia = enfraquecimento ou ausência do paladar.
Ageusia senil = idosos perdem a sensibilidade da gustação.
NEUROFISIOLOGIA
SISTEMA AUDITIVO
A NATUREZA DO SOM
Os sons são variações audíveis na pressão do ar. Quase todas as coisas que possam mover moléculas do ar podem
gerar um som.
Nosso sistema auditivo pode responder a ondas de pressão dentro da faixa detectável de 20 a 20.000 Hz.
Som: é a variação audível da pressão do ar. Características:
Frequência: ciclos/segundo ou Hz. Tom: agudo ou grave. Intensidade = amplitude (volume).

A estrutura do sistema auditivo


1) A onda sonora move a membrana timpânica
2) A membrana timpânica move os ossículos
3) Ossículos movem a membrana da janela oval
4) Movimento da janela oval move o fluido da cóclea
5) Movimento do fluido na cóclea causa uma resposta nos neurônios sensoriais.

Som: T  O  JO  FC  Neurônios

O ouvido externo
Ouvido externo: do pavilhão auricular até a membrana timpânica.

O ouvido médio
Reflexo de atenuação: Contração dos dois músculos do ouvido médio ao ouvir barulhos altos. Atenua sons graves, de
forte intensidade, nossa própria voz, não obstante tem um retardo de 50 a 100 ms, não oferecendo muita proteção
dos sons muito intensos ou repentinos como uma grande explosão.
Estruturas do ouvido médio:
• Membrana timpânica
• Ossículos (martelo, bigorna e estribo)
• 2 pequenos músculos: quando contraídos, tornam a cadeia de ossículos muito mais rígida e a condução do
som ao ouvido interno diminuída – reflexo de atenuação – adaptação do ouvido ao som contínuo de alta
intensidade. Músculo tensor do tímpano (martelo), músculo estapédio (estribo), tuba ou trompa de
Eustáquio (comunica o ouvido médio com as cavidades nasais).

O ouvido interno
Estrutura medial à janela oval. Cóclea e labirinto.

Anatomia da cóclea
A cóclea é responsável por transformar o som em um sinal neural.
A cóclea descreve uma espiral de duas voltas até chegar ao seu eixo central (o modíolo).
Na sua base existem dois orifícios cobertos por membrana: a janela oval (escala vestibular) e a janela redonda
(escala timpânica).
Se a cóclea estiver cortada em secção transversal, podemos ver que o tubo está dividido em três câmaras
preenchidas por fluido: a escala vestibular, a escala média e a escala timpânica.
As três escalas enrolam-se ao redor da porção interna da cóclea como uma escada em espiral.
A Membrana de Reissner separa a escala vestibular da escala média e a Membrana Basilar separa a escala timpânica
da escala média. Apoiado na membrana basilar está o órgão de Corti, o qual contém os neurônios receptores
auditivos; suspenso sobre esse órgão está a membrana tectorial.
FIGURA PG 358.

A membrana basilar
Diferentes posições da membrana serão deformadas ao máximo para as diferentes frequências de som (“código de
localização”).

Cóclea: corte transversal


Dividida em 3 camadas (canais paralelos) preenchida por fluidos.
Escala ou rampa vestibular (perilinfa: Na+);
• Membrana de reissner
NEUROFISIOLOGIA
Escala média (endolinfa: K+), mantida pela estria vascular através de transporte ativo;
• Membrana basilar
Escala timpânica (perilinfa: Na+).

O órgão de Corti
O órgão de Corti consiste de células ciliadas, pilares de Corti e várias células de sustentação. Apoiado na membrana
basilar, contém os neurônios receptores auditivos.
É onde há a transdução da energia mecânica do som em uma alteração da polarização da membrana.
Membrana tectorial: sobre o órgão de Corti.
Células ciliadas (receptores auditivos):
• Estereocílios rígidos
• Seu deslocamento promove a transdução do som (despolarização ou hiperpolarização)
• Com a entrada de potássio ocorre a despolarização
• Canais de cálcio voltagem dependente liberam NT (provavelmente o glutamato) – ativa fibras do gânglio
espiral (em posição pós-sináptica)
• Pilares de Corti: sustentação da estrutura (células de sustentação)
• Células ciliadas: possuem 100 estereocílios (porção apical); deslocamento dos cílios = transdução do som em
atividade neural!

Receptores auditivos na cóclea  (nervo vestíbulo-coclear)  neurônios do tronco encefálico (projeção bilateral) 
núcleo geniculado medial no tálamo  córtex auditivo primário no lobo temporal.

As vias auditivas centrais


• Gânglio espiral  nervo vestíbulo coclear (ipsilateral – 1º)  núcleos cocleares ventrais e dorsais (ipsilaterais
à cóclea)  oliva superior (bilateral – 2º)  lemnisco lateral (bilateral)  colículo inferior do mesencéfalo 
corpo geniculado medial (3º)  córtex auditivo (bilateral) – lobo temporal

Todas as vias auditivas ascendentes convergem para os colículos inferiores.


Os colículos inferiores enviam axônios para os colículos superiores, onde ocorre a integração das informações
auditivas, visuais e cerebelares.
Os núcleos auditivos no tronco encefálico, com exceção dos núcleos cocleares, recebem aferência bilateral (ambos
os ouvidos).
A única maneira na qual uma lesão no tronco encefálico possa resultar em surdez em um ouvido é se forem
destruídos o nervo vestíbulo coclear ou o núcleo coclear de um lado.

Codificação da intensidade do som


Intensidade:
1. Quanto mais intenso o som maior a amplitude de vibração da membrana basilar e maior a frequência de
despolarização/hiperpolarização do potencial de membrana das células ciliadas ativadas.
2. O som que percebemos está correlacionado com o número de neurônios ativos do nervo vestíbulo-coclear e
suas frequências de disparo.
Frequência:
Som de diferentes frequências deformam ao máximo diferentes porções da membrana basilar.

Se um predador está próximo, encontrar a fonte de um som repentino e fugir é mais importante do que analisar as
sutilezas do som (agudo/grave, alto/baixo...).

Como se localiza o som num plano horizontal:


• É o tempo que o som leva para alcançar cada orelha – retardo temporal interauricular
• Diferença de intensidade interauricular

CÓRTEX AUDITIVO

Área 41 de Brodmann – Lobo Temporal (A1)  CÓRTEX AUDITIVO PRIMÁRIO


Organização tonotópica: a destruição unilateral da área A1 não interfere na sensação de som, mas prejudica a
habilidade para interpretar a origem do som (representação cortical da origem do som).

Distúrbios auditivos periféricos


NEUROFISIOLOGIA
Hiperacusia: diminuição da capacidade auditiva.
Acusia: abolição do som.
Podem ter etiologia relacionada à orelha externa, orelha média (surdez de condução) ou à orelha interna ou do
nervo coclear (surdez neuro-sensorial).

Surdez de condução:
• Obstrução ou doença do canal auditivo externo, da membrana timpânica ou do ouvido médio. Causado por
tons baixos (graves). Pacientes tendem a falar baixo.
Surdez neuro-sensorial:
• Lesão da cóclea, nervo coclear ou núcleos cocleares.
• Tons altos (agudos) causam esse tipo de surdez. Pacientes tendem a falar alto.
NEUROFISIOLOGIA
O SISTEMA VESTIBULAR
O SISTEMA VESTIBULAR

Informa sobre a posição e o movimento da cabeça, provendo-nos com o sentido do equilíbrio, e auxilia na
coordenação dos movimentos da cabeça e dos olhos e nos ajustes.
Quando sua função e interrompida, apresentamos sensações desagradáveis como vertigens, náuseas e uma
sensação de desequilíbrio (motion sickness), acompanhada de movimentos incontroláveis dos olhos.
Em mamíferos, as células ciliares são as responsáveis pelo equilíbrio e são encontradas no “labirinto vestibular”.
O labirinto vestibular inclui dois tipos de estruturas:
• Órgão otolítico: sáculo e utrículo (próximo ao centro) – detectam a força da gravidade e as inclinações da
cabeça.
• Canais semicirculares (3/2): em planos ortogonais (angulados em 90 graus entre si) – sensíveis à rotação da
cabeça e à aceleração angular
Transmitem a energia mecânica derivada do movimento da cabeça às células ciliadas.
Os órgãos otolíticos
Par de câmeras orientadas em espelho. O movimento é traduzido quando as células ciliares da mácula são defletidas.
Otólitos (cristais de cálcio carbonado) que possuem densidade distinta da superfície gelatinosa da mácula são a
chave do mecanismo de acionamento.

Canais semicirculares
3 de cada lado; detectam movimentos de rotação. São preenchidos com endolinfa (o mesmo da cóclea). A endolinfa
exerce força como o vento sob uma vela. Dependendo da direção pode excitar ou inibir neurotransmissores das
células ciliadas para o nervo vestibular.
Após 15-30’’ de rotação há tendência de estabilizar o sistema.
Rotação: excita células ciliadas de um canal e inibe o outro lado (lados opostos).
Juntos, os três canais semicirculares de cada lado permitem o senso de rotação angular da cabeça. Se a rotação
excita um canal, inibe o canal contralateral.

Vias vestibulares centrais


Coordenam e integram as informações sobre os movimentos da cabeça e do corpo, e as utilizam para controlar a
referência dos neurônios motores que ajustam a posição da cabeça, olhos e corpo.

Axônios vestibulares (primeiros neurônios – nervo VIII)  tálamo (segundo neurônio)  córtex (consciência)

Reflexo vestíbulo-ocular (PROVA)

• Mantém os olhos orientados para uma determinada direção


• Mantendo a imagem estável nas retinas, apesar do movimento da cabeça
• Detecção das rotações da cabeça e comando de um movimento compensatório dos olhos na direção oposta,
mesmo sem a visão
• Conexões complexas entre os núcleos vestibulares e os núcleos dos pares de nervos cranianos responsáveis
pela motilidade ocular extrínseca.
NEUROFISIOLOGIA
VISÃO
INTRODUÇÃO
Luz: radiação eletromagnética emitida na forma de ondas que é visível aos nossos olhos.
A visão está baseada na luz que atinge nossas retinas após ser refletida pelos objetos que nos cercam.

• Reflexo: é a luz rebatida em uma superfície


• Absorção: é a transferência de energia para uma superfície
• Refração: é a angulação que ocorre na onda de energia quando passa por um meio transparente

As imagens se formam no olho por refração, ou seja, a modificação que pode ocorrer na direção de raios quando
esses passam de um meio transparente para outro; devido à diferença da velocidade da luz nos dois meios. Ex: ar-
água, ar-olho.
O sistema visual humano começa no olho
A retina contém fotorreceptores especializados na conversão de energia luminosa em atividade neural (transdução).
O resto do olho funciona como uma câmera fotográfica, formando imagens nítidas do mundo sobre a retina.

ANATOMIA GERAL DO OLHO


• Pupila: abertura que permite a entrada de luz até atingir a retina.
• Íris: dois músculos capazes de alterar o tamanho da pupila
• Córnea: superfície vítrea transparente externa do olho
• Esclera: parede resistente do globo ocular
• Coroide: tecido altamente vascularizado entre a retina e a esclera que nutre a retina por difusão
• Retina: parte neural do olho e onde ficam os receptores
• Órbita ocular: compartimento do osso do crânio que aloja o olho
• Conjuntiva: membrana que cobre desde a parte interna da pálpebra ligando-se à esclera
• Nervo óptico: axônios que saem da retina e alcançam o encéfalo
• Humor aquoso: atrás da córnea preenchendo a câmara anterior; produzido pelo corpo ciliar, atrás da íris.
Nutre a córnea.
• Cristalino: cápsula elástica composta por fibras transparentes. Ajusta o foco.
• Músculos ciliares: fibras de músculo liso, se conectam à junção esclero-corneal e formam um anel dentro do
olho
• Humor vítreo: entre o cristalino e a retina, sua pressão mantém o globo ocular esférico.

ANATOMIA DA RETINA
Vasos sanguíneos: artéria central da retina
Papila óptica: ponto cego, de onde se originam os vasos da retina e o nervo óptico deixa a retina.
Mácula lútea: parte da retina dedicada à visão central.
Fóvea: (dentro da mácula lútea) marca o centro da retina.

A retina possui mais bastonetes do que cones. Na fóvea há somente cones (região da retina especializada de alta
resolução; porção mais delgada da retina).

Acomodação pelo cristalino


O cristalino é uma cápsula elástica preenchida por fibras proteináceas transparentes.
Estimulação da inervação parassimpática do núcleo do III par craniano leva à contração da musculatura ciliar,
relaxando os ligamentos do cristalino, que assume uma forma mais esférica, aumentando o poder de refração.
Acomodação para ver de perto: cristalino mais abaulado
Acomodação para ver de longe: cristalino esticado

O olho coleta raios de luz emitidos ou refletidos por objetos no ambiente e os focaliza sobre a retina para formar
imagens.
A localização dos objetos envolve os poderes de refração da córnea e do cristalino.
O poder refrator é medido em dioptrias.
Na hipermetropia e na miopia o grau de refração conseguido pela córnea é pequeno ou grande demais para a
espessura do globo ocular.
NEUROFISIOLOGIA
Anatomia microscópica da retina
Transdução da energia luminosa em atividade neural (potencial de membrana).
Fotorreceptores  células bipolares  células ganglionares  nervo óptico  encéfalo

Os fotorreceptores são as únicas células sensíveis à luz na retina. As células ganglionares são as únicas fontes de
sinais de saída (disparam potenciais de ação).

Fotorreceptores: 125.000.000 (cones e bastonetes).


Células bipolares: interneurônios.
As fibras do nervo óptico são os axônios das células ganglionares da retina.
Tipos bastante diferentes de células transmitem tipos diferentes de imagem da retina (visão de acuidade x
percepção do movimento).
Células amácrinas: interneurônios.
Células horizontais: recebem aferentes dos fotorreceptores e projetam neuritos para inibição lateral de células
bipolares vizinhas e fotorreceptores para aumentar o contraste visual.
Epitélio pigmentar: abaixo dos fotorreceptores, contêm melanina e vitamina A (precursora dos fotopigmentos),
absorve a luz que atravessa a retina.

Função das células horizontais e amácrinas: a inibição lateral serve para acentuar o contraste visual. Em vez de o
sinal de espalhar pela retina as células horizontais fornecem a inibição lateral da área circunjacente favorecendo a
nitidez visual.

Cones X Bastonetes

CÉLULA CONES BASTONETES


Intensidade de luz Claro escuro
Tipo de visão Cores branco
Pigmento 3 tipos 1 tipo
Concentração Baixa Alta
Taxa de cel. ganglionar 1:1 (q ganglionar para 1 cone) 1: várias
Localização Fóvea difuso

A estrutura de um fotorreceptor

Bastonetes (1 tipo): rodopsina (todos contêm o mesmo pigmento). Visão no escuro, de baixa resolução. No escuro
apenas os bastonetes contribuem para a visão. 1000 vezes mais sensíveis que os cones. Especializados para baixa
intensidade luminosa. A retina periférica possui muito mais bastonetes do que cones.

Cones (3 tipos, um para cada cor): fotopigmentos. Visão diurna e de cores (visão de alta resolução). Diferente dos
cones, são sensíveis diferentes comprimentos de onda de luz (azul, verde, vermelho). Concentrados na fóvea.

FOTOQUÍMICA DA VISÃO

A rodopsina é uma proteína conjugada. Quando é exposta à luz se decompõe até Metarrodopsina II que é
responsável pela excitação de alterações elétricas nos bastonetes. Esta ativa várias moléculas de transducina. Depois
de ativadas, as transducinas ativam muitas moléculas de fosfodiesterases. A mesma, ativada, hidrolisa o GMPc que é
responsável por manter os canais de íons Na abertos. Com isso, haverá fechamento destes canais hiperpolarizando o
bastonete.
O potencial receptor do bastonete é hiperpolarizante, pois quando a rodopsina se decompõe, diminui a
condutividade da membrana para íons Na no segmento externo. Ou seja, na escuridão existe entrada de íons Na+ no
segmento externo e saída no interno, mantendo o bastonete polarizado. Com luz não entra Na+ no segmento
externo, mas entra no segmento interno, tornando o bastonete hiperpolarizado.

TRANSDUÇÃO DA LUZ
• Fototransdução nos cones e bastonetes
• Fotopigmentos são moléculas receptoras associadas à proteína G
• São os únicos receptores acoplados à proteína G que são ativados pela luz
NEUROFISIOLOGIA
• Fotopigmentos sensíveis à luz, localizados nas membranas dos fotorreceptores, absorvem luz, ativando-se e
decompondo-se, determinando alterações no potencial de membrana do fotorreceptor
• Vitamina A = precursora dos fotopigmentos

Fototransução nos cones


Em cada ponto da retina existe um conjunto de três tipos de receptores (cones), cada tipo apresentando
sensibilidade máxima ao azul, verde ou vermelho.
Estimulação por igual dos cones vermelhos, verdes e azuis dão a sensação visual da cor branca.

VISÃO EM CORES

- TEORIA DAS TRICOMASIA: o que determina as cores é a porcentagem dos 3 pigmentos ou seja a mistura entre eles
determina uma cor
- TEORIA DO PROCESSO OPONENTE: existe a ativação de uns pigmentos e inibição de outros
- TEORIA DO RETINEX: o processamento ocorre nas células neurais e não nos cones

DANTONISMO: Dicromatas (protanópsicos e deuteranópsicos) e tricomatas (normais ou anormais)

VISÃO TRIDIMENSIONAL

A visão binocular nos dá um maior campo visual e noção de profundidade.

Vias ópticas:
Nervo óptico > quiasma > trato óptico > corpo geniculado lateral (tálamo – 2º neurônio) > radiação óptica (trato
geniculocalcarino) > córtex visual primário (região calcarina do lobo occiptal)

LESÕES DE VIAS VISUAIS

Sítios clássicos de lesão Consequências


Nervo óptico Cegueira total no olho ipsilateral
Quiasma óptico Hemianopsia bitemporal heteronômica
Borda lateral do quiasma Hemianopsia contralateral no olho ipsilateral
Trato óptico Hemianopsia contralateral homônima
Alça de Meyer (lobo temporal) ou giro lingual Quadrantanopsia contralateral homônima superior
Membro retrolenticular ou giro cúneo Quandrantanopsia contralateral homônima inferior
Radiação óptica ou área 17 Hemianopsia contralateral homônima, frequentemente
sem dano na mácula
NEUROFISIOLOGIA

Córtex visual primário e suas conexões


O nervo óptico entra no cérebro e dirige-se à região responsável occipital onde se processa o fenômeno da formação
de imagens. Quando lemos palavras como “sol” ou “estrela”, que imagem mental associamos a estes sons e a estes
significados? depende um pouco da forma como os construímos mentalmente, mas não há dúvida de que sempre
que lemos estas palavras o nosso cérebro vai ao “sítio” das imagens para localizar as que lhes correspondem.
N. Sadato captou imagens obtidas por PET (tomografia de emissão pósitrons) de cérebros de diversos indivíduos
cegos, que mostravam atividade em zonas do córtex visual que os indivíduos tinham adquirido antes de terem
cegado ou, por outro lado, uma readaptação de áreas “visuais” do cérebro que aprenderam a lidar com a informação
tátil.
Córtex visual secundário: reconhecimento visual (só reconhecemos o que conhecemos). Reconhecimento de faces.
NEUROFISIOLOGIA
SISTEMA SENSORIAL SOMÁTICO
O SISTEMA SENSORIAL SOMÁTICO

Presente no corpo todo, permite as sensações: tátil, pressão, temperatura, dor e posição (propriocepção).
Esse sistema interpreta a atividade de um vasto conjunto de receptores distribuídos pelo corpo.

Estrutura da pele:
Epiderme  derme  pelos
A pele é o maior órgão sensorial. Possui mecanorreceptores e terminações nervosas livres nos pelos.

Mecanorreceptores da pele
Os mecanosreceptores da pele são sensíveis à deformação física (flexão, estiramento). Possuem terminais axonais
não-mielinizados; canais iônicos mecanossensíveis.
Diferentes sensibilidades mecânicas nos mecanorreceptores promovem diferentes sensações.
• Quando suas cápsulas são comprimidas, a energia é transferida à terminação nervosa, sua membrana é
deformada, e os canais mecanossensíveis se abrem despolarizando o receptor e causando um potencial de
ação no axônio.
• Quando a pressão é aliviada, os eventos ocorrem de maneira inversa, a terminação repolariza novamente,
podendo disparar outro potencial de ação.

Mecanorreceptores da pele:
• Corpúsculo de Pacini
• Terminações de Ruffini
• Corpúsculos de Meissner
• Discos de Merckel
• Bulbos terminais de Krause

Cada receptor possui um axônio.


Meissner e Merkel: campos receptivos pequenos
Ruffini e Paccini: até meia palma

DISCOS DE MERKEL: área receptiva grande, adaptação lenta


TERMINAIS DE RUFFINI: área receptiva pequena, adaptação lenta
CORPÚSCULOS DE MEISSNER: área receptiva grande, adaptação rápida
CORPÚSCULOS DE PACCINI: área receptiva pequena, adaptação rápida

Discriminação de dois pontos


A capacidade para discriminar características detalhadas de um estímulo varia ao longo do corpo. As pontas dos
dedos das mãos são as áreas de maior resolução, pois:
• Maior densidade de mecanorreceptores
• Campos receptivos pequenos (meissner e merkel)
• Maior representação cortical.

AXÔNIOS AFERENTES PRIMÁRIOS

Mecanorreceptor  axônio aferente primário (corpo celular no gânglio da raiz dorsal)  raiz dorsal da ME.

Receptores sensoriais da pele: Aα, Bβ, Aδ, C


Receptores de músculos e tendões: I, II, III, IV

Ordem decrescente de diâmetro do axônio e presença de mielina:


Aα > Aβ > Aγ > C
(I II III IV)
Aα: propriocepção mais rápida (mais mielinizado) = diâmetro maior do axônio.
C e IV: amielinizados
NEUROFISIOLOGIA

Composição das fibras nervosas


Fibras mielínicas grossas: motoras, sensitivas. Propriocepção: posição, tato.
Fibras mielínicas finas: dor, temperatura.
Fibras amielínicas: dor e função autonômica.

A MEDULA ESPINAL
• Núcleo central de substância cinzenta
• Corno dorsal (OBS: neurônios de segunda ordem  núcleo dorsal)
• Zona intermediária
• Corno ventral
• Circundada por envoltório de tratos de substância branca.
• Organização segmentar
• Dermátomos
Quando uma raiz dorsal é seccionada, o dermátomo correspondente do lado da lesão perde parte da sensação.
Raízes dorsais adjacentes inervam áreas sobrepostas.

Principais dermátomos
C5: clavicular
C6: polegar
C8: 4º e 5º dedos
T4: mamilos
T10: umbigo
T12: virilha
L4: meio do primeiro PDT
S1: margem lateral do pé

VIA COLUNA DORSAL-LEMNISCO MEDIAL

Sensação tátil e da posição dos membros:


1. Ramos ascendentes dos axônios sensoriais
2. Coluna dorsal (ipsilateral)
3. Trato de substância branca medial ao corno dorsal (grácil e cuneiforme)
4. Núcleos da coluna dorsal (ME e bulbo ipsilateral)
5. Decussação
6. Lemnisco medial (contralateral)
7. Núcleo ventral posterior do tálamo (contralateral)
8. Córtex somatossensorial primário (S1 contralateral)

Neuralgia do trigêmeo
Idade de início: 50-70 anos
Localização: V2-V3 > V1
Duração: menos de 10 segundos, ocorre em salvas
Frequência: paroxística (crises)
Severidade: excruciante
Qualidade: “facadas”, “choque elétrico”
Pontos de gatilho faciais, espasmo ipsilateral da musculatura facial (tiques)
(alça vascular em contato com nervo = dor e queimação no núcleo).

CÓRTEX SOMATOSSENSORIAL
Lobo parietal
Somatotopia cortical: Broadmann 1, 2, 3ª e 3b  giro pós-central / córtex parietal posterior
Tamanho relativo da área do córtex dedicado a cada parte do corpo está correlacionado com a densidade das
aferências sensoriais que recebe daquela região e com a sua importância (homúnculo).

CÓRTEX SENSITIVO SECUNDÁIO E HEMINEGLIGÊNCIA


Córtex parietal posterior. Interpretação das diferentes modalidades de sensibilidade.
Agnosias: inabilidade de reconhecer objetos.
NEUROFISIOLOGIA
Astereognosia: inabilidade de reconhecer objetos com o toque.
Heminegligência: agnosia visual e astereognosia.

DOR E NOCICEPTORES

Dor: não há órgãos receptores (como no tato), e sim terminações nervosas livres.
Nocicepção X dor: a nocicepção é um processo sensorial que fornece os sinais que desencadeiam a experiência da
dor.

Nociceptores
Do latim nocere.
• Terminações nervosas livres ramificadas e não mielinizadas
• São ativadas por estímulos que possam causar lesão nos tecidos
• Pressão forte, temperaturas extremas, privação de oxigênio e exposição a agentes químicos (ác. Lático,
histamina)
• Ativação de canais iônicos
• Liberação de proteases, ATP, K+, bradicinina

A dor é uma sensação negativa causada por estímulo com potencial lesivo.
Sofrimento é uma sensação afetiva negativa, gerada no encéfalo, como resposta à dor e a outros estados
emocionais.

Tipos de nociceptores

A transdução dos estímulos dolorosos ocorre nas terminações nervosas livres das fibras não mielinizadas C e nas
pobremente mielinizadas Aδ.
• Dor primária: aguda e rápida. Fibras Aδ.
• Dor secundária: lenta e contínua. Fibras C.

Nociceptores polimodais: respondem a estímulos mecânicos, térmicos e químicos.

Via sensorial da dor


1) Aferentes primários
2) Gânglio da raiz dorsal segmentar
3) Corno dorsal da ME
4) Neurônios de segunda ordem decussam imediatamente
5) Trato espino-talâmico
6) Núcleo intralaminar e ventral posterior do tálamo
7) Córtex somatossensorial primário

Tradução, transmissão, modulação e percepção da dor


Tradução: estímulo nociceptivo gera uma atividade elétrica nas terminações sensitivas. Interface entre energia física
e sistema sensitivo.

Tipos de nociceptores:
1. Mecânicos de limiar elevado (Aδ)
2. Termomecânicos (Aδ)
3. Polimodais – mecânicos, térmicos e químicos (fibras tipo C)
4. Temperaturas extremas (fibras C)

É possível que existam mais tipos. É possível estimular dois ou mais tipos.

Dor referida
Ocorre mistura na ME e gera a dor referida – percebida como sensação cutânea.
NEUROFISIOLOGIA

TATO X DOR

TATO DOR
Mecanorreceptores Nociceptores
Fibras Aβ Fibras Aδ e C
Sinapse na região posterior do corno posterior Sinapse na zona gelatinosa do corno posterior
Trato grácil e cuneiforme Trato espinotalâmico
Ipsilateral Contralateral
Decussação no bulbo Decussação imediata

VIA DA TEMPERATURA

Receptores para Frio: Aδ e C. Sinapse na substância gelatinosa. Decussação  ?


Receptores para Calor: fibras C. Sinapse na substância gelatinosa. Decussação  trato espinotalâmico contralateral

DIAGNÓSTICO TOPOGRÁFICO DA LESÃO SENSITIVA


Ex:
Hemidissecação da medula à direita:
• Perda da sensibilidade da perna direita
• Perda da dor (analgesia) da perna esquerda

Tradução, transmissão, modulação e percepção da dor


Transmissão:
1. Fibras Aδ e C.
2. Os somas estão na raiz dorsal.
3. O axônio se estende e bifurca em Y.
4. Soma de 2ª ordem na coluna dorsal.
5. Decussação imediata (dois níveis).
6. Trato espino-talâmico
7. Núcleo póstero-ventral do tálamo
8. Córtex somatossensorial.

Núcleo medial: relacionado com aspectos afetivos-motivacionais. Sistema límbico e hipotálamo participam de modo
fundamental na dimensão afetiva da dor.

Regulação da dor – aferente


20% dos adultos sentem alguma forma de dor crônica.
Redução da dor por atividade simultânea em mecanorreceptores de baixo limiar (Fibras A).
Através de interneuronios.
Regiões encefálicas envolvidas na supressão da dor (analgesia na ME):
Substância cinzenta periaquedutal  axônios descendentes de núcleos da rafe (bulbo usando a serotonina) 
cornos dorsais da ME.
Endorfinas: ligam-se a receptores opioides.
Serotonina, noradrenalina e dopamina: ainda mal compreendidas.

Tradução, transmissão, modulação e percepção da dor


Modulação:
Facilita ou inibe (sensibiliza ou habitua).
A dor apresentada pelo homem apresenta uma intensidade flutuante que pode ser explicada por inibições e
facilitação que esses exercem sobre as mensagens nociceptivas.

Modulação segmentar:
1) Bloqueio de receptores
2) Inibição de transmissores
3) Bloqueio de mensagens (portão)
(serotonina, noradrenalina e dopamina)
NEUROFISIOLOGIA

Modulação neuroquímica:
Não-opioides (Ach, catecolaminas e serotonina) e opioides. Estresse, dor e Sugestão podem ativá-los.

Fisiopatologia da dor: neuroplasticidade


Brotamento de fibras Aβ.

Tradução, transmissão, modulação e percepção da dor


Percepção:
(intensidade, localização, duração, subtipo e qualidade)
Dor aguda: ansiedade, medo e revolta
Dor crônica: depressão, negativismo, instabilidade

Afetividade cognitiva: explica o simbolismo da dor.


NEUROFISIOLOGIA
CONTROLE ESPINHAL DO MOVIMENTO I

- O Sistema Motor Somático, o Neurônio Motor Inferior


Existem circuitos dentro da ME responsáveis pelo controle coordenado dos movimentos  vias descendentes.

Locked in syndrome, (encarcerado dentro de si) desconexão cerebromeduloespinhal, pseudocoma e síndrome


ventral-pontina:
Locked in syndrome: ‘’encarcerado dentro de si’’: é uma condição na qual o paciente está alerta e vigil, mas incapaz
de se comunicar; plegia quase completa, exceto pela mirada vertical e oclusão palpebral, que está preservada.
Causas:
• Lesão traumática
• Oclusão da artéria basilar (AVC de tronco)
• Mielinolise central pontina (latrogenia seundária a correção de hiponatremia)

O sistema motor
Charles sherrington foi o pioneiro no estudo do movimento: Pode ser dividido em:
• comando espinhal e controle da coordenação da contração muscular
• comando cerebral e controle de programas motores na espinha medular

Envolve:
Centenas de músculos - neurônios que os comandam - ação coordenada - varias combinações – ambiente em
constante mudança e imprevisível – todos os movimentos corporais, inclusive dos órgãos internos.

OS MÚSCULOS DO CORPO – duas grandes categorias: Estriado e Liso

ESTRIADOS:
Estriado cardíaco: contração rítmica espontânea e sistema neurovegetativo.
Estriado esquelético: massa muscular propriamente dita (do sistema motor somático); movimenta os ossos nas
articulações, olhos, respiração, expressão facial e fala (agonistas/sinérgicos e antagonistas). Parte da unidade motora
(fibra muscular).

LISOS:
Tubo digestivo, artérias. Inervados pelo sistema neurovegetativo e glandular.

Músculo cardíaco: Presente apenas no coração; As células são estriadas e ramificadas. As células são unidas através
de junções comunicantes permitindo-lhes que contraiam todas as juntas como uma unidade só.
Músculo esquelético: são os músculos aderidos aos ossos. Células são agrupadas em feixes em arranjos paralelos.
Células são longas, cilíndricas e estriadas = fibras.
Músculo liso: são os muúsculos que compõe as paredes de muitos órgãos internos e alguns vasos sanguíneos. As
células não são estriadas e afunilam-se nas suas extremidades.

SISTEMA MOTOR SOMÁTICO


Músculos esqueléticos e as partes do SN que os controlam.
Cada músculo esquelético é coberto por uma camada de tecido conjuntivo que forma os tendões.
Cada músculo possui centenas de fibras musculares. Cada fibra muscular possui milhares de miofibrilas.

Um músculo é composto de células musculares. Varias unidas vão fazer a fibra muscular. Cada fibra contém muitas
miofibrilas, correspondentes a uma célula.

Nomenclatura dos músculos esqueléticos


• flexores X extensores
• Sinérgicos (agonistas) X antagonistas
• Axiais (tronco-postura) X proximais (ombro, cotovelo, pelve e joelho – locomoção) X distais (manipulação –
mãos, pés e dedos)
NEUROFISIOLOGIA
Neurônio motor superior e neurônio motor inferior
NEURONIO MOTOR SUPERIOR: (ele q manda o inferior não excitar) Do encéfalo para a ME.
NEURÔNIO MOTOR INFERIOR: da ME ao músculo (somente excitação/contração).
A musculatura somática é inervada pelos neurônios motores somáticos do corno ventral da ME
Via final comum = neurônio motor inferior.

NERVO ESPINHAL: MISTO - Os axônios do NMI se agrupam para formar as raízes ventrais
Raízes ventrais + raízes dorsais = nervo espinhal misto (sensitivo-motor)
Deixam a medula espinhal através dos 30 espaços intervertebrais (30)  30 nervos (forames intervertebrais).

NEURÔNIOS MOTORES INFERIORES


São quem comandam exclusivamente a contração (diretamente).
Alfa: geração de força muscular.
Gama: manutenção do tônus.
Neuronio motor alfa + fibras musculares inervadas por ele = componente básico do controle motor = unidade
motora.

O CONTROLE DA FORÇA MUSCULAR


Uma contração sustentada requer uma sequência contínua de potenciais de ação (somação temporal) - a somação
temporal das contrações também aumenta a tensão das fibras musculares.
Recrutamento de unidades motoras sinérgicas adicionais (somação espacial):
• tamanho da unidade motora (taxa de inervação)
• musculatura ocular = 3 fibras para 1 neuronio motor alfa
• musculaturaantigravitacional do MMII: 1000 fibras: 1 neurônio motor alfa

O controle da graduação da contração muscular pelos neurônios motores alfa

Tipos de unidade motora


- As fibras musculares não são todas iguais em um músculo, existem fibras de resistência e de explosão em um
mesmo músculo
- Cada unidade motora contém apenas um único tipo de fibra muscular.
• Unidades motoras rápidas: Fibras brancas anaeróbias; músculos dos braços para movimentação voluntaria
(de explosão, pobre em capilares, pobre em mitocôndrias, faz disparo rápido, tem baixa resistência a fadiga,
respiração anaeróbica.
• Unidades motoras lentas: Fibras vermelhas aeróbias; músculos posturais (de resistência). As hemácias dão a
coloração (rico em capilares) (rico em mitocôndrias) (glicogenólise alta) (respiração aeróbica) (consegue
repor a energia gasta)

UNIDADE MOTORA - compreende um único neurônio motor inferior alfa (via final comum) e as fibras musculares
extrafusais com as quais ele estabelece contato sináptico direto.
A expressão final da atividade de uma determinada unidade motora é o resultado da interação da atividade neural
de um segmento e de suas conexões com mecanismos extrasegmentais (tractos descendentes provenientes do
cérebro, tronco encefálico e cerebelo).
Existem de 3 a 1000 fibras musculares por neurônios alfa.
Três “inputs” principais no neurônio motor inferior:
• Neurônio motor superior
• Neurônios sensitivos de gânglios da raiz dorsal
• Interneurônios (excitatórios e inibitórios) da medula

Tanto alfa quanto beta são excitatórios: sempre com liberação de acetilcolina. (o principal neurotransmissor do
movimento muscular é a acetilcolina)

Junção neuromuscular = sinapse especializada entre o nervo e o musculo esquelético (transmissão sempre
excitatória).
Liberação de acetilcolina na junção ativação dos receptores colinérgicos nicotínicos PEPS na fibra muscular
(potencial de placa motora)  potencial de ação pós-sináptico com abertura dos canais de Na+ VD  liberação de
íons cálcio no axônio terminal  contração da fibra.
Fibras musculares de contração rápida (força) e fibras musculares de contração lenta (resistência).
NEUROFISIOLOGIA
ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO:
Liberação de acetilcolina (ACo) na junção neuromuscular  ativação dos receptores colinérgicos nicotínicos  PEPS
na fibra muscular (potencial de placa motora)  potencial de ação pós-sináptico com aberturas de canais de Na+ VD
através dos túbulos T  liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático  contração da fibra
Relaxamento com recaptação de Ca+ para o interior do retículo sacroplasmático (gasto de ATP).

A BASE MOLECULAR DA CONTRAÇÃO MUSCULAR – a miofibrila:


• Linhas Z (discos)
• Sarcomero (miofibrila entre duas linhas Z)
• Filamentos finos de actina
• Filamentos grossos de miosina
A contração muscular ocorre quando há o deslizamento de filamentos aproximando as linhas Z adjacentes e
encurtando as miofibrilas.

O MODELO DE DESLIZAMENTO DE FILAMENTOS


Cabeças de miosina ligam-se às moléculas de actina expostas – alteração conformacional provocando movimento de
rotação  movimentação do filamento grosso em relação ao filamento fino  desprendimento (desconexão das
cabeças de miosina às custas de ATP)  repetição do processo.

OS TÚBULOS T
Os túbulos T conduzem a atividade elétrica a partir da superfície da membrana para o interior da fibra muscular.
Aumento de Ca++ livre intracelular  contração da miofibrila.

O MUSCULO EM REPOUSO
A miosina não interage com a actina porque os locais de ligação da miosina na molécula de actina estão cobertas
pela troponina. (troponina sai para o cálcio se ligar)
O cálcio inicia a contração do músculo por unir-se à troponina que está presente na actina, expondo os locais de
ligação com a miosina. A contração continua enquanto houver Ca e ATP disponíveis. O relaxamento ocorre quando o
cálcio é sequestrado pelo retículo sarcoplasmático.

EXCITAÇÃO PASSO A PASSO


1. Um potencial de ação ocorre no axônio de um neurônio motor alfa.
2. A Aco é liberada pelo terminal axonal do neurônio motor alfa na junção neuromuscular.
3. Os canais dos receptores nicotínicos se abrem e o sarcolema pós-sináptico despolariza (PEPS)
4. Canais de Na VD abrem-se; um potencial de ação é gerado na fibra muscular e propaga-se ao longo do
sarcolema e através dos túbulos T
5. A despolarização dos túbulos T provoca a liberação do Ca++ do retículo sarcoplasmático.

CONTRAÇÃO PASSO A PASSO


1. O cálcio liga-se à troponina (antes a actina estava ligada à troponina)
2. Os sítios de ligação para a miosina na actina então ficam expostos
3. As cabeças de miosina conectam-se à actina
4. As cabeças de miosina fazem um movimento de rotação
5. As cabeças de miosina desconectam-se às custas de ATP
6. O ciclo prossegue enquanto ATP e Ca++ estiverem presentes

RELAXAMENTO PASSO A PASSO


1. Quando os PEPS deixam de ocorrer, o sarcolema e os túbulos T retornam ao seu potencial de repouso.
2. O Ca++ é sequestrado pelo retículo sacroplasmático por uma bomba dependente de ATP
3. Os sítios de ligação para a miosina na actina são cobertos por troponina.

Obs: rigor mortis: sem ATP para relaxamento.


NEUROFISIOLOGIA

O CONTROLE ESPINHAL DO MOVIMENTO II

– O Controle Espinhal da Unidades Motoras


REFLEXOS ESPINHAIS
1. Reflexo miotático
2. Reflexo miotático inverso
3. Alça gama
4. Inibição recíproca
5. Reflexo motor polissináptico
6. Reflexo extensor cruzado

O que é um reflexo?
Reflexos são reações automáticas; uma resposta biológica involuntária, relativamente invariável, evocada por um
estímulo específico.
Axônios aferentes da raiz dorsal  neurônios motores  membro efetor

- Os reflexos espinais permitem o ajuste rápido e contínuo da postura em resposta a estímulos de dentro do músculo
e do ambiente
-Reflexo miotático (de estiramento): Os Neurônios motores inferiores recebem informação direta sobre o grau de
estiramento de um músculo por meio de fibras Ia de dentro dos fusos musculares. Essas fibras formam sinapse
diretamente com neurônios motores Alfa do mesmo músculo fazendo este contrair-se. Ao mesmo tempo, a fibra 1a
forma sinapses com neurônios inibidores, os quais inibem os neurônios motores alfa dos músculos antagonistas,
impedindo-os de contrair-se.
- A extensão muscular é determinada pelo estímulo do neurônio motor superior

- Reflexo miotático inverso


- A atividade automatizada como andar, está gravada na medula
- Reflexos são ações automáticas
- Um reflexo e uma resposta biológica involuntária, relativamente invariável, evocada por um estímulo específico
- Axônios aferentes da raiz dorsal > neurônios motores > membro efetor

O CONTROLE ESPINHAL DAS UNIDADES MOTORAS


Proprioceptores :
- Especializações em detectar alterações do comprimento (estiramento)
- Fusos musculares: detector do estiramento: fibras musculares esqueléticas especializadas, contidas dentro de uma
cápsula fibrosa
- Axônios sensoriais (Ia ou Aα)

Os axônios 1a penetram na ME através das raízes dorsais, ramificam-se várias vezes e formam sinapses excitatórias
sobre os interneurônios e os neurônios motores alfa dos cornos ventrais.

- Neurônio motor Alfa: inerva as fibras extrafusais


- Neurônio motor gama: Inerva as intrafusais para contrair as regiões polares e região equatorial. Tem sensores de
distensão. Leva Monosinapticamente a informação para a medula

O REFLEXO MIOTÁTICO
- Ou reflexo de estiramento
- Os músculos possuem receptores que detectam o comprimento do músculo (fusos musculares) e a força muscular
(órgãos tendinosos de Golgi)
- Arco reflexo monossinápticomiotático
- Somente uma sinapse separa a aferência sensorial primária do neurônio motor
- Quando um músculo é estirado ele se contrai
- Aparelho fusomuscular: fibras 1a (Ia) e neurônio motor alfa
NEUROFISIOLOGIA
- Quando a pessoa mantém uma postura ela está utilizando a medula na manutenção do movimento, quando passa
a ser mais elaborado é um movimento com o envolvimento do córtex
- Ou no músculo, ou na via sensorial, na via efetora ou na medula → caso a pessoa não tenha esse reflexo, a lesão vai
estar em algum desses lugares

REFLEXOS ESPINHAIS MIOTÁTICOS


- Hiperreflexia, hiporreflexia e arreflexia

Neurônios motores
• Fibras intrafusais neurônio motor gama
• Fibras extrafusais neurônio motor alfa

ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA


- É uma doença neurodegenerativa, progressiva e fatal
- Afeta tanto os neurônios motores inferiores quanto os superiores
- NMIs: Atrofia muscular, cãibras, fraqueza muscular, dificuldade para mastigar, engolir, mover a face e a língua
- NMSs: Hiperreflexia, disartria (dificuldade para falar)
- A mortalidade depende dos núcleos afetados. Quando o sistema motor responsável pela inervação dos músculos
respiratórios principais é comprometido, o paciente vai à óbito
- Visto que a doença é limitada ao sistema motor somático, não há perda nas funções sensorial, intestinal ou vesical,
mesmo nos estágios finais.

A ALÇA GAMA
- Neurônio motor gama → fibra muscular intrafuso → axônio Ia → neurônio motor alfa → fibra muscular extrafuso
- A inervação aferente dos segmentos polares contráteis da fibra intrafusal é fornecido pelo neurônio eferente gama
– sua ativação evoca umaresposta em aferentes do grupo Ia por estirar o segmento central intrafusal, que por sua
vez estimula a atividade do neurônio motor alfa, levando à contração das fibras extrafusais.
mecanismo para a manutenção da sensibilidade relacionada ao estiramento do fuso muscular.

FUSO MUSCULAR
- Detectam mudanças no comprimento dos músculos
- São encontrados dispersos em todos os músculos esqueléticos
- Fibras intrafusais: Fibras musculares dentro da cápsula do fuso muscular
- Fibras extrafusai: Todas as outras fibras musculares em um músculo esquelético
- As fibras intrafusais estão ligadas às extrafusais
- Quando o músculo é distendido, as intrafusai são estiradas passivamente, isso ativa as terminações sensoriais do
fuso muscular.

PROPRIOCEPÇÃO DO ÓRGAO TENDINOSO DE GOLGI


- Sensor de tensão
- Monitora a tensão muscular ou a força de contração
- Localização: junção do músculo com o tendão (miotendínea)
- Axônios sensoriais do grupo Ib
- Sinapses com interneurônios no corno ventral
- Reflexo miotático inverso (conexões inibitórias com neurônio motores alfa que inervam o mesmo músculo,
protegendo-o de carga excessiva ou de importância para a execução de atos motores finos [manipulação de objetos
frágeis).

INIBIÇÃO RECÍPROCA
- Relaxamento dos músculos antagonistas (extensores) (inibe)
- Colaterais dos axônios Ia (aferentes) fazem sinapse com interneurônios espinhais inibitórios que fazem contato com
neurônios motores alfa dos músculos antagonistas.

REFLEXO FLEXOR
- Reflexo de retirada
- Arco reflexo utilizado para afastar o membro de um estímulo nocivo
- Fibras nociceptivas → ativam interneurôniosem vários segmentos da medula espinhal → excitam neurônios
motores alfa que controlam todos os músculos flexores do membro afetado
NEUROFISIOLOGIA
- Ao mesmo tempo, os músculos extensores são inibidos por meio de um interneurônio
- O reflexo flexor é polissináptico

REFLEXO EXTENSOR CRUZADO


- A ativação dos flexores em um lado da medula espinhal é acompanhada pela inibição dos flexores do lado oposto e
estimulação dos extensores
- Um lado estende e o outro flete (base da locomoção)
- Atividade marcapasso intrínseca dos interneurônios espinhais

A LOCOMOÇÃO
Geradores centrais de padrão: circuitos que dão origem a atividades motoras rítmicas
Locomoção:
• Atividade alternada rítmica na ME
• Inicia-se com uma excitação de dois interneurônios que se conectam aos neurônios motores que controlam
os flexores e extensores
• As atividades dos dois interneurônios alternam-se porque eles inibem-se reciprocamente através de
interneurônios inibitórios – uma rajada de atividade em um interneurônio inibe o outro e vice-versa
• Flexão de um lado é acompanhada pela extensão do outro

PARESIAS E PLEXIAS
- Paresia é uma paralisia incompleta ou diminuição da motricidade em uma ou mais partes do corpo, devida a lesão
dos centros nervosos ou das vias motoras (piramidal ou extrapiramidal), ou devida a lesões do sistema nervoso
periférico, inclusive na junção neuromuscular.

Tônus Reflexos Trofismo


NMS ↑ a ↑↑ ↑↑ ↔ ou ↓
NMI ↓↓↓↓ ↓↓↓↓ ↓↓↓↓
Musc ↓↓ ↓↓ ↔

TÔNUS
É a resistência do movimento passivo na ausência de contração voluntária.
- Inspeção, palpação (consistência fibro elástica), balanço passivo, movimentação
- Alterações: hipertonia plástica (rigidez em roda denteada), hipertonia piramidal (espástica, sinal do canivete),
hipotonia.

TENSÃO
- Um alongamento quando mantido por vários dias provocaria uma acomodação dos sarcômeros e estimularia o
acréscimo de novos
- Alongamento passivo. Alongamento ativo. Facilitação neuromuscular proprioceptiva (mais usado).Método balístico
(não se usa mais, pois não serve como alongamento). Método russo

PRINCÍPIOS DE WILSON
- ‘’nunca se mostre surpreso para o paciente’’
- ‘’nunca fale a mesma coisa duas vezes para o paciente’’
- ‘’nunca acredite em que o paciente disse que o outro médico disse’’
- ‘’ seja decidido em sua indecisão’’
- ‘’ Nunca faça uma refeição com seu paciente’’
NEUROFISIOLOGIA
CONTROLE QUÍMICO DO ENCÉFALO E DO COMPORTAMENTO

– O Hipotálamo e o Sistema Neurovegetativo


Introdução

Hipotálamo: secreções que influenciam corpo e mente


Sistema neurovegetativo: interconexão dos sistemas
Sistema modulatório: modulação da vigília e o humor – restrito ao SNC

Hipotálamo:
Menos de 1% do cérebro que influencia enormemente todo o organismo.
Uma pequena lesão no hipotálamo pode produzir um distúrbio dramático e até mesmo fatal.
É o principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais.
Responsável pela manutenção da homeostase (temperatura, apetite, sede, sono, libido).
Ligação entre SN e Sistema Endócrino: desempenho nas emoções
• Partes laterais: prazer e raiva
• Partes mediais: aversão e riso

Controle central:
O núcleo do trato solitário (origem no nervo vago) integra informações sensoriais de órgãos internos e coordena vias
autonômicas eferentes do tronco encefálico.
Localizado no bulbo e conectado com o hipotálamo, consegue orquestrar funções viscerais até mesmo quando
desconectado com estruturas acima, e isso pode até incluir o hipotálamo.

Estruturas do hipotálamo:
Fica nas duas paredes do terceiro ventrículo (corpos neuronais laterais ao terceiro ventrículo)
Cada lado possui três zonas:
• Periventricular: núcleo supraquiasmático, SNA e neurôniosneurosecretores
• Medial
• Lateral
Partes mediais e laterais possuem largas conexões com o tronco e cérebro e regula comportamentos.

Circuitos com a hipófise


 Hipófise é a boca por onde o hipotálamo fala. Se a hipófise é a mãe da endocrinologia, o hipotálamo é a avó.
Neurônios magnocelulares: para a hipófise posterior  oxitocina e vasopressina (ADH)
Neurônios parvicelulares: para a hipófise anterior  FSH, LH, TSH, ACTH, GH, prolactina

Hipotálamo secretor
• Via direta:
Transportados por axônios até capilares na hipófise posterior
A chegada de potenciais de ação gerados nos corpos celulares de neurônios magnocelulares causam a
liberação desses peptídeos nos capilares hipofisários, de onde vão para a circulação sistêmica.
• Via indireta:
Sistema portal hipotálamo-hipofisário
Neurônios parvocelulares secretam neuropeptídios em um leito capilar especializado no assoalho do III
ventrículo, são levados até o lobo anterior da hipófise através do sistema portal

O sistema vegetativo – O sistema Autonômico


Trabalhando em conjunto com o sistema endócrino, SNV é a parte neural responsável pela homeostase fisiológica
frente a condições externas em constante alteração.

Sistema autonômico: dividido em Sistema nervoso simpático e Sistema nervoso parassimpático.


(PROVA: diferença entre SNA simpático X parassimpático)

SNA e os circuitos
Juntamente com o sistema somático, constitui As vias eferentes do SNC.
NEUROFISIOLOGIA
Porém o soma da célula efetora fica fora do SNC = gânglio autonômico.
Neurônio pós-ganglionar: Em contraste com o SNSomático, há um gânglio autonômico periférico interpondo-se
entre o SNC e o órgão visceral.

Diferenças:

SN SOMÁTICO SN AUTONOMO
Sinapses Junção neuromuscular Varicosidades (sinapses en passant)
Neurônio motor Motoneurônio alfa Neurônio pós ganglionar Neurônio pós-
Motoneurônio gama parassimpático ganglionar simpático
Neurotransmissor ACTh ACTh NA e adrenalina
Receptores Nicotínicos Muscarínicos Alfa e beta
Mecanismo de ação Ionotrófico Metabotrófico Metabotrófico
Potencial pós-sináptico PEPS PEPS ou PIPS PEPS ou PIPS

DIVISÃO DO SNA SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO


Funcionam em paralelo, na maioria das vezes opostas entre si.

Parassimpático:
• Neurônio pré-ganglionar longo
• Neurônios pós-ganglionares com soma próximo do órgão alvo
• Pré-ganglionar = ACo
• Pós ganglionar = ACo
• Descansar e restaurar

Simpático:
• Neurônio pré-ganglionar mais curto
• Neurônios pós-ganglionares em região paravertebral (mais longos)
• Pré-ganglionar = ACo
• Pós-ganglionar = adrenalina e NA (exceção para glândulas sudoríparas)
• Luta e fuga

Quais são as funções gerais da divisão


Na maioria dos casos os efeitos são antagônicos
A resposta noradrenérgica simpática aumenta a FC, causa vasodilatação na musculatura esquelética, facilita a
utilização da glicose, dilata a pupila, causa piloereção e inibe o fluxo vascular e motilidade do intestino.
A resposta parassimpática diminui a FC, contrai a pupila, promove a digestão com aumento da motilidade do trato
gastrointestinal e secreção.

• Simpático: 4 Fs: fight, flight, frightand and fuck – mobiliza o corpo para ações rápidas.
• Parassimpático: digestão, crescimento, resposta imune e estocagem de energia

Divisão entérica
Controla muitas funções fisiológicas envolvidas em transporte e digestão de alimento. Da cavidade oral a anal.
Contém aproximadamente o mesmo número de neurônios da medula espinhal (10x10 elevado a 6).
Tensiona e relaxa a parede intestinal.

Controle central
O núcleo do trato solitário integra informações sensoriais de órgãos internos e coordena vias autonômicas eferentes
do tronco encefálico.
Localizado no bulbo e conectado com o hipotálamo, consegue orquestrar funções viscerais até mesmo quando
desconectado com estruturas acima e isso pode até incluir o hipotálamo.
NEUROFISIOLOGIA
Viveríamos sem o SNA?

Animais simpatectomizados não conseguem sobreviver em ambientes estressantes, eles não podem trabalhar nem
se adaptar a situações de desafio homeostático ou desconforto social.
A glicose não é metabolizada quando ocorre demanda (hipoglicemia), a pressão sanguínea não aumenta em resposta
a atividade física, não ocorre vasoconstrição nem piloereção ao frio (hipotermia)

 Mas a resposta é sim, desde que não sejamos submetidos a desafios homeostáticos.
NEUROFISIOLOGIA
SISTEMA MODULATÓRIO DIFUSO
Como se fosse o controle do volume, dos graves e dos agudos do som. Não modifica a melodia ou o lirismo da
canção, mas modifica drasticamente em como a canção impacta.
• O núcleo de cada sistema possui um pequeno conjunto de neurônios (alguns milhares apenas).
• Esses núcleos são centrais, a maioria no tronco encefálico.
• Distribuem-se amplamente, cada neurônio pode ter 10^5 conexoes pós-sinápticas.
• As sinapses liberam neurotransmissores no meio extracelular (transmissão parácrina), podendo difundir-se
para muitos neurônios.

Sistema dopaminérgico
Substância negra (sistema nigro-estriatal) e área tegumentar ventral (sistema mesocorticolímbico de DA –
dopamina).
Por muitos anos acreditava-se que só existia como precursor da NA – noradrenalina.
Marcadamente diminuído na doença de Parkinson.
• Modulação do movimento
• Sistemas de recompensa
• Comportamentos adaptativos

Esquizofrenia – hipótese biológica:


• Bases genéticas: concordância em 50% em gêmeos monozigóticos e apenas 10% em heterozigotos
• Bases neuroquímicas: hiperfunção dopaminérgica (D3, D4 e D5)
• Tratamento: bloqueadores dopaminérgicos: principais neurolépticos: típicos (clorpromazina, halopuridol);
atípicos (olanzarpina, clozapina, quetiapina)

Sistema noradrenérgico
• Chamado de Locus ceruleus (ponto azul)
• Cerca de 12000 neurônios
• Um dos sistemas mais difusos do cérebro, podendo ter mais de 250.000 sinapses por neurônio
• Ativados em situações novas, inesperadas e não dolorosas
• Menos ativos em situações de quietude e digestão
• Funciona aumentando a capacidade de resposta do cérebro, na velocidade de processamento da
informação, deixando-o mais eficiente
 Atenção, sono-vigília, ritmo circadiano, aprendizado, memoria, ansiedade, dor, humor, metabolismo
cerebral.

Sistema serotoninérgico
• Raphe (sulco)
• Mais ativo durante a vigília
• Silenciosos durante o sono
• Juntamente com o Locuscoeruleus fazem parte do SARA, fundamental na vigília e sem o qual é coma
• Menos ativo em situações de quietude e digestão
• Funciona aumentando a capacidade de resposta do cérebro, na velocidade de processamento da
informação, deixando-o mais eficiente.
 Sono-vigília, diferentes fases do sono, ritmo circadiano, controle do humor, comportamento, emoções e
depressão.

Neurônios serotoninérgicos
Serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5-HT)
A síntese de 5-ht é limitada pela disponibilidade do aminoácido TRIPTOFANO no fluido extracelular, que por sua vez
provém a dieta (grãos, carne, laticínios).
Recaptação da serotonina da fenda para o terminal axonal onde é transportada para vesícula sináptica ou degradada
pela MAO (mono amino oxidase).
 Prozac = fluoxetina
NEUROFISIOLOGIA
Antidepressivos tricíclicos: serotonina + noradrenalina + acetilcolina
Antidepressivos de ação dual: Venlafaxina (venlift)

Sistema colinérgico
• Núcleo basal de Meynert (neocórtex), núcleos septais (hipocampo) e Complexo
pontomesencefálicotegmental (tálamo).
• As primeiras células a degenerarem na doença de Alzheimer.
• O complexo PMT juntamente com o sistema DA e sistema 5HT auxilia na regulação da excitabilidade de
núcleos sensitivos.
 Atenção, sono-vigília, ritmo circadiano, aprendizado, memória, ansiedade, dor, humor, metabolismo
cerebral

Escutar o paciente (sintomas):


Norepinefrina: atenção, motivação, prazer, recompensa
Dopamina: alerta, energia
Serotonia: obsessões e compulsões

Drogas recreacionais e Sistema modulatório difuso:


A maioria das drogas de abuso agem diretamente no sistema modulatório.
Serotoninérgicos: LSD, canabis
Catecolaninérgicos: cocaína, anfetaminas
Gabaérgico: álcool

CASO CLÍNICO
Homem, 21 anos, estudante, notou que o boné que usava não servia mais, precisando usar bonés maiores. Também
seus sapatos não serviam mais. Foi diagnosticado acromegalia devido a um tumor de hipófise.
Na investigação foi verificado que possuía lesão nas vias ópticas e que não havia queixa ou prejuízo funcional.
Que tipo de perda visual poderia um tumor da hipófise causar? Hemianopsiabitemporal
Por que as ausências de queixas? As fibras do outro olho detectam a imagem que falta.
NEUROFISIOLOGIA
O CONTROLE ENCEFÁLICO DO MOVIMENTO III

– Os Tratos Espinhais, o Planejamento do Movimento pelo Córtex Cerebral


Como o encéfalo se comunica com os motoneurônios da ME?
A hierarquia do controle motor:
Nível Função Estruturas
Alto Estratégia Áreas de associação do neocórtex, núcleos da base
Médio Tática Córtex motor, cerebelo
Baixo Execução Tronco encefálico, medula
Tratos espinhais descendentes
Vias laterais: controle do movimento voluntário da musculatura distal
• Trato córtico-espinhal (e córtico-bulbar)
• Rubro-espinhal
Vias ventromediais: controlam os músculos posturais e da locomoção
• Retículo-espinhal
• Vestíbulo-espinhal
• Tecto-espinhal

Trato córtico-espinhal (e córtico-bulbar) – tratos laterais:


Áreas 4 e 6 do lobo frontal (córtex motor)  cápsula interna  pedúnculo cerebral  ponte  pirâmides na base
do bulbo  cruzamento (decussação) na junção do bulbo com a medula  coluna lateral da medula (constituindo o
trato córtico-espinhal lateral ou trato piramidal)  cornos ventrais com sinapse no NMII

Na junção do bulbo com a medula o trato piramidal cruza, ou decussa, na decussação das pirâmides.
Isso significa que o córtex motor direito comanda diretamente o movimento do lado esquerdo do corpo, e o córtex
motor esquerdo controla os músculos do lado direito.

Um AVE que lesiona o córtex motor pode levar à paralisia no lado contralateral ou o trato córtico-espinhal pode levar
à paralisia ipsilateral.

Os mais longos neurônios  10.000.000 axônios.

Trato rubro-espinhal:
Córtex motor frontal  núcleo rubro do mesencéfalo  coluna lateral da ME junto com o trato córtico-espinhal

A maioria de suas funções foram assumidas pelo trato córtico-espinhal. Em caso de lesões no trato córtico-espinhal,
o trato córtico-rubro-espinhal pode compensar parcialmente.

Vias ventromediais: retículo espinhal (pontinho e bulbar); vestíbulo-espinhal e tecto-espinhal:

Tratos vestíbulos espinhais:


Origem: núcleos vestibulares do bulbo.
Equilíbrio da cabeça, pescoço, tronco, postura.
• Lateral: projeta-se ipsilateralmente para baixo até a ME lombar. Ajuda a manter uma postura correta e
equilibrada ao ativar os neurônios motores extensores das pernas. Sistema extensor antigravitacional.
• Medial: projeta-se bilateralmente para a ME e ativa os circuitos espinhais cervicais que controlam os
músculos do pescoço e olhos para guiar os movimentos da cabeça.

Tratos retículo-espinhais pontino (medial) e bulbar (lateral):


Origem: formação reticular
• Medial: projeções ipsilaterais, terminando direta e indiretamente nos NMI alfa e gama em todos os níveis.
Inerva musculatura cervical e extra-ocular bilateral (ipsilateral e mais denso que contralateral)
• Lateral: projeções unilaterais, terminando direta e indiretamente nos NMI alfa e gama em todos os níveis.
Reflexos antigravitacionais da medula, ajudando a manter a postura ereta, manutenção do equilíbrio –
extensão de musculatura axial – influenciando membros proximais.
NEUROFISIOLOGIA

Trato tecto-espinhal:
Origem no colículo superior do mesencéfalo (que recebe aferências diretas da retina, projeções do córtex visual,
somatossensoriais e auditivas) decussação ainda no mesencéfalo  desce contralateralmente até a ME cervical
onde termina direta e indiretamente nos NMI alfa e gama.
Orienta movimentos dos olhos, cabeça e pescoço em resposta a novos estímulos sensoriais.

TRATOS ESPINHAIS DESCENDENTES – CONTROLE GERAL DO MOVIMENTO

O córtex motor

Córtex motor primário ou M1 (área 4):


• Estimulação elétrica dessa região, no giro pré-central, desencadeava uma contração dos músculos em uma
determinada região do corpo no lado contralateral (Penfield)
Área pré-motora (unidades motoras proximais) – área 6:
• Estimulação elétrica desencadeava movimentos complexos de ambos os lados do corpo
Área motora suplementar (unidades motoras distais):
• Estimulação elétrica desencadeava movimentos complexos de ambos os lados do corpo

O homúnculo motor de Penfield:


Estimulação elétrica cortical induzia movimentos voluntários de diferentes partes do corpo. Representação
topográfica dos músculos somáticos do lado contralateral do corpo no giro pré-central.

Área motora suplementar e área pré-motora (córtex pré-frontal)


• Planejamento do movimento, em especial nas sequências de movimentos complexos de ambos os lados do
corpo
• A atividade da AMS e APM ocorre em antecipação aos movimentos de qualquer uma das mãos (extensas
conexões através do corpo caloso entre os dois hemisférios cerebrais)
• Ajustar o caminhar, abotoar uma camisa, usar uma tesoura...

Os núcleos da base
• São a principal aferência subcortical para a área 6: origina-se no tálamo dorsal, o núcleo ventrolateral (VL),
que por sua vez origina-se nos núcleos da base
• Núcleo caudado + putâmen = estriado
• Putâmen + globo pálido = núcleo lentiforme
• Núcleo subtalâmico
• Substância negra

Loops motores
Múltiplos distintos circuitos que compõem uma rede de conexão cortical e subcortical.
A informação flui do principal topograficamente ordenada do neocórtex, estriado, globo pálido, tálamo e córtex.
O conhecimento das funções dos gânglios basais tem aumentado enormemente nas últimas duas décadas.
Entretanto não é completamente compreendido a função primária dos gânglios basais.

Os núcleos da base: facilitam o movimento ao focalizar a atividade de diversas áreas do córtex para a AMS. Servem
também como filtro, mantendo não-expressos os movimentos inadequados.
Estas vias explicam efeitos não motores vistos em pacientes com doenças neurodegenerativas dos gânglios basais.

Qual a função dos gânglios basais?


Os primeiros impulsos são os da via hiperdireta com efeitos inibitórios sobre o tálamo .......................

Distribuição temporal e espacial dos impulsos


Através das vias hiperdireita, direta e indireta, apenas o programa motor selecionado é executado no tempo certo.
Outros programas são cancelados.
Os loops límbicos, oculomotor e pré-frontal parecem controlar a atividade da área cortical correspondente de
maneira semelhante ao loop motor.
NEUROFISIOLOGIA
Aprendizado motor
Acumulativas evidências sugerem uma função dos gânglios basais no aprendizado motor, especialmente aprendizado
processual e de hábitos (repetição).
A atividade dopaminérgica na SN deve refletir o mecanismo de recompensa, onde animais ajustam seu
comportamento, com mecanismos de aprendizado e reforço.
Na doença de Parkinson, o Gpi e STN exibem um aumento na frequência dessas descargas.
Estes dados sugerem que os mecanismos da estimulação cerebral profunda interromperiam uma informação
anormal que fluiria sobre os gânglios basais.

DBS e Alterações neuropsicológicas


Posicionamento no anterior polar do STN estão associados a alterações límbicas, enquanto posicionamento do DBS
em regiões médio-anteriores estão associados a alterações cognitivas e impulsividade.

DBS e o conhecimento dos GB:


Com a utilização da neurocirurgia funcional, e o estudo dos problemas advindos da mesma, formou-se um modelo
experimental que propiciou um grande avanço no estudo e na compreensão das funções dos gânglios da base.

Integração cortico-estriatal durante o aprendizado, memória e decisão:


• O estriato recebe inputs de uma grande extensão cortical e converge em microcircuitos
• 20% dos neurônios estriatais são neurônios de interação
• Estes interneurônios promovem uma integração entre informações sensitivo motoras e límbicas.
• Extensas evidências sugerem que neocórtex e estriato, recebem inputs convergentes de estruturas chaves
do hipocampo e da amigdala
• A integração do núcleo acumbens com sub-regiões gânglio-basais e ativação de receptores D2 tem se
mostrado necessária para o processo espacial da fixação da informação e que também depende do
hipocampo

Circuito pré-motor e circuito sensitivo motor: ativação de áreas associativas e pré-motoras durante a aquisição –
inversão para áreas sensitivo-motoras com a prática
O estriato não parece ser um mero “filtro de ações” que convergem informação cognitiva, motora ou emocional do
córtex. Mas está profundamente envolvido no processo de aprendizado e memória.

O CEREBELO

• Monitora a sequência detalhada de contrações musculares, cada uma no tempo preciso


• Ataxia: distúrbio cerebelar caracterizado por “incoordenação” do movimento (dissinergia) e falta de precisão
na execução (dismetria).

Componentes do sistema motor e suas correlações clínicas

COMPONENTE FUNÇÃO MANIFESTAÇÃO CLÍNICA


Neurônio motor inferior (neurônio Via final comum para os Paresia (fraqueza)
motor alfa) movimentos voluntários, posturais Hiporreflexia ou arreflexia (perda
e reflexos. dos reflexos espinhais)
Manutenção do tônus e trofismo Hipotonia ou atonia
muscular. Atrofia muscular
Manutenção da estabilidade Fasciculações
elétrica do axônio e da membrana Potenciais de fibrilação
muscular.
Neurônio motor superior (tratos Controle dos movimentos Fraqueza, perda da destreza
espinhais descendentes): voluntários finos (dedos), força manual, inabilidade em aumentar a
Trato córtico-espinhal (via lateral, muscular força
direta)
Trato córtico-reticulo-espinhal (vias Inibição dos reflexos segmentares Hiperreflexia e clônus,
ventromediais) que interferem com a ação espasticidade (hipertonia), sinal de
voluntária, postura e locomoção Babinski
NEUROFISIOLOGIA
OS RITMOS CEREBRAIS E O SONO
Sono:
Estado facilmente reversível de diminuição de responsividade e interação com o ambiente.
1/3 da vida (ainda um grande mistério). Essencial à vida, assim como se alimentar. Privação prolongada é devastador.

Ciclo sono-vigília
Podemos dividir em 3 partes:
• Vigília
• Sono não REM
• Sono REM

Polissonografia: EEG, EOG, EMG.

Os ritmos cerebrais e o ciclo circadiano


Quase todas as funções fisiológicas mudam de acordo com ciclos diários
• Ciclos circadianos: temperatura corporal, fluxo sanguíneo, produção de urina, níveis hormonais, crescimento
de pelos, taxa metabólica
• A vigília e o sono: 1/3 da vida dormindo, ¼ da vida sonhando.

Sono X Coma
É um estado facilmente reversível, de reduzida responsividade ao ambiente e interação com o ambiente.
O coma não é facilmente reversível, por isso é um transtorno/distúrbio da função normal do encéfalo.

A arquitetura do sono (critério eletrencefalográfico)

Vigília: atividade alfa (8-12Hz) e beta (13-35Hz)


Não REM (sono de ondas lentas):
• Sono 1 (5-10%) alguns minutos Hz.
• Sono 2 (45 a 55%) 5-15 minutos (fusos do sono)
• Sono 3 e 4 (15 a 25%) -20 a 40 minutos (ondas lentas)

REM: 20 a 25%, movimento rápido dos olhos. Completo relaxamento muscular, ocorre de forma mais longa no terço
final do sono.

Quantidade de sono X idade


• RN: 15 a 18 horas (70 a 80% do tempo)
• Lactente: 13 a 15 horas
• Pré-escolar: ?

Hábitos de sono
A necessidade de sono é geneticamente determinada.
Dormidores curtos (menos de 6 horas).
Dormidores longos (mais de 8 horas).

Parâmetros de normalidade em adultos jovens


Latência do sono entre 10-20 minutos.
Eficiencia do sono maior que 85%.
Sono N1: 5 a 10%
Sono N2: 45 a 55%
Sono N3-4: 13-23%
Sono REM: 20-25%
(a partir dos 10 anos).
NEUROFISIOLOGIA
Sono não-REM
75% do sono total.
Período de repouso, redução dos movimentos musculares – mudanças posturais.
Temperatura corporal e consumo de energia reduzidos.
Atividade parassimpática
• Frequência cardíaca, respiração e função renal mais lentas
• Aumento dos processos digestivos
A maioria dos sinais sensoriais aferentes não pode alcançar o córtex.

Sono REM (RapidEyesMovement)


25% do sono total
Encéfalo ativo e alucinando em um corpo paralisado
Sonhos
Predomina 1/3 no final do sono
Sono paradoxal (EEG parece o de vigília)
Aumento do consumo de oxigênio
Atonia, exceto por movimento rápido dos olhos
Resposta a estímulos externos muito reduzida ou ausente
Atividade Simpática:
• Aumento da frequência cardíaca e respiratória, mas irregulares e queda da temperatura corporal.

Por que dormimos?


Segundo a neurociência: para restauração.
Restauração corporal: fases não REM
Restauração mental: fase REM

Por que sonhamos?


Não há explicação científica.
Sono REM e sonhos:
• 80% dos sonhos ocorrem no sono REM
• Sistema dopaminérgico
• Função não se sabe
• Ativação das redes neurais cerebrais, reestruturação e reinterpretação dos dados armazenados na memória
e remoção da informação desnecessária do cérebro

Mecanismo neural do sono e o tálamo

Mecanismos neurais do sono


Processo ativo de alteração da excitabilidade cortical e controle da passagem do fluxo de informação sensorial –
tálamo.
Sistemas neurotransmissores modulatórios difusos:
• Noradrenérgicos, serotoninérgicos (locus cerúleos e rafe mediana disparam durante a vigília e acentuam o
estado de alerta)
• Colinérgicos (pedúnculo pontino) induzem/acentua-se em episódios de sono REM bem como duranre a
vigília.

Sistemas descendentes
O sono também envolve atividade em ramos descendentes dos sistemas modulatórios difusos, como a inibição dos
neurônios motores durante o sono.
E quando o sistema descendente não desliga? distúrbio do sono REM. 50% dos pacientes em 5 anos terão alguma
demência. (paciente se mexe durante o sono REM).

Outros mecanismos neurais do sono


A vigília eo sistema ativador reticular ascendente (SARA)
Núcleo supraquiasmático ritmo circadiano
• Relógio encefálico
NEUROFISIOLOGIA
• Células ganglionares sensíveis à luz (melanopsina) estão na retina
• Trato retino-hipotalâmico

Fatores promotores do sono


• Interleucina 1 – sintetizada no encéfalo pela glia e macrófagos
• Adenosina: inibe os sistemas modulatórios que promovem a vigília; antagonistas dos receptores da
adenosina (cafeína e teofilina)
• Melatonina: produzido pelo corpo pineal apenas quando o ambiente se torna escuro, produção inibida pela
luz.
• Ajuda a iniciar a manter o sono.

Hábitos de sono
• Matutinos e moderadamente matutinos = 10 a 12% da população. Pessoas que acordam bem cedo e
preferem dormir cedo.
• Vespertinos = 8 a 10%. Tendem a acordar tarde e deitar tarde, preferem desempenhar suas atividades a
noite.
• Indiferentes 80%. Não tem horário preferencial.

Higiene do sono
Ambiente escuro, limpo, calmo, temperaturas mais para fria, cama apropriada à idade, poucas cobertas.
Horário: regularidade para acordar e ir para a cama. Sestas com horário, frequência e duração consistentes.
Atividades: evitar TV e radio na hora anterior, evitar atividade física vigorosa na hora anterior, não usar a cama como
local de brincadeiras, estabelecer ritual (banho morno, seguido de ultima refeição, escovação de dentes, colocação
de pijama, ida ao banheiro, historias suaves); objeto de transição (fralda, brinquedo macio).

Funções do sono
• Privação do sono em humanos voluntários: fadiga intensa, alterações de atenção, irritabilidade, sonolência,
diminuição acentuada da capacidade discriminativa. Podem desenvolver alucinações sensoriais, transtornos
de equilíbrio, visão e linguagem.
• Privação de sono em ratos: morrem em 15-20 dias após grande perda de peso.
• Após um período de privação do sono, durante a fase de recuperação existe um aumento considerável do
sono de ondas lentas.
• Após um período longo de privação (maior do que 4 dias), existe um aumento da proporção do sono Rem
durante a fase de recuperação.
• O sono rem parece ter um papel fundamental no processos de aprendizagem e memorização
• O sono de ondas lentas parece estar associado à recuperação corporal
• 1960 foi realizado o primeiro estudo de privação seletiva de sono REM em humanos (5 dias). Ao final do
período reclamavam de irritabilidade, ansiedade e dificuldade de concentração, mas isto não levou a
sequelas permanentes na memoria ou no SNC.
• A privação do sono REM tem sido associada a prejuízos no processo de memória. Estudos em ratos mostram
um aumento do sono rem após aquisição de tarefas de aprendizado.
• Quando se impede os animais de dormirem após o treino, a aquisição da tarefa é prejudicada.
• Uma das alterações comportamentais replicáveis induzidas pela privação do sono REM é a hiperfagia
associada a perda ponderal (aumento do gasto energético).
• Privação do sono REM pode desencadear alterações na temperatura corporal e aumento do stress oxidativo
• A síntese de proteínas é maior no sono não-rem
• Estudos de privação de sono em ratos neonatos demonstram que a privação do sono afeta diretamente a
plasticidade sináptica em cérebros intactos.

Prevalência de insônia
• National Sleep Foundation e Callup Organization
• 1000 pessoas
• 36% insônia no ultimo ano
• Crônico em 8%
• Maior incidência em mulheres adultas
• Técnicas para insônia: atividade física, relaxamento, auto-medicação, álcool
NEUROFISIOLOGIA
Critérios diagnósticos para insônia:
• Dificuldade para iniciar (mais de 30 minutos)
• Diminuição do tempo total (menos que 5,5 a 6 horas)
• Múltiplos despertares noturnos
• Dificuldade em reiniciar
• Caráter não reparador
Critérios de suporte:
• Sonolência diurna
• Fadiga
• Irritabilidade
• Dificuldade de concentração e realização

Parassonias curiosidade (não cai na prova!)


• Sonambulismo, terror noturno, soniloquio

Distúrbios do sono REM


• Narcolepsia, síndrome das pernas inquietas, síndrome jetlag

Narcolepsia
• Sonolência diurna excessiva, catalepsia (“ataques de sono”), paralisia do sono, alucinações hipnagógicas
• Vigília: sono rem
• Déficit de hipocretina (orexona)
• Metilfenidato, tricíclicos

DISTÚRBIOS DO SONO
Parassonias
• Sonambulismo
11 anos
Estágio 4 do sono não-REM
Cognição e julgamento prejudicados no momento, sem memória do ocorrido.
• Sonilóquio
Fala sem Sentido
• Terror noturno
5-7 anos
Estágios 3 a 4 do sono Não-REM
Pânico incontrolável. Hiperatividade simpática, duração 10 minutos

Distúrbios do sono REM


• Interrupção nas funções dos sistemas no tronco encefálico que normalmente medeiam a atonia do REM
• Benzodiazepínicos, melatonina

Narcolepsia
• Sonolência diurna excessiva, cataplexia (“ataques” de sono), paralisia do sono, alucinações hipnagógicas
• Vigília -> sono REM
• Déficit de hipocretina (orexina)
• Metifenidato, tricíclicos

Síndrome das Pernas Inquietas


• Necessidade irresistível de movimentar as pernas usualmente associada a parestesias/disestesias
• Sintomas são piores ou exclusivamente presentes no repouso (deitado, sentado)
• Alívio parcial ou completo com o movimento
• Sintomas piores ao entardecer e à noite
 Dicas para diagnótico:
o A descrição da distesia pode incluir: câimbra, formigamento, picadas de inseto, ansiedade, dormência,
“escarangamento”
o Muitas vezes a queixa não existe, mas insônia ou sonolência diurnas são importantes
o Há muita dificuldade em descrever os sintomas
NEUROFISIOLOGIA

Distúrbios do Sono
Jet Lag Syndrome
• Dissociação entre o ritmo circadiano e a hora local.
• Náusea, insônia, irregularidade intestinal, perda do apetite, déficit de atenção, distúrbios de humor.
• Profilático: higiene do sono, luz matutina, melatonina 3 a 12 mg

Medicamentos Sedativo-Hipnóticos
• Medicamentos mais prescritos em todo o mundo
• Sedação: alivio da ansiedade (ansiolítico)
- com o mínimo de depressão do SNC
• Hipnose: produção de sono
- o mais próximo possível do sono natural

Mecanismo de Ação
• Ácido Gama-aminobutírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibitório do SNC
• Potencialização da neurotransmissão gabaérgica em todos os níveis do SNC
Receptor GABAa – canal de cloreto (Cl-)
NEUROFISIOLOGIA
OS MECANISMOS DE EMOÇÃO NO ENCÉFALO – O SISTEMA LÍMBICO
O que é emoção?
É o motivo de estudo da neurociência afetiva.
• Reações emocionais são um resultado de interação complexa entre estímulos sensoriais, experiências
passadas e a atividade de diferentes sistemas de neurotransmissores.
• Amor, ódio, felicidade, tristeza, medo, ansiedade...
• Reações emocionais são um resultado de uma interação complexa entre estímulos sensoriais experienciais
passados e a atividade de diferentes sistemas de neurotransmissores.

Teoria de James Lange: experiência emocional é a resposta para mudanças fisiológicas no organismo.
Teoria de Cannon-Bard: emoções persistem mesmo após ausência de estímulo. As alterações cerebrais são
anteriores à expressão. A área responsável seria o tálamo.
Teoria cognitiva = teoria do conhecimento.

O sistema límbico

Córtex ao redor com corpo caloso, principalmente giro cingulado e córtex medial do lobo temporal (incluindo
hipocampo) – Paul Broca, 1878 (não mencionou função)

Circuito de Papez: “atividades evocadas em outras áreas do neocórtex com projeções do corte cingulado adicionam
“cor” às emoções”.
Estabeleceu que o córtex e o hipotálamo podem ter influência recíproca
Córtex cingulado  hipocampofornix hipotálamo  corpos mamilares  tálamo anterior  córtex cingulado.

• Outputs para hipotálamo via hipocampo e fórnix


• Inputs do hipotálamo via tálamo ventral
(essa bidirecionalidade confirmou as teirias de James Lang e Cannon-bard)
• Experiência emocional e expressão emocional
• Estímulos de áreas corticais entravam no circuito, eram elaborados como emoção e então influenciavam o
hipotálamo levando à liberação dos hormônios apropriados.

Paul MacLean (1952):


• Cunhou o termo sistema límbico e reintroduziu e a teoria de Papez. De que as estruturas límbicas poderiam
ser o substrato anatômico da emoção.
• Informações corticais e hipotalâmicas são integradas no sistema límbico.
Adicionou estruturas:
• Amígdala
• Área septal
• Córtex orbitofrontal

Eletrocorticografia
• Estimulações de regiões límbicas do lobo temporal resultaram em fenômenos experienciais: medo, dejavu,
jamais vu, alucinações visuais e auditivas, ilusões e memórias.
• De todas as estruturas límbicas a estimulação da amigdala e do hipocampo foram as que mais resultaram em
experiências psíquicas ou emocionais.

Lobotomia do córtex frontal: desconectar o comportamento do restante (esquizofrenia) – lobotomia transorbital.


Controle do comportamento agressivo.

Obs:
Personalidade = caráter + pensamento

Phineas Gage (operário)  modificação do caráter com lesão na área pré-frontal.


NEUROFISIOLOGIA
O que é o sistema límbico?
Sistema anatômico e funcional de estruturas corticais e subcorticais interconectadas bidirecionalmente, envolvendo
na emoção, aprendizado e na regulação autonomica.
Envolve: hipocampo, giro para-hipocampal, amigdalas, fornix, área septal, giro do cíngulo, corpos mamilares, tálamo
anterior, hipotálamo.

Mais recentemente os núcleos mamilares, o núcleo anterior do tálamo e o hipocampo mostraram-se mais
importantes para as funções de memória do que para a emoção.

Amígdala:
Comportamento de auto-preservação (alimentar-se, lutar, proteger-se).
Medo e agressividade, memória.
Localizada no polo do lobo temporal (Subnúcleos basolateral, corticomedial e central).

Funções da amígdala:
1) Acrescenta significado emocional aos estímulos através da associação entre estímulo e reforço (positivo ou
negativo).
2) Aprendizado. Coordenação de informações de diferentes modalidades sensoriais assim como associação
com de estímulos de respostas (o medo aprendido)
3) Processamento emocional. Reconhecimento de emoções faciais, respostas emocionais a estímulos
ameaçadores, interação social, significado emocional.

Divisões funcionais do sistema límbico


• Parte rostral: importante para emoção. amígdala, septo córtex orbitofrontal, ínsula, cingulado anterior.

• Parte caudal: importante para funções de memória e visuo-espaciais. hipocampo; córtex parahipocampal;
cingulado posterior.

O arranjo arquitetônico:
O hipocampo é um alocórtex (não é neocórtex). Possui apenas 3 camadas. O neo tem 6 camadas.

Funções do giro do cíngulo:


• Integração do pensamento, motivação, emoção e movimento
• O cíngulo anterior amplifica e filtra estados afetivos e é importante para fazer a transição entre estados pré-
motores iniciais e comportamentais.

Disfunções do Giro do cíngulo


• Amplificação excessiva das emoções pode levar à ansiedade, tiques, impulsividade e a transtornos
obsessivos-compulsivos
• Filtragem excessiva pode levar à apatia e à acinesia. Como no mutismo acinético observado após lesões
bilaterais do cingulado.

Lesões no sistema límbico


• Síndrome de Kluver-Bucy:
Perda bilateral do lobo temporal  docilidade, placidez, ausência de medo ou agressividade/fúria, agnosia visual,
forte oralidade e hiperssexualidade.
Causas: encefalite herpética, anóxias, Alzheimer, traumas.

Hiperssexualidade, comportamento sexual inapropriado: a síndrome de KluverBucy é um distúrbio comportamental


que ocorre quando ambos lobos temporais (amígdalas) E eD do cérebro não funcionam adequadamente ou são
removidos.

• Síndrome de Geschiwind:
Epilepsia do lobo temporal.
Alterações na personalidade e comportamentais. Características: preocupações excessiva com questões filosóficas,
cósmicas, religiosas; hipossexualidade, hipergrafia, viscosidade interpessoal, irritabilidade.
NEUROFISIOLOGIA
ATENÇÃO E CONSCIÊNCIA
Atenção  estado de processo seletivo de fontes de informações.
Ignora estímulos competitivos menos interessantes.
• Capacidade de selecionar estímulos, podendo ocorrer interação entre modalidades sensoriais
• Facilita a compreensão dos estímulos
• Aumenta a velocidade de reação
• Aumenta a sensibilidade e a reatividade a estímulos interessantes
• Distúrbios da atenção podem levar a déficits de compreensão e simular déficits de memória

TDAH  Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade


Déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade: 5 a 10% das crianças.
Área pré-frontal menor? Gânglios basais menores?
Tratamento: metilfenidato (ritalina): inibidor do transporte de dopamina (aumenta a disponibilidade pós-sináptica).
Aumenta a dopamina na fenda. Dopamina leva a atenção.

Síndromes de negligência
Heminegligência, heminatenção:
• Comumente associada com lesões em córtex parietal posterior do hemisfério cerebral direito
• Pesquisadores propõem que este córtex estaria envolvido em atenção a objetos em diferentes posições no
espaço extra corporal
• Em casos extremos os pacientes podem se negar a acreditar que o hemicorpo esquerdo é realmente seu
(anasognosia = desconhecimento do déficit)

Efeitos fisiológicos da atenção


Quando se sabe que onde um estímulo importante é mais provável de ocorrer, muda-se a atenção para ele e o
processo sensorial de informação ocorre com maior sensibilidade e velocidade.

Como a atenção é direcionada

Pulvinar:
• Conexões recíprocas com a maioria do córtex occipital, parietal e temporal – modulando a difusão da
atividade cortical. Indivíduos com lesão no pulvinar respondem anormalmente lentos a estímulos
contralaterais, particularmente quando há estímulos competindo ipsilateralmente.

Campo frontal da visão:


Conexão direta entre diversas áreas visuais sensitivas e motoras. “Sacca diceyes movement”. Conexões com áreas
V2, V3, V4, MT.
NEUROFISIOLOGIA
O FENOMENO DA LINGUAGEM
Linguagem: capacidade de comunicar-se por meio de símbolos comuns envolvendo a compreensão e a comunicação
de ideias abstratas.
Exemplos de linguagem usados na comunicação: som, nuanças de voz, expressão corporal, escrita, simbologias.
A linguagem envolve o processamento encefálico entre os sistemas sensoriais e motores. É universal (não existem
sociedades/tribos/etnias mudas). Estudos sugerem que existe linguagem em outros primatas.

Fábula
Pode o animal usar a linguagem? Pode o animal usar a linguagem humana?
• Animais se comunicam de várias formas: expressões (cães, gatos); dança (abelhas, baleias)
• Primatas e golfinhos podem usar palavras, mas não gramática ou sintaxe
• Foi intensivamente tentado desde 1940, mas barreiras fonatórias (laringe) são muito limitantes
• A questão continua controversa

Afasia: é a perda parcial ou completa da habilidade da linguagem devido a lesão cerebral, frequentemente com as
demais funções cognitivas preservadas, assim como a musculatura fonatória.

Afasia de Broca: a compreensão é preservada, porém não consegue falar (sem fluência)/expressar linguagem.
1861: primeiro caso
1863: publicou oito casos
1864: linguagem no hemisfério ESQUERDO (pela primeira vez chamou “dominante”)
• Hoje se chama as áreas 44 e 45 de Brodmann como áreas de broca.
• Chama-se afasia de Broca a quadros com incapacidade de expressão da linguagem, mas com a compreensão
mantida.
• A principal característica é a fala telegráfica, sem artigos, pronomes ou conjugações gramaticais (agramasia).
Podem ocorrer parafasias (substituição por palavras de fonética parecida).
- Agramasia (sem gramática)
- Discurso telegráfico
- Compreensão mantida, reprodução prejudicada
- Comumente associada a hemipiramidalismo direito

Teste WADA e dominância cerebral


• 90% da população destra
• Dentre os destros – 96% - o hemisfério esquerdo é o dominante
• Entre os sinistros, 70% têm dominância esquerda

Qual a porcentagem de um sujeito ter perdido o hemisfério esquerdo e ficar com afasia global? – 92%.

15% dos sinistros têm a representação bilateral da linguagem. Nos destros, a região de Wernicke é +- 1/3 maior no
hemisfério esquerdo, e já presente ao nascimento.

Karl Wernicke (1848-1905): médico, anatomista, psiquiatra e neuropatologista


Pouco tempo após Paul Broca ter publicado seus achados em déficits de linguagem causados por danos ao que hoje
é conhecido como área de Broca no cérebro, Wernicke passou a pesquisar os efeitos do traumatismo craniano na
linguagem. Wernicke concluiu que nem todos os déficits de linguagem eram resultados de danos à área de Broca.
Notou que lesões na região posterior esquerda do giro temporal superior resultavam em déficits na compreensão da
linguagem (1874). Essa região é hoje chamada de área de Wernicke, e a síndrome associada é denominada Afasia de
Wernicke.
• Afasia de Wernicke: fala fluente com pobre compreensão.

Não confundir com encefalopatia de Wernicke (EW), que é uma doença neurológica severa causada por um déficit
de vitamina B1, mas que é potencialmente tratável se diagnosticada precocemente. A síndrome é caracterizada por
ataxia, oftalmoplegia, confusão e prejuízo da memória de curto prazo.

Parafasias e jargonofasias: muito mais comuns – compreensão e repetição prejudicadas; em geral, sem déficits
motores associados.
NEUROFISIOLOGIA

Wernicke Geschwing Model


• O som chega ao córtex auditivo em ambos os lados do cérebro
• É então transferido para a área de Wernicke e codificado em linguagem
• Então é transferido pelo fascículo arqueado para programação motora na área de Broca
• Transfere para a área motora correspondente

Área de broca: 45
Área motora primária: 4
Área de Wernicke: 22
Região de associação parieto-temporo-occipital: 30
Áreas visuais estriadas e extraestriadas: 17, 18, 19

Afasia de condução compreensão preservada, fala fluente, dificuldade em repetir palavras

Tipos de afasia

Afasia de Broca: lobo frontal, córtex de associação motora


Afasia de Wernicke:lobo temporal, região posterior
Afasia de condução:fascículo arqueado
Afasia global: lobo temporal e frontal
Afasia transcortical motora: lobo frontal anterior e Broca
Afasia transcortical sensitiva: córtex funcional parieto-temporo-occipital
Anomia: lobo temporal inferior

Tipo de afasia Fluência Repetição Compreensão Nomear Hemiplegia Déficits


do lado dir. sensoriais
Broca Não Pobre Boa Pobre Sim Pouco
Wericke Sim Pobre Pobre Pobre Não Algum
Condução Sim Pobre Boa Pobre Não Algum
Global Não Pobre Pobre Pobre Sim Sim
Transcortical Não Boa Boa Pobre Alguma Não
motora
Transcortical Sim Boa Pobre Pobre Alguma Sim
sensitiva
Transcortical Não Boa Pobre Pobre Alguma Sim
mista
Anomia Sim Boa Boa Pobre Não Não

Afasia bilíngue
• Depende da ordem do aprendizado
• Depende da fluência de cada língua
• Depende de quando foi utilizada pela primeira vez
Obs: segunda língua  área de Wernicke

A evolução da linguagem
• Aprende-se de forma auditiva (exceções: surdos e filhos de pais surdos)
• A exposição precoce à linguagem é fundamental para o desenvolvimento da linguagem
• Detecção precoce de defeitos é fundamental
• 3 meses: murmúrios
• 6 meses: balbucios
• 18 meses: 50 palavras, compreende 150
3 anos: sentenças completas
NEUROFISIOLOGIA
O APRENDIZADO E A MEMÓRIA – Tipos de Memória e Amnésia
Funções cognitivas (funções corticais superiores):
• Memória
• Linguagem
• Atenção
• Raciocínio/abstração
• Julgamento/insight
• Orientação
• Cálculo
• Praxia
• Gnosia
• Funções executivas

Áreas funcionais do córtex cerebral:


1) Áreas de projeção: dão origem ou recebem fibras que relacionam diretamente coma motricidade ou
sensibilidade  áreas motoras e áreas sensitivas
2) Áreas de associação

Áreas corticais associativas


• Área de associação pré-frontal
• Área de associação límbica
• Área de associação parieto-occipito-temporal

1. Área associativa pré-frontal:


• Elaboração de pensamentos
• Planejamento e execução de ações
• Planejamento de ações motoras complexas
• Armazenamento de memória solidamente consolidada
• Memória operacional (workingmemory)
• Elaboração e controle de padrões de comportamento social adequado
• Linguagem: área de Broca (parte opercular do giro frontal inferior)

2. Área associativa límbica:


• Polo temporal, porção ventrobasal do lobo frontal, giro cingulado
• Comportamento, emoções, motivação

3. Área associativa parieto-occipito-temporal:


• Processamento superior das informações sensoriais
• Processamento de informações relacionadas a espaço e corpo
• Linguagem: área de Wernicke
 1/3 posterior do giro temporal superior
 Relacionada a compreensão da linguagem
 Importante área de processamento intelectual
• Linguagem: processamento visual inicial da leitura – giro angular
• Nomeação: temporal post, occipital ant, lateral

Síndrome Frontal

Lesão do lobo frontal: Síndrome frontal (relacionada à lesão pré-frontal):


• Alterações de personalidade
• Prejuízo do comportamento social
• Distúrbios cognitivos
O padrão específico da síndrome é determinado por:
• Tamanho, local, lado, natureza e curso natural da lesão
• Personalidade pré-motora
NEUROFISIOLOGIA
• Idade de início
Alterações de personalidade e comportamento: mais importantes que das funções cognitivas.
Lesões dorsolaterais: mais associadas com distúrbios cognitivos.
Lesões mediais: mais associadas com distúrbios emocionais e comportamentais.

- Alterações de personalidade e comportamento:


 Falta de objetivos e perspectivas
 Perda do sentido de responsabilidade
 Perda de auto-crítica e auto-controle
 Incapacidade de avaliar as consequências do seu comportamento
 Comportamento de imitação, comportamento de utilização
 Impulsividade, perseveração
 Memória
 Indiscrições sexuais
 Exibicionismo
 Perda da iniciativa
 Dificuldade de tomar decisões
 Apatia
 Alentecimento psicomotor e abulia (ausência de vontade)

- Sintomas que acompanham a síndrome frontal:


 Aparência descuidada
 Reflexos primitivos (grasping, afocinhamento, sucção)
 Incontinência urinária, sem constrangimento
 Afasia não fluente, apraxia orofacial (perda da capacidade de fazer gestos)
 Perda visual, anosmia (perda do olfato)
 Paratonia (hipertonia durante movimento voluntário passivo)
 Sinais piramidais
 Apraxia da marcha

Síndrome Temporal

• Lesões focais podem ser clinicamente silenciosas.


• Lesões no hemisfério não dominante podem ser clinicamente menos evidentes.
• Lesões bilaterais ou no hemisfério dominante podem provocar disfunções graves.
• Sintoma predominante nas lesões no hemisfério dominante  distúrbio de linguagem (afasia).
• Distúrbio de memória para material verbal (hemisfério dominante) e não verbal (hemisfério não dominante).
• Prosopagnosia (não reconhece): hemisfério não dominante ou bilateral
• Amusia: lesões do lobo não dominante
• Lesões crônicas bilaterais podem causar graves alterações de personalidade e comportamento.

Prosopagnosia = cegueira para rostos

Síndrome Parietal

Apraxia = não executa movimentos


Afasia = problemas de linguagem
Dislexia, disgrafia, acalculia

Síndrome de Gershmann (lesões no giro angular no hemisfério dominante): agnosia para dedos, agrafia, acalculia,
desorientação direita/esquerda.
Distúrbios da função visual-espacial e do esquema corporal: lesões no hemisfério não dominante
Distúrbio da atenção seletiva: heminegligência anosognosia da hemiplegia (lesões no hemisfério não dominante)
Estereognosia (identificação de formas), agrafestesia.
NEUROFISIOLOGIA
Síndrome occipital

Causa desde distúrbios visuais simples até cegueira cortical.


Síndrome de Anton-Babinski: cegueira cortical com anosognosia
Síndrome de Balint: lesões bilaterais parieto-occipitais extensas:
• Desorientação visual
• Inabilidade para dirigir a mirada para o campo periférico
• Ataxia ocular
Acromatopsia
Ilusões e alucinações visuais (lesões no hemisfério dominante ou bilaterais)

MEMÓRIA
A memória é imperfeita. Esquecer é tão importante quanto lembrar. A memória é um sentido contaminável.
Memória e aprendizado
Aprendizado  é a aquisição de novas informações ou conhecimento
Memória  é a retenção da informação que foi aprendida

Tipos de memória
- Quanto à duração / tipo de informação / estruturas encefálicas envolvidas

1) Tipos de memória quanto ao tipo de informação e estruturas encefálicas envolvidas

TIPO DE MEMÓRIA FUNÇÃO SISTEMA NEURAL


Declarativa Consciente de fatos e eventos Lobo temporal medial
Não declarativa Aquisição de habilidades Córtex motor, gânglios da base, cerebelo
Trabalho Memória de curta-duração Córtex pré-frontal

Memória declarativa X memória não declarativa:

A memória DECLARATIVA:
• Memória explícita
• Acessada pela consciência
• Fácil de formar e fácil de perder
• Memória para fatos e eventos
• Disponível para evocação

A memória NÃO DECLARATIVA:


• Memória implícita
• Não pode ser acessada pela consciência
• Difícil de formar e difícil de perder
• Memória de comportamentos, habilidades, hábitos
• As tarefas operam sem o reconhecimento da consciência
• Requer uma repetição e prática durante um período mais longo

2) Tipos de memória quanto à duração

• Memória de longo prazo: aquela que pode ser evocada dias, meses ou anos após ter sido originalmente
estocada
• Memória de curto prazo: pode durar de segundos a horas e pode ser rompida. Pode ser transformada em
memória de longo prazo através do processo de consolidação.
• Memória de trabalho: memória imediata, retida na mente.

Amnésia = perda de memória.


• Amnésia retrógrada: perda de memória anterior ao evento, perda de memória já existente.
• Amnésia anterógrada: inabilidade de formar novas memórias
• Amnésia global transitória: início súbito e final súbito
NEUROFISIOLOGIA
Correlação anatômica

O lobo temporal e a memória Declarativa:


• A estimulação elétrica do lobo temporal produzia sensações como alucinações ou lembranças de
experiências passadas
• “sinto-me como se estivesse no banheiro da escola”
• “acho que ouvi uma mãe chamando seu filhinho em algum lugar”
• “sim, ouço vozes. É tarde da noite.”
• “vi agora há pouco, montes de vagões para transportar animais”

O hipocampo
• Fundamental para o estabelecimento de novas memórias (memórias episódicas ou declarativas)
• Lesões bilaterais do hipocampo resultam em amnésia
• Os córtices entorrinal, perirrinal e para-hipocampal são críticos para a consolidação da memória
• Hipocampo: faz o armazenamento de novas memórias temporariamente e transferência da informação
aprendida para outras áreas corticais para serem armazenadas de forma mais permanente
• Envolvido com o aprendizado e memória declarativa.

Córtex frontal e memória de Trabalho:


• Planejamento complexo e resolução de problemas
• Humanos X outros mamíferos

Facilitação sináptica e inibição sináptica


• A memória é produzida por alterações na capacidade de transmissão sináptica de um neurônio para o
próximo
• Formação de facilitação de novas vias sinápticas para a transmissão de novos sinais (memory traces)
• Depois do estabelecimento desses circuitos neurais, podem ser ativados para evocação da memória

Sensibilização e habituação
Habituação: aprender a ignorar um estímulo que não tenha significado.
Sensibilização: aprender a intensificar suas respostas a todos os estímulos, mesmo àqueles que previamente
evocaram pouca ou nenhuma reação.

Memória remota – consolidação


• Alterações estruturais ocorrem em sinapses no desenvolvimento da memória remota
• Reestruturação sináptica
• Codificação das memórias em diferentes classes de informação

Memória a curto prazo


Exemplos: recordar pequenos fatos ou sequências numéricas.
Envolve:
• Circuitos neuronais reverberativos
• Facilitação ou inibição pré-sináptica
• Potenciação sináptica

Memória intermediária – mecanismos:


- Habituação
- Facilitação:
• Liberação de serotonina na terminação pré-sináptica
• Formação de AMPc
• Ativação de proteínas quinases
• Fechamento dos canais de potássio
• Abertura dos canais de cálcio
NEUROFISIOLOGIA
Memória a longo prazo – mecanismos:
• Alterações estruturais
• Alterações químicas
• DNA
• Microscopia eletrônica
• Aumento do número de sítios de liberação
• Aumento do número de vesículas de neurotransmissores
• Aumento do número de terminações pré-sinápticas
NEUROFISIOLOGIA
MORTE ENCEFÁLICA
Morte encefálica = morte clínica.

História

Jacques Winslow: 1740 (idade média):


“A incerteza dos sinais de morte e o perigo do enterro e da dissecção de prematuros”. “O único sinal seguro da
constatação da morte é o estado de putrefação”.

Rene Lannes (1819):


Século XX: visão cardiorrespiratória da morte = ausência de batimentos cardíacos.

Mollaret e Goulon (1959):


1ª descrição do quadro clínico de morte encefálica. Estabeleceram as características deste quadro, que denominara
“coma depassé”.
Coma profundo:
• Hipotonia
• Arreflexiatendinosa
• Pupilas midriáticas e arreativas
• Paralisia de motilidade ocular
• Perda do reflexo corneal e da deglutição
Abolição da respiração
EEG plano

1994: Academia americana de neurologia: Guideline para determinação de morte cerebral  utilizado no Brasil.
Revisado em 2010.

2 causas de coma: lesão no córtex (60 a 80% = perda da consciência) e tronco.


Coma vegetativo: o tronco está preservado (Estado vegetativo persistente – funções autonômicas preservadas;
porém não há consciência).
Morte de tronco: perde-se o tronco, não ativa o cérebro. Pode ter reflexos pupilares e atividade cortical. Aceito
somente na Holanda.

Morte encefálica:
• Perda definitiva e irreversível das funções do encéfalo de causa conhecida e comprovada.
• Coma não perceptivo, ausência de reflexos de tronco e apneia.
• Exclusão de fatores que possam causar o quadro clínico.

Tendo esses 3  100% morte encefálica.

Excluir:
Distúrbios hidroeletrolíticos, distúrbios ácido-básico, distúrbio endócrino, intoxicação exógena, hipotermia e uso de
depressores do SNC e BNM.

Erros comuns: fatores de confusão


• Reatividade infraespinhal – medular
• Reflexos osteotendinosos
• Reflexos cutâneo-abdominais
• Reflexo cutâneo-plantar
• Reflexo cremasterico
• Reflexo lázaro
• Ereção peniana
• Arrepios...

Deve-se ter dois exames clínicos, médicos diferentes (necessariamente um deve ser neurologista). São feitos 2
protocolos.

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