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DIREITO PENAL II – Aula 03 (Univag)

Das Penas – Espécies de Penas (art. 32/52)

1.Penas privativas de liberdade


a. Conceito: Também conhecida como pena de prisão, ou ainda pela sigla PPL, as penas
privativas de liberdade são aquelas que têm como objetivo privar o condenado do seu
direito de locomoção (ir e vir) recolhendo-o à prisão.
b. Espécies de Penas Privas de Liberdade:
i. Reclusão – destinada aos crimes dolosos e de maior gravidade.
Admite o cumprimento em 03 (três) regimes diferentes. (fechado, semiaberto e
aberto)
ii. Detenção – destinada aos crimes dolosos e culposos e de menor gravidade. Só admite
o cumprimento em 02 (dois) regimes diferentes. (semiaberto e aberto)
a) OBS: Há a possibilidade de uma pessoa condenada por detenção cumprir a
pena em regime fechado desde que este cometa uma falta grave. Isso é possível
graças ao instituto da regressão da pena.
iii. Prisão Simples – destinadas às contravenções penais. Só admite o cumprimento em 02
(dois) regimes diferentes (semiaberto e aberto).
c. Regimes:
i. Fechado: a execução da pena se dá em estabelecimento de segurança máxima ou média
(penitenciárias) e o apenado fica preso durante todo o dia, saindo para banhos de
sol e para trabalhos internos (quando for o caso).
a) Regras: art. 34 do CP.

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ii. Semiaberto: a execução da pena se dá em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar e o apenado trabalha durante o dia, quer seja em colônias
penais ou em outros locais e volta ao recolhimento no período noturno.
a) Regras: art. 35 do CP
iii. Aberto: a execução da pena se dá em casa de albergado ou estabelecimento adequado e
o preso trabalha durante o dia e recolhe-se a noite em casa de albergado ou em sua
própria residência (prisão domiciliar) e suas atividades são monitoradas.
a) Regras: art. 36 do CP

Regimes Fechado Semiaberto Aberto


Penitenciárias ou
Colônia agrícola, Casa do albergado ou
Local de Cumprimento estabelecimentos de
industrial ou similar estabelecimento adequado
segurança máxima ou média
- p/ pena > 4 e < 8
- p/ pena > que 8
- reincidente em
-reincidente (salvo súmula Não existe regime
Regime Obrigatório aberto ou semiaberto (ver
269, STJ) obrigatório < ou = 4 anos.
súmula 719, STF)

Trabalho interno/externo
(obrigatório).
Exame Criminológico facultativo Sem previsão legal
Há divergência para a
progressão

Súmula 269 – STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias
judiciais.

Súmula 719 – STF: A IMPOSIÇÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO MAIS SEVERO DO QUE A PENA APLICADA
PERMITIR EXIGE MOTIVAÇÃO IDÔNEA.

d. Progressão - transferência de regime (para o menos rigoroso).

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- Art. 112, LEP (7.210/84);

- sistema inglês (rebus sic stantibus);

- vedada a progressão em salto – per saltum (a regressão em salto é permitida);

- deverá ser cumprida 1/6 da pena + bom comportamento + observância do art. 112, LEP
(prevê a oitiva do MP e defesa);

- para crimes hediondos: 2/5 se réu primário (40%); 3/5 se reincidente (60%). Vale
lembrar que antigamente vedava-se a progressão;

- terá como base de cálculo a pena total e não o limite de 30 anos;

Obs. 1: a súmula 698, STF perdeu sua eficácia – permitia a progressão para tortura
(lembre-se que a CRFB dá o mesmo tratamento para 3T). A Lei de Drogas veda o sursis e
a conversão da pena em restritiva de direito (essa vedação foi entendida
inconstitucional pelo STF – inf. 615).

Obs. 2: para crimes contra a administração pública, a progressão ficará condicionada


à reparação do dano ao erário.

Obs. 3: antes do trânsito em julgado – o STF vem admitindo a progressão, mesmo antes
da fase de execução (súmula 717)
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e. Regressão - Retorno ao regime mais rigoroso (admite-se por salto, o que não
ocorre com a progressão):

i. Prática de fato definido como crime doloso (se for culposo ou contravenção
ficará a critério do juiz);

ii. Prática de falta grave (Art. 50, LEP);

iii. Condenação por crime anterior somada com a pena em execução;

iv. Frustrar a finalidade da execução. Ex.: abandono de emprego;

v. Inadimplência da multa cominada cumulativamente (somente quando no regime


aberto).

OBS: Direitos do preso: serão mantidos todos os direitos não atingidos pela
condenação (Art. 38, CP e 3º da LEP). Ex.: vida, igualdade, propriedade,
liberdade de pensamento. Cuidado com os direitos políticos – serão suspensos
(Art. 15, III, CF).

f. Autorização de saída

i. Permissão – situações especiais – art. 120, LEP (p/ fechado e semiaberto);

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ii. Saída temporária – somente para o semiaberto, pois será sem vigilância (art.
123, LEP).

g. Remição - Desconto de pena (3X1) – trabalho ou estudo. Não confunda com remissão,
que significa perdão.

OBS. 01: A prática de falta grave acarreta a perda dos dias remidos. Todavia, a
perda ocorrerá na proporção de 1/3 no máximo (Lei 12.433/11). A remição não se
aplica a quem estiver sob medida de segurança.

OBS. 02: a entrada de aparelhos de comunicação com a vida intra ou extramuros


gera responsabilidades ao preso flagrado (falta grave), ao particular (art. 349-
A, CP) e ao servidor que permitiu / omitiu no dever de cautela (art. 319-A, CP).

OBS. 03: há o regime especial previsto no art. 37 do CP que excepcionará as


regras do regime fechado, semiaberto e aberto (mulher presidiária).

Obs. 04: a remição pelo trabalho gera renda ao preso, não podendo ser inferior a
3/4 de um salário mínimo (limite de 6h diárias de trabalho).

h. Detração penal (Art. 42, CP): é o cômputo na pena a ser cumprida da prisão
provisória / administrativa / internação em hospital de custódia. Cesar Roberto
Bitencourt aduz a aplicação nas penas restritivas de direitos (a regra é para
privativas de liberdade e medidas de segurança).
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i. era matéria exclusiva do juízo da execução (Art. 66, III, "c", LEP). Contudo,
a Lei 12.736/12 alterou esse panorama, permitindo que o juízo de conhecimento
passe a realizar o exame da detração no momento da sentença (já poderá ser
descontada a pena antes da execução);

ii. é incompatível com o sursis;

iii. Fungibilidade da prisão - a jurisprudência entende ser possível descontar o


tempo da prisão de processo que teve absolvição, desde que o novo crime seja
praticado antes dessa (evita-se o crédito prisional). Vale lembrar que a
detração deverá ser fundamentada. Ver informativos 465, 473 e 476, STJ.

Quadro comparativo:

ANTES da Lei n.° 12.736/2012 DEPOIS da Lei n.° 12.736/2012


A detração era realizada pelo juiz das A detração é realizada pelo juiz do processo de conhecimento,
execuções penais. no momento em que proferir a sentença condenatória.
Obs: o juízo das execuções penais continua tendo a
possibilidade de fazer a detração, mas de forma subsidiária.
Na prolação da sentença, o juiz não Na prolação da sentença, o juiz tem o dever de fazer a
examinava se o condenado possuía detração.
direito à detração.
O regime inicial de cumprimento da pena Na fixação do regime inicial o juiz deverá descontar, da pena
era fixado com base na pena total imposta, o tempo de prisão provisória, de prisão administrativa
imposta (sem considerar ou de internação do condenado.
eventual direito à detração).

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Questão: Com essa nova regra da detração, pode-se dizer que foi inserida uma nova fase no
critério trifásico de dosimetria da pena? NÃO, pois o sistema trifásico continua sendo o
mesmo (1ª - circunstâncias judiciais; 2ª - agravantes e atenuantes; 3ª -causas de aumento
e de diminuição). A detração realizada na sentença ocorrerá após ser concluída a
dosimetria e antes da fixação do regime inicial de cumprimento (Esse é o momento da
detração na sentença).

Detração para fins de prescrição - o STF não vem admitindo (HC 69.865-4); o STJ admite
(Resp. 61.889-1).

Questão: Para fins de prescrição pela pena em concreto (retroativa, superveniente e


executória), deverá ser considerado o total da reprimenda fixada na dosimetria ou a pena
reduzida pela detração? Para verificar a ocorrência da prescrição, deverá ser considerado
o total da pena fixada na dosimetria (e não a descontada pela detração). A Lei
n.° 12.736/2012 não alterou o critério para calcular a prescrição, que continua previsto
no art. 110, caput e § 1º do Código Penal, os quais mencionam expressamente que a
prescrição regula-se pela pena aplicada, ou seja, pela reprimenda fixada na dosimetria.
Logo, a detração realizada na sentença produz efeitos para fins de fixação do regime
inicial e não para cálculo da prescrição. Nesse sentido, a redação do novel § 2º do art.
387 do CPP procurou ser explícita quanto à sua finalidade:

Art. 387. [...]


§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou
no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa
de liberdade.

Questão: Qual é a Vacatio legis da nova regra de detração? A Lei n.° 12.736/2012 não
possui prazo de vacatio legis, logo, encontra-se em pleno vigor desde a publicação. Nessa
linha, as sentenças que forem prolatadas após a nova Lei já devem observar essa inovação
legislativa.
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