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JEREMIAS. j.

Jerusalém no Tempo de Jesus: Pesquisas de História Econômico-


Social no Período Neotestamentário.

Fariseus:

“Com efeito, os fariseus não simplesmente pessoas que vivem segundo os mandamentos
religiosos dos escribas fariseus ou segundo as prescrições sobre o dízimo e a pureza, são membros
de associações religiosas que visam esta meta. Na primeira aparição dos Fariseus, no século II
antes de nossa era, já os vemos como um grupo organizado, [...] 1 Mc 2,42 [...] judeus piedosos
[...] Extremamente devotos à lei”. (Pág.334 - 5).

“Qadôs (santo) e parûs (separado, designação dos fariseus) são empregados como
sinônimos nos midraxes tanaítas. [...] de sua fidelidade que todos, [...] observância das horas fixas
para as orações [...] (Pág.337)”[...] mencionam-se obrigações dos membros deviam cumprir [...]
quanto à pureza e ao dízimo [...] associações caritativas privadas que deveriam existir em
Jerusalém”. [...] Convém ainda lembrar que os fariseus davam grande importância às obras de
supererrogação1 e às boas obras eram parte integrante da essência do farisaísmo e de seu conceito
de mérito. [...] “os filhos da sinagoga” que observavam, como uma obrigação, em ocasião
oportunas, as regras litúrgicas e participavam de cerimoniais fúnebres [...] sigam as prescrições
farisaicas de pureza para a preparação de alimentos. (Pág. 338)

“[...] as associações de interesse público que provêm ás necessidades das sinagogas”.


“[...] associações caritativas de interesse comum, mas que teriam sido puramente privadas [...] As
comunidades farisaicas de Jerusalém [...] observavam regras precisas pra admissão dos membros;
esse fato demonstra, mais uma vez, seu caráter de comunidades, particulares. Antes de admitir
qualquer pretendente, havia o período de provação que durava um mês ou um ano [...] devia dar
provas de sua aptidão para seguir as prescrições rituais. Josefo conta-nos por exemplo ter-se
sucessivamente as prescrições, dos fariseus, saduceus e essênios, finalmente, aos dezoito anos

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Segundo dicionário Houaiss, significa ato, processo ou efeito de fazer mais do que o requerido pela
obrigação ou dever e ato, processo ou efeito de agir além do necessário para realizar algum
empreendimento, no caso a salvação. Sua etimologia seria: lat.tar. supererogatĭo,ōnis no sentido de 'ato
de dar a mais, supererrogação', der. de supererŏgo,as,āvi,ātum,āre no sentido de 'dar a mais, despender
a mais, gastar demasiadamente, além do necessário', comp. de super- (pref. lat.) e do v.lat.
erōgo,as,āvi,ātum,āre no sentido de 'desembolsar ou fornecer dinheiro do tesouro público após consulta
ao povo; p.ext. gastar, pagar, despender' (derivado de(o) e- [pref. lat. ex-] + rogo,as,āvi,ātum,āre no
sentido de 'pedir (i.e., orign., pedir permissão para gastar dinheiro público)'; ver rog-; f.hist. 1562-1575
supererogação, 1680 superrogação, 1813 sopererogação.
aderiu aos fariseus2”.[...] Uma vez terminado o período experimental, o candidato comprometia-
se a observar o regulamento da comunidade [...] esse compromisso se realizava diante de um
membro da comunidade. (Pág.339)

“[...] O recém-admitido prometia observar as prescrições farisaicas sobre a pureza e o


dízimo [...] tais associações tinham seus chefes e suas assembleias [...] por uma refeição comum,
especialmente às sextas-feiras à noite, para a abertura do sábado [...] ingeriam-se publicamente
em ocasiões em especiais [...] possuíam sua própria justiça interna; entre outras decisões podiam
pronunciar-se sobre a exclusão de um de seus membros [...]”. (Pág.340)3.

“[...] Nicolau de Damasco, conselheiro íntimo e historiógrafo da corte de Herodes o


Grande, portento uma fonte semioficial, temos “mais de 60 mil fariseus” na época de Herodes, na
assembleia de seu reino.” [...]”.

“[...] a população de Jerusalém era de 25 a 30 mil habitantes [...] total os sacerdotes e


levitas elevava-se a 18.000 aproximadamente; os essênios contavam com 4.000 membros [...]”. “
que são frequentemente confundidos com os escribas. [...] a designação do doutor não formado

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(colega dos doutores) mas, sobretudo o fato de Mt e Lc englobarem [...] numa única formula [...]
Mc e Jo em compensação, não mencionam [...]4” (Pág.341).

“[...] Com efeito, Mt 23 introduz do mesmo modo, por “ai de vós, escribas e fariseus”, as
palavras contra a vaidade e o desejo de honrarias entre os doutores, e as palavras contra a
hipocrisia dos fariseus na observância das prescrições da legislação religiosa sobre a pureza e o
dízimo [...]paralelamente Lc permite evitar conclusões errôneas [...] estabelece uma nítida
separação [...] contra os teólogos que são os escribas, e um discurso de jesus aos “homens da
prática” que são os fariseus [...] Aos escribas eis o que ele censura: a) imporem às pessoas certas
leis religiosas extremamente pesadas, enquanto eles próprios não as cumprem b) constroem
túmulos aos profetas, enquanto eles próprios estão prontos a condenar à morte os enviados de
Deus. c) Mantêm oculta a sua ciência e fecham assim à multidão o acesso ao Reino de Deus,
enquanto eles mesmo não utilizam os seus conhecimentos. d) Ambição de aparência, de honrarias
e atenções, em particular o desejo do primeiro lugar [...]” (Pág.342).

“Dirige aos fariseus (Lc 11.39-42,44) são de outra natureza. Ei-las a) hipocrisia no
cumprimento das prescrições de pureza, quando eles mesmo são interiormente impuros. b)
hipocrisia no pagamento do dízimo para os legumes verdes e legumes secos isentos do dízimo
segundo a Lei, ao passo que negligenciam as exigências religiosas e morais da mesma Lei”. [...]
em Mt 23 podemos dividir em duas partes, a primeira (1 -22; 29 -36) é dirigida contra os escribas;
a segunda (23 – 28) contém as censuras lançadas ao fariseus”. [...] Assim, também, os dois
primeiros capítulos do sermão da montanha contêm um discurso contra os escribas e contra os
fariseus. Em Mt. 5.20 os dois grupos são citados [...] em 5.21 – 48 vem o discurso contra os
escribas que transmitem e explicam a “tradição dos anciões”; Depois volta-se contra s “hipócritas”
[...] contra as pessoas que acumulam obras supererrogatórias (esmola, oração, jejum, cf, Lc
18,12)”. (Pág.343).

Um único ponto que é indiscutível: os chefes e os membros influentes das comunidades


farisaicas eram escribas. A tradição nos mostra que os escribas que vemos mencionar (são
fariseus) [...] antes 162 a. C. Yose Bem Yozer; [...] 50, Ab5alião e Shemaya, cerca de 20, talvez
Hiliel; em 30 d. C. [...] Nicodemos [...] Raban I e Saulo de Tarso; [...] Shimeon, filho de Gamaliel
I [...] (pág 344).

“[...] a oração “algo bem regulamentado” pois a intimidade da oração viria a sofrer com
isso [...] de horas fixas para orar ao que os fariseus davam tão grande importância”. (Pág.346).

“[...] Os leigos que se agregavam ás comunidades farisaicas e se comprometiam a


observar as suas prescrições sobre o dizimo e sobre a pureza eram muito mais numerosos. “[...]
gente simples do povo, sem formação ou cultura [...] participação no culto sinagogal, visitas de
condolências, visitas a enfermos, frequência ás escolas, oração; também nesse caso, trata-se talvez
de fariseus e assim sendo, pensar-se-ia, antes de tudo, em leigos piedosos”. (Pág.348).

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“[...] Em Lc. 18. 9 – 14 se vangloria de jejuar duas vezes por semana e pagar o dízimo de
todo o adquire (como produto colhido) temos considera-lo como um leigo, já que nenhum título
é lhe atribuído5. [...] eram sobretudo os mercadores, artificies e camponeses [...] de plebeus, gente
do povo sem formação de escriba, honestos, sérios e prontos a se dedicarem ao que fosse
necessário [...]”. (Pág.349).

“[...] fariseus e essênios tiveram ambos, sem sombra de dúvida, sua origem no movimento
dos assideus, na época macabana. Que mostra muitas semelhanças entre os dois movimentos”.
(Pág. 350)..

“prescrições [...] Somente os “adultos podem ser recebido [...] Nm. 1.3 a regra fixa em 20
anos a idade mínima para o ingresso [...] submete-se a um exame feito pelo escriba vigilante [...]
que tão-somente possui o direito de admiti-lo [...] (O escriba oriente sobre as prescrições da
comunidade). O candidato presta juramento na entrada [...] incluído na lista dos membros. [...]
Período de prova que dura dois anos. Faltas graves são punidas por uma exclusão temporária ou
definitiva. [...] A sinagoga, ao contrário desses dois movimentos não adota exclusões e só aceita
adultos em casos de conversões de pagãos [...] É um escriba que informa o sentido extado da Lei.
(Pág.351).

“A influência que as comunidades farisaicas e seus chefes, os escribas, souberam exercer


e realmente admirável. [...] o primeiro grande sucesso [...] situa-se nos seis anos [...] de guerras
civis sob Alexandre Janeu (103 -76 a. C.) A grande massa popular se uniu aos fariseus que
contestavam a legitimidade do sumo sacerdote Asmoneus. [...] Alexandre Janeu conseguiu
estabelecer a paz, mas a preço de um doloroso banho de sangue. Entretanto os fariseus obtiveram
a vitória. Em seu leito de morte, o rei aconselhou a esposa Alexandra (76 – 67) que se unisse aos
fariseus. Fizeram então a sua entrada no Sinédrio que até aquela data compreendia exclusivamente
representantes da aristocracia religiosa e leiga”. (Pág . 353). Após a morte de Alexandre e Sob
Aristóbulo I, a força farisaica diminui [...] retornaram sua velha oposição à família reinante. (p.
354)

“Foi sobretudo durante o reinado de Herodes, o Grande, que se manifestou a extensão do


seu poder (37 a. C.) [...] Herodes fez parecer os dirigentes da nobreza leiga seus inimigos mais
influentes no sinédrio [...] em compensação. [...] os chefes farisaicos e conferiu-lhes todas as
honras. Quando mais tarde [...] recusaram unanimemente, prestar juramento e fidelidade a
Herodes e a César, rei contentou-se em impor-lhes uma multa [...] enquanto pela mesmo motivo,
mandou executar outras pessoas”[...] “os fariseus tiveram sua época de prosperidade sob Herodes
[...] readquirindo sua influência [...]”. (Pág.354).

“Na época seguinte, até o início da Primeira Revolta (66 d. C.), os fariseus tiveram pouca
influência na vida política do povo judeu. Continuavam a ter representantes na Assembleia
suprema, mas é a aristocracia sacerdotal a leiga, de observância saduceia, que ali representava

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papel determinante. [...] Bem diferente era o que acontecia no domínio religioso. Nesse ponto os
fariseus levava vantagem sobre saduceus [...] especialmente a liturgia (355 -356)

“Os sumo sacerdotes saduceus eram obrigados [...] a realizar cerimônias litúrgicas
segundo as explicações farisaicas da Torá , assim como sorteio de dois bodes e a oferenda do
sacrifício dos perfumes no Dia das expiações, a libação de água na festa das Tendas, o rito da
ovelha vermelha [...] não tinham fundamentos bíblicos” (Pág 356)

“Sumo sacerdote [...] no Dia das expiações [...] após ingressar no Santos dos santos como
exigiam os Fariseus. Seu pai disse-lhe então “Meu filho embora sejamos saduceus, tememos os
fariseus {e conformamos nos com seu modo de ver] [...] Como vemos a massa popular segue
incondicionalmente os fariseus, Josefo, em particular, não se cansa de realçar este fato”. (Pág 357)

“Para compreender tal evolução é preciso ver que o movimento farisaico desenvolveu-se
por oposição ao movimento saduceu [...] no século II [...] sob a dominação selêucida antes do
começo das guerra macabaicas [...] o grupo fariseu [...] promulgou prescrições de pureza e alguns
regulamentos sobre alimentação [...] tornou se normas válidas igualmente para vida diária do
sacerdote e, ao mesmo tempo do povo. Os fariseus queriam, deste modo, formar a verdadeira
“comunidade santa” de Israel. Em troca, o grupo dos saduceus conservadores pensava que,
conforme o texto da escritura, o direito sacerdotal era limitado aos sacerdotes e ao culto”.
(Pág.357 - 358).

“Os representantes das antigas teologia e da tradição ortodoxas que eram os defensores
inflexíveis da letra do texto bíblico, refutaram a lei não escrita (oral) [...] pelo fato de uma
oposição social juntar-se uma oposição religiosa: A velha nobreza conservadora [...] clerical [...]
leiga, opunha-se à nova classe dominante de intérpretes das Escrituras e dos membros da
comunidade [...] especialmente na pequena burguesia “[...] preparava assim o caminho para um
sacerdócio universal”. “[...] fariseus constituíam o partido do povo; representavam a massa em
face da aristocracia tanto do ponto de vista religioso quanto social. Sua piedade era respeitada –
pretendiam ser o Israel verdadeiro. [...]”. (Pág.358).

“[...] Os fariseus sustentavam dupla frente de batalha: opunham-se aos saduceus e,


enquanto Israel verdadeiro, traçavam uma nítida separação entre eles próprios e a grande massa,
os ‘ammê ha-‘ ares que não observavam as prescrições dos escribas fariseus sobre o dízimo e a
pureza [...] especialmente, no abandono das obrigações do dízimo pelo povo [...] bem depressa
assumiu as dimensões de uma separação de casta da parte dos fariseus comércio [...] (onde um
comerciante para ficar puro só poderia vender seus produtos para outro fariseu) [...] Nota de
rodapé 148 - 150 “ Não se podem vender [cereais (salvo frumento) azeitonas e uvas} senão a um
habar (fariseu) submetendo-se às regras de pureza [...] Proíbe vender ao não-fariseus legumes e
frutas úmidas e secas e dele comprar o mesmo [...] Proíbe ser recebido como hospede na casa de
um há`ares e recebelo como hóspede quando usa sua própria veste.”. (Pág.359).

“[...] os fariseus que se obrigavam voluntariamente a praticar obras suplementares como


modelos da piedade e realizadores deste ideal de vida que os escribas haviam concebido; os
escribas, esses homens da ciência divina e da ciência esotérica [...]”. (Pág.360).

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