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Cap.

5: Estado e Mercados

Plano do 5.1. As funções do Estado e a macroeconomia


capítulo
5.2. A globalização e a interdependência econômica

5.3. Setor externo

5.4. A regulação econômica

1
5.1 – Funções do Estado e a macroeconomia

As Leis Orçamentárias

2
Principais Funções do Orçamento Público

• instrumento de autorização parlamentar;

• instrumento de controle parlamentar;

• mecanismo de administração, especialmente


como técnica de ligação entre as funções de
planejamento e de gerência.

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A Face Jurídica

• O funcionamento do Estado leva à existência de uma atividade


financeira, na obtenção, gestão e aplicação de recursos.

• É o Direito Financeiro que regula as situações e relações jurídicas


que se referem a essa atividade financeira.

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Pilares Jurídicos do Orçamento Público no Brasil
• Plano Plurianual - PPA
Síntese dos esforços de planejamento de toda a administração, orientando a
elaboração dos demais planos, programas e do orçamento anual.
Estabelece diretrizes, objetivos e metas da administração pública para
despesas de capital e para programas de duração continuada.

• Lei das Diretrizes Orçamentárias


Estabelece metas, prioridades, orienta a elaboração da proposta de lei
orçamentária anual, dispõe sobre alterações na legislação tributária e
estabelece a política de aplicação das AFOF´s.

Com a LRF, a LDO passou a incorporar novas incumbências, como as de


disciplinar o equilíbrio entre receitas e despesas, as metas e riscos fiscais, a
programação financeira, critérios de limitação de empenho etc.

• Lei Orçamentária Anual


É constituída por orçamentos Fiscal, da Seguridade e de Investimentos.
5
O Processo Orçamentário

Elaboração da Discussão, Votação


Proposta e Aprovação da Lei
Orçamentária Orçamentária

Controle de
Avaliação da Execução
Execução Orçamentária
Orçamentária

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Discussão, Votação e Aprovação da Lei do Orçamento

• A iniciativa da apresentação do projeto de lei orçamentária é privativa do


chefe do Poder Executivo.

• O Legislativo, porém, pode usar o instituto da Emenda, que será objeto de


avaliação e parecer, de forma similar ao PL encaminhado pelo Executivo.

- A Lei 4.320 estabeleceu condições para a admissão de emendas ao PLOA.

- A Constituição de 1967 restringiu o poder do legislador de emendar o


PLOA.

- A Constituição de 1988 restabeleceu a capacidade legislativa de emendar


o PLOA, especialmente com relação ao aumento ou criação de despesas.

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Discussão, Votação e Aprovação da Lei do Orçamento
• Aprovado na comissão própria, o relatório proposto pelo Relator do PLOA
traz um substitutivo ao PLOA encaminhado pelo Executivo.

• O substitutivo, resultado da fusão do PLOA com as emendas aprovadas,


será, então, discutido e votado pelo plenário do Congresso.

• A aprovação do orçamento é formalizada

• O Presidente (Executivo) pode exercer o VETO sobre o projeto aprovado no


Congresso, se julgar-lhe, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário
ao interesse público.

• Publicação, para que a lei possa surtir seus efeitos.

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A Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização
• Atribuições:

- Examinar e emitir parecer sobre os projetos de lei da LOA, do PPA, da


LDO e de créditos adicionais;

- Examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais,


regionais e setoriais previstos na CF;

- Examinar e emitir parecer sobre as contas apresentadas anualmente pelo


Presidente da República;

- Exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária.

9
Política Fiscal
Política Fiscal: refere-se ao comportamento e à administração das receitas e
despesas do setor público.

As decisões do Estado são resultado de um processo político, em que interesses são


conflitantes e influenciam na forma como se constitui a estrutura fiscal do Estado
nacional.

As despesas do Governo derivam da prestação de serviços e/ou da produção de bens


pelo setor público, tais como o pagamento de salários de funcionários públicos,
obras, aposentadorias, etc.

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Política Fiscal
Conceitos:

Carga Tributária: é o total de impostos, contribuições e taxas arrecadadas pelo


Estado em relação ao total de riqueza produzido pelo país durante um certo período
de tempo.

Relação Dívida/PIB: é total da dívida em relação ao total de riqueza produzida pelo


país num certo período de tempo.

Existem dois “tipos” básicos de dívida: a dívida pública e a dívida de particulares


(financiamentos e empréstimos tomados pela iniciativa privada no exterior).

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Política Fiscal
Conceitos:

DÉFICIT/SUPERÁVIT – CONCEITOS PRIMÁRIO E NOMINAL:

Conceito Primário: seja ele déficit ou superávit, quando nos referimos ao conceito
primário estamos considerando as contas do governo sem incluir pagamentos de
juros da dívida (externa ou interna) e sem incluir ajustes financeiros.

Resultado Primário: receitas – despesas (sem incluir despesas financeiras)

Conceito Nominal: seja ele déficit ou superávit, inclui despesas financeiras como
pagamento de juros da dívida (interna ou externa), correção monetária e correção
cambial.

Resultado Nominal: receitas – despesas (inclui despesas financeiras)

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Política Fiscal
Exemplos:

2003

• Superávit primário do setor público = R$ 66,2 bilhões (4,3% do PIB)


• Despesas Financeiras Líquidas1 = R$ 145,2 bilhões
• Déficit nominal = R$ 79 bilhões (5,1% do PIB)

2004

• Superávit primário do setor público = R$ 81,1 bilhões (4,6% do PIB)


• Despesas Financeiras Líquidas1 = R$ 128,2 bilhões
• Déficit nominal = R$ 47,1 bilhões (2,7% do PIB)

O que ocorreu de 2003 para 2004?


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Política Fiscal
OPÇÕES DE POLÍTICA FISCAL

POLÍTICA EXPANSIONISTA

↑ gastos públicos ou ↓ impostos ⇒ mais moeda circulando ⇒ ↑ produção e emprego

Ao aumentar os gastos públicos (ex.: obras de infraestrutura) e/ou diminuir a


tributação, o governo proporciona uma maior renda disponível para empresas e
famílias, com consequências benéficas sobre o nível de produção e emprego.

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Política Fiscal
OPÇÕES DE POLÍTICA FISCAL

=> POLÍTICA CONTRACIONISTA

↓ gastos públicos ou ↑ impostos ⇒ menos moeda circulando ⇒ ↓ produção e emprego

Caso o governo decida diminuir seus gastos e/ou aumentar a quantidade de impostos
cobrados, a renda disponível para as famílias e empresas se reduzirá e haverá uma
tendência à diminuição do nível de emprego e renda.

Para aplicação das políticas econômicas, principalmente a política fiscal, deve-se


verificar quais os resultados previstos.

Se o alcance dos objetivos envolve custos econômicos ou sociais elevados, ainda que
sua eficácia seja comprovada, a política pode não ser recomendável.

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Outros tópicos sobre ORÇAMENTO PÚBLICO

DISCUSSÕES INCIDENTAIS

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ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA UNIÃO -2013 Acumulado até: ANO FECHADO (12 meses)

Orçamento Fiscal e Seg. Social - Em R$ 1,00

LEI APÓS % VAL.


CRÉD.ADIC.+- LEI+CRÉDITOS
VETOS EMPENHADO LIQUIDADO VALORES PAGOS PAGOS S/
GRUPO NATUREZA DA DESPESA REMANEJAM. (Autorizado)
(Dotação Inicial) (D) (E) (F) AUTORIZADO
(B) ( C)= (A)+(B)
(A) (G)=(F)/( C)

1 PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS 225.983.061.148 328.878.548 226.311.939.696 221.981.323.879 221.058.414.087 219.694.319.837 97,08%

2 JUROS E ENCARGOS DA DÍVIDA 152.888.097.220 33.583.789.420 186.471.886.640 141.705.984.850 141.691.425.504 141.687.126.550 75,98%

3 OUTRAS DESPESAS CORRENTES 858.636.752.233 31.335.316.283 889.972.068.516 854.159.733.554 796.850.980.601 777.631.022.242 87,38%

4 INVESTIMENTOS 86.555.836.161 3.639.937.713 90.195.773.874 66.694.765.047 19.544.438.909 16.927.100.413 18,77%

5 INVERSÕES FINANCEIRAS 62.858.840.472 11.448.471.879 74.307.312.351 69.056.334.157 52.506.948.490 50.022.196.199 67,32%

6 AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA 747.165.760.440 115.893.579.009 863.059.339.449 576.738.984.046 576.738.575.742 576.690.123.463 66,82%

9 RESERVA DE CONTINGÊNCIA 31.822.457.995 -6.650.574.763 25.171.883.232 0 0 0 0,00%

Total Palestra: A Lei2.165.910.805.669


Orçamentária e o Congresso
189.579.398.089 Nacional
2.355.490.203.758 1.930.337.125.533 1.808.390.783.334 1.782.651.888.704 18
59,05%
Execução ORÇAMENTÁRIA – Valores Pagos em R$ BI

GND Rubrica 2004 % 2013 %

1 Pessoal e Encargos Sociais 88,4 219,2


2 Juros e Encargos da Dívida 74,2 141,2
3 Outras Despesas Correntes 267,1 777,1
4 Investimentos 5,1 11,9
5 Inversões Financeiras 18,6 50,0
6 Amortização de Dívida 434,9 570,1

Total 888,3 1.782,1

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Conceitos complementares

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A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?

• Na situação atual, os créditos consignados na Lei Orçamentária têm


funcionado como um ato de autorização, do Legislativo ao Executivo,
para realizar gastos até tais limites.

• Assim, o Legislativo continuaria, mesmo após a Constituição de 88,


limitado quanto à sua participação efetiva na elaboração orçamentária.

• Por isso, um tema muito debatido pelos parlamentares diz respeito à


questão de ser, ou não, adequado, se adotar mecanismos que garantissem
a obrigatoriedade da execução dos créditos autorizados pelo Legislativo.

21
Controvérsias
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?

Com a Constituição de 88, o Poder Legislativo retomou prerrogativas com


relação ao orçamento, fazendo aumentar o interesse por questões de
finanças públicas.

22
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?
As constituições e leis que tratam do assunto usam duas expressões para essa
competência do Legislativo: aprovação e autorização.

A discussão remete à natureza jurídica do orçamento público:

• Corrente liderada por Paul Laband e Rudolf Von Gneist:

A lei orçamentária limita-se a autorizar a arrecadação de receitas criadas


por outras leis e a realização de despesas para a manutenção de serviços,
igualmente, estabelecidos por leis próprias.

Assim, o orçamento não seria uma lei no sentido material, pois “não
fundamenta a obrigação jurídica de obter receitas ou realizar gastos”.

Seria, então, um ato administrativo com forma de lei, ou apenas uma lei
formal.
23
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?

O italiano Constantino Mortati também considera que a lei orçamentária


não cria legislação financeira sobre receitas e despesas, mas apenas
autoriza o Poder Executivo a cumpri-las sob certas condições e limites
financeiros. Esse autor, porém, não vê distinção entre os usos dos termos
aprovação e autorização.

Outros autores vêem distinções entre o caráter da autorização para a


arrecadação das receitas e o da autorização para a realização das
despesas. Se, em relação às despesas, a autorização parlamentar é
específica e quantitativa, em relação à receita ela é, geralmente, apenas
específica.

24
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?

• Corrente daqueles que não vêem distinção entre lei material e lei formal

Vêem a Lei Orçamentária como uma lei ordinária, capaz, portanto, de


alterar a legislação financeira existente.

É o caso de C. M. Giuliani Fonrouge, quem defende que a lei


orçamentária pode modificar o chamado direito objetivo, e também os
direitos subjetivos, considerando-se não existirem limitações à ação do
Poder Legislativo, salvo as que podem resultar de os direitos e garantias
essenciais assegurados pela Constituição.

Essa posição, porém, está distante do Direito positivo orçamentário


brasileiro.

25
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?

• A interpretação mais aceita:

A expressão AUTORIZAÇÃO, no contexto da aprovação da lei legislativa


do orçamento de despesa, significa que ao Poder Executivo cabe realizar
determinada programação de trabalho – e não outra -, devendo aplicar os
recursos públicos nos vários créditos orçamentários (dotações) de acordo
com valores-teto devidamente especificados.

Esta é a interpretação é distinta daquela que supõe ser a autorização


como medida que, por ser apenas uma "autorização", implicitamente,
deixaria o Poder Executivo liberado para cumprir ou não as apropriações
orçamentárias.

26
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?
• Questão 1) Então, parte dos créditos autorizados na lei orçamentária não
é executada?

Sim. E para enriquecer o debate, Aliomar Baleeiro identifica dois tipos de


despesas:

- Fixas: aquelas amparadas em lei ou na Constituição, devem ser


obrigatoriamente executadas, estando os Poderes Executivo e Legislativo a
incluí-las no orçamento.
- Variáveis: facultam à ação do executivo até o limite previsto.

Seriam, portanto, créditos limitativos e não imperativos.

Ainda, deve-se considerar que a flexibilidade é própria da natureza de


toda programação de trabalho no plano administrativo. Deve, portanto,
poder ser revisada, a partir do momento que se comprove ser inadequada
ou não mais necessária.
27
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?
• José Afonso da Silva elege a flexibilidade como um dos princípios
específicos da execução orçamentária, pois considera ser impossível
prever com exatidão de detalhes as necessidades futuras devido que as
condições econômicas e as circunstâncias em que se desenvolvem as
atividades têm variações.

Isso conduz a erros nas estimativas, o que requer que critérios de


flexibilidade sejam introduzidos no trato de assuntos como a execução do
orçamento.

A ocorrência de situações que impedem o início ou atrasam o


prosseguimento e a conclusão de obras e serviços é um outro fator que
contribui para a não-execução de créditos autorizados na lei
orçamentária.

28
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?
• 2) A não-execução de parte dos créditos orçamentários autorizados
transforma o orçamento numa ficção?

A Lei orçamentária seria uma ficção se o Executivo efetivasse despesas


sem a necessária autorização legislativa.

No período de altas e persistentes taxas de inflação da economia


brasileira, os valores autorizados na lei orçamentária tornavam-se
defasados rapidamente, o que ensejava inúmeras possibilidades de
alteração e retificação da programação inicialmente autorizada.

Outras situações reforçam a não execução compulsória da totalidade do


crédito autorizado.

29
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?

• Em primeiro lugar, pode ocorrer uma frustração na arrecadação de


receitas, em relação à estimativa realizada no orçamento.

Nesse caso, evidenciam-se duas alternativas:


- o endividamento que possibilite a execução do crédito;
- o cancelamento de crédito de despesa.

• Uma segunda situação ocorre quando certos créditos não possam ser
executados, apesar da receita se realizar integralmente.

Nesse caso, ocorre saldo financeiro, que só poderá atender a despesas


obtenham a necessária autorização legislativa.

30
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?

Se esse saldo fosse resultado de uma economia do Poder Executivo


(realizada durante a execução do orçamento) em relação a uma despesa
de interesse do poder Legislativo, isso não evitaria que o Legislativo
renovasse, no exercício seguinte, a mesma autorização.

Se considerarmos que toda e qualquer despesa pública precisa de


autorização nas leis orçamentárias, é possível inferir que o Poder
Legislativo, no Brasil, tem garantida sua participação nas definições sobre
aplicação dos recursos governamentais.

Não seria essa, então, uma justificativa forte para trazer o orçamento
impositivo para a realidade brasileira, sob a argumentação de que nosso
Legislativo não participa da lei orçamentária.

31
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?
• Algumas sugestões para a controvérsia:

Nos EUA, existe um dispositivo denominado RESCISSION, que é uma


regra da sistemática orçamentária que exige a autorização legislativa para
a anulação, parcial ou total, de créditos orçamentários.

No caso brasileiro, a lei orçamentária costuma trazer uma autorização


genérica que permite ao Poder Executivo abrir créditos suplementares,
usando, como recurso, o cancelamento de outros créditos (essa
autorização de anulação de crédito tem sido de 20% da dotação).

Com o RESCISSION, cada calcelamento ou anulação de dotação passaria


a depender de prévia autorização legislativa.

Mas ao votar a Lei Orçamentária Anual, onde está prevista a


possibilidade de anulação de 20% da dotação pelo Executivo, o Congresso
já não estaria concedendo uma prévia autorização legislativa?

32
A Lei Orçamentária tem caráter autorizativo ou impositivo?
• Algumas sugestões para a controvérsia:

E onde teria espaço a importante flexibilidade que deve gozar o Poder


executivo na execução do orçamento?

Outra sugestão seria a de possibilitar a participação do Poder Legislativo


na programação financeira de desembolsos, função tradicionalmente
exercida pelo Poder Executivo.

Teria o Legislativo a celeridade requerida para promover alterações nessa


programação caso surgisse alguma necessidade urgente de mudança?

33
ASPECTOS DO ORÇAMENTO

BASE LEGAL

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ORÇAMENTO PÚBLICO – DIREITO ORÇAMENTÁRIO

• Orçamento Público no contexto do planejamento estatal;


• Natureza jurídica do Orçamento: lei formal ou lei material.
• Elementos da Lei: regra de direito abstrata, geral e permanente (matéria);
proclamação de obrigatoriedade pelo Poder competente (forma); expressão em
fórmula escrita (instrumento: lei)
• Obs: a abstração significa a dissociação da norma dos fatos concretos individuais.
A norma, portanto, se presta a regular todas as situações da mesma espécie.
• Norma Jurídica: imperatividade e autorizamento. (autorizamento permite que
um eventual lesado pelo não cumprimento da norma acione mecanismos estatais
para que haja o efetivo cumprimento). Há no orçamento estes elementos?
• Paul Laband: a lei de orçamento é mero plano de gestão. Não contém nenhuma
ordem, nenhuma proibição.
• G. Jelinek: O orçamento não seria propriamente uma lei, mas um Ato-Condição,
na medida em que as demais leis materiais sobre receitas e despesas dependem da
Lei de Orçamento. Seria um ato para que o Estado pudesse funcionar. Da mesam
forma que Labant dizia, a LOA não contém um comenado, tampouco uma
condição.

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ORÇAMENTO PÚBLICO – DIREITO ORÇAMENTÁRIO
• Ver requisitos da lei.

• Ingrosso: a lei de orçamento se enquadraria entre as chamadas leis de


organização do Estado. Ela contém uma base jurídica para o funcionamento do
Estado.

• Posição do STF: não vê na lei orçamentária anual conteúdo material. Art. 102, §3º
CF/88

• Adi 2925 – nova visão? Ver site do Supremo

• Sistema orçamentário na CF/88: engenharia constitucional – PPA, LDO e LOA.

• Apesar dessas leis serem da mesma hierarquia, existe uma incidência de uma
sobre outra.

• A LDO faz uma ponte entre o planejamento de longo prazo e de curto prazo.

36
Constituição Federal
Capítulo II
Das Finanças Públicas
Seção I
Normas Gerais

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:


I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e
demais entidades controladas pelo poder público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da
União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das
voltadas ao desenvolvimento regional.
37
Constituição Federal

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida


exclusivamente pelo Banco Central.

§ 1º É vedado ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente,


empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não
seja instituição financeira.

§ 2º O Banco Central poderá comprar e vender títulos de emissão do


Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa
de juros.

§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco


Central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos
ou entidades do poder público e das empresas por ele controladas, em
instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.
38
Constituição Federal
Seção II
Dos Orçamentos

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:


I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.

§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,


objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração


pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.

§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão


elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.
39
Constituição Federal
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder
público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos
e mantidos pelo poder público.

§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito,


sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e
benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual,
terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério
populacional.

§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita,
nos termos da lei. 40
Constituição Federal
§ 9º Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do
plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta,
bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na
forma do regimento comum.

§ 1º Caberá a uma comissão mista permanente de Senadores e Deputados:


I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas
apresentadas anualmente pelo Presidente da República;
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais
previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem
prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de
acordo com o art. 58.

§ 2º As emendas serão apresentadas na comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e
apreciadas, na forma regimental, pelo plenário das duas Casas do Congresso Nacional.

41
Constituição Federal
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente
podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de
despesa, excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e o Distrito Federal;
ou
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando
incompatíveis com o plano plurianual.
§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor
modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na
comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.
§ 6º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual
serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei
complementar a que se refere o art. 165, § 9º.
42
Constituição Federal
§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta
Seção, as demais normas relativas ao processo legislativo.
§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária
anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso,
mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização
legislativa.

Art. 167. São vedados:


I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos
orçamentários ou adicionais;
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do
produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de
recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do
ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações
de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º
deste artigo;
43
Constituição Federal
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem
indicação dos recursos correspondentes;
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos,
inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa;
X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por
antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras,
para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a,
e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201.

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Constituição Federal
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado
sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de
crime de responsabilidade.
§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem
autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao
orçamento do exercício financeiro subseqüente.
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade
pública, observado o disposto no art. 62.
§ 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os
arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a
prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com
esta.

Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos


suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do
Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês,
em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

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Constituição Federal
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos,
empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou
contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta
ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser
feitas:
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de
pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as
empresas públicas e as sociedades de economia mista.
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação
aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas
federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem
os referidos limites.
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado
na lei complementar referida no caput , a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios adotarão as seguintes providências:
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança;
II - exoneração dos servidores não estáveis.
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Constituição Federal

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o
servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos
Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da
redução de pessoal.
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização
correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço.
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto,
vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo
prazo de quatro anos.
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no
§ 4º.

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