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Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC

Curso de Biomedicina – Ciências do Ambiente – Professor Valério


Andrade Melo
Aluna: Mariana Santos Simões (201111409)

Resenha crítica de: “Um passado para justificar o presente: memória


coletiva, representação histórica e dominação política na região cacaueira
da Bahia”, de Mary Ann Mahony

A região sul do estado da Bahia, Brasil, tornou-se famosa, a partir do


século XIX, pelo expressivo cultivo de cacau existente na região. A atividade
econômica foi ímpar na história regional e serviu para destacar de vez a
economia do estado no âmbito nacional e internacional, conferindo-lhe um
destaque nunca antes tido.

O que Mary Ann Mahony discute em seu artigo é o, como por ela é
denominado, mito de origem da região cacaueira. A narrativa conta como essa
atividade econômica foi introduzida na região graças ao trabalho árduo de
imigrantes e migrantes nordestinos. Nota-se aí um grande disparate com o
contexto, levando em consideração o contexto escravocrata e aristocrata típico
do Brasil do século XIX.

O fruto possibilitou uma época de prosperidade para a região.


Conseqüentemente, houve a ascensão de uma nova classe na sociedade: os
“novos-ricos”, em oposição a velha aristocracia ilheense. Esse novo grupo teve
como principal componente Antonio Pessoa, homem este responsável por um
vasto legado literário através do qual foi possível grande parte da pesquisa da
professora. Os novos-ricos faziam uso da mensagem do mito para simpatizar e
atrair trabalhadores para suas fazendas de cacau e ao mesmo criticavam os
seus inimigos no que diz respeito ao uso da mão de obra escrava em terras do
cacau.

Depois de um relato da disputa entre os aliados de Pessoa e a velha


aristocracia local, com ênfase para as famílias envolvidas, o aspecto político e
a incerteza quanto ao uso de escravos pelos novos-ricos, a autora analisa
textos de Jorge Amado, famoso escritor da região. Neles, ela percebe certa
discrepância com o mito. Apesar de não negá-lo, o autor, natural de Itabuna,
apresenta em suas obras, a sociedade ilheense de uma maneira nunca antes
vista, com direito a denúncias a aspectos uma vez “ignorados” ou “esquecidos”.

Além de fazer uma considerável retrospectiva histórica, Mahony aborda


os embates políticos, a questão social da inserção do negro e a ascensão e
queda da economia sul - baiana. A professora associada norte-americana
apóia-se em evidências de toda sorte (de textos literários a histórias passadas
oralmente) coletadas durante seu tempo de pesquisa e convida o leitor a refletir
sobre assuntos raramente abordados nas grandes memórias. Em meio a toda
gala e pompa da época áurea do cacau, “esquece-se” ou simplesmente ignora-
se o trabalho braçal escravo e de todas as classes mais pobres e a sua
relevância. De uma maneira geral, ela faz um trabalho notável e inovador sobre
a sociedade cacaueira do sul da Bahia

Referências Bibliográficas

MAHONY, Mary Ann. Um passado para justificar o presente: memória


coletiva, representação histórica e dominação política na região cacaueira
da Bahia. Tradução por: Ana Claudia Cruz da Silva

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