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Confira

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Confira
Direito Eleitoral

Taguatinga / DF

2º/2016

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Direito Eleitoral

Conceito

Ramo do Direito Público que cuida do exercício da soberania popular, contendo regras e
princípios que tratarão da participação direta do povo na formação da vontade do Estado,
assim como da escolha dos representantes populares por meio do voto.

Art. 1º, parágrafo único da CF

Soberania Popular – A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e mediante:

 plebiscito

 referendo

 iniciativa popular de leis

 ação popular, etc

Obs: A competência da Justiça Eleitoral é restrita ao julgamento de litígios eleitorais, por esse
modo, a conceituação do que é Direito Eleitoral é extremamente importante para a limitação da
atuação dessa Justiça Especializada

Exceções:

Cassação de mandato parlamentar por infidelidade partidária

Litígios partidários

É competência da Justiça Eleitoral analisar controvérsias sobre


questões internas das agremiações partidárias quando houver
reflexo direto no processo eleitoral, sem que esse controle
jurisdicional interfira na autonomia das agremiações partidárias,
garantido pelo art. 17, § 1º, da CF.(Agravo Regimental no Recurso
Especial nº 26.412, rel. Min. Cesar Rocha, de 20.9.2006)

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Competência Legislativa

Quanto à competência para elaborar leis sobre Direito Eleitoral, dispõe que compete
privativamente à União legislar sobre Direito Eleitoral.

Deve-se ressaltar que, para a edição de leis sobre Direito Eleitoral, basta a elaboração de lei
ordinária. Contudo, caso a matéria a ser tratada refira-se a inelegibilidades ou organização e
competências Justiça Eleitoral, será indispensável a edição de lei complementar, nos termos
do art. 14, § 9º e art. 121, caput, ambos da CF/88.

Fontes do Direito Eleitoral

Constituição Federal de 1988 – Dispõe, dentre outras questões, sobre direitos políticos,
sufrágio universal, alistamento, elegibilidade, inelegibilidade, ação de impugnação ao mandato
eletivo, perda e suspensão dos direitos políticos, bem como sobre a composição e organização
da Justiça Eleitoral

Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65) – Contém regras gerais sobre processo eleitoral,
organização da Justiça Eleitoral, recursos e crimes eleitorais.

Parte do Código Eleitoral foi recepcionada com status de lei complementar. Isso porque a
Constituição Federal, em seu artigo 121, exige a edição de lei complementar para tratar sobre
organização e competências da Justiça Eleitoral. O restante do Código Eleitoral foi
recepcionado com stauts de lei ordinária.

Exemplos: art. 22, inc. I, alínea j, do CE (Lei Complementar n. 86/96)

Art. 233-A do CE (Lei n. 12.034/2009)

Lei Complementar nº 64/90 (Lei de Inelegibilidades) – Dispõe sobre inelegibilidades,


procedimento da ação de impugnação do pedido de registro de candidatura, bem como
investigação judicial.

Art. 14, § 9º, da Constituição Federal

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Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições) – Dispõe sobre normas aplicáveis ao processo eleitoral:
convenções, escolha de candidatos, registro, infrações no processo eleitoral, pesquisas,
propaganda, prestação de contas.

Resoluções do TSE – Compete ao TSE expedir as instruções que julgar convenientes à


execução do Código Eleitoral

◦ Limites

 Podem inovar no ordenamento jurídico?

 Qual o status normativo das Resoluções do TSE?

 ADI n. 3999, STF: As resoluções impugnadas surgem em contexto


excepcional e transitório, tão-somente como mecanismos para
salvaguardar a observância da fidelidade partidária enquanto o Poder
Legislativo, órgão legitimado para resolver as tensões típicas da
matéria, não se pronunciar.

Quanto aos limites, o art. 105 da Lei n. 9.504/97 prescreve o seguinte:

Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior


Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos
ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá
expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução,
ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou
representantes dos partidos políticos.

Os princípios podem ser indicados como as normas que condicionam a aplicação das regras
eleitorais e a criação das normas jurídico-eleitorais. Possuem um conteúdo genérico e abstrato.
Afirma-se que os princípios são o alicerce, a base, a estrutura básica de um sistema.

Os princípios eleitorais estão, em sua maioria, elencados na Constituição Federal. Busca-se,


por meio dessas normas estruturais, a correspondência entre a vontade do povo e a formação
das políticas governamentais. Ainda, tenta-se afastar a influência do poder econômico e do
poder político.

Democracia

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Este é mais do que um princípio. Trata-se de um fundamento e valor essencial dos Estados
Modernos. A partir da extensão em que uma democracia é aplicada em um determinado país,
sabe-se a estrutura e a extensão das normas eleitorais.

No Brasil, a Constituição Federal tenta instaurar um autêntico regime democrático em que o


poder pertence ao povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes. O poder do
povo deve ser exercido pelo povo.

Na verdade, a democracia é um princípio fundamental que deve ser construído, lapidado e


desenvolvido diariamente. Para melhoramento do nível democrático de um Estado protege-se
a liberdade e a igualdade para a manifestação de ideias.

Qualquer conduta que possa diminuir ou afetar a liberdade e a igualdade democrática deve ser
combatida. Para tanto, existem diversos instrumentos que evitam que o abuso do poder possa
macular e viciar a manifestação de vontade do povo e trazer um retrocesso democrático.

Princípio da Moralidade Eleitoral

A Constituição Federal, em seu art. 14, § 9º, prescreve que

Art. 14. Omissis


§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos
de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta
ou indireta.

Assim, hipóteses de inelegibilidade serão instituídas com a finalidade de proteger a probidade


administrativa e a moralidade para o exercício do mandato. Situações que demonstrem
nocividade à condução da coisa pública deverão ser coibidas e seus infratores devem ser
afastados da possibilidade de candidatar-se a mandatos eletivos.

Contudo, para que se proteja a moralidade eleitoral é indispensável a edição de lei


complementar. Somente esta espécie normativa pode criar as hipóteses de inelegibilidade
aptas a proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício de mandato
eletivo.

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A proteção da probidade administrativa por meio da instituição de inelegibilidades
infraconstitucionais foi buscada pela Lei Complementar n. 64/90. Entre as diversas hipóteses
de inelegibilidade inscrita nessa lei, tem-se, por exemplo, a do art. 1º, inc. I, alínea ‘g’
(inelegibilidade decorrente da rejeição de contas), a qual, em última análise, impede de
concorrer a cargos eletivos aqueles gestores que, na condução da coisa pública, tiverem suas
contas rejeitadas pelo órgão competente.

Por sua vez, na redação originária da Lei Complementar n. 64/90, não havia nenhuma hipótese
de inelegibilidade cuja finalidade era a proteção da moralidade para o exercício de mandato
eletivo. Com efeito, segundo o Texto Constitucional, a verificação da moralidade para o
exercício de mandato eletivo é aferida por meio da análise da vida pregressa do candidato.

Entretanto, apesar da inexistência de lei complementar com esse desiderato, tentou-se impedir
que candidatos que possuíssem ‘ficha suja’ participassem das eleições de 2008. Esse intento
foi buscado pela propositura da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 144,
STF. O pedido dessa ADPF n. 144 foi julgado improcedente, pois, para impedir que um
cidadão participasse das eleições por ter vida pregressa negativa, o art. 14, § 9º, da CF/88,
como visto, exige a edição de lei complementar.

Por esse modo, rechaçou-se a possibilidade de exigir-se do cidadão interessado em


candidatar-se nas eleições de 2008 a vida pregressa ilibada ante a falta de regramento
complementar. Essa foi a manifestação do Supremo Tribunal Federal sobre o tema ao julgar a
ADPF nº 144:

Asseverou-se que estaria correto o entendimento do TSE no sentido de que a


norma contida no § 9º do art. 14 da CF, na redação que lhe deu a ECR nº 4/1994,
não é autoaplicável (Enunciado nº 13 da Súmula do TSE), e que o Judiciário não
pode, sem ofensa ao princípio da divisão funcional do poder, substituir-se ao
legislador para, na ausência da lei complementar exigida por esse preceito
constitucional, definir, por critérios próprios, os casos em que a vida pregressa
do candidato implicará inelegibilidade. Concluiu-se, em suma, que o STF e os
órgãos integrantes da justiça eleitoral não podem agir abusivamente, nem fora
dos limites previamente delineados nas leis e na CF, e que, em consequência
dessas limitações, o Judiciário não dispõe de qualquer poder para aferir com a
inelegibilidade quem inelegível não é. Reconheceu-se que, no Estado
Democrático de Direito, os poderes do Estado encontram-se juridicamente
limitados em face dos direitos e garantias reconhecidos ao cidadão e que, em tal
contexto, o Estado não pode, por meio de resposta jurisdicional que usurpe
poderes constitucionalmente reconhecidos ao Legislativo, agir de maneira
abusiva para, em transgressão inaceitável aos postulados da não culpabilidade,
do devido processo, da divisão funcional do poder, e da proporcionalidade, fixar
normas ou impor critérios que culminem por estabelecer restrições
absolutamente incompatíveis com essas diretrizes fundamentais. Afirmou-se ser

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indiscutível a alta importância da vida pregressa dos candidatos, tendo em conta
que a probidade pessoal e a moralidade representam valores que consagram a
própria dimensão ética em que necessariamente se deve projetar a atividade
pública, bem como traduzem pautas interpretativas que devem reger o
processo de formação e composição dos órgãos do Estado, observando-se, no
entanto, as cláusulas constitucionais, cuja eficácia subordinante conforma e
condiciona o exercício dos poderes estatais. Aduziu-se que a defesa desses
valores constitucionais da probidade administrativa e da moralidade para o
exercício do mandato eletivo consubstancia medida da mais elevada
importância e significação para a vida política do país, e que o respeito a tais
valores, cuja integridade há de ser preservada, encontra-se presente na própria
LC nº 64/1990, haja vista que esse diploma legislativo, em prescrições
harmônicas com a CF, e com tais preceitos fundamentais, afasta do processo
eleitoral pessoas desprovidas de idoneidade moral, condicionando, entretanto,
o reconhecimento da inelegibilidade ao trânsito em julgado das decisões, não
podendo o valor constitucional da coisa julgada ser desprezado por esta Corte.
(Informativo nº 514, STF)

Com a edição da Lei Complementar n. 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), essa lacuna legislativa
foi suprida. Atualmente, candidatos que possuam vida pregressa comprometedora, nos termos
atualmente prescritos no art. 1º, inc. I, alínea ‘e’, da Lei Complementar n. 64/90, estará
inelegível e, por esse motivo, não poderá candidatar-se a cargos eletivos.

Princípio da Democracia Partidária

Na análise do princípio da democracia, viu-se que o poder pertence ao povo, que o exerce
diretamente ou por meio de representantes.

Com a Constituição de 1988, os partidos políticos passaram a ter uma nova feição no sistema
democrático brasileiro. Passaram a ter a função de proteger os direitos fundamentais e o
regime democrático. O Estado não pôde mais imiscuir-se nos assuntos partidários e nem
determinar a estrutura das agremiações partidárias, conforme prescrição contida no art. 17, §
1º, da CF (princípio da autonomia partidária).

Inclusive, de acordo com o inc. V, § 3º, art. 14, da CF/1988, somente é possível concorrer a um
cargo público eletivo por meio dos partidos políticos. De acordo com José Jairo Gomes (2008:
p. 29),

[...] o esquema partidário é assegurado pela Lei Maior que erigiu a filiação
partidária como condição de elegibilidade. Assim, os partidos políticos detêm o

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monopólio das candidaturas, de sorte que, para ser votado, o cidadão deve
filiar-se. Inexistem no sistema brasileiro candidaturas avulsas.

Por isso, afirma-se que, no Brasil, adotou-se o princípio da democracia partidária em que o
partido político tem importante função para a consecução do valor democrático. Aliás, tamanha
a importância do partido na democracia brasileira que o Supremo Tribunal Federal afirmou que
o mandato eletivo pertence à agremiação partidária (STF, MS nº 26;602). Caso um detentor de
um cargo público eletivo desfilie-se de seu partido sem que exista uma justa causa, perderá
seu mandato.

Princípio do Sufrágio Universal

A soberania popular é exercida por meio do sufrágio universal. Mas o que é sufrágio?

Sufrágio é o direito conferido ao cidadão para que possa validamente participar da formação da
vontade estatal. Traduz-se no direito de votar e ser votado. Diz-se que o sufrágio, ou seja, os
direitos políticos, são universais porque não podem ser criados critérios, obstáculos e óbices
para que o sufrágio seja exercido.

A afirmação de que o sufrágio é universal não indica que toda e qualquer pessoa possui
direitos políticos no Brasil. Somente as pessoas que preencherem os requisitos constitucionais
poderão exercer o direito ao voto e o direito de ser votado. Na verdade, “sufrágio universal é
aquele em que o direito de votar é atribuído ao maior número possível de nacionais. As
eventuais restrições só devem fundar-se em circunstâncias que naturalmente impedem os
indivíduos de participar do processo político” (GOMES, 2008: p. 36).

Princípio da Liberdade de Organização Partidária

Partido Político é uma pessoa jurídica de direito privado, que se destina a assegurar, no
interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os
direitos fundamentais definidos na Constituição.

Em razão de suas funções e atribuições na democracia brasileira, a Constituição Federal


adotou o princípio da liberdade de organização partidária. Dessa forma, o partido tem
autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento. Também é livre a

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criação, fusão, incorporação e extinção de agremiações partidárias, desde que se respeite a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da
pessoa humana.

Princípio da Fidelidade Partidária

De acordo com o art. 17, § 1º, da CF/1988, o estatuto do partido político deve estabelecer
normas de fidelidade e disciplina partidárias.

A agremiação partidária tem importante papel, conforme visto no estudo do princípio da


democracia partidária, no processo eleitoral. Por esse motivo, o ocupante de cargo eletivo deve
pautar a sua atuação de acordo com os valores, ideais, orientação programática e princípios
defendidos pelo partido pelo qual foi eleito.

Esse princípio tem uma faceta administrativa, implicando a possibilidade de aplicação de


sanções aos filiados que adotem condutas contrárias às orientações da direção partidárias.
Caso esteja prevista no Estatuto, é possível até mesmo a expulsão do parlamentar
indisciplinado.

Por outro lado, esse princípio tem um viés jurisdicional e, desde 27/3/2007 (TSE, CTA nº 1398),
possibilita que os filiados eleitos possam perder seu mandato eletivo caso se desfiliem de seu
partido de origem sem que exista uma justa causa. Para o Ministro César Asfor Rocha, no
julgamento da Consulta-TSE nº 1.398,

[...] parece-me equivocada e mesmo injurídica a suposição de que o mandato


político eletivo pertence ao indivíduo eleito, pois isso equivaleria a dizer que ele,
o candidato eleito, se teria tornado senhor e possuidor de uma parcela da
soberania popular, não apenas transformando-a em propriedade sua, porém
mesmo sobre ela podendo exercer, à moda do exercício de uma prerrogativa
privatística, todos os poderes inerentes ao seu domínio, inclusive o de dele
dispor. (GOMES, 2008, p. 81)

Princípio da Lisura das Eleições

Busca-se garantir a igualdade de todos os candidatos perante a lei eleitoral. Esse princípio
decorre diretamente do princípio da moralidade. As eleições devem estar livres de corrupção,
fraude, abuso do poder econômico.

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Os candidatos devem disputar o pleito eleitoral em paridade de condições. Pela lisura das
eleições, os meios empregados nas propagandas, nas campanhas, devem ser éticos e justos.

Como exemplificação desse princípio, cita-se o art. 23 da Lei Complementar nº 64/1990:

o Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e
notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para
circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes, mas
que preservem o interesse público de lisura eleitoral.

Seguem algumas características acerca do princípio da lisura das eleições:

• corolário da moralidade;

• tutela a integridade e a ética nas eleições;

• busca assegurar a legitimidade política;

• coíbe o uso indevido dos meios de comunicação;

• garante que os candidatos terão tratamento isonômico e que concorrerão em igualdade


de condições.

Esse princípio eleitoral, que tem a função de garantir a igualdade de oportunidade de acesso
aos cargos públicos eletivos, pode ser violado pela prática das seguintes condutas ilícitas:

Abuso de poder econômico: esse ilícito caracteriza-se quando os candidatos utilizarem o


poder financeiro com a finalidade de obter vantagem, mesmo que indireta, durante as eleições.

Abuso de poder de autoridade: trata-se de atos praticados por exercentes de cargos,


empregos ou funções, que excede os limites da legalidade ou da competência em benefício de
campanhas eleitorais.

A prática de qualquer dessas condutas quebra a normalidade e a legitimidade das eleições e


com a finalidade de coibir a práticas de tais ilícitos, o legislador poderá instituir, dentre outras
sanções, uma lei dispondo que aqueles que os praticarem ficarão inelegíveis (art. 14, § 9º, in
fine, da CF).

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Princípio do Aproveitamento do Voto

Este princípio direciona as atividades da Justiça Eleitoral. Isso porque o juiz deve preservar a
soberania popular quando estiver analisando nulidades que possam viciar as eleições.

Assim, o Código Eleitoral adotou um sistema mitigado de nulidade de votos e as nulidades,


mesmo que absolutas, podem ser convalidadas, desde que não arguidas no momento
oportuno.

Esta é a disposição do art. 149 do Código Eleitoral: “não será admitido recurso contra a
votação, se não tiver havido impugnação perante a mesa receptora, no ato da votação, contra
as nulidades arguidas”. Vê-se, portanto, que se houver alguma nulidade no ato de votar e esta
não for arguida imediatamente, o vício será desconsiderado.

Outra consequência desse princípio é a regra do art. 219 do Código Eleitoral:

Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e
resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem
demonstração de prejuízo.

Traz-se, a seguir, as principais características do princípio do aproveitamento do voto:

• preservação da Soberania Popular em detrimento do formalismo das nulidades;

• In dubio pro voto (art. 219 do Código Eleitoral);

• admite-se, até mesmo, a sanabilidade de nulidades absolutas, desde não impugnadas


no momento oportuno (art. 149 do Código Eleitoral);

• serve ao julgador para evitar nulidades de votos contidos em urnas eletrônicas ou nas
cédulas, quando for possível separar os votos nulos dos válidos.

Princípio da Anterioridade Eleitoral

O Legislador Constituinte, com a finalidade de garantir segurança jurídica à


realização das eleições, previu o princípio da anterioridade eleitoral. Esse princípio tem a

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finalidade de estabilizar pelo período mínimo de 1 ano normas processuais-eleitorais. Sobre a
teleologia e o alcance desse princípio constitucional, esse foi o pronunciamento do STF:

“(...) por força do art. 16 da Constituição, inovação salutar inspirada na


preocupação da qualificada estabilidade e lealdade do devido processo eleitoral:
nele a preocupação é especialmente de evitar que se mudem as regras do jogo
que já começou, como era frequente, com os sucessivos ‘casuísmos’, no regime
autoritário.
A norma constitucional – malgrado dirigida ao legislador – contém princípio que
deve levar a Justiça Eleitoral a moderar eventuais impulsos de viradas de
jurisprudências súbitas, o ano eleitoral, acerca de regras legais de densas
implicações na estratégia para o pleito das forças partidárias”. (ADI n. 2.628, DJ
de 5.3.2004)

Também a doutrina nos traz importante lição sobre o princípio da anualidade


eleitoral:

“O princípio da Anualidade das leis eleitorais é uma proteção outorgada à


sociedade contra os casuísmos existentes na esfera política. É, na verdade, uma
consequência do princípio da segurança jurídica, fundamental para o exercício
dos direitos políticos não se veja embaraçado em face de eventuais
circunstâncias do jogo do poder. Pretendeu o constituinte impedir que situações
concretas, interesses ocasionais, conduzissem a alterações da legislação
eleitoral, maculando a legitimidade das eleições.
Deve ser entendido, portanto, enquanto um importante mecanismo de defesa
das minorias, de modo a impedir a deformação do processo eleitoral mediante
alterações casuísticas das maiorias de plantão, rompendo a igualdade de
oportunidades entre partidos e candidatos. É, pois, um dos pilares do próprio
regime democrático, composto que é pelo binômio vontade da maioria/direito
das minorias”. (Carlos Eduardo de Oliveira Lula)

O princípio da anterioridade eleitoral está previsto no art. 16 da Constituição


Federal, com o seguinte teor:

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua
vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993)

A partir da análise dessa norma constitucional, constata-se que a lei que alterar
o processo eleitoral tem vigência imediata. Não possui vacatio legis. Desse modo, não se

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aplica às leis que alterarem o processo eleitoral o art. 1º da Lei de Introdução às Normas de
Direito Brasileiro (LINDB). Essa é a redação desse art. 1º da LINDB:

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país


quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

Novamente, este artigo não é aplicável somente às leis que alterem o processo
eleitoral. Isso quer dizer que as leis que alterarem o processo eleitoral nunca terão vacatio legis
e a sua vigência é sempre imediata. Não obstante, as leis que tiverem o condão de alterarem o
processo eleitoral só serão aplicadas às eleições que ocorrerem após um ano da data de sua
publicação. Teremos uma lei vigente, eficaz e apta a produzir efeitos, mas que, por prescrição
constitucional, será aplicada após um ano após à publicação.

Veja o seguinte exemplo de publicação de uma lei alteradora do processo


eleitoral (considere as eleições municipais de 2008):

a) Lei A publicada no dia 4 de outubro de 2007 – sabe-se que, em 2008, as eleições ocorreram
em 5 de outubro (1º domingo de outubro). Nessa situação, como a Lei A foi publicada um ano
antes da data da eleição, será aplicada a essas eleições;

b) Lei A publicada no dia 5 de outubro de 2007 – embora a lei tenha vigência imediata, não
será aplicada às eleições de 2008. A lei que altere o processo eleitoral somente será aplicável
às eleições que ocorram até um ano da data de sua publicação, inclusive.

c) Lei A publicada no dia 6 de outubro de 2007 – embora a lei tenha vigência imediata, mas
não será aplicável às eleições de 2008. Somente será aplicável às eleições que ocorrerem
após o dia 7 de outubro.

Deve-se descobrir o que pode ser entendido por processo eleitoral. Isso porque
o princípio da anterioridade eleitoral não é aplicável a todas as leis eleitorais, mas somente
àquelas que alterarem o processo eleitoral.

Atenção!!! O princípio da anterioridade eleitoral é aplicável unicamente às leis


que alterem o processo eleitoral. Não confunda. Não são todas as leis eleitorais que sofrem a
incidência dessa disposição constitucional.

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Indispensável, portanto, entendermos o conceito de processo eleitoral. Esse
conceito foi construído, de forma didática, pelo STF no seguinte julgado:

“PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ANTERIORIDADE ELEITORAL: SIGNIFICADO DA


LOCUÇÃO "PROCESSO ELEITORAL" (CF, ART. 16). - A norma consubstanciada no
art. 16 da Constituição da República, que consagra o postulado da anterioridade
eleitoral (cujo precípuo destinatário é o Poder Legislativo), vincula-se, em seu
sentido teleológico, à finalidade ético-jurídica de obstar a deformação do
processo eleitoral mediante modificações que, casuisticamente introduzidas
pelo Parlamento, culminem por romper a necessária igualdade de participação
dos que nele atuam como protagonistas relevantes (partidos políticos e
candidatos), vulnerando-lhes, com inovações abruptamente estabelecidas, a
garantia básica de igual competitividade que deve sempre prevalecer nas
disputas eleitorais. Precedentes. - O processo eleitoral, que constitui sucessão
ordenada de atos e estágios causalmente vinculados entre si, supõe, em função
dos objetivos que lhe são inerentes, a sua integral submissão a uma disciplina
jurídica que, ao discriminar os momentos que o compõem, indica as fases em
que ele se desenvolve: (a) fase pré-eleitoral, que, iniciando-se com a realização
das convenções partidárias e a escolha de candidaturas, estende-se até a
propaganda eleitoral respectiva; (b) fase eleitoral propriamente dita, que
compreende o início, a realização e o encerramento da votação e (c) fase pós-
eleitoral, que principia com a apuração e contagem de votos e termina com a
diplomação dos candidatos eleitos, bem assim dos seus respectivos suplentes.
(ADI n. 3345, DJ de 19.08.2010)

Além disso, essa alteração do processo eleitoral tem que ser capaz de
provocar, conforme jurisprudência do STF consolidada no julgamento da ADI n. 3.741:

• rompimento da igualdade de participação dos partidos políticos e dos respectivos candidatos


no processo eleitoral;

• a criação de deformação que afete a normalidade das eleições;

• a introdução de fator de perturbação do pleito;

• promoção de alteração motivada por propósito casuístico.

Não se submetem à restrição da Anterioridade Eleitoral:

- alteração do número de cadeiras das Câmaras municipais e a emancipação de municípios;

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- Crimes eleitorais;

- Processo penal eleitoral subsidiário;

- Resoluções do TSE que regulamentem o CE ou a Lei das Eleições;

- Assuntos relativos à prestação de contas eleitorais

Pode uma Emenda Constitucional excepcionar o Princípio da

Anualidade?

A prescrição constitucional dispõe que “a lei que alterar o processo eleitoral”. O


que pode ser entendido pelo vocábulo lei. Lei é um ato normativo elaborado pelo Poder
Legislativo de acordo com as disposições contidas nas regras do processo legislativo.

Esse princípio somente se aplica às leis? Essa disposição constitucional pode


ser aplicável a todas as espécies normativas? Essa pergunta é corretamente respondida por
Rodrigo López Zilio:

“O princípio da anualidade do Direito Eleitoral é dirigido, indistintamente, a todo


e qualquer diploma, independentemente de seu status legal. Ou seja, dirige-se
tanto à norma infraconstitucional – dês que de caráter federal (art. 22, I, da CF)
– como à constitucional. Em outras palavras, toda e qualquer legislação editada
deve obediência ao princípio da anterioridade, emanada pela Carta Federal (art.
16 da CF)”.

Desse modo, o princípio da anterioridade eleitoral constitui restrição ao poder


constituinte derivado reformador. Na elaboração das emendas à Constituição, o Legislador de
Reforma deve obediência ao princípio constitucional ora em análise. Esse é o entendimento do
STF:

4. Enquanto o art. 150, III, b, da CF encerra garantia individual do contribuinte


(ADI 939, rel. Min. Sydney Sanches, DJ 18.03.94), o art. 16 representa garantia
individual do cidadão-eleitor, detentor originário do poder exercido pelos
representantes eleitos e "a quem assiste o direito de receber, do Estado, o

16
necessário grau de segurança e de certeza jurídicas contra alterações abruptas
das regras inerentes à disputa eleitoral" (ADI 3.345, rel. Min. Celso de Mello).
5. Além de o referido princípio conter, em si mesmo, elementos que o
caracterizam como uma garantia fundamental oponível até mesmo à atividade
do legislador constituinte derivado, nos termos dos arts. 5º, § 2º, e 60, § 4º, IV, a
burla ao que contido no art. 16 ainda afronta os direitos individuais da
segurança jurídica (CF, art. 5º, caput) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV).
(ADI n. 3.685)

De acordo com essa decisão do STF, além de ficar consignado que as


emendas constitucionais que alterem o processo eleitoral devem observar o princípio da
anterioridade eleitoral, conclui-se, ainda, que o princípio da anterioridade é uma cláusula
pétrea.

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Questões de Concursos

Questão 1 – Legislar sobre Direito Eleitoral é competência:

a) privativa dos Estados.

b) privativa da União.

c) concorrente da União e dos Estados.

d) concorrente dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

R–B

Questão 2 – A lei que altera o processo eleitoral:

a) entra em vigor um ano após a data de sua publicação.

b) entra em vigor na data de sua publicação.

c) só entra em vigor na data da publicação quando não há eleição prevista para até um ano
depois.

d) nenhuma.

R–B

Questão 3 – A lei que alterar o processo eleitoral:

a) entrará em vigor na data de sua publicação e terá aplicação imediata, devendo o TSE
comunicar aos partidos políticos as alterações ocorridas em até seis meses antes da data das
eleições.

b) somente entrará em vigor uma ano após a sua publicação, não tendo qualquer efeito
durante o período de vacatio legis.

c) entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um
ano da data de sua vigência.

d) terá vigência imediata se vier a aprimorar o sistema político partidário, de acordo com o
entendimento do TSE.

R–C

18
Questão 4 –De acordo com as disposições legais e constitucionais vigentes, assinale a opção
incorreta.

a) O Código Eleitoral contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de


direitos políticos; precipuamente, os de votar e ser votado.

b) Diversamente do que ocorre com as leis em geral, compete ao TSE expedir instruções para
a fiel execução do Código Eleitoral e das demais normas eleitorais.

c) Todo o poder emana do povo, que o exerce ou por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos da Constituição Federal; os mandatários são escolhidos, direta e
secretamente, entre candidatos indicados por partidos políticos nacionais, ressalvada a eleição
indireta nos casos previstos na Constituição e em leis específicas.

d) Entre os que não podem alistar-se como eleitores, estão os analfabetos.

e) Qualquer cidadão pode pretender investidura em cargo eletivo, respeitadas as condições


constitucionais e legais de elegibilidade e incompatibilidade.

R–D

19
Direitos Políticos

A Constituição Federal, em seu art. 1º, parágrafo único, prescreve que


todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes
eleitos. Esse poder do povo é denominado de soberania popular. Na verdade, segundo
o Texto Constitucional, “todo” poder pertence ao povo e, para exercê-lo, existem duas
maneiras: diretamente, por meio dos instrumentos de exercício direto de democracia
(voto, plebiscito, referendo etc.); indiretamente, por meio da cidadãos eleitos para o
exercício de mandatos representativos no Poder Legislativo e no Poder Executivo.

Com efeito, a soberania popular pode ser exercida de forma direta ou


indireta. O povo exerce seu poder diretamente quando, sem intermediação, interfere
na formação da vontade política do Estado. Por sua vez, exercerá seu poder
indiretamente por meio da escolha de representantes populares. Esses representantes
serão responsáveis pela elaboração das leis e atos normativos em nome do povo.

Mas como se dá o exercício da soberania popular? Em outras palavras:


como o povo exerce o seu poder ou a soberania popular?

Nos termos do art. 14, caput, da CF, a soberania popular será exercida
por meio do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto e, nos termos da lei,
mediante:

- plebiscito;

- referendo;

20
- iniciativa popular de leis;

- ação popular, entre outros instrumentos de exercício direto de poder pelo povo.

Esse conjunto de instrumentos de exercício da soberania popular é


denominado de direitos políticos. Isso quer dizer que os direitos políticos são os
instrumentos de exercício do poder pelo povo. Alexandre de Moraes conceitua os
direitos políticos da seguinte forma:

“É o conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania


popular, conforme preleciona o caput do art. 14 da Constituição Federal.
São direitos públicos subjetivos que investem o indivíduo no status activae
civitatis, permitindo-lhe o exercício concreto da liberdade de participação
nos negócios políticos do Estado, de maneira a conferir os atributos da
cidadania”.

Para José Jairo Gomes, essa é a definição de direitos políticos:

“Denominam-se direitos políticos ou cívicos as prerrogativas e os deveres


inerentes à cidadania. Englobam o direito de participar direta ou
indiretamente do governo, da organização e funcionamento do Estado. [...]
É pelos direitos políticos que as pessoas – individual ou coletivamente –
intervêm e participam no governo. Tais direitos não são conferidos
indistintamente a todos os habitantes do território estatal – isto é, a toda a
população –, mas só aos nacionais que preencham determinados requisitos
expressos na Constituição – ou seja, ao povo”.

De forma expressa, a Constituição Federal consagra os seguintes direitos


políticos:

21
- sufrágio universal;

- voto direto e secreto;

- referendo;

- plebiscito;

- iniciativa popular de leis.

Ressalte-se, entretanto, que o rol de direitos políticos constantes no art.


14 da Constituição Federal não é taxativo, mas meramente exemplificativo. Isso quer
dizer que existem outros direitos políticos, além daqueles expressamente consignados
na Constituição Federal. Assim, toda forma de manifestação que permita ao povo a
intervenção na formação das políticas públicas, das leis, constituirá direito político.
Exemplificando: as manifestações populares, a favor ou contra um determinado tema
político-comunitário, constituem manifestação de direito político; a atividade do
lobista na defesa de direitos de uma determinada classe ou setor social constitui
exercício de direito político.

Direitos políticos: Classificação

Os direitos políticos podem ser classificados em direitos políticos ativos


ou passivos. Assim, os:

- direitos políticos ativos – constituem o direito de votar. Trata-se da hipótese em que


o povo diretamente manifesta sua vontade. Somente pode exercer o direito ao voto o
cidadão previamente alistado perante a Justiça Eleitoral.

22
Atenção!!! Todo cidadão tem direito político ativo. Isso quer dizer que qualquer
cidadão alistado perante a Justiça Eleitoral será titular do direito de votar,
independentemente de qualquer outra circunstância.

- direitos políticos passivos – abrange o direito de ser votado, ou seja, o direito de


concorrer a cargos públicos eletivos. Para o exercício dos direitos políticos passivos é
necessário o preenchimento de um conjunto de requisitos fixados na Constituição
Federal ou em lei, que são denominados de condições de elegibilidade.

Atenção!!! Somente poderá exercer os direitos políticos passivos o cidadão que


preencher todas as condições de elegibilidade e não incidir em nenhuma situação de
inelegibilidade. Não são todos os cidadãos que podem exercer o direito de ser votado,
diferentemente do direito de votar.

Essa primeira classificação não é suficiente para encaixar uma série de


direitos políticos. Por essa razão, com a finalidade de classificar didaticamente todos os
direitos políticos, a doutrina construiu outra classificação que divide os direitos
políticos em positivos e negativos. Desse modo, os:

- direitos políticos positivos – constituem o conjunto de normas que conferem ao povo


a possibilidade de exercer a soberania popular. Toda norma que possibilitar ao povo o
direito de interferir na formação da vontade política do Estado será denominada de
direito político positivo. Segundo Dirley da Cunha Júnior:

23
“São prerrogativas que asseguram ao povo a faculdade de participar
democraticamente do governo, que por seus representantes, quer por si”.

A partir dessa classificação, podem ser classificados como direitos


políticos positivos os seguintes instrumentos de exercício da soberania popular:

1º - direito de votar;

2º - direito de ser votado;

3º - direito de participar em referendo;

4º - direito de participar em plebiscito;

5º - iniciativa popular de leis;

6º - ação popular.

- direitos políticos negativos – constituem um conjunto de normas que restringem o


exercício dos direitos políticos. Essas limitações devem ser interpretadas
restritivamente. Isso porque normas que restringem os direitos políticos, na verdade,
estarão restringindo um direito fundamental, pois, segundo regras de hermenêutica,
restrição a direitos fundamentais devem ser interpretadas de forma restritiva.

Além disso, no que se refere à aplicação das restrições à cidadania, deve-se levar em
consideração o princípio da tipicidade eleitoral. A partir dessa norma, somente será
admitida a limitação de direitos políticos nas hipóteses expressamente previstas na
Constituição Federal ou em lei.

Aliás, a restrição de direitos políticos por meio dos institutos da perda e


suspensão somente é admitida nos casos estabelecidos no art. 15 da Constituição

24
Federal. Não se admite a instituição de novas hipóteses de perda e suspensão de
direitos políticos por meio de legislação infraconstitucional.

Por sua vez, a restrição do direito político passivo por meio das
inelegibilidades somente cabe por meio de previsão contida em norma constitucional
(art. 14, §§ 4º a 7º) ou disposição de lei complementar. Isso porque o art. 14, § 9º, da
Constituição Federal, prevê a possibilidade de criação de outras hipóteses de
inelegibilidade, além daquelas estabelecida no texto constitucional, desde que haja a
instituição de lei complementar.

Após essas considerações, podem ser classificadas como direitos


políticos negativos:

1º - hipóteses de inelegibilidades;

2º - hipóteses de perda dos direitos políticos;

3º - hipóteses de suspensão dos direitos políticos.

1.1 Direito ao sufrágio

Segundo Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco, “os direitos


políticos abrangem o direito ao sufrágio, que se materializa no direito de votar, de
participar da organização da vontade estatal e no direito de ser votado”.

25
Da mesma forma, Alexandre de Moraes reconhece que o direito ao
sufrágio abrange o direito de votar e de ser votado, sendo a essência dos direitos
políticos. Desse modo, o direito ao sufrágio abrange:

- a capacidade eleitoral ativa – direito de votar;

- a capacidade eleitoral passiva – direito de ser votado.

Contudo, não se pode confundir voto e sufrágio. Embora haja uma


íntima ligação entre esses dois institutos, eles não se confundem. De acordo com José
Afonso da Silva:

“As palavras sufrágio e voto são empregadas comumente como sinônimos.


A Constituição, no entanto, dá-lhes sentidos diferentes, especialmente, no
seu artigo 14, por onde se vê que o sufrágio é universal e o voto é direto e
secreto e tem valor igual. A palavra voto é empregada em outros
dispositivos, exprimindo a vontade num processo decisório. Escrutínio é
outro termo com que se confundem as palavras sufrágio e voto. É que os
três se inserem no processo de participação do povo no governo,
expressando: um, o direito (sufrágio), outro, o seu exercício (o voto), e o
outro, o modo de exercício (escrutínio)”.

Atenção!!! A Constituição Federal dispõe que o sufrágio é universal. Em


um primeiro momento, pode-se pensar que todas as pessoas são titulares de direitos
políticos, dada a característica da universalidade. Não obstante, somente são titulares
do direito ao sufrágio as pessoas que preencherem os requisitos constitucionais para a
aquisição dos direitos políticos. Essas pessoas são denominadas de cidadãos.

Deve-se distinguir o cidadão da pessoa:

26
- cidadão – titular de direitos políticos. Para a Constituição só poderá ser considerado
cidadão a pessoa que for brasileira e maior de dezesseis anos, desde que alistado
perante a Justiça Eleitoral.

- pessoa – titular de direitos. Para o Código Civil, todos os que nascerem com vida são
pessoas e titulares de direitos e obrigações na ordem civil.

A expressão sufrágio universal é utilizada em contraposição ao sufrágio


restrito. De forma simples, Vicente de Paulo e Marcelo Alexandrino fazem a seguinte
distinção entre sufrágio universal e restrito:

“O sufrágio é universal quando assegurado o direito de votar a todos os


nacionais, independentemente da exigência de quaisquer requisitos, tais
como condições culturais ou econômicas etc.

O sufrágio será restrito quando o direito de votar for concedido tão


somente àqueles que cumprirem determinadas condições fixadas pelas leis
do Estado. O sufrágio restrito, por sua vez, poderá ser censitário ou
capacitário.

O sufrágio censitário é aquele que somente outorga o direito voto àqueles


que preencherem certas qualificações econômicas. Seria o caso, por
exemplo, de não se permitir o direito de voto àqueles que auferissem renda
mensal inferior a um salário mínimo.

O sufrágio capacitário é aquele que só outorga o direito de voto aos


indivíduos dotados de certas características especiais, notadamente de
natureza intelectual. Seria o caso, por exemplo, de se exigir para o direito ao
voto a apresentação de diploma de conclusão do curso fundamental, ou
médio ou superior.”

27
Direito ao voto

Como visto, o direito ao voto é classificado como direito político ativo.


Todo cidadão que possuir a capacidade eleitoral ativa terá direito de exercitar o voto.

O direito ao voto pode ser conceituado, segundo José Jairo Gomes:

“um dos mais importantes instrumentos democráticos, pois enseja o


exercício da soberania popular e do sufrágio. Cuida-se do ato pelo qual os
cidadãos escolhem os ocupantes de cargos político-eletivos. Por ele,
concretiza-se o processo de manifestação da vontade popular. Embora
expresse um direito público subjetivo, o voto é também um dever cívico e,
por isso, obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de 70 anos”

Quanto à sua natureza jurídica, Pinto Ferreira ensina que o voto:

“é essencialmente um direito público subjetivo, é uma função da soberania


popular na democracia representativa e na democracia mista como um
instrumento deste, e tal função social justifica e legitima a sua imposição
como um dever, posto que o cidadão tem o dever de manifestar sua
vontade na democracia”.

Assim, vê-se que o voto é um direito público subjetivo de manifestação


da vontade e decorre da soberania popular. Para os maiores de 18 anos e menores de
70 anos, desde que alfabetizados, o voto também é um dever cívico. Trata-se de um
direito/dever em que os cidadãos escolherão os ocupantes de cargos representativos.

28
Voto: características

O direito ao voto possui algumas características: pessoalidade,


obrigatoriedade, liberdade, secreto, direto, periódico e igual. Essas características são
corretamente definidas por Alexandre de Moraes, nos seguintes termos:

- pessoalidade – o voto só pode ser exercido pessoalmente. O eleitor não pode


outorgar procuração para que outrem exerça o voto em seu lugar. A pessoalidade é
essencial para a garantia da sinceridade e da autenticidade do voto.

- obrigatoriedade de comparecimento – aos maiores de 18 anos e menores de 70


anos, desde que alfabetizados, é obrigatório o comparecimento às eleições. Àquele
que se encaixar nessa prescrição constitucional deverá necessariamente comparecer
às urnas sob pena de incidir em uma série de restrições legais e multa.

- liberdade – trata-se da possibilidade de o cidadão de escolher com liberdade seus


candidatos e partidos políticos. Além disso, a liberdade de voto inclui o direito de se
votar em branco ou em anular o voto. Portanto, “embora haja o dever de votar, todos
são livres para escolher ou não um candidato e até anular o voto.“ (José Jairo Gomes)

- Secreto – o voto é sigiloso e o seu conteúdo não pode ser revelado pelos órgãos da
Justiça Eleitoral. Essa característica tem a finalidade de garantir a lisura e a probidade
das eleições, evitando que o eleitor tenha sua vontade corrompida pelo abuso do
poder econômico ou político.

29
- Direto – o eleitor, sem intermediários, escolhe seus governantes e representantes.

- Periodicidade – os mandatos são temporários e, de forma periódica, o eleitor é


chamado a escolher seus governantes e representantes por meio do voto. Aliás, a
periodicidade do voto é uma cláusula pétrea.

- Igualdade – o voto de todos os cidadãos tem o mesmo valor para todos,


independentemente de qualquer circunstância. Nesse tema, aplica-se o princípio da
igualdade formal: one man, one vote.

Plebiscito e Referendo

Dentre as formas de exercício da soberania popular, tem-se o referendo


e o plebiscito. Esses dois instrumentos viabilizam o exercício da soberania popular de
forma direta. O povo é chamado por meio de uma consulta popular a se manifestar
sobre um determinado tema político-comunitário.

De acordo com Vicente de Paulo e Marcelo Alexandrino, pode-se


conceituar plebiscito e referendo da seguinte forma:

“Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere


sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional,
legislativa ou administrativa.

O plebiscito é convocado com anteriodade a ato legislativo ou


administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe
tenha sido submetido.

30
O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou
administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.

A distinção entre os institutos é feita levando-se em conta o momento da


manifestação dos cidadãos: se a consulta à população é prévia, temos o
plebiscito; se a consulta à população sobre determinada matéria é posterior
à edição de um ato governamental, temos o referendo”.

Alistamento Eleitoral

O alistamento eleitoral é o ato pelo qual o eleitor se torna cidadão.


Trata-se de procedimento administrativo desenvolvido perante a Justiça Eleitoral e
tem a finalidade de aferir o preenchimento dos requisitos de alistabilidade. Segundo
José Jairo Gomes:

“Entende-se por alistamento o procedimento administrativo-eleitoral pelo


qual se qualificam e se inscrevem os eleitores. Nele se verifica o
preenchimento dos requisitos constitucionais e legais indispensáveis à
inscrição do eleitor. Uma vez deferido, o indivíduo é integrado ao corpo de
eleitores, podendo exercer direitos políticos, votar e ser votado, enfim,
participar da vida política do país. Em outras palavras, adquire-se cidadania.
Note-se, porém, que, com o alistamento, adquire-se apenas a capacidade
eleitoral ativa, o jus sufragii; a passiva ou a elegibilidade depende de outros
fatores”.

Requisitos para o alistamento

31
A Constituição Federal, em seu art. 14, § 1º, enumera os requisitos
necessários para o alistamento eleitoral. Assim, são requisitos de alistabilidade:

- Nacionalidade brasileira – basta ter a nacionalidade brasileira para que a pessoa


possa alistar-se. No que se refere aos requisitos para a prática desse ato não há
distinção entre brasileiro nato e naturalizado.

Atenção!!! Aos portugueses com residência permanente no País, se houver


reciprocidade em favor de brasileiros, nos termos do art. 12, § 1º, da Constituição
Federal, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos
nesta Constituição. Isso quer dizer que os portugueses podem se alistar no Brasil,
desde que haja o preenchimento desses dois requisitos: residência permanente no
Brasil e reciprocidade. O português é o único estrangeiro que pode se tornar um
cidadão brasileiro.

- Idade mínima de 16 anos

Espécies de Alistamento

De acordo com o art. 14, §§ 1º e 2º, da Constituição Federal, o


alistamento eleitoral pode ser classificado em: obrigatório, facultativo e vedado.

- Alistamento Obrigatório

O alistamento será obrigatório no seguinte caso:

32
- Brasileiro maior de 18 anos e menor de 70 anos e

- Alfabetizado.

- Alistamento Facultativo

O alistamento será facultativo nas seguintes situações:

- Maior de 16 anos e menor de 18 anos;

- Maiores de 70 anos;

- Analfabetos.

Qual a razão do voto e alistamento ser facultativo aos maiores de 70


anos? Qual a circunstância que singulariza essa classe de pessoas para que recebessem
um tratamento normativo diferenciado? Para Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet
Branco:

“[...] o legislador constitucional, ao facultar o voto aos maiores de 70 anos,


atentou, certamente, para as prováveis limitações físicas decorrentes da sua
idade, de modo a não transformar o exercício do voto em transtorno ao seu
bem-estar”.

Você deve estar pensando: existe outra classe de pessoas que também
possui limitações físicas que podem tornar oneroso o exercício dos direitos políticos:
as pessoas com necessidades especiais (PNE’s). O alistamento eleitoral é facultativo ou
obrigatório para as PNE’s?

33
Os próprios autores Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco
respondem a essa pergunta, baseados em um julgamento do Tribunal Superior
Eleitoral, nos seguintes moldes:

“Argumentou-se que algumas pessoas apresentam deficiências que


praticamente tornam impossível o exercício de suas obrigações eleitorais,
tais como os tetraplégicos e os deficientes visuais inabilitados para a leitura
em braile. Todos eles poderiam, assim, encontrar-se em situação até mais
onerosa do que a dos idosos. Ressalte-se que nem todas as salas de seções
de votação têm acesso adequado para deficientes. Cuidar-se-ia de ‘lacuna’
suscetível de ser superada com base nos próprios princípios estruturantes
do sistema constitucional, suficientes a legitimar uma cláusula implícita que
justificasse outras exceções ao alistamento obrigatório, desde que
compatível com o ‘projeto’ fixado pelo texto constitucional. No caso, o
próprio art. 5º, § 2º, da Constituição Federal autorizaria a interpretação que
legitimava a extensão do direito reconhecido aos idosos às portadoras de
deficiência grave”.

- Alistamento Vedado

A Constituição Federal proíbe o alistamento eleitora para as seguintes


pessoas:

- Conscrito, durante o período do serviço militar obrigatório –


conscrito é o nome que se dá aos que prestam serviço militar
obrigatório. Esse serviço constitui-se por um conjunto de
atividades específicas prestadas às Forças Armadas – Exército,
Marinha e Aeronáutica –, relacionadas à defesa nacional.

34
- Estrangeiros – a nacionalidade brasileira é pressuposto para a
cidadania brasileira. O único estrangeiro que pode se alistar no
Brasil é o português por causa do estatuto da igualdade.

Obs: o conscrito e o estrangeiro são denominados de


inalistáveis.

Quanto ao alistamento vedado, o Código Eleitoral, em seu art. 5º, inc. II,
prescreve que o alistamento é vedado àqueles que não saibam exprimir-se em língua
nacional. Este inciso está revogado. Veja o seguinte julgado do TSE:

- Consoante o § 2º do artigo 14 da CF, a não alistabilidade como eleitores


somente é imputada aos estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, aos conscritos, observada, naturalmente, a vedação que se
impõe em face da incapacidade absoluta nos termos da lei civil.

- Sendo o voto obrigatório para os brasileiros maiores de 18 anos, ressalvada


a facultatividade de que cuida o inciso II do § 1º do artigo 14 da CF, não há
como entender recepcionado preceito de lei, mesmo de índole
complementar à Carta Magna, que imponha restrição ao que a norma
superior hierárquica não estabelece.

- Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não esteja


previsto na Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político,
há que afirmar a inexigibilidade de fluência da língua pátria para que o
indígena ainda sob tutela e o brasileiro possam alistar-se eleitores.

- Declarada a não recepção do art. 5º, inciso II, do Código Eleitoral pela
Constituição Federal de 1988.

(TSE, PA n. 19.840/2010)

35
Elegibilidade

O direito à elegibilidade confere ao cidadão a possibilidade de concorrer


a cargos públicos eletivos. Pode ser classificada como direito político passivo e decorre
da capacidade eleitoral passiva.

Somente poderá exercer o direito à elegibilidade o cidadão que


preencher as condições de elegibilidade. Essas condições estão estabelecidas no art.
14, § 3º, da Constituição Federal, nos seguintes termos:

§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária; Regulamento

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e


Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito


Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,


Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

36
Ressalte-se que essa norma constitucional pode ser classificada como
norma de eficácia contida. Isso quer dizer que, desde a promulgação da Constituição,
todo cidadão que quisesse concorrer a cargos públicos eletivos deveria preencher os
requisitos constitucionais inscritos no art. 14, § 3º, para exercer o direito à
elegibilidade. Entretanto, é possível que o legislador ordinário institua novos critérios
para o exercício do direito político passivo.

Não se pode confundir as condições de elegibilidade com as


inelegibilidades. São institutos distintos e com finalidades distintas. Para deixar clara
essa diferenciação, veja o seguinte julgado do TSE:

Não há que confundir, em face de nosso sistema constitucional,


pressupostos (ou condições) de elegibilidade e inelegibilidades, embora a
ausência de qualquer daqueles ou a incidência de qualquer destas impeça
alguém de poder candidatar-se a eleições municipais, estaduais ou federais.

Pressupostos de elegibilidade são requisitos que se devem preencher para


que se possa concorrer a eleições. Assim, estar no gozo de direitos políticos,
ser alistado como eleitor, estar filiado a partido político, ter sido escolhido
como candidato do Partido a que se acha filiado, haver sido registro, pela
Justiça Eleitoral, como candidato por esse partido.

Já as inelegibilidades são impedimentos que, se não afastados por quem


preencha os pressupostos de elegibilidade, lhe obstam concorrer a eleições,
ou – se supervenientes ao registro ou se de natureza constitucional –
servem de fundamento à impugnação de sua diplomação, se eleito.
(Processo Administrativo 19.899, rel. Min. Ari Pargendler, de 30.9.2008,
Res.-TSE nº 22.948)

Para a correta compreensão das condições de elegibilidade, faremos um


estudo pormenorizado de cada um desses requisitos constitucionais para o exercício
da capacidade eleitoral passiva.

37
Nacionalidade Brasileira

É a primeira das condições de elegibilidade enumerada pela CF/88 (art.


14, § 3º, I). A Constituição Federal não permite que todos os residentes no Brasil
possam ser candidatos. Tutela, assim, os interesses nacionais, permitindo que somente
os brasileiros participem do processo eleitoral como candidatos.

Dessa forma, exige-se a nacionalidade brasileira para que a pessoa


possa concorrer a cargos eletivos. Aos brasileiros natos a elegibilidade é plena para
todos os cargos, de modo que o impedimento para os naturalizados ocorre nas
seguintes hipóteses :

• Se tratar de eleições para o cargo de Presidente e Vice da República (CF/88, art. 12, §
3º, I);

• Quando houver a perda da nacionalidade adquirida, seja por cancelamento via


sentença judicial, em que não se caiba mais recurso, seja por ter o cidadão adquirido
outra nacionalidade, excetuados os casos previstos na própria Carta Magna (CF/88, art.
12, § 4º, I e II).

Questão interessante é saber se o português pode concorrer a cargos


públicos eletivos no Brasil. Sobre o assunto, esse é o ensinamento de Dirley da Cunha
Júnior:

38
“Em razão de norma permissiva do § 1º do art. 12 da Constituição – que
assegura aos portugueses com residência permanente no País, se houver
reciprocidade em favor de brasileiros, os direitos inerentes ao brasileiro,
salvo os casos previstos na Constituição – os portugueses podem exercer a
capacidade eleitoral passiva e se candidatar a mandato eletivo (exceto para
Presidente e Vice-Presidente da República, em face do § 3º do art. 12),
desde que cumpram as demais condições de elegibilidade.”

Alistamento eleitoral

Somente o cidadão previamente inscrito no Cadastro Eleitoral poderá


concorrer a cargos eletivos. O alistamento eleitoral é uma das condições de
elegibilidade. Em outras palavras, só o cidadão, se preencher os demais requisitos,
poderá participar de eleições.

Plenitude do Gozo dos Direitos Políticos

A plenitude de direitos políticos é condição sine qua non para a


elegibilidade. Isso quer dizer que, para o exercício do direito à elegibilidade, o cidadão
não pode incidir em nenhuma das hipóteses de perda ou de suspensão dos direitos
políticos.

Atenção!!! As inelegibilidades não afetam a plenitude do exercício dos


direitos políticos. Somente as hipóteses de perda ou suspensão retiram o pleno gozo
dos direitos políticos. As inelegibilidades constituem restrição somente para o

39
exercício do direito à elegibilidade. O cidadão inelegível poderá exercer os demais
direitos políticos.

Pode-se afirmar que “há pleno exercício dos direitos políticos quando o
cidadão pode exercer o conjunto dos direitos a ele conferidos, tais como exercício do
voto (capacidade eleitoral ativa), de concorrer a cargos eletivos (capacidade eleitoral
passiva), de participar de partidos políticos, de utilizar instrumentos constitucionais e
legais, de ter efetiva participação e influência nas atividades de governo”.

Haverá restrições aos direitos políticos nos casos de perda e suspensão


desses direitos. Essas hipóteses que afastam a plenitude do exercício dos direitos
políticos estão estabelecidas no art. 15 da Constituição Federal. Essa é a redação do
art. 15 da Constituição Federal:

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão


só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus


efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa,


nos termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Domicílio Eleitoral

40
O cidadão somente pode concorrer a cargos eletivos da circunscrição de
seu domicílio eleitoral. O domicílio eleitoral demarca o local da candidatura e do
exercício dos direitos políticos do cidadão.

Mas, o que é domicílio eleitoral? O conceito legal de domicílio eleitoral


está descrito no art. 42, parágrafo único, do Código Eleitoral. Essa é a redação deste
dispositivo legal:

Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor.

Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de


residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de
uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas.

Entretanto, em razão da dinamicidade inerente ao Direito Eleitoral,


além desse conceito legal, o alcance do conceito de domicílio eleitoral foi alargado
pela jurisprudência do TSE. Esse é o conceito de domicílio eleitoral para o TSE:

Domicílio eleitoral. O domicílio eleitoral não se confunde, necessariamente,


com o domicílio civil.

A circunstância de o eleitor residir em determinado município não constitui


obstáculo a que se candidate em outra localidade onde é inscrito e com a
qual mantém vínculos (negócios, propriedades, atividades políticas).

(Recurso Especial nº 18.124, rel. Min. Garcia Vieira, de 16.11.2000)

Pode-se, ainda, compreender o contorno do conceito de domicílio


eleitoral no seguinte julgado:

41
DIREITO ELEITORAL. CONTRADITÓRIO. DEVIDO PROCESSO LEGAL.
INOBSERVÂNCIA. DOMICÍLIO ELEITORAL. CONCEITUAÇÃO E
ENQUADRAMENTO. MATÉRIA DE DIREITO. MÁ-FÉ NÃO CARACTERIZADA.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

I - O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de domicílio do


direito comum, regido pelo Direito Civil. Mais flexível e elástico, identifica-se
com a residência e o lugar onde o interessado tem vínculos políticos e
sociais.

II - Não se pode negar tais vínculos políticos, sociais e afetivos do candidato


com o município no qual, nas eleições imediatamente anteriores, teve ele
mais da metade dos votos para o posto pelo qual disputava.

Filiação Partidária

Para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deverá estar filiado a um


partido político. Isso porque o exercício do direito à elegibilidade depende dos partidos
políticos. Para José Jairo Gomes:

“Por isso, essas entidades tornaram-se peças essenciais no funcionamento


da democracia. Tanto assim que se fala, hoje, em democracia partidária. Não
é possível a representação política fora do partido, já que o artigo 14, § 3º,
V, da Lei Maior erigiu a filiação partidária como condição de elegibilidade. Na
verdade, os partidos detêm o monopólio das candidaturas, de sorte que,
para ser votado, o cidadão deve filiar-se”.

Em razão dessa disposição constitucional, não existe candidatura avulsa.


Em nenhuma circunstância admite-se que um cidadão concorra a cargos eletivos sem
estar previamente filiado a um partido político.

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Em regra, para concorrer a cargos eletivos, o cidadão deve estar filiado
ao respectivo partido político pelo prazo mínimo de seis meses antes da data das
eleições. Esta é a prescrição contida no art. 9º da Lei n. 9.504/97:

Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio


eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano
antes do pleito, e estar com a filiação deferida pelo partido no mínimo seis
meses antes da data da eleição. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

Quanto aos prazos de filiação partidária, veja alguns casos específicos


do acordo com a jurisprudência do TSE:

“Consulta. Militar da ativa. Concorrência. Cargo eletivo. Filiação partidária.


Inexigibilidade. Res.-TSE n. 21.608/2004, art. 14, § 1º. 1. A filiação partidária
contida no art. 14, § 3º, V, Constituição Federal não é exigível ao militar da
ativa que pretenda concorrer a cargo eletivo, bastando o pedido de registro
de candidatura após prévia escolha em convenção partidária (Res.-TSE n.
21.608/2004, art. 14, § 1º).”
(Res. n. 21.787, de 1º.6.2004, rel. Min. Humberto Gomes de Barros.)

“Consulta. Prazo. Filiação partidária. Magistrado. Comprovação.


Afastamento. Função. Magistrado que pretenda se aposentar para
satisfazer a condição de elegibilidade de filiação partidária, objetivando
lançar-se candidato às eleições, somente poderá filiar-se a partido político
depois de publicado o ato que comprove seu afastamento de forma
definitiva e até seis meses antes do pleito que deseja disputar.”
(Res. n. 22.179, de 30.3.2006, rel. Min. Cesar Asfor Rocha.)

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Idade Mínima

Por fim, a última condição de elegibilidade constitucional é a idade


mínima. A idade mínima constitucional está relacionada à “preocupação em se exigir
maior grau de consciência, experiência e maturidade dos candidatos de acordo com a
importância e a complexidade das funções inerentes ao cargo”. (José Jairo Gomes).

São essas as idades mínimas estabelecidas pela Constituição:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e


Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito


Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,


Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

Esse limite etário constitucionalmente estabelecido como condição de


elegibilidade é verificado tendo por referência a data da posse, salvo para os cargos
cuja idade mínima constitucional é 18 anos, conforme prescrição contida no art. 11, §
2º, da Lei n. 9.504/97:

§ 2º A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de


elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse, salvo quando
fixada em dezoito anos, hipótese em que será aferida na data-limite para o
pedido de registro.

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Inelegibilidades

As inelegibilidades são impedimentos para que o nacional possa


concorrer validamente a um mandato eletivo, independentemente de advir de um fato
jurídico lícito ou ilícito. A ilicitude não é da essência do conceito de inelegibilidade.
Inelegibilidade é efeito jurídico, conseqüência atribuída a algum fato ou complexo de
fato descrito na facttispecie da norma eleitoral. Esse é o conceito de inelegibilidade
dado por José Jairo Gomes:

“Denomina-se inelegibilidade ou ilegibilidade o impedimento ao exercício da


cidadania passiva, de maneira que o cidadão fica impossibilitado de ser
escolhido para ocupar cargo político-eletivo. Em outros termos, trata-se de
fator negativo cuja presença obstrui ou subtrai a capacidade eleitoral
passiva do nacional, tornando-o inapto para receber votos e, pois, exercer
mandato representativo. Tal impedimento é provocado pela ocorrência de
determinados fatos previstos na Constituição ou em lei complementar”.

Esse é o conceito jurisprudencial das inelegibilidades dado pelo TSE:

“[...] A inelegibilidade importa no impedimento temporário da capacidade


eleitoral passiva do cidadão, que consiste na restrição de ser votado, não
atingindo, portanto, os demais direitos políticos, como, por exemplo, votar e
participar de partidos políticos. [...]” (Ac. de 3.6.2004 no AgRgAg n. 4.598,
rel. Min. Fernando Neves)

As hipóteses de inelegibilidade são diversas e podem decorrer de


sanção, de relação de parentesco com ocupantes de cargo eletivo, ou até mesmo

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previstas em virtude do exercício de funções, cargos ou empregos que coloquem em
risco a normalidade e legitimidade das eleições.

As inelegibilidades não importam em restrição a todos os direitos


políticos, mas somente o direito de ser votado. Esse é o entendimento do TSE:

“[...] Inelegibilidade. Suspensão. Direitos políticos. Não-configuração. [...] 3.


A inelegibilidade atinge tão-somente o jus honorum, não se impondo – à
míngua de incidência de qualquer das hipóteses do art. 15 da Constituição
Federal – restrição ao direito de filiar-se a partido político e/ou exercer o
direito de votar. [...]”

(Ac. de 18.10.2004 no REspe no 22.014, rel. Min. Caputo Bastos.)

As inelegibilidades podem ser estabelecidas na própria Constituição


Federal ou em lei complementar, nos termos do art. 14, § 9º, da CF.

Inelegibilidades: Classificação

As inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas:

- inelegibilidade absoluta – a inelegibilidade absoluta impede o cidadão de concorrer


para qualquer cargo público eletivo. Enquanto persistir a situação geradora da
inelegibilidade, o cidadão estará impedido de exercer seu direito à elegibilidade. São
exemplos de inelegibilidades absolutas: inalistabilidade e analfabetismo.

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- inelegibilidade relativa – essas hipóteses de inelegibilidade impedem o cidadão de
concorrer a alguns cargos eletivos. Isso quer dizer que a restrição advinda da
inelegibilidade relativa não impedem, por completo, o exercício do direito à
elegibilidade. São exemplos de inelegibilidades relativas: a inelegibilidade para os
mesmos cargos, num terceiro mandato subsequente; a inelegibilidade decorrente da
incompatibilidade; a inelegibilidade decorrente do parentesco.

Inelegibilidades Constitucionais

A Constituição Federal enumera as seguintes hipóteses de


inelegibilidade:

- inalistabilidade;

- analfabetismo;

- inelegibilidade decorrente da reeleição para o terceiro mandato consecutivo;

- inelegibilidade decorrente da incompatibilidade;

- inelegibilidade decorrente do parentesco.

Essas inelegibilidades estão estabelecidas no art. 14, §§ 4 a 7º, da


Constituição Federal, serão estudadas neste tópico.

Inalistáveis

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A inelegibilidade decorrente da inalistabilidade está prevista no art. 14,
§ 4º, da Constituição, nos seguintes moldes:

Art. 14. Omissis

§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Trata-se de inelegibilidade absoluta. Assim, enquanto perdurar o status


de inalistável, não poderá, o pleiteante, concorrer a qualquer cargo.

Você pode perguntar: quem são os inalistáveis? Pelo art. 14, § 2°, da
CF/88, são inalistáveis os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.

Entretanto, a doutrina critica essa previsão constitucional. Isso porque o


inalistável não pode adquirir ou titularizar direitos políticos no Brasil. Isso quer dizer
que ele não pode ficar inelegível. A inelegibilidade é uma causa impeditiva ao direito
de ser votado. Ora, mas como o inalistável estará impedido de exercer um direito que
ele não tem? Trata-se de uma previsão constitucional atécnica. Esse é o ensinamento
de José Jairo Gomes:

“Impende registrar a falta de técnica da Constituição ao erigir o transcrito §


4º, pelo qual são ‘inelegíveis os inalistáveis’. Inalistáveis são os estrangeiros
e, durante o período de serviço militar obrigatório, os conscritos (CF, art. 14,
§ 2º). É assente que alistamento eleitoral condiciona a própria cidadania.
Enquanto o inalistável não apresenta capacidade eleitoral ativa nem passiva,
o inelegível encontra-se privado da segunda. Assim, a tautológica dicção
constitucional afirma ser inelegível aquele que, por ser inalistável, já não o

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seria de qualquer forma. Assevera, em outros termos, ser inelegível o
inelegível”.

Analfabetos

Essa é a previsão contida no art. 14, § 4º, in verbis:

Art. 14. Omissis

§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

A partir dessa norma constitucional, vê-se que o analfabeto não pode


ser candidato. Entretanto, deixe-se claro que o analfabeto tem o direito de votar.

Mas o que é analfabetismo? A controvérsia sobre o conceito do cidadão


analfabeto é tema polêmico e que ainda gera controvérsia na apreciação dos pedidos
de registro de candidatura.

Para alguns, analfabeto é aquele que não sabe ler ou escrever, ou seja,
que não domina o idioma nacional, em face de uma exigência mínima de compreensão
da escrita. É aquele, segundo esse entendimento, que nem sequer sabe escrever o
próprio nome. Para outros, o conceito de analfabetismo é mais abrangente e envolve
os analfabetos funcionais ou os semi-alfabetizados, ou seja, aqueles que – mesmo
sabendo escrever o nome e compreendendo algumas palavras – não possuem a
capacidade, por exemplo, de leitura e compreensão ou redação de um texto. Possuem
séria dificuldade de leitura e também para expressar-se por escrito. José Jairo Gomes
apresenta um conceito geral de analfabeto:

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“De modo geral, pode-se dizer que analfabeto é quem não domina um
sistema escrito de linguagem, carecendo dos conhecimentos necessários
para ler e escrever um texto simples em seu próprio idioma. Assim, a noção
de analfabetismo prende-se ao domínio da escrita e da compreensão de
textos, ainda que singelos. Por outro lado, o domínio de tal sistema em
algum grau justifica o status de alfabetizado – ou, pelo menos, de
semialfabetizado”.

A orientação da jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral é no


sentido de que candidatos semi-alfabetizados – que, ao menos, leiam e escrevam seu
nome ou algumas palavras e disponham de um discernimento mínimo – podem ter o
pedido de registro de candidatura deferido.

A seguir, demonstrar-se-á o entendimento do TSE sobre as formas que


podem ou não comprovar a condição de alfabetizado:

Exercício de Mandato anterior ao pedido de registro de candidatura. Causa


não comprobatória da alfabetização

Súmula TSE nº 15: “O exercício de cargo eletivo não é circunstância


suficiente para em recurso especial. determinar-se a reforma da decisão
mediante a qual o candidato foi considerado analfabeto”.

Ausência de comprovante de escolaridade. Teste de alfabetização

ELEIÇÕES 2008. Agravo regimental. Recurso especial. Registro de


candidatura. Analfabetismo. Art. 29, IV, § 2º, da Res.-TSE nº 22.717.
Declaração de próprio punho. Presença do juiz eleitoral ou de serventuário
da Justiça Eleitoral. Exigência. Teste. Rigor excessivo. Precedente. Outros
meios de aferição. Observância do fim constitucional. Agravo provido.

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1. Na falta do comprovante de escolaridade, é imprescindível que o
candidato firme declaração de próprio punho em cartório, na presença do
juiz ou de serventuário da Justiça Eleitoral, a fim de que o magistrado possa
formar sua convicção acerca da condição de alfabetizado do candidato.

2. "O rigor da aferição no que tange à alfabetização do candidato não pode


configurar um cerceio ao direito atinente à inelegibilidade" (Acórdão nº
30.071, de 14.10.2008, rel. min. Arnaldo Versiani).

3. A norma inscrita no art. 14, § 4º, da Constituição Federal impõe apenas


que o candidato saiba ler e escrever. Para este efeito, o teste de
alfabetização deve consistir em declaração, firmada no cartório eleitoral, na
qual o candidato informa que é alfabetizado, procedendo em seguida à
leitura do documento.

(Agravo Regimental em Recurso Especial nº 30.682, rel. Min. Joaquim


Barbosa, de 27.10.2008)

Teste coletivo de alfabetização. Impossibilidade de realização

REGISTRO. Eleições de 2004. Analfabetismo. Teste. Declaração de próprio


punho. Possibilidade. Recurso provido em parte.

A Constituição Federal não admite que o candidato a cargo eletivo seja


exposto a teste que lhe agrida a dignidade.

Submeter o suposto analfabeto a teste público e solene para apurar-lhe o


trato com as letras é agredir a dignidade humana (CF, art. 1º, III).

Em tendo dúvida sobre a alfabetização do candidato, o juiz poderá submetê-


lo a teste reservado. Não é licito, contudo, a montagem de espetáculo
coletivo que nada apura e só produz constrangimento.

(Recurso Especial nº 21.707, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, de


17.8.2004)

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Reeleição

O art. 14, § 5°, da CF/88, prevê a possibilidade de os chefes do Poder


Executivo poderem concorrer à reeleição. Essa é a redação do dispositivo
constitucional:

Art. 14. Omissis.

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito


Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso
dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.

Essa previsão permite que os Chefes do Poder Executivo possam exercer


dois mandatos consecutivos. No terceiro mandato sucessivo, os ocupantes de cargos
da Chefia do Executivo estarão inelegíveis para o mesmo cargo. A possibilidade de
reeleição para um único período subsequente foi introduzida na CF por meio da EC n.
16/97.

Ao defender a adoção da reeleição no Brasil, Michel Temer aduz:

“A possibilidade da reeleição privilegia, assim, o princípio da participação


popular porque confere ao povo a possibilidade de um duplo julgamento: o
do programa partidário e do agente executor desse programa (chefe do
Poder Executivo). Talvez por essa razão o sistema o sistema jurídico norte-
americano autorize a reeleição. E ninguém pode dizer que ali não se pratica
a democracia.”

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Atenção!!! “Impende destacar que a Constituição Federal não proíbe
que uma mesma pessoa venha a exercer a chefia do Executivo por mais de duas vezes
(três, quatro, cinco vezes); o que se veda e a eleição sucessiva ao terceiro mandato
para o mesmo cargo”. (Vicente de Paulo e Marcelo Alexandrino)

Para concorrer ao mesmo cargo, ou seja, para o exercício do direito à


reeleição, não é necessário o afastamento antecipado do cargo
(desincompatibilização). Logo o titular de cargo de Chefia do Poder Executivo caso
queiram reeleger-se não necessitam afastar-se de seus cargos no prazo de seis meses
antes da data das eleições. Esse é o entendimento do TSE:

7. Não se tratando, no parágrafo 5º do art. 14 da Constituição, na redação


da Emenda Constitucional n. 16/1997, de caso de inelegibilidade, mas, sim,
de hipótese em que se garante elegibilidade dos Chefes dos Poderes
Executivos Federal, Estadual, Distrital, Municipal e dos que os hajam
sucedido ou substituído no curso dos mandatos, para o mesmo cargo, para
um período subsequente, bem de entender e que não cabe exigir-lhes
desincompatibilização para concorrer ao segundo mandato, assim
constitucionalmente autorizado. 8. Cuidando-se de caso de elegibilidade,
somente a constituição poderia, de expresso, estabelecer o afastamento no
prazo por ela estipulado, como condição para concorrer a reeleição prevista
no paragrafo 5º do art. 14, da Lei Magna, na redação atual.

Por sua vez, se os Chefes do Poder Executivo (Presidente, Governador e


Prefeito) quiserem os concorrer a outros cargos devem renunciar aos respectivos
mandatos até 6 meses antes do pleito, nos termos do art. 14, § 6º, da CF:

Art. 14. Omissis

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§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

Pela norma constitucional em análise, o Presidente, Governador e


Prefeito, bem como os respectivos vices, podem candidatar para o mesmo cargo para
um único período subsequente. Para o terceiro mandato consecutivo estarão
inelegíveis.

Atenção!!! A proibição de concorrer para três mandatos consecutivos


somente se aplica aos Chefes do Poder Executivo. Essa norma constitucional não se
aplica aos membros do Poder Legislativo. Os deputados federais, estaduais e distritais,
os senadores e vereadores podem se reeleger por vários mandatos consecutivos.

A partir da análise dessa disposição constitucional podemos chegar às


seguintes conclusões (José Jairo Gomes):

a) O titular do Poder Executivo e o vice podem reeleger-se aos mesmos


cargos uma só vez;
b) Cumprido o segundo mandato, o titular não poderá candidatar-se
novamente nem ao cargo de titular nem ao de vice;
c) Nesse caso, o titular poderá candidatar-se a outro cargo, devendo,
porém, desincompatibilizar-se, renunciando ao mandato até seis meses antes
do pleito;
d) Se o vice substituir o titular nos seis meses anteriores à eleição ou
sucedê-lo em qualquer época, poderá concorrer ao cargo de titular, vedadas,
nesse caso, a reeleição e a possibilidade de concorrer novamente ao cargo de
vice, pois isso implicaria ocupar o mesmo cargo eletivo por três vezes;

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e) Se o vice não substituir o titular nos últimos seis meses do mandato nem
sucedê-lo, poderá concorrer ao lugar do titular (embora não lhe seja dado
concorrer ao mesmo cargo de vice), podendo, nesse caso, candidatar-se à
reeleição; assim poderá cumprir dois mandatos como vice e dois como titular.
f) É impossível que o Chefe do Poder Executivo, que esteja exercendo seu
segundo mandato sucessivo, vir a candidatar-se, no período imediatamente
subsequente, à vice-chefia.
g) Se o vice-Chefe do Poder Executivo somente substituiu o titular, não
houve exercício efetivo e definitivo do cargo para fins de reeleição, podendo
ser candidato à chefia do Executivo e, se eventualmente eleito, poderá disputar
sua própria reeleição. Esse é o entendimento do STF:

CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. VICE-GOVERNADOR ELEITO DUAS VEZES


CONSECUTIVAS: EXERCÍCIO DO CARGO DE GOVERNADOR POR SUCESSÃO
DO TITULAR: REELEIÇÃO: POSSIBILIDADE. CF, art. 14, § 5º. I. - Vice-
governador eleito duas vezes para o cargo de vice-governador. No segundo
mandato de vice, sucedeu o titular. Certo que, no seu primeiro mandato de
vice, teria substituído o governador. Possibilidade de reeleger-se ao cargo
de governador, porque o exercício da titularidade do cargo dá-se mediante
eleição ou por sucessão. Somente quando sucedeu o titular é que passou a
exercer o seu primeiro mandato como titular do cargo. II. - Inteligência do
disposto no § 5º do art. 14 da Constituição Federal. III. - RE conhecidos e
improvidos. (RE n. 366.488, Julgado em 4.10.2005)

A jurisprudência recente do Tribunal Superior Eleitoral assentou que a


possibilidade de reeleição ao mesmo cargo do Poder Executivo é única, não podendo o
candidato, inclusive, pretender concorrer a esse mesmo mandato em município
diverso. A esse respeito veja o seguinte julgado do TSE:

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RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2008. REGISTRO CANDIDATURA. PREFEITO.
CANDIDATO À REELEIÇÃO. TRANSFERÊNCIA DE DOMICÍLIO PARA OUTRO
MUNICÍPIO. FRAUDE CONFIGURADA. VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NO § 5º DO
ART. 14 DA CB. IMPROVIMENTO.

1. Fraude consumada mediante o desvirtuamento da faculdade de


transferir-se domicílio eleitoral de um para outro Município, de modo a
ilidir-se a incidência do preceito legal disposto no § 5º do artigo 14 da CB.

2. Evidente desvio da finalidade do direito à fixação do domicílio eleitoral.

3. Recurso a que se nega provimento.

(Recurso Especial nº 35.207, rel. Min. Eros Grau, de 17.12.2008)

Inelegibilidade Reflexa

A inelegibilidade reflexa, também denominada de inelegibilidade


decorrente do parentesco ou por afinidade, está prevista no art. 14, § 7º, CF/88, com o
seguinte teor:

Art. 14. Omissis.

§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os


parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.

Para a configuração da inelegibilidade reflexa alguns requisitos devem


ser preenchidos. São eles:

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- o titular paradigma deve ser ocupante de cargo eletivo no Poder Executivo
(Presidente, Governador ou Prefeito);

- devem ser cônjuge ou parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção;

- desejam concorrer a qualquer cargo eletivo no âmbito territorial em que o titular


exerça o seu mandato. Ex. parentes do Prefeito não podem concorrer a cargos eletivos
no Município que o titular exerce o mandato; parentes do Governador não podem
eleger-se no Estado que o titular exerce o mandato; os parentes do Presidente da
República não podem concorrer a nenhum cargo eletivo, em razão de o titular exercer
seu mandato em todo o país.

- aplica-se aos parentes dos que houverem substituído o Chefe do Executivo nos seis
meses anteriores ao pleito (período de desincompatibilização).

A norma constitucional prescreve que são inelegíveis os cônjuges. A


relação de cônjuge surge a partir do matrimônio. Entretanto, o TSE, por meio de sua
jurisprudência, entende que essa inelegibilidade também será aplicável nas seguintes
situações:

- aplica-se aos companheiros na hipótese de união estável;

- “Os sujeitos de uma relação homossexual, à semelhança do que ocorre com os de


relação estável, de concubinato e de casamento, submetem-se à regra de
inelegibilidade prevista no art. 14, § 7°, da Constituição Federal” (REspe 24654, rel.
Min. Gilmar Mendes);
- “A união estável atrai a incidência da inelegibilidade por parentesco, com a ressalva
de que o mero namoro não se enquadra nessa hipótese” (Respe 24672);

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- Súmula Vinculante 18, STF – A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no
curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da
Constituição Federal;

- é inelegível para o cargo de prefeito de município resultante de desmembramento


territorial o irmão do atual Chefe do Poder Executivo do município-mãe (RE n. 158314,
julgado em 15.12.1992);

Por sua vez, não teremos a configuração da inelegibilidade reflexa nas


seguintes situações:

- O parentesco com o Vice não gera inelegibilidade, a menos que ele tenha substituído
ou sucedido o titular dentro dos seis meses anteriores ao pleito;

- Não gera a inelegibilidade o parentesco com os auxiliares do titular;

- O cônjuge e os parentes, consangüíneos ou afins, até o segundo grau, são elegíveis no


território de jurisdição do titular, desde que este não esteja no exercício de mandato
fruto de reeleição. [...]” (Res. N. 21.786, de 1o.6.2004, rel. Min. Humberto Gomes de
Barros.);

A inelegibilidade reflexa, como visto, impede que os parentes


consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, de Chefes do Poder
Executivo possam concorrer a cargos públicos eletivos no território em que o titular
exerce o mandato. Entretanto, segundo a própria norma constitucional traz uma
exceção à incidência dessa inelegibilidade. Para tanto, basta que o parente do Titular
do Poder Executivo seja ocupante de um cargo eletivo e candidate-se à reeleição.

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Atenção!!! Para a incidência dessa exceção, é necessário que o parente
do Chefe do Poder Executivo candidate-se à reeleição. Isso quer dizer que deve
concorrer ao mesmo cargo eletivo. Não poderá concorrer a cargo diverso.

Há também outra forma de se afastar a incidência dessa inelegibilidade.


Nesse caso, basta que o titular paradigma, Chefe do Poder Executivo,
desincompatibiliza-se até seis meses antes da data da eleição. A esse respeito, veja o
ensinamento de Alexandre de Moraes:

“Dessa forma, se o chefe do Poder Executivo renunciar seis meses antes da


eleição, seu cônjuge e parente ou afins até segundo grau poderão
candidatar-se a todos os cargos eletivos, inclusive à Chefia da Executivo até
então por ele ocupada, desde que esse pudesse concorrer a sua própria
reeleição, afastando-se totalmente a inelegibilidade reflexa.

Caso, porém, o Chefe do Poder Executivo estiver exercendo o 2º mandato


consecutivo, a renúncia não terá nenhum efeito para a finalidade de afastar
a inelegibilidade reflexa quanto a disputa para a chefia do Executivo. Nessa
hipótese, se ao próprio chefe do Executivo está vedada a tentativa de
perpetuação no cargo por mais de dois mandatos, igualmente, não se
permitirá essa continuidade via reflexa.”

Sobre a possibilidade dos parentes do Chefe do Poder Executivo


poderem concorrer ao mesmo cargo ocupado pelo titular paradigma, esse é o
entendimento do STF:

Elegibilidade: cônjuge e parentes do chefe do Poder Executivo: elegibilidade para


candidatar-se à sucessão dele, quando o titular, causador da inelegibilidade,
pudesse, ele mesmo, candidatar-se à reeleição, mas se tenha afastado do cargo até
seis meses antes do pleito. 1. A evolução do Direito Eleitoral brasileiro, no campo

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das inelegibilidades, girou durante décadas em torno do princípio basilar da
vedação de reeleição para o período imediato dos titulares do Poder Executivo:
regra introduzida, como única previsão constitucional de inelegibilidade, na
primeira Carta Política da República (Const. 1891, art. 47, § 4º), a proibição se
manteve incólume ao advento dos textos posteriores, incluídos os que regeram as
fases de mais acendrado autoritarismo (assim, na Carta de 1937, os arts. 75 a 84,
embora equívocos, não chegaram à admissão explícita da reeleição; e a de 1969
(art. 151, § 1º, a) manteve-lhe o veto absoluto). 2. As inspirações da
irreelegibilidade dos titulares serviram de explicação legitimadora da
inelegibilidade de seus familiares próximos, de modo a obviar que, por meio da
eleição deles, se pudesse conduzir ao continuísmo familiar. 3. Com essa tradição
uniforme do constitucionalismo republicano, rompeu, entretanto, a EC 16/97, que,
com a norma permissiva do § 5º do art. 14 CF, explicitou a viabilidade de uma
reeleição imediata para os Chefes do Executivo. 4. Subsistiu, no entanto, a letra do
§ 7º, atinente a inelegibilidade dos cônjuges e parentes, consangüíneos ou afins,
dos titulares tornados reelegíveis, que, interpretado no absolutismo da sua
literalidade, conduz a disparidade ilógica de tratamento e gera perplexidades
invencíveis. 5. Mas, é lugar comum que o ordenamento jurídico e a Constituição,
sobretudo, não são aglomerados caóticos de normas; presumem-se um conjunto
harmônico de regras e de princípios: por isso, é impossível negar o impacto da
Emenda Constitucional nº 16 sobre o § 7º do art. 14 da Constituição, sob pena de
consagrar-se o paradoxo de impor-se ao cônjuge ou parente do causante da
inelegibilidade o que a este não se negou: permanecer todo o tempo do mandato,
se candidato à reeleição, ou afastar-se seis meses, para concorrer a qualquer outro
mandato eletivo. 6. Nesse sentido, a evolução da jurisprudência do TSE, que o STF
endossa, abandonando o seu entendimento anterior. (RE n. 344882, Julgado em
07.04.2003)

Elegibilidade do Militar

60
O militar alistável é elegível. Isso quer dizer que a única espécie de
militar que não pode candidatar-se a cargos eletivos é o conscritos. Todos os demais
militares, não importa a Força ou a patente, são elegíveis.

Entretanto, a elegibilidade dos militares depende do atendimento dos


seguintes requisitos inscritos no art. 14, § 8º:

Art. 14. Omissis.

§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e,
se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

Há uma restrição constitucional para que o militar possa filiar-se a


partidos políticos estatuída no art. 142, § 3º, inc. V, e no art. 42, § 1º, ambos da
Constituição Federal.

Surge uma dúvida: A filiação partidária é uma das condições de


elegibilidade e não existe candidatura avulsa. Como o militar poderá concorrer a
cargos eletivos se não pode filiar-se a partidos políticos? Essa pergunta foi respondida
pelo TSE nos seguintes termos:

Militar da ativa (subtenente), com mais de dez anos de serviço. Sendo alistável e
elegível, mas não filiável, basta-lhe, nessa condição excepcional, como suprimento
da prévia filiação partidária, o pedido do registro da candidatura, apresentado pelo
partido e autorizado pelo candidato. Só a partir do registro da candidatura e ate a
diplomação ou o regresso a Força Armada, manter-se-á o candidato na condição de

61
agregado (cf, art. 14, parágrafos 3º, V, e 8, II e art. 42, parag. 6º; CE, art. 5º,
parágrafo único e Lei n. 6.880/80, art. 82, XIV e parag. 4º). (Acórdão n. 11.314)

Inelegibilidades infraconstitucionais

A previsão de criação de inelegibilidade infraconstitucionais está


prevista no art. 14, § 9º, da CF. Essa é a redação do dispositivo constitucional:

Art. 14. Omissis

§ 9°. Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os


prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a
moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência
do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego
na administração direta ou indireta.

A partir dessa disposição constitucional, vê-se que há uma permissão


constitucional para que se crie novas hipóteses de inelegibilidade, desde que
observadas as seguintes regras:

- as inelegibilidades infraconstitucionais somente podem ser criadas por meio de lei


complementar;

Atenção!!! As condições de elegibilidade podem ser criadas por meio de lei ordinária.
Por outro lado, as inelegibilidade somente podem ser criadas por meio de lei
complementar.

62
- as inelegibilidades infraconstitucionais precisam ter prazos de cessação;

- as inelegibilidades infraconstitucionais serão criadas para a proteção dos seguintes


princípios constitucionais:

 Probidade administrativa;
 Moralidade para o exercício de mandato eletivo considerada
a vida pregressa do candidato; e a
 Normalidade e legitimidade das eleições contra a influência
do poder econômico ou o abuso do exercício de função,
cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

Sobre a aplicabilidade do art. 14, § 9º, da CF, esse é o entendimento do


STF:

(1) a regra inscrita no § 9º do art. 14 da Constituição, na redação dada pela


Emenda Constitucional de Revisão nº 4/94, não é auto-aplicável, pois a
definição de novos casos de inelegibilidade e a estipulação dos prazos de
sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa e a moralidade
para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato,
dependem, exclusivamente, da edição de lei complementar, cuja ausência
não pode ser suprida mediante interpretação judicial. (Rcl. n. 6534, julgado
em 25.9.2008)

Restrição dos Direitos Políticos

63
Os direitos políticos são espécie de direitos fundamentais. Essa
constatação pode ser confirmada a partir da análise de sua topografia na Constituição.
O Título II da CF trata dos Direitos e Garantias Fundamentais e é subdividido em 5
capítulos. São eles:

- Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos;

- Capítulo II – Dos Direitos Sociais;

- Capítulo III – Da Nacionalidade;

- Capítulo IV – Dos Direitos Políticos;

- Capítulo V – Dos Partidos Políticos.

Os direitos políticos possuem natureza jurídica de direitos


fundamentais. Isso quer dizer que somente se admite restrição de direitos políticos nas
hipóteses previstas na própria Constituição ou nas espécies normativas permitidas no
Texto Constitucional.

Os direitos políticos podem ser restringidos por meio de 4 tipos de


institutos. São eles:

- cassação de direitos políticos;

- perda dos direitos políticos;

- suspensão de direitos políticos;

- inelegibilidades.

64
As inelegibilidades já foram estudadas no subtítulo anterior. Remetemos
você para lá e faça um estudo pormenorizado desse importante instituto restritivo do
exercício dos direitos políticos passivos.

Quanto à cassação, esta forma de restrição foi proibida em nosso


ordenamento jurídico. Sobre a cassação de direitos políticos, veja o que diz Roberto
Moreira Almeida:

“É expressamente vedada a cassação de direitos políticos no Brasil (CF, art.


15, caput). Ocorreu, por exemplo, quando da vigência da Constituição
Federal de 1967, com a edição do Ato Institucional n. 5 (AI-5, art. 5º) pelo
Governo Militar, que cassou, por ato administrativo, os direitos políticos de
inúmeros brasileiros”.

O tema perda e suspensão dos direitos políticos é tratado no art. 15 da


Constituição Federal, nos seguintes termos:

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão


só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus


efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa,


nos termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

65
Vamos, a partir de agora, estudar os institutos perda e suspensão dos
direitos políticos.

Perda dos Direitos Políticos

A perda dos direitos políticos é uma hipótese de restrição definitiva dos


direitos políticos. Segundo José Jairo Gomes, “perder é deixar de ter, possuir, deter ou
gozar algo; é ficar privado. Como é óbvio, só se perde o que se tem. A ideia de perda
liga-se à definitividade; a perda é sempre permanente, embora se possa recuperar o
que se perdeu”.

São hipóteses de perda de direitos políticos segundo a doutrina:

- cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado – essa é uma


hipótese lógica de perda dos direitos políticos. Isso porque a nacionalidade é
pressuposto da cidadania brasileira. Em razão da perda da nacionalidade brasileira,
perde-se a condição necessária para a manutenção da cidadania brasileira. Esse fato
acarreta a perda dos direitos políticos.

- perda da nacionalidade brasileira por aquisição de outra nacionalidade – essa


hipótese é descrita por Alexandre de Moraes, nos seguintes termos:

“Tanto a perda quanto a suspensão dos direitos políticos, como já


ressaltado, somente poderão ocorrer nos casos taxativamente previstos na
Constituição. Logicamente, não necessariamente nas previsões do art. 15,
como é o caso da hipótese prevista no art. 12, § 4º, II. Assim, determina essa

66
norma legal que será declarada a perda da nacionalidade brasileira
administrativamente, quando a pessoa adquirir outra nacionalidade por
naturalização voluntária. Como consequência desta alteração em sua
condição jurídica, tornando-se estrangeiro, por óbvio não mais terá direitos
políticos no Brasil”.

- recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos


do art. 5º, VIII – a Constituição Federal, em seu art. 5º, inc. VII, confere o direito de
escusa de consciência, nos seguintes termos:

Art. 5º. Omissis

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de


convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei;

Esse direito permite que a pessoa se recuse a cumprir a obrigação legal


a todos imposta. Entretanto, caso decida exercê-lo estará obrigado a efetuar a
prestação alternativa.

A partir de uma interpretação meramente gramatical do art. 15, inc. IV,


da CF, poder-se-ia concluir que a mera recusa do cumprimento da obrigação legal a
todos imposta geraria a perda dos direitos políticos. Isso porque, de acordo com essa
regra constitucional, gera restrição dos direitos políticos a “recusa de cumprir
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa”. A norma constitucional usa uma
conjunção alternativa, ou seja, ou um fato ou o outro atrairia a incidência da norma
constitucional.

67
Não obstante, não se pode interpretar a CF de forma simplesmente
literal. Deve-se fazer uma interpretação sistemática para se chegar às consequências
jurídicas desejadas pelo legislador constituinte.

Desse modo, o exercício de um direito (escusa de consciência) não pode


gerar a restrição de direitos políticos. Para a ocorrência dessa hipótese de restrição de
direitos políticos é necessário o preenchimento de dois requisitos:

- recusa do cumprimento da obrigação legal a todos imposta;

- recusa à prestação alternativa fixada em lei.

Há um dissenso doutrinário sobre a classificação dessa hipótese de


restrição dos direitos políticos. Parte da doutrina a classifica-a como hipótese de perda
dos direitos políticos. Essa é a posição dominante. Parte minoritária classifica essa
hipótese como sendo de suspensão dos direitos políticos. A respeito dessa contrivéria,
veja:

“Existe um dissenso doutrinário sobre se a escusa de consciência seria caso


de suspensão ou perda dos direitos políticos. Alexandre de Moraes, José
Afonso da Silva, Manoel Gonçalves Ferreira Filho e Celso Ribeiro Bastos
entendem que é caso de privação definitiva (perda) dos direitos políticos. Já
Sylvio Motta, William Douglas, Joel José Cândido, Marcos Ramayana,
Francisco Dirceu de Barros, Thales Tácito Cerqueira e Camila Albuquerque
Cerqueira classificam a hipótese como de suspensão dos direitos políticos”.
(Roberto Moreira de Almeida)

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Suspensão dos Direitos Políticos

A suspensão dos direitos políticos é uma restrição temporária do


exercício dos direitos políticos. Dirley da Cunha Júnior faz uma importante distinção
entre cassação, perda e suspensão dos direitos políticos:

“Distinguem-se a perda e a suspensão dos direitos políticos. A perda é


privação definitiva e permanente, enquanto a suspensão é privação
temporária. Não se confundem perda e suspensão dos direitos políticos com
cassação dos direitos políticos. Perda e suspensão dos direitos políticos são
privações da cidadania autorizadas pela Constituição, que só podem ocorrer
diante das hipóteses excepcionalmente indicadas por ela. Cassação dos
direitos políticos é privação abusiva, ao desamparo abusiva, ao desamparo
da Constituição, muito utilizada durante o regime da ditadura militar que
assolou o país, sobretudo no período de 1960 e 1970. Por isso mesmo, é
expressamente vedada pela Constituição”.

A doutrina aponta que ocorre a suspensão dos direitos políticos nas


seguintes hipóteses:

- incapacidade civil absoluta – após a declaração da incapacidade civil absoluta, nos


termos dos arts. 1.767 e ss. do Código Civil, mediante sentença que decreta a
interdição, tem-se a suspensão dos direitos políticos, que perdurará enquanto
durarem os efeitos da interdição.

- condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos – todos


os cidadãos que forem condenados pela prática de um crime, a partir do trânsito em
julgado da sentença, estarão com os direitos políticos suspensos, de forma automática.

69
Essa suspensão durará pelo prazo de cumprimento da pena até a extinção da
punibilidade. Sobre essa hipótese constitucional de restrição dos direitos políticos,
ensina Alexandre de Moraes:

“O art. 15, inciso II, da Constituição é autoaplicável, sendo consequência


direta e imediata da decisão condenatória transitada em julgado, não
havendo necessidade de manifestação expressa a respeito de sua incidência
na decisão condenatória e prescindindo-se de quaisquer formalidades.
Assim, a condenação criminal transitada em julgado acarreta a suspensão
dos direitos políticos pelo tempo, independentemente de estar em curso
ação de revisão criminal”.

Não importa a classificação do crime ensejador da sentença


condenatória, se culposo ou doloso, pois quaisquer deles, em caso de condenação,
acarreta a suspensão dos direitos políticos. Não importa a pena, se detenção, reclusão
ou multa. A incidência dessa hipótese de restrição de direitos políticos independe do
tipo de crime ou do tipo de pena. Basta a condenação criminal transitada em julgado
para a restrição temporária dos direitos políticos.

Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco apresentam uma


controvérsia sobre a aplicabilidade dessa disposição constitucional:

“Lavrou-se controvérsia sobre a subsistência ou não dos direitos políticos


durante a vigência da suspensão condicional da pena (sursis). Diante da
regra clara do próprio Código Penal, que não estende os efeitos do sursis às
penas restritivas de direito, como é o caso da suspensão dos direitos
políticos (CP, arts. 43, II, 47, I e 80), afigura-se inequívoco que a suspensão
condicional da pena não interfere na suspensão dos direitos políticos
enquanto efeito da condenação”.

70
Outra controvérsia interpretativa surgiu sobre a possibilidade de
aplicabilidade dessa restrição dos direitos políticos quando houver aplicação de
medida de segurança. Nesse caso, a dúvida é saber se a sentença absolutória
imprópria atrai a incidência dessa hipótese de suspensão dos direitos políticos. Sobre
esse assunto, veja o seguinte julgado do TSE:

“MEDIDA DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS. NATUREZA


CONDENATÓRIA. POSSIBILIDADE.

Não obstante tratar-se de sentença absolutória imprópria, a decisão que


impõe medida de segurança ostenta natureza condenatória, atribuindo
sanção penal, razão por que enseja suspensão de direitos políticos nos
termos do art. 15, III, da Constituição Federal”. (PA n. 19.297, DJ de
11.4.2006)

Também, instaurou-se controvérsia sobre a incidência dessa hipótese


em caso de condenação pela prática de contravenção penal. Veja o seguinte julgado
do TSE:

RECURSO ESPECIAL. CANDIDATO CONDENADO PELA PRÁTICA DE


CONTRAVENÇÃO PENAL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 15, INCISO III.

A DISPOSIÇÃO CONSTITUCIONAL, PREVENDO A SUSPENSÃO DOS DIREITOS


POLÍTICOS, AO REFERIR-SE A CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM
JULGADO, ABRANGE NÃO SÓ AQUELA DECORRENTE DA PRÁTICA DE CRIME,
MAS TAMBÉM A DE CONTRAVENÇÃO PENAL.

(Recurso Especial nº 13.293, rel. Min. Eduardo Ribeiro, de 7.11.1996)

71
- improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º - de acordo com o art. 37, §
4º, da Constituição Federal, os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
da sanção penal cabível.

Veja que, dentre outras consequências jurídicas, a condenação pela


prática de improbidade administrativa poderá acarretar a suspensão dos direitos
políticos pelo prazo estabelecido em lei e fixado em sentença.

Diferentemente da suspensão dos direitos políticos decorrente da


condenação criminal transitada em julgado, nessa hipótese, a restrição dos direitos
políticos não é automática e depende de expresso estabelecimento em sentença com
a devida fundamentação. A esse respeito, veja a lição de Carlos Eduardo de Oliveira
Lula:

“Na forma do art. 20 da Lei n. 8.429/92, a suspensão dos direitos políticos só


se dará após o trânsito em julgado da decisão e, contrariamente ao que
ocorre com a sentença criminal transitada em julgado, não é efeito
automático da condenação por improbidade administrativa, devendo
expressamente constar na decisão para que ocorra”.

72
Questões de Concursos – Direitos Políticos

1 – A capacidade eleitoral passiva é concernente ao direito político classificado por

a) plebiscito.

b) referendo.

c) participação partidária.

d) alistabilidade.

e) elegibilidade.

2 –Luis vinha disputando as prévias do seu partido para se lançar candidato a senador da
República. Contudo, uma semana antes de o partido escolher seu candidato ao cargo, Luis foi
condenado à pena privativa de liberdade por crime de lesão corporal culposa. Seus advogados
interpuseram o recurso cabível, do qual se aguarda julgamento.

Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.

a) A condenação imposta a Luis não terá reflexos na sua pretensão política, visto que a
sentença foi omissa quanto a perda dos direitos políticos.

b) A condenação imposta a Luis somente terá efeitos após o trânsito em julgado.

c) A condenação imposta a Luis não terá reflexos na sua pretensão política, já que a
condenação por crime culposo não acarreta a perda dos direitos políticos.

d) A condenação imposta a Luis somente terá efeitos se ele for condenado a cumprir a pena
em regime fechado, pois, se obtiver qualquer benefício processual que lhe possibilite cumprir
a pena em liberdade seus direitos políticos permanecerão intactos.

3 – Constitui meio de exercício da soberania popular, previsto na Constituição Federal, dentre


outros,

a) a lei delegada.

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b) o plebiscito.

c) a resolução.

d) a medida provisória.

e) a lei ordinária.

4 – Relativamente aos partidos políticos, assinale a afirmativa incorreta.

a) É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
disciplina e fidelidade partidária.

b) É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a


soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de
recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo
com a lei.

c) Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e
à televisão, na forma da lei.

d) Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, deverão
coletar assinaturas de pelo menos 3% (três por cento) dos eleitores regulamente inscritos na
justiça eleitoral de no mínimo 7 (sete) Estados ou Territórios para que seus estatutos possam
ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral e os partidos sejam como tal reconhecidos pela
lei eleitoral.

e) É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

5 Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos políticos constitucionais.

a) Os analfabetos são inelegíveis e inalistáveis.

74
b) Os militares são alistáveis, mas inelegíveis.

c) O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
corrupção ou fraude.

d) A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor


por perdas e danos se a ação for julgada manifestamente improcedente, sem prejuízo da sua
responsabilidade penal.

e) A cassação de direitos políticos se dará, entre outras hipóteses, no caso de condenação


criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos, ou por condenação judicial
definitiva em decorrência da prática de improbidade administrativa.

6 – Assinale a alternativa correta quanto aos direitos políticos.

a) A lei que altera o processo eleitoral só entrará em vigor um ano após sua promulgação.

b) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros, analfabetos e, durante o período


militar obrigatório, os conscritos.

c) A idade mínima para elegibilidade do Presidente e Vice-Presidente da República é de 30


(trinta) anos.

d) São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos


ou afins, até terceiro grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
Estado ou Território, do Distrito Federal ou de Prefeito.

e) A perda ou suspensão de direitos políticos pode ocorrer por incapacidade civil absoluta, por
recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa ou por improbidade
administrativa.

7 – Acerca da nacionalidade e dos direitos políticos, assinale a opção correta.

a) Lei complementar é a única espécie normativa autorizada pela CF para disciplinar a criação
de outros casos de inelegibilidade relativa, além dos já previstos na própria CF.

75
b) A condenação criminal com trânsito em julgado configura hipótese de perda dos direitos
políticos.

c) Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada a sua


naturalização, por decisão administrativa, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional, desde que devidamente comprovada no respectivo processo administrativo.

d) A capacidade eleitoral ativa é suficiente para a aquisição da capacidade eleitoral passiva.

e) São relativamente inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

8 – Será considerado inelegível, nos termos da Constituição da República,

a) o Governador de Estado no exercício de seu primeiro mandato que, pretendendo a


reeleição, não renunciar até seis meses antes do pleito.

b) o Deputado Federal no exercício de segundo mandato consecutivo que pretenda reeleger-


se.

c) quem tenha sido condenado criminalmente por decisão judicial, mesmo que ainda não
transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.

d) brasileiro naturalizado que queira candidatar-se a uma vaga no Senado Federal.

e) o filho adotado de Governador do Estado que pretenda candidatar-se a Prefeito da Capital


do Estado.

9 – Segundo a Constituição Federal o alistamento eleitoral e o voto são:

a) obrigatórios para os maiores de dezesseis anos.

b) facultativos para os estrangeiros residentes no país há mais de três anos.

c) facultativos para os analfabetos e os conscritos durante o serviço militar obrigatório.

d) obrigatório o alistamento e facultativo o voto dos maiores de dezesseis e menores de


dezoito anos.

e) facultativos para os maiores de setenta anos.

76
10 – Com referência à nacionalidade e aos direitos políticos, assinale a opção correta.

a) O asilo político, princípio fundamental nas relações internacionais do Brasil, impede, em


caráter absoluto, a extradição.

b) A regra constitucional que impõe ao prefeito o dever de renunciar ao respectivo mandato


até seis meses antes do pleito para concorrer a outros cargos não se estende à hipótese em
que ele pretenda candidatar-se ao mesmo cargo em outro município.

c) Os policiais militares, em qualquer nível da carreira, são alistáveis.

d) O cancelamento da naturalização por decisão administrativa transitada em julgado constitui


uma das hipóteses de perda de direitos políticos.

e) A CF veda a distinção entre brasileiros natos e naturalizados, estendendo a ambos a garantia


da não extraditabilidade.

11 – Sobre os direitos Políticos previstos na Constituição Federal de 1988, considere:

I. O Prefeito de um determinado Município pretende concorrer à reeleição nas eleições deste


ano de 2012 e, para tanto, será obrigado a se desincompatibilizar, renunciando ao seu
mandato seis meses antes do pleito.

II. A inelegibilidade do cônjuge no território de jurisdição do titular não é afastada com a


dissolução do vínculo conjugal no curso do mandato.

III. O cancelamento da naturalização de um indivíduo por decisão do Presidente da República


ensejará a perda dos seus direitos políticos.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) II.

b) I e II.

c) II e III.

d) I e III.

77
12 – Paulo é candidato ao cargo de Prefeito de um determinado Município. Durante a
campanha, Paulo é acusado de praticar corrupção, mas acaba eleito pelo voto popular. José, o
candidato derrotado, neste caso, poderá impugnar o mandato eletivo de Paulo ante a Justiça
Eleitoral, instruída a ação com provas da corrupção, no prazo de

a) dez dias contados da posse, tramitando a ação em segredo de justiça, respondendo o autor,
na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

b) quinze dias contados da posse, tramitando a ação em segredo de justiça, respondendo o


autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

c) trinta dias contados da posse, somente tramitando a ação em segredo de justiça a


requerimento do interessado, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé.

d) trinta dias contados da diplomação, somente tramitando a ação em segredo de justiça a


requerimento do interessado, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé.

e) quinze dias contados da diplomação, tramitando a ação em segredo de justiça, respondendo


o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

13 – Eros é Prefeito de determinado Município, em exercício de primeiro mandato. Durante o


segundo ano de mandato, ele e sua esposa Psiquê, ocupante de cargo efetivo na
administração direta local, se divorciam, em decorrência de divergências políticas. Poucos
meses depois, ela se filia ao partido de oposição ao ex-marido, pelo qual pretende candidatar-
se à chefia do Executivo municipal, no próximo pleito, concorrendo com Eros, que tentará a
reeleição.

Considerando a disciplina constitucional da matéria e a jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal a esse respeito, analise:

I. Para concorrer à reeleição, Eros deveria renunciar ao mandato até seis meses antes do
pleito.

78
II. Caso Eros exerça o mandato até o fim, Psiquê estará impedida de candidatar-se a cargos
eletivos no Município em que o ex-marido é Prefeito, não obstante tenha se divorciado dele
no curso do mandato.

III. A condição de ex-esposa de Eros não impede que Psiquê pleiteie cargos eletivos nas esferas
estadual ou federal, mesmo que ele venha a se reeleger, mas caso Psiquê se eleja, ficará
afastada do cargo que ocupa na Administração direta local.

Está correto o que consta APENAS em

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e III.

e) II e III.

14 – Assinale a alternativa correta no que diz respeito às previsões da Constituição da


República acerca dos direitos políticos.

a) Os estrangeiros podem alistar-se como eleitores, desde que quites com as respectivas
obrigações eleitorais do país de origem.

b) A idade mínima para se eleger Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito, Vereador e Juiz de Paz é de vinte e um anos.

c) O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
corrupção ou fraude.

d) O alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os maiores de sessenta anos.

15 – Sobre os direitos políticos previstos na Constituição, é correto afirmar:

a) que a soberania popular será exercida, independentemente de qualquer disposição


legislativa infraconstitucional, mediante plebiscito ou referendo.

79
b) que o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os analfabetos funcionais.

c) que, nos termos da lei, é condição de elegibilidade, dentre outras, a nacionalidade brasileira
nata.

d) que o militar alistável é elegível, atendida, dentre outras, a condição de que, se contar com
menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade.

e) é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará havendo


condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos.

16 – Sobre os direitos políticos, é correto afirmar que

a) a inelegibilidade absoluta é excepcional e somente pode ser estabelecida, taxativamente,


em lei ordinária específica.

b) a Constituição determina que não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,


durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. Não se enquadra no conceito
de conscritos os médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que prestam serviço militar
obrigatório.

c) é garantido o exercício do direito ao voto em plebiscitos e referendos. Enquanto o


plebiscito é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao
povo a respectiva ratificação ou rejeição, o referendo é convocado com anterioridade a ato
legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha
sido submetido.

d) segundo a doutrina, o sufrágio restrito poderá ser censitário, quando o nacional tiver que
preencher qualificação econômica, ou capacitário, quando necessitar apresentar alguma
característica especial (natureza intelectual por exemplo).

e) a inelegibilidade absoluta, a despeito da denominação absoluta, não consiste em


impedimento eleitoral para todos os cargos eletivos.

17 – Nos termos da Constituição Federal, são condições de elegibilidade para Senador, quanto
à idade e à nacionalidade, respectivamente, ter, no mínimo,

80
a) trinta e cinco anos e ser brasileiro nato.

b) trinta anos e ser brasileiro nato.

c) dezoito anos e ser brasileiro nato ou naturalizado.

d) trinta anos e ser brasileiro nato ou naturalizado.

e) trinta e cinco anos e ser brasileiro nato ou naturalizado.

18 – Rodolfo, com 18 anos de idade, deseja, pela primeira vez, concorrer para o cargo de
Vereador em Município que pertence ao mesmo Estado no qual seu pai é Deputado Estadual.
Neste caso, segundo a Constituição, Rodolfo

a) poderá concorrer ao pleito, mas, se vencer as eleições, seu pai não poderá se reeleger no
mesmo Estado de jurisdição do filho.

b) não poderá concorrer ao pleito, pois incide em caso de inelegibilidade reflexa pelo fato de
seu pai ser Deputado Estadual no mesmo território de jurisdição em que deseja se eleger.

c) não poderá concorrer ao pleito, pois não possui idade suficiente para se eleger Vereador.

d) poderá concorrer ao pleito desde que seu pai renuncie ao respectivo mandato até seis
meses antes do pleito.

e) poderá concorrer ao pleito, pois possui idade suficiente para se eleger Vereador e não
incide em caso de inelegibilidade reflexa em relação a seu pai.

19 – Alfredo, Prefeito de um determinado Município, com trinta e cinco anos de idade, é irmão
de um Deputado Federal e deseja concorrer para o pleito de Senador Federal. Neste caso,
Alfredo

a) não poderá participar das eleições, pois incide em um caso de inelegibilidade reflexa, pelo
fato de seu irmão ser Deputado Federal.

b) poderá participar das eleições e não precisará renunciar ao mandato de Prefeito, pelo fato
de não estar concorrendo à reeleição.

81
c) poderá participar das eleições, desde que seu irmão renuncie ao mandato de Deputado
Federal até seis meses antes do pleito.

d) poderá participar das eleições, desde que renuncie ao mandato de Prefeito até seis meses
antes do pleito.

e) não poderá participar das eleições, pelo fato de não possuir idade suficiente para se eleger
Senador.

20 – Bernardo, com vinte e dois anos de idade, Bruno, com dezenove anos de idade,
Bartolomeu, com vinte e seis anos de idade, Basílio, com trinta e três anos de idade e Beltrão,
com trinta anos de idade, podem concorrer, respectivamente, aos cargos de:

a) Prefeito, Vereador, Deputado Estadual, Governador do Estado de Pernambuco e


Governador do Distrito Federal.

b) Vereador, Prefeito, Vice-Prefeito, Presidente da República e Vice-Governador do Estado de


Pernambuco.

c) Vice-Prefeito, Deputado Estadual, Deputado do Distrito Federal, Presidente da República e


Vereador.

d) Deputado Estadual, Vice-Prefeito, Deputado Federal, Vice-Presidente da República e


Governador do Estado de Pernambuco.

e) Vereador, Deputado Federal, Vice-Governador do Distrito Federal, Vice-Presidente da


República e Deputado Federal.

21 – De acordo com as normas da Constituição da República, é correto afirmar que

a) são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos


ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, ou de quem o haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição.

b) são inelegíveis os brasileiros natos extraditados.

82
c) são alistáveis como eleitores os militares, ainda que conscritos, durante o período de serviço
militar obrigatório.

d) é vedado ao legislador estabelecer outros casos de inelegibilidade além daqueles previstos


na Constituição da República.

e) o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos


podem concorrer a outros cargos no exercício dos respectivos mandatos.

22 – A lei WXYZ alterou o processo eleitoral. De acordo com a Constituição Federal brasileira
de 1988, a Lei WXYZ entrará em vigor

a) na data de sua publicação, mas não será aplicada para eleição que ocorra até um ano da
data de sua vigência.

b) em um ano após a sua publicação, sendo aplicada imediatamente após a data da sua
vigência para as eleições.

c) na data de sua publicação, sendo aplicada imediatamente após esta data para as eleições.

d) na data de sua publicação, mas não será aplicada para eleição que ocorra até três meses da
data de sua vigência.

e) na data de sua publicação, mas não será aplicada para eleição que ocorra até noventa dias
da data de sua vigência.

23 – José, funcionário público do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, é eleito Deputado


Estadual pelo Estado do Rio de Janeiro e, nos termos da Constituição Federal de 1988,

a) não ficará afastado de seu cargo, havendo compatibilidade de horários, e perceberá


necessariamente as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo.

b) deverá ficar afastado de seu cargo, e o tempo de serviço, durante o período de


afastamento, será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por
merecimento.

83
c) deverá ficar afastado de seu cargo, sendo-lhe facultado optar pela remuneração e, para
efeito de benefício previdenciário, os valores não serão determinados como se no exercício
estivesse.

d) não ficará afastado de seu cargo, havendo compatibilidade de horários, e deverá optar pela
remuneração do cargo eletivo ou do cargo efetivo junto ao TRF da 2ª Região.

e) deverá ficar afastado de seu cargo, e o tempo de serviço, durante o período de


afastamento, será contado para todos os efeitos legais, inclusive para promoção por
merecimento.

24 – Mauri é eleito Prefeito Municipal de uma determinada cidade. O candidato derrotado,


Plínio, o acusa de fraude e poderá ingressar na Justiça Eleitoral com ação de impugnação de
mandato eletivo, instruída com provas da fraude, no prazo de

a) quinze dias contados da posse.

b) trinta dias contados da posse.

c) trinta dias contados da diplomação.

d) quinze dias contados da diplomação.

e) cinco dias contados da diplomação.

25 – No tocante aos Direitos Políticos, Tibério, que respeita a ordem constitucional e o Estado
Democrático, sabe que, segundo a Constituição Federal brasileira,

a) o Governador de Estado, para concorrer a outro cargo, deve renunciar ao respectivo


mandato até doze meses antes do pleito.

b) o alistamento eleitoral é obrigatório para os maiores de dezoito anos e analfabetos.

c) o voto é facultativo para os analfabetos e os maiores de sessenta anos e menores de


dezoito anos.

d) a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular.

84
e) em regra, são elegíveis, no território de jurisdição do titular, os parentes afins, até o
segundo grau, do Prefeito.

26 – Assinale a alternativa correta.

a) São privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente da Câmara dos Deputados e da


carreira diplomática.

b) Não será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua
naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.

c) A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto indireto e aberto, com
valor igual para todos.

d) O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os analfabetos.

e) O pleno exercício dos direitos políticos não é condição de elegibilidade.

27 – A respeito dos direitos políticos, é correto afirmar que

a) a Constituição de 1988 determina uma série de limitações aos direitos políticos, sendo que
uma delas refere-se aos analfabetos, que apesar de poderem votar, são inelegíveis.

b) no caso de condenação por improbidade administrativa, em que tenha sido comprovado o


desvio de verbas do erário público pelo réu, pode ele ter seus direitos políticos cassados.

c) em nome do princípio da publicidade que rege os atos da administração pública, a ação de


impugnação de mandato não pode tramitar em segredo de justiça, exceto nos casos previstos
na Constituição.

d) o prazo constitucional de desincompatibilização para que o Presidente da República, os


Governadores de Estado e do DF, e os Prefeitos possam concorrer a outros cargos termina no
final de agosto do ano eleitoral.

28 – A respeito dos direitos políticos, assinale a alternativa correta.

85
a) O cancelamento de naturalização por decisão do Ministério da Justiça é caso de perda de
direitos políticos.

b) A condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos, é caso de


cassação de direitos políticos.

c) A improbidade administrativa é caso de suspensão de direitos políticos.

d) A incapacidade civil relativa é caso de perda de direitos políticos.

29 – Assinale a alternativa que relacione corretamente o cargo político e o sistema eleitoral


adotado.

a) Governador: sistema proporcional de dois turnos.

b) Prefeito: sistema majoritário de maioria simples para municípios com menos de 200 mil
eleitores.

c) Congressista: sistema proporcional.

d) Vereador: sistema distrital.

30 – Em 4 de junho de 2010, foi promulgada a Lei Complementar no 135, que, alterando


parcialmente legislação preexistente, estabeleceu hipóteses de inelegibilidade que visam a
proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato. O Plenário do
Supremo Tribunal Federal, em março de 2011, por maioria de votos, deu provimento a recurso
extraordinário, interposto em face de decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que indeferira o
registro de candidatura do recorrente ao cargo de deputado estadual nas eleições de 2010,
para o fim de reconhecer que as alterações efetuadas pela lei em questão não se aplicariam às
eleições gerais daquele ano.

A esse respeito, considere as seguintes afirmações:

I. O Supremo Tribunal Federal invadiu competência do Tribunal Superior Eleitoral, cujas


decisões em matéria de direito eleitoral são irrecorríveis, por expressa determinação
constitucional.

86
II. A decisão do Supremo Tribunal Federal não pode- ria ter gerado efeitos sobre as eleições
gerais já realizadas, em decorrência do princípio constitucional da irretroatividade em face do
ato jurídico perfeito e da coisa julgada.

III. A decisão do Supremo Tribunal Federal fez prevalecer o princípio constitucional da


anterioridade eleitoral, segundo o qual a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua
vigência.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I e II.

b) I.

c) II.

d) III.

e) II e III.

31 – Um Deputado Estadual do Paraná, no exercício de seu segundo mandato consecutivo,


com 31 anos de idade completados em novembro de 2011, casado com Senadora eleita por
aquele Estado, pretende concorrer, nas eleições gerais de 2014, a um dos seguintes cargos:
Senador, Deputado Federal, Governador do Estado ou Deputado Estadual. Nessa hipótese,
consideradas as condições de elegibilidade estabelecidas na Constituição da República,
poderia o interessado concorrer a

a) qualquer dos cargos referidos.

b) Deputado Federal, Governador do Estado ou Deputado Estadual, apenas.

c) Senador ou Deputado Federal, apenas.

d) Deputado Federal, apenas, desde que renuncie ao mandato até seis meses antes do pleito.

e) Deputado Estadual, apenas, desde que renuncie ao mandato até seis meses antes do pleito.

87
32 – Brasileiro naturalizado, de 21 anos de idade, servidor público da administração direta
federal há três anos, pretende candidatar-se a Prefeito do Município em que possui domicílio.
Nessa hipótese,

a) se investido no mandato, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens do


cargo que ocupa na administração direta, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo.

b) não pode candidatar-se a Prefeito, pois, para cargos de chefia do Poder Executivo, a
Constituição exige, como condição de elegibilidade, que o candidato seja brasileiro nato

c) preenche as condições de elegibilidade quanto à nacionalidade e idade mínima e, se


investido no mandato, será afastado do cargo que ocupa na administração federal, sendo-lhe
facultado optar por sua remuneração.

d) pode candidatar-se a Vereador, mas não a Prefeito, em função da idade mínima para tanto
requerida, exigindo a Constituição, em qualquer hipótese, afastamento do cargo que ocupa na
administração para exercício do mandato eletivo.

e) por ser servidor público estável, incorrerá em ato de improbidade administrativa ao


candidatar-se, o que acarretará a suspensão de seus direitos políticos e a perda do cargo que
ocupa na administração federal.

33 – Átila, que não é titular de mandato eletivo e nem é candidato à reeleição, é filho adotivo
de Eulália, Governadora do Estado de São Paulo em exercício, e deseja concorrer ao cargo de
Prefeito do Município de São Paulo. Segundo a Constituição Federal, Átila, em regra, é

a) elegível, desde que esteja filiado ao mesmo partido político de Eulália.

b) elegível, desde que esteja filiado a partido político distinto de Eulália.

c) elegível, desde que autorizado previamente pelo Tribunal Regional Eleitoral.

d) elegível, desde que sua candidatura seja previamente autorizada por Eulália.

e) inelegível.

88
34 – Um Governador de Estado, ainda no início do exercício de seu mandato, deseja se
candidatar ao cargo de Presidente da República. Para que possa concorrer às eleições e, caso
seja vitorioso, assumir o novo cargo, deverá ser brasileiro nato

a) e afastar-se temporariamente de seu atual mandato até seis meses antes do pleito.

b) ou naturalizado e descompatibilizar-se em relação a seu atual mandato até seis meses


antes do pleito.

c) ou naturalizado e renunciar a seu atual mandato até três meses antes do pleito.

d) e renunciar a seu atual mandato até seis meses antes do pleito.

e) e afastar-se temporariamente de seu atual mandato até três meses antes do pleito.

35 – O alistamento eleitoral é facultativo para os

a) estrangeiros.

b) maiores de sessenta e cinco anos.

c) conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório.

d) analfabetos.

e) maiores de dezesseis anos e menores de vinte e um anos.

36 – Epitácio, na condição de conscrito, durante o serviço militar obrigatório,

a) pode se eleger ao cargo de Governador, se tiver no mínimo trinta e cinco anos de idade.

b) não pode alistar-se como eleitor.

c) se não for analfabeto, pode alistar-se como eleitor.

d) pode candidatar-se para Deputado Federal, se tiver no mínimo vinte e cinco anos de idade.

e) se for filiado à partido político, pode alistar-se como eleitor.

89
37 – O mecanismo de participação popular que possibilita uma consulta prévia da opinião
pública sobre questão política ou institucional a ser resolvida antes da elaboração de legislação
a seu respeito é

a) o recall.

b) a iniciativa popular.

c) o abaixo-assinado.

d) o plebiscito.

e) o referendo.

38 – Willian, inglês, maior de trinta e cinco anos de idade, no pleno exercício dos direitos
políticos na Inglaterra, residente na Capital do Estado do Acre há cinco anos e filiado a
determinado partido político, deseja concorrer as eleições no Brasil. Na forma da Constituição
Federal, Willian

a) não tem condição de elegibilidade.

b) poderá concorrer aos cargos de Vereador e de Deputado Estadual.

c) poderá concorrer aos cargos de Vereador, de Deputado Estadual e de Governador.

d) poderá concorrer ao cargo de Senador e de Deputado Federal.

e) poderá concorrer ao cargo de Vereador, apenas.

39 – No que concerne aos direitos políticos, nos termos preconizados pela Constituição Federal
de 1988,

a) a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até seis meses da data de sua vigência.

b) se o cidadão Pietro tiver cancelada a naturalização por sentença transitada em julgado, os


seus direitos políticos serão cassados.

90
c) o mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de trinta dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
corrupção ou fraude.

d) Moisés, Prefeito de um determinado município de Estado brasileiro, no primeiro mandato,


é filho do Governador do mesmo Estado, mas poderá se candidatar normalmente à reeleição
nas próximas eleições, inexistindo qualquer vedação legal.

e) o militar alistável é elegível e, se contar mais de dez anos de serviço, deverá afastar-se da
atividade.

40 – Sebastião é governador de um determinado Estado brasileiro e pretende se candidatar à


reeleição nas próximas eleições. Neste caso, de acordo com a Constituição Federal de 1988,
Sebastião

a) deverá se afastar do cargo até três meses antes do pleito, mas continuará recebendo a
respectiva remuneração.

b) deverá renunciar ao seu mandato até seis meses antes do pleito.

c) deverá se afastar do cargo até seis meses antes do pleito, mas continuará recebendo a
respectiva remuneração.

d) deverá renunciar ao seu mandato até três meses antes do pleito.

e) poderá permanecer no cargo, inexistindo obrigatoriedade de renúncia ao mandato.

GABARITO

1. E 11. A 21. A 31. B


2. * 12. E 22. A 32. C
3. B 13. E 23. B 33. E
4. D 14. C 24. D 34. D
5. C 15. D 25. D 35. D
6. E 16. D 26. A 36. B
7. A 17. E 27. A 37. D
8. E 18. E 28. C 38. A
9. E 19. D 29. B 39. D
10. C 20. A 30. D 40. E

* A questão 2 está desatualizada em razão da Lei da Ficha Limpa (Lei


Complementar n. 135/2010). Antes da edição dessa lei, estava correto o item A.

91
Justiça Eleitoral

Os Tribunais e Juízes Eleitorais integram o Poder Judiciário, nos termos do art. 92, inc. V, da
CF/88.

São órgãos que compõem a Justiça Eleitoral (art. 118, CF/88):

 Tribunal Superior Eleitoral

 Tribunais Regionais Eleitorais

 Juízes Eleitorais

 Juntas Eleitorais

Funções exercidas pela Justiça Eleitoral

Função Administrativa

Função Consultiva

Função Jurisdicional

Função Regulamentar

Características das Justiça Eleitoral

a) Adoção do sistema jurisdicional;

b) Justiça Especializada;

c) Inexistência de magistratura (ou promotoria) própria na Justiça Eleitoral: composição


híbrida

d) Periodicidade da investidura dos Juízes: princípio da temporariedade e princípio da


imparcialidade

e) Funcionamento permanente da Justiça Eleitoral;

92
f) Divisão territorial para fins eleitorais (circunscrições, zonas e seções)

Organização e Competências da Justiça Eleitoral

A Constituição Federal institui os órgãos que compõe a Justiça Eleitoral e dispõe, em linhas
gerais, sobre a organização dessa Justiça Especializada. Quanto à competência, somente
dispôs sobre a recursal e atribuiu à lei complementar o papel definição das demais regras de
organização e competências. Veja a disposição do art. 121, caput, da CF/88:

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e


competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas
eleitorais.

A Lei n. 4.737/65 (Código Eleitoral) trata sobre a organização e competência da Justiça


Eleitoral. Todos os seus dispositivos que regulam essa matéria foram recepcionados pela
Constituição Federal com status de lei complementar.

Tribunal Superior Eleitoral

O TSE compõe-se, no mínimo, sete membros, escolhidos:

 mediante eleição, pelo voto secreto:

a. três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal


(STF) – RISTF, art. 7º, II

b. dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça


(STJ) – RISTJ, art. 10, III e 171

 por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis


advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Supremo Tribunal Federal (RISTF, arts. 143 a 146).

93
Note-se que a Constituição Federal trata da composição mínima. Caso seja necessário o
aumento do número de membros do TSE, basta a edição de uma lei complementar. Dispensa-
se a alteração da Constituição Federal por meio de emenda constitucional para essa finalidade.

No que se refere ao processo de escolha dos advogados que compõe o TSE, o art. 119 da
CF/88 prescreve que serão nomeados pelo Presidente da República dentre advogados
indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse processo de formação de lista tríplice para
encaminhamento ao Poder Executivo, a OAB não participa do procedimento, de acordo com o
entendimento do STF, ao julgar o MS n. 21.073/91.

Nesse processo de indicação dos advogados pelo Supremo Tribunal Federal, o Código
Eleitoral traz algumas restrições para a composição da lista tríplice, nos seguintes termos:

§ 2º A nomeação que trata o inciso II deste artigo não poderá recair


em cidadão que ocupe cargo público de que seja demissível ad
nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada
com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato
com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter
político, federal, estadual ou municipal.

O Presidente e Vice-Presidente do TSE devem ser escolhidos dentre os Ministros do STF


(CF, art. 119, p. único; CE, art. 17).

O Corregedor-Geral Eleitoral será escolhido dentre os Ministros do STJ (CF, art. 119, p.
único; CE, art. 17).

Há ainda a vedação de que, na composição do TSE, não podem fazer parte cidadãos que
tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º (quarto) grau, seja o vínculo
legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último (CE, art. 16,
§ 1º)

94
Esquema Didático sobre a composição do TSE

Presidente

Vice-Presidente Ministro do STF


Ministro do STF
Ministro do STF Art. 17 do CE

Art. 17 do CE
Corregedor-Geral Eleitoral
Ministro do STJ
Ministro do STJ
Art. 16, I, alínea a, CE
Art. 17 do CE
Advogado Advogado

Art. 16, inc. II, CE Art. 16, inc. II, CE

Deliberações do TSE

O TSE delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus
membros (art. 93, IX, CF; art. 19, CE). Contudo será necessário a presença de todos os
membros nos seguintes casos:

a) interpretação do Código Eleitoral em face da Constituição

b) cassação de registro de partidos políticos

c) recursos que importem anulação geral de eleições

d) perda de diplomas

Em situações excepcionais, admite-se a realização de julgamento com quórum incompleto, nos


casos acima mencionados, em caso de suspeição ou impedimento do ministro titular da classe
de advogado e impossibilidade jurídica de convocar um juiz substituto. (TSE, RESPE n. 16684,
Rel. Min. Waldemar Zveiter, PSESS - Publicado em Sessão, 26.9.2000).

Indispensável, ainda, a Súmula 72 do Supremo Tribunal Federal. Essa súmula versa sobre a
participação dos três ministros do STF que compõem o TSE nos julgamentos, perante o STF,
de recursos de decisões que eles já julgaram no TSE. Esse é o teor da súmula 72 do STF:

95
No julgamento de questão constitucional, vinculada à decisão do
Tribunal Superior Eleitoral, não estão impedidos os ministros do
Supremo Tribunal Federal que ali tenham funcionado no mesmo
processo, ou no processo originário.

Competências do TSE

Compete ao TSE: (art. 22 e 23, CE):

a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e


de candidatos à Presidência e vice-presidência da República;

b) os conflitos de competêncis entre TRE’s e juízes eleitorais de Estados diferentes;

c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos


funcionários da sua Secretaria;

d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus
próprios juízes e pelos juízes dos TRE’s;

Essa alínea está revogada pelos arts. 102, inc. I, alínea c, e 105, inc. I, alínea a, ambos
da CF. Caso um membros do TSE cometa um crime, ele será processado e julgado pelo
STF. Por sua vez, se um membro do TRE cometer um crime, será processado e julgado
pelo STJ. Quanto ao conceito de crime comum e crime eleitoral, para fins de fixação da
competência do STF e do STJ, esse é o entendimento do STF:

A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


FIRMOU-SE NO SENTIDO DE DEFINIR A LOCUÇÃO
CONSTITUCIONAL "CRIMES COMUNS" COMO EXPRESSAO
ABRANGENTE A TODAS AS MODALIDADES DE INFRAÇÕES
PENAIS, ESTENDENDO-SE AOS DELITOS ELEITORAIS E
ALCANCANDO, ATÉ MESMO, AS PROPRIAS CONTRAVENÇÕES
PENAIS. (Rcl. N. 511, STF)

96
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do
Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou,
ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que
o juiz competente possa prover sobre a impetração;

Essa alínea está parcialmente revogada. Faremos uma análise separada do dispositivo.

Competência para julgamento de Habeas Corpus

Se a autoridade coatora ou se o paciente for o Presidente da República, compete ao STF


processar e julgar o HC, nos termos do art. 102, inc. I, alíneas ‘d’ e ‘i’.Min

Se a autoridade coatora for o Ministro de Estado, compete ao TSE processar e julgar o HC,
nos termos do art. 105, inc. I, alínea ‘c’. Caso contrário, caso o Ministro de Estado seja
paciente, competirá ao STF processar e julgar o HC, nos termos do art. 102, inc. I, alínea ‘d’.

Se a autoridade coatora for o Tribunal Regional Eleitoral, compete ao TSE processar e julgar
o HC, conforme previsão na alínea em análise.

Competência para julgamento do Mandado de Segurança

Se a autoridade coatora for o Presidente da República, compete ao STF processar e julgar o


MS, nos termos do art. 102, inc. I, alínea ‘d’.

Se a autoridade coatora for Ministro de Estado, compete ao STJ processar e julgar o MS, nos
termos do art. 105, inc. I, alínea ‘b’.

Se a autoridade coatora for o Tribunal Regional Eleitoral, deve-se fazer uma distinção da
natureza jurídica da questão que será objeto de recurso:

 se a matéria a ser impugnada por meio do MS for eminentemente


administrativa, compete ao próprio TRE processar e julgar o MS. Esse é o
entendimento do TSE:

97
Consolidou-se, nos Tribunais Superiores e no STF, o entendimento
segundo o qual é de suas competências conhecer recurso em
mandado de segurança contra decisão proferida por órgão colegiado
de tribunal. O TSE é competente para julgar recurso em matéria
administrativa contra decisão proferida por tribunal regional em sede
de mandado de segurança. (RMS n. 99, TSE)

 se a matéria impugnada for eleitoral, compete ao TSE processar e julgar o MS.


Veja o seguinte julgado o TSE:

O TSE E COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR,


ORIGINARIAMENTE, MANDADOS DE SEGURANCA
CONTRA ATO DOS REGIONAIS, EM MATERIA
ELEITORAL. COMO TAL SE ENTENDE AQUELA QUE SE
INCLUA EM SUA ATIVIDADE-FIM. COMPETE AO
PROPRIO TRE JULGAR OS PEDIDOS DE SEGURANCA
QUE SE REFIRAM A ATOS ADMINISTRATIVOS
DIZENDO COM SEU AUTOGOVERNO, COM SUA
ATIVIDADE-MEIO. (MS n. 2483, TSE)

f) as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e


expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República;

g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais


dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato,
Ministério Público ou parte legitimamente interessada.

h) as reclamações contra os seus próprios juizes que, no prazo de trinta dias a contar
da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos.

i) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento
e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo
até o seu trânsito em julgado.

98
j) fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República,
senadores e deputados federais, quando não o tiverem sido por lei;

k) expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;

l) responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político;

Destaque—se, por fim, que as decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo as que
contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de
segurança, das quais caberá recurso ordinário para o STF, interposto no prazo de 3 dias (CF,
art. 121, § 3º, CE, art. 281). STF, RMS 22470, Min. Rel. Celso de Mello, Primeira Turma, DJ
27.09.1996.

Tribunais Regionais Eleitorais (TRE’s)

Conforme previsão na Constituição Federal, nos termos do art. 120, haverá um Tribunal
Regional Eleitoral na capital de cada Estado e no Distrito Federal.

Os Tribunais Regionais Eleitorais compõe-se (Art. 120, § 1º, CF/88, e 25, CE):

◦ - mediante eleição, pelo voto secreto:

 a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;

 b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de


Justiça;

◦ - de um juiz do TRF com sede na Capital do Estado ou no DF, ou, não


havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo
(CF, art. 120, § 1º, II. CE, art. 25, II: do juiz federal).

◦ - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis


advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Tribunal de Justiça (CF, art. 120, § 1º, III. CE, art. 25, III: “seis cidadãos”).

99
Quanto aos advogados que compõem os Tribunais Regionais Eleitorais, há um complexo
processo que é desenvolvido até que haja a efetiva nomeação pelo Presidente da República.
Primeiro, ocorre a formação de uma lista tríplice.

Essa lista tríplice organizada pelo Tribunal de Justiça será enviada ao TSE e os advogados que
a comporão deverão preencher os seguintes requisitos:

 Os advogados que comporão a lista devem ter, no mínimo, dez anos de efetivo
exercício de atividade profissional, reputação ilibada e notório saber jurídico

 A lista não poderá conter nome de magistrado aposentado ou de membro do Ministério


Público (CE, art. 25, § 2º).

 A OAB não participa do processo de indicação dos advogados para a composição da


lista tríplice

O Presidente e Vice-Presidente dos TRE’s devem ser escolhidos dentre os desembargadores


do Tribunal de Justiça (CF, art. 120, § 2º; CE, art. 26), que compõem a Corte Eleitoral.

Não podem fazer parte do Tribunal Regional pessoas que tenham entre si parentesco, ainda
que por afinidade, até o 4º grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso a
que tiver sido escolhida por último.

Deliberações dos TRE’s

Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da
maioria de seus membros (art. 27, CE). Não há exigência de que o TRE ao julgar determinada
matéria necessite de quórum completo, diferentemente do TSE.

No caso de impedimento e não existindo quorum, será o membro do Tribunal substituído por
outro da mesma categoria, designado na forma prevista na Constituição.

Competências dos TRE’s

Compete aos TRE’s

100
a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de
partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e
membro do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas;

b) os conflitos de jurisdição entre juizes eleitorais do respectivo Estado;

c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador Regional e aos


funcionários da sua Secretaria assim como aos juízes e escrivães eleitorais;

d) os crimes eleitorais cometidos pelos juizes eleitorais;

e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de


autoridades que respondam perante os Tribunais de Justiça por crime de
responsabilidade e, em grau de recurso, os denegados ou concedidos pelos juizes
eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando houver perigo de se consumar a
violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;

Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando (CF, art.
121, § 4º, CE, art. 276):

I. forem proferidas contra disposição expressa da Constituição ou de lei;

II. ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;

III. versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou


estaduais;

IV. anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;

V. denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de


injunção.

Juízes Eleitorais

Cabe a jurisdição de cada uma das zonas eleitorais a um juiz de direito em efetivo exercício e,
na falta deste, ao seu substituto legal que goze das prerrogativas do Art. 95 da Constituição.
Trata-se de um juiz que integra a Justiça Estadual e que será designado para exercer as
funções eleitorais.

101
No que se refere à interpretação do locução “que goze das prerrogativa do art. 95”, o TSE
decidiu que “o juiz de direito substituto pode exercer as funções de juiz eleitoral, mesmo antes
de adquirir a vitaliciedade”.

Frise-se que não há concurso para juiz eleitoral. As funções eleitorais serão exercidas por
juízes de direito designados pelo TRE respectivo. Onde houver mais de uma vara, O TRE
designará aquela ou aquelas a quem incumbe o serviço eleitoral.

Embora esses juízes sejam integrantes da Justiça Comum estadual, os recursos contra as
suas decisões são endereçados ao TRE e não ao TJ ao qual esteja vinculado.

Competências dos Juízes Eleitorais

Compete aos Juízes Eleitorais:

I. cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do TSE e do TRE;

II. processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos,
ressalvada a competência originária do TSE e dos TRE;

III. decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que
essa competência não esteja atribuída privativamente à instância superior.

IV. dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;

V. expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;

VI. dividir a zona em seções eleitorais;

Juntas Eleitorais

Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, e de 2 (dois) ou


4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade. Esses membros das juntas eleitorais serão
nomeados 60 (sessenta) dias antes da eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo
presidente deste, a quem cumpre também designar-lhes a sede.

Não podem fazer parte das juntas eleitorais:

 os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau,
inclusive, e bem assim o cônjuge

102
 os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e cujos
nomes tenham sido oficialmente publicados;

 as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho


de cargos de confiança do Executivo;

 os que pertencerem ao serviço eleitoral.

Poderão ser organizadas tantas Juntas quantas permitir o número de juízes de direito que
gozem das garantias do art. 95 da Constituição, mesmo que não sejam juízes eleitorais. Nas
zonas em que houver de ser organizada mais de uma Junta, ou quando estiver vago o cargo
de juiz eleitoral ou estiver este impedido, o presidente do Tribunal Regional, com a aprovação
deste, designará juízes de direito da mesma ou de outras comarcas para presidirem as juntas
eleitorais (CE, art. 37 e parágrafo único).

Competências das Juntas Eleitorais

Compete às Juntas Eleitorais:

I. apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua
jurisdição.

II. resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da


contagem e da apuração;

III. expedir os boletins de apuração;

IV. expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.

Questões de Concurso

Questão 1 – Segundo a CF, são órgãos da Justiça Eleitoral:

A) Supremo Tribunal Federal, TSE, TRE, Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais.


B) TSE, TRE, Juízes Eleitorais e Ministério Público Eleitoral.
C) TSE, TRE, Juízes Eleitorais e o Corregedor Eleitoral.
D) TSE, TRE, Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais.

103
R–D

Questão 2 – Considerando a hipótese de que Antônio seja juiz federal e se candidate a juiz do
TRE de determinada unidade da Federação, assinale a opção correta.

A) É possível a pretensão de Antônio, desde que a sua indicação seja do STJ.


B) É impossível a pretensão de Antônio, pois juiz de primeira instância não integra TRE.
C) É impossível a pretensão de Antônio, pois juiz ou desembargador de TRF não integra TRE.
D) Uma única vaga de TRE é destinada a juiz de TRF, onde houver.
E) Desde que a indicação de Antônio seja do STF, é possível a pretensão desse magistrado.
R–D

Questão 3 – O TSE (TSE) será composto, no mínimo, por sete membros, escolhidos mediante
eleição pelo voto secreto de três juízes entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF),
dois juízes entre os ministros do STJ (STJ) e, por nomeação do presidente da República, de
dois juízes entre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
STF.
R–C

Questão 4 – Assinale a opção correta a respeito da composição do TSE.

A) O advogado-geral da União integrará o TSE, caso seja indicado pelo presidente da


República.
B) O advogado-geral da União integra o TSE, independentemente de indicação política.
C) Um juiz de trabalho de primeira instância faz parte do TSE por indicação do TST.
D) Um advogado militante integrará o TSE mediante indicação do STM.
E) O corregedor eleitoral do TSE será ministro oriundo do STJ.
R–E

Questão 5 – Assinale a opção correta com relação aos órgãos da justiça eleitoral.

A) A justiça eleitoral é composta pelo TSE (TSE), pelo TRE, na capital de cada estado e no DF,
pelo Ministério Público Eleitoral e pelas juntas eleitorais.
B) Os ministros do TSE são escolhidos entre juízes do STF e do STJ e entre representantes da
advocacia.
C) Por determinação legal, a sede do TSE é na capital da República e, por isso, a sua
jurisdição encontra-se limitada ao DF.
D) O corregedor do TSE deve ser escolhido entre os ministros do STF.
R -- B

104
Questão 6 – O juiz oriundo da classe dos advogados com notável saber jurídico e idoneidade
moral integrante do TSE

(A) não pode ser eleito para o cargo de Corregedor Eleitoral.


(B) pode ser eleito apenas para o cargo de Presidente desse Tribunal.
(C) pode ser eleito apenas para o cargo de Vice-Presidente desse Tribunal.
(D) pode ser eleito para os cargos de Presidente ou Vice-Presidente desse Tribunal.
(E) pode ser eleito para apenas para os cargos de Presidente desse Tribunal e de Corredor
Eleitoral.
R–A

Questão 7 – Dentre outros, fazem parte da composição do TSE dois juízes

(A) entre seis advogados de notório saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo STJ.
(B) escolhidos entre os Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados, escolhidos
pelo Presidente da República.
(C) escolhidos mediante eleição e pelo voto secreto, entre os Ministros do STJ.
(D) escolhidos entre os Ministros do Supremo Tribunal Federal e nomeados por livre escolha
do Presidente da República.
(E) federais, escolhidos pelos Tribunais Regionais Federais e nomeados pelo Presidente da
República.
R–C

Questão 8 – A respeito do TSE, é correto afirmar que

(A) elegerá o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do STJ que o compõem.


(B) compor-se-á no mínimo de 6 membros escolhidos dentre os Ministros do Supremo Tribunal
Federal e do STJ.
(C) escolherá o seu Presidente e o Vice-Presidente mediante eleição e pelo voto secreto,
dentre quaisquer de seus integrantes.
(D) compor-se-á de 6 membros, todos escolhidos e nomeados pelo Presidente da República.
(E) não tem caráter permanente, posto que funciona somente durante o período eleitoral até o
julgamento do último recurso.
R–A

Questão 9 – Acerca da composição, da competência e das atribuições dos órgãos que


compõem a justiça eleitoral, julgue o item a seguir: a legislação brasileira prevê que o TSE,
composto de sete membros, pode ter sua composição aumentada, ao passo que os TRE’s,
também compostos de sete membros cada um deles, não podem ter a sua composição
aumentada.

105
R–C

Questão 10 – Assinale a opção correta a respeito da organização da justiça eleitoral e,


especialmente, do TRE.

A) O juiz corregedor do TRE é o representante legal do Ministério Público Eleitoral.


B) Três advogados de notável saber jurídico compõem o TRE e são responsáveis pela
indicação do vice-presidente.
C) É vedada a indicação de juiz de primeira instância para compor o TRE.
D) O presidente do TRE deve ser um dos desembargadores do TJ.
E) Uma vaga do TRE é assegurada a membro do Ministério Público estadual.
R–D

Questão 11 – Considerando a composição e as atribuições dos TREs, assinale a opção


correta.

A) Os membros dos TREs são, todos eles, nomeados pelo presidente da República, entre
cidadãos de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo TJ de cada estado da
Federação.
B) Os TREs deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de
seus membros.
C) Compete aos TREs processar o registro e o cancelamento do registro de candidatos a
governador, vice-governador e deputado estadual, cabendo ao TSE o registro e o
cancelamento do registro de candidatos a senador, deputado federal, presidente e vice-
presidente da República.
D) As decisões dos TREs são irrecorríveis, e, portanto, terminativas, quando versarem sobre
expedição de diplomas em eleições estaduais.
R–B

Questão 12 – O juiz oriundo da classe dos advogados com notável saber jurídico e idoneidade
moral integrante de TRE

(A) não poderá ser eleito para os cargos de Presidente ou Vice-Presidente desse Tribunal.
(B) servirá, salvo motivo justificado, no mínimo por dois anos, não podendo ser reconduzido ao
cargo no biênio seguinte.
(C) não poderá ser eleito para o cargo de Presidente desse Tribunal, apenas para o de Vice-
Presidente.
(D) não gozará, no exercício de suas funções, de plenas garantias, nem será inamovível.
(E) poderá ser eleito para o cargo de Vice-Presidente desse Tribunal, mas não para o cargo de
Presidente.
R –A

106
Questão 13 – Compete aos TRE’s processar e julgar originariamente

(A) os crimes eleitorais cometidos pelos seus próprios juízes.


(B) o registro e a cassação de registro de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da
República.
(C) a suspeição ou impedimento ao Procurador-Geral Eleitoral.
(D) o registro e o cancelamento de registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos
políticos.
(E) os habeas corpus, em matéria eleitoral, relativos a atos de Ministros de Estado.
R–D

Questão 14 – Compete aos TRE’s processar e julgar originariamente

(A) o registro e as cassações de registro de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da


República.
(B) as impugnações à apuração do resultado geral na eleição de Presidente da República.
(C) as impugnações à proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de
Presidente e Vice-Presidente da República.
(D) os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos cometidos pelos seus próprios
juízes.
(E) os crimes eleitorais cometidos pelos Juízes Eleitorais.
R–E

Questão 15 – Os juízes de Direito que integram o TRE devem ser

(A) indicados pelo Ministério Público Federal e nomeados pelo Presidente da República.
(B) nomeados pelo Governador do respectivo Estado.
(C) escolhidos por nomeação do Presidente da República.
(D) escolhidos, mediante eleição e pelo voto secreto, pelo TJ do respectivo Estado.
(E) escolhidos pelo Congresso Nacional e nomeados pelo Presidente da República.
R–D

Questão 16 – Segundo as regras estabelecidas na Lei n.º 4.737/1965, compete aos juízes
eleitorais

A) julgar os crimes eleitorais, sendo os crimes comuns, ainda que conexos, julgados pela
justiça comum.
B) constituir as juntas eleitorais e designar sua sede e jurisdição.
C) ordenar o registro e a cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais.

107
D) processar e julgar outros juízes eleitorais que tenham cometido crimes eleitorais em sua
jurisdição.
E) processar e julgar o registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos.
R–C

Questão 17 – Quanto aos órgãos da justiça eleitoral, julgue o item seguinte: as juntas eleitorais
não são consideradas órgãos da justiça eleitoral, constituindo-se em mera divisão regional
realizada pelo juiz que a preside.
Assinale a opção correta a respeito da composição e do funcionamento das juntas eleitorais.

A) Não podem participar das juntas eleitorais bancários e empregados de empresas estatais.
B) É permitida e até recomendável a participação de servidores da justiça eleitoral nas
referidas juntas.
C) São admitidos membros de diretórios de partidos políticos, desde que não ocupem função
executiva, na composição das citadas juntas.
D) Pessoas que ocupem cargos de confiança no Poder Executivo, desde que nomeadas no
ano anterior à eleição, podem participar das juntas eleitorais.
E) É vedada a participação em juntas eleitorais de parentes dos candidatos, ainda que por
afinidade, até o segundo grau.
R–E

Questão 18 – A respeito da composição e atribuição das juntas eleitorais, julgue os itens a


seguir.

I Os membros das juntas eleitorais serão nomeados pelo presidente do TSE, depois da
aprovação do respectivo TRE.
II Os servidores que integram o serviço eleitoral não podem ser nomeados membros das juntas
eleitorais, escrutinadores ou auxiliares.
III As juntas eleitorais são órgãos colegiados de primeira instância, sendo compostos por um
juiz de direito, que atua como presidente, e dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade.
IV As zonas eleitorais podem ter mais de uma junta, limitadas ao número máximo de cinco
juntas por município.

Estão certos apenas os itens

A) I e III.
B) I e IV.
C) II e III.
D) II e IV.
R–C

108
109
Alistamento Eleitoral

Constitui o ato no qual o eleitor se credencia na Justiça Eleitoral, de modo a ser reconhecido
seu direito de votar, desde que preenchidos os requisitos legais e constitucionais.

Nos termos do art. 42 do Código Eleitoral, o alistamento faz-se por meio da qualificação e
inscrição do eleitor. Somente com a consumação dessas duas etapas ter-se-á a consumação
do alistamento eleitoral.

Deve-se definir as expressões qualificação e inscrição. Entende-se por:

◦ Qualificação – Demonstração, perante a Justiça Eleitoral, dos dados que


habilitam o eleitor a integrar o corpo eleitoral

◦ Inscrição – Introdução do nome do eleitor no corpo de eleitores, por meio de


decisão do juiz eleitoral após a verificação do preenchimento dos requisitos.

Documentos que devem ser apresentados no ato do alistamento eleitoral:

 Prova da Qualificação

◦ Carteira de Identidade expedida por órgão oficial competente

◦ Certificado de quitação do serviço militar

◦ Certidão de idade extraída do Registro Civil

◦ Documento do qual se infira a nacionalidade brasileira

◦ Certidão de nascimento ou casamento, extraída do registro civil.

Requisitos para o alistamento

São requisitos de alistabilidade:

 Nacionalidade brasileira

 Brasileiro nato

 Brasileiro naturalizado

 Português

110
Obs1: Basta ter a nacionalidade brasileira para que a pessoa possa alistar-se. No que se
refere aos requisitos para a prática desse ato não há distinção entre brasileiro nato e
naturalizado.

Obs2: Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor
de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos
nesta Constituição.

◦ Idade mínima de 16 anos

Espécies de Alistamento

Alistamento Obrigatório:

◦ Brasileiro maior de 18 anos e menor de 70 anos

◦ Alfabetizado

Alistamento Facultativo:

◦ Maior de 16 anos e menor de 18 anos

◦ Portadores de Deficiência Grave****

◦ Maiores de 70 anos

◦ Analfabetos

Alistamento Vedado

◦ Conscrito, durante o período do serviço militar obrigatório

◦ Estrangeiros

Quanto ao alistamento vedado, o Código Eleitoral, em seu art. 5º, inc. II, prescreve que o
alistamento é vedado àqueles que não saibam exprimir-se em língua nacional. Este inciso está
revogado. Veja o seguinte julgado do TSE:

- Consoante o § 2º do artigo 14 da CF, a não alistabilidade como


eleitores somente é imputada aos estrangeiros e, durante o período
do serviço militar obrigatório, aos conscritos, observada,

111
naturalmente, a vedação que se impõe em face da incapacidade
absoluta nos termos da lei civil.
- Sendo o voto obrigatório para os brasileiros maiores de 18 anos,
ressalvada a facultatividade de que cuida o inciso II do § 1º do artigo
14 da CF, não há como entender recepcionado preceito de lei,
mesmo de índole complementar à Carta Magna, que imponha
restrição ao que a norma superior hierárquica não estabelece.
- Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não
esteja previsto na Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a
direito político, há que afirmar a inexigibilidade de fluência da língua
pátria para que o indígena ainda sob tutela e o brasileiro possam
alistar-se eleitores.
- Declarada a não recepção do art. 5º, inciso II, do Código Eleitoral
pela Constituição Federal de 1988.
(TSE, PA n. 19.840/2010)

Consequências Jurídicas do Não-Alistamento

Viu-se que, em determinadas hipóteses, o alistamento é obrigatório. Nesses casos, se a


pessoa obrigada não procurar a Justiça Eleitoral para alistar-se, estará impossibilitado de:

◦ Investir-se ou empossar-se em cargos públicos

◦ Receber remuneração pelo exercício de cargo ou função pública, assim como


de emprego público

◦ Participar de licitações e contratar com o Poder Público

◦ Obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas


econômicas federais ou estaduais...

◦ Obter passaporte ou carteira de identidade

◦ Renovar matrícula em estabelecimento oficial

Procedimento

Trata-se de procedimento administrativo

Inicia-se por meio do ERA,, preenchido perante o cartório eleitoral

Deve ser feito até 150 dias antes das eleições

O empregado pode deixar de comparecer ao serviço por até dois, sem prejuízo da
remuneração, para alistar-se.

Após o preenchimento do RAE e juntada de documentos, encaminha-se ao juiz para decidir.

112
Deferido o alistamento, o cidadão recebe o título eleitoral.

Título de Eleitor

Documento solene e formal que expressa a cidadania do eleitor

Emite-se por computador e nesse documento deve constar:

◦ Nome do eleitor

◦ Data de nascimento

◦ Unidade da Federal, o município, a zona e a seção eleitoral

◦ Número de inscrição eleitoral

◦ Data da emissão, assinatura do juiz eleitoral e do eleitor

No caso de perda ou extravio, o eleitor pode requerer ao juiz eleitoral a expedição da 2ª via até
10 dias antes das eleições. Entretanto, somente será emitida a 2ª via do título eleitoral se o
eleitor estiver quite com suas obrigações eleitorais.

O título de eleitor é documento comprobatório da quitação eleitoral até a data de sua emissão.

Recurso contra a decisão do pedido de alistamento

Das decisões emanadas do juiz eleitoral no procedimento de alistamento, terá legitimidade


ativa para recorrer:

 O próprio eleitor

 Partidos políticos

 Ministério Público

Da decisão que deferir o alistamento, qualquer delegado de partido e o MP poderá recorrer no


prazo de 10 dias

Da decisão que indeferir o alistamento, o próprio eleitor poderá recorrer no prazo de 5 dias

Domicílio Eleitoral

113
O alistamento eleitoral deve ser requerido no domicílio eleitoral da pessoa. É indispensável,
portanto, a definição do que pode ser compreendido por domicílio eleitoral.

Domicílio Civil = Domicílio Eleitoral ?

O conceito legal de domicílio eleitoral está descrito no art. 42, parágrafo único, do Código
Eleitoral. Essa é a redação deste dispositivo legal:

Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do


eleitor.

Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o


lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o
alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas.

O alcance do conceito de domicílio eleitoral foi dado pela jurisprudência do TSE. Esse é o
conceito de domicílio eleitoral para o TSE:

Domicílio eleitoral. O domicílio eleitoral não se confunde,


necessariamente, com o domicílio civil.

A circunstância de o eleitor residir em determinado município não


constitui obstáculo a que se candidate em outra localidade onde é
inscrito e com a qual mantém vínculos (negócios, propriedades,
atividades políticas).

(Recurso Especial nº 18.124, rel. Min. Garcia Vieira, de


16.11.2000)

Pode, ainda, compreender o contorno do conceito de domicílio eleitoral no seguinte julgado:

DIREITO ELEITORAL. CONTRADITÓRIO. DEVIDO PROCESSO


LEGAL. INOBSERVÂNCIA. DOMICÍLIO ELEITORAL.
CONCEITUAÇÃO E ENQUADRAMENTO. MATÉRIA DE DIREITO.
MÁ-FÉ NÃO CARACTERIZADA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.

I - O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de


domicílio do direito comum, regido pelo Direito Civil. Mais flexível e
elástico, identifica-se com a residência e o lugar onde o interessado
tem vínculos políticos e sociais.

II - Não se erpode negar tais vínculos políticos, sociais e afetivos do


candidato com o município no qual, nas eleições imediatamente

114
anteriores, teve ele mais da metade dos votos para o posto pelo qual
disputava.

Transferência Eleitoral

A transferência ocorrerá em caso de mudança do domicílio eleitoral. Trata-se do deslocamento


do nome do eleitor para colégio eleitoral diverso.

Para o deferimento do pedido de transferência deve-se cumprir os seguintes requisitos:

 Residência mínima de 3 meses no novo domicílio

 Decurso de prazo de pelo menos 1 ano do alistamento ou da última


transferência

 Prova de quitação eleitoral

 Entrada do pedido até 150 dias antes da data da eleição

Tanto a residência mínima de 3 meses no novo domicílio, quanto a transcorrência de pelo


menos 1 ano da inscrição originária quando se tratar de pedido de transferência de servidor
público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua família, por motivo de remoção ou
transferência.

Cancelamento da Inscrição Eleitoral

As inscrições eleitorais tem caráter de definitividade. Há, não obstante, algumas situações que
podem ensejar o cancelamento da inscrição do eleitor. Essas hipóteses estão previstas no art.
71 do Código Eleitoral.

São causas de cancelamento da inscrição eleitoral:

 Inscrição eleitoral de inalistável

Conscritos

Estrangeiros

 Inscrição eleitoral feita em local diverso do domicílio eleitoral do


cidadão

115
 Suspensão ou perda dos direitos políticos

Art. 15 da CF/88

A autoridade que impuser essa pena providenciará para que o


fato seja comunicado ao Juiz Eleitoral da circunscrição que residir o
réu

 Falecimento do eleitor

Os oficiais do registro civil, sob pena de sanção penal, deve


enviar, até o dia 15 de cada mês, devem comunicar os óbitos ocorridos
no mês anterior ao Juiz Eleitoral

 Pluralidade e Duplicidade – o cancelamento recairá sobre:

A inscrição mais recente, efetuada contrariamente às


instruções em vigor.

A inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral

Naquela cujo o título não tenha sido entregue ao eleitor

Naquela cujo o título não tiver sido utilizado para o exercício do


voto na última eleição

Na mais antiga

◦ Deixar de votar em três eleições consecutivas

No que se refere a essa causa de cancelamento, o TSE possui o


seguinte entendimento:

Assegurado pela Constituição ao eleitor maior de 70 anos o


exercício facultativo do voto, não se pode impor, por resolução, ao
eleitor com idade superior a 80 anos obrigação visando preservar a
regularidade de sua inscrição eleitoral.
A depuração do cadastro, com a finalidade de excluir inscrições
atribuídas a pessoas falecidas, deverá ser promovida em
procedimentos específicos a partir das comunicações mensais de
óbitos a que estão obrigados os cartórios de registro civil ou
deflagrada de ofício pela Corregedoria-Geral, observados, em
qualquer caso, o contraditório e a ampla defesa. (TSE, Rp n.
649/2005)
(RP n. 649; Rel. Min. Francisco Peçanha Martins)

116
Questões de Concurso

Questão 1 – Considerando um eleitor que esteja respondendo a processo de exclusão de


inscrição, julgue o item subseqüente: a lei admite que o eleitor, durante o processo de
exclusão, vote validamente.
R–C

Questão 2 – Considerando um eleitor que esteja respondendo a processo de exclusão de


inscrição, julgue o item subseqüente: é defeso ao juiz eleitoral conhecer de ofício a exclusão do
eleitor.
R–E

Questão 3 – Considerando um eleitor que esteja respondendo a processo de exclusão de


inscrição, julgue o item subseqüente: como o interesse de agir é exclusivo do eleitor, outro
eleitor não poderá promover a sua defesa em caso de exclusão.
R–E

Questão 4 – Acerca do alistamento eleitoral e de demais matérias inerentes à Resolução TSE


n.º 21.538/2003, julgue o item a seguir: mesmo que o alistamento eleitoral se dê por
processamento eletrônico, o alistando está obrigado a apresentar em cartório, ou local
previamente designado, o requerimento de alistamento acompanhado de três fotografias.
R–E

Questão 5 – Acerca do alistamento eleitoral e de demais matérias inerentes à Resolução TSE


n.º 21.538/2003, julgue o item a seguir: é facultado o alistamento, no ano em que se realizarem
eleições, do menor que completar dezesseis anos até a data do pleito, inclusive, sendo certo
que o título eleitoral emitido em tais condições somente surtirá efeitos com o implemento da
idade de dezesseis anos
R–C

Questão 6 – Acerca do alistamento eleitoral e de demais matérias inerentes à Resolução TSE


n.º 21.538/2003, julgue o item a seguir: não se aplicará a pena de multa ao brasileiro nato, não
analfabeto e não alistado, que requerer sua inscrição eleitoral até o centésimo primeiro dia
anterior à eleição subsequente à data em que completar dezenove anos de idade.
R–E

Questão 7 – Acerca do alistamento eleitoral e de demais matérias inerentes à Resolução TSE


n.º 21.538/2003, julgue o item a seguir: o analfabeto que deixa de sê-lo não fica sujeito a multa
quando requer sua inscrição eleitoral.
R–C

Questão 8 – Acerca do alistamento eleitoral e de demais matérias inerentes à Resolução TSE


n.º 21.538/2003, julgue o item a seguir: em caso de mudança de domicílio, configura exigência
para transferência de inscrição de eleitor a observância do prazo de entrada do requerimento
no cartório eleitoral do novo domicílio no prazo de até cem dias antes da data da eleição.
R–E

Questão 9 – Acerca do alistamento eleitoral e de demais matérias inerentes à Resolução TSE


n.º 21.538/2003, julgue o item a seguir: no caso de perda ou extravio de seu título eleitoral, o
eleitor que se encontre fora de seu domicílio eleitoral pode requerer a expedição da segunda
via do título a juiz de outra zona até sessenta dias antes da eleição, esclarecendo se vai
recebê-la na sua zona de origem ou na em que a requereu.
R–C

117
Questão 10 – Considerando a hipótese de que Maria, eleitora regularmente inscrita,
completará 70 anos de idade no dia 10/10/2010 e sabendo que o primeiro turno da eleição
ocorrerá no dia 3 de outubro e o segundo, se houver, ocorrerá no dia 31 do mesmo mês,
assinale a opção correta quanto às obrigações e aos direitos eleitorais de Maria.

A) Maria será obrigada a votar tanto no primeiro quanto no segundo turno.


B) Maria não será obrigada a votar em nenhum turno.
C) Maria será obrigada a votar no primeiro turno, mas não no segundo.
D) Maria somente será obrigada a votar nos dois turnos se for alfabetizada.
E) Ao completar 70 anos de idade, o título eleitoral de Maria será cancelado.
R–C

Questão 11 – Um jovem com menos de 16 anos de idade no ano da eleição

A) somente pode alistar-se após completar 16 anos de idade.


B) pode alistar-se no ano em que completa 16 anos de idade, mas somente tem direito ao voto
se fizer aniversário até o dia da eleição.
C) deve completar 16 anos de idade no ano anterior à eleição para poder votar.
D) somente pode votar se completar 16 anos de idade até a data final do alistamento eleitoral.
E) deve comprovar que completa 16 anos de idade até 31 de dezembro do ano da eleição para
poder votar.
R–B

Questão 12 – A respeito do título eleitoral, da sua forma e do seu conteúdo, além de outros
aspectos legais a ele pertinentes, nos termos como determina a legislação e, em especial, a
Resolução n.º 21.538/2003, do TSE, é correto afirmar que

A) a emissão do título eleitoral deve ser realizada por escrivão autorizado, que utilize modelo
impresso.
B) o título eleitoral deve ser emitido obrigatoriamente por computador.
C) deve constar, no título eleitoral, sempre a fotografia do eleitor.
D) a data de emissão do título eleitoral será aquela da primeira emissão, ainda que o eleitor
solicite segunda via.
E) o processo de alistamento é ininterrupto, e os requerimentos de transferência são recebidos
a qualquer tempo.
R–B

Questão 14 – Antônio, cidadão e eleitor de 81 anos de idade, deixou de exercer o direito de


votar por três eleições consecutivas e não justificou a ausência, mas, na eleição seguinte,
decidiu-se por votar.
Acerca dessa situação hipotética e da legislação a ela pertinente, assinale a opção correta.

A) A inscrição de Antônio como eleitor será cancelada, em decorrência das disposições legais
e das resoluções do TSE.
B) Serão excluídos do cancelamento os eleitores que, por definição constitucional, não estejam
obrigados a votar.
C) O eleitor com mais de oitenta anos deve atualizar seu registro periodicamente, por
determinação legal.
D) A jurisprudência do TSE é omissa quanto ao assunto objeto da situação em apreço.
E) A CF e a Lei Eleitoral não fazem distinções em razão da idade, em respeito à isonomia.
R–B

Questão 14 – Ao alistar-se como eleitor, o cidadão deve cumprir requisitos legais e


regulamentares exigidos pelo TSE. A esse respeito, assinale a opção correta.

118
A) Para que um cidadão do sexo masculino, maior de 18 anos de idade, casado, possa se
alistar como eleitor, é suficiente a identificação mediante certidão de casamento extraída do
registro civil.
B) A duplicidade de alistamento eleitoral importa irregularidade civil punida com multa.
C) Em caso de irregularidade no alistamento, qualquer eleitor é parte legítima para requerer ao
juiz eleitoral a abertura de investigação.
D) Em caso de duplicidade, a competência para julgamento de ilícito penal é do juiz eleitoral do
lugar onde ocorreu a primeira inscrição.
E) As inscrições canceladas devem ser excluídas do cadastro antes da eleição subsequente.
R-C

Questão 15 – Raimundo, servidor público estadual removido para a capital do estado, é eleitor
alistado em cidade do interior. Ao requerer a transferência do título, Raimundo deve

A) comprovar o alistamento eleitoral primário, realizado na cidade do interior há mais de um


ano.
B) pedir novo alistamento, até seis meses antes da eleição subsequente.
C) apresentar ao cartório eleitoral o título e a prova de quitação eleitoral.
D) comprovar a residência no novo domicílio por pelo menos três meses.
E) apresentar termo de autorização expressa do superior hierárquico na administração pública.
R–C

Questão 16 – Josué teve os seus direitos políticos suspensos mediante decisão judicial.
Posteriormente, sua condição foi alterada e ele pretendeu novo alistamento eleitoral. Diante
dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

A) A regularização da situação de Josué deve ser procedida, de ofício, pelo órgão judicial que
decretou a perda.
B) Caso se tratasse de perda de direitos políticos, e não de suspensão, competiria ao juiz
eleitoral comunicar acerca da reaquisição ou do restabelecimento dos direitos políticos do
eleitor.
C) Cabe ao Ministério da Justiça comunicar acerca da reaquisição ou do restabelecimento dos
direitos políticos de Josué.
D) A sentença judicial presta-se para comprovar o restabelecimento dos direitos políticos de
Josué.
E) Caso Josué tivesse se recusado a prestar o serviço militar obrigatório, então seria vedada a
reaquisição de seus direitos políticos.
R–D

Questão 17 - A respeito da obrigatoriedade do voto, é correto afirmar que

(A) o voto é facultativo para os maiores de 60 anos.


(B) o eleitor que deixar de votar em três eleições consecutivas terá sua inscrição cancelada.
(C) para o eleitor que se encontrar no exterior, o prazo para justificação é de 30 dias contados
da data da eleição.
(D) os menores de 18 anos que deixarem de votar estarão sujeitos à multa.
(E) os estrangeiros não naturalizados brasileiros votarão em separado.
R–B

Questão 18 – NÃO é causa de cancelamento de inscrição

(A) deixar o eleitor de votar em três eleições consecutivas.


(B) a suspensão dos direitos políticos.
(C) a perda dos direitos políticos.
(D) o falecimento do eleitor.
(E) a mudança de residência do eleitor para o exterior.

119
R–E

120
Sistemas Eleitorais

Os sistemas eleitorais podem ser definidos como o “conjunto de técnicas legais que objetiva
organizar a representação popular, com base nas circunstâncias eleitorais” (Marcos
Ramayana).
Para dar maior clareza ao tema, reproduz-se mais um conceito de sistemas eleitorais:
É o conjunto de regras que disciplinam o recebimento dos votos pelos
candidatos, a transformação da votação em mandato e a distribuição
das cadeiras no Parlamento, viabilizando a representação popular
(Djalma Pinto)

Por isso, pode-se afirmas que os sistemas eleitorais são definidos pelo complexo de regras
utilizadas nas eleições, determinantes de como se organizará o eleitorado e de como se
elegerão/escolherão os representantes políticos.
A escolha de um ou outro sistema eleitoral busca atingir a autenticidade eleitoral e a
necessidade de atender à especificidade de cada colégio eleitoral.

Espécies de Sistemas Eleitorais

Temos duas espécies básicas de sistemas eleitorais. São elas:


◦ Representação Proporcional (Sistema Proporcional) A proporcionalidade
permite uma melhor distribuição dos votos e do resultado
◦ First-Past-the-post – FPTP (Sistema Majoritário) Grupo ou candidato
elegem-se por obterem a maioria dos votos, qualquer que seja a diferença

Sistema majoritário

Pelo sistema majoritário reputa-se eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos. O
objetivo desse sistema é garantir que o candidato mais votado seja eleito.
Há duas formas de sistema majoritário:
 Maioria Simples ou Relativa: reputa-se eleito o candidato que obtiver o maior número
de votos, independentemente do percentual de votação por ele alcançado (turno único)

 Maioria Absoluta: a eleição do candidato é condicionada à obtenção da maioria


absoluta dos votos do eleitorado

121
Obs.: por maioria absoluta entende-se o primeiro número inteiro acima da metade do
eleitorado. Não é a metade mais um.
Obs: Não sendo alcançado tal percentual de votação, realiza-se um 2º turno,
considerando-se eleito aquele que tiver a maioria simples dos votos

Sistema proporcional

Pelo sistema proporcional tem o objetivo de garantir com haja uma melhor correspondência
entre a formação do Parlamento e as diferentes opiniões, valores e preferências existentes na
sociedade.
Por meio desse sistema, não se considera apenas a votação recebida pelos candidatos, mas
também a votação recebida pelos partidos.
Com a adoção do sistema proporcional, teremos uma maior igualdade material e a minoria,
desde que atinja um percentual mínimo de aprovação popular, participará da condução dos
negócios públicos. Logo, esse sistema possui o pluralismo político como marca fundamental.
Nesse sentido
Sendo por natureza, sistema aberto e flexível, ele favorece e
estimula, a fundação de novos partidos, acentuando desse modo o
pluralismo político de democracia partidária. Torna a vida política
mais dinâmica e abre à circunscrição das idéias e das opiniões a
novos condutores que impedem uma rápida e eventual esclerose do
sistema partidário. (Paulo Bonavides)

Sistemas eleitorais no Brasil

A legislação eleitoral brasileira prevê dois sistemas eleitorais:


 Majoritário – Adotar-se o sistema majoritário para as eleições aos cargos de:
 Presidente
 Governador
 Prefeito
 Senador
 Proporcional – adotar-se-á o sistema proporcional para as eleições aos cargos de:
 Deputados Federais
 Deputados Estaduais
 Vereadores

122
Sistema Majoritário

No ordenamento jurídico brasileiro, para os cargos regidos pelo sistema majoritário, adota-se o
princípio da indivisibilidade da chapa – “a eleição do Presidente importará a do candidato a
Vice-Presidente com ele registrado, o mesmo se aplicando à eleição de Governador”, conforme
previsão do § 4º do art. 3º da Lei n. 9.504/97.
Esse princípio também se aplica aos candidatos ao cargo de senador, uma vez que a chapa
somente pode ser registrada com dois suplentes que, em caso de vitória, serão proclamados
eleitos e diplomados juntamente com o titular.

Na esfera municipal, em relação aos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, adotou-se o sistema


majoritário por:
 Maioria Simples – art. 29, inc. II, CF/88 – Município com menos de 200 mil
eleitores
 Maioria Absoluta – municípios com mais de 200 mil eleitores

Na esfera estadual, levando em consideração os cargos de Governador, a legislação eleitoral


adotou o sistema majoritário por:
 Maioria Absoluta – art. 28, CF/88

Quanto aos cargos de Senador da República, Presidente e Vice-Presidente da República,


cargos federais, adotou-se o sistema majoritário por:
 Maioria Simples (Senador) – art. 46, CF/88
 Maioria Absoluta (Presidente) – art. 77, CF/88

Quanto à aplicação do princípio da Indivisibilidade da chapa, tem-se que, de acordo com o art.
18 da Lei Complementar n. 64/90:
Art. 18 A declaração de inelegibilidade do candidato à Presidência da
República, Governador de Estado e do Distrito Federal e Prefeito
Municipal não atingirá o candidato a Vice-Presidente, Vice-
Governador ou Vice-Prefeito, assim como a destes não atingirá
aqueles.

Desse modo, embora a chapa seja indivisível, a inelegibilidade é sempre individual. Somente
será reconhecida a inelegibilidade daquele que efetivamente incidiu em uma das hipóteses
previstas em lei.

123
O candidato, escolhido em convenção partidária, para concorrer aos cargos de Presidente e
Vice-Presidente, Governador e Vice-Governador, Prefeito e Vice-Prefeito, pode ser substituído,
a qualquer tempo, desde que antes de realizadas as eleições.
Caso a eleição para o cargo seja regida pelo sistema majoritário de dois turnos e se, após o
primeiro turno e antes do segundo, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de
candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
Não pode ocorrer substituição de candidatos após a realização do primeiro turno de votação.
Convoca-se, portanto, o 3º colocado para disputar o segundo turno de votação.
A Constituição Federal somente reconhece como válidos os votos efetivamente atribuídos a
candidatos ou a legenda partidária. Na contagem dos votos válidos das eleições majoritárias
exclui-se os votos nulos e os votos em branco (art. 77, § 2º, CF/88).

Sistema Proporcional

No Brasil, o sistema proporcional determina os eleitos aos cargos de Deputados Federais,


Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores. Logo, pode-se afirmar que os cargos
eletivos do Poder Legislativo dos diversos entes federativos serão preenchidos com a adoção
do sistema proporcional, com a única exceção do cargo de Senador da República.
As vagas serão conquistadas pelos partidos políticos conforme a votação a eles atribuída.
Quanto mais votos uma legenda partidária conquistar, mais candidatos esse partido elegerá.
Pelas regras do sistema proporcional adotado no Brasil, para que um candidato seja eleito, é
indispensável que o seu partido atinja um número mínimo de votos. Essa barreira mínima de
votos que deve ser ultrapassada pelo partido político é chamada de quociente eleitoral.
Adotou-se o sistema proporcional de lista aberta – privilegia o candidato em detrimento do
partido político, na medida em que se elege o candidato que obtiver a maior contingência de
votos individualmente
Deve determinar-se como se dará o cálculo do quociente eleitoral. Eis a representação
matemática da fórmula:

 QE = votos válidos / número de lugares a preencher

O quociente eleitoral se obtém com a divisão dos votos válidos, que é o somatório dos votos
dados a candidatos inscritos e às legendas partidárias, pelo número de cadeiras que estão em
disputa no parlamento.
Nesse cálculo, despreza-se a fração se for igual ou inferior e meio e, se superior, arredonda-se
para o primeiro número inteiro subsequente.

124
Além disso, para o cálculo do quociente eleitoral, os votos em branco e os nulos devem ser
desconsiderados.
Faz-se uma ressalva: se nenhum Partido ou coligação alcançar o quociente eleitoral,
considerar-se-ão eleitos, até serem preenchidos todos os lugares, os candidatos mais votados.
Trata-se da hipótese em que, em razão de uma impossibilidade material, adotar-se-á o sistema
majoritário por maioria simples para a eleição dos cargos do Poder Legislativo.

Após a determinação do quociente eleitoral (número mínimo de votos que as legendas


partidárias devem atingir para elegerem candidatos), deve-se calcular o quociente partidário.

O quociente partidário definirá quantos candidatos foram eleitos por cada partido político.
Segue a fórmula utilizada para o cálculo do quociente partidário:

 QP = votos alcançados pela legenda / quociente eleitoral

Nos termos do art. 107 do CE, a fração deve ser desprezada, independente se menor ou maior
a meio, diferentemente do que ocorre no cálculo do quociente eleitoral.
Cada partido elegerá tantos candidatos quanto o seu quociente partidário indicar, na ordem da
votação nominal que cada um tenha recebido, desde que tenha candidatos registrados que
tenham obtido a votação nominal mínima.
Com efeito, somente será considerado eleito o candidato que tenha obtido classificação na
votação dentro o quociente partidário da agremiação e, além disso, que tenha alcançado votos
que correspondam a 10% do quociente eleitoral. Com essa prescrição:

Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um


partido ou coligação que tenham obtido votos em número igual ou
superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, tantos quantos
o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação
nominal que cada um tenha recebido.

Para a distribuição das vagas restantes, que não puderam ser atribuídas em razão da
exigência da votação nominal mínima, chamadas de sobras eleitorais, deve-se utilizar a
técnica da maior média.

Para o cálculo da Maior Média deve-se dividir o número de votos válidos atribuídos a cada
partido pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao partido que apresentar a

125
maior média um dos lugares a preencher. Esse cálculo deverá ser repetido para a distribuição
de cada um dos lugares. Veja a representação matemática da fórmula:

TMM = número de votos do partido / número de cadeiras conquistadas + 1

Ex. Município A possui 9 cargos de Vereador na Câmara Municipal. Na eleição apurou-se


50.000 votos válidos. Nessa eleição, esses foram os votos recebidos pelos partidos:

Partido A – 12000 votos


Partido B – 15000 votos
Partido C – 4000 votos
Partido D – 19000 votos

Inicialmente, deve-se calculo o quociente eleitoral:

50000 (votos válidos) / 9 (número de cadeiras) = 5.555,55


Como a fração é superior a meio deve-se arredondar o resultado para o primeiro número inteiro
subsequente. Logo, o quociente eleitoral será de 5556

Nesse exemplo verifica-se que cada partido, para eleger um candidato deve conseguir, no
mínimo, 5.556.

Após, passa-se ao cálculo do quociente partidário de cada partido:

Partido A – 12.000 / 5556 = 2,159 (quociente partidário desse partido é 2, desconsidera-se


a fração)
Partido B – 15000 / 5556 = 2,699 (quociente partidário desse partido é 2, desconsidera-se
a fração)
Partido C – não atingiu o quociente eleitoral e, por essa razão, não elegerá nenhum candidato
Partido D – 19000 / 5556 = 3,419 (quociente partidário desse partido é 3, desconsidera-se
a fração)

Verifica-se que, após o cálculo do quociente partidário, os partidos preencherão, caso tenham
candidatos com votação nominal mínima, 7 vagas. Restam duas cadeiras. Deve-se utilizar a
Técnica da Maior Média. Para cada uma das vagas faz-se um cálculo da maior média.
Assim:

126
Partido A – 12000 votos / 2 + 1 = 4000
Partido B – 15000 votos / 2 + 1 = 5000
Partido D – 19000 votos / 3 + 1 = 4750

Tendo o Partido B obtido a maior média, ficará com a 8ª vaga, desde que tenha candidato com
a votação nominal mínima. Resta uma vaga. Faz-se novamente o cálculo da Maior Média.

Partido A – 12000 votos / 2 + 1 = 4000


Partido B – 15000 votos / 3 + 1 = 3750 (lembrando que no cálculo anterior ele ganhou mais
uma vaga)
Partido D – 19000 votos / 3 + 1 = 4750

Tendo o Partido D obtido a maior média, ficará com a última vaga, desde que tenha candidato
com a votação nominal mínima.

Ao final, essa foram as vagas conquistadas pelos partidos:

Partido A – 2 cadeiras
Partido B – 3 cadeiras
Partido D – 4 cadeiras

Se durante o cálculo da votação nominal mínima, não houver partidos com candidatos com
votos correspondentes a 10% do quociente partidário, as vagas serão distribuídas aos partidos
que apresentarem as maiores médias.

Ao fim, com a determinação das vagas conquistadas pelos partidos, resta, ainda, saber quem
serão os candidatos que ocuparão as vagas. O Código Eleitoral adotou o sistema da lista
aberta. Esse é a determinação do art. 109, § 1º, do CE:

Art. 109.
§ 1º. O preenchimento dos Iugares com que cada Partido ou
coligação for contemplado far-se-á segundo a ordem de votação
recebida pelos seus candidatos
Os candidatos mais votados da legenda partidária serão considerados eleitos. Os demais
candidatos mais votados entre os ‘não eleitos’ será considerados suplentes. Em caso de
vacância ou impedimento do titular do cargo, o suplente assumirá o mandato.
Sobre as normas aplicáveis aos sistemas eleitorais, veja as consequências promovidas pela
Lei n. 13.165/2015:

127
Resolução-TSE n. 23.456
Art. 147. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número
de votos válidos apurados pelo número de lugares a preencher,
desprezando-se a fração, se igual ou inferior a meio, ou
arredondando-se para um, se superior (Código Eleitoral, art. 106,
caput).
Art. 148. Determina-se, para cada partido político ou coligação, o
quociente partidário dividindo-se pelo quociente eleitoral o número
de votos válidos dados sob a mesma legenda ou coligação,
desprezada a fração (Código Eleitoral, art. 107).
Parágrafo único. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por
um partido ou coligação que tenham obtido votos em número igual
ou superior a dez por cento do quociente eleitoral, tantos quantos o
respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação
nominal que cada um tenha recebido (Código Eleitoral, art. 108).
Art. 149. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos
quocientes partidários e a exigência de votação nominal mínima a
que se refere o art. 148 serão distribuídos mediante observância
das seguintes regras (Código Eleitoral, arts. 108, parágrafo único, e
109):
I - o número de votos válidos atribuídos a cada partido político ou
coligação será dividido pelo número de lugares por eles obtidos
mediante o cálculo do quociente partidário mais um, cabendo ao
partido político ou à coligação que apresentar a maior média um dos
lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à
exigência de votação nominal mínima (Código Eleitoral, art. 109,
inciso I);
II - será repetida a operação para a distribuição de cada um dos
lugares (Código Eleitoral, art. 109, inciso II);
III - quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos
que atendam às duas exigências do inciso I, as cadeiras serão
distribuídas aos partidos que apresentem as maiores médias
(Código Eleitoral, art. 109, inciso III).
§ 1º Calculada a primeira sobra na forma do inciso I, na repetição de
que trata o inciso II, a distribuição das demais vagas considerará,
para efeito do cálculo da média, o previsto no inciso I e também as

128
sobras que já tenham sido atribuídas ao partido ou à coligação, em
cálculos anteriores.
§ 2º No caso de empate de médias entre dois ou mais partidos
políticos ou coligações, será considerado aquele com maior votação
(Res.-TSE nº 16.844/1990).
§ 3º Ocorrendo empate na média e no número de votos dados aos
partidos políticos ou às coligações, prevalecerá, para o desempate,
o número de votos nominais recebidos pelo candidato que disputa a
vaga.
§ 4º O preenchimento dos lugares com que cada partido ou
coligação for contemplado se fará segundo a ordem de votação
nominal de seus candidatos (Código Eleitoral, art. 109, § 1º).
§ 5º Somente poderão concorrer à distribuição dos lugares os
partidos políticos ou as coligações que tiverem obtido quociente
eleitoral (Código Eleitoral, art. 109, § 2º).
§ 6º Em caso de empate na votação de candidatos e de suplentes
de um mesmo partido político ou coligação, será eleito o candidato
mais idoso (Código Eleitoral, art. 110).
Art. 150. Se nenhum partido político ou coligação alcançar o
quociente eleitoral, serão eleitos, até o preenchimento de todos os
lugares, os candidatos mais votados (Código Eleitoral, art. 111).
Art. 151. Nas eleições proporcionais, serão suplentes dos
candidatos eleitos todos os demais candidatos do partido que
concorrem isoladamente ou os da coligação que não forem eleitos,
na ordem decrescente de votação (Código Eleitoral, art. 112).
Parágrafo único. Na definição dos suplentes da representação
partidária, não há exigência de votação nominal mínima prevista no
art. 148

Sistema Bicameral Federativo

Far-se-á pequenas observações quanto ao nosso sistema bicameral. No Brasil, o Poder


Legislativo da União é composto por duas Casas: o Senado Federal e a Câmara dos
Deputados.

O Senado Federal é formado por 81 Senadores. Existem 3 senadores para cada Estado e três
para o DF (representação igualitária).

129
Quanto à Câmara dos Deputados, atualmente tem em sua composição 513 deputados
federais, nos termos do art. 1º da Lei Complementar 78/93. Essa é a redação do dispositivo:

Art. 1º Proporcional à população dos Estados e do Distrito Federal, o


número de deputados federais não ultrapassará quinhentos e treze
representantes, fornecida, pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, no ano anterior às eleições, a atualização
estatística demográfica das unidades da Federação.

Por disposição constitucional, nenhum Estado poderá ter menos de 8 e mais de 70 deputados
federais.
De forma diversa do modelo federal, os Estados possuem composição unicameral no que se
refere à organização do Poder Legislativo.
A determinação do número de deputados estaduais corresponde ao triplo do número de
deputados federais. Esse cálculo somente será aplicado até que se atinja o número de trinta e
seis deputados estaduais. Para os Estados que possuem mais de doze representantes na
Câmara dos Deputados, veja o que diz a Constituição Federal:

Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa


corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.

Logo, todas as vezes que um Estado atingir o limite de trinta e seis deputados, o cálculo dos
excedente não será mais o correspondente ao triplo dos deputados federais, mas será obtido
por meio da soma dos deputados federais acima de doze.

Exemplificando:

Estado A – possui 8 deputados federais


Estado B – possui 12 deputados federais
Estado C – possui 13 deputados federais
Estado D – possui 14 deputados federais

Dessa forma, o número de deputados estaduais de cada um desses entes federativos será de:

Estado A – 8 x 3 (triplo) = 24 deputados estaduais

130
Estado B – 12 x 3 (triplo) = 36 deputados federais
Estado C – (12 x 3) + 1 = 37 deputados estaduais
Estado D – (12 x 3) + 2 = 38 deputados estaduais

Quanto à data para a realização das eleições, a CF estabeleceu as seguintes disposições:

Eleições para Presidente da República e Vice-Presidente da


República
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República
realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em
primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial
vigente.

Eleições para Governador e Vice-Governador


Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado,
para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo de
outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do
ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77.

Eleições de Prefeito e Vice-Prefeito


Art. 29
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro
domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que
devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios
com mais de duzentos mil eleitores;

Pode-se perceber que a CF/88 não estabeleceu a data de realização das eleições para os
cargos do Poder Legislativo. Essa tarefa foi cumprida pela Lei das Eleições (Lei n. 9.504), nos
seguintes moldes:

Art 1º As eleições para Presidente e Vice-Presidente da República,


Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal,
Prefeito e Vice-Prefeito, Senador, Deputado Federal, Deputado

131
Estadual, Deputado Distrital e Vereador dar-se-ão, em todo o País, no
primeiro domingo de outubro do ano respectivo.
Parágrafo único. Serão realizadas simultaneamente as eleições:
I - para Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e
Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Senador, Deputado
Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital;
II - para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.

132
Recursos Eleitorais

Como sabido, recurso é um incidente processual que permite o reexame de uma decisão
exarada pelo juiz.

Na seara eleitoral, os recursos não terão efeito suspensivo, conforme previsão específica do
art. 257 do CE, salvo nos casos dos recursos ordinários interpostos contra decisão proferida
por juiz eleitoral ou pelo Tribunal Regional Eleitoral que resulte em cassação de registro,
afastamento do titular ou perda de mandato eletivo. A esse respeito, veja a prescrição contida
no art. 257 do Código Eleitoral:

Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.


§ 1º A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente,
através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos
especiais, a critério do presidente do Tribunal, através de cópia do
acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 2º O recurso ordinário interposto contra decisão proferida por juiz
eleitoral ou por Tribunal Regional Eleitoral que resulte em cassação
de registro, afastamento do titular ou perda de mandato eletivo será
recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo. (Incluído
pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 3º O Tribunal dará preferência ao recurso sobre quaisquer outros
processos, ressalvados os de habeas corpus e de mandado de
segurança. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

Quanto ao prazo recursal, sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser
interposto em três dias da publicação do ato, resolução ou despacho. Logo, como regra, após
a publicação ou intimação de decisões as partes terão 3 dias para interpor recurso. Esse prazo
genérico aplica-se aos seguintes recursos:

- recurso eleitoral
- recurso ordinário eleitoral
- recurso especial eleitoral
- recurso extraordinário eleitoral
- embargos de declaração
- agravo de instrumento

133
Esses prazos são preclusivos, salvo quando neste se discutir matéria constitucional. (CE, art.
259). Essa previsão legal não quer dizer que a interposição de recursos intempestivos
possibilitaria ao Tribunal rever a matéria, desde que constitucional. Se o recurso é
intempestivo, a decisão transita em julgado.
Agora, se matéria for constitucional, esta poderá embasar a propositura de uma futura ação
eleitoral com a finalidade de argüir tal matéria. Exemplo clássico é a utilização do Recurso
Contra a Expedição de Diploma para a argüição de inelegibilidade preexistente ao pedido de
registro de candidatura.

Dos Recursos Perante as Juntas e Juízes Eleitorais

Dos atos, despachos e resoluções dos juízes e juntas eleitorais caberá recurso para o Tribunal
Regional Eleitoral. Veja que o juiz eleitoral não tem competência para rever as decisões
proferidas pelas Juntas Eleitorais.
Esse recurso deve ser interposto por meio de petição fundamentada, dirigida ao juiz eleitoral,
no prazo de três dias. Após a interposição do recurso, a parte contrária poderá apresentar
contrarrazões, em igual prazo.
Essa espécie recursal possui o efeito regressivo, ou seja, admite-se que o juiz prolator da
decisão exerça juízo de retratação.
Caso contrário, o recurso deverá ser remetido ao TRE, para julgamento.

Recursos perante os Tribunais Regionais Eleitorais

Embargos de declaração

Os embargos de declaração são cabíveis, na verdade, em face de qualquer decisão judicial e


em qualquer grau de jurisdição. Sua finalidade é sanar a eventual omissão, contradição,
obscuridade da decisão.
Na Justiça Eleitoral, como regra, deverão ser opostos no prazo de 3 dias.
Dentre os pedidos que podem ser feitos no âmbito dos embargos de declaração, tem-se o
pedido de efeitos modificativos. O embargante, por meio desse pedido, aponta um dos vícios
decorrentes da omissão, contradição ou obscuridade, e pede que o vício seja sanado e, em
decorrência do seu pedido há a modificação da decisão anterior.
Nesta hipótese, , deve-se ouvir a parte contrária em igual prazo, sob pena de violação ao
princípio do contraditório.

134
O Código Eleitoral afirma expressamente que a oposição dos embargos de declaração
interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, salvo se manifestamente
protelatórios.
Com a Lei n. 13.165/2015, veja a atual redação do art. 275 do Código Eleitoral:

Art. 275. São admissíveis embargos de declaração nas hipóteses


previstas no Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº
13.105, de 2015)
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos no prazo de 3 (três)
dias, contado da data de publicação da decisão embargada, em
petição dirigida ao juiz ou relator, com a indicação do ponto que lhes
deu causa. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 2º Os embargos de declaração não estão sujeitos a preparo.
(Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 3º O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. (Redação dada
pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 4º Nos tribunais: (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)
I - o relator apresentará os embargos em mesa na sessão
subsequente, proferindo voto; (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015)
II - não havendo julgamento na sessão referida no inciso I, será o
recurso incluído em pauta; (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015)
III - vencido o relator, outro será designado para lavrar o acórdão.
(Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 5º Os embargos de declaração interrompem o prazo para a
interposição de recurso. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 6º Quando manifestamente protelatórios os embargos de
declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada,
condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente
a 2 (dois) salários-mínimos. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 7º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente
protelatórios, a multa será elevada a até 10 (dez) salários-mínimos.
(Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015)

Recurso Especial e Recurso Ordinário

As demais hipóteses de cabimento de recurso em face das decisões dos Tribunais Regionais
Eleitorais estão previstas no art. 276 do Código Eleitoral. Essa é a disposição legal:

135
Art. 276. As decisões dos Tribunais Regionais são terminativas,
salvo os casos seguintes em que cabe recurso para o Tribunal
Superior:
I - especial:
a) quando forem proferidas contra expressa disposição de lei;
b) quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou
mais tribunais eleitorais.
II - ordinário:
a) quando versarem sobre expedição de diplomas nas eleições
federais e estaduais;
b) quando denegarem habeas corpus ou mandado de segurança

A própria Constituição Federal ao dispor sobre a matéria alargou as hipóteses de cabimento de


recursos em face das decisões dos TRE’s. Essa á a disposição constitucional:

Art. 121.
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente
caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição
ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais
tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas
eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos
eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-
data" ou mandado de injunção.

Por esses dispositivos, vê-se que existem duas espécies de recursos que poderão levar uma
decisão do TRE a ser reexaminada pelo TSE. São eles: recurso especial e recurso ordinário.

Recurso Especial Eleitoral

Caberá recurso especial quando:

136
1ª hipótese – Ocorrer Violação a dispositivo legal ou constitucional. Nesta situação, não
basta a indicação do dispositivo supostamente malferido, sendo indispensável a argumentação
quanto à pretendida violação legal.

2ª hipótese – Ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais


eleitorais. Não é apto a demonstração da divergência jurisprudencial a mera transcrição de
ementas, sendo indispensável a identificação da discordância entre os julgados, de modo a
permitir o conhecimento do apelo com base nesse permissivo.

Após a interposição do recurso especial eleitoral, esse é o seu processamento:

- O presidente, dentro em 48 (quarenta e oito) horas do recebimento dos autos conclusos,


proferirá despacho fundamentado, admitindo ou não o recurso. (CE, art. 278, § 1º).
- Admitido o recurso, será aberta vista dos autos ao recorrido para que, no mesmo prazo,
apresente as suas razões. (CE, art. 278, § 2º).
- Em seguida serão os autos conclusos ao presidente, que mandará remetê-los ao Tribunal
Superior Eleitoral. (CE, art. 278, § 3º).

Caso o Presidente do TRE negue seguimento ao recurso especial em razão do não-


preenchimento de requisitos de admissibilidade, a parte poderá impugnar essa decisão por
meio de Agravo de Instrumento.

Agravo de Instrumento

O Agravo de Instrumento, na Justiça Eleitoral, somente pode ser interposto em face de


decisões que deneguem seguimento a recursos. Diferentemente do processo civil, as decisões
interlocutórias são, em regra, irrecorríveis.
O Agravo de Instrumento deverá ser interposto no prazo de 3 dias. Nesta situação, o
Presidente de TRE não pode negar seguimento ao AI, ainda que intempestivo.

Recursos perante o Tribunal Superior Eleitoral

Em linha de princípio, deve-se ressaltar que as decisões do TSE são irrecorríveis, salvo nas
hipóteses expressamente previstas na Constituição. Essa é a redação do art. 121, § 3º, da CF:

Art. 121. Omissis

137
§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral,
salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de
"habeas-corpus" ou mandado de segurança.

Logo, se a decisão do TSE não se amoldar a um desses permissivos constitucionais, ela será
irrecorrível.
Pela norma constitucional do art. 121, § 3º, depreende-se que, em caso de decisões contrárias
ao Texto Constitucional, caberá recurso ao Supremo Tribunal Federal. Nessa situação, o
recurso que deverá ser interposto é o Recurso Extraordinário.
Já na outra hipótese permissiva de cabimento de recurso em face de decisões do TSE,
“denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança”, o recurso cabível é o Recurso
Ordinário.
Em ambas as hipóteses de cabimento o recurso deverá ser interposto no prazo de 3 dias após
a publicação da decisão e, a parte contrária será intimada para, em igual prazo, apresentar
contrarrazões. Sobre o prazo para a interposição do RE, veja a seguinte Súmula 728 do STF:

Súmula 728 – É de três dias o prazo para a interposição de recurso


extraordinário contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral, contado,
quando for o caso, a partir da publicação do acórdão, na própria
sessão de julgamento, nos termos do art. 12 da Lei 6.055/74, que não
foi revogado pela Lei 8.950/94.

Questões de Concurso

Questão 1 – É cabível recurso ao TSE das decisões dos TRE’s quando versarem sobre
inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais.
R–C

Questão 2 – Dentre outros casos, cabe recurso especial das decisões dos Tribunais Regionais
quando

(A) versarem sobre expedição de diplomas nas eleições federais.


(B) forem proferidas contra expressa disposição de lei.
(C) denegarem habeas corpus.
(D) versarem sobre expedição de diplomas nas eleições estaduais.
(E) denegarem mandado de segurança.
R–B

138
Questão 3 – O prazo para interposição de recurso da decisão do Juiz Eleitoral que rejeitar
impugnação de registro de candidato a Prefeito Municipal e do acórdão do TRE que confirmar
a decisão de primeiro grau é de

(A) 3 dias.
(B) 3 e 5 dias, respectivamente.
(C) 5 dias.
(D) 5 e 7 dias, respectivamente.
(E) 15 dias.
R–A

Questão 4 –Cabe recurso ordinário das decisões dos TRE’s, entre outras das que:

(A) versarem sobre a expedição de diplomas nas eleições municipais.


(B) concederem habeas corpus.
(C) denegarem mandado de segurança.
(D) forem proferidas contra expressa disposição de lei.
(E) divergirem de outro Tribunal Eleitoral na interpretação de lei.
R–C

Questão 5 – A respeito dos recursos em matéria eleitoral, considere as afirmativas abaixo.

I. Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em 3 (três) dias da
publicação do ato, resolução ou despacho.
II. Das decisões dos TRE’s que denegarem habeas corpus ou mandado de segurança cabe
recurso ordinário para o TSE.
III. Denegado o Recurso Especial pelo Presidente do TRE, o recorrente poderá interpor, dentro
de 10 (dez) dias, agravo de instrumento.
IV. O Presidente do TRE não poderá negar seguimento ao agravo de instrumento contra a
decisão denegatória de Recurso Especial, ainda que interposto fora de prazo

Está correto o que se afirma APENAS em

(A) I, II e IV.
(B) I, II e III.
(C) I, III e IV.

139
(D) II e III.
(E) III e IV.
R–A

140
Partidos Políticos

Sistema partidário

O sistema partidário consiste no modo de organização partidária de um país. Há diferentes


modos de organização:
 um partido único (unipartidário)
 dois partidos (bipartidarismo)
 três ou mais partidos (pluripartidarismo), sistema em que o Brasil se encontra.

O sistema partidário brasileiro tem previsão constitucional como fundamento da República


Federativa do Brasil, no art. 1º da CF, ao definir-se o pluralismo político como princípio
fundamental e, também, no art. 17 da CF, quando o legislador constituinte adotou o princípio
da liberdade de criação de partidos políticos. Eis a redação dos dispositivos constitucionais:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
V - o pluralismo político.

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de


partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

Disciplina Constitucional dos Partidos Políticos

Constituição Federal

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,


resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos
fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiros ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

141
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
disciplina e fidelidade partidária.

Conceito e Natureza Jurídica dos Partidos Políticos

O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do


regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos
fundamentais definidos na Constituição Federal (art. 1º, Lei 9.096/95).

Trata-se de uma pessoa jurídica de direito privado, nos termos do art. 44, inc. V, do Código
Civil.
Em razão de ser uma pessoa jurídica eminentemente privada, os litígios que envolvam conflitos
entre esferas de diretórios - municipais, estaduais e nacional - de determinado partido se
inserem no âmbito da competência da Justiça Comum.
A Justiça Eleitoral terá uma atribuição administrativa, no que tange à repartição do fundo
partidário e do programa partidário.
No âmbito judicial, a Justiça Eleitoral somente terá competência para julgar litígios partidários
que tenham reflexos no processo eleitoral, no âmbito dos processos atinentes a registros de
candidatura. Essa é a jurisprudência do TSE:

- É competência da Justiça Eleitoral analisar controvérsias sobre


questões internas das agremiações partidárias quando houver reflexo
direto no processo eleitoral, sem que esse controle jurisdicional
interfira na autonomia das agremiações partidárias, garantido pelo art.
17, § 1º, da CF. (Agravo Regimental no Recurso Especial nº
26.412, rel. Min. Cesar Rocha, de 20.9.2006)

Eleitoral. Partido político. Mandado de Segurança. Sanção disciplinar


consistente na expulsão do partido. Cabimento da segurança.
Recurso tempestivo: seu processamento.
I - Atingindo a sanção disciplinar o status do filiado e, por isso,
sua condição de elegibilidade, a este deve ser assegurada a

142
garantia constitucional do mandado de segurança e a jurisdição
da justiça eleitoral.
II - Recurso interposto tempestivamente perante a direção partidária e
dirigido à Convenção Nacional: deferimento parcial da segurança
para que o citado recurso seja processado e decidido pelo órgão
competente, a Convenção Nacional."
(Mandado de Segurança nº 1.534, Rel. Min. Diniz de Andrada, DJ
de 1º.9.1993)

Criação do Partido Político

A criação de Partidos Políticos envolve duas fases distintas: a criação dos partidos e o registro
do Estatuto do partido junto ao Tribunal Superior Eleitoral.
Dessa feita, em primeiro lugar o partido deve adquirir personalidade jurídica, com a inscrição
dos seus atos constitutivos junto ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas da Capital
Federal. Segue os requisitos que devem ser cumpridos quando do requerimento do Registro de
Partido Político:

Requerimento do Registro de Partido Político:

 dirigido ao cartório competente do Registro Civil das Pessoas Jurídicas, da Capital


Federal;
 deve ser subscrito pelos seus fundadores, em número nunca inferior a cento e um, com
domicílio eleitoral em, no mínimo, um terço dos Estados;
 deve ser acompanhado de (art. 8º, Lei 9.096):
 cópia autêntica da ata da reunião de fundação do partido;
 exemplares do Diário Oficial que publicou, no seu inteiro teor, o programa e o
estatuto;
 relação de todos os fundadores com o nome completo, naturalidade, número do
título eleitoral com a Zona, Seção, Município e Estado, profissão e endereço da
residência.

Apoiamento Mínimo

Após a aquisição da personalidade jurídica, o partido político deverá buscar o apoiamento


mínimo. O apoiamento mínimo tem a finalidade de preencher o requisito constitucional do
caráter nacional. Veja a definição de apoiamento mínimo, art. 7º, §1º, da Lei n. 9.096/95:

143
Art. 7º. Omissis.
§ 1º Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha
caráter nacional, considerando-se como tal aquele que comprove, no
período de dois anos, o apoiamento de eleitores não filiados a partido
político, correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por
cento) dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos
Deputados, não computados os votos em branco e os nulos,
distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de
0,1% (um décimo por cento) do eleitorado que haja votado em cada
um deles.

A prova do apoiamento mínimo de eleitores é feita por meio de suas assinaturas, com
menção ao número do respectivo título eleitoral, em listas organizadas para cada Zona, sendo
a veracidade das respectivas assinaturas e o número dos títulos atestados pelo Escrivão
Eleitoral (art. 9º, § 1º, Lei 9096).

Quanto a possibilidade de colheita de apoio de eleitores, por meio da internet, para fins de
demonstração do apoiamento mínimo, esse foi o entendimento do TSE:
“(...). 2. Por sua vez, nos termos do art. 9º, § 1º, da Lei dos Partidos
Políticos, a veracidade das assinaturas e do número dos títulos
constantes das fichas de apoiamento de eleitores deve ser atestada
pelo escrivão eleitoral. 3. Hipótese em que não há como se acolher
pedido de encaminhamento de fichas de apoiamento de eleitores
por meio da Internet, haja vista a exigência contida no art. 9º, § 1º,
da Lei dos Partidos Políticos. Pedido indeferido”. (Resolução
22553/2007 (PET 2669), Rel. Min. Carlos Eduardo Caputo Bastos, DJ
29.6.2007, p. 339)

Registro do Estatuto no TSE

Feita a constituição e designação, os dirigentes nacionais promoverão o registro do estatuto


do partido junto ao TSE, mediante requerimento acompanhado de (art. 9º, Lei 9.096):
 exemplar autenticado do inteiro teor do programa e do estatuto partidários, inscritos no
Registro Civil;
 certidão do registro civil da pessoa jurídica, a que se refere o § 2º do artigo anterior;

144
 certidões dos cartórios eleitorais que comprovem ter o partido obtido o apoiamento
mínimo de eleitores a que se refere o § 1º do art. 7º.

Somente após o registro no Estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, o partido poderá participar
do processo eleitoral, receber recursos do Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à
televisão. Igualmente, deferido o registro, é assegurada a exclusividade da sua denominação,
sigla e símbolos, vedada a utilização, por outros partidos, de variações que venham a induzir a
erro ou confusão. Essas prescrições estão contidas no Texto Constitucional:

Art. 7º Omissis
§ 2º Só o partido que tenha registrado seu estatuto no Tribunal
Superior Eleitoral pode participar do processo eleitoral, receber
recursos do Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à
televisão, nos termos fixados nesta Lei.
§ 3º Somente o registro do estatuto do partido no Tribunal Superior
Eleitoral assegura a exclusividade da sua denominação, sigla e
símbolos, vedada a utilização, por outros partidos, de variações que
venham a induzir a erro ou confusão.

Cancelamento do Registro do Partido Político

Fica cancelado o registro do partido que, na forma de seu estatuto, se dissolva, se incorpore ou
venha a se fundir a outro (art. 27, Lei 9096).
Igualmente, haverá cancelamento do registro do Partido Políticos, quando o TSE, por meio de
decisão judicial, após trânsito em julgado, determinar o cancelamento do registro civil e do
estatuto do partido contra o qual fique provado (art. 28, Lei 9096):
 ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira;
 estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros;
 não ter prestado, nos termos desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral;
 que mantém organização paramilitar.

Do Funcionamento Parlamentar

O partido político funciona, nas Casas Legislativas, por intermédio de uma bancada, que deve
constituir suas lideranças de acordo com o estatuto do partido, as disposições regimentais das
respectivas Casas e as normas desta Lei (art. 12, Lei 9.096).

145
Somente teria direito ao funcionamento parlamentar os partidos políticos que ultrapassassem
uma cláusula de desempenho, também denominada de cláusula de barreira. Essa é a redação
do dispositivo que prevê a limitação ao direito de funcionamento parlamentar por meio da
cláusula de barreira:

Art. 13. Tem direito a funcionamento parlamentar, em todas as Casas


Legislativas para as quais tenha elegido representante, o partido que,
em cada eleição para a Câmara dos Deputados obtenha o apoio de,
no mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os
brancos e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço dos
Estados, com um mínimo de dois por cento do total de cada um
deles.

Ao analisar a cláusula de desempenho prevista neste art. 13 da Lei n. 9.096/95, o STF


reconheceu a sua inconstitucionalidade, nos seguintes termos:

“PARTIDO POLÍTICO - FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR -


PROPAGANDA PARTIDÁRIA GRATUITA - FUNDO PARTIDÁRIO.
Surge conflitante com a Constituição Federal lei que, em face da
gradação de votos obtidos por partido político, afasta o
funcionamento parlamentar e reduz, substancialmente, o tempo de
propaganda partidária gratuita e a participação no rateio do Fundo
Partidário. NORMATIZAÇÃO - INCONSTITUCIONALIDADE -
VÁCUO. Ante a declaração de inconstitucionalidade de leis, incumbe
atentar para a inconveniência do vácuo normativo, projetando-se, no
tempo, a vigência de preceito transitório, isso visando a aguardar
nova atuação das Casas do Congresso Nacional”. (ADI 1351)

Do Programa e do Estatuto

O partido é livre para fixar, em seu programa, seus objetivos políticos e para estabelecer, em
seu estatuto, a sua estrutura interna, organização e funcionamento (art. 14, Lei 9.096).

O Estatuto do partido deve conter, entre outras, normas sobre (art. 15, Lei 9096):
 nome, denominação abreviada e o estabelecimento da sede na Capital Federal;

 filiação e desligamento de seus membros;

146
 direitos e deveres dos filiados;

 modo como se organiza e administra, com a definição de sua estrutura geral e


identificação, composição e competências dos órgãos partidários nos níveis municipal,
estadual e nacional, duração dos mandatos e processo de eleição dos seus membros;

 - fidelidade e disciplina partidárias, processo para apuração das infrações e


aplicação das penalidades, assegurado amplo direito de defesa;

 condições e forma de escolha de seus candidatos a cargos e funções eletivas;

 finanças e contabilidade, estabelecendo, inclusive, normas que os habilitem a apurar


as quantias que os seus candidatos possam despender com a própria eleição, que
fixem os limites das contribuições dos filiados e definam as diversas fontes de receita
do partido, além daquelas previstas nesta Lei;

 critérios de distribuição dos recursos do Fundo Partidário entre os órgãos de nível


municipal, estadual e nacional que compõem o partido;

 procedimento de reforma do programa e do estatuto

Filiação Partidária

A filiação partidária é uma condição de elegibilidade. Para filiar-se a partido político, o


cidadão tem que estar no pleno gozo dos seus direitos políticos, nos termos do art. 16 da Lei n.
9.096/95.
Existem alguns cidadãos que estão impedidos de filiar-se, ainda que no pleno gozo dos seus
direitos políticos, posto que não podem exercer atividade político-partidária. São eles:
 militares, enquanto em serviço ativo (CF, arts. 142, § 3º, V)
 membros do Ministério Público (CF, art. 128, § 5º, II, “e”)
 magistrados (CF, art. 95, p. único, III);
 membros do TCU (CF, art. 73, §§ 3º e 4º)
 membros da Defensoria Pública (LC 80/94, arts. 46, V, 91, V, e 130, V)
 servidor da Justiça Eleitoral (Código Eleitoral, art. 366)

147
Considera-se deferida, para todos os efeitos, a filiação partidária, com o atendimento das
regras estatutárias do partido (art. 17, Lei 9096).

Prazo de Filiação Partidária

Para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deverá estar filiado ao respectivo partido pelo menos
seis meses antes da data fixada para as eleições, majoritárias ou proporcionais.
A comprovação dessa filiação será feita pelo partido político com o encaminhamento de lista de
filiados à Justiça Eleitoral. Assim, na segunda semana dos meses de abril e outubro de cada
ano, o partido envia, aos Juízes Eleitorais, para arquivamento, publicação e cumprimento dos
prazos de filiação partidária para efeito de candidatura a cargos eletivos, a relação dos nomes
de todos os seus filiados, da qual constará o número dos títulos eleitorais e das seções em que
são inscritos (art. 19, Lei 9096).
Caso o nome de algum filiado não esteja inscrito na lista encaminhada pelo partido, esse é o
entendimento sumulado do TSE:

Súmula nº 20 – A falta do nome do filiado ao partido na lista por este


encaminhada à Justiça Eleitoral, nos termos do Art. 19 da Lei 9.096,
de 19.9.95, pode ser suprida por outros elementos de prova de
oportuna filiação.

Esse prazo legal mínino de filiação partidária para fins de preenchimento da condição de
elegibilidade, pode ser alterado pela agremiação partidária. Desse modo, é facultado ao partido
político estabelecer, em seu estatuto, prazos de filiação partidária superiores aos previstos na
Lei n. 9.096/95, com vistas à candidatura a cargos eletivos (art. 20, Lei 9096).
Contudo, esses prazos não podem ser alterados em anos eleitorais, para que a segurança
jurídica dos filiados não seja atingida.

Desfiliação partidária

O cancelamento imediato da filiação partidária verifica-se nos casos de:

 morte;
 perda dos direitos políticos;
 expulsão;
 outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no prazo
de quarenta e oito horas da decisão.

148
Além disso, para cancelar a filiação partidária, quem se filia a outro partido deve fazer
comunicação de seu novo vínculo ao juiz eleitoral de sua zona eleitoral. Caso não comunique,
para evitar a ocorrência da duplicidade de filiação partidária, o art. 22, parágrafo único da Lei n.
9.096/95, prescreve que deve ser considerada válida a filiação mais recente. A esse respeito:

Art. 22. O cancelamento imediato da filiação partidária verifica-se nos


casos de:
V - filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao
juiz da respectiva Zona Eleitoral.
Parágrafo único. Havendo coexistência de filiações partidárias,
prevalecerá a mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o
cancelamento das demais.

Fidelidade e Disciplina Partidária

A responsabilidade por violação dos deveres partidários deve ser apurada e punida pelo
competente órgão, na conformidade do que disponha o estatuto de cada partido (art. 23, Lei
9096).
Entretanto, filiado algum pode sofrer medida disciplinar ou punição por conduta que não esteja
tipificada no estatuto do partido político. E, ao acusado é assegurado amplo direito de defesa.
Na Casa Legislativa, o integrante da bancada de partido deve subordinar sua ação parlamentar
aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de
direção partidários, na forma do estatuto (art. 24, Lei 9096).
Pode definir, corretamente, fidelidade partidária como sendo:

A fidelidade partidária consubstancia numa relação de lealdade com


a legenda pelo qual o filiado se elegeu, bem como de subordinação
de sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos
e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários.

Essa previsão tem status constitucional, estando prevista no art. 17, § 1º, da CF:

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua


estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os
critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

149
Infidelidade Partidária

Com base nesse princípio constitucional da fidelidade partidária, o DEM fez uma consulta ao
TSE (Consulta n. 1398) e formulou o seguinte questionamento:

“Os partidos e coligações têm o direito de preservar a vaga obtida


pelo sistema eleitoral proporcional, quando houver pedido de
cancelamento de filiação ou de transferência do candidato eleito por
um partido para outra legenda?”.

O Tribunal Superior Eleitoral respondeu positivamente a consulta, por intermédio da Res.-TSE


nº 22.526/2007, estabelecendo que o mandato adquirido por meio do sistema proporcional
pertence à legenda partidária.
Posteriormente, ao responder à Consulta nº 1.407, rel. Min. Carlos Britto, esse entendimento foi
estendido aos cargos majoritários (Res.-TSE nº 22.600/2007).
Ao ser chamado a ser manifestar sobre o tema, o STF asseverou que:

A exigência de fidelidade partidária traduz e reflete valor


constitucional impregnado de elevada significação político-jurídica,
cuja observância, pelos detentores de mandato legislativo, representa
expressão de respeito tanto aos cidadãos que os elegeram (vínculo
popular) quanto aos partidos políticos que lhes propiciaram a
candidatura (vínculo partidário)

A Lei n. 13.165/2015, inserindo o art. 22-A da Lei n. 9.096/95 consignou as hipóteses


permissivas de desfiliação partidária sem perda do cargo. São elas:

Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se


desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito. (Incluído pela
Lei nº 13.165, de 2015)
Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação
partidária somente as seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº
13.165, de 2015)
I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - grave discriminação política pessoal; e (Incluído pela Lei nº
13.165, de 2015)

150
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que
antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição,
majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente. (Incluído
pela Lei nº 13.165, de 2015)

Nas hipóteses de criação, fusão ou incorporação de partido político, para que se reconheça a
justa causa para a desfiliação partidária, não pode passar um prazo longo entre o fato e a
desfiliação. Esse é o entendimento do TSE:

AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA.


FIDELIDADE PARTIDÁRIA. FUMUS BONI IURIS. INEXISTÊNCIA.
PROVIMENTO NEGADO.
1. Passados mais de nove meses entre a fusão partidária e a
desfiliação do agravante, não há, prima facie, plausibilidade jurídica
em se alegar a justa causa prevista no art. 1º, § 1º, I, da Res.-TSE nº
22.610/2007.
2. "A Corte se manifestou no sentido de que não se justifica a
desfiliação de titular de cargo eletivo, quando decorrido lapso
temporal considerável entre o fato e as hipóteses de incorporação e
fusão partidárias, constantes da Res.-TSE nº 22.610/2007, tendo em
vista a produção de efeitos jurídicos pelo decurso do tempo" (AgRg
na AC nº 2.380/SE, Rel. Min. Ari Pargendler, sessão de 7.8.2008,
Informativo nº 22/2008).
(Agravo Regimental no Mandado de Segurança nº 3.836, rel. Min.
Felix Fischer, de 16.11.2008).

Legitimidade para a propositura da ação por infidelidade partidária

A legitimidade foi conferida ao partido de origem do requerido, o qual deverá formular o pedido
no prazo decadencial de 30 dias a partir da desfiliação.
Caso o partido, no prazo decadencial, não proponha a ação de decretação de perda do
mandato eletivo por infidelidade, surge, de forma subsidiária, a legitimidade do Ministério
Público ou do suplente para a propositura da demanda nos 30 dias subsequentes.. Esse é o
teor do art. 1º da Res.-TSE n. 22.610/2007:

151
Art. 1º - O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça
Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de
desfiliação partidária sem justa causa.
§ 2º - Quando o partido político não formular o pedido dentro de 30
(trinta) dias da desfiliação, pode fazê-lo, em nome próprio, nos 30
(trinta) subseqüentes, quem tenha interesse jurídico ou o Ministério
Público eleitoral.

Competência para julgar as ações por infidelidade partidária

Será competente para processar e julgar as ações:

Art. 2º - O Tribunal Superior Eleitoral é competente para processar e


julgar pedido relativo a mandato federal; nos demais casos, é
competente o tribunal eleitoral do respectivo estado.
Desse modo, veja a seguinte representação

 Presidente e Vice-Presidente, Senador e Deputado – Tribunal Superior Eleitoral

 Governador, Vice-Governador, Deputado Estadual, Deputado Distrital, Prefeito e Vice-


Prefeito e Vereador – Tribunal Regional Eleitoral

Recursos

Na hipótese de mandato municipal (prefeito, vice-prefeito e vereador), cabível apenas


recurso especial para o TSE.
Em caso de mandato estadual (deputado, governador e vice), cabível recurso ordinário
para o TSE.
Em caso de mandato federal, julgado pelo TSE, cabível apenas recurso extraordinário ao
Supremo Tribunal Federal.

Propaganda Partidária

A propaganda partidária gratuita, gravada ou ao vivo, efetuada mediante transmissão por


rádio e televisão será realizada entre as 19h30 e as 22h para, com exclusividade (art. 45, Lei
9096):

152
 difundir os programas partidários;
 transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário, dos
eventos com este relacionados e das atividades congressuais do partido;
 divulgar a posição do partido em relação a temas político-comunitários.

Contudo, a transmissão da propaganda partidária não pode ser veiculada no segundo


semestre do ano da eleição. (art. 36, Lei 9504/97).
É vedada na propaganda partidária:

 - a participação de pessoa filiada a partido que não o responsável pelo programa;


 - a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de
interesses pessoais ou de outros partidos;
 - a utilização de imagens ou cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer
outros recursos que distorçam ou falseiem os fatos ou a sua comunicação.

Há, ainda, uma vedação. Os partidos políticos não podem realizar propaganda partidária
onerosa no rádio e televisão. A veiculação de suas propagandas restringir-se-á ao horário
gratuito.

Questões de Concurso

Questão 1 – (CESPE. 2010. Técnico Judiciário. Área Administrativa. TRE/BA) A respeito da


filiação partidária e do registro de estatuto de partido político, julgue o item a seguir: os
servidores de quaisquer órgãos da justiça eleitoral não podem pertencer a diretório de partido
político ou exercer qualquer atividade partidária, sob pena de demissão.
R–C

Questão 2 – (CESPE. 2010. Técnico Judiciário. Área Administrativa. TRE/BA) A respeito da


filiação partidária e do registro de estatuto de partido político, julgue o item a seguir: só será
admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter nacional, isto é, daquele
que comprove o apoiamento de eleitores correspondente a, pelo menos, 1% dos votos dados
na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos brancos e os
nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos estados, com um mínimo de 0,1% do eleitorado
que haja votado em cada um deles.
R–E

153
Questão 3 – (CESPE. 2010. Analista Judiciário. Taquigrafia. TRE/BA) Com relação às regras
atinentes aos partidos políticos, julgue o item que segue: a Lei assegura a liberdade de criação
dos partidos políticos, mas exige que o novo partido possua caráter nacional e que, após
adquirir a personalidade jurídica, promova o registro do estatuto no TSE.
R–C

Questão 4 – (CESPE. 2009. Analista Judiciário. Área Administrativa. TRE/GO) Acerca dos
partidos políticos, é correto afirmar que

A) têm autonomia para escolher livremente seus candidatos, mas não para estabelecer as
regras relativas à estrutura, organização e disciplina que regem as agremiações partidárias.
B) podem requerer a exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente e assumir a defesa do
eleitor cuja exclusão esteja sendo promovida.
C) após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no
TRE do estado em que estão sediados.
D) têm direito a recursos do fundo partidário, bem como a propaganda gratuita no rádio,
televisão, jornais e revistas impressas.
R–B

Questão 5 – (CESPE. 2009. Técnico Judiciário. Área Administrativa. TRE/MG) Acerca dos
partidos políticos, assinale a opção correta.

A) Os partidos políticos têm autonomia para a definição de sua estrutura interna, sua
organização e seu funcionamento, bem como para o recebimento de recursos financeiros de
procedência estrangeira.
B) Somente após o reconhecimento da personalidade jurídica na forma da lei civil, o partido
político pode promover o registro de seus estatutos no TSE (TSE).
C) A CF estabelece o caráter estadual e municipal dos partidos políticos.
D) Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso remunerado ao
rádio e à televisão.
E) A CF veda a fusão de partidos políticos.
R–B

Questão 6 – (FCC. 2010. Analista Judiciário. Área Judiciária. TRE/AM) A respeito da filiação
partidária é INCORRETO afirmar que

154
(A) considera-se deferida, para todos os efeitos, a filiação partidária, com o atendimento das
regras estatutárias do partido.
(B) é facultado aos partidos políticos estabelecer, em seu estatuto, prazos de filiação partidária
inferiores aos previstos em lei, com vistas a candidaturas a cargos eletivos.
(C) os prazos de filiação partidária, fixados no estatuto do partido, com vistas a candidatura a
cargos eletivos, não podem ser alterados no ano da eleição.
(D) para desligar-se do partido, o filiado faz comunicação escrita ao órgão de direção municipal
e ao Juiz Eleitoral da Zona em que for inscrito.
(E) quem se filia a outro partido deve fazer comunicação ao Juiz de sua respectiva Zona
Eleitoral, para cancelar sua filiação.
R–B

Questão 7 – (FCC. 2009. Analista Judiciário. Área Judiciária. TRE/PI) Tício filiou-se ao partido
político Alpha. Posteriormente, filiou-se ao partido político Beta, sem comunicar ao partido
Alpha nem ao Juiz de sua Zona Eleitoral. Nesse caso,

(A) as duas filiações serão consideradas nulas para todos os efeitos.


(B) somente a segunda filiação será considerada nula para todos os efeitos.
(C) somente a primeira filiação será considerada cancelada para todos os efeitos.
(D) o eleitor será chamado perante a Justiça Eleitoral para optar por um dos referidos partidos.
(E) caberá ao Juiz Eleitoral indicar, após ouvir o interessado, a que partido político passará a
pertencer.
(F) R – C

Questão 8 – (FCC. 2007. Analista Judiciário. Área Administrativa. TRE/PB) A respeito da


filiação partidária,

(A) o estatuto do partido não pode prever outras formas de cancelamento da filiação partidária
além dos casos previstos em lei.
(B) considera-se deferida, para todos os efeitos, a filiação partidária com o atendimento das
regras estatutárias do partido.
(C) constatada a dupla filiação, será considerada nulas todas as filiações partidárias.
(D) para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deverá estar filiado ao respectivo partido pelo menos
há um ano antes da data do pleito.
(E) o eleitor que não estiver no pleno gozo de seus direitos políticos pode filiar-se a partido, mas
não pode concorrer a cargo eletivo.
R–B

155
Questão 9 – (FCC. 2010. Analista Judiciário. Área Administrativa. TRE/RS) Os partidos
políticos, observados os limites legais, podem receber auxílio pecuniário ou estimável em
dinheiro, inclusive através de publicidade de qualquer espécie, procedente de:

(A) empresas públicas.


(B) entidade estrangeira.
(C) autarquias.
(D) pessoa jurídica de direito privado.
(E) entidade de classe.
R–D

Questão 10 – (FCC. 2010. Analista Judiciário. Área Judiciária. TRE/RS) No que concerne às
finanças e à contabilidade dos partidos políticos, quanto à prestação de contas, é certo que:

(A) Em razão do sigilo, a Justiça Eleitoral não poderá determinar diligências necessárias à
complementação de informações relativas às contas dos órgãos de direção partidária ou de
candidatos.
(B) A falta de prestação de contas não implica em suspensão de novas cotas do Fundo
Partidário.
(C) Os partidos políticos são obrigados a conservar a documentação comprobatória de suas
prestações de contas por prazo não inferior a cinco anos.
(D) Um partido político não pode examinar, nem impugnar, na Justiça Eleitoral, as prestações
de contas mensais ou anuais de outros partidos.
(E) Os balanços não precisarão, por tratar-se de questão interna, indicar a origem e o valor das
contribuições e doações.
R–C

156
157
Coligações

Coligação é uma pessoa jurídica pro tempore (com existência limitada ao período eleitoral)
formada pela união de diversos partidos políticos. Tem personalidade jurídica distinta dos
partidos que a compõe, devendo funcionar como um só partido no relacionamento com a
Justiça Eleitoral e no trato dos interesses partidários (Art. 6º, § 1º, da Lei nº 9.504/97).

Somente admitir-se-á a atuação isolada da partidos políticos coligados nas hipóteses de


dissidência interna ou de discussão sobre a validade da coligação.

A formação da coligação partidária poderá ser feita pelos partidos, de forma facultativa, no
período das convenções partidárias (10 a 30 de junho do ano da eleição). A partir do momento
da deliberação entre os partidos, surgirá a coligação partidária como pessoa jurídica, não
dependendo de qualquer homologação a ser feita pela Justiça Eleitoral. Esse é o entendimento
do TSE:

As coligações partidárias passam a existir a partir do acordo de


vontades dos partidos que as integram. (Agravo Regimental no
Agravo de Instrumento nº 5.052, rel. Min. Luiz Carlos Madeira, de
10.2.2005).

Verticalização das Coligações

Até a edição da Emenda Constitucional n. 52/2006, vigorava no Brasil a regra da verticalização


das coligações. Por esse princípio, caso um partido em âmbito nacional formasse uma
coligação, caso essas agremiações partidárias quisessem coligar-se, estariam vinculados à
união nacional. Esse foi entendimento do TSE, exarado na Res.-TSE n. 21.002/2002:

Consulta. Coligações.
Os partidos políticos que ajustarem coligação para eleição de
presidente da República não poderão formar coligações para eleição
de governador de estado ou do Distrito Federal, senador, deputado
federal e deputado estadual ou distrital com outros partidos políticos
que tenham, isoladamente ou em aliança diversa, lançado candidato
à eleição presidencial.

158
Com a EC n. 52/2006, o legislador constituinte reformador instituiu o princípio da liberdade de
formação de coligações. Essa é a redação do dispositivo alterado:

Art. 17. Omissis


§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua
estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os
critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006)

Desse modo, é facultado aos partidos políticos, dentro da mesma circunscrição, celebrar
coligações para eleição majoritária, proporcional, ou para ambas, podendo, neste último caso,
formar-se mais de uma coligação para a eleição proporcional dentre os partidos que integram a
coligação para o pleito majoritário.

Coligação: Aspectos e Características Gerais

Após a formação da coligação, os partidos que a integram devem designar um representante,


que terá atribuições equivalentes às de presidente de partido político, no trato dos
interesses e na representação da coligação, no que se refere ao processo eleitoral. Além disso,
para representar a coligação perante a Justiça Eleitoral poderão ser designados:

a) três delegados perante o Juízo Eleitoral;


b) quatro delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral;
c) cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral.

Quanto à denominação que será utilizada, dispõe o art. 6º da Lei n. 9.504/97:

§ 1º A coligação terá denominação própria, que poderá ser a


junção de todas as siglas dos partidos que a integram, sendo a
ela atribuídas as prerrogativas e obrigações de partido político no que
se refere ao processo eleitoral, e devendo funcionar como um só
partido no relacionamento com a Justiça Eleitoral e no trato dos
interesses interpartidários.

159
§ 1º-A. A denominação da coligação não poderá coincidir, incluir
ou fazer referência a nome ou número de candidato, nem conter
pedido de voto para partido político. (Incluído pela Lei nº 12.034,
de 2009)

Registro de Candidatos

O registro de candidatos consubstancia-se em um procedimento destinado ao exame da


aptidão dos candidatos e partidos/coligações para concorrerem em uma eleição. Nesse
processo há a aferição do preenchimento dos requisitos para que um cidadão possa concorrer
aos cargos eletivos.
Portanto, pode-se afirmar que “nele são aferidas as causas de inelegibilidade e as condições
de elegibilidade dos candidatos, bem como a regularidade das convenções, podendo a Justiça
Eleitoral conhecer de ofício de matérias ainda que não alegadas pelas partes”.

Em regra, o registro de candidatos possui natureza jurídica de procedimento administrativo.


Contudo, caso a candidatura do cidadão seja impugnada, ocorre a jurisdicionalização da
matéria.

Do Pedido de Registro de Candidatura

Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as


dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições.
Esse pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos:

I - cópia da ata da convenção partidária;


II - autorização do candidato, por escrito;
III - prova de filiação partidária;
IV - declaração de bens, assinada pelo candidato;
V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de que o
candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência de
domicílio no prazo de um ano antes da data da eleição;
VI - certidão de quitação eleitoral;
VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça
Eleitoral, Federal e Estadual;
VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da
Justiça Eleitoral, para a inclusão na urna eletrônica

160
IX - propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a
Presidente da República.

Observe que os documentos a serem apresentados no pedido de registro, em sua grande


maioria, têm a finalidade de demonstrar o preenchimento das condições de elegibilidade e a
não-ocorrência das hipóteses de inelegibilidade.
Na hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de seus candidatos, estes
poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral, observado o prazo máximo de quarenta e oito horas
seguintes à publicação da lista dos candidatos pela Justiça Eleitoral.
Após a apresentação do pedido de registro, se for necessário, o juiz ou tribunal eleitoral
competente abrirá prazo de 72 horas para diligências. Na hipótese de o juiz não abrir o prazo
para a sanabilidade de omissões de documentos e indeferir o registro de candidatura em
virtude dessa razão, o candidato poderá juntar o documento na fase recursal.
Esse é o teor da Súmula n. 3 do TSE:

No processo de registro de candidatos, não tendo o juiz aberto prazo


para o suprimento de defeito da instrução do pedido, pode o
documento, cuja falta houver motivado o indeferimento, ser juntado
com o recurso ordinário

161
Sistema Eletrônico de Votação

Antes de iniciar o estudo do sistema eletrônico de votação, é importante ser feita a


diferenciação do voto, escrutínio e do sufrágio. Para tanto, serão utilizados os ensinamentos de
LULA:

Sufrágio seria o direito público que possui o cidadão de eleger, ser


eleito e participar da organização da atividade política do Estado. Ou
seja, é o direito que possibilita ao cidadão de participar do processo
de formação da vontade do Estado, podendo, portanto, ser
deliberativo ou eletivo. ... O sufrágio é um direito público subjetivo que
decorre diretamente da soberania popular, permitindo aos seus
titulares a participação na vida política do país, conduzindo os rumos
da nação.

Voto é o ato que consubstancia o direito ao sufrágio em sua parte


ativa, é o seu exercício. Ou seja, nem todo sufrágio é voto. O
fundamental, portanto, é ressaltar que o voto é distinto do sufrágio.
enquanto esse é direito inerente às democracias modernas, aquele é
mera emanação, é mero exercício desse direito, sua manifestação no
plano prático. O eleitor, ao votar, deixa clara a manifestação de sua
vontade política, o que só é possível porque possui ele o direito
subjetivo de sufrágio.

Por fim, escrutínio é o modo de exercício do voto, sua concretização.


É nada mais que o processo que abrange as operações de votação –
depósito e recolhimento dos votos – e a apuração dos votos. Não se
confunde, portanto, com o sufrágio (direito), nem com o seu exercício,
o voto.

No Brasil, embora o voto seja um direito público subjetivo, também constitui-se em um dever
para aqueles que sejam maiores de 18 anos e menores de 70 anos, desde que alfabetizados.
Diversamente, para os analfabetos de qualquer idade, os maiores de 16 anos e menores de 18
anos, bem como aqueles que têm mais de 70 anos, têm o direito de votar de forma facultativa.
O voto possui as seguintes características:

 direto – o eleitor escolhe diretamente, sem intermediação, o seu representante;

162
 secreto – o voto é sigiloso, não se podendo identificar a escolha do cidadão;
 pessoalidade – o voto somente pode ser exercido pelo próprio eleitor. Não é
possível a outorga de mandato para o exercício do voto;
 periodicidade – o voto para a escolha dos candidatos deve ser exercido com certa
periodicidade;
 livre manifestação de escolha – o eleitor não pode ser coagido a escolher
determinada candidatura;
 igualdade – o voto tem o mesmo valor para todos os cidadãos;
 obrigatoriedade do comparecimento no dia da votação – em regra, o voto é
obrigatório.

O não cumprimento desse dever cívico acarreta certas sanções àqueles que deixaram de
exercê-lo.

Sanções ao inadimplemento

Se o eleitor não exercer o seu direito ao voto e não justificar-se perante o juiz eleitoral no prazo
de sessenta dias após as eleições, incorrerá em multa eleitoral (art. 7º do CE).
Ressalte-se que não incidirão nessa sanção aqueles que não têm o dever de votar, ou seja,
aos que o exercício do direito ao voto seja facultativo. Também não estará sujeito à multa o
portador de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das
obrigações eleitorais (Res.-TSE nº 21.920).
O eleitor que deixar de votar e não regularizar sua situação perante a Justiça Eleitoral, não
poderá:
 inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou
empossar-se neles;
 receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou emprego
público, autárquico ou paraestatal, bem como fundações governamentais, empresas,
institutos e sociedades de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas pelo
governo ou que exerçam serviço público delegado, correspondentes ao segundo mês
subsequente ao da eleição;
 participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Estados, dos
Territórios, do Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respectivas autarquias;
 obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas
econômicas federais ou estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem
como em qualquer estabelecimento de crédito mantido pelo governo, ou de cuja
administração este participe, e com essas entidades celebrar contratos;

163
 obter passaporte ou carteira de identidade;
 renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo;
 praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de
renda;
 obter Certidão de Quitação Eleitoral.

Isenção

O Código Eleitoral isenta o exercício do direito ao voto àqueles estejam enfermos; aos que se
encontrem fora do seu domicílio; e aos funcionários civis e militares em serviço que os
impossibilite de votar (inciso II, art. 6º, Código Eleitoral).
Contudo, essa norma do Código Eleitoral não foi recepcionada pela nova ordem constitucional
instaurada pela Constituição de 1988.
Haverá, de acordo com a CF/1988, isenção relativa quanto ao voto:
 aos maiores de 16 anos e menores de dezoito;
 aos maiores de 70 anos;
 aos analfabetos de qualquer idade;
 ao portador de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o
cumprimento das obrigações eleitorais.

Diz-se que essa isenção é relativa em razão da possibilidade do exercício do voto.


Será, por outro lado, absoluta a isenção daqueles que estão impedidos de votar. Assim, haverá
isenção absoluta do voto:
 dos conscritos;
 dos estrangeiros;
 dos que perderam os direitos políticos;
 dos que tiveram seus direitos políticos suspensos.

Sistema Eletrônico de Votação

A votação e a totalização dos votos serão feitas por sistema eletrônico, podendo o Tribunal
Superior Eleitoral autorizar, em caráter excepcional, a adoção do sistema manual de colheita
de votas, por meio da utilização de cédulas oficiais. Esse sistema eletrônico, desse modo, deve
ser obrigatoriamente utilizado em todas as seções eleitorais, salvo impossibilidade material.
Nessa votação por meio de sistema eletrônico, o voto poderá ser atribuído ao candidato ou à
legenda partidária, devendo o nome e fotografia do candidato e o nome do partido ou a
legenda partidária aparecer no painel da urna eletrônica, após a digitação dos respectivos

164
números pelo eleitor, com a expressão designadora do cargo disputado no masculino ou
feminino, conforme o caso.
Na votação para as eleições proporcionais, serão computados para a legenda partidária os
votos em que não seja possível a identificação do candidato, desde que o número identificador
do partido seja digitado de forma correta.
No que se refere à ordem de votação, a urna eletrônica exibirá para o eleitor, primeiramente, os
painéis referentes às eleições proporcionais e, em seguida, os referentes às eleições
majoritárias.
O artigo 14 da Constituição Federal prescreve que o voto é secreto. Essa característica do voto
produz conseqüências no sistema eletrônico de votação, que tem que garantir a
impossibilidade de violação dessa garantia constitucional.
Para cumprimento desse mandamento, a urna eletrônica disporá de recursos que, mediante
assinatura digital, permitam o registro digital de cada voto e a identificação da urna em que foi
registrado, resguardado o anonimato do eleitor. Para tanto, caberá à Justiça Eleitoral definir a
chave de segurança e a identificação da urna eletrônica.
Contudo, ao ser contabilizado e registrado digitalmente de cada voto, a urna eletrônica deve
assegurar o sigilo e inviolabilidade, permitindo-se a verificação da integridade do sistema pelos
partidos políticos, coligações e candidatos.
Ao final da eleição, a urna eletrônica procederá à assinatura digital do arquivo de votos, com
aplicação do registro de horário e do arquivo do boletim de urna, de maneira a impedir a
substituição de votos e a alteração dos registros dos termos de início e término da votação,
garantindo-se a legitimidade democrática e impossibilitando a ocorrência de fraudes que
possam alterar a manifestação popular depositada na urna.
Partidos e candidatos não podem criar urnas eletrônicas para o treinamento de eleitores.
Somente o TSE pode colocar à disposição dos cidadãos urnas destinadas a treinamento.
Nesse sistema, considerar-se-á voto de legenda quando o eleitor assinalar o número do
partido no momento de votar para determinado cargo e somente para este será computado.
Em nas Seções em que for adotada a urna eletrônica, somente poderão votar eleitores cujos
nomes estiverem nas respectivas folhas de votação ou no cadastro de eleitores constante da
urna. A esse respeito, veja a seguinte disposição normativa aplicada pelo TSE nas eleições de
2010:

Res.-TSE n. 23.218/2010
Art. 47. Só serão admitidos a votar os eleitores cujos nomes
estiverem incluídos no respectivo caderno de votação e no cadastro
de eleitores da seção, constante da urna (Lei n° 9.504197, art. 62,
caput).

165
§ 4º Não poderá votar o eleitor cujos dados não figurem no cadastro
de eleitores da seção, constante da urna, ainda que apresente título
de eleitor correspondente à seção e documento que comprove sua
identidade, devendo, nessa hipótese, a Mesa Receptora de Votos
reter o título de eleitor apresentado e orientar o eleitor a comparecer
ao cartório eleitoral a fim de regularizar a sua situação.
§ 5º Poderá votar o eleitor cujo nome não figure no caderno de
votação, desde que os seus dados constem do cadastro de eleitores
da urna.

Do Voto em Trânsito

A partir da edição da Lei n. 12.034/2009, tornou-se possível o voto em trânsito para as eleições
presidências. Veja a disposição legal em comento:

Art. 233-A. Aos eleitores em trânsito no território nacional é


assegurado o direito de votar para Presidente da República,
Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e
Deputado Distrital em urnas especialmente instaladas nas capitais e
nos Municípios com mais de cem mil eleitores. (Redação dada pela
Lei nº 13.165, de 2015)
§ 1º O exercício do direito previsto neste artigo sujeita-se à
observância das regras seguintes: (Incluído pela Lei nº 13.165, de
2015)
I - para votar em trânsito, o eleitor deverá habilitar-se perante a
Justiça Eleitoral no período de até quarenta e cinco dias da data
marcada para a eleição, indicando o local em que pretende votar;
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - aos eleitores que se encontrarem fora da unidade da Federação
de seu domicílio eleitoral somente é assegurado o direito à
habilitação para votar em trânsito nas eleições para Presidente da
República; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
III - os eleitores que se encontrarem em trânsito dentro da unidade da
Federação de seu domicílio eleitoral poderão votar nas eleições para
Presidente da República, Governador, Senador, Deputado Federal,
Deputado Estadual e Deputado Distrital. (Incluído pela Lei nº 13.165,
de 2015)

166
§ 2º Os membros das Forças Armadas, os integrantes dos órgãos de
segurança pública a que se refere o art. 144 da Constituição Federal,
bem como os integrantes das guardas municipais mencionados no §
8o do mesmo art. 144, poderão votar em trânsito se estiverem em
serviço por ocasião das eleições. (Incluído pela Lei nº 13.165, de
2015)
§ 3º As chefias ou comandos dos órgãos a que estiverem
subordinados os eleitores mencionados no § 2o enviarão
obrigatoriamente à Justiça Eleitoral, em até quarenta e cinco dias da
data das eleições, a listagem dos que estarão em serviço no dia da
eleição com indicação das seções eleitorais de origem e destino.
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 4º Os eleitores mencionados no § 2o, uma vez habilitados na forma
do § 3o, serão cadastrados e votarão nas seções eleitorais indicadas
nas listagens mencionadas no § 3o independentemente do número
de eleitores do Município. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

Questões de Concurso

Questão 1 – (CESPE. 2009. Técnico Judiciário. Área Administrativa. TRE/MA) O sistema


eleitoral brasileiro contempla o voto em urna eletrônica, na forma disciplinada na Lei Eleitoral. A
esse respeito, assinale a opção correta.

A) Na urna eletrônica, em uma eleição municipal, vota-se inicialmente para o cargo de prefeito.
B) O voto em trânsito é permitido apenas aos candidatos e militares em serviço.
C) O voto em trânsito é permitido aos eleitores portadores de necessidades especiais.
D) No regime legal da urna eletrônica, não se admite o voto em trânsito.
E) A urna eletrônica impede o voto em legenda partidária.
R – N/A

Questão 2 – (CESPE. 2009. Técnico Judiciário. Área Administrativa. TRE/MA) O eleitor que
não votar nem justificar a sua ausência não poderá

A) ausentar-se do domicílio eleitoral sem autorização do juiz.


B) obter empréstimo da Caixa Econômica Federal.
C) receber tratamento em hospitais do Sistema Único de Saúde.
D) ajuizar ações judiciais contra o Estado.

167
E) receber recursos de precatórios judiciais.
R–B

Questão 3 – (CESPE. 2009. Técnico Judiciário. Área Administrativa. TRE/MG) Acerca do


sistema eletrônico de votação e totalização dos votos, assinale a opção correta.

A) No painel da urna eletrônica deverão constar o nome e a fotografia do candidato, assim


como o nome do partido, podendo esses nomes ser substituídos pelo número do registro de
cada um.
B) Compete ao TSE colocar à disposição dos eleitores urnas eletrônicas destinadas a
treinamento.
C) Cabe ao Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), atuando em comum
acordo com a justiça eleitoral, definir a chave de segurança e a identificação da urna eletrônica,
bem como disciplinar a hipótese de falha na urna que prejudique o regular processo de
votação.
D) Além dos membros das mesas eleitorais e dos fiscais dos partidos, os candidatos poderão
votar em qualquer seção, mesmo que se adote a urna eletrônica, observando-se, nesse caso,
a necessidade de colher a assinatura em folha própria.
E) Na votação para as eleições proporcionais, serão considerados nulos os votos em que não
seja possível a identificação do candidato, mesmo que o número identificador do partido seja
digitado de forma correta.
R–B

Questão 4 – (FCC. 2010. Técnico Judiciário. Área Administrativa. TRE/AM) A urna eletrônica

(A) disporá de recursos que, mediante assinatura digital, permitam a identificação da urna em
que cada voto foi registrado e do eleitor que o registrou.
(B) disporá de recursos que, mediante assinatura digital, permitam o registro digital de cada
voto.
(C) terá uma chave de segurança, cuja definição cabe aos partidos políticos ou coligações.
(D) contabilizará cada voto, não sendo possível fiscalização por parte de partidos políticos,
coligações ou candidatos.
(E) exibirá sempre ao eleitor primeiramente os painéis referentes às eleições majoritárias.
R–B

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Questão 5 – (FCC. 2009. Analista Judiciário. Área Judiciária. TRE/PI) Numa eleição
proporcional, o eleitor digitou corretamente o número da legenda, mas assinalou número de
candidato inexistente. Nesse caso, o voto será

(A) considerado nulo.


(B) computado para a legenda.
(C) considerado em branco.
(D) computado para o candidato com numeração mais próxima.
(E) computado para o candidato menos votado da legenda.
R–B

Questão 6 – (FCC. 2007. Técnico Judiciário. Área Administrativa. TRE/MS) A respeito do


sistema eletrônico de votação e da totalização dos votos, é correto afirmar que

(A) nas Seções em que for adotada a urna eletrônica, poderão votar eleitores cujos nomes não
estiverem nas respectivas folhas de votação, se forem autoridades ou candidatos.
(B) a urna eletrônica disporá de recursos que, mediante assinatura digital, permitam a
identificação da urna em que foi registrado e do eleitor que o registrou.
(C) a urna eletrônica exibirá para o eleitor, primeiramente, os painéis referentes às eleições
majoritárias e, em seguida, os referentes às eleições proporcionais ambas para mandatos
federais.
(D) considerar-se-á voto de legenda quando o eleitor assinalar o número do partido no
momento de votar para determinado cargo e somente para este será computado.
(E) a urna eletrônica é extremamente segura e inviolável, motivo porque não podem ser
fiscalizadas pelos partidos políticos, coligações ou candidatos.
R–D

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