You are on page 1of 4

FÍSICA

Teoria de Einstein ganha nova


confirmação, mais precisa
DA REDAÇÃO

A observação de um par de pulsares -estrelas mortas que emitem


um pulso periódico de ondas de rádio- trouxe uma das
confirmações mais precisas até hoje da teoria da relatividade geral.
Em estudo na revista "Science", cientistas do Observatório Nacional
de Radioastronomia dos EUA relatam como o sistema pulsar binário
PSR J0737/3039A/B demonstra com precisão uma previsão feita
com base no trabalho de Einstein.
A relatividade previa que dois corpos maciços orbitando um ao outro
numa distância muito próxima teriam anomalias de rotação. O
puxão gravitacional de um pulsar faria o giro do outro oscilar e ficar
mais lento. É o que ocorreu com os pulsares descritos na "Science".
Como o plano de rotação deles está alinhado na direção da Terra,
foi possível medir o fenômeno com precisão inédita.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0707200802.htm

-----------------------------

Grupo revê biologia do mal da vaca


louca
Enfermidade bovina que possui variante humana não é
causada apenas por molécula tóxica, afirma cientista brasileiro

O príon, agente ligado à causa da doença, é a versão anômala


de uma proteína vital; a ausência desta é que gera os sintomas,
diz estudo

Instituto Ludwig
Imagem de microscópio mostra o acúmulo de príons (verde) nos
neurônios de um camundongo

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

O príon, a proteína que causa o mal da vaca louca e sua variante


humana, talvez não tenha um efeito tão nocivo quanto se
imaginava. Um estudo brasileiro acaba de mostrar que a essência
da a enfermidade não está apenas na toxicidade do príon, mas
também na ausência da variante "saudável" da proteína que é
alterada para criá-lo. Em sua versão "boa", o príon ajuda a formar
neurônios e consolidar memória.

O nome técnico da doença priônica em bovinos é encefalopatia


espongiforme porque ela corrói tecido nervoso fazendo com que o
cérebro adquira a aparência de uma esponja. Em humanos, os
príons anômalos causam a doença correlata conhecida como mal
de Creutzfeldt-Jakob. Como essas proteínas têm importância para
os sistemas nervoso e imunológico, porém, criar um tratamento
eficaz é um desafio complexo, pois um medicamento tem de atacar
apenas a versão degenerada do príon. E, ainda assim, pode não
ser suficiente.

"A grande questão é que talvez [no caso das doenças] esteja
faltando mesmo proteína que funcione", diz a Folha o oncologista
Ricardo Brentani, pesquisador do Hospital A.C. Camargo, de São
Paulo. Ele é o principal autor de um estudo extenso sobre o príon
na edição mais recente da revista científica "Phisiological Reviews".

Para o grupo brasileiro, que tem ainda Rafael Linden (Universidade


Federal do Rio de Janeiro), Vilma Martins (Instituto Ludwig), Marco
Prado (Universidade Federal de Minas Gerais), Martín Cammarota
e Iván Izquierdo (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul), não é o excesso de proteína príon anômala, provavelmente, o
maior responsável pelo surgimento das doenças do encéfalo.
A versão mais corrente hoje defende a tese de que o acúmulo
tóxico de grande quantidade de proteína príon modificada é o que
mata os neurônios.

"Fazendo uma analogia simples, é como na hepatite. A falta de


"fígado bom", vamos dizer assim, é que pesa mais neste caso, e
não a toxicidade do agente causador da doença", afirma Brentani,
que investiga a "interessante" proteína há mais de 15 anos. Desde
então, ele busca dados para defender a tese apresentada agora.
Os cientistas estão convencidos do lado bom dos príons
principalmente em razão dos dados biofísicos obtidos nos últimos
anos, no Rio de Janeiro.

"Essa proteína funciona como uma espécie de "âncora" para várias


outras proteínas montarem um sistema de sinalização através da
membrana celular", diz Linden, da UFRJ. O príon, por isso, está
envolvido com uma série de processos fundamentais dos
organismos.

E como o tráfego nas células dos mamíferos é sempre intenso, o


príon funciona como um verdadeiro motorista, carregando outras
proteínas para dentro das células. "Ele é um curinga atuando na
superfície celular; age como uma plataforma dinâmica",diz.
O fato de a falta da proteína sadia poder desencadear as doenças
do cérebro, porém, segundo Linden, não significa que o acúmulo de
proteínas anômalas não esteja ocorrendo também. São processos
simultâneos, dizem os cientistas.

Canibalismo
Cientistas identificaram até hoje cinco tipos de doenças do encéfalo
ligadas a problemas com príons. Uma delas, o kuru, teve origem em
rituais canibalísticos, afetando sobretudo mulheres e crianças. Elas
entravam em contato com cadáveres contaminados e adoeciam.
Com o fim dessa prática, ela foi erradicada por completo.

Já a doença de Creutzfeldt-Jakob é de origem espontânea. O príon


para de funcionar, simplesmente. A variação mais recente desse
tipo da doença, porém, teve origem contagiosa, no Reino Unido,
nos anos 1990. Centenas de pessoas morreram após terem comido
carne contaminada com o mal da vaca louca. No mundo, a doença
de Creutzfeldt-Jakob atinge em média um indivíduo em cada um
milhão de pessoas.

Outras doenças priônicas conhecidas dos médicos são a síndrome


de Gerstmann-Straussler-Scheinker e a insônia familiar fatal, ambas
hereditárias e extremamente raras.

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0707200801.htm

---------------------------------

You might also like