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GESTÃO DE NEGÓCIOS
NOME DO CURSO
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2015 – Portal Educação
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Inclui bibliografia
ISBN 978-85-436-0392-6
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................4
2 CONHECENDO A ESTRATÉGIA 6 – SIGMA ...................................................................................5
2.1 A DEFINIÇÃO E A FINALIDADE DA ESTRATÉGIA 6 – SIGMA ....................................................5
2.2 A ORIGEM DA ESTRATÉGIA 6 – SIGMA .....................................................................................12
2.3 A ESTRATÉGIA 6 – SIGMA E A QUALIDADE ..............................................................................13 2
2.4 DEFININDO AS ETAPAS DA ESTRATÉGIA 6 – SIGMA – METODOLOGIA DMAIC
(DEFINIÇÃO, ANÁLISE, IMPROVEMENT (MELHORIA) E CONTROLE) ...........................................18
2.4.1 Definição ....................................................................................................................................18
2.4.2 Medição......................................................................................................................................18
2.4. 3 Análise ......................................................................................................................................19
2.4.4 Melhoria .....................................................................................................................................19
2.4.5 Controle .....................................................................................................................................19
3 A DEFINIÇÃO E A MEDIÇÃO NA METODOLOGIA DMAIC ...........................................................22
3.1 A ETAPA “DEFINIÇÃO” NA METODOLOGIA DMAIC ...................................................................22
3.1.1 Os processos na estratégia 6 – Sigma....................................................................................22
3.1.1.1 Identificação dos macroprocessos – chave de uma empresa ..................................................25
3.1.2 Definindo os clientes estratégicos de uma empresa .............................................................28
3.1.3 Selecionando os projetos que poderão ser abordados pela estratégia 6 – Sigma .............32
3.1.4 Definindo os participantes do 6 – Sigma ................................................................................33
3.2 A ETAPA “MEDIÇÃO” NA METODOLOGIA DMAIC ......................................................................37
3.2.1 Entendendo o Diagrama FEPSC (Fornecedores, Entradas, Processo, Saídas e
Clientes)..............................................................................................................................................37
3.2.2 Determinando o mapa do processo: trabalhando com dados ..............................................38
3.2.3 A avaliação do sistema de medição ........................................................................................38
3.2.4 Traçando estudos de capacidade ...........................................................................................39
4 A ANÁLISE, A MELHORIA E O CONTROLE NA METODOLOGIA DMAIC ...................................40
4.1 A ETAPA “ANÁLISE” NA METODOLOGIA DMAIC .......................................................................40
4.1.1 As principais ferramentas de análise ......................................................................................40
4.1.1.1A análise do modo e efeito da falha – FMEA ............................................................................41
4.1.1.2 Bloxplot ....................................................................................................................................47
4.1.1.3 Diagrama de Pareto .................................................................................................................53
4.2 A ETAPA “MELHORIA” NA METODOLOGIA DMAIC ....................................................................57
4.2.1 As ferramentas de melhoria mais utilizadas no 6 – Sigma ...................................................58
4.2.1.1 Delineamento de experimentos ...............................................................................................58
4.2.1.2 Benchmarking ..........................................................................................................................59
4.2.1.3 Automação ou mecanização ....................................................................................................61
4.3 A ETAPA “CONTROLE” NA METODOLOGIA DMAIC...................................................................61
4.3.1 As ferramentas de controle mais utilizadas no 6 – Sigma ....................................................61
4.3.1.1 A padronização do processo....................................................................................................61 3
4.3.1.2 PokaYoke.................................................................................................................................65
4.3.1.3 O controle estatístico do processo (CEP) ................................................................................70
4.4 A IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA 6 – SIGMA.....................................................................73
4.4.1 As condições necessárias para o sucesso da implementação ............................................73
4.4.2 As etapas para a implementação ............................................................................................75
4.4.3 Exemplos de sucesso no Brasil e no Mundo .........................................................................79
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................................80
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................81
1 INTRODUÇÃO
O sigma (σ) representa uma letra do alfabeto grego, utilizada na Estatística para
caracterizar o desvio padrão, medida de dispersão que corresponde à variação dos dados 5
analisados em relação à média dos mesmos, conforme mostra a figura 1. Quanto maior a
variação, maior será o valor do desvio padrão.
De acordo com Echevesteet al. (2008), a Metodologia Sigma tem como objetivo a
solução científica de problemas, buscando o aumento da qualidade dentro de uma empresa,
elevando a lucratividade e o nível de satisfação de seus clientes por meio da minimização dos
erros e falhas. É uma ferramenta aplicada por uma empresa em seus processos, visando reduzir
a variação e consequentemente os desvios padrões e apresenta uma escala, denominada
Escala Sigma, responsável por medir o nível de qualidade de determinado processo,
correlacionando esse nível com a quantidade de defeitos/ falhas por milhão de eventos ou
oportunidades. É uma ferramenta que utiliza de métodos estatísticos para alcançar seus
objetivos. A Escala Sigma, que varia de 1 a 6, pode ser visualizada na tabela 1. O nível de
qualidade aumenta de acordo com o aumento do valor da escala.
2 208.537 69,2% 6
3 66.807 93,32%
4 6.210 99,379%
5 233 99,977%
6 3,4 99,9997%
FONTE: Adaptada de GEORGE (2004).
Mitchell (1992) define a estratégia 6 – Sigma como um instrumento da empresa que visa
à aceitação total do cliente, ou seja, sua satisfação. Já Tadikamalla (1994) caracteriza a
estratégia como a probabilidade de um produto ou serviço ser produzido livre de falhas e
defeitos. Visando um entendimento mais concreto acerca do assunto, foram reunidos na tabela 2
mais alguns exemplos de conceitos relacionados à estratégia 6 – Sigma e seus respectivos
autores.
TABELA 2 – CONCEITOS DA ESTRATÉGIA 6 – SIGMA.
AUTOR CONCEITO
BEHARA et al. (1995) É uma ferramenta responsável pela medição da
probabilidade de uma empresa produzir um produto ou
serviço com nulidade de falhas e defeitos.
É um instrumento de qualidade considerado “Best in
class” – o melhor da classe.
É uma ferramenta em que há apenas 3,4 falhas em 8
HARRY & SCHROEDER (2000) É uma estratégia que visa à melhoria da empresa;
É um constante monitoramento dos processos dentro
da empresa.
Ferramenta que visa à máxima satisfação do cliente.
É uma estratégia que minimiza o desperdício dentro da
empresa.
1,7 operações cirúrgicas incorretas por semana. 5.000 operações cirúrgicas incorretas por
semana.
Uma carta extraviada para cada 3.000.000 cartas 3.000 cartas extraviadas para cada 3.000.000
postadas. cartas postadas.
Um canal de TV 1,8 segundos fora do ar por Um canal de TV 1,68 horas fora do ar por
semana. semana.
FONTE: Adaptado de Werkema (2001).
De acordo com Watson & Arce (2000), a empresa pioneira responsável pela
implementação da estratégia 6 – Sigma foi a Motorola, em 1987, diante da ameaça à
organização gerada pelos problemas de qualidade interna e da baixa lucratividade.
Bill Smith, engenheiro da empresa Motorola, por meio de um trabalho inovador, concluiu
que se as falhas dos processos dentro da empresa fossem detectadas durante a fabricação,
utilizando ferramentas estatísticas, nos testes finais dos produtos a ser lançados no mercado, a
probabilidade do surgimento de novos erros seria improvável (MARSHALL JÚNIOR, 2004).
A estratégia 6 – Sigma foi a junção de diversas metodologias de qualidade com a
finalidade de alcançar níveis de qualidade jamais vistos anteriormente na busca por altos níveis
de produtividade. Em 1988, a empresa Motorola ganhou o Prêmio Nacional da Qualidade
“MalcomBaldrige” pelo seu projeto inovador, fato que levou a estratégia 6 – Sigma ser
reconhecida mundialmente devido aos ganhos lucrativos numerosos proporcionados à empresa
(WERKEMA, 2002).
Muitas empresas, diante do sucesso da Motorola, aderiram à estratégia 6 – Sigma, como
a AlliedSignal, a General Eletric, a Polaroid, a Digital Electronies, a Texas Instruments, a Asea
Brown Boveri e a Kodak. Todas essas empresas aliaram-se à Motorola e fundaram o Instituto de
Investigação 6 – Sigma, hoje conhecido como Six Sigma Academy, cujo principal objetivo é
treinar e capacitar empresas na implantação da estratégia por meio de consultorias avançadas 13
(PANDE et al., 2001).
A estratégia 6 – Sigma foi trazida para o Brasil em 1997 pela General Eletric e pela
Motorola. Muitas empresas brasileiras implantaram a estratégia em suas realidades cotidianas.
Alguns exemplos são: AMBEV, Carbocloro, Gerdau e diversas outras.
16
Quem é o responsável pela O departamento Os departamentos Todos os Todos na empresa, com
qualidade de inspeção de produção e departamentos, a alta gerência
engenharia embora a alta exercendo forte
gerência só se liderança.
envolva
perifericamente
com o projeto, o
planejamento e a
execução das
políticas de
qualidade.
Outra ferramenta de qualidade são as normas da série ISO 9000. De acordo com
Gnardich (2009), a implementação da NBR ISO 9001:2008 tem como objetivo proporcionar às
empresas credibilidade pela contínua melhoria de seus produtos e serviços. São princípios da
ISO 9001:2008:
2.4.1 Definição
De acordo com Stamatis (2004), a etapa “definição” tem como objetivo principal
identificar dentre todos os processos de uma empresa aqueles que precisam ser melhorados,
atendendo, assim, às necessidades dos clientes.
2.4.2 Medição
Stamatis (2004) define “medição” como a etapa que determina todos os dados coletados
na primeira etapa que deverão ser monitorados, especificados e padronizados.
2.4. 3 Análise
2.4.4 Melhoria
Werkema (2001) define essa etapa como a consolidação das possíveis causas que
levam à baixa qualidade dos processos dentro de uma empresa e as ferramentas potenciais
para eliminá-las. Essas ferramentas são testadas previamente a fim de que possam ser
implantadas em larga escala.
2.4.5 Controle
ANÁLYZE Selecionar o melhor conceito dentre as Definição das principais funções a serem
alternativas desenvolvidas e gerar o Design projetadas para o atendimento às necessidades
Charter do projeto. dos clientes/consumidores;
Planejamento da produção;
22
Planejamento do lançamento no mercado;
Como já dito anteriormente, a etapa “definição” tem como objetivo principal identificar
dentre todos os processos de uma empresa aqueles que precisam ser melhorados, atendendo,
assim, às necessidades dos clientes (STAMATIS, 2004). Para darmos início à descrição da
metodologia DMAIC, é necessário entender o conceito de processo.
Processo, etimologicamente, vem do latim procedere, que significa seguir adiante. De
acordo com Davenport (1994), processo é um conjunto estruturado de ações cujo objetivo é
alcançar uma finalidade específica (produto ou serviço) para um cliente específico.
Um processo relaciona entradas e saídas dentro de uma empresa visando resultados
concretos. O modelo mais utilizado para exemplificar processos é denominado de IPO (input –
process – output). Nesse contexto, input está relacionado com entradas e output, com saídas.
Na figura 2 podemos visualizar o modelo IPO de um processo organizacional.
FIGURA 2 – MODELO IPO
23
26
FONTE: WERKEMA, 2001.
1º Passo:
2º Passo:
3º Passo:
4º Passo:
O quinto passo é semelhante ao 4º passo, porém aqui é preciso relacionar cada objetivo
a um processo dentro do macroprocesso.
6º Passo:
27
O último passo é refinar as relações estabelecidas entre objetivos e processos,
eliminando qualquer associação errônea que tiver sido estabelecida.
Como já citado anteriormente, determinar os macroprocessos de uma empresa é
essencial para o seu bom funcionamento. Os macroprocessos apresentam algumas
características peculiares, que permitem identificá-los dentro da organização. As principais,
segundo Gnardich (2009), são:
Após a definição dos processos que deverão passar por melhorias, o próximo passo é
determinar quais são os clientes estratégicos da empresa. Segundo Kotler (1998), o cliente
estratégico é aquele considerado preferencial, especial, responsável por grande parte da
lucratividade da empresa. É o cliente que a empresa precisa estreitar relações, buscando
sempre maximizar sua satisfação a fim de garantir seu posicionamento no mercado consumidor.
Nesse contexto, surge um termo importante no mundo dos negócios que é a
Segmentação de Mercado, ou seja, a subdivisão do mercado em grupos de clientes conforme
suas características peculiares. A segmentação de mercado torna necessária a implantação de
um marketing específico para cada grupo de clientes. Portanto, a empresa adapta seu
comportamento às necessidades dos grupos específicos formados. Na figura 6 podemos
visualizar as etapas da segmentação de mercado.
29
Para atender aos grupos de mercado gerados pela segmentação, as empresas podem
utilizar de três tipos de marketing, dependendo dos seus objetivos e metas, sendo:
O marketing diferenciado é aquele utilizado por uma empresa que oferece vários
produtos ou serviços para diferentes públicos-alvo. Nesse contexto, a prática do marketing visa
atingir o mercado consumidor de maneira geral por meio de ofertas que agradem a cada um
desses públicos.
O marketing concentrado é aquele utilizado por uma empresa que deseja dominar
determinado mercado. Para isso, utiliza-se de todos os seus recursos para obter o resultado
desejado. Nesse contexto é muito importante o diferencial de mercado, ou seja, aquilo que a
empresa tem de melhor frente à concorrência. Aquilo que a tornará a melhor do ramo pelo alto
nível de satisfação do cliente.
Já o marketing indiferenciado é aquele utilizado por uma empresa que deseja atingir o
mercado consumidor oferecendo apenas um tipo de produto ou serviço.
Essa atitude permite à empresa manter seu posicionamento no mercado consumidor e
garantir a sua lucratividade. Dessa forma, para cada setor da empresa ou para cada produto
determinado é necessário que haja um público-alvo, ou seja, clientes estratégicos.
Agora que já sabemos o que são clientes estratégicos, o próximo passo é saber
identificá-los para que a empresa tenha sucesso e lucratividade. Para realizar essa tarefa,
seguiremos os seguintes passos:
1º Passo:
Para responder essa pergunta, a empresa deverá ter em mãos quais produtos serão
oferecidos no mercado.
WHEN (Quando?)
Para responder essa pergunta, a empresa deverá definir as ocasiões em que serão 31
ofertados os doces finos. Por exemplo, casamentos, festas infantis, vendas avulsas por
encomenda, etc.
WHERE (Onde?)
Para responder essa pergunta, a empresa deverá definir previamente onde serão
produzidos os doces finos.
Para responder essa pergunta, a empresa deverá ter em mãos as razões principais para
cada produto ser ofertado no mercado. Como por exemplo, preferência, demanda e
lucratividade.
WHO (Quem?)
Essa pergunta é respondida após a definição dos produtos. Quem comprará os produtos
da empresa? Em quais ocasiões?
HOW (Como?)
Aqui serão definidos os modos de preparo de cada doce a ser ofertado no mercado. Por
exemplo, trufa de chocolate, trufa de maracujá, doce de nozes, etc.
HOW MUCH (Quanto custará?)
2º Passo:
O segundo passo é priorizar, com base nas respostas obtidas pelos 5Ws e 2Hs, quais
doces são mais lucrativos para a empresa. Isso é determinado pelo valor de produção e venda e 32
pela demanda de mercado. Nesse contexto, os clientes estratégicos serão aqueles que geram
mais lucros à empresa.
3.1.3 Selecionando os projetos que poderão ser abordados pela estratégia 6 – Sigma
foco no cliente;
suas falhas ou defeitos devem ser de fácil identificação e mensuração;
seus resultados devem gerar impactos financeiros consideráveis;
que seus defeitos ou falhas possam ser reduzidos no mínimo pela metade;
seus resultados devem ter alta probabilidade de sucesso;
seus resultados devem gerar impactos em alguma característica crítica de
qualidade (CTQ) de outra empresa;
seus resultados devem ser obtidos em um prazo inferior a seis meses para que
não haja desinteresse;
o tamanho do projeto deve ser compatível com o prazo preestabelecido;
o projeto deve ser facilmente gerenciado.
Na figura 8 encontramos um esquema referente à seleção de projetos 6 – Sigma.
33
34
Caso do Negócio:
O caso do negócio é um item de extrema importância para o bom desempenho da
equipe. É por meio dele que há a argumentação acerca da necessidade da implementação da
estratégia 6 – Sigma na empresa. Nesse contexto, são relacionados os objetivos estratégicos da
empresa com a importância da implantação da estratégia. Aqui, são expostos, então, os
argumentos que justificam a implementação da ferramenta de qualidade.
Determinação do problema:
36
A determinação do problema refere-se à definição do motivo principal da necessidade da
implementação da estratégia 6 – Sigma na empresa. Uma única frase deve ser capaz de
sintetizar o assunto. Nesse contexto, devem ser enfatizados quais serão os impactos positivos
da implementação da estratégia e também quais serão os impactos negativos caso a mesma
não seja implementada.
A atuação do projeto:
Nesse contexto, serão definidas todas as áreas abrangidas pelo projeto, ou seja, será
determinado quais problemas serão resolvidos pela implementação do projeto 6 – Sigma.
Objetivos e metas:
Nesse ponto do estatuto são definidas todas as ferramentas que serão utilizadas para a
resolução dos problemas, ou seja, todas as ferramentas de melhoria que serão abordadas no
projeto. Nessa etapa também será estipulado o prazo para a resolução dos problemas.
Cronograma:
Cada etapa da metodologia DMAIC deve ser previamente detalhada por meio de um
cronograma.
37
Após definida a equipe e o estatuto da equipe é hora de iniciar os trabalhos. De acordo
com Ramos (2003), o diagrama de FEPSC (Fornecedores, Entradas, Processo, Saídas e
Clientes) (Figura 10) é de extrema importância e deve ser construído sempre no início do projeto
6 – Sigma, ou seja, após todas as definições obtidas na etapa de “Definição” para que se tenha
uma visão geral e real da situação da empresa.
Com a construção do diagrama de FEPSC é possível ter uma visão dos processos da
empresa, ou seja, se as saídas da empresa correspondem às expectativas do cliente. Nesse
contexto é possível verificar o que está em desacordo ou em desconformidade com o mercado,
identificando todos os pontos que precisam ser melhorados, já que o objetivo principal é a
satisfação total do cliente. O diagrama de FEPSC permite também inferir quais as possíveis
causas das falhas ou defeitos nos processos da empresa, determinando a capacidade total da
empresa no atendimento às necessidades dos clientes.
Para construir o diagrama de FEPSC basta seguir os passos abaixo:
delimitar o processo, ou seja, determinar a primeira e a última etapa do
processo;
definir quais são as saídas da empresa;
definir quem são os clientes da empresa e suas necessidades e expectativas;
definir as matérias-primas necessárias (entradas) à produção das saídas da
empresa;
listar os principais fornecedores da empresa.
38
aparelhos de medição;
analistas de medição, que são responsáveis por operar os aparelhos e
interpretar suas leituras;
métodos de medição. 39
Um sistema de medição adequado deve ser exato e preciso. Exatidão refere-se ao nível
de igualdade da média de um conjunto de dados com um valor padrão, referencial. Já precisão
está relacionada à menor variabilidade quando comparada há diversas mensurações feitas,
considerando uma mesma característica. Bons sistemas de medição devem apresentar
repetibilidade e reprodutibilidade. Um sistema repetitivo é aquele em que determinado analista
ao fazer diferentes medições de um mesmo item terá valores semelhantes entre si. Já um
sistema reprodutivo é aquele em que há o trabalho de dois ou mais analistas ou mesmo a
utilização de dois ou mais aparelhos diferentes e suas médias obtidas estão próximas entre si.
40
TABELA 10 – CONCEITOS DE ESTUDOS DE CAPACIDADES
A análise de dados:
Falha:
Uma falha é considerada um defeito, uma desconformidade presente no produto ou
serviço que se manifesta no nível de satisfação do cliente, reduzindo-o.
Causa da falha:
Efeito da falha:
1ª Etapa
3ª Etapa
4ª Etapa
Na quarta etapa são identificados quais os efeitos das falhas e quais seus níveis de
gravidade (Índice de Severidade – SEV). O índice de severidade varia em uma escala de 1 a 10
(Tabela 11) e representa quanto determinada falha afeta o consumidor. 44
Na quinta etapa são identificadas as razões das falhas (causas) e a frequência com que
ocorrem (Índice de Ocorrência - OCO). O índice de ocorrência varia em uma escala de 1 a 10
(Tabela 12) e representa, então, a probabilidade de determinada falha ocorrer.
45
TABELA 12 – ÍNDICE DE OCORRÊNCIA – OCO
6ª Etapa
46
7ª Etapa
Na sétima etapa deve ser calculado o RPN (RiskPriorityNumber) para cada falha
detectada. O RPN, que representa o número de prioridade de risco, é calculado, multiplicando os
valores dos três índices citados anteriormente (RPN = SEV x OCO x DET). Falhas com maiores
RPNs devem ser priorizadas.
8ª Etapa
Na oitava etapa é necessário que se elabore um Plano de Ações que visem minimizar os
RPNs elevados.
9ª Etapa
47
4.1.1.2 Bloxplot
3 3 3 3 3 4 4 4 4 4
4 4 4 4 4 5 5 5 5 5
5 5 5 5 5 5 5 6 6 6
6 6 7 7 7 7 7 8 8 8
8 8 8 8 9 9 9 10 15 17
Para construir o Bloxplot devemos:
1º Passo:
3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
5 5 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 10 15 17
2º Passo:
3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
5 5 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 10 15 17
Os números marcados de amarelo são os dois valores centrais que utilizaremos para
encontrar a mediana. Como o conjunto de dados é par, a mediana é dada pela média dos
valores centrais. Portanto, a mediana do conjunto de dados é:
5 + 5 = 10/ 2 = 5
3º Passo:
O próximo passo é determinar o Q1 e Q3, que são denominados de primeiro e terceiro
quartis, respectivamente. O Q2 = mediana. Para calcular os quartis, nós dividimos o conjunto de
dados em duas partes iguais (parte 1 = cor vermelha e parte 2 = cor cinza), conforme pode ser
visto abaixo:
3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 49
5 5 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 10 15 17
DI = Q3 – Q1
DI = 8 – 4
DI = 4
Com esses valores em mãos, daremos início à construção do gráfico Bloxplot. Para isso,
devemos montar a escala. O primeiro passo é calcular o limite inferior e o limite superior da
escala. Esses limites separam os valores considerados atípicos e não atípicos do conjunto de
dados. Para isso, basta utilizarmos as fórmulas abaixo:
LS = Q3 + 1,5DI
LS = 8 + 1,5 (4)
LS = 14
LI = Q1 – 1,5DI
LI = 4 – 6
LI = - 2 50
Obtidos os valores necessários para a construção da escala, a próxima etapa é marcar
os valores dos quartis encontrados, conforme mostra a figura 11.
4º Passo:
O próximo passo é construir uma caixa – um retângulo – com os lados maiores paralelos
à escala e os lados menores sobre o primeiro e o terceiro quartis, conforme mostra a figura 12.
O quinto passo é traçar uma linha na altura da mediana, conforme mostra a figura 13. Na
caixa resultante estão representados os 50% centrais da distribuição.
6º Passo:
O sexto passo é traçar uma linha pontilhada nos pontos referentes ao limite superior e
limite inferior, conforme mostra a figura 14.
52
8º Passo:
O oitavo passo é traçar uma linha pelo meio do retângulo indo de Q 1 até o valor mínimo
não atípico, conforme mostra a figura 15.
O nono passo é traçar uma linha pelo meio do retângulo indo de Q 3 até o valor máximo
não atípico, conforme mostra a figura 16.
O décimo passo é retirar do gráfico as linhas pontilhadas que demarcam o limite superior
e o limite inferior do conjunto de dados, já que as mesmas são apenas utilizadas para auxiliar a
construção do gráfico, conforme mostra a figura 17.
FIGURA 17 – CONSTRUINDO UM BLOXPLOT
53
O último passo na construção de um Bloxplot é a inserção dos outliers, sempre com uma
marcação especial, conforme pode ser visto na figura 18.
Faturamento incorreto 60
Separação errada 45
Pedido errado 30
Preço errado 20
Produto danificado 65
Outros 15
TOTAL 500
2º Passo:
Preço errado 65
Outros 15
TOTAL 500
FONTE: Elaborado pelo autor.
3º Passo:
O terceiro passo é inserir uma coluna representativa das causas acumuladas. Para isso,
basta repetir o primeiro valor e ir somando com o próximo (140, 140+125, etc.), conforme mostra
a tabela 16.
56
TABELA 17 – CONSTRUINDO UM DIAGRAMA DE PARETO
CAUSAS Nº Nº DE PERCENTUAL PERCENTUAL
DE OCORRÊNCIAS UNITÁRIO ACUMULADO
OCORRÊNCIAS ACUMULADAS (%) (%)
5º Passo:
57
Com a análise do diagrama da figura 19 podemos concluir que a solução para minimizar
o problema do número excessivo de devoluções da empresa é reduzir os atrasos.
De acordo com Stamatis (2004), a etapa “Melhoria” tem como objetivo promover as
soluções das causas dos problemas encontradas nas etapas anteriores, proporcionando mais
eficiência ao processo por meio de alguns pontos, como:
58
4.2.1.1 Delineamento de experimentos
2ª Ação:
4ª Ação:
Executar o experimento.
6ª Ação:
Analisar os dados.
4.2.1.2 Benchmarking
60
Benchmarking interno
Benchmarking competitivo
Benchmarking funcional
Padronização é, portanto, garantir que o processo seja o mesmo todas as vezes que ele
for colocado em prática. Nesse contexto, podemos utilizar uma ferramenta já citada
anteriormente para facilitar a implementação da padronização dentro de uma empresa, que é os
5Ws e 2Hs. Quem será o responsável pela execução e registro da padronização? Quais 63
atividades serão padronizadas dentro da empresa? Onde serão executadas? Por que serão
executadas? Como serão executadas? E quanto custará para a empresa padronizar seus
processos? Depois de respondidas essas questões, a empresa deverá cumprir as seguintes
etapas para a implementação da padronização:
1ª Etapa:
2ª Etapa:
4ª Etapa:
5ª Etapa:
4.3.1.2 PokaYoke
Erros inadvertidos:
Os erros inadvertidos são aqueles cometidos sem a percepção do ser humano. Nesse
contexto, podem ser levadas em conta a não intencionalidade, a inconsciência e a
imprevisibilidade dos mesmos. A prevenção é o caminho ideal para a eliminação ou redução
desses tipos de erros. Um exemplo é o aumento do poder de concentração durante a realização
de determinada atividade dentro da empresa.
Erros premeditados:
68
Métodos de Controle:
Métodos de Alerta:
São métodos responsáveis por emitirem um sinal, de luz ou sonoro, a fim de que os
operadores dos equipamentos tenham a noção da ocorrência de alguma anormalidade no
processo. Aqui não há a paralisação da cadeia produtiva.
Métodos de Posicionamento:
Os métodos de posicionamento são responsáveis por garantir o correto funcionamento
da cadeia produtiva. Não havendo o posicionamento correto dos dispositivos envolvidos no
processo, a cadeia produtiva não tem continuidade.
Métodos de Contato:
Métodos de Contagem:
Métodos de Comparação:
Já as causas normais são aquelas intrínsecas aos processos, sendo responsáveis por 71
caracterizar o padrão natural dos mesmos. Acontecem diariamente e muitas vezes fogem da
percepção humana e por apresentarem efeito cumulativo, podem acarretar danos desastrosos à
cadeia produtiva em longo prazo, caso não sejam minimizadas. São exemplos de causas
normais de variação:
LIC = µ - 3 σ
73
Outra consideração que deve ser abordada é a seleção das pessoas que formarão a 74
equipe 6 – Sigma. As pessoas selecionadas devem ser altamente capacitadas e, além disso,
treinamentos específicos são imprescindíveis para que se familiarizem com a metodologia.
Nesse contexto, a hierarquia da equipe já deve estar bem definida e o treinamento deve ser
direcionado de acordo com o nível ocupado na equipe. Por exemplo, os Black Belts passam por
treinamentos bem mais intensos quando comparados com os Green Belts. São cerca de 200
horas contra 80 horas dos Green Belts. Dessa forma, a intensidade de treinamento está
diretamente relacionada ao nível da hierarquia. Quanto mais alto o nível, mais intenso será o
treinamento. Porém, o aprimoramento da equipe deve ser algo contínuo dentro da empresa.
Deve haver empenho da equipe em seguir à risca todas as etapas da metodologia DMAIC.
Nenhuma etapa pode ser banalizada ou superestimada. Todas as etapas são importantes e
merecem atenção por parte da equipe. Nesse contexto, a equipe precisa estar sempre
comprometida e engajada com o propósito da estratégia.
1ª Etapa:
2ª Etapa:
3ª Etapa:
Os processos dentro de uma empresa são melhorados por meio de projetos específicos.
Para cada processo a ser melhorado, um projeto deve ser previamente definido. Diante disso, a
próxima etapa é a definição de todos os projetos que serão implementados na empresa para a
melhoria de seus processos. Nos projetos devem estar expressas todas as informações
pertinentes ao processo, que são obtidas pelo mapeamento do processo, já descrito
anteriormente. A equipe de 6 – Sigma, então, trabalha sempre em cima de projetos muito bem
definidos e coerentes com a realidade da empresa.
4ª Etapa:
76
A próxima etapa é realizar o treinamento da liderança da equipe 6 – Sigma. Os líderes
precisam ser treinados a fim de determinar qual o papel de cada profissional dentro da equipe,
bem como definir o acompanhamento e avaliação de todos os projetos implementados pelos
Black Belts. Os líderes empresariais, denominados Champions, precisam se inteirar de todos os
detalhes da implementação da estratégia 6 – Sigma para que possam ser capazes de delegar
funções.
5ª Etapa:
6ª Etapa: 77
7ª Etapa:
8ª Etapa:
A próxima etapa é a definição por parte dos Champions e Black Belts das pessoas que
formarão a equipe 6 – Sigma. As pessoas escolhidas devem ser capacitadas, responsáveis e
comprometidas com os objetivos dos projetos da empresa. Esses profissionais devem
apresentar disponibilidade em buscar soluções para os problemas encontrados.
9ª Etapa:
Depois de definida toda a equipe 6 – Sigma, cada nível da hierarquia precisa ser
capacitado para que o desenvolvimento dos projetos de melhoria dentro da empresa possa ter
início. 78
10ª Etapa:
11ª Etapa:
12ª Etapa:
13ª Etapa:
A última etapa é a inserção dos projetos finalizados no banco de dados de projetos da
empresa. Esse banco de dados fornece informações de todos os projetos já realizados, com
todas as informações pertinentes aos mesmos. A função principal do banco de dados é permitir
que as informações dos projetos sejam consultadas sempre que necessário e que as
experiências já vividas possam servir de referência para futuros projetos dentro da empresa.
Sucessos no Mundo:
Motorola
General Eletric
Com os lucros exorbitantes obtidos pela Motorola, a estratégia 6- Sigma ganhou espaço
no mundo e tornou uma meta para muitas empresas. Uma empresa que merece destaque é a
General Eletric (GE), uma empresa americana voltada para a prestação de serviços em
tecnologia. A GE implementou a estratégia 6 – Sigma desde à produção até mesmo à prestação
de serviços, buscando sempre a máxima qualidade, agregando mais de 300 milhões de dólares
em apenas um ano de utilização da metodologia 6 - Sigma.
Sucessos no Brasil:
Votorantim Cimentos
5 CONCLUSÃO
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