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SILÊNCIO

(Edgar A Poe)

Há qualidades incorpóreas de existência


dupla, nas quais segunda vida se produz,
como a entidade dual da matéria e da luz,
de que o sólido e a sombra espelham a evidência.

Há pois, duplo silêncio; o do mar e o da praia,


do corpo e da alma; um, mora em deserta região
que erva recente cubra e onde, solene, o atraia
lastimoso saber; onde a recordação

o dispa de terror; seu nome é "nunca mais";


é o silêncio corpóreo. A esse, não temais!
Nenhum poder do mal ele tem. Mas, se uma hora

um destino precoce (oh!, destinos fatais!)


vos leva às regiões soturnas, que apavora
sua sombra, elfo sem nome, ali onde humana palma

jamais pisou, a Deus recomendai vossa alma!

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