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CARTA GEOMORFOLÓGICA E

MORFOGÊNESE DO
MESTRE ÁLVARO, SERRA-
ESPÍRITO SANTO-BRASIL

Ana Christina Wigneron Gimenes


Professora Mestra do Departamento de Geografia
da Universidade Federal do Espírito Santo

[...] C’est, d’après Mouchez, un ancien volcan, A pertinência da pesquisa geomorfológi-


depuis long temps éteint, et l’on y trouve des ca por seu próprio objeto e campo de ação é
gisements de soufre [...]. esclarecida por Rodrigues (1997, p.5) quan-
Elisée Reclus (1894) do menciona que,

INTRODUÇÃO [...] desde o surgimento e desenvolvimento da


geomorfologia de processos, [...] há uma cer-
Os mapeamentos geomorfológicos quali- ta unanimidade quanto à definição de seu ob-
ficam-se ao prover os instrumentos técnicos jeto e a complexidade de suas abordagens, den-
de apoio aos meios científicos, políticos e ju- tre as mais variadas escolas de geomorfologia.
rídicos, dentre os quais se destacam: De acordo com diversos autores, as formas,
1. Estudos de base em áreas científicas os materiais e os processos da superfície ter-
especializadas, como botânicos, faunísticos, restre, bem como sua distribuição e explica-
biogeográficos, climatológicos, hidrológicos ção em diversos contextos escalares espaço-
e pedológicos. temporais [...], correspondem a seu escopo.
2. Gestão físico-territorial, tais como a [...] Ao tratar genética e espacialmente dos
ambiental, a turística, a agrícola, a social, a processos, materiais e formas da superfície,
urbana, a de exploração mineral e a indus- sua abordagem implicaria numa visão de con-
trial. junto [...].
3. Propostas de legislação ambiental.
GEOGRAFARES, Vitória, no 3, jun. 2002 41
ANA CHRISTINA WIGNERON GIMENES

Uma das abordagens, a ambiental, é en- partir do entendimento do arranjo espacial das
contrada em Chorley (1971, apud ABREU, morfologias de relevo, dos materiais superfi-
1982). O autor destaca três formas possíveis ciais rochosos e inconsolidados (elúvios,
de ser empregadas para se avançar em Geo- colúvios, alúvios) e dos processos hidrodinâ-
grafia Física e em Geomorfologia. São elas a micos e erosivos atuais.
construção de modelos, o uso dos recursos e Procura-se, a partir desse objetivo geral,
a análise de sistemas. produzir e testar um mapeamento em que se-
A Geomorfologia, por natureza uma ciên- jam identificados a forma, os materiais e os
cia interdisciplinar e de síntese, busca indicar processos na composição do relevo.
no relevo os sinais de fatos e relações ocorri- Aplicados os princípios do método de
dos na paisagem e sua condição de estabili- abordagem sistêmica à procura do entendi-
dade e instabilidade. mento de sistemas geomórficos, o objetivo
O estudo da relação morfologia de relevo específico é investigar as correspondências de
– estrutura (rochas-estrutura tectônica-cober- aspectos geomorfológicos, geológicos e pe-
tura pedológica) – processos surge na dológicos.
Geomorfologia Moderna, o que pode levar ao Em um determinado momento da pesqui-
diagnóstico e ao prognóstico de caráter geo- sa, aventou-se uma hipótese: aquela que fala
morfológico. de uma correlação expressa espacialmente,
Concebida a unidade de análise básica, um definindo gênese morfológica associada às
compartimento montanhoso costeiro de for- etapas de desenvolvimento do solo, em con-
mato semicircular em planta, o objetivo é re- formidade com uma maior diversidade de ele-
conhecer e interpretar esse relevo, por meio mentos de forma de relevo.
do estudo integrado da morfologia, da estru-
tura e dos processos, e, averiguada sua distri- A UNIDADE DE ANÁLISE
buição espacial, inferir sobre seu desenvolvi-
mento. Representado em quase sua totalidade pela
Em atendimento a essas necessidades, Área de Proteção Ambiental Estadual de Mes-
propõe-se aqui a identificação e a delimita- tre Álvaro, instituída em 1991, anteriormen-
ção do relevo em setores topomorfológicos te Reserva Biológica Estadual de Mestre Ál-
(topo=diferenças altimétricas; morfológico varo e Parque Florestal, o compartimento ge-
=forma), o que concorre para uma caracteri- omorfológico montanhoso Mestre Álvaro, ao
zação genética, com base em relevos com sul da sede do Município de Serra, Estado do
rugosidades distintas percebidas desde o topo Espírito Santo (Figura 1) e distante cerca de
do compartimento geomorfológico Mestre 15 km da capital do Estado, a norte, em linha
Álvaro até a base. reta, representa uma das descontinuidades ur-
O objetivo desta pesquisa, portanto, tam- banas verificadas no contexto da organiza-
bém é desenvolver uma metodologia de ma- ção da Região Metropolitana de Vitória, pos-
peamento geomorfológico associada a uma suindo no seu interior principalmente cober-
condição específica de relevo e, ao mesmo tura vegetal arbórea, arbustiva e rupestre, bem
tempo, identificar seu modelo morfogenético como gramíneas cultivadas. Predomina nes-
por meio da própria carta, que é um instru- sa área atividade pecuária, agricultura e mi-
mento de averiguação dos fatos geomorfoló- neração. Constitui significação particular seja
gicos e de interpretação. pela referência de localização que represen-
A caracterização do relevo constitui o es- ta, destacado na paisagem em decorrência de
copo do trabalho de pesquisa, cujo objetivo é seu isolamento físico, seja pelo atrativo tu-
a interpretação do sistema geomórfico Mes- rístico, educativo e cultural de uso diversifi-
tre Álvaro, estabelecendo-se correlações a cado.
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CARTA GEOMORFOLÓGICA EMORFOGÊNESE DO MESTRE ÁLVARO

Figura 1
Carta de localização da área da unidade de análise: compartimento
geomorfológico Mestre Álvaro e áreas adjacentes

O Mestre Álvaro é um maciço costeiro que tar com dados meteorológicos diários. A tem-
possui formato semicircular em planta, peratura média anual é de 23,4 ºC, e a preci-
estruturado em um corpo de rocha intrusiva pitação pluvial média anual, de 1.052mm; é
granítica. Corresponde à cúpula de um constatada amplitude pluviométrica anual ele-
batólito, parcialmente gnaissificado nas bor- vada e térmica anual pequena; expectativa de
das, individualizado na paisagem como uma período seco, no mês de agosto, e de período
unidade geomorfológica, com claras evidên- úmido de chuvas superiores a 100mm, com
cias de perturbações por estruturas tectônicas valores máximos, no mês de dezembro. Na
e acentuada variação de fácies litológica. definição do balanço hídrico, os meses de ja-
Posicionado a SSO no compartimento ge- neiro a abril e de agosto a outubro constituem
omorfológico, o Posto Meteorológico Fazen- intervalos de tempo caracterizados por con-
da Fonte Limpa é o único nesse relevo a con- sumo de umidade do solo (retirada), podendo
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ocorrer deficiência hídrica. O período de re- ao representar perda de matéria, e ao ganho


posição de água no solo e de excesso geoquímico, ao representar ganho de matéria.
corresponde principalmente aos meses de ou- Daí considerarmos como premissa o desen-
tubro a dezembro, sem nenhum período de volvimento concomitante de solo e relevo. O
excedente hídrico ao longo do ano. primeiro dos processos citados geralmente é
Em relação aos processos geomórficos indicado por eventos passados, exceto naque-
erosivos e de movimentos de massa associa- las áreas sujeitas a acontecimentos ou a
dos à chuva, dois índices compõem variáveis reativações tectônicos atuais, e o segundo re-
analíticas: o Índice de Magnitude e Freqüên- flete todos os processos recentes que interfe-
cia (IMF) e o Evento Dominante (ED). rem na alteração do relevo. A participação
O parâmetro IMF é interpretado como uma percentual de cada um dos processos citados
referência local particular, e o ED é, para esse pode ser avaliada em um dado sistema.
caso, sugerido como uma investigação de pro- No estudo da morfogênese, procura-se
cessos geomórficos associados a ele, sendo a analisar forma-materiais-processos, identifi-
extrapolação do IMF recomendada apenas cados no sistema geomórfico, método inicial-
para períodos iguais aos do próprio registro, mente apresentado por Ab’Saber (1969), no
50 anos. qual está sumariado o desenvolvimento do
Os índices de magnitude e freqüência fi- relevo, sua reconstituição e a revelação de al-
xados em IMF (65,9; 49,1) para a localidade terações futuras pela construção do modelo
Fazenda Fonte Limpa referem-se à probabili- de mapeamento geomorfológico. Na corres-
dade de que uma chuva de 65,9mm ocorra pelo pondência de aspectos voltados ao entendi-
menos uma vez a cada ano, e de que uma chu- mento da morfogênese pela abordagem
va de 115,0mm ocorra pelo menos uma vez a sistêmica, ressalta a integração de fatos ex-
cada 10 anos, índices relativamente baixos, pressos espacialmente em sua diferenciação.
sendo o produto da relação da magnitude ve- Com base nessa referência, os fenômenos
zes a freqüência, índice fixado em 21,2mm, o geomorfológicos são inventariados individu-
evento dominante, ou seja, aquele que contri- almente ou em conjunto e analisados
buiria com a maior eficácia erosiva em longo sincronicamente, sob qualquer escala de in-
prazo, em que ressalte a dependência das con- terpretação e representação cartográfica. Con-
dições de superfície e subsuperfície e os va- cebida forma-estrutura-função, segundo lógi-
lores limiares de cada processo erosivo. ca dialética, os níveis são interpretados:
1. Forma (compartimentação da morfologia
PROCESSO MORFOGENÉTICO do relevo). A identificação geométrica, feita
E REPRESENTAÇÃO através da visualização da textura, das irregu-
laridades ou das rugosidades do relevo, pre-
Os processos morfogenéticos, aqueles res- cede os demais níveis, de modo a
ponsáveis pelas várias formas de relevo, com- contextualizar cada estrutura (segundo nível)
preendem os processos internos, relacionados e processos (terceiro nível) posteriores.
à gênese associada à estrutura litológica e 2. Estrutura (estrutura superficial da pai-
tectônica, e os processos externos (superfici- sagem). Ao verificar a composição e a estru-
ais - subsuperficiais), pertinentes aos proces- tura dos materiais, a cronologia relativa é
sos erosivos e de movimento de massa e aos inferida, e as primeiras “proposições
processos pedológicos. Neste último caso, interpretativas” sobre a evolução das formas
necessário é conhecer onde a morfologia de emergem. Além das amostras de mão, tem sido
relevo é a própria expressão das transforma- aconselhado o uso de escalas, as mais deta-
ções da cobertura pedológica, na medida em lhadas, nesse reconhecimento dos materiais
que elas correspondem à perda geoquímica, em análises laboratoriais refinadas.
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CARTA GEOMORFOLÓGICA EMORFOGÊNESE DO MESTRE ÁLVARO

3. Processos (a fisiologia da paisagem). O MAPEAMENTO DOS SETORES


Sobre dinâmica dos processos ou funciona- TOPOMORFOLÓGICOS
mento do sistema, a verificação inicialmente
se dá no primeiro nível de tratamento, pelas O método de geração da carta geomorfo-
formas visíveis a olho nu deixadas por pro- lógica aplicada ao entendimento da morfogê-
cessos, expressão de um processo ou de um nese do Mestre Álvaro foi alcançado no de-
conjunto deles. É, ainda, no primeiro nível que correr da pesquisa e é reflexo das próprias
os processos hidrodinâmicos de superfície são características peculiares percebidas no rele-
inicialmente identificados. Em geral, os pro- vo, apresentando alinhamento principal SE-
cessos são inferidos a partir do reconhecimen- NO, amplitude topográfica de 833 metros e
to da estrutura dos materiais, das análises isolamento geomorfológico relativo, o que fez
laboratoriais e/ou de experimentação de pensar em um modelo capaz de expressar es-
campo. Podendo-se agir “globalmente”, ci- sas condições.
tam-se os climáticos, pedogenéticos, hidrodi- Sob essa condição espacial, o gradiente
nâmicos, biogênicos, antrópicos. pluviométrico esperado atinge a superfície das
O objetivo de conhecer a morfogênese de vertentes em concentrações desiguais nas di-
um determinado sistema geomórfico leva ao ferentes faces de orientação do relevo, o que
entendimento das distribuições espaciais dos possibilita influência na dinâmica de evolu-
parâmetros geométricos (formas, dimensões, ção de processos geomórficos (GIMENES,
organizações laterais), referenciais (escalas 2000). Essa é a premissa em outros trabalhos
espaciais de representação, escalas tempo- que tratam das influências condicionantes de
rais, 1 ordem, posição, orientação), estatísti- alguns fatores geomorfológicos (GIMENES
cos (texturas, intensidades, freqüências) e fí- e GOULART, 2001). Desse modo, o modelo
sicos (resistência, estabilidade, consistência) de cartografação em escala média e grande
da forma, dos materiais e/ou dos processos, pensado sob condições específicas desse sis-
ao passo que, por meio das correlações e sín- tema geomórfico é apresentado no mapa da
teses produzidas, se identifica o estado funci- “morfologia de relevo, dos materiais superfi-
onal do sistema (equilibrado/desequilibrado), ciais e processos atuais” sintetizados em con-
percebido em suas expressões temporais e juntos aqui representados pelos setores
espaciais. Nesse sentido, a busca de relíquias topomorfológicos.
em zonas limítrofes espaciais que mostrem a Pelas questões colocadas, procurou-se pro-
passagem de um comportamento a outro é, duzir um mapeamento em níveis de
portanto, problema de investigação da detalhamento de modo que fossem identifi-
morfogênese. Por isso, a demonstração cados arranjos expostos em algumas escalas
cartográfica deve concentrar a atenção nos de tratamento: representando direções e níveis
contatos, na modelagem entre sistemas topomorfológicos, a carta dos setores (Figura
geomórficos e subsistemas em seu interior. 2); sintetizando os níveis de interpretação do
A cartografação geomorfológica, um dos relevo, a carta da morfologia do relevo, dos
meios de registro documental da morfogênese, materiais e dos processos atuais. A constru-
procura expressar os elementos morfogenéti- ção de um quadro ressalta a importância da
cos internos e os elementos morfogenéticos discussão sobre as escalas de trabalho, ao de-
superficiais-subsuperficiais externos, enquan- monstrar os elementos de interesse geomor-
to os aspectos sintéticos morfocronológicos fológico em escalas diferenciadas da interpre-
1. A idade da forma, nesse
podem ser salientados pela análise compara- tação do sistema (Quadro 1). sentido, corresponderia a
tiva. O Quadro 2, a seguir, mostra as correla- um dos parâmetros, de
dimensão física ou
ções das informações morfológicas, morfomé- cronológica, dependente
da escala espacial
tricas e morfogenéticas produzidas. considerada.

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Quadro 1
Elementos de interesse geomorfológicos em escalas diferenciadas da interpretação do sistema geomórfico Mestre Álvaro
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CARTA GEOMORFOLÓGICA EMORFOGÊNESE DO MESTRE ÁLVARO

Figura 2
Carta de setores topomorfológicos do Mestre Álvaro

8
8

5b 8

4b
8

5a
6b 4a

6a
8 6c 1
3a
8

8
3b
2a
8
8 2b

8 7 8
8

Setores topomorfológicos Mestre Álvaro: 1; 2a; 2b; 3 a; 3b; 4a 4b; 5a; 5b; 6a; 6b; 6c.
Setores Topomorfológicos adjacentes: 7; 8.

Fotografia aérea: Força Aérea Brasileira (FAB, 1976), escala: 1:60000.


Base cartográfica: Carta do Brasil, escala: 1:50000, Folha SF-24-V-B-I-1,
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1978.

Na construção dos mapas, técnicas de fo- 6a; 6b; 6c). Seguiu-se a essa etapa a aplica-
tointerpretação, além de controle de campo, ção de uma simbologia simplificada, composta
foram aplicadas. Com base nelas, foram por números e letras, objetivando dotar as
adotados os critérios de delimitação topográ- manchas mapeadas da idéia de orientações e
fico e morfológico de relevo, e definidos en- seqüências topomorfológicas.
tão os compartimentos inseridos no interior A incorporação dos compartimentos geo-
da unidade de análise Mestre Álvaro, em que morfológicos adjacentes (7 e 8, corresponden-
as diferenças altimétricas foram ressaltadas em tes a colinas e planície) revela os contatos
doze setores (1; 2a; 2b; 3a; 3b; 4a; 4b; 5a; 5b; geomorfológicos e, em particular, associada
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ANA CHRISTINA WIGNERON GIMENES

à planície, mostra a influência do Mestre Ál- superficiais – domínios de dispersão, transi-


varo na manutenção de alguns ambientes de ção e concentração).
acumulação, pela presença de sedimentos pro- Processos morfogenéticos acumulativo-
venientes de ação gravitacional e de redução relativos foram incluídos na classificação,
de energia. Os limites da planície fluvial (com- devido à aparência gerada. A morfologia de
partimento 8) são parcialmente demarcados, relevo em tor (torre), cuja estrutura rochosa
na medida em que se estendem a locais sujei- diaclasada favoreceu a separação, a
tos a menores interferências diretas desse re- morfologia e a estrutura de amontoamento dos
levo. blocos, não se tratando de feições oriundas de
A carta geomorfológica em escala 1: deposição, mas de material residual, é um dos
25.000, construída a partir de fotointerpreta- casos indicados que surgem nos topos; outros
ção e controle de campo, é dotada de conteú- são os blocos residuais nas vertentes e fundos
dos integrados e sobrepostos, referentes à for- de vale. Os murundus, construção de origem
ma, aos materiais e aos processos, sendo um biológica, dizem respeito a materiais de acu-
desses últimos os fluxos hídricos superficiais mulação relativa.
representados na legenda da carta, resultante Para exemplificar a utilização dos elemen-
da adoção parcial do modelo de feições míni- tos morfogenéticos como base da interpreta-
mas (COLANGELO, 1989), o qual propõe flu- ção do relevo, é extraída uma parcela da Car-
xos superficiais divididos em três domínios – ta da Morfologia de Relevo, Materiais Super-
dispersão, transição e concentração – subdi- ficiais e Processos Atuais (Figura 3) e de seu
vididos em nove fluxos correspondentes aos quadro de correlações (Quadro 2) e são res-
tipos de formas de vertente, essas resultantes saltados aspectos de uma das seqüências
da combinação de sua geometria em planta e topomorfológicas (1-2a-2b).
em perfil. A delimitação dos domínios é aquela
dos elementos de forma, os quais se associam CONCLUSÃO
a um conjunto de tipos de vertentes, respecti-
vamente, convexizados, retilinizados e Como um dos resultados desta pesquisa,
concavizados. foi constatado que a metodologia de mapea-
Os elementos do mapeamento obedecem mento geomorfológico empregada pode ser
a uma classificação: morfologia de relevo adotada na identificação de elementos
(elementos de forma convexizados, morfogenéticos internos e externos em rele-
retilinizados e concavizados); materiais su- vos que possuem essa mesma configuração e,
perficiais rochosos (rochas) e materiais su- ainda, como critério de seleção de amostras.
perficiais inconsolidados (elúvios, colúvios, Diante dessas constatações, uma recomenda-
colúvios-alúvios, alúvios); processos erosivos ção é fruto da conclusão deste trabalho: a de-
e de movimentos de massa (lineares – super- finição do método de mapeamento geomor-
fícies de escoamento superficial concentrado, fológico deve ser adequada aos objetivos que
erosão em ravina; areolares – movimento de se pretende alcançar e às condições peculia-
massa do tipo creep; pontuais – superfícies res de cada relevo.
de ruptura de movimentos de massa dos tipos O modelo morfogenético percebido para
escorregamentos planar e conchoidal e queda o relevo Mestre Álvaro e apresentado tanto na
de bloco), processos acumulativos (feições Carta de Setores Topomorfológicos (Figura
de processos acumulativos: depósitos; planí- 2) quanto na Carta da Morfologia de Rele-
cies aluvionares; leques aluviais), processos vo, Materiais Superficiais e Processos Atu-
de alteração química (processos químicos ais (ver fragmento da carta na Figura 3-3b) é
associados à gênese de depressões em topo) e indicado de modo textual como resultado, a
processos hidrodinâmicos (fluxos hídricos seguir.
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CARTA GEOMORFOLÓGICA EMORFOGÊNESE DO MESTRE ÁLVARO

Figura 3
Seqüência dos setores topomorfológicos 1, 2a e 2b da face sul do
compartimento geomorfológico Mestre Álvaro

Figura 3a – Vertentes estruturais dos Setores 1, 2a e 2b representadas por setas e


reconstituição aproximada da estrutura original, por linhas tracejadas pontilhadas

Figura 3b – trecho da Carta da Morfologia de Relevo, Materiais Superficiais e


Processos Atuais dos Setores 1, 2a e 2b, representação dos elementos e aspectos do
mapeamento geomorfológico e do modelo constatado

limites de setores
topomorfológicos

N escorregamento planar

curso d’água

linha de crista

ruptura de forma

blocos
vertentes retilinizadas

elúvio

material superficial
rochoso

colúvio

colúvio- creep
vertentes vertentes concavizadas
alúvio planície aluvionar
convexizadas
Limite do compartimento Mestre Álvaro e
compartimento geomorfológico de planície 8

GEOGRAFARES, Vitória, no 3, jun. 2002 49


ANA CHRISTINA WIGNERON GIMENES

Figura 3c – Localização da figura 3b no mapa de Setores Topomorfológicos do


compartimento geomorfológico Mestre Álvaro.

8
8

5b 8

4b
8

5a
6b 4a

6a
8 6c 1
3a
8

8
3b
2a
8
8 2b

8 7 8
8

Exibindo formato semicircular e lineamen- original gnáissica na borda do Mestre Álvaro;


to direção noroeste-sudeste, iniciado nesse tre- morfografia de “caos de blocos” de granitos e
cho da zona litorânea, o isolamento deve-se gnaisses e tors compostos de blocos graníticos,
tanto à natureza das rochas quanto às estrutu- condicionados por diaclasamento da rocha e
ras tectônicas das áreas adjacentes (comparti- fraturamento, formando blocos residuais so-
mento 8). bre a superfície. As vertentes convexizadas
São evidenciadas as influências da estru- estruturais e as vertentes retilíneas opostas
tura tectônica e litológica sobre o relevo, no mostram-se condicionadas pela foliação, en-
qual surgem feições lineares positivas e ne- quanto talvegues pouco pronunciados são con-
gativas, manifestadas, no primeiro caso, por dicionados por zonas de cisalhamento na ro-
linhas de cristas, e, no segundo, por talvegues cha, formando planos preferenciais de escoa-
e vales retilíneos. mento da água durante os períodos chuvosos.
Foliação, zonas de cisalhamento, planos de Cursos d’água intermitentes, na sua maioria,
diáclases e fraturamento, verificados em estão associados a sulcos estruturais e a
campo, correspondem a zonas de fraqueza, que diáclases ou à foliação das rochas; um curso
condicionam a passagem da água e a alteração d’água retilíneo encontra-se associado à pre-
dos materiais rochosos, assim interpretados: sença de intrusão na forma de dique de diabásio
profundidades elevadas da alterita em litologia com fraturas ortogonais, encaixado em core
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GEOGRAFARES, Vitória, no 3, jun. 2002

Quadro 2
Correlações da morfologia, morfometria e morfogênese da seqüência
dos setores topomorfológicos 1 - 2a e dos compartimentos adjacentes 7 e 8

MORFOLOGIA MORFOMETRIA

Topo Vertente Vale Altitude (m) Clinometria (%)

1 Corresponde ao topo da unidade Mestre Álvaro, Retilíneas paralelas separadas por linha de Estreitos. Ausência de 833-500 Predomínio do intervalo > 47
alongado no sentido SO-NE. Cristas aguçadas crista, vertente lateral e vale. Orientadas para depósitos.
longas e curtas paralelas subniveladas ao norte, OSO, apresentam maiores inclinações;
ultrapassando os limites desse setor. Cristas orientadas para ENE, inclinações menores.
curtas, formando colos estreitos, alguns Convexas sem descontinuidades. Vertentes
ligeiramente achatados, outros aguçados. concavizadas de cabeceira de drenagem.
Presença de ressaltos topográficos a montante Predomínio de vertentes rochosas.
de linhas de crista. Associação de topos
convexizados aguçados estreitos, pequenos
subnivelados. Predomínio de elementos de
superfícies rochosas.
2a Cristas aguçadas longas subparalelas. Cristas Retilíneas paralelas, apresentam comprimento Estreitos. 500-280 Predomínio do intervalo > 47
curtas e convexizadas subparalelas. Topos maior aquelas orientadas para E, na porção
convexos desnivelados alinhados no sentido oeste e central do setor; a E do setor, possuem
SE-NO. Cristas rochosas e não rochosas. comprimentos similares. Concavidade
subparalela às cristas avança sobre esse setor.

CARTA GEOMORFOLÓGICA EMORFOGÊNESE DO MESTRE ÁLVARO


Presença de vertentes convexas sem
descontinuidades. Presença de caos de blocos.
Predomínio de vertentes de solo.
2b Cristas aguçadas curtas subparalelas, em meio Retilíneas subparalelas, apresentam Estreitos, com raros 280-20 Predomínio do intervalo entre
a elementos de forma retilinizados. Cristas comprimento maior aquelas orientadas para E e alargamentos na base. 30 e 47
convexizadas curtas subparalelas, ligadas a SO, nas porções oeste e central do setor; na Leitos rochosos
colinas de topos, pequenos, relativamente porção E, possuem comprimentos similares. compostos por blocos
maiores do que os demais da unidade, na base Convexidades de maior expressão em área, irregulares e de
do setor. Cristas convexizadas em continuidade separadas por ruptura de forma ou por ruptura de dimensões variadas.
à crista aguçada longa do setor a montante. declive, estreitando-se na base do setor,
Cristas convexizadas e frentes de interflúvio se alongadas e subparalelas. Concavidades
estendem até a base do setor e se subdividem alongadas subparalelas, dispostas principalmente
em seqüência. Cristas rochosas e não rochosas. na base; estende-se a montante do setor.
Topo rochoso muito pequeno, alongado no Concavidades apresentando direções variadas
sentido SE-NO, inserido no compartimento nas colinas. Presença de caos de blocos.
geomorfológico adjacente. Predomínio de vertentes de solo.
Colina alongada no sentido SE-NO. Topo Convexidades e concavidades multidirecionais, Estreitos. Presença de 47-10 Predomínio do intervalo entre
7 convexizado. Interflúvios estendem-se até a formando festonamento na base. vale largo e alongado em 12 e 30
base. Ruptura de forma e de declive abrupta formação de planície
com o compartimento 8. alveolar. Presença de vale
estreito e alongado. Todos
as formas, sem
alargamentos na base.

- - Planícies: fluvial, < 10 Predomínio do intervalo < 5


8 correspondente à planície
de inundação (largas e
alongadas, estreitando-se
a leste e larga a oeste do
51

contato de relevo); leques


aluviais e leques aluviais
coalescentes; coluviona-
res-aluvionares.
Fonte: Carta da morfologia de relevo, materiais superficiais e processos atuais – Mestre Álvaro
52

ANA CHRISTINA WIGNERON GIMENES


Quadro 2 (cont.)
Correlações da morfologia, morfometria e morfogênese da seqüência
dos setores topomorfológicos 1 - 2a e dos compartimentos adjacentes 7 e 8
MORFOGÊNESE
Material Estágio de
Superficial Desenvolvi- Fluxo Cobertura vegetal/
Litologia/Estrutura Tectônica Processo Erosivo
Inconsolidad mento do Solo Hídrico uso do solo
o
Granitos finos, mesocráticos, Elúvios. 1º. Predomínio Queda de blocos em vertentes convexas rochosas Predomínio de vegetação rupestre,
apresentando diáclases ortogonais do domínio em ruptura de declive e em concavidades na especialmente em planos de
e foliação. Sulcos estruturais de cabeceira de drenagem. Presença de ravinas fraqueza da rocha. Ocorrência de
subparalelos. dispersão situadas em trilhas, condicionadas pelo escoamento vegetação arbustiva, e gramíneas.
superficial concentrado em solos rasos. Presença de trilhas.
Granitos finos, mesocráticos, Elúvios 1º. Predomínio Queda de blocos em vertente rochosa, condicionada Predomínio de cobertura vegetal
apresentando diáclases ortogonais 2º. do domínio pela ação da gravidade, cuja superfície de ruptura arbórea nas vertentes de solo.
e foliação. Sulcos estruturais de coincide com foliação e diáclase da rocha; Ocorrência de vegetação rupestre
subparalelos. transição superfícies de rupturas verticais e subparalelas e nas vertentes rochosas.
superfícies de ruptura horizontais. Na porção oeste Gramíneas de pastagem na
do setor, presença de duas superfícies de ruptura porção oeste do setor.
de queda de blocos verticais, subparalelas entre si e
no mesmo sentido, coincidentes com duas foliações
da rocha. Presença de caos de blocos constituídos
por blocos rochosos in situ e/ou por depósitos,
resultantes, respectivamente, por dinâmica
processual acumulativa relativa e por dinâmica
pontual de movimento de massa; subangulares e de
dimensões variadas, mantêm arestas
correspondentes à estrutura rochosa.
Granitos finos, mesocráticos, Elúvios. 1º. Predomínio Queda de blocos em vertente rochosa, condicionada Gramíneas de pastagem.
apresentando diáclases ortogonais Colúvios de 2º. do domínio pela ação da gravidade, cuja superfície de ruptura Vegetação arbórea. Ocorrência de
e foliação. Gnaisses mesocráticos vertente 3º. de coincide com foliação e diáclase da rocha. Cortes vegetação rupestre. Presença de
na borda da unidade. Sulcos transição em vertentes de solo por abertura de estrada e mineração.
estruturais subparalelos. Presença áreas de empréstimo. Ravinas situadas em estrada,
de fraturamento. Blocos de condicionadas pelo escoamento superficial
GEOGRAFARES, Vitória, no 3, jun. 2002

diabásio presentes em leito fluvial, concentrado em solos profundos. Corte em


irregulares e de dimensões vertentes rochosas por atividade de mineração.
variadas. Presença de caos de blocos constituídos por blocos
rochosos in situ e/ou por depósitos, resultantes,
respectivamente, por dinâmica processual
acumulativa relativa e por dinâmica pontual de
movimento de massa; subangulares e de dimensões
variadas, mantêm arestas correspondentes à
estrutura rochosa.
Arenitos finos e siltitos. Elúvios. 1º. Predomínio Cortes em vertentes de solo por abertura de estrada Predomínio de gramíneas.
O alongamento da colina ocorre no Colúvios de 2º. do domínio ou por construção civil e terraplanagem.
mesmo sentido da orientação do vertente. 3º. de
Mestre Álvaro, condicionado pelas Colúvios de dispersão
estruturas tectônicas laterais talvegue.
presentes na planície do Alúvios
compartimento 8.
Predomínio de lamitos arenosos e Alúvios. 3º. Predomínio Abertura e retilinização de canais por atividade Predomínio de gramíneas de
turfosos, associados a depósitos Colúvios- de agrícola. pastagem.
psamíticos localizados na posição alúvios inundações
marginal do vale. periódicas
CARTA GEOMORFOLÓGICA EMORFOGÊNESE DO MESTRE ÁLVARO

central composto de granito porfirítico. Foram cessos espacializados, levam-nos a pensar em


identificadas evidências de ocorrência de mo- etapas de desenvolvimento do relevo, seqüen-
vimentos de massa do tipo queda de bloco em ciais e não lineares, de maneira que um deter-
vertentes rochosas, freqüentemente associados minado setor topomorfológico, em uma etapa
à foliação rochosa. A ocorrência de seqüência antecedente, poderá não alcançar um outro
de depressões alinhadas no fundo de depres- subseqüente, senão sob condições de combi-
são de topo está relacionada ao lineamento nação de variáveis favoráveis para tal. Podem
N270 secundário. ser encontradas, ainda, evidências de uma ou
O relevo, a exemplo de Château d’eau, mais etapas, de maior ou menor diversifica-
induz fluxo hídrico dispersor importante no ção, em um mesmo setor.
fornecimento de água às áreas contíguas, em Tais evidências, encontradas em cada um
todas as direções, e no armazenamento veri- dos setores topomorfológicos Mestre Álvaro,
ficado, principalmente nas estruturas diacla- indicam a existência de cinco etapas, sugeridas
sadas e fraturadas das rochas, importante na a partir dos posicionamentos tomados pelos
manutenção das áreas úmidas adjacentes. sistemas mapeados, observados de modo in-
As sobreposições sugerem grau de depen- tegrado. Essas etapas representam marcas da
dência acentuado, em que a maior rugosidade estrutura tectônica original transformada por
do relevo e a maior concentração de blocos processos externos.
em superfície se devem, inicialmente, à maior As evidências encontradas definem as eta-
intensidade de lineamentos secundários veri- pas de desenvolvimento do relevo identifica-
ficados, que correspondem a vetores de trans- das:
formação do relevo, constatados nos setores Etapa I: ressaltos posicionados acima de li-
da base do compartimento geomorfológico nha de crista; seqüências subparalelas de li-
Mestre Álvaro, a norte, nordeste e leste, 3b, nhas de cristas aguçadas; topos pequenos e
4b e 3b, igualmente, onde há maior ocorrên- associados.
cia de movimentos de massa em materiais tan- Etapa II: cristas curtas unidas a outras lon-
to rochosos quanto inconsolidados. Nestes gas; cristas curtas separadas, em meio a ele-
últimos, fazem aflorar na paisagem estruturas mentos de forma retilinizados.
litológicas anteriormente sob a cobertura Etapa III: morfologias residuais, tors e caos
pedológica. de blocos, encontrados em topos e linhas
A presença de vertentes estruturais e ver- de cristas; alinhamento de topos rochosos e
tentes opostas subparalelas, suas orientações não rochosos dispostos entre setores; linhas
contrárias nas duas faces principais do relevo de cristas convexizadas curtas; alargamen-
(SO e NE) e comprimentos que também apre- to das convexidades na base; avanço de con-
sentam comportamentos contrários nessas cavidades em elementos de forma convexi-
duas faces demonstram uma estrutura de re- zada.
levo de macrofoliação de stock transformado Etapa IV: festonamentos na base, representan-
por processos tectônicos evidentes (de prová- do relevos alargados, unidos por linhas de cris-
vel idade mesozóica), por presença de sulcos tas curtas, quase totalmente separadas da uni-
estruturais, fraturas, diques, bem como de blo- dade Mestre Álvaro; festonamento na base,
cos de rocha básica em superfície e no interi- representando convexidades mais arrasadas,
or da cobertura pedológica, os quais indicam ou menos, muito pequenas, se comparadas às
perturbação por atividade tectônica e por pro- outras convexidades da borda; convexidades
cessos externos erosivos/movimentos de mas- em meio a concavidades.
sa e os de transformação dos solos. Etapa V: morfologias de relevo separadas da
Algumas evidências, compreendidas pela unidade, apresentando orientações correspon-
síntese da morfologia, dos materiais e dos pro- dentes àquelas observadas na borda.
GEOGRAFARES, Vitória, no 3, jun. 2002 53
ANA CHRISTINA WIGNERON GIMENES

São elas, as concavidades, que promovem favorecimento de fluxos hídricos subsuperfi-


a separação, remontante e lateralmente, dos ciais contrários.
elementos de forma convexizada alargados da Das características espaciais apresentadas
base da unidade. Algumas hipóteses são aven- nas etapas de desenvolvimento do solo e nas
tadas a respeito do avanço das concavidades etapas de desenvolvimento do relevo (Qua-
sobre as convexidades, e não sobre os elemen- dro 3), foi verificado que houve correspon-
tos de forma retilinizados. Dizem respeito à dência entre elas, na medida em que, em cada
dinâmica interna dos materiais, avanço somen- setor topomorfológico, coincidem etapas mais
te possível em sistemas geomórficos de e menos diferenciadas de solo e de relevo.

Quadro 3
Correlação entre etapas de desenvolvimento do relevo e etapas de
desenvolvimento do solo
ST 1º. 2a 2b 3a 3b 4a 4b 5a 5b 6a 6b 6c
EDR I II III; IV; II III; IV; II III; IV; II; III; II; III; II; III; III; IV; III; IV;
V V V IV IV; V IV V V
EDS 1º. 1º.; 2º. 1º.; 1º.;2º. 1º.; 1º.; 2º. 1º.; 1º.; 1º.; 1º.; 1º.; 1º.;
2º.; 3º. 2º.; 3º. 2º.; 3º. 2º.; 3º. 2º.; 3º. 2º.; 3º. 2º.; 3º. 2º.; 3º.

ST = Setor topomorfológico; EDR = Estágio de desenvolvimento do relevo; EDS = Estágio de desenvolvi-


mento do solo. Primeiro estágio (volumes-O/C/R; O/A/C/R ou A/C/R); segundo estágio (volumes-A/S/C/R);
terceiro estágio (volumes-O/A/E/Bt/S/C/R).

REFERÊNCIAS

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RECLUS, E. Nouvelle géographie universelle: la Terre et les hommes. Amérique du Sud,
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54 GEOGRAFARES, Vitória, no 3, jun. 2002
CARTA GEOMORFOLÓGICA EMORFOGÊNESE DO MESTRE ÁLVARO

RODRIGUES, C. Geomorfologia aplicada: avaliação de experiências e de instrumentos de


planejamento físico-territorial e ambiental brasileiros. 1997. 279 f. Tese. (Doutorado em
Geografia Física) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 1997.

RESUMO ABSTRACT
Relativamente à definição de sistema geomórfico, Relatively to the definition of geomorphic system,
fundamentada na proposição conceitual de Ab’Saber founded on Ab’Saber (1969) conceptual propositi-
(1969), é ele composto pela morfologia do relevo, on, it is composed by the landform morphology,
estrutura e processos, concebido como uma unidade structures and process, conceived as a dynamic and
dialética dinâmica e descontínua. Aplicados os prin- discontinuous dialectics unit. Applied the principles
cípios do método de abordagem sistêmica, ênfase é of the method of systemic approach, emphasis is gi-
dada à investigação do sistema geomórfico nos li- ven to the investigation of the geomorphic system
mites de um compartimento geomorfológico mon- within the limits of a mountainous coastal geomor-
tanhoso costeiro de formato semicircular em planta, phic compartment, of semicircular format in plant,
Mestre Álvaro (Serra, ES, Brasil), onde a morfologia Mestre Álvaro (Serra, ES, Brazil), where the lan-
do relevo, os materiais superficiais rochosos e os dform morphology, the rocky and unconsolidated
inconsolidados (elúvios, colúvios, alúvios) bem surface materials (elluvium, colluvium, alluvium)
como os processos atuais são considerados. O obje- and current processes are considered. The objective
tivo é reconhecer o arranjo espacial desse sistema is to recognize the space arrangement of that geo-
geomórfico, a começar pela identificação das for- morphic system, to begin with the identification of
mas e, averiguada sua distribuição, inferir sobre seu the form. And, verified its distribution, infer on its
desenvolvimento. As diferenças demonstradas pela development. The differences shown by the landform
morfologia de relevo em diferentes setores morphology in different topomorphological sections
topomorfológicos e faces de orientação são and orientation faces are investigated and from them
investigadas, resultando delas um mapeamento sin- a synthetic and normative mapping of geomorphic
tético e normativo de conteúdo geomorfológico. Os content is result. The geomorphic processes show a
processos geomórficos apresentam uma nítida clear relationship among their dispositions and the
relação entre suas disposições e os condicionantes lito-structural, morphologic, biological, pedologic
lito-estruturais, morfológicos, biológicos, pedológi- and antropic conditionings that determine them.
cos e antrópicos que os determinam. Além disso, a Besides that, the space expression of the hydric flu-
expressão espacial dos fluxos hídricos, o principal xes, which are the main erosive agent of the lan-
agente modelador das formas de relevo, é importan- dform morphology, is important for this considera-
te para essa consideração. As evidências nas tion. The evidences in the landform morphologies,
morfologias indicam a existência de etapas de de- indicate the existence of stages of the relief develo-
senvolvimento do relevo seqüenciais e não lineares. pment, which are sequential and no linear.

PALAVRAS-CHAVE KEYWORDS
Morfogênese; Geomorfologia estrutural; Mapeamen- Morphogenesis; Structural geomorphology;
to geomorfológico; Relação solo-relevo. Geomorphologic mapping; Relationship soil- relief.

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