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A tributação das operações realizadas por

meio eletrônico

Ivan Lira de Carvalho

Sumário
1. Introdução. 2. O comércio eletrônico como
objeto da tributação. 2.1. Princípios que devem
orientar a tributação das operações realizadas
via Internet. 2.2. O conceito de comércio ele-
trônico. 2.3. A expansão do comércio eletrôni-
co e o seu posicionamento no contexto econô-
mico no Brasil e no Mundo. 2.4. De como reage
a tributação, diante do comércio eletrônico. 3.
Provedor: insumo imprescindível para os ne-
gócios do mundo web e as perspectivas da tri-
butação sobre ele incidente. Natureza jurídica
do serviço prestado, para fins de tributação. 4.
Imunidade ou isenção tributária em relação às
operações virtuais. 5. Conclusões.

1. Introdução
A divisão da linha da história da huma-
nidade em idades (idade antiga, idade mé-
dia, idade moderna e idade contemporânea)
decerto terá que ser alterada, com o acrésci-
mo de uma nova faixa, correspondente à in-
serção da Internet nas relações sociais e ins-
titucionais das pessoas, notadamente com
o boom dessa via de comunicação, operada
nos últimos cinco anos do século vinte. Con-
ceitos e condutas foram revistos, valores fo-
ram totalmente reformulados, numa autên-
tica revisão radical em costumes e práticas,
inclusive no campo dos negócios.
Assim, pode ser dito que a Internet colo-
Ivan Lira de Carvalho é Juiz Federal. Pro- cou de bruços, também, conceitos e práticas
fessor da UFRN. Doutorando em Direito jurídicas, inclusive os pertinentes ao Direi-
(UFPE). to Tributário. Sim, pois em razão da difu-
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são, em escala crescente, do comércio eletrô- 2. O comércio eletrônico como
nico (popularizado pelo anglicismo e-com- objeto da tributação
merce) e da prestação de serviços on-line,
adveio uma pletora de questionamentos acer- 2.1. Princípios que devem orientar a tributação
ca da possibilidade (ou não) de o Estado das operações realizadas via Internet
tributar ditas atividades. E é justamente so-
bre alguns desses problemas que tratará o Qualquer ramo do conhecimento cientí-
presente ensaio. fico, para garantir respeito e utilidade às
É de ser considerado, sob a lente dessa suas proposições, necessita ostentar uma ra-
revolução, um ponto deveras sensível do sis- zoável coleção de princípios, base sobre a
tema estatal, que é o chamado poder tribu- qual são desenvolvidas todas as atividades
tário, cuja noção apresenta um profundo teor de cunho investigativo do específico seg-
das manifestações próprias da soberania do mento. Acerca da força dos princípios, diz
Estado. E não se fala aqui de qualquer ma- Ronaldo POLETTI (1996, p. 285) que esses
nifestação, mas de uma das suas mais pre- são “certos enunciados lógicos admitidos
claras e necessárias, pois é certo que o Es- como condição ou base de validade das de-
tado moderno (isto é, o Estado capitalis- mais asserções que compõem dado campo
ta) deposita nesse poder sua principal do saber”.
fonte de manutenção, para a sua organi- Pois no ainda incipiente campo da tri-
zação e exercício das atividades públicas butação do comércio eletrônico, apresenta-
irrenunciáveis, resolvendo e executando se um rol de princípios, os quais sem dúvi-
funções e serviços de ordem e de extensão da hão que ser somados aos princípios ge-
várias. rais do Direito e mais especificamente aos
Esse poder tributário se encontra tradi- princípios do Direito Tributário, visando dar
cionalmente ligado à noção de jurisdição e crédito e utilidade aos fins propostos por
por sua vez esta última tem permanecido essa atividade arrecadadora estatal.
vinculada, também por tradição, à noção de A sedimentação de uma razoável carta
território nacional. Entretanto, o comércio de princípios norteadores da tributação ora
eletrônico, como tudo que transcorre via In- em estudo tem sido preocupação de entes
ternet, não tem necessária amarração a um estatais e de entidades não-governamentais,
território determinado, nem dá demasia- a exemplo do Center for Strategic & Internati-
da atenção aos limites políticos e geográ- onal Studies (CSIS), tradicional instituição
ficos demarcadores das fronteiras nacio- pública norte-americana, dedicada à pesqui-
nais. sa e à análise do impacto da tecnologia da
Assim, da mesma forma que a atividade informação na sociedade e na estrutura do
empresarial foi levada a adotar posturas e Estado, que no contexto do seu projeto Glo-
conceitos diferentes nos seus ofícios, a par- bal Information Infrastructure Comisson (GIIC)
tir da implementação do e-commerce, também publicou importante documento, sob o títu-
o Estado deve estar alerta para as novas for- lo E-commerce taxation principles: a GIIC pers-
mas de exercício da sua potestade tribu- pective, analisando os postulados a seguir
tária, sob pena de vê-la minguar sensivel- destacados.
mente. O primeiro deles, nominado nos circui-
É, pois, um dos mais destacados objetos tos acadêmicos como princípio da neutrali-
deste estudo, a tentativa de levantar alguns dade, indica que deve o Estado abster-se de
pontos acerca de como o Estado pode parti- criar novos impostos ou taxas exclusiva-
cipar dessa nova realidade, qual seja a das mente para o comércio eletrônico. Em com-
operações realizadas via Internet, potenci- plemento, entende o CSIS, por meio do GIIC,
almente geradoras de tributos. que a necessária e imprescindível tributa-

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ção incidente sobre operações empresariais e do avanço da tecnologia, cumprindo o pa-
realizadas com o intermédio da Internet não pel extrafiscal de fomentar novos negócios.
deve ter por base o número de bits transmi- Mais um princípio que se pode apontar
tidos ou descarregados (downloaded) (Cf. no seio da tributação dos negócios eletrôni-
UNCITRAL model law on eletronic commer- cos é o da autonomia relativa desses tratos
ce with guide to enactment 1996, 2002). empresariais ou envolventes de empresas e
Como uma espécie de sub-princípio ou consumidores. Com efeito, desde a consoli-
de postulado decorrente da neutralidade, dação da grande rede mundial de computa-
Francisco A. LAGUNA (2001, p. 40) desta- dores, situada cronologicamente no Brasil
ca a posição da Organização para a Coo- em meados dos anos noventa, têm-se mani-
peração e Desenvolvimento Econômico festado infrutíferas as tentativas de regula-
(OCDE), segundo a qual o comércio eletrô- mentação oficial e hermética das relações
nico não deve ser submetido a impostos sociais (aí incluídas as comerciais) trava-
adicionais discriminatórios ou não equita- das via Internet. Essa constatação de sau-
tivos, estabelecendo, assim, uma cláusula dável ultima ratio do Estado não pode ser
impeditiva de bi-tributação. Ainda sobre a esquecida quando da análise da tributação
vedação de dupla tributação, é posição as- das operações realizadas por esse avança-
sumida pelo CSIS, no GIIC, de que esta deve do meio da tecnologia da informação. As-
ser evitada, sob pena de se inibir o desen- sim, é recomendável que os governos res-
volvimento do comércio eletrônico, deven- peitem a liberdade das empresas, dos usuá-
do ser eliminados os riscos de que o usuário rios e dos fornecedores, para que estes dis-
da Internet seja alvo de múltipla taxação, o cutam e regulem questões como segurança,
que poderá ser feito se forem adotadas defi- privacidade, interoperabilidade e verifica-
nições, conceitos e termos consistentes. ção e autenticação das transações via Inter-
Outro princípio é o da eficiência, segun- net, somente intervindo em casos extremos,
do o qual os custos administrativos para a a exemplo da tipificação criminal de con-
imposição, a fiscalização e a arrecadação dutas absolutamente intoleráveis, inclusi-
dos tributos incidentes sobre as operações ve no meio administrativo e tributário. É
on-line devem ser pautados no mais baixo oportuna a advertência que não está sendo
nível possível, de sorte a não implicar uma aqui feita uma apologia ao lassez-faire ou ao
desnecessária elevação dos custos para que absenteísmo desmesurado do Estado em
as empresas cumpram regularmente a legis- matéria de tributação. Estimula-se, é verda-
lação tributária pertinente. Nessa linha de de, a conjuminância dos primados da ne-
raciocínio, não devem os Estados lucubra- cessidade e da moderação.
rem engenhosos artifícios de ampliar os De acordo com o princípio da certeza, as
seus recursos por meio do filão comércio ele- regras tributárias incidentes sobre as ope-
trônico, restando indene à tentação de criar rações eletrônicas devem ser lavradas com
tributos específicos para o e-commerce. Se não o máximo de clareza, de sorte a permitir que
atentarem para essas linhas de conduta as pessoas (físicas ou coletivas) possam en-
política, os Estados poderão impor severos tender, sem desvios ou maiores dificulda-
reveses ao desenvolvimento empresarial tec- des, as obrigações às quais estão sujeitas,
nológico, afastando investidores e mutilan- cumprindo-as com um baixo (ou inexisten-
do, na gênese, um florescente caminho de te) índice de inadimplência. Esse princípio,
crescimento das atividades mercantis. decorrente próximo do princípio da legalida-
Na rota do princípio da eficiência está de tributária, tem gênese no Direito Penal,
também o da flexibilidade. Assim, é preciso onde é estudado sob o nome jurídico de prin-
que os regimes fiscais sejam maleáveis e cípio da lex certa ou princípio da determinação
abertos às evoluções das regras de mercado taxativa, que já constava do rol de cláusulas

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garantistas integrantes do opúsculo Dos de- fossem contemplados elementos das duas
litos e das penas, do Marquês de Beccaria1. afirmativas antes esboçadas? Parece que a
Rotulado pelo binômio eficácia e juste- última indagação encontra resposta positi-
za, tem-se o princípio segundo o qual o efe- va, máxime diante da constatação de que o
tivo empenho do Estado na cobrança de tri- universo negocial estudado labuta com ope-
butos deve ser voltado para a arrecadação rações comerciais que prescindem de indi-
de receitas necessárias e suficientes para o cativo seguro do local de origem e do desti-
custeio das atividades oficiais típicas, de- no final do trato e das suas conseqüências
vendo ser residual a missão sancionadora e jurídicas e materiais.
extrafiscal dos tributos, a exemplo de mul- Assim, pode ser arriscado um conceito
tas ou outras penalidades por descumpri- de comércio eletrônico como sendo o com-
mento das regras jurídicas pertinentes. plexo de transações comerciais e financei-
Também pode ser apontado como prin- ras levadas a efeito por intermédio do pro-
cípio reitor da tributação em análise o cha- cessamento e da transmissão de informa-
mado princípio geral da territorialidade, defi- ções, aí incluídos textos, sons e imagens,
nidor da competência de quem pode e deve sendo que essas informações podem consti-
cobrar o tributo, pois, segundo o GIIC (UN- tuir, por si somente, o objeto primacial da
CITRAL..., 2002), é ele eficaz, seguro, sim- transação ou apenas um acessório desta.
ples e neutro, devendo ser ressalvado, no Inserido no campo das relações sociais
entanto, que “é possível que o princípio da que são levadas a cabo através dos meios
tributação em razão do local de consumo informáticos, o comércio eletrônico ganhou
seja mais difícil de ser implementado que o a rotulação universal de e-commerce e pode
princípio da tributação na origem do forne- ser dividido, para fins operacionais ou di-
cimento do bem ou serviço”. dáticos, em:
Mesmo enfrentando discussão acerca a) ajustes celebrados entre empresas, em
dos conceitos escolhidos, o GIIC (UNCI- operações conhecidas pela sigla B2B (busi-
TRAL..., 2002) aponta como princípio ou ness-to-business), nos quais as empresas po-
critério inominado da tributação incidente dem atuar como usuárias, é dizer, como ven-
sobre operações on-line o de que o forneci- dedoras ou compradoras, ou como prove-
mento e o comércio de produtos em forma doras de meios ou de serviços de Internet
digital “como livros, software, imagem, para o comércio eletrônico, a exemplo das
música ou informação devem ser tratados empresas provedoras (America On Line,
como fornecimento de serviços, não como Terra etc.) ou das instituições financeiras;
fornecimento de produtos ou coisas tangí- b) vendas diretamente das empresas aos
veis.” consumidores, formando o B2C (business-
to-consumers), em operação na qual as em-
2.2. O conceito de comércio eletrônico presas vendem os seus bens ou serviços di-
Nesta quadra do trabalho, imperioso se retamente ao destinatário final, através de
faz um esboço do que pode ser considerado um site web.
comércio eletrônico, para encarte no tema Outra divisão possível trata o comércio
de tributação das operações on-line. Seria eletrônico como direto ou indireto, nos ter-
apenas uma operação de mercancia, estei- mos da opinião do professor italiano Cristi-
dada nas milenares regras de comércio, ape- ano GAMBARINI (2002), que pode assim
nas realizada através da moderna via da ser sintetizada:
Internet? Ou seria um novo paradigma ne- a) comércio direto – é aquele em que o
gocial, totalmente isolado das experiências pedido, o pagamento e o envio de bens in-
anteriores? Haveria, em vez do radicalismo tangíveis ou de serviços realiza-se integral-
dos extremos, uma posição terciária em que mente por meio da web, a exemplo do que

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ocorre com a venda dos softwares ou da pres- ria nos anos sessenta ou setenta do século
tação de consultoria; vinte, época em que uma cruzada de pieda-
b) comércio indireto – neste, apesar de de e de indignação universal encaminharia
os atos negociais serem celebrados com o o novo desempregado para as ligas de pro-
intermédio da Internet, a distribuição ou a testo ou para a miséria, muitas vezes tempe-
entrega dos bens ou serviços são ultimadas rada pelo alcoolismo ou pela criminalidade
por vias convencionais, a exemplo do meio patrimonial.
postal ou do transporte aéreo, ferroviário, A constatação de que muitos tipos de ne-
rodoviário, náutico etc. gócios firmados pela via eletrônica alimen-
Assim, tem-se um retrato da relativa com- tam a doutrina neoliberal pode ser medida
plexidade do tipo de comércio objeto desta com os números que organismos estatais ou
análise, que guarda forte identidade com as não-governamentais apresentam acerca do
formas tradicionais de mercancia, a exem- volume de transações levado a efeito por in-
plo das vendas telefônicas e daquelas reali- termédio do mencionado caminho. Só a tí-
zadas com a utilização de catálogos de pro- tulo de exemplo, são reproduzidos nesta
dutos e preços. quadra do ensaio informações divulgadas
no site da Receita Federal2, para onde são
2.3. A expansão do comércio eletrônico e o seu dirigidos os créditos e as responsabilidades
posicionamento no contexto econômico no pelos dados a seguir reproduzidos, regis-
Brasil e no Mundo trando-se, por ser de justiça, a advertência
A expansão dos negócios travados via ali contida, de que a dinâmica “e a crescen-
eletrônica é contemporânea da discutível te importância do comércio eletrônico é bem
globalização da economia. É possível que documentada na imprensa internacional. O
exista um forte elo entre esses dois fenôme- volume das operações, no entanto, carece
nos de mercancia e serviços, muito embora de uma estimação precisa e confiável”. Eis
não possa ser atribuída à Internet a exclusi- a síntese:
vidade dos efeitos deletérios da mundiali- • As previsões acerca do volume das ope-
zação da economia, posto que esta foi arca- rações do comércio eletrônico por ano vari-
bouçada por meio de um projeto político bem am de vinte a cento e cinqüenta por cento.
mais ambicioso, que tomou por base e por • A maioria das empresas que realizam
finalidade a elegia à livre iniciativa (a dou- pesquisas do tipo acima referidas tomam
trina neoliberal), coincidente com a derro- por base o tráfego na Internet e não as ven-
cada do poderio da extinta União das Re- das efetivamente efetuadas, sendo necessá-
públicas Socialistas Soviéticas, no limiar dos rio lembrar que a maioria dos acessos im-
anos noventa do século passado. Mas o ine- plica mera consulta e não negócios realmen-
gável é que os novos paradigmas de traba- te concretizados.
lho e de circulação de riquezas inseridos na • A empresa Boston Consulting Group es-
sociedade hodierna pela Internet constitu- tima em duzentos e quinze milhões de dóla-
em excelente cartão de visitas para a doutri- res o volume de negócios do tipo B2C (ven-
na do novo liberalismo. Assim, por exem- da ao consumidor) realizado na América
plo, quando um operário especializado é Latina em 2000. O Brasil é responsável por
despedido de uma indústria de mecânica oitenta por cento desse universo, num mon-
fina, posto que o seu lugar foi ocupado por tante de cento e setenta milhões de vendas
um robô, fica mais fácil para o setor de re- on-line, projetando-se um crescimento para
cursos humanos da fábrica animá-lo a esta- dois bilhões e seiscentos e quarenta milhões
belecer o seu próprio negócio solitário de para 2003.
terceirização de serviços, a partir de um mi- • Edge Group, firma de consultoria, dá
crocomputador doméstico, o que não ocor- conta que o comércio eletrônico teve fatura-

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mento de duzentos milhões de dólares no miles do ICM brasileiro), em razão da inér-
Brasil, no ano de 1999, e em três anos esse cia tributária ante o comércio eletrônico, pre-
movimento irá para a casa dos quatro bi- vendo ainda uma situação mais preocupan-
lhões de dólares. te pois, segundo a empresa de pesquisas
• A International Data Corporation, con- Forrester Research, as vendas on-line nos EUA
sultora norte-americana, avalia que o e-com- crescerão, até 2003, cerca de setenta por cen-
merce movimentou quatrocentos e quarenta to.
e nove milhões de dólares no Brasil durante Tem-se, pois, um inequívoco crescimen-
o ano 2000. to das operações eletrônicas no panorama
• Para a Fundação Getúlio Vargas, o co- econômico mundial, com inescondível pre-
mércio eletrônico envolveu, em 2000, no Bra- valência, atual, dos tratos entre empresas,
sil, 0,43% do mercado total B2B e 0,16% dos mas sem poder ser desconsiderada uma al-
negócios B2C, ficando patente que o maior vissareira ampliação do B2C advinda, prin-
potencial de crescimento do e-commerce está cipalmente, da ruptura de vários preconcei-
no segmento dos negócios interempresari- tos negociais ainda existentes em relação às
ais, já que as vendas empresa–consumidor compras virtuais, superação essa que pode
dificilmente ultrapassarão 10% do total das ser (e possivelmente será) conseguida com
vendas varejistas tradicionais. a consolidação de uma ética empresarial
• O site B2B Mercado Eletrônico, por seu forte para a área, em que a fidúcia e crescerá
diretor Márcio Mansur, afirma que o B2B como elemento preponderante. Paradoxal-
totalizou, no Brasil, três bilhões e trezentos mente, numa sociedade mesclada pelo “Ad-
milhões de dólares em 2000, sendo possível mirável mundo novo” idealizado por Al-
o seu crescimento para setenta e seis bilhões dous Huxley, a firmação dos cyber negócios
de dólares em 2004. terá como fortíssimo esteio insumos que fo-
• Nos Estados Unidos, as vendas B2C ram cruciais para os tratos fechados na base
foram estimadas por R. Josten, com relação do fio de bigode, prática bastante difundida
a 1998, em sete bilhões e oitocentos milhões no Brasil colonial e na Velha República: a
de dólares com previsão de cento e oito bi- palavra e a honradez.
lhões para 2003.
• O movimento do e-commerce no Mundo 2.4. De como reage a tributação, diante do
variou de cem bilhões a quinhentos bilhões comércio eletrônico
de dólares em 2000, segundo a Forrester Re- É inescondível a antipatia que a socie-
search, que prevê um movimento universal dade nutre sobre a imposição e a cobrança
entre um trilhão e quatrocentos milhões e de tributos. Tanto que historicamente a fi-
três trilhões e duzentos milhões de dólares, gura do agente arrecadador é repulsada por
para o ano de 2003. particulares ou empreendedores e a lei que
A disparidade dos números, em favor do institui tributos sempre é tida, pelo potenci-
B2B, pode ser explicada pela incerteza que al pagador, como uma norma de recusa so-
o consumidor final e singular ainda detém cial. Com efeito, por mais que o contribuinte
em relação aos negócios celebrados pela via acredite que o governante vai dar bom uso à
virtual. riqueza arrecadada, ainda paga o tributo sob
Austan GOOLSBEE (2002, p. 14), econo- protesto e deseja, sinceramente, ver a sua
mista e pesquisador da Universidade de quota de contribuição diminuída ou extin-
Chicago, dá conta que durante o ano de 1998 ta.
o governo dos Estados Unidos deixou de Assim, decorrência psicológica dessa
arrecadar quatrocentos e trinta milhões de aversão coletiva ao pagamento de tributos é
dólares em impostos, entre estes a maior que tanto o contribuinte direto com o substi-
parte correspondente a taxas estaduais (sí- tuto tributário criam os embaraços possíveis

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para que a máquina arrecadadora estatal ter original uma gama infinita de prestação
não funcione a contento. Mas, mesmo de- de serviços, que vão desde a publicidade vei-
baixo dessa aura de indesejabilidade, o con- culada nos seus portais (banners etc.) até a
tribuinte – digamos – real é compelido pela intermediação de negócios ou a realização
cogência das leis a dispor das informações de consultoria on-line, passando pela divul-
que lhe forem solicitadas pelos agentes da gação de músicas ou de outras mídias.
administração tributária. Mas, visto que as atividades desenvolvi-
Já diante da realidade do e-commerce, as das por um provedor não estão limitadas
dificuldades aumentam, especialmente no apenas a patrocinar a conexão de pessoas à
que diz respeito aos registros das operações, Internet, e tomando-se em conta a necessi-
que podem ser escamoteados por meio de dade de tributação de todos os meios de mo-
manobras tecnológicas. A fraude tem cam- vimentação de riquezas ou de serviços, qual
po fértil no mundo da informática, sendo seria a natureza jurídica da atuação dos
necessária a adoção de medidas de fiscali- provedores, para fins de exação? Para Gil-
zação mais compatíveis com as facilidades berto Luiz do AMARAL (2002) está lança-
do comércio on-line. da a dúvida, firmada entre os chamados
O baixo índice de intermediação varejis- serviços de qualquer natureza (prevendo
ta nas operações de e-commerce pode signifi- incidência de imposto sobre serviços – ISS)
car um entrave à fiscalização e à arrecada- e os serviços de comunicação (desafiando o
ção de tributos, tanto os incidentes sobre imposto sobre circulação de mercadorias e
vendas e serviços, como os de renda. serviços – ICMS), explicando que, apesar da
Deve ser lembrado que são os varejistas dissensão doutrinária existente,
os responsáveis pela retenção e pelo reco- “a corrente majoritária é de que se trata
lhimento de muitos dos impostos aqui refe- de serviços taxados pelo ISS, inclusive com
ridos (ISS, ICMS, IR etc.). E aí é que são pos- precedentes jurisprudenciais. Mas o proble-
tos os desafios ao Estado, para melhor apa- ma não se encerra aí, pois daí vem a questão
relhamento da sua máquina de tributação, do local da prestação do serviço (recente-
fiscalização e arrecadação. mente o STJ pacificou que o ISS é devido no
local da prestação do serviço, independen-
3. Provedor: insumo imprescindível temente do local do estabelecimento do pres-
para os negócios do mundo web e as tador)”.
Entretanto, o assunto não é tão singelo
perspectivas da tributação sobre ele
como aparenta ser, notadamente pela dis-
incidente. Natureza jurídica do serviço
tinção dos entes tributantes, ocupantes de
prestado, para fins de tributação faixas autônomas na organização do Esta-
O provedor de acesso é o instrumento do, é dizer, os Estados-membros e os Muni-
através do qual a clientela web ingressa no cípios. Mesmo que a análise tenha por pa-
mundo da Internet. Configura, em primeiro radigma um provedor de acesso que tenha
olhar, uma espécie de clube virtual, por meio nesse mister a sua única atividade (não ser-
do qual pessoas (físicas ou jurídicas) ideal- vindo de portal de propaganda ou de reali-
mente se reúnem, a partir daí ingressando zação de pesquisas etc.), as dificuldades não
no espaço etéreo da rede mundial de com- são apoucadas, como será visto a seguir.
putadores. Assim visto, pode ser considera- Do ponto de vista técnico, há o questio-
do um mero suporte técnico para permitir a namento acerca do fato de o provedor pres-
conexão entre os interessados, via Internet. tar um serviço de comunicação ou de prestar
Mas, a exemplo do que acontece com os clu- um mero serviço, em sentido estrito. E o es-
bes existentes no ambiente convencional, os clarecimento dessa dúvida é de fundamen-
provedores geralmente agregam ao seu mis- tal importância para a incidência da tribu-

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tação, já que a competência para instituir serviço (o de telecomunicações) que lhe dá
impostos sobre a comunicação é conferida suporte. Usuário que é, o provedor tem di-
aos Estados e ao Distrito Federal, conforme reitos e deveres próprios dessa classificação.
está lançado na Constituição Federal. Já a A inserção do provedor como usuário,
tributação incidente sobre a prestação de ser- por força de lei, tem o condão de excluí-lo
viços (sem a especialidade de comunicação, do rol dos prestadores de serviço de teleco-
como acima destacado) está englobada, tam- municação (diferentemente do que ocorre,
bém por imperativo constitucional, na com- por exemplo, com as empresas de telefonia,
petência dos Municípios. atualmente atuando no país sob o regime
A propósito do tema, Fernando Facury privatístico, sucedendo as paraestatais ou-
SCAFF (2001, p. 415), concluindo pela invi- trora reinantes no ramo). Assim, localiza-
abilidade da cobrança do ICMS, em razão dos os provedores de acesso como tomado-
de o aspecto material da hipótese de inci- res dos serviços de telecomunicação (e não
dência trazida na Constituição (art. 155, II) – repita-se – como prestadores destes), é in-
não estar presente no fato imponível reali- contornável a conclusão de que não existe a
zado pelos provedores de acesso, afirma que hipótese de incidência deflagradora da exi-
estes não são prestadores de serviço de co- gência de recolhimento do ICMS, subsistin-
municação, pois, em verdade, assim não do, entretanto, as obrigações próprias de um
agem, sendo certo que a sua atividade “con- consumidor final.
siste em disponibilizar um locus para que Mas, excluída a possibilidade de reco-
sejam conectadas as linhas de acesso à In- lhimento do ICMS pela prestação do servi-
ternet e conhecidos os conteúdos veicula- ço típico de provedor de acesso, remanesce
dos pela rede em qualquer parte do mundo. a exigibilidade do ISS sobre as operações,
Está muito mais próximo do conceito de lo- feitas pelo mesmo provedor, envolvendo con-
cação do que do de serviços.”. teúdo (ex: divulgação de banners propagan-
Ampliando a discussão sobre o assun- dísticos, realização de pesquisas qualitati-
to, não pode ser esquecido que a Lei nº 9.472, vas etc.)? Ao que parece, há, nesse particu-
de 16 de julho de 1997, disciplinando a or- lar, um novo obstáculo de ordem legal a evi-
ganização dos serviços de telecomunicação, tar a cobrança do referido tributo munici-
cuidou de traçar um rol de conceitos úteis à pal. Com efeito, para que as atividades dos
aplicação da própria lei e que servem tam- provedores de conteúdo sejam tributadas
bém ao sistema juridico-tributário como um em ISS, necessária se faz a edição de lei com-
todo, pré-traçando, no seu art. 61, a distin- plementar listando essa atividade como de-
ção entre serviço de telecomunicações e ser- flagradora da exigência do imposto, confor-
viço de valor adicionado. Tem-se daí que o me determina o art. 156, § 3º, do Código
serviço de valor adicionado é a atividade Tributário Nacional. Aliás, olhando a ques-
que ajunta a um serviço de comunicações tão sob o prisma estritamente constitucio-
novas utilidades relacionadas ao acesso nal, lembra Celso Ribeiro BASTOS (2001, p.
às redes de informática, cuidando de ar- 75) o teor do art. 156, III, da Carta Magna,
mazenamento, apresentação, movimenta- exigente de lei complementar municipal
ção ou recuperação de informações, dan- para que seja formada a nominata dos ser-
do suporte ao serviço, mas sem se con- viços que servem à imposição tributária, e
fundir com este. diz: “Portanto, fica explícito que só são pas-
Mais adiante, no § 1º do mencionado art. síveis de incidência do ISS aqueles serviços
61 da Lei 9.472/97, está consignado que o não abarcados pelo ICMS e que constem de
serviço de valor adicionado não constitui lei complementar. Nesse sentido, os servi-
serviços de telecomunicações, sendo o pro- dores de acesso à Internet estão excluídos
vedor de tal prestação um usuário daquele da incidência do ISS”.

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Pelo acima exposto, algumas conclusões Não pode ficar sem observação, nesta
podem ser adiantadas, entre estas: a) impos- quadra da discussão, os argumentos de po-
sível é a cobrança do ICMS em razão das lítica fiscal que são esgrimidos quando o as-
atividades típicas do provedor de acesso, sunto envolve arrecadação, pelo Estado, dos
posto que não desenvolve ele um serviço de meios destinados ao custeio da máquina
comunicação, mas sim uma atividade em- oficial. Assim, tanto em sede de imunidade
presarial que agrega novas utilidades à pres- como no que toca à isenção, não são poucas
tação da comunicação stricto sensu; b) não é as justificativas apresentadas para que o
de todo desarrazoado o intento da cobran- Estado não se porte como absenteísta em tri-
ça do ISS sobre as atividades do provedor butar e arrecadar em decorrência das ativi-
de acesso, sendo necessário, entretanto, que dades realizadas via Internet. Com efeito,
lei complementar, editada em consonância por exemplo, é repetida a afirmação de que,
com o regramento competencial previsto na com o crescimento das vendas on-line (ain-
Constituição Federal, elabore lista que con- da que abaixo do patamar que se projetava
temple os serviços aqui comentados. no final do século vinte), a isenção ou a imu-
nidade tributária dessas transações impli-
4. Imunidade ou isenção tributária em caria considerável erosão de receitas a ser
relação às operações virtuais suportada pelo Estado, pois os consumido-
res migrariam do comércio tradicional para
Não bastassem as dúvidas que pairam a nova via, além da possibilidade de esse
sobre o correto enquadramento tributário mesmo comércio tradicional usar artifícios
das atividades realizadas via Internet, no- para se maquiar de virtual, mirando obter
tadamente no que diz respeito ao papel dos as vantagens do esquecimento tributário.
provedores de acesso ou de conteúdo, outra Ocorreria, nessa última hipótese, algo asse-
questão não pode ficar indene aos que in- melhado ao que pode ser constatado em al-
gressam na análise jurídica dessa moderna guns segmentos do comércio varejista po-
forma de interação e de negócios entre pesso- pular, em que tradicionais empresas de pe-
as físicas e jurídicas. Fala-se aqui da possível queno ou médio porte optaram por fragmen-
imunidade beneficente desse elo tão impor- tar os seus estoques e vendedores por meio
tante na realidade virtual, que é o provedor. de bancas de camelô, fugindo da tributação
E não se diga que, uma vez sustentada a e das obrigações sociais, num perigoso jogo
impossibilidade atual de cobrança do ICMS de conseqüências sociais nefastas ou pelo
ou do ISS em decorrência das atividades menos duvidosas. O mesmo ocorreu com
prestadas pelo provedor, estaria superada setores da produção industrial, que migra-
– por desnecessária – qualquer discussão ram para a falácia da terceirização ou para
acerca da possível imunidade tributária o disfarce da cooperativização, com mesmo
conferida a tal atividade. É de ser lembrado, fito.
por exemplo, que a maioria dos provedores Outro raciocínio que se desenvolve em
atuam de forma mista, ou seja, como meio prol da efetiva cobrança de tributos sobre as
de acesso dos contratantes à rede de com- operações on-line diz respeito ao chamado
putadores e como fornecedor de informações princípio da justiça tributária, que diante
jornalísticas, empresariais, lúdicas, institu- da inação estatal poderia ser maculado. É
cionais etc. Congregam, não raro, ativida- que, nessa linha de argumentação, toma-se
des de provedores de acesso e provedores em conta que o perfil dos consumidores via
de conteúdo. E é justamente sobre este últi- Internet, especialmente em países no está-
mo viés que pode ser deitada a controvérsia gio de desenvolvimento do Brasil, é forma-
sobre o alcance da imunidade listada no art. do por pessoas de renda mais elevada e com
150, inciso VI, “d”, da Constituição Federal. melhor padrão educacional. A imunidade

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ou a isenção implicaria um retrocesso do ções da mesma natureza seriam tributadas
ponto de vista distributivo, já que as pesso- ou não, dependendo da maneira como fos-
as menos aquinhoadas economicamente, sem praticadas (via virtual ou real).
sem acesso à Internet, arcariam com a quita- Outro argumento que milita pela cobran-
ção tributária indireta, em flagrante desa- ça de impostos sobre os negócios eletrôni-
tenção do já referido princípio da justiça tri- cos diz respeito à eqüidade da tributação, já
butária. que os contribuintes devem ser chamados
Do ponto de vista técnico, é possível que, ao pagamento de tais exações na proporção
se adotada claramente uma política de não da sua capacidade econômica. O valor de
tributação dos negócios praticados via In- justeza aqui comentado deixaria de existir
ternet, acontecesse uma corrida das empre- se o comércio via Internet não fosse tributa-
sas, no sentido de que as suas operações do, pois contribuintes com a mesma capaci-
virtuais fossem formalmente separadas das dade econômica, pelos mesmos negócios,
operações convencionais, evitando assim pagariam impostos quantitativamente dife-
qualquer incidência tributária sobre os ne- rentes, a depender da via eleita para fazer a
gócios on-line. compra (real ou virtual). Assim, a competi-
A argumentação em favor da tributação tividade de uma certa empresa no mercado
dos negócios eletrônicos passa pela asserti- seria aferida pela sua habilidade de vender
va de que, no sistema tributário brasileiro, a os seus produtos ou serviços pela Internet,
natureza específica do tributo é determina- sendo a sua performance avaliada positiva
da pelo fato gerador da obrigação respecti- ou negativamente na proporção dos negó-
va, sendo de relevância nenhuma, para qua- cios virtuais realizados e não pelos critérios
lificá-la, a denominação e demais caracte- éticos e lógicos da produtividade com eficá-
rísticas formais traçadas em lei, bem como a cia e eficiência.
destinação do produto da sua arrecadação.
Assim, tem-se certo que a prática do comér- 5. Conclusões
cio por meio eletrônico não desnatura a com-
pra e venda de bens e serviços. Ao término das análises desenvolvidas
Apesar de todas as agruras enfrentadas neste estudo, algumas conclusões podem ser
pelo Estado para tributar as operações on- alinhadas, como adiante se vê.
line, já referidas no curso deste ensaio, des- Assim, é certo dizer que a Internet ingres-
taca-se que, do ponto de vista de política sou nas relações sociais como instrumento
tributária, a conduta omissiva nesse parti- de união entre pessoas e interesses, causan-
cular implicaria resultados negativos, a do reflexos, com muita rapidez, em áreas até
exemplo do enfraquecimento da soberania de certa forma acomodadas aos padrões tra-
tributária do País. Outrossim, vulnerado dicionais, como é o caso dos segmentos es-
estaria o princípio da neutralidade tributá- tatais responsáveis pela tributação e pela
ria, segundo o qual a legislação pertinente a arrecadação. O chamado poder tributário
esse assunto deve ser neutra em relação à está sendo constantemente desafiado a or-
atividade econômica, posto que o consumi- ganizar-se de modo a poder auferir riqueza
dor-contribuinte não deve ser levado a to- decorrente das operações realizadas on-line
mar decisão negocial diferente da que to- e que configuram fatos geradores de impos-
maria em razão do fator tributário. Ou seja, tos.
o pagamento de um tributo não pode ser o Sendo, como é, um instrumento essenci-
ponto fulcral da influência na decisão de al à prática de negócios via Internet, o pro-
um agente econômico, sendo certo que a vedor de acesso ainda não conseguiu ser
isenção do comércio eletrônico afetaria a satisfatoriamente enquadrado para fins de
neutralidade da tributação, já que transa- tributação, posto que ainda perduram dú-

188 Revista de Informação Legislativa


vidas acerca da natureza dos serviços por Bibliografia
ele prestados (se de comunicação ou servi-
ço stricto sensu, de sorte a definir a destina- AMARAL, Gilberto Luiz. Internet e tributação: ano-
ção dos impostos gerados por sua atuação va economia e a tributação. Disponível em: <http:/
/ www.tributarista.com.br/content/estudos/
(estaduais ou municipais). internet.html >. Acesso em: 2 jun. 2002.
Afigura-se como perigosa mácula ao
poder tributante e à soberania do próprio BASTOS, Celso Ribeiro. Tributação na internet. In:
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Tributação na in-
Estado a hipotética conduta retrativa deste, ternet. São Paulo: Revista dos Tribunais: Centro de
no campo da tributação, em relação às ope- Extensão Universitária, 2001.
rações realizadas via Internet. Destarte, de-
GAMBARINI, Cristiano. Profili impositivi delle ope-
saconselhável, sobre todos os aspectos, a razioni di commercio eletrônico. Disponível em: <http:/
imunidade ou a isenção incidente sobre os / www.uckmar.com.br/next/gambarini.htm >.
negócios on-line. Acesso em: 23 abr. 2002.
GOOLSBEE, Austan. Em primeiro lugar. Exame,
Rio de Janeiro, n. 1967, jul. 1999.
Notas LAGUNA, Francisco A. Tributação sobre consu-
1
A propósito do manejo de princípios penais mo, vendas e uso no comércio eletrônico. In: SILVA
JÚNIOR, Ronaldo Lemos da; WAISBERG, Ivo
no trato de outras áreas do Direito, valiosa é a con-
(Org.). Comércio eletrônico. São Paulo: Instituto dos
tribuição de Edilson Pereira NOBRE JÚNIOR
(2000): “Não se duvida que crime ou delito e infra- Advogados de São Paulo: Revista dos Tribunais,
2001.
ção administrativa são entidades distintas em sua
essência. Prova disso, vários critérios foram sugeri- NOBRE JÚNIOR, Edilson Pereira. Justiça federal de
dos pela doutrina para diferençá-las, dos quais so- primeiro grau: seção judiciária do Rio Grande do
bressai o de adorno prático, formulado por Guido Norte: sanções administrativas e princípios de di-
ZANOBINI, no sentido de que a infração adminis- reito penal. Disponível em: <http:// www.
trativa não integra o Direito Penal, porque a res- jfrn.gov.br/doutrin1.htm>. Acesso em: 1 ago. 2000.
ponsabilização do infrator não é tornada concreta
pela função jurisdicional, mas pelo Estado no de- POLETTI, Ronaldo. Introdução ao direito. 3. ed. São
sempenho de uma competência administrativa. (...) Paulo: Saraiva, 1996.
Essa distinção ontológica, no entanto, não pode ol- SCAFF, Fernando Facury. O direito tributário
vidar que, tanto no ilícito criminal como no admi- das futuras gerações. In: MARTINS, Ives Gan-
nistrativo, está-se ante situação ensejadora da ma- dra da Silva. Tributação na internet. São Paulo:
nifestação punitiva do Estado. Segue-se, em linha Revista dos Tribunais: Centro de Extensão Uni-
de princípio, nada haver a obstar, antes a recomen- versitária, 2001.
dar, serem os postulados retores da aplicação das
punições criminais, cuja sistematização doutriná- UNCITRAL model law on eletronic commerce with
ria e legislativa é bem anterior à ordenação das san- guide to enactment 1996= Lei modelo da UNCI-
ções administrativas, a estas aplicáveis. Há neces- TRAL sobre comércio eletrônico: 1996: com guia
sidade, porém, de restarem sempre consideradas para sua incorporação ao direito interno. Disponí-
as peculiaridades das últimas.” vel em: <http://www.mct.gov.br/temas/info/pa-
2
Disponível em: <http://www.receita. fazen- lestras/legisla%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso
da. gov.br>. Acesso em: 3 maio 2002. em: 12 abr. 2002.

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