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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS P/ AGENTE – POLÍCIA FEDERAL

PROFESSOR: IGOR MOREIRA

Amigos, brasileiros, concurseiros, saudações!


Prontos para mais uma aula de Ética no Serviço Público? Esse é
nosso segundo encontro. Estamos na metade de nosso curso. E aí,
como fomos na aula anterior, tudo entendido? Espero que sim, pois
não vi nenhuma dúvida nem no fórum nem em meu email. Isso é
bom se significar que, realmente vocês não tiveram dúvidas, mas
será ruim se significar que vocês não quiseram perguntar. Lembrem-
se, o momento de expor e sanar as dúvidas é agora!
Vale lembrar que, nossas aulas terão um número reduzido de
páginas, talvez menor do que o que vocês estejam acostumados aqui
no Ponto. Essa foi uma opção minha: em vez de concentrar tudo,
passando toda matéria numa única aula, preferi diluir o conteúdo em
3 aulas. Dessa forma, talvez algumas informações venham a parecer
que se repetem, mas é pelo fato de os tópicos elencados pelo Edital
se relacionarem mesmo.
Gostaria de lembrá-los também que na próxima sexta-feira
teremos nossa terceira aula e o prometido simulado, que será
resolvido em nosso quarto e último encontro.
Sem mais delongas, vamos tratar do assunto separado para a
aula de hoje que, segundo nosso cronograma, é: Atitudes no serviço.

Ética no serviço público

Atitudes no Serviço

Como um servidor público deve se portar em serviço? Como ele


deve agir? Qual ambiente deve ele buscar atingir em relação aos seus
companheiros servidores e com os administrados?

Relembrando o inciso I do Decreto 1.171/94, o servidor deverá


agir com dignidade, decoro, zelo, eficácia e consciência dos princípios
morais seus atos, sabendo que comportamentos e atitudes serão
direcionados para a preservação da honra e da tradição dos
serviços públicos.

Como dito na aula de número 1, o servidor é o espelho da


Administração. Esse é o motivo de tanta “preocupação” com esse
servidor público, sua conduta é a porta de entrada dos usuários do
serviço público para a Administração Pública. É a primeira impressão,
e, geralmente, a que fica. Isso também passa pelas atitudes do
servidor público.

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Atitude, segundo o Dicionário Aurélio é “postura; reação ou


maneira de ser, em relação a pessoa(s), objeto(s) etc.”.

Não por acaso você deve ter percebido certa semelhança entre
o comportamento do servidor e suas atitudes. Entretanto, para efeito
de nossos estudos, diferem as duas idéias no seu sentido essencial.
Enquanto o comportamento do servidor público é aqui entendido
como o conjunto de regras que determinam ou limitam a ação real e
concreta do servidor, as atitudes deste são os motivadores do
comportamento ideal.

Como o objetivo do Código de Ética é a formação de servidores


conscientes de seu papel social, comprometidos com o atendimento
das necessiadades sociais e certos da nobreza de suas funções, se faz
necessário trabalhar não só no comportamento desse servidor, mas,
sobretudo na suas atitudes.

É um trabalho, sem dúvida, mais trabalhoso, porém, os


resultados obtidos pela mudança de comportamento são temporárias,
ou, no mínimo, circunstanciais. O servidor que tem seus
comportamentos profissionais mudados para o bem do serviço
público poderá ser um ótimo servidor, mas fora do ambiente de
trabalho, pode, igualmente, agir de forma totalmente contrária às
suas funções. Já um servidor que mudou sua atitude, este será o
servidor que o Código de Ética deseja, que integra a função pública a
sua vida particular.

Vamos ver uma questão–exemplo? Essa caiu no TRE da Bahia,


no ano de 2009:

1 (TRE-BA2009) A ética profissional se refere ao ideal de conduta


do profissional, ao conjunto de atitudes desejáveis ao assumir no
desempenho de sua profissão.
Gabarito: Correto
Esse é o ponto central da ética profissional, não só dos
servidores públicos, mas de qualquer profissão.

Uma pessoa que se comporte da forma como sua profissão


exija, está agindo com ética. Ética, como disse em outra aula, é a
moral, a moralidade aplicada ao local de trabalho. Na mesma linha,
não é possível que um dentista siga as regras éticas do engenheiro
civil, nem de um advogado. Quase todas, senão todas, as profissões
possuem seus códigos de ética.

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Nessa aula, além dos dispositivos que tratam das atitudes no


serviço constantes no Código de Ética do Servidor Público, nos
utilizaremos também das regras constantes na lei 8112/90, o
estatuto dos servidores públicos do poder executivo federal, para
tratarmos de forma mais completa das atitudes do servidor em
serviço.

Da decisão pelo ético-moral

Uma das principais, senão a principal atitude de um servidor,


aquela que está na raiz de toda sua conduta, que vai motivar todo
seu comportamento ético é a atitude da decisão pelo ético, pelo que é
moral.

Agir de forma ética é uma decisão, e como já explanado aqui,


um comportamento ético deve ser resultado de uma atitude ética.

O Código de Ética dos Servidores Públicos, em seu inciso II nos


estabelece claramente qual é essa atitude central que deve ter o
servidor.

“II - O servidor público não poderá jamais desprezar o


elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente
entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o
inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre
o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art.
37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.”

O citado artigo 37, caput, da Constituição faz referência ao


princípio da moralidade, que rege toda a Administração Pública. E o
parágrafo 4° estabelece de forma genérica quais as punições
aplicáveis aos casos de improbidade.

Veja: a ética, a qual o servidor nunca poderá desprezar, é fruto


de uma decisão. A decisão que o servidor irá tomar com o fim de agir
de forma ética, não se limita a decidir entre o que seja legal e ilegal,
justo e injusto, nem somente pelo mérito do ato (conveniência e
oportunidade). O principal critério de decisão de um servidor quanto
ao seu agir deverá ser pelo conteúdo ético do ato. Esse ato é honesto
ou desonesto?

E não se escusa o servidor de cumprir esse dever alegando


subjetividade, pois, como vimos na última aula, o Código de Ética

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estabelece claramente quais são essas condutas éticas a serem


seguidas pelo servidor.

Certamente, o Dec 1171 não tem a pretensão de esgotar em


seu texto todas as condutas éticas que um servidor terá em cada
situação de seu dia a dia de trabalho. Muitas vezes o servidor terá de
aplicar os princípios éticos estabelecidos no Código à situação fática.

Da presteza

Há quem diga que o servidor eficiente é aquele que cumpre


suas atribuições. Não é de todo erro tal afirmativa. Basta supor que o
cumprimento destas atribuições não será negligente ou medíocre.

Tanto é que o Código de Ética, em seu inciso XIV, alínea “a”,


estabelece como dever fundamental do servidor: “desempenhar, a
tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que
seja titular”. Perceba: qual a palavra chave desse dispositivo?
Desempenhar as atribuições do cargo é um mandamento um tanto
quanto redundante, não acha? É claro que o servidor deve
desempenhar suas funções, pois para isso foi investido no cargo. A
palavra chave, ou melhor, a expressão chave aqui é “a tempo”.

Uma atitude fundamental do servidor é a de ter agilidade no


cumprimento de suas atribuições.

Infelizmente, a cultura do serviço público brasileiro é a da


morosidade. Não espanta a ninguém o atraso demasiado da
prestação de um serviço por um servidor público. O que causaria
espanto a alguém que está acostumado a usar os serviços públicos é
exatamente o fato de esse serviço ser prestado com agilidade, em
tempo hábil. É uma triste constatação, mas é a nossa realidade. E é
uma realidade que precisa ser mudada. Mudança que será
conquistada pela mudança da atitude do servidor.

O próprio Código chega a dizer que o êxito do trabalho


desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser
entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, e pode ser
considerado como seu maior patrimônio.

Complementando essa idéia, o Estatuto dos Servidores Públicos


traz como o primeiro dever do servidor público “exercer com zelo e
dedicação as atribuições do cargo” (art. 116, I, L8112/90).

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Assim, não basta o mero executar de tarefas, é dever do


servidor público agir visando a excelência em seu serviços.

Por fim vale lembrar que, além de um mandamento ético, a


presteza no exercício das atribuições serve como fator de avaliação
para fins de aquisição de estabilidade.

Você lembra das aulas de Administrativo que o servidor,


quando entra em exercício passa por um período de avaliação,
denominado estágio probatório, onde será avaliado em seu
rendimento no cargo. A avaliação desse rendimento tem como um de
seus principais critérios, exatamente o modo como o servidor exerce
as atribuições de seu cargo, e não se ele simplesmente cumpre com
suas atribuições.

Vejamos como isso já foi perguntado em prova:

2 (TRT-RN2010) A procura contínua por padrões de excelência no


atendimento ao público está desvinculada dos mecanismos de
avaliação.
Gabarito: Errado

De modo algum! A busca de uma cada vez maior eficiência na


prestação dos serviços públicos está extremamente vinculada aos
mecanismos de avaliação do servidor. Inclusive é o critério mais
importante dessa avaliação.

Da integridade

Novamente recorrendo ao Código de Ética dos servidores


públicos, o decreto 1.171/94, o inciso XIV, que elenca os deveres do
servidor público, traz em sua alínea “c” a seguinte atitude a ser
mantida pelo servidor:

“c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a


integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver
diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem
comum”

Ser probo é ser honesto. Não é exagero exigir que o servidor


demonstre “toda a integridade do seu caráter”, como vocês podem
estar pensando. Pensem na carreira de vocês, futuros policiais
federais. Que estrago não faz um policial desonesto? A probidade não
é só uma exigência para que a Administração “fique bonita na foto”,

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todos os servidores fazem parte de um sistema que lida, em última


análise com o funcionamento do próprio Estado brasileiro. Não é
qualquer coisa, não!

Pode-se perceber a importância que o legislador dá a probidade


analisando uma outra lei, a lei 8429/92, a lei de improbidade
administrativa. Resumidamente, são atos de improbidade
administrativa aqueles que venham a importar:

1. Enriquecimento ilícito (entendido pela lei como a aferição


de qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão
do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
atividade na Administração Direta ou Indireta)
2. Prejuízo ao Erário (entendido pela lei como qualquer ação
ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades da
Administração Pública)
3. Atentado contra os princípios da Administração
Pública (entendido pela lei como qualquer ação ou omissão
que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições)

Outro ponto importante é a exigência de lealdade do servidor.


O servidor público deve “ser leal às instituições a que servir” é o que
ordena o Estatuto dos Servidores, logo após de demandar o zelo na
prestação do serviço (artigo 116, II, lei 8112/90).

Lembra daquela vedação a qual se submete o servidor público?


O servidor não pode “dar o seu concurso a qualquer instituição que
atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa
humana”, lembra? Na semana passada na aula de exercícios, falamos
dessa questão dando como exemplo um servidor que participava de
um grupo anti-semita, vale a pena transcrever o trecho da aula de
exercícios para você que não a adquiriu:

(…)
8 (MPOG-2010) Em decorrência do que dispõe o Decreto n.
1.171/94 (Código de Ética), aos servidores públicos civis do Poder
Executivo Federal, é vedado:
a) embriagar-se.
b) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno
do serviço, em benefício de suas funções.
c) participar de grupos anti-semitas.

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d) posicionar-se contrariamente ao sistema de cotas.


e) exercer outra atividade profissional.
Gabarito: C
Passo agora a transcrever o comentário ao gabarito:
(…)
Letra “c”: Correto. Qual o fundamento dessa proibição? Não há
nenhum fundamento legal explícito que possamos invocar para
justificar essa alternativa. Nenhuma lei diz explicitamente: “o
servidor não pode participar de grupos anti-semitas”. Entretanto,
dentre as proibições constantes no inciso XV do Decreto 1171, a
alínea “o” determina que o servidor não pode: “dar o seu concurso a
qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a
dignidade da pessoa humana”.
Um grupo anti-semita é um grupo cujo objetivo é a propagação
do ódio aos judeus. Um grupo anti-semita tem sua inspiração nos
movimentos nazistas, como o de Adolf Hitler, e acredita que, para o
bem da humanidade, os judeus devem ser mortos, aniquilados,
extintos. Não é este um exemplo claro de uma instituição que atenta
contra a dignidade da pessoa humana? Por esse motivo, a alternativa
“c” está correta, pois se enquadra na proibição.
(…)

Entretanto, veja bem: a proibição não se limita a grupos que


atentem contra os direitos humanos, como tratou a questão. Também
fala o Código de grupos que atentem contra a moral e a honestidade.
Não é fácil dar um exemplo de um grupo que atente contra a moral e
a honestidade. Confesso que não conheço um grupo do tipo:
“associação dos policiais federais desonestos”. rs…

Para efeitos didáticos, vamos tirar a palavra “grupo” e vamos


falar da atitude em si.

O servidor deve ser leal as instituições a que serve, não


concorrendo para sua depreciação, nem física nem moral. Parece
estranho, mas uma instituição, enquanto pessoa jurídica, e até
mesmo um órgão, sem personalidade, pode ser atingida em sua
moral.

Por exemplo: Marinara é servidora pública e atriz de comerciais


de lanchonetes (qualquer semelhança é mera coincidência, rs). Em
uma recente entrevista a revista Modelos de Propaganda de
Lanchonetes S/A, Marinara fez a seguinte declaração:
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“prefiro um milhão de vezes fazer minhas


propagandas e desfilar nas passarelas nos meus finais de
semana a trabalhar de segunda a sexta naquela
repartição pública fedorenta e largada, aquele lugar é
horroroso!”

Façamos agora uma hipotética questão de prova:

“Tendo em vista as atitudes que um servidor deve ter dentro e fora


do serviço e as declarações da servidora e modelo, analise a
afirmativa abaixo:

“A servidora agiu de modo antiético e desleal a instituição a que


serve. Sua atitude fere a moralidade administrativa, pois configura
uma traição à Administração e revela um descaso com a função que
exerce.”

Correto. A lealdade é um dos deveres mais transcendentes dos


elencados no Código de Ética. Transcendente não por guardar uma
característica divina ou qualquer coisa, mas sim por ultrapassar a
esfera do serviço e incidir sobre a conduta do servidor fora do âmbito
da Administração Pública.

Da cortesia

Novamente recorrendo à primeira aula, lembram da


urbanidade? Além de um comportamento a ser observado,
urbanidade é uma atitude que o servidor deve preservar.

Ser urbano é ser educado, cortês, atencioso, etc. Isso se reflete


no atendimento ao público, que será tema de nossa próxima aula,
por isso não trataremos agora desse desdobramento da urbanidade.
Vejamos, então, mais um pouco sobre esse conceito sob o prisma da
cortesia.

O inciso XIV, alínea “g” nos diz expressamente que é dever do


servidor público “ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e
atenção, respeitando a capacidade e as limitações individuais de
todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de
preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade,
religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de
causar-lhes dano moral”.

Cortês é a pessoa que recepciona bem alguém de fora. O


servidor deve tratar os usuários do serviço público com a maior
cortesia, entendendo que ali está seu “chefe”, aquele que, com seus

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impostos custeia sua remuneração e cujos interesses são o objeto de


toda sua atuação.

Para entendermos melhor a aplicação dessa atitude na prática,


vamos para mais uma questão exemplo:

(TJDF – 2008) Uma servidora, cedida via convênio para outro


órgão, solicitou, na unidade de gestão de pessoal, uma cópia do seu
último contracheque para resolução de problemas pessoais. Ao ser
atendida, foi informada que as cópias dos contracheques se
encontravam disponíveis na Internet e que o órgão de pessoal não
possuía mais a obrigação de fornecê-las ao servidor. Ela foi
informada, ainda, que o acesso aos contracheques pela Internet seria
realizado a partir de uma senha e pelo cadastro de um e-mail
correspondente. O e-mail cadastrado para a servidora estava errado
e, por isso, seria necessário alterá-lo para a realização do
procedimento de cadastro de senha e obtenção do acesso. A
servidora passou a reclamar muito das dificuldades implementadas
pelo órgão público para que ela obtivesse o contracheque e da
qualidade do atendimento recebido. Após ouvir atentamente a
servidora, solicitar que ela se acalmasse e adverti-la da possibilidade
de desacato, o atendente se dispôs a imprimir o documento para ela.
A partir da situação hipotética apresentada acima, julgue os itens a
seguir.
3 - (TJDF – 2008) O caso apresentado ilustra como o atendente
pode se ver na situação de ter de ouvir reclamações contundentes e
precisar manter atitude cortês. Entretanto, existem limites que, se
ultrapassados pelo usuário, configuram desacato à autoridade do
servidor público no exercício de sua função.
Gabarito: Correto
Ser cortês é, também, ter humildade. Pode acontecer de o
serviço prestado pelo agente não seja o ideal, seja por negligência
deste ou até mesmo por um deslize, uma falta de atenção.
O usuário tem todo o direito de reclamar dos serviços que está
utilizando. Pode-se dizer que as reclamações são o diagnóstico do
serviço e do servidor. Mais do que exercendo um direito, o usuário
que reclama de um serviço mal prestado está ajudando a
Administração a prestar um serviço melhor.
No caso apresentado o atendente ouviu todas as reclamações
da servidora, agindo perfeitamente em harmonia com os princípios

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éticos aos quais se submete. Entretanto, falando bem no popular


ouvido de servidor “não é pinico”! Os usuários tem direito de
reclamar, mas como todo direito, este acaba onde começa o direito
que o servidor tem de ser respeitado, ainda mais tendo em vista a
importância do serviço prestado por ele.
Por isso, o desacato não pode ser tolerado dentro do serviço
público. Mas mesmo assim, perceba que o atendente não deixou de
ser cortês, mesmo na iminência de ser desacatado, ele não
respondeu à servidora com hostilidade, nem tampouco a ameaçou,
simplesmente a advertiu da possibilidade de desacato.
Um servidor que prima pela cortesia irá sempre tratar, tanto o
público em geral quando seus colegas e superiores com devido
respeito, o mesmo que ele mesmo gostaria de receber.

Da integridade negativa
Integridade negativa é o dever que tem o servidor público de se
guardar de dar sua participação em condutas e situações desonestas,
antiéticas e amorais.
O inciso XIV alínea “i” do código de ética nos diz que é dever do
servidor público:

“i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de


contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer
favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las”

Diferente das demais normas do código que informam atitudes


a serem tomadas, comissivamente, pelos servidores, esse dispositivo
impõe que o servidor não faça alguma coisa. Fazendo uma releitura
da norma, o servidor não poderá ser conivente com seus superiores
hierárquicos quando estes o estiverem pressionando a agir de forma
imoral, ilegal e antiética.

É a consagração da desobediência ética. A regra é que o


servidor deve obedecer a todas as ordens emanadas das autoridades
superiores, correto? Correto. Mas a exceção a essa regra é clara. O
servidor tem mais do que opção de não obedecer a essas ordens, ele
tem o dever de não contribuir para que uma ilegalidade aconteça.

Mais ainda, tem o dever também de denunciar a atitude imoral


do superior. Não pode o servidor tomar conhecimento de uma
ilegalidade ou imoralidade e lavar as mãos.

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Tá na hora sabe de quê? Isso mesmo, tá na hora da questão


exemplo.

4 - (MI – 2009) O servidor público não pode permitir que


perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses
de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os
jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente
superiores ou inferiores, o que não significa que ele possa ser
conivente com erro ou infração às normas vigentes.

Gabarito: Correto

Perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou


interesses de ordem pessoal que interfiram no trato com o público,
com os jurisdicionados administrativos ou com colegas são todas
atitudes antiéticas, imorais.

Mesmo as simpatias? Sim. Não é só porque uma atitude não é


explicitamente “maldosa” que ela não vá prejudicar o serviço público.
Se um servidor favorece um inferior ou um superior indevidamente,
essa atitude automaticamente importará em prejuízo a outra pessoa.

Além das explicações anteriores sobre a obrigação que tem o


servidor de não ser conivente com os erros cometidos por seus
colegas, cumpre ressaltar que a questão também tratou de uma
vedação imposta ao servidor público, qual seja a vedação constante
no inciso XV alínea “f”:

“f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,


paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas
hierarquicamente superiores ou inferiores”

Lembre-se: o administrador público, o servidor público não está


em exercício para satisfazer interesses próprios ou de terceiros, ele
trabalha para o bem comum, para a satisfação dos interesses
públicos, que são indisponíveis e superiores a quaisquer interesses
particulares.

Da preservação da continuidade dos serviços públicos

O servidor público é um trabalhador. Como tal faz jus a certos


direitos elencados na constituição e no respectivo estatuto.

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A greve é um direito garantido ao trabalhador que visa garantir


que este não seja explorado por seus superiores. Mobilizando-se para
a greve, o trabalhador estará exercendo seu direito de não se
submeter a condições de trabalho degradantes e desumanas.

No caso dos servidores públicos a questão é um pouco mais


complicada. Os serviços públicos são de especial importância para a
sociedade por ser essencial ao bom funcionamento da mesma. Gosto
de dar o exemplo dos serviços públicos básicos para mostrar a
importância destes serviços. Imagine que os garçons, insatisfeitos
com os baixos salários e as condições de seu serviço resolvam fazer
uma greve geral de 60 dias. Seria um incomodo para quem trabalha
o dia todo e tem costume de comer em restaurantes, talvez até os
gourmets mais chiques tivessem de aderir ao modelo self-service.
Entretanto não seria um choque, um abalo para a sociedade.

Agora, imaginem que a greve de 60 dias seja dos garis!


Imaginem, insisto, ficar 60 dias sem coleta de lixo. Imaginem a
ploriferação de doenças, os insetos, ratos, sujeira e o cheiro de podre
em cada esquina. Com certeza o impacto é bem maior.

Como se vê a greve no serviço público é um caso de


preocupação social. Veja, por exemplo, o caso recente da greve dos
bombeiros e policiais que acabou por resultar na prisão de vários
bombeiros e policiais, e como a movimentação causou um sentimento
de insegurança na sociedade. Por esse motivo, o inciso XIV impor
como um dever do servidor público: “zelar, no exercício do direito de
greve, pelas exigências específicas da defesa da vida e da segurança
coletiva”.

Não que o servidor se vê privado do seu direito de greve. A


questão é que a sociedade não pode ser prejudicada com a greve dos
servidores.

O código considera como negativo a falta de um único servidor,


quem dirá uma greve, onde uma grande parcela deles estará inativo!

A assiduidade do servidor é cobrada, tanto no Código de Ética


(“ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua ausência
provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em
todo o sistema” inciso XIV, “l” do Dec.1.171/94) quanto no estatuto
dos servidores públicos federais (“ser assíduo e pontual ao serviço”
art. 116, X, Lei 8.112/90).

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Por hoje é só, pessoal. Chegamos ao final de nossa aula


número 2. Semana que vem estaremos aqui aprendendo mais sobre
a Ética no Serviço Público.

Espero que a aula de hoje tenha sido clara e que não tenham
ficado muitas dúvidas. Entretanto gostaria de incentivar a todos que
tenham ficado com qualquer dúvida a não hesitar em perguntar.
Acessem o fórum, me enviem emails
(igormoreira@pontodosconcursos.com.br), mas não deixem nenhuma
dúvida no ar. Estou à disposição de vocês para esclarecer qualquer
ponto que não tenha sido plenamente entendido por vocês.

Um beijo do semi-gordo. Até semana que vem!

Relação das questões comentadas

1 (TRE-BA2009) A ética profissional se refere ao ideal de conduta


do profissional, ao conjunto de atitudes desejáveis ao assumir no
desempenho de sua profissão.
2 (TRT-RN2010) A procura contínua por padrões de excelência no
atendimento ao público está desvinculada dos mecanismos de
avaliação.
(TJDF – 2008) Uma servidora, cedida via convênio para outro
órgão, solicitou, na unidade de gestão de pessoal, uma cópia do seu
último contracheque para resolução de problemas pessoais. Ao ser
atendida, foi informada que as cópias dos contracheques se
encontravam disponíveis na Internet e que o órgão de pessoal não
possuía mais a obrigação de fornecê-las ao servidor. Ela foi
informada, ainda, que o acesso aos contracheques pela Internet seria
realizado a partir de uma senha e pelo cadastro de um e-mail
correspondente. O e-mail cadastrado para a servidora estava errado
e, por isso, seria necessário alterá-lo para a realização do
procedimento de cadastro de senha e obtenção do acesso. A
servidora passou a reclamar muito das dificuldades implementadas
pelo órgão público para que ela obtivesse o contracheque e da
qualidade do atendimento recebido. Após ouvir atentamente a
servidora, solicitar que ela se acalmasse e adverti-la da possibilidade
de desacato, o atendente se dispôs a imprimir o documento para ela.
A partir da situação hipotética apresentada acima, julgue os itens a
seguir.

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3 - (TJDF – 2008) O caso apresentado ilustra como o atendente


pode se ver na situação de ter de ouvir reclamações contundentes e
precisar manter atitude cortês. Entretanto, existem limites que, se
ultrapassados pelo usuário, configuram desacato à autoridade do
servidor público no exercício de sua função.
4 - (MI – 2009) O servidor público não pode permitir que
perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses
de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os
jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente
superiores ou inferiores, o que não significa que ele possa ser
conivente com erro ou infração às normas vigentes.

Gabarito
1–C
2–E
3–C
4-C

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