You are on page 1of 3

Politica Externa do governo Fernando Henrique Cardoso – desafios do

Mercosul

Anderson Rosa Andrade

O sucesso da campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso foi


possível graças ao seu trabalho nos Ministérios das Relações Exteriores e
principalmente no Ministério da Fazenda onde obteve êxito juntamente com a
sua equipe na implantação do Plano Real. A chegada de um presidente
poliglota e com solida formação intelectual foi recebida com grande entusiasmo
pelo mundo como um todo e suas recentes conquistas foram essências para
gabaritá-lo a correr pela presidência e obter o cargo (SIMÃO.2009).

No cenário internacional, Fernando Henrique Cardoso chega ao poder em um


contexto onde os Estados Unidos da América são a única potencia hegemônica
no mundo e detém supremacia militar e econômica cujo exercício e feito
através do FMI e do Banco Mundial. Partir do consenso de Washington, os
países latino-americanos passaram a orientar suas politicas econômicas
partindo de bases teóricas liberais. No Brasil, passou-se a ser “consenso” que
a politica neodesenvolvimentista seguida pelos governos anteriores estava
ultrapassada, pois, o mundo altamente globalizado impunha a necessidade de
uma maior dinamização econômica e comercial, oque exigia que os países
importassem e exportassem produtos e se inserindo ativamente no comercio
internacional. Somente assim poderiam participar da nova logica internacional
do pós-Guerra Fria. Tal logica estava presente em diversos países, sobre tudo
nos emergentes que passaram a lutar para ampliar as suas capacidades de
inserção nos mercados através de blocos políticos e econômicos como foi o
caso do Mercosul, que consolidou-se ainda mais durante o governo FHC. O
Mercosul tomava a União Europeia como maior exemplo e teve grande
importância no processo decisório pelo peso que exercia junto aos organismos
internacionais (ONU e OMC) onde os países signatários conquistaram poder
para institucionalizar normas e adquiriram um espaço para a resolução de
conflitos comerciais (SIMÃO.2009).

Nesse cenário o Brasil adotou uma posição universalista onde passou a atuar
de forma multilateral em acordos bilaterais econômicos e políticos com o
NAFTA, a União Europeia, a China, com os Tigres Asiáticos com a Índia e com
a Malásia (VIGEVANI, CINTRA.2003).

Apesar de priorizar sua relação com as grandes potencias, FHC promoveu o


processo de integração regional através do Mercosul e assim contrastou
bastante com os governos anteriores os quais não haviam dado semelhante
importância a politica regional. As intenções regionalistas de FHC tiveram
encontro com a politica liberal do governo Menem com o seu regionalismo
aberto, e assim puderam alinhar suas respectivas politicas externas no âmbito
regional as normas e regimes internacionais. E não se tratava apenas de
alinhamento, o Mercosul como bloco a partir de então pôde participar do
processo de elaboração das normas e regimes, e, mesmo que por um lado o
regionalismo signifique em certa medida uma perda da autonomia as vantagem
as quais os países envolvidos barganham torna tão politica bastante vantajosa
(VIGEVANI, CINTRA.2003).

Em um contexto onde o uso da energia nuclear não estava muito bem definido,
a Argentina e o Brasil comprometeram-se com o uso de energia nuclear
somente para fins pacíficos e controlados, como em pesquisas. O acordo foi
feito com a Agencia Internacional de Energia Atômica (AIEA) e serviu a
fortalecer e efetivamente consolidar o Mercosul. Outra importante realização
para o governo FHC e para o Mercosul foi a defesa da democracia nas crises
institucionais do vizinho Paraguai, que ocorreram nos anos de 1996, 1999 e
2001 oque cominou na inserção da importantíssima Cláusula Democrática no
Mercosul (VIGEVANI, CINTRA.2003).

Ainda houve uma mudança relacionada à matriz energética que havia sido na
década de 1980, muito dependente das importações vindas do Golfo Persico.
No governo Fernando Henrique Cardoso as importações vindas da Argentina e
da Venezuela foram consolidadas, através de gasodutos e interligação de
energia elétrica (VIGEVANI, CINTRA.2003).

Porem, mesmo com inúmeras conquistas em 1999 o Mercosul entrou em uma


crise devido aos custos do processo regional.
Referencias:

VIGEVANI, Tullo; OLIVEIRA, Marcelo F. de; CINTRA, Rodrigo. Política externa no


período FHC, Novembro.2003

SIMÃO, Ana Regina Falkembach. A Diplomacia Presidencial e o Processo de Inserção


Internacional do Brasil: Um Estudo da Política Externa do Governo de Fernando
Henrique Cardoso. Fortaleza ,2009

You might also like