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FUNDAMENTOS DA

ENERGIA SOLAR
GUIA COMPLETO PARA SE APROFUNDAR NO MUNDO FOTOVOLTAICO

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CRESCIMENTO

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AOS SEUS CLIENTES

OPORTUNIDADES PARA
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
ORGANIZAÇÃO:
Ezequiel Junio de Lima

Gabriela dos Reis Garcia


Laís Magalhães Rosa
REVISÃO:
Paulo Marcelo Frugis T. Pinto
FORMATAÇÃO:
Gabryella Alves Ferreira
Amanda da Silva Wanderley

© Todos os direitos reservados. Distribuição totalmente


gratuita e, portanto, não pode ser usada para fins
lucrativos. Essa apostila foi criada para oferecer uma
maior compreensão sobre a Geração Distribuída no
mercado fotovoltaico.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO A ENERGIA SOLAR .............................................................6


FONTES DE ENERGIA ................................................................................. 6
ENERGIA SOLAR ......................................................................................... 8
SOLAR NO BRASIL..................................................................................... 11
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 13
2. TIPOS DE SISTEMAS E APLICAÇÕES ......................................................14
INTRODUÇÃO............................................................................................. 14
SISTEMAS ISOLADOS (SFI) ....................................................................... 14
SISTEMAS AUTÔNOMOS SEM ARMAZENAMENTO ................................ 16
SISTEMAS CONECTADOS......................................................................... 17
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS INTEGRADOS A EDIFICAÇÕES ............... 19
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 20
3. SISTEMAS CONECTADOS ........................................................................21
INTRODUÇÃO............................................................................................. 21
DEFINIÇÃO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA (GD) ......................................... 21
MÓDULOS FOTOVOLTAICOS ................................................................... 23
INVERSORES ..............................................................................................37
CABEAMENTO .............................................................................................52
CAIXA DE CONEXÕES ............................................................................... 54
TERMINAIS ................................................................................................. 55
ESTRUTURAS E TELHADOS ..................................................................... 55
MONITORAMENTO..................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 58
4 . PROTEÇÕES ELÉTRICAS ........................................................................59
INTRODUÇÃO............................................................................................. 59
DISJUNTORES ........................................................................................... 59
FUSÍVEIS .................................................................................................... 61
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS (DPS)....................... 62
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CC ........................................................... 62
STRING BOX............................................................................................... 64
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CA ........................................................... 65
ATERRAMENTO / SPDA ............................................................................. 65
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 66
5. DIMENSIONAMENTO .................................................................................67
ORIENTAÇÃO E INCLINAÇÃO ................................................................... 67
SOMBRAS ................................................................................................... 71
DIMENSIONAMENTO DO GERADOR FOTOVOLTAICO ........................... 74
PROJETO ELÉTRICO ................................................................................. 84
PROTEÇÃO ................................................................................................ 88
SOFTWARE DE DIMENSIONAMENTO ...................................................... 88
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 92
6. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA .................................................93
INVESTIMENTO .......................................................................................... 93
CUSTOS OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO (O&M) ........................................ 93
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS (PAYBACK / TIR / VPL) ........................... 93
OUTROS GANHOS E BENEFÍCIOS ESPERADOS .................................... 96
INFLAÇÃO DE ENERGIA ............................................................................ 96
CONTA DE ENERGIA / COMPENSAÇÃO .................................................. 98
REFERÊNCIAS ..........................................................................................100
7. REGULAMENTAÇÃO E NORMAS ...........................................................101
INTRODUÇÃO............................................................................................101
RESOLUÇÃO NORMATIVA 482/687 DA ANEEL .......................................101
PRODIST ....................................................................................................103
NBR’s PARA TRABALHOS COM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS .............104
REFERÊNCIAS ..........................................................................................107
8. OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO (O&M) .....................................................108
COMISSIONAMENTO ................................................................................108
LIMPEZA ....................................................................................................111
MANUTENÇÃO PREVENTIVA/CORRETIVA .............................................112
MONITORAMENTO....................................................................................114
REFERÊNCIAS ..........................................................................................114
9. DEMAIS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ..................................................115
SISTEMA FOTOVOLTAICO COM BACKUP DE BATERIAS ......................115
SISTEMA HÍBRIDO ....................................................................................116
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS ...............................................118
REFERÊNCIAS ..........................................................................................121
10. SEGURANÇA DO TRABALHO ...............................................................122
NR 10 .........................................................................................................122
NR 35 .........................................................................................................123
REFERÊNCIAS ..........................................................................................124
ANEXO 1 - BATERIAS ..................................................................................125
INTRODUÇÃO............................................................................................125
POSICIONAMENTO DAS BATERIAS ........................................................127
PERIGOS ...................................................................................................128
BATERIAS RECARREGÁVEIS ..................................................................128
REFERÊNCIAS ..........................................................................................130
1. INTRODUÇÃO A ENERGIA SOLAR

FONTES DE ENERGIA
As fontes de energia são adquiridas através de recursos ambientais ou até
mesmo artificiais, sejam eles renováveis ou não. Com o aumento da demanda de
energia pela população, os países estão buscando novas formas de ampliar a sua
infraestrutura energética, procurando recursos capazes de gerarem energia e
além disso os que causam menos impactos ambientais. As principais formas de
fonte de energia estão descritas na sequência.

ENERGIA EÓLICA
Nesse processo, o vento é usado para gerar energia mecânica e elétrica. O
processo funciona com o movimento das pás da turbina eólica provocado pelo
vento, e assim é girado um eixo que é ligado a um gerador gerando eletricidade.
Sendo as turbinas eólicas máquinas mecânicas que transformam a energia
cinética do vento em energia mecânica e então em energia elétrica, podem ser
instaladas sobre a terra ou no mar, conseguindo gerar de alguns quilowatts a
dezenas de megawatts de energia elétrica. Elas podem ser classificadas como de
eixo horizontal e de eixo vertical.
As maiores turbinas eólicas possuem maior eficiência e são usadas em
parques eólicos para fornecer grandes quantidades de energia. Com a
oportunidade de aumentar a potência fornecida, as turbinas estão sendo mais
instaladas nas costas marítimas, onde este tipo de instalação é chamado de
offshore. No entanto, existem turbinas de pequeno porte que geralmente são
usadas em residências, telecomunicações ou bombeamento de água e também
podem ser utilizadas com outras formas de energia renovável, como solar
fotovoltaica, termogeração a diesel ou gás natural em redes elétricas de pequeno
porte. (MOREIRA, 2017)

ENERGIA QUÍMICA
É obtida através da liberação da energia entre os átomos das moléculas.
Os principais materiais para fornecer essa energia são os hidrocarbonetos
oriundos do petróleo, como exemplo a gasolina, o gás liquefeito de petróleo, os
óleos combustíveis e o gás natural. Além de outros processos para obter energia
elétrica ou outra forma de energia útil, podemos citar a biomassa que utiliza a
decomposição de materiais orgânicos, como por exemplo resíduos agrícolas,
esterco, restos de alimentos, gerando o gás metano usados para gerar energia.
(MOREIRA, 2017)

6
Combustíveis fósseis

O processo de obtenção de energia através dos combustíveis fósseis não


é renovável, além disso a sua produção tem como consequência um grande
impacto ambiental. O método pode utilizar da combustão, na qual interfere no
efeito estufa. Como exemplo de combustíveis fósseis podemos citar o carvão (
mineral, negro, metalúrgico e comercial solid fuel) e os derivados do petróleo,
como o gás liquefeito de petróleo (GLP), gasolina automotiva, querosene de
aviação, óleo diesel, óleo bunker, óleo combustível industrial, gás natural, gás de
folhelho. (MOREIRA,2017)

Biomassa

Como já citado, a produção de energia através da biomassa consiste da


matéria orgânica, sendo ela animal ou vegetal. O processo também utiliza de
forma indireta a energia solar. No caso, a transformação da energia solar em
energia química é obtida pelo processo da fotossíntese.
Além da biomassa ser um processo renovável, outra vantagem é o seu
aproveitamento ser obtido através de combustão em fornos, caldeiras, entre
outros. Para diminuir os impactos socioambientais, tecnologias como a
gaseificação e a pirólise para conversão estão sendo desenvolvidas. (ANEEL,2002)

ENERGIA ELÉTRICA
A energia elétrica pode ser gerada a partir de outros processos, como o
eólico, solar entre outros. Por ser de extrema importância para a sociedade a
maioria dos processos procuram a sua geração, pois a iluminação de ruas e casas,
eletrodomésticos, ar condicionado, acionamento industrial, entre outros
dependem da eletricidade para funcionar. Existem diversas fontes para se obter a
eletricidade, as principais são usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares,
geradores eólicos, os painéis fotovoltaicos e células de combustíveis. As usinas
hidrelétricas são mais usadas no Brasil, pelo grande índice de rios. Ela é gerada
através do represamento de água, e sua queda provoca o movimento das turbinas
que fazem um gerador elétrico funcionar. Apesar de causar impactos ambientais
na sua instalação (pode acontecer desvios de rios, morte de peixes entre outros
problemas), ela ainda é considerada limpa depois da sua instalação. (MOREIRA,
2017)

ENERGIA TÉRMICA
As fontes de energia térmica utilizam o calor provindo de radiação térmica
ou de energia interna. Podemos citar dentro da térmica a energia geotérmica. Seu
processo aproveita-se do calor da crosta terrestre para movimentar as turbinas.
São localizadas perto de locais que possuem formação geológica vulcânica. Além
da geotérmica, existe também as termelétricas que consiste na geração de vapor
7
para produzir energia, as principais são as nucleares, a gás, a carvão e a biomassa.
(MOREIRA, 2017)

ENERGIA MECÂNICA
Consiste na manipulação de energia potencial ou cinética. A energia
mecânica é comumente usada em moinhos, rodas d'água e nos eixos de motores.
Uma das principais aplicações é na energia de marés, nas usinas de maremotriz e
na ondomotriz, que beneficia da energia potencial proveniente dos movimentos
periódicos da água, além disso, as usinas de maremotriz aproveitam da energia
cinética através dos movimentos dos mares. (MOREIRA, 2017)

ENERGIA SOLAR
A fonte da energia solar é a radiação emitida pelo sol (raios solares). Ela
pode ser utilizada para o aquecimento de água, com coletores solares de alta e
baixa eficiência, ou então para gerar energia elétrica utilizando, por exemplo, os
painéis solares. Esse tipo de energia, futuramente, pode representar boa parte da
matriz energética, por ser uma das principais formas de energia renovável e
inesgotável. (MOREIRA, 2017)

ENERGIA SOLAR
Dentre as fontes de energia citadas no tópico anterior, a maioria só
acontece porque existe a energia solar. Observa-se, por exemplo, que é devido ao
aquecimento das massas de ar pelo sol que acontecem os ventos, dando origem a
energia eólica.
A energia solar produzida pelos raios solares em um ano consegue
atender mais que a demanda que a população precisa, porém, boa parte dessa
energia não é aproveitada. Os modos de conseguir um melhor aproveitamento da
energia solar podem ser divididas em cinco formas: (a) solar passiva, na qual
podemos citar a arquitetura bioclimática que consiste em se beneficiar da energia
solar por intermédio de edificações; (b) solar ativa, na qual pode ocorrer o
processo de refrigeração ou aquecimento de um certo processo por meio da
energia solar, como por exemplo funcionamento do ar condicionado; (c) solar
fotovoltaica, consiste na aplicação de placas fotovoltaicas para a geração de
energia elétrica; (d) geração de energia elétrica a partir de concentradores solares
térmicos para altas temperaturas; (e) e por último o método que utiliza “um reator
alimentado por dióxido de carbono (CO2), água e metal ou óxido metálico, exposto
à radiação solar, onde produz-se hidrogênio, oxigênio e monóxido de carbono
(PINHO; GALDINO, 2014).
Diante do exposto, podemos resumir os processos como sendo energia
solar térmica e energia solar fotovoltaica.

8
ENERGIA SOLAR TÉRMICA
A energia solar térmica consiste no aproveitamento da energia solar na
forma de calor, possibilitando o aquecimento de água para usos domésticos e
industriais. Para obter o calor vindo dos raios solares, utilizamos os denominados
coletores solares que também possuem a função de aquecer fluidos, sejam eles
líquidos ou gasosos.
Os coletores podem ser classificados como coletores planos ou
concentradores. Os coletores denominados como coletores planos são
geralmente usados em residências ou em qualquer lugar que precisa de baixa
temperatura, aproximadamente 60°C, reduzindo o consumo de energia elétrica ou
até mesmo de gás, conforme ilustrado na Figura 1. Já os coletores concentradores
trabalham com temperaturas elevadas (superiores a 100°C), aplicados em usinas
para ligar turbinas e geração de eletricidade (PINHO; GALDINO, 2014).

Figura 1 - Sistema de aquecimento Solar Residencial típico

Existem também os coletores a vácuo que são classificados como


coletores planos, o seu absorvedor tem o formato tubular e é inserido dentro de
um tubo transparente, o vácuo formado entre o absorvedor e tubo tem a função
de isolamento térmico. (MOREIRA,2017)

9
Figura 2- Coletor a vácuo

Diferente do processo fotovoltaico, a energia solar térmica possui maior


facilidade de armazenar calor para horários sem incidência do sol. Além disso,
conseguem uma maior conversão de energia e possibilita a inclusão de outras
aplicações que necessitam de energia térmica. (RONILSON DI SOUZA, 2017)

Figura 3 - Sistema de Geração de Energia através de Concentradores Solares. Fonte.:


http://www.unistmo.edu.mx/~laboptica/concentrador.html

Existe ainda a energia térmica passiva, como exemplo a arquitetura


bioclimática, onde seu objetivo, como já dito antes, é relacionar as características
do ambiente onde serão instalados os equipamentos com o projeto arquitetônico
e urbanista, como a altura do teto, o controle da incidência da luz solar através da
construção, além da escolha de materiais adequados para a construção (PINHO;
GALDINO, 2014).

ENERGIA FOTOVOLTAICA
Na energia fotovoltaica a energia é obtida através da conversão dos raios
solares em eletricidade. O processo consiste no surgimento de uma diferença de
potencial nos extremos de um semicondutor quando submetido a luz visível.
Uns dos principais componentes do sistema é a célula fotovoltaica, que
possui um material semicondutor sendo a peça essencial no processo. A célula
pode ser produzida de diversos materiais, sendo os mais comuns no mercado o

10
silício monocristalino e o silício policristalino. Além destes podemos encontrar
células de silício amorfo, disseleneto de cobre e índio, disseleneto de cobre, índio e
gálio e telureto de cádmio, sendo estes últimos chamados de filmes finos. Além
dos materiais citados acima, ainda temos alguns grupos que estão em fase de
testes, chamados de célula fotovoltaica multijunção e célula fotovoltaica para
concentração (CPV – Concentrated Photovoltaics), células sensibilizadas por
corante (DSSC – Dye-Sensitized Solar Cell) e células orgânicas ou poliméricas (OPV
– Organic Photovoltaics) (PINHO; GALDINO, 2014).
Algumas vantagens de se utilizar o sistema fotovoltaico residem no fato de
ser uma fonte de energia renovável e totalmente limpa, além de que a placa
fotovoltaica pode ser instalada como decoração e/ou substituindo telhados. No
entanto, os custos dos equipamentos são mais elevados que os convencionais e,
em determinadas regiões, a energia solar varia, além de ser afetada por condições
climatológicas. (RONILSON DI SOUZA, 2017)

SOLAR NO BRASIL
No Brasil, os índices de incidência de raios solares são altos e o país
dispõe de uma grande quantidade de quartzo, no entanto, o índice de geração de
energia através da energia solar não é alto. De acordo com o MME (2017), o Brasil
possuía, ao final de 2016, 81 MWp de energia solar fotovoltaica instalados, o que
representava cerca de 0,05% da capacidade instalada total no país. Do total de 81
MWp existentes em 2016, 24 MWp correspondiam à geração centralizada e 57
MWp à geração distribuída.
A nova edição do Atlas Solarimétrico Brasileiro (INPE, 2017) traz a seguinte
análise do Brasil:
“(...) possui alto nível e baixa variabilidade da irradiação solar do país em
comparação, por exemplo, com o que se observa em países onde essa
tecnologia já está bem estabelecida, como Alemanha, Espanha, Itália, Portugal
e França. A Figura 4 compara a variabilidade da irradiação global horizontal
média mensal nas cinco regiões brasileiras com esses países. A comparação é
feita na forma de box‐ plot, com as caixas representando 50% dos valores, as
linhas verticais os valores máximos e mínimos e os losangos vermelhos as
médias. Conclui‐ se que o Brasil apresenta níveis bastante elevados de
irradiação solar com uma variabilidade mensal muito mais baixa, indicada
pela altura das caixas. A região Nordeste do Brasil supera até mesmo os países
ibéricos em termos de irradiação solar média mensal, com a característica de
possuir uma variabilidade mensal bem inferior. A região Sul apresenta
características mais similares às encontradas nesses países europeus,
particularmente no que se refere a variabilidade mensal, já que se encontra em
latitudes mais altas e, portanto, com maiores diferenças na duração do dia
entre as estações do ano. (...)”

11
Figura 4. Comparativo das médias mensais da irradiação global horizontal no Brasil e em alguns países
da Europa (kWh/m2.dia). As caixas indicam 50% de probabilidade e as linhas os máximos e mínimos
valores encontrados. Fonte: Atlas Solarimétrico do Brasil 2a Edição, 2017.

Na Figura 5, temos o mapa da média anual de irradiação solar diária já


plano inclinado de acordo com a latitude local. Pode-se perceber que os estados
de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e boa parte do Nordeste recebem os maiores
índices de incidência da luz solar.

Figura 5. Irradiação Solar no Brasil. Fonte: Atlas Solarimetro do Brasil 2a Edição, 2017.

12
Segundo a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica),
o Brasil entrou em 2018 com quase 1,1 gigawatts em instalações fotovoltaicas, o
que representou um crescimento 1.358% (um mil, trezentos e cinquenta e oito por
cento) frente aos apenas 81 megawatts ao final de 2016. Mais precisamente,
segundo a ANEEL, 935 MW em geração centralizada e 161 MW em geração
distribuída. Ultrapassar o patamar de 1GW instalado foi alcançado por apenas 30
países no mundo, disse em nota a ABSOLAR.

REFERÊNCIAS
[1] INPE. Enio Bueno Pereira. INPE/CCST/LABREN. Atlas brasileiro de energia
solar. 2. ed. São José dos Campos: INPE, 2017. 88 p. Disponível em:
<http://labren.ccst.inpe.br/atlas_2017.html>. Acesso em: 3 nov. 2017.
[2] BRASIL. Rodrigo Lima Nascimento. Consultoria Legislativa. Energia solar no
Brasil: Situação e Perspectivas. Brasília: Estudo Técnico, 2017.
IDEAL INSTITUTO. Potencial solar no Brasil. 2017. Disponível em:
<http://americadosol.org/potencial-solar-no-brasil/#toggle-id-1>. Acesso em: 12
jun. 2017.
[3] MOREIRA, José Roberto Simões (Org.). Energias renováveis, geração
distribuída e eficiência energética. Rio de Janeiro: Ltc, 2017.
[4] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.
[5] RONILSON DI SOUZA. Bluesol Energia Solar. Os sistemas de energia solar
fotovoltaica. Ribeirão Preto: Bluesol Educacional. Disponível em: <www.blue-
sol.com.br>. Acesso em: 9 jun. 2017.

13
2. TIPOS DE SISTEMAS E APLICAÇÕES

INTRODUÇÃO
Quando classificamos os sistemas fotovoltaicos (SFV) levamos em conta
como é feita a geração ou transmissão de energia elétrica e consequentemente
podemos dizer que existem dois tipos principais, os sistemas isolados (Off-Grid) e
os sistemas conectados à rede (On-Grid). Os dois sistemas podem operar apenas
com a fonte fotovoltaica ou conciliados com uma ou mais fontes de energia, sendo
neste caso conhecido como sistema híbrido. Para que possamos usar uma das
opções listadas anteriormente devemos levar em conta a aplicação e/ou a
acessibilidade de recursos energéticos. Qualquer um deles possui uma
complexidade variante, sendo que tal complexidade está diretamente ligada à
aplicação e as restrições do projeto em análise. [1]

SISTEMAS ISOLADOS (SFI)


O sistema fotovoltaico isolado recebe esse nome pelo fato de não ter
qualquer tipo de comunicação com a rede de distribuição de energia. Os sistemas
isolados podem ser considerados como híbridos ou autônomos (puros). Esse tipo
de sistema (SFI), tanto os puramente fotovoltaicos (SFV) ou híbridos (SFH),
geralmente, precisam de um tipo de armazenamento.
O armazenamento pode ser realizado em baterias quando se pretende
usar aparelhos elétricos nos períodos onde não há geração de energia pelo
sistema fotovoltaico. As baterias empregadas como armazenamento também
operam como uma referência de tensão e de corrente contínua para os inversores
formadores da rede do sistema isolado. [1] [2]

SISTEMAS HÍBRIDOS
Um sistema fotovoltaico híbrido funciona ligado a outro ( ou a mais de
um) sistema de geração elétrica. Por exemplo, no caso de um sistema híbrido
solar-eólico, pode ser utilizado um aerogerador. Outros exemplos são sistemas
híbridos utilizando um moto-gerador a combustível líquido, como o diesel (ver
figura 1) ou qualquer outro sistema de geração elétrica.

14
Figura 1 - Representação esquemática de um sistema híbrido que tem um gerador diesel como fonte
alternativa de energia elétrica

O sistema híbrido pode ou não ter um sistema de armazenamento de


energia. Em geral, o sistema de armazenamento possui autonomia menor ou igual
a um dia. Estes sistemas são mais complexos e precisam ter um controle
capacitado para integrar todos os geradores de energia. Atualmente, existem
muitas configurações, além de métodos de uso de cada fonte de energia.
Usualmente, os sistemas híbridos são aplicados em situações onde
possuem cargas em corrente alternada, devendo ser utilizado um inversor. Por
esse tipo de sistema apresentar uma maior complexidade e multiplicidade de
opções, a otimização desse tipo de sistema é tema de muitos estudos.
Uma desvantagem desse tipo de sistema é que quando empregados em
regiões remotas oferece uma complexidade operacional e de manutenção
elevada. [1] [2]

SISTEMAS AUTÔNOMOS (PUROS)


Um sistema fotovoltaico puro não possui outra forma de geração de
eletricidade. Como esse tipo de sistema gera eletricidade apenas nas horas de sol,
os autônomos são compostos por acumuladores para armazenar energia para os
períodos sem sol, isto é, a noite e\ou em épocas chuvosas ou nubladas, este
sistema está ilustrado na figura 2.

15
Os acumuladores são produzidos conforme as exigências de uso que o
sistema deve atender e mudam com as condições climáticas do local de
implementação. [2]

Figura 2 - Componentes de um sistema fotovoltaico autônomo. Fonte; Unitron - www.unitron.com.br

SISTEMAS AUTÔNOMOS SEM ARMAZENAMENTO


Esse tipo de sistema tem a sua funcionalidade durante o período do dia
que o sol aparece. Um exemplo desse sistema é o de bombeamento de água. As
bombas que serão utilizadas são calculadas dando atenção a necessidade de água
e o potencial solar do local a ser implementado. [2]

SISTEMA DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA


O sistema fotovoltaico de bombeamento (SBFV) é formado por um
gerador fotovoltaico ligado diretamente em uma bomba de corrente contínua, e
em alguns modelos utiliza-se um inversor e/ou um controlador de bomba, além de
um conjunto motobomba e um reservatório de água, conforme ilustra a figura 3.
Diferente dos sistemas domiciliares, não é usual o emprego de baterias para
armazenamento de energia. Nesse tipo de metodologia (SBFV), a água é
bombeada e guardada em um reservatório, para que em um passo subsequente
possa ser utilizada.
O sistema fotovoltaico de bombeamento de água possui três principais
aplicações: Bombeamento de água residencial; Bombeamento de água para
pequenas comunidades e Bombeamento de água para consumo animal. [1]

16
Figura 3 - Sistema Fotovoltaico de bombeamento de água

SISTEMAS CONECTADOS
No sistema fotovoltaico conectado à rede de distribuição (SFVCR),
conhecido também como “on-grid” ou “grid-tie”, não é necessária utilização de
acumuladores, visto que a energia que é produzida pelo sistema é consumida
instantaneamente pela carga, ou injetada diretamente na rede elétrica da
concessionária, para ser utilizada pelos demais consumidores conectados ao
sistema de distribuição.
Esse tipo de sistema está cada vez mais sendo aplicado na Europa, China,
Japão, Estados Unidos, e na atualidade, também no Brasil. A potência nesse
sistema vai desde poucos kWp (lê-se quilowatts pico), no caso de instalações
residenciais, até MWp (megawatts pico) em sistemas que operam em empresas ou
usinas. Os sistemas conectados se diferenciam levando em conta o tipo de
conexão à rede, que está diretamente ligado a legislação local. [1]
Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede têm o seu funcionamento
total apenas no período matutino e vespertino. Porém, usualmente o pico de
consumo de eletricidade em residências é no período noturno e por isso SFCR
injeta energia durante o dia, e o consumidor recebe energia da rede da
concessionária durante à noite.
A figura 4 mostra um sistema fotovoltaico conectado e os equipamentos
típicos.

17
Figura 4 - Componentes típicos do sistema conectado

SISTEMAS CONECTADOS COM ARMAZENAMENTO


É necessário usar baterias (íon de lítio ou chumbo ácidas) para armazenar
a energia excedente, coletada pelos painéis solares. Dependendo do montante
armazenado, é possível utilizar esta eletricidade para diversas atividades, como
gerenciamento do uso da energia (tarifa branca ou hora-sazonal) ou para manter
os equipamentos funcionando em caso de interrupção do fornecimento de
energia.
Um fabricante neste ramo é a Schneider Electric, que lançou
recentemente a linha XW+ de inversores híbridos (ver figura 5) para aplicações
tanto em sistemas conectados como em sistemas isolados para formação de rede.

Figura 5 - Sistema XW+ com armazenamento

18
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS INTEGRADOS A EDIFICAÇÕES
Os sistemas fotovoltaicos integrados a edificações (SFIE) ou Building
Integrated Photovoltaics (BIPV) consiste em células solares ou placas, que estão
integradas na construção de elementos ou materiais como parte da estrutura do
edifício. Desta forma, eles substituem um elemento de construção convencional,
conforme ilustra a figura 6. [3]

Figura 6 - Projeto BIPV, Estação de Trem de Perpignan, sul da França - Fonte Wikipédia

Esse tipo de sistema dispensa a criação de um lugar para a instalação,


sendo colocados em telhados ou fachadas, acrescentando um diferencial
arquitetônico para a edificação, que pode ser visto na figura 7.

Figura 7 - Fachada do Museu da Ciência e da Técnica da Catalunha, Espanha. Fonte: Wikipédia

Quando observamos a viabilidade econômica desse sistema, esbarramos


no custo, impedindo que o mesmo consiga se desenvolver no Brasil como em
outras regiões do mundo. [1]

19
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antônio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL-CRESESB, 2014.
[2] RONILSON DI SOUZA. Bluesol Energia Solar. Os sistemas de energia solar
fotovoltaica. Ribeirão Preto: Bluesol Educacional. Disponível em: <www.blue-
sol.com.br>. Acesso em: 9 jun. 2017.
[3] PORTAL SOLAR. PAINÉIS SOLARES INTEGRADOS À CONSTRUÇÃO –
BIPV. 2017. Disponível em: <http://www.portalsolar.com.br/paineis-solares-
integrados-a-construcao---bipv.html>. Acesso em: 10 jun. 2017.

20
3. SISTEMAS CONECTADOS

INTRODUÇÃO
É possível listar algumas diferenças entre os projetos de um sistema
conectado à rede e um sistema isolado. As principais características dos sistemas
conectados são:
● Em sistemas conectados à rede não há necessidade de armazenamento de
energia elétrica;
● Os sistemas operam obrigatoriamente em CA na mesma frequência e
tensão da rede local;
● Quando não há tensão na rede, o sistema fica inoperante mesmo com
irradiação solar presente;
● Os inversores incorporam dispositivos seguidores de potência máxima
(MPPT);
● A rede local deve ser capaz de receber a energia elétrica gerada;
● A qualidade da energia da rede pode comprometer a transferência de
energia do sistema;
● O gerador FV pode ser integrado à estrutura de edificações, implicando a
análise da resistência mecânica e carga máxima admissível, entre outros
fatores;
● Em sistemas instalados em ambiente urbano é mais provável a existência
de perdas por sombreamento, inclusive sombreamento parcial, e
interferência de superfícies reflexivas próximas;
● Questões estéticas podem ser determinantes nos projetos, contribuindo
para a escolha do tipo de módulo e tecnologia das células, bem como do
posicionamento do painel.

DEFINIÇÃO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA (GD)


A geração distribuída é conhecida como uma fonte de energia elétrica
conectada à rede de distribuição ou instalada no próprio consumidor. No Brasil, a
definição citada acima é orientada pelo Artigo 14º do Decreto Lei nº 5.163/2004:
“Considera-se geração distribuída toda produção de energia elétrica
proveniente de agentes concessionários, permissionários ou autorizados (...)
conectados diretamente no sistema elétrico de distribuição do comprador, exceto
aquela proveniente de: hidrelétrico com capacidade instalada superior a 30 MW;
termelétrico, inclusive de cogeração, com eficiência energética inferior a 75%. ”
(Fonte: Caderno de Recursos Energéticos Distribuídos – FGV Energia).

21
Seguindo, a RN 482/2012 regulamenta como será feito a inserção da
geração distribuída na matriz energética no território brasileiro a partir de
condições reguladoras, sendo apresentadas as seguintes definições:
Microgeração distribuída: Sistemas de geração de energia renovável ou
cogeração qualificada conectados à rede com potência até 75 kW;
Minigeração distribuída: Sistemas de geração de energia renovável ou
cogeração qualificada conectados à rede com potência superior a 75 kW e inferior
a 5 MW (limite de 3 MW para geração de energia através de fonte hídrica). De
acordo com a ANEEL, cogeração qualificada é o “atributo concedido a cogeradores
que atendem os requisitos definidos na Resolução Normativa nº 235 de
14/11/2006, segundo aspectos de racionalidade energética, para fins de
participação nas políticas de incentivo à cogeração”.

A GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO BRASIL


No Brasil a geração distribuída tem como base um método no qual o
consumidor após descontado o seu próprio consumo, recebe um crédito na sua
conta pelo saldo positivo de energia gerada e inserida na rede, sendo esse sistema
conhecido com sistema de compensação de energia. Sempre que existir esse
saldo positivo, o consumidor recebe um crédito em energia (em kWh) na próxima
fatura e terá até 60 meses para utilizá-lo. No entanto, as pessoas que utilizam esse
tipo de sistema não podem comercializar o montante excedente da energia
gerada por GD entre eles. A rede elétrica disponível é utilizada como backup
quando a energia gerada localmente não é suficiente para satisfazer as
necessidades de demanda, sendo que esse tipo de situação ocorre quando
geralmente se usa fontes intermitentes de energia, como a solar.

AS REGRAS DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA – GD


As regras básicas definidas pela REN 482/2012, aperfeiçoadas pela REN
687/2015 válidas desde 1º de março de 2016 são:
● Definição das potências instaladas para micro (até 75 kW) e minigeração
(maior que 75 kW até 5 MW);
● Direito a utilização dos créditos por excedente de energia injetada na rede
em até 60 meses;
● Possibilidade de utilização da geração e distribuição em cotas de crédito
para condomínios, geração compartilhada e autoconsumo remoto. A
geração compartilhada consiste na reunião de consumidores, dentro da
mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou
cooperativa, composta por pessoa física ou jurídica, que possua unidade
consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local
diferente das unidades consumidoras e o autoconsumo remoto tem o

22
mesmo conceito da geração compartilhada, porém não é uma reunião de
consumidores, ela é caracterizada por unidades consumidoras de
titularidade de uma mesma Pessoa Jurídica ou uma Pessoa Física.
Foram estabelecidos prazos para processos, padronização de formulários
para solicitação de conexão e definição de responsabilidades atribuídas aos
clientes, a empresa responsável pela implantação do sistema e a distribuidora;
Foi possibilitada a forma de autoconsumo remoto onde existe a geração
em uma unidade e o consumo em outra unidade de mesmo titular;
Foi possibilitada a geração compartilhada onde um grupo de unidades
consumidoras são responsáveis por uma única unidade de geração;

A QUANTIDADE DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA INSTALADOS NO


BRASIL
Segundo a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica),
o Brasil entrou em 2018 com quase 1,1 gigawatts em instalações fotovoltaicas,
mais precisamente 935 MW em geração centralizada e 161 MW em geração
distribuída (aproximadamente 20.000 sistemas instalados). Segundo projeções da
Empresa de Pesquisa Energética EPE, até 2030 serão instalados 25 GW, divididos
em 17 GW de geração centralizada e 8,2 GW de geração distribuída.
No dia 15 de dezembro de 2015, o Ministério de Minas e Energia criou o
Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD),
para ampliar e aprofundar as ações de estímulo à geração de energia pelos
próprios consumidores, com base nas fontes renováveis de energia (em especial a
solar fotovoltaica).

O POTENCIAL DE CRESCIMENTO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA


A ANEEL prevê 1,23 milhão de sistemas conectados à rede até 2024 (4.577
MW) e a EPE prevê que serão instalados 78 GWp em sistemas de geração
distribuída até 2050 com grande destaque para a microgeração residencial.

MÓDULOS FOTOVOLTAICOS
O módulo fotovoltaico é constituído por células fotovoltaicas, mostradas
na figura 1, que utiliza do efeito fotovoltaico para a produção de eletricidade, ou
seja o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma
estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz. As células
são ordenadas para que possam ser conectadas e assim sejam capazes de
produzir uma tensão e corrente suficientes para a utilização da energia, do mesmo
jeito que essa organização das células as protegem de qualquer situação que
possa danificá-las.

23
Figura 1 - Células fotovoltaicas de diferentes tecnologias. (a) Silício monocristalino; (b) Silício
policristalino e (c) Silício amorfo.

No geral, essas células individualmente têm uma tensão entre 0,5 e 0,8V,
no caso da produzida com Silício. Dessa forma, as células são conectadas em série
para que produzam uma tensão de um valor adequado para a utilização da
mesma. As células são também consideradas muito frágeis e por esse motivo
devem ter uma proteção mecânica e contra mudanças climáticas.
O número de células conectadas em um módulo, tanto em série quanto
em paralelo, depende diretamente da tensão que será utilizada e da corrente
elétrica que se deseja obter, a figura 2 mostra essas configurações possíveis.

Figura 2 - Esquema ilustrativo de (a) três células em série e (b) três células em paralelo.

No processo de fabricação desses módulos devemos dar importância ao


tipo de células que serão utilizadas para que seja realizada a união das mesmas,
devido a suas características elétricas, visto que a incompatibilidade das
propriedades elétricas pode levar a produção de módulos de baixíssima
qualidade, devido ao efeito de “descasamento elétrico” (mismatching), já que as
células de menor corrente limitam o desempenho das outras células e assim a
eficiência do módulo em geral é reduzida.

CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DOS MÓDULOS FOTOVOLTAICOS


O módulo fotovoltaico é membro unitário do gerador e de acordo com a
associação e as características das células, pode adquirir diferentes valores de
tensão e corrente nominal. Módulos que possuem uma tensão de 18V, que tem 36

24
células em série, são geralmente empregados para carregar baterias e também
podem ser associados em série para que se possa obter 24V ou 48V em corrente
contínua, a figura 3 ilustra este tipo de módulo e sua construção típica. Em outros
tipos de aplicação, são normalmente utilizados módulos com tensões nominais
diferenciadas, sendo esse valor de tensão variando de 30V até 120V.
Para a realização do carregamento de baterias de chumbo-ácido de 12V é
preciso uma tensão de no mínimo 14V, e os módulos precisam produzir
aproximadamente 16V, pelo fato de ocorrer perdas nos cabos, nas proteções e o
efeito da temperatura sobre o módulo. Para essa aplicabilidade são usualmente
utilizados módulos de silício cristalino com 36 células conectadas todas em série,
que apresenta uma tensão de máxima potência de 18V e como tensão de circuito
aberto em condições ideais de 21V.

Figura 3 - Componentes básicos do módulo fotovoltaico

Os módulos que são fabricados com outras tecnologias necessitam da


utilização de uma quantidade diferente de células conectadas em série para que
possa atingir essa tensão citada anteriormente.
Em sistemas conectados à rede e de bombeamento de água, os valores de
tensão que devem ser atingidos variam consideravelmente e exigem a utilização
da associação de muitos módulos em série, e é por esse motivo que podemos
observar uma diversidade de tensões nominais nesse tipo de módulos.
O mercado exige módulos rígidos ou flexíveis, de acordo com o tipo de
célula utilizada. Os módulos rígidos, figura 4, usualmente aplicam como base
mecânica uma ou mais lâminas de vidro temperado, com um baixo teor de ferro,
para uma melhor transmitância (razão entre a quantidade de luz que atravessa
um meio e a quantidade de luz que sobre ele incide) à radiação solar. Podem
também ter uma moldura com perfis de alumínio, que facilita a instalação do
25
painel, ou sem a utilização de molduras, sendo o caso onde os módulos são
utilizados como parte de uma construção ou revestimento.

Figura 4 - Módulo com célula de silício monocristalino e policristalino, respectivamente.

Ao contrário das células de silício cristalino, onde primeiro se produz a


lâmina de silício, depois a célula e finalmente o módulo, nos painéis de filmes finos
todo o processo está integrado. As células de filmes finos são depositadas sobre o
vidro, realizando a produção das células e dos módulos em uma única fase. Já os
módulos flexíveis, o módulo utiliza um substrato de material flexível, que
usualmente pode ser um polímero ou uma lâmina metálica. Dentre os materiais
mais usados estão o silício amorfo hidrogenado (a-Si:H), o disseleneto de cobre e
índio (CIS) ou disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS) e o telureto de cádmio
(CdTe), este último mostrado na figura 5.

Figura 5 - Módulo de filme fino, rígido, encapsulamento de vidro-vidro de telureto de cádmio (CdTe)

26
Atualmente, os módulos fotovoltaicos são produzidos em lugares
inteiramente automatizados, evitando a manipulação humana. O aumento da
fabricação de módulos fotovoltaicos tem ajudado a reduzir os preços e garantir
uma manutenção de qualidade aos consumidores.

CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS MÓDULOS


Um módulo é geralmente identificado pela sua potência elétrica de pico
(Wp), porém, deve ser levado em conta as características que são compatíveis com
aplicação. Para definir a potência de pico de um módulo fotovoltaico é realizado
um ensaio nas condições ideais (STC), considerando uma irradiação solar de 1000
W/m2 sob um espectro de radiação solar padrão para AM 1,5 e temperatura de
célula de 25 °C, conforme ilustra a figura 6.
AM é a abreviação para “Air Mass”, ou seja, Massa de Ar e nada mais é do
que a razão entre o caminho ótico percorrido pelos raios solares ao cruzar a
atmosfera (SO) e o caminho vertical na direção do zênite (ZO), conforme a equação
1 abaixo.

Figura 6 - Posição relativa do sol para o cálculo da Massa de Ar (AM)

Devemos observar que as características elétricas que definem um


módulo dependem diretamente das condições de temperatura e de irradiação.
Quando o módulo fica posicionado direcionado para o Sol, a tensão do módulo
pode ser medida utilizando um voltímetro conectado aos terminais positivos e
negativos. A tensão que é analisada em um módulo desconectado é a tensão de
circuito aberto (Voc). Contudo, ao utilizar um amperímetro nos mesmos terminais

27
é medido a corrente de curto-circuito (Isc). No entanto, esses dados não são
muitos utilizados para se obter conhecimento sobre a potência real do módulo.
No ensaio mais completo para determinar as características elétricas de
um módulo fotovoltaico, o módulo é submetido às condições padrões de ensaio e
se utiliza uma fonte de tensão variável para realizar uma varredura entre a tensão
negativa de poucos volts (levando em conta a tensão dos terminais do módulo) até
extrapolar a tensão de circuito aberto do módulo (corrente fica negativa). Durante
a varredura são armazenados pares de informações de tensão e corrente,
produzindo uma curva característica como mostrado na figura 7, sendo que para
cada ponto da curva observada o produto de corrente pela tensão nos dá o dado
de potência gerada para condições de operação.

Figura 7 – Curva característica I-V e curva de potência P-V para um módulo com potência nominal de
100Wp.

Na mesma figura 7 é possível observar uma curva de potência em função


da tensão, que ajuda a identificar o ponto onde é alcançado a potência máxima.
Nesse ponto da curva onde se encontra a potência máxima, é determinado valores
de corrente e tensão especificados, que são chamados de corrente e tensão de
potência máxima (VMP, IMP), denominado esse ponto de ponto de potência máxima
(PMP). Dessa forma, podemos definir a potência máxima como o produto da tensão
de máxima potência (VMP) e a corrente de máxima potência (IMP).
As informações anteriormente citadas com: PMP, VMP, IMP, Voc e Isc são os
cinco principais parâmetros que definem o módulo sob determinadas condições
de radiação, temperatura de operação de célula e massa de ar. O fator de forma
(FF) do módulo é a grandeza que expressa quando a sua curva característica se

28
aproxima de um retângulo no diagrama, essa forma retangular nos mostra a
qualidade das células do módulo.
A definição do FF é mostrada na figura 8.
A

Figura 8 – Definição de fator de forma

A área hachurada simples condiz com o produto Voc x Isc, ou seja, a


potência real do módulo (G.Am), sendo G a irradiação solar e Am a área, tendo
esse valor sempre acima da potência que o módulo pode atingir. A área
duplamente hachurada representa o produto V MP x IMP, ou seja, PMP, isto é, a
potência máxima do módulo.
A equação 2 apresenta o cálculo da eficiência do módulo. Para o módulo
pelas normas técnicas a área inclui a moldura metálica e qualquer parte
construtiva do módulo.

Eq. 2

FATORES QUE AFETAM AS CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS MÓDULOS


De forma análoga com o que acontece com a célula fotovoltaica, o
desempenho do módulo fotovoltaico também é afetado pela irradiância solar e
pela temperatura das células.

29
Efeito da irradiância solar

Com o aumento da irradiância solar, a corrente elétrica que é produzida


pelo módulo aumenta consideravelmente. A corrente de curto-circuito possui um
aumento linear, como observado na figura 9.

Figura 9 – Efeito causado pela variação da irradiância solar sobre a curva característica I-V para um
módulo fotovoltaico de 36 células de silício cristalino (c-Si) a 25°C.

Efeito da temperatura

A incidência diária de radiação solar e a mudança de temperatura


ambiente desenvolve uma variação de temperatura nas células que constituem o
módulo. A figura 10, mostra curvas com uma diversidade de temperaturas de
células, podendo ser observado que há uma queda de tensão significativa com o
aumento da temperatura da célula. Além disso, a corrente passa por uma elevação
muito pequena, sendo incapaz de compensar a perda pela diminuição de tensão.
Para representar o efeito da temperatura nas propriedades dos módulos
é usualmente utilizado os coeficientes de temperatura definidos abaixo:

Figura 10 - Efeito do aumento de temperatura na curva característica I-V do painel solar.

30
Coeficiente (β) de variação da tensão de circuito aberto (Voc) com a
temperatura:

Eq. 3

Onde:
▪ ∆Voc é a variação da tensão de circuito aberto para uma variação

de temperatura de célula ∆T.

▪ Para realizar o cálculo do Voc em uma temperatura pré-

estabelecida, utilizando o coeficiente β, utiliza-se a seguinte

equação 4:

Eq. 4

Este coeficiente β é negativo e, para os módulos c-Si, um valor típico é de -


2,3 mV/célula.°C ou -0,37%/°C, enquanto que para os de a-Si é de -2,8 mV/célula.°C
ou -0,32%/°C2. Alguns fabricantes também informam o coeficiente de temperatura
específico para a VMP, que pode ser denominado βVMP, e que é geralmente maior
do que o β para o Voc. (PINHO; GALDINO,2014)
Abaixo segue o coeficiente de variação da corrente de curto-circuito (α):

Eq. 5

Onde:
▪ ∆Isc é conhecido como corrente de curto-circuito (Isc) com uma

variação de temperatura de célula ∆T, podendo ser utilizado a uma

equação igual à equação 4.

Este coeficiente α é positivo. Um valor típico para o c-Si é de +0,004


mA/cm².°C ou +0,01%/°C, e para o a-Si pode atingir +0,013 mA/cm².°C ou +0,1%/°C.
(PINHO; GALDINO,2014)
A variação da potência máxima (potência de pico) do módulo fotovoltaico
de acordo com a temperatura é dada pelo coeficiente (γ):

31
Eq. 6

Onde:
▪ ∆PMP é a variação da potência máxima do módulo de acordo com

a modificação da temperatura da célula, podendo ser utilizado uma

equação idêntica à equação 7.

Este coeficiente γ é negativo e os valores típicos são de -0,5%/°C para


módulos de c-Si e -0,3%/°C para módulos de a-Si. (PINHO; GALDINO,2014)
A expressão que será demonstrada abaixo tem como principal objetivo
utilizar a definição do ponto de máxima potência para encontrar a variação da
mesma de acordo com a temperatura, utilizando as variáveis IMP e VMP. Para esse
fim, considere o coeficiente de temperatura (α) para a variável Isc e para a I MP
iguais, e que o coeficiente de temperatura V MP é βVMP. Sendo que o coeficiente
deve ser expresso em porcentagem:

Eq. 7

Desenvolvendo a expressão, e desprezando o termo de segunda ordem,


obtém-se:

Eq. 8

Dessa forma podemos escrever uma equação que é capaz de relacionar


os coeficientes de temperatura da célula fotovoltaica utilizada, além de nos
permitir achar o coeficiente βVMP caso não seja fornecido pelo fabricante:

Eq. 9

Os coeficientes antes demonstrados variam de tecnologia para tecnologia


da célula. A referência sobre os coeficientes de temperatura de cada célula pode
ser encontrada nas folhas de dados técnicos fornecidos pelos fabricantes dos
módulos. Os coeficientes β e γ, quando possuem um número pequeno, pode-se
observar que a perda de potência do módulo é muito pequena de acordo com a
temperatura.
Os módulos que possuem uma menor influência da temperatura na
potência de pico é o de a-Si, tendo uma redução desprezível em relação aos outros
módulos. Os módulos de a-Si também possuem uma diferença considerável de

32
fabricante para fabricante nos valores dos coeficientes de temperatura. Para um
cálculo simplificado da temperatura de operação de um módulo fotovoltaico em
determinadas condições ambientais pode-se utilizar a seguinte equação 10.

Eq. 10

Onde:
▪ Tmod (°C) – temperatura do módulo;

▪ Tamb (°C) – temperatura ambiente;

▪ G (W/m2) – irradiância incidente sobre o módulo;

▪ Kt(°C/W.m-2) – coeficiente térmico para o módulo, podendo ser

adotado o valor padrão de 0,03, se não for conhecido.

TEMPERATURA NOMINAL DE OPERAÇÃO


Visto que as condições padrão de ensaio, são geralmente totalmente
diferentes das condições de operações reais, são definidas temperaturas nominais
de operação das células nos módulos, sendo que as características elétricas dessa
forma podem se aproximar das características efetivas.
Cada módulo fabricado possui uma temperatura nominal para suas
células, sendo essa variável adquirida a partir da exposição do módulo em
circuito aberto a uma irradiação de 800W/m2 com temperatura ambiente de
20°C, além da ação de vento incidente com velocidade de 1m/s. É possível
também, adquirir essa informação nas folhas de dados técnicos dos módulos
fotovoltaicos, na qual esse valor é indicado pela sigla NOCT (Nominal Operating
Cell Temperature) e está entre 40 a 80°C.
A NOCT é diretamente ligada às propriedades térmicas e ópticas dos
materiais utilizados na produção do módulo. Por exemplo, quando os módulos
estudados têm os mesmos coeficientes de temperatura (α, β e γ), o que possuir
menor NOCT terá um desempenho elevado em relação aos outros em campo,
visto que o mesmo possuirá perdas muito pequenas relacionadas a temperatura.
A partir da NOCT informada pelo fabricante, pode-se calcular, com auxílio da
equação 11, o coeficiente Kt do módulo.

Eq. 11

Onde:
▪ Kt (°C/W.m²) – coeficiente térmico para o módulo;
33
▪ NOCT (°C) – Nominal Operating Cell Temperature do módulo;

▪ 20 (°C) – temperatura ambiente definida para medida da NOCT;

▪ 800 (W/m²) – irradiância definida para a medida da NOCT;

IDENTIFICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS MÓDULOS


As informações julgadas essenciais são normalmente encontradas na
etiqueta afixada em cada módulo como observado na tabela 1. Dados técnicos
complementares são encontrados nas folhas de dados ou catálogos técnicos dos
módulos, como visto na tabela 2.
Tabela 1 – Dados técnicos que constam na folha de dados do módulo.

34
Tabela 2 – Dados técnicos que não constam na etiqueta do módulo.

A figura 11 a seguir mostra dados reais de um painel de 36 células de fabricação da


Yingli Solar, e a figura 12 mostra dados de um painél de 60 células da Canadian.

Figura 11 - Dados reais de painéis de 36 células. Fonte: Yingli Solar

35
Figura 12 - Dados reais de painéis de 60 células. Fonte: Canadian

REGISTRO INMETRO
Os módulos que são vendidos no Brasil devem ser ensaiados de acordo
com a RAC do Inmetro e possuir um registro que pode ser consultado na página
do Inmetro, além de ter uma etiqueta como mostrado na figura 13.

Figura 13 – Modelo de etiqueta do Inmetro afixada nos módulos. Adaptado de (INMETRO, 2011).

36
A classificação da eficiência energética dos módulos fotovoltaicos (A a E) é
realizada pelo Inmetro seguindo a eficiência do módulo em condições-padrão de
teste, como observado na tabela 3. A portaria 004/2011 do Inmetro engloba essa
questão de etiquetagem da eficiência energética, ela possui como objetivo
estabelecer os critérios do “Programa de Avaliação da Conformidade” para
sistemas e equipamentos de energia fotovoltaica, através do mecanismo da
etiquetagem, para utilização da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
(ENCE), atendendo aos requisitos do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE),
visando à eficiência energética e adequado nível de segurança. A ENCE tem como
propósito informar a eficiência energética e/ou o desempenho térmico de
sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica, definidos nestes requisitos de
avaliação de conformidade, segundo normas brasileiras específicas e/ou
internacionais.

Tabela 3 – Classes de eficiência de módulos fotovoltaicos no Brasil (INMETRO,

2011)

Usualmente a eficiência do módulo é uma característica considerada não


muito importante no projeto do sistema fotovoltaico, com exclusão dos casos
onde existe uma limitação da área disponível para realização da instalação do
painel.

INVERSORES (adaptado de PINHO; GALDINO, 2014)


Um inversor é um dispositivo eletrônico que fornece energia elétrica em
corrente alternada (CA) usando de uma fonte de energia elétrica em corrente
contínua (CC). A energia CC é proveniente, de baterias, células a combustível ou
módulos fotovoltaicos. A tensão CA de saída precisa ter amplitude, frequência e
conteúdo harmônico de acordo com as cargas a serem alimentadas.
Complementarmente, no caso de sistemas conectados à rede elétrica a tensão de
saída do inversor deve ser sincronizada com a tensão da rede.
Há uma grande diferença de tipos de inversores em função das
propriedades de suas aplicações. Várias vezes eles fazem parte de equipamentos
maiores, como no caso de UPS (no-breaks) e acionamentos eletrônicos para

37
motores de indução. Para os sistemas fotovoltaicos, os inversores podem ser
divididos em duas categorias com relação ao tipo de aplicação: SFIs e SFCRs.
Mesmo que os inversores para SFCRs compartilhem os mesmos princípios gerais
de funcionamento que os inversores para SFIs, eles contêm propriedades
específicas para obedecer às exigências das concessionárias de distribuição em
termos de segurança e qualidade da energia injetada na rede.
Os inversores modernos usam chaves eletrônicas de estado sólido e o seu
desenvolvimento está diretamente ligado à evolução da eletrônica de potência,
tanto em termos de componentes (especialmente semicondutores) quanto das
topologias de seus circuitos de potência e controle. Diferente dos primeiros
inversores para uso em sistemas fotovoltaicos que eram apenas adaptações de
circuitos que já existiam, os circuitos mais modernos são desenvolvidos
considerando a complexidade e as exigências de sua aplicação específica. Desta
maneira, no decorrer de poucas décadas, as topologias foram aperfeiçoadas e os
custos de fabricação reduzidos, enquanto que as eficiências de conversão
evoluíram até chegar a valores próximos a 99% em alguns inversores para
conexão à rede elétrica.

CLASSIFICAÇÃO DOS INVERSORES


Dependendo do princípio de operação, os inversores podem ser divididos
em dois grandes grupos: comutados pela rede (comutação natural) e
autocomutados (comutação forçada). A figura 14, ilustra os casos citados.

Figura 14 – Tipos de inversores classificados com o princípio de funcionamento.

38
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS CONVERSORES CC-CA
A figura 15a apresenta o esquema do conversor CC-CA de meia ponte
para um inversor monofásico. Neste circuito, a inversão da polaridade do sinal é
conseguida pelo acionamento alternado das chaves S1 e S2 numa frequência fixa,
que pode ser a frequência de rede elétrica (60 Hz). Como consequência, tem-se
uma tensão alternada aplicada sobre a carga. A forma do sinal de saída deste tipo
de conversor é uma onda quadrada, variando de: –Vcc/2 a +Vcc/2 em 60 Hz.

Figura 15 – Inversor de (a) meia ponte e (b) ponte completa monofásica.

Se ao invés de duas, forem utilizadas quatro chaves, na topologia de


circuito apresentada na figura 15b, tem-se então um conversor CC-CA de ponte
completa para um inversor monofásico. Para uma mesma tensão de entrada, o
conversor de onda completa faz uma saída com o dobro da amplitude do
conversor de meia ponte, variando de –Vcc a +Vcc. Esta topologia permite várias
estratégias de funcionamento, dependendo da forma de acionamento das chaves.
A tensão Vcc representada na figura 15 para alimentação do conversor
CC-CA, corresponde na verdade ao elo de corrente contínua do inversor.
Se as chaves forem acionadas aos pares, de forma alternada e
sincronizada, (S1 e S4, S2 e S3) em uma dada frequência (60 Hz), o sinal de tensão
resultante na saída do conversor será outra vez uma onda quadrada, como a
mostrada na figura 16a. Independentemente de ter como vantagem a
simplicidade, este tipo de acionamento não permite o controle da amplitude nem
do valor eficaz (RMS) da tensão.
O uso de um diferente esquema de chaveamento, no qual os pares S1/S4
e S2/S3 sejam acionados não simultaneamente, mas defasados entre si por um
determinado ângulo (tempo), causa cancelamentos de tensão em certos intervalos
do ciclo. O resultado na saída do conversor é a chamada onda quadrada
modificada, cuja forma de onda está representada na figura 16b.
Neste caso, a tensão RMS de saída pode ser controlada pelo ângulo de
defasagem no disparo dos dispositivos de chaveamento e a forma de onda

39
apresenta menor distorção harmônica, tornando-se um pouco mais assemelhada
a uma senóide. O valor eficaz da componente fundamental (60 Hz) da tensão de
saída da onda senóide modificada é dado, neste caso, pela equação 12.

Figura 16 – Possíveis formas de onda da tensão de saída de um conversor c.c-CA de ponte completa:
(a) onda quadrada, (b) onda quadrada modificada (c) 3 pulsos e (d) modulação por largura de pulso
PWM.

Eq. 12

40
Onde:
▪ Vrms (V) – tensão eficaz da componente fundamental;

▪ Vcc (V) – tensão cc da entrada;

▪ T (s) – período da senóide (1/60);

▪ tc (s) – período de bloqueio (intervalo entre os pulsos ou tempo

com tensão zero), cuja variação permite o controle da tensão de

saída (ver figura 16b).

As saídas dos inversores de onda quadrada, assim como os de onda


senoidal modificada, possuem um alto nível de distorção harmônica. A atenuação
desses harmônicos geralmente é feita através de filtros, que, além de caros,
complexos e volumosos, normalmente consomem muita potência, prejudicando a
eficiência do inversor. Por isso, a utilização de inversores de onda quadrada e
senóide modificada, que são do tipo denominado monopulso, é limitado a
aplicações em SFIs e, mesmo assim, para alimentação de cargas não críticas.
A figura 16c mostra, como exemplo, uma hipotética forma de onda com 3
pulsos por semiciclo. Na prática, nas aplicações nas quais a eficiência na conversão
e a qualidade da energia são fatores determinantes, são utilizados os inversores
multipulsos, com formas de onda como a mostrada na figura 16d com 14 pulsos
por semiciclo.
Nos conversores CC-CA de inversores modernos, a estratégia de controle
mais usada é a PWM. Apesar de existirem vários esquemas PWM, todos eles
baseiam-se no acionamento dos dispositivos de chaveamento a uma frequência
constante (dezenas ou centenas de kHz), porém com um ciclo de trabalho (razão
entre o tempo de condução e o período) variando durante o semiciclo
proporcionalmente ao valor instantâneo de um sinal de referência. Iniciando com
pulsos estreitos quando a amplitude da senóide de referência é baixa e,
naturalmente, os pulsos vão se alargando conforme o valor instantâneo da
senóide de referência aumenta.
A figura 17 explica detalhadamente a implementação de uma das
possíveis estratégias de PWM, chamada chaveamento bipolar. Na figura 17a
observa-se que o controle do chaveamento é feito pela comparação de uma
tensão de referência (Vcaref), que é uma senóide na frequência da rede (60 Hz),
com um sinal triangular (Vtri) de frequência muito superior, ambas geradas
internamente no conversor CC-CA As duas formas de onda podem ou não ser
sincronizadas e as relações entre suas freqüências e amplitudes controlam os
parâmetros da saída. Quando a tensão de referência tem valor superior à onda
triangular, então são postas em condução as chaves S1/S4, enquanto que S2/S3
permanecem em bloqueio, aplicando assim uma tensão positiva (+Vcc) na carga.

41
Nos momentos em que a tensão de referência é inferior à da onda triangular, os
estados das chaves são invertidos e a carga recebe tensão negativa.

Figura 17 – Estratégia de controle PWM para um conversor CC-CA – tensões de controle VcaREF e Vtri(a)
e tensão na saída Vcarga (b).

Depois de uma filtragem adicional com filtro passa-baixa para retirar as


componentes harmônicas de alta frequência, o sinal de saída é praticamente
senoidal.
Além de baixa THD, os inversores PWM também possuem elevada
eficiência e uma excepcional regulação da tensão de saída. Esses dispositivos são
indicados para equipamentos eletrônicos sensíveis. Comparados com inversores
de onda quadrada, tem custo mais elevado como resultado da maior
complexidade dos circuitos.

CARACTERÍSTICAS DOS INVERSORES


A forma da onda usualmente indica a qualidade e o custo do inversor.
Conforme visto anteriormente, ela depende do método de conversão e filtragem
utilizado para acabar com os harmônicos indesejáveis resultantes da conversão.
Outro aspecto que determina a qualidade dos inversores é a sua eficiência
de conversão. Nos inversores a eficiência não é constante e seu valor depende da
potência demandada pelos equipamentos de consumo (carga), e também de seu
fator de potência. Os fabricantes costumam anunciar a eficiência na carga
nominal, mas nem sempre enfatizam o fato de que sob cargas parciais seus
dispositivos apresentam baixas eficiências. Para os usuários de sistemas com

42
necessidades variáveis de potência, altas eficiências em cargas parciais são
importantes.
Um parâmetro importante a ser considerado em um inversor para SFI,
especialmente para sistemas tipo SIGFI, é a potência que o dispositivo consome
em condições de espera (standby). A economia de energia em modo de espera
pode diminuir a capacidade de geração fotovoltaica necessária na etapa de
dimensionamento do projeto e, como consequência, reduzir o custo de aquisição
do sistema com um todo. O valor máximo de corrente de autoconsumo de
inversores para SFIs admitido no RAC para ensaio do Inmetro é de 3% da corrente
consumida em carga nominal, em toda a faixa de tensão de entrada.
Alguns inversores, seja para SFIs ou para SFCRs, podem ter limitações de
potência quando em operação em temperaturas ambientes elevados.
Outra característica primordial é de que um inversor para SFIs deve
tolerar surtos de corrente que acontecem, por exemplo, na partida de motores
elétricos, os quais podem exigir valores mais de 10 vezes superiores à corrente
nominal do motor em curtos períodos de tempo, antes de entrar em regime
normal de trabalho. Alguns modelos de inversores conseguem tolerar altas
potências de surto, como por exemplo duas vezes a potência nominal em 1
minuto ou três vezes a potência nominal em 5 segundos. A potência de surto
suportada pelo equipamento varia inversamente com o tempo de duração do
surto.
Exemplificando, a tabela 4 abaixo mostra as especificações reais de um
certo equipamento de potência nominal de 5.000 W, em relação a potência de
surto e temperatura de operação, extraídas das folha de dados técnicos do
fabricante.

Tabela 4 – Exemplo de especificações de potência de pico e de limitações térmicas da potência de um


inversor.

Alguns modelos de inversores para SFIs permitem a operação em paralelo


de mais de uma unidade e/ou podem ser integrados para criar circuitos bifásicos
ou trifásicos.
Para especificar um inversor é necessário primeiro considerar qual é o
tipo de inversor: inversor de bateria, para SFI, ou inversor para SFCR. Os
parâmetros a serem especificados são: a tensão de entrada CC e a tensão de saída
CA, faixa de variação de tensão aceitável, potência nominal, potência de surto,
frequência, forma de onda e distorção harmônica (THD), grau IP de proteção,

43
temperatura ambiente e umidade do local da instalação além das certificações e
tempo de garantia desejados.
As características a serem observadas nas especificações de um inversor
fotovoltaico são apresentadas a seguir:
▪ Forma de onda e Distorção harmônica: a forma de onda da tensão CA

produzida deve ser a senoidal pura. A distorção harmônica total (THD)

precisa ser inferior a 5% em qualquer potência nominal de operação.

▪ Eficiência na conversão de potência: a eficiência é a relação entre a

potência de saída e a potência de entrada do inversor. Nas especificações

fornecidas pelos fabricantes há referência, usualmente, apenas à eficiência

máxima. Entretanto, deve-se ter em conta que as variações na potência de

entrada e saída, o fator de potência da carga, e outros fatores influenciam

negativamente na eficiência do inversor. A eficiência dos inversores varia,

geralmente, na faixa de 50 a 95 %, podendo diminuir quando estão

funcionando abaixo da sua potência nominal. Quando operando alguns

motores, a eficiência real pode ser inferior a 50 %. Na figura 18 são

mostradas algumas curvas de eficiência de inversores para uso em SFIs.

Segundo os critérios especificados no RAC para ensaios de equipamentos

fotovoltaicos do Inmetro (INMETRO, 2011), a eficiência do inversor isolado

deverá ser superior a 80% na faixa de operação entre 10% e 50% da potência

nominal e igual ou superior a 85% na faixa entre 50% e 100% da potência

nominal. Atualmente, tem-se no mercado inversores que apresentam

eficiências bastante altas, o que permite especificações de níveis superiores a

pelo menos 85 e 90%, respectivamente. (PINHO; GALDINO, 2014)

44
Figura 18 – Curvas de eficiência para cargas resistivas de alguns inversores para uso em sistemas
fotovoltaicos isolados.

▪ Potência nominal de saída: indica a potência que o inversor pode prover à

carga em regime contínuo. Num sistema isolado, o inversor deve ser

especificado para fornecer uma potência sempre superior às necessidades

máximas das cargas conectadas, considerando um aumento momentâneo

da demanda de potência. Para sistemas isolados tipo SIGFI é recomendável

escolher uma potência nominal que seja próxima à potência total necessária

para alimentar as cargas e que esteja próxima a uma das classificações

citadas na RN 493/2012 (ANEEL, 2012a). Para aplicação em MIGDIs

recomenda-se utilizar um fator de diversidade que será tanto maior quanto

menor for o número de unidades consumidoras a serem atendidas. Para os

SFCRs, a potência do inversor está associada à potência do painel

fotovoltaico utilizado. (PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Potência de surto: indica a capacidade do inversor em exceder sua potência

nominal por certo período de tempo. Aplica-se somente aos inversores para

sistemas isolados. Deve-se determinar as necessidades de surtos para cargas

específicas. Como já citado anteriormente, algumas cargas CA, quando

acionadas, necessitam de uma corrente elevada de partida por um curto

período, para entrarem em operação. (PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Taxa de utilização: é o número de horas que o inversor poderá fornecer

energia operando com potência nominal. (PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Tensão de entrada: é a tensão CC do inversor. Conforme já mencionado, os

valores mais utilizados em SFIs no Brasil são 12V, 24V e 48 V, normalmente

fornecidos por baterias, e devem ser compatíveis com os requisitos de

entrada do inversor. A tensão de entrada do inversor deve ser especificada

tanto maior quanto maior for a potência demandada pelas cargas ao sistema

fotovoltaico, a fim de se manter as correntes CC em níveis aceitáveis. Quando

a bateria se descarrega e a tensão CC do sistema cai abaixo de um valor

mínimo especificado, o inversor pode ser capaz de desconectar a carga

automaticamente, fazendo a função LVD do controlador de carga. Nos


45
inversores para SFCRs, os requisitos relacionados à tensão de entrada do

inversor devem ser sempre atendidos pela associação em série/paralelo de

módulos. (PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Tensão de saída: é regulada na maioria dos inversores, e sua escolha nos

sistemas isolados depende da tensão de operação das cargas. No Brasil,

dependendo da região ou cidade são usados os valores de 127 ou 220 V,

sempre na frequência de 60 Hz. A regulamentação Aneel exige que os

inversores para SIGFIs operem na tensão de distribuição adotada na região.

Quanto aos inversores para SFCRs, a regulamentação específica que devem

operar em BT para potências de até 75 kW, enquanto que para potências

superiores até 1MW, a injeção deverá ser feita na MT de distribuição (13,8kV).

(PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Regulação de tensão: indica a variação de amplitude permitida na tensão de

saída CA Os melhores inversores produzem uma tensão de saída

praticamente constante para uma ampla faixa de cargas. As variações na

tensão de saída devem estar de acordo com os limites estabelecidos pela

Aneel-PRODIST e devem considerar a queda de tensão no circuito de

distribuição de energia. (PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Frequência da tensão de saída: indica a frequência da tensão CA de saída

do inversor. Os aparelhos elétricos convencionais usados como cargas CA no

Brasil são fabricados para operar na frequência de 60Hz. Alguns tipos de

equipamentos, como relógios e timers eletrônicos, necessitam de uma

cuidadosa regulagem de frequência para não apresentarem perda de

desempenho, o que deve ser atendido pelos inversores em SFIs. (PINHO;

GALDINO, 2014)

▪ Fator de potência: as cargas mais comuns, em sistemas residenciais, são

indutivas com o fator de potência podendo chegar a 0,5. Os melhores

inversores são projetados para compensarem as cargas indutivas e

manterem o fator de potência próximo de 1, o que maximiza a transferência

de potência para a carga. É desejável que a carga tenha um fator de potência

elevado, uma vez que isto reduz a corrente necessária para qualquer nível de

46
potência. O inversor deve ter um fator de potência nominal compatível com

o fator de potência desejado para as cargas. Se os fatores de potência das

cargas não forem incluídos em suas especificações, eles poderão ser obtidos

do fabricante. (PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Consumo de potência sem carga (consumo permanente, autoconsumo,

consumo em standby): é a quantidade de potência que o inversor utiliza,

mesmo quando nenhuma carga está sendo alimentada. Para reduzir o

autoconsumo, alguns inversores monitoram continuamente a sua saída,

detectando se alguma carga está sendo usada e passam a operar

efetivamente apenas a partir do momento em que uma carga é detectada.

(PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Modularidade: em alguns sistemas, o uso de múltiplos inversores é muito

vantajoso. Alguns modelos de inversores podem ser conectados em paralelo

para operarem diferentes cargas. Algumas vezes é fornecido um

chaveamento de carga manual para permitir que o inversor possa atender às

cargas críticas em caso de falha. Esta característica aumenta a confiabilidade

do sistema. (PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Temperatura e umidade do ambiente: Devem ser citadas a temperatura

ambiente máxima do local da instalação na qual se requer a potência

nominal do inversor, pois a temperatura de operação do mesmo afeta sua

eficiência. Deve ser sempre especificada dissipação de calor por convecção

natural (sem partes móveis, como ventoinhas, pois estas, além de

consumirem energia, requerem maior manutenção), e o local de instalação

deve possuir ventilação adequada. Além disso, deve também ser citada a

umidade relativa do ambiente e solicitada proteção adequada quanto a este

quesito (por exemplo, isolamento de resina do circuito eletrônico). (PINHO;

GALDINO, 2014)

▪ Compatibilidade eletromagnética: uma vez que efetuam chaveamento em

alta frequência, os inversores podem ser elementos geradores de

interferência eletromagnética capaz de prejudicar outros equipamentos

eletrônicos e, principalmente, de telecomunicações. Os inversores para

47
SFCRs dotados do selo CE mantém (filtragem, blindagem) os níveis de

emissões abaixo dos valores máximos estabelecidos pelas normas europeias

de EMC. (PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Grau de proteção: O grau de proteção IP (Ingress Protection) classifica e

avalia o grau de proteção de pessoas contra o contato a partes energizadas

sem isolamento; de proteção contra o contato as partes móveis no interior

do invólucro e proteção contra a entrada de corpos estranhos (Incluindo

partes do corpo como mãos e dedos) e o grau de proteção contra entrada de

poeira e contato acidental com água em carcaças mecânicas e invólucros

elétricos. O grau de proteção IP a ser especificado varia de acordo com o

ambiente onde o inversor será instalado, se abrigado ou não. Normalmente,

para ambientes desabrigados se estabelece IP54 ou melhor e para

ambientes abrigados IP20 ou melhor. (PINHO; GALDINO, 2014)

▪ Proteções: As principais proteções apresentadas pelos inversores para

sistemas fotovoltaicos isolados são:

▪ Sobretensão na entrada CC: um inversor pode ser danificado se o

nível de tensão de entrada (CC) for excedido. A maioria dos inversores

têm sensores que o desconectam da bateria se os limites de tensão

especificados forem excedidos.

▪ Inversão de polaridade na entrada CC

▪ Curto circuito na saída CA

▪ Sobrecargas e elevação de temperatura: recomenda-se incluir

controles capazes de desligar a unidade, para impedir danos, se as

cargas impostas ao inversor excederem sua capacidade máxima ou se

a temperatura de operação do inversor exceder o seu limite. É

recomendável que a proteção seja eletrônica e que tente reenergizar o

sistema algumas vezes antes de desligar o inversor definitivamente

(neste caso é necessária uma religação manual). Isto evita que o

sistema fique desligado devido a problemas transitórios. (PINHO;

GALDINO, 2014)

48
INVERSORES PARA SISTEMAS CONECTADOS À REDE
Uma possível classificação de tipos de inversores para SFCRs é a
apresentada a seguir.

Inversores Centrais

Inversores trifásicos de grande porte, com potência numa faixa que vai de
centenas de kWp até MWp, utilizados em Usinas Fotovoltaicas (UFVs), conforme
ilustrado na figura 19. (PINHO; GALDINO, 2014)

Figura 19 - Diagrama de Inversores Centrais

Inversores Multistring

Inversores trifásicos ou monofásicos dotados de várias entradas


independentes de MPPT’s para conexão de strings de módulos, ver figura 20. São
adequados a instalações urbanas (telhados, fachadas) nas quais cada string pode
estar submetida a diferentes condições de irradiância e/ou sombreamento. Tem
potência na faixa de dezenas de kWp. (PINHO; GALDINO, 2014)

Figura 20 - Inversor com Múltiplos MPPTs

Inversores de String

49
inversores monofásicos dotados de apenas uma entrada MPPT,
adequados a instalações de microgeração (até 15kWp), conforme figura 21.
(PINHO; GALDINO, 2014)

Figura 21 - Inversor com único MPPT

Microinversores (Módulo CA)

O módulo fotovoltaico CA é constituído por um conjunto integrado


módulo/inversor, cujos terminais de interface são unicamente CA, sem acesso ao
lado CC. Podem ser conectados em paralelo (ver figura 22) para aumento da
potência e são direcionados a instalações de pequeno porte (micro e minigeração
distribuída). (PINHO; GALDINO, 2014)
Dentre as vantagens do microinversor pode-se citar:
● Sistema modular a partir de 1 painel
● Otimização e monitoramento individual dos painéis
● Maior segurança em Corrente Alternada (AC)
● Facilidade de projeto e dimensionamento
● Flexibilidade em caso de manutenção

Figura 22 - Microinversor ou Módulo CA

50
EFICIÊNCIA DOS INVERSORES
Os inversores para SFCRs normalmente efetuam MPPT em suas entradas
CC como uma forma de eficientização.
A eficiência de um inversor para conexão à rede pode ser expressa pela
equação 13, equação 14 e equação 15.

Onde:
▪ PCC (W) – potência instantânea c.c na entrada do inversor;

▪ PCA (W) – potência instantânea c.a na saída do inversor;

▪ PMP (W) – potência instantânea máxima do painel fotovoltaico nas condições

de temperatura e irradiância vigentes;

▪ ηconv (%) – eficiência de conversão do inversor, o que inclui as perdas nos

circuitos, no transformador, nos componentes de chaveamento etc.;

▪ ηmppt (%) – eficiência do inversor no seguimento do ponto de máxima

potência;

▪ ηtot (%) – eficiência total do inversor;

As eficiências totais destes inversores para conexão à rede podem atingir


valores de 98% para circuitos sem transformador e 94% para inversores com
transformador. Estas eficiências declaradas pelos fabricantes normalmente se
referem à eficiência máxima, que se verifica justamente para determinada
condição de carga.
Querendo permitir e facilitar a comparação entre diferentes inversores
com base na sua eficiência, criou-se a eficiência europeia. É uma média ponderada
da eficiência do inversor para várias condições de carregamento, de acordo com
uma distribuição determinada para o clima europeu (Alemanha), segundo a
equação 16.

Eq. 16

51
O valor ηx% corresponde à eficiência do inversor para um carregamento
de x%, ao mesmo tempo que os coeficientes (0,03; 0,06; 0,13; etc.) denotam as
frações de tempo que o inversor é esperado funcionar naquela condição de
carregamento. Grande parte dos fabricantes fornece a eficiência europeia nos
dados técnicos dos inversores.
Nesta mesma filosofia, no estado da Califórnia (EUA) foi também definida
a eficiência californiana, de acordo com a equação 17. A eficiência californiana é
considerada mais próxima às condições brasileiras, mas a maioria dos fabricantes
não a fornece.

Eq. 17

CABEAMENTO
A escolha da bitola dos condutores normalmente é determinada de
acordo com o limite de queda tensão, além de considerar se o sistema é de
corrente contínua ou alternada e as tensões nominais de operação. É comum a
utilização da NBR 5410 e/ou programas para a realização da escolha da bitola do
cabeamento, sendo que esses métodos indicam a bitola que melhor se adapta aos
condutores em função do comprimento do ramal, da tensão nominal e do nível de
perdas. De forma alternativa se utiliza a equação 18, para encontrar a seção
mínima de condutor S, necessária para uma instalação em corrente contínua.

Onde:
▪ ρ - resistividade do material do condutor, geralmente cobre;

▪ d - distância total do condutor, considerando o trecho de retorno (ida e

volta);

▪ I - Corrente que passa pelo condutor;

▪ ΔV - queda de tensão tolerada no cabeamento para o trecho analisado.

Nos sistemas fotovoltaicos é comum utilizar condutores de cobre, material


que a 20 oC que possui uma resistividade em um valor de 0,01724 Ωmm2/m e
coeficiente e variação com temperatura de 0,0039 /oC, tais informações nos

52
permite determinar a influência da temperatura na resistividade do material. Os
dados reais desse tipo de material são obtidos na documentação do respectivo
fabricante.
Os cabos (ver figura 23) precisam ser preparados para aguentar as
mudanças climáticas, pois estarão expostos a uma intensa radiação, calor, frio e
chuva por um longo período de tempo. É recomendado que o dimensionamento
de cabos seja de acordo com a temperatura efetiva de trabalho e que o método
escolhido para proteção dos condutores utilize o fator de correção da temperatura
contido na NBR 5410. Além do mais, o material utilizado para a proteção e
isolamento do condutor precisa ter uma alta resistência as condições climáticas,
especialmente à radiação ultravioleta.

Figura 23 - Cabos projetados para uso em sistemas fotovoltaicos – Fonte: Conduspar

Em sistemas conectados à rede é possível observar uma faixa extensa de


tensão CC. A utilização de tensões maiores ou menores é relacionado ao fato do
tipo de inversor utilizado, sendo implicado algumas vantagens e desvantagens em
relação a instalação, proteção e principalmente a redução de perdas em CC.
Quando existem baixos níveis de tensões CC, tal sistema é mais seguro e
apropriado para baixas potências. No entanto, quanto maior o valor de tensão de
entrada do inversor, mais simples é a instalação do sistema, sendo que os
inversores são mais compactos e também mais eficientes. É importante ressaltar
que a elevação do nível de tensão CC demanda cautela, tanto na instalação quanto
na operação. Nos dias de hoje, as faixas de tensão CC mais utilizadas nos
inversores variam entre 100 e 1000 volts, dependendo diretamente do tipo e o
porte do sistema, e além disso o cabeamento deve ter o isolamento apropriado ao
nível de tensão para que seja evitado futuros problemas.

53
CAIXA DE CONEXÕES
Os módulos geralmente possuem uma caixa de conexões, onde são
encontrados os diodos de desvio (By-pass) e as conexões dos conjuntos de células
em série. A figura 24 mostra o funcionamento do diodo de desvio e a figura 25 nos
mostra o interior de uma caixa de conexões de um módulo constituído por 60
células e um diagrama que mostra a posição dos diodos de desvio. No módulo
observado, cada diodo de desvio está conectado a 20 células em série.

Figura 24 - No esquema vê-se (a) uma série de seis células (em curto-circuito), das quais uma está
parcialmente sombreada. (b) Isto tem efeitos dramáticos na curva I-V desta string. (c) Os diodos de
desvio podem resolver o problema do sombreamento parcial.

Em alguns casos, os módulos não possuem caixas de conexões ou ela não


é acessível, sendo assim os cabos saem direto do módulo laminado ou de uma
caixa lacrada.

Figura 25 – Caixa de conexões de um módulo, com 36 células em série (18 para cada diodo).

54
TERMINAIS
Os cabos terminais dos módulos fotovoltaicos precisam ter um
isolamento adequado para a máxima tensão do sistema e também seja capaz de
aguentar condições climáticas desfavoráveis, como vento forte, chuva torrencial,
tempestade.
Nos módulos que são conectados à rede, sendo esses módulos
considerados mais modernos que os demais, são fornecidos com cabos pré-
instalados, possuindo um comprimento adequado para a conexão do módulo em
série com outro. Usualmente, os cabos são dotados de um sistema de engate
rápido, para uma conexão de qualidade, além de facilitar a instalação do mesmo.
A figura 26 mostra os conectores de engate rápido.

Figura 26 – Conectores de engate rápido MC4 para conexão série de módulos fotovoltaicos.

Esse tipo de conector deve ter um grau de proteção IP 67 ou superior e


não podem ser colocados em canaletas ou dutos que tenham a possibilidade de
acumular água. Os cabos também não podem ficar expostos ao vento excessivo. O
melhor posicionamento dos cabos é quando ele é preso à estrutura do painel com
auxílio de braçadeiras apropriadas.

ESTRUTURAS E TELHADOS
Muitas vezes, o local mais conveniente e apropriado para colocar o gerador
fotovoltaico está no telhado do edifício. As placas fotovoltaicas podem ser
montadas acima e/ou paralela à superfície do telhado com um certo afastamento
para fins de ventilação, conforme figura 27. Em alguns casos, como em telhados
planos, uma estrutura separada com um ângulo de inclinação mais ideal é
montada no telhado, também mostrada na figura 27.

55
Figura 27 - Exemplos de montagem: à esquerda, montagem paralela ao telhado e à direita,
montagem em ângulo diferente da do telhado.

A montagem adequada da estrutura para fixação no telhado pode exigir


horas extensas de trabalho. Deve ser dada especial atenção à estrutura do telhado
e às vedações existentes no telhado para não serem danificadas.
Antes da instalação, é sempre importante ter o telhado vistoriado por um
engenheiro para verificar as condições da estrutura (para segurança dos
instaladores) e o limite de peso que a esta suporta e, caso necessário, a estrutura
do telhado deverá ser melhorada para lidar com o peso adicional do sistema
fotovoltaico.
Para novas construções, os suportes geralmente são fixados após a trama
do telhado ser montada e antes da instalação das telhas. A equipe responsável
pela montagem das placas fotovoltaicas normalmente instalam os suportes,
conforme ilustra a figura 28. Cada tipo de cobertura requer um suporte específico.

Figura 28 - Exemplo de suporte para telhas cerâmicas.

56
MONITORAMENTO
O primeiro lugar que a maioria dos proprietários olham para avaliar o
desempenho de seu sistema fotovoltaico conectado à rede é na fatura de energia
elétrica. No entanto, a análise das faturas não mostram o panorama geral do
sistema, uma vez que as concessionárias fornecem apenas os dados líquidos que
elas medem, i.e., a quantidade de energia elétrica consumida da rede e a
quantidade que o sistema exportou para a rede.
Assim, como a fatura não mostra a quantidade de energia que a
instalação consumiu oriunda do sistema fotovoltaico, não é possível determinar a
quantidade de energia total que seu sistema fotovoltaico produziu. Entretanto,
estas e outras informações podem ser obtidas com soluções de monitoramento
de dados dos fabricantes de inversores e/ou de terceiros.

Monitoramento via inversores


Para alguns, o display básico de um inversor é informativo o suficiente. É
fácil acessar diretamente na frente do inversor e fornece um nível básico de
monitoramento, que geralmente inclui saída de energia instantânea, produção
diária de energia e produção total de energia atualizada. Dependendo do inversor,
as leituras também podem incluir características de tensão da rede elétrica e
tensão do arranjo fotovoltaico. Os proprietários do sistema podem visualizar essas
informações à vontade, apenas verificando a exibição do inversor.
As opções de exibição remota oferecidas com alguns inversores podem
fornecer a mesma informação básica de desempenho do sistema em app,
permitindo que os proprietários acessem os dados em seus celulares. Um
exemplo de monitoramento no local sem fio é da fabricante Fronius que exibe
gráficos simples que ilustram os dados, como potência instantânea; tensões e
correntes CC e CA; energia produzida diária, anualmente e total; o valor em reais
da energia produzida etc.

Data Loggers e monitoramento via web


Fabricantes de inversores fornecem soluções de registro de dados que
podem ser armazenados sem a necessidade de um PC conectado o tempo todo
aos inversores, através de registradores de dados (data loggers) e alguns
fabricantes até oferecem monitoramento de dados on-line usando portais
desenvolvidos para essa finalidade. Assim, proprietários de sistemas FV,
instaladores e fabricantes de equipamentos podem monitorar o desempenho do
sistema a partir de qualquer dispositivo conectado à Internet. Alguns pacotes
podem até enviar e-mails automatizados para o instalador e/ou proprietário do
sistema em caso de falhas. Se o sistema tiver múltiplos inversores ou

57
monitoramento a nível de strings, é possível receber avisos de discrepâncias nas
saídas de energia.
Como dito anteriormente, para esta coleta de dados, é necessário um
registrador de dados e um hardware de comunicação, que pode ser instalado
internamente no inversor ou simplesmente conectado ao inversor via
cabeamento. Esses sistemas aprimorados de gerenciamento de dados geralmente
oferecem complementos, como sensores para medir a irradiância, a temperatura
do módulo e os dados do vento e estas informações também podem ser
acessadas através da Internet, conforme ilustra a figura 29.

Figura 29 - Sensor Box da Fronius oferece além dos registros de dados, a coleta de irradiância, a
temperatura do módulo e ambiente e dados de vento e umidade.

Este nível de monitoramento de dados raramente é necessário para


sistemas de pequena escala, mas pesquisadores, “loucos por dados” e
proprietários de grandes sistemas fotovoltaicos apreciam ter essa capacidade para
avaliar completamente o desempenho do sistema.

REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL-CRESESB, 2014.
PORTAL SOLAR (Rafael Pereira). O QUE É GERAÇÃO DISTRIBUÍDA – GD. 2016.
Disponível em: < http://www.portalsolar.com.br/o-que-e-geracao-distribuida.html
>. Acesso em: 20 de junho 2017.
[2] BRASIL. Rodrigo Lima Nascimento. Consultoria Legislativa. Energia solar no
Brasil: Situação e Perspectivas. Brasília: Estudo Técnico, 2017.
[3] IDEAL INSTITUTO. Potencial solar no Brasil. 2017. Disponível em:
<http://americadosol.org/potencial-solar-no-brasil/#toggle-id-1>. Acesso em: 12
jun. 2017.
[4] MOREIRA, José Roberto Simões (Org.). Energias renováveis, geração
distribuída e eficiência energética. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

58
4 . PROTEÇÕES ELÉTRICAS

INTRODUÇÃO
Uma proteção projetada, instalada e utilizada adequadamente pode
evitar e/ou minimizar algumas falhas que podem ocorrer. Nos dias atuais os
componentes dos sistemas fotovoltaicos estão mais tecnológicos, assim,
geralmente, já possuem um sistema de proteção integrado. Como exemplo, é
obrigatório encontrar em inversores para sistemas fotovoltaicos conectados à
rede (SFCR) dispositivos de anti-ilhamento, isto é, dispositivos que evitam o
funcionamento do sistema solar quando, por exemplo, algum defeito elétrico (na
rede da concessionária) é detectado evitando que o sistema solar continue
operando nessas condições. Além disso, é recomendado a instalação de
dispositivos como os disjuntores, fusíveis, DPS, sistemas de aterramento e SPDA.
(PINHO; GALDINO, 2014).

DISJUNTORES
É o dispositivo capaz de interromper um circuito, ao comando do
operador ou automaticamente, quando percorrido por níveis de corrente
superiores à sua corrente nominal, sem que dessa interrupção lhe advenha dano.
Os disjuntores de baixa tensão contém, basicamente, dois sistemas de
proteção. O primeiro opera para correntes de sobrecarga, é uma lâmina
bimetálica em série com o circuito, e se curva quando a corrente que a atravessa
supera a corrente nominal, fazendo com que o disjuntor desarme. O segundo
opera apenas quando elevadas correntes de curto-circuito atravessam o disjuntor
excitando um dispositivo magnético (solenóide) interno, fazendo com que o
disjuntor desarme. Ver figura 1.

Figura 1 - Disjuntor termomagnético. (1) Lâmina bimetálica e (2) Disparador magnético [solenoide].

59
A curva tempo-corrente de um disjuntor de baixa tensão apresenta um
declive, isto é, um trecho de característica inversa (quanto maior a corrente menor
o tempo de atuação) e após, uma forte queda indicando a operação do sistema de
proteção magnético, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 - Curvas características de atuação

Para aumentar a capacidade disruptiva do disjuntor há, em seu interior,


uma câmara de extinção de arco que se presta a confinar, dividir e extinguir o arco
elétrico formado entre os contatos do disjuntor imediatamente após a abertura
mecânica dos contatos.
As principais características nominais são:
▪ Tensões nominais – Os disjuntores são caracterizados pela tensão nominal

de operação, ou tensão nominal de serviço (Ue) e pela tensão nominal de

isolamento (Ui)

▪ Correntes nominais – A corrente nominal (In) de um disjuntor é a corrente

ininterrupta nominal (Iu) e tem o mesmo valor da corrente térmica

convencional ao ar livre. A norma IEC 60898 considera 30°C como

temperatura ambiente de referência e indica os seguintes valores

preferenciais de In: 6, 10, 13, 16, 20, 25, 32, 40, 50, 63, 80, 100 e 125A.

▪ Corrente convencional de atuação – É o valor especificado de corrente que

provoca a atuação do dispositivo dentro do tempo convencional que é de

uma hora para disjuntores abaixo de 63A e de duas horas para os acima de

63A.

60
Tabela 1 - Tempo de atuação de disjuntores

Intensidade de Corrente Tempo de Atuação


t 1h (In 63A)
1,13 In
t 2h (In > 63A)
t < 1h (In 63A)
1,45 In
t < 1h (In > 63A)

▪ Disparo instantâneo – A IEC 60898 define, para o disparo instantâneo, em

geral magnético, as faixas e atuação B, C e D ilustradas na Figura 2.

Curva B: tem como característica principal o disparo instantâneo para

corrente entre 3 a 5 vezes a corrente nominal. Sendo assim, são aplicados

principalmente na proteção de circuitos com características resistivas ou

grandes distâncias de cabos envolvidas. Exemplos: lâmpadas

incandescentes, chuveiros, aquecedores elétricos, etc.

Curva C: tem como característica o disparo instantâneo para correntes entre

5 a 10 vezes a corrente nominal. Sendo assim, são aplicados para proteção

de circuitos com cargas indutivas. Exemplos: lâmpadas fluorescentes,

geladeiras, máquinas de lavar, etc.

Curva D: disparo instantâneo para correntes entre 10 a 20 vezes a corrente

nominal.

FUSÍVEIS
Os fusíveis têm “basicamente” as mesmas funções dos disjuntores,
embora operem normalmente contra curto-circuito podem atuar contra
sobrecargas também. Em ambos os casos, depois de atuando é necessário trocá-
lo. O seu funcionamento é da seguinte forma: com a elevação da corrente ocorre
uma fusão de um elemento elo fusível, ou seja, a energia elétrica se transforma
em energia térmica, esse fenômeno é denominado efeito Joule. O material do elo
fusível é escolhido, levando-se em consideração, as temperaturas de fusão das
ligas de cobre com o alumínio, pois são os materiais mais utilizados para a
fabricação de condutores. (SIEMENS, 2009)

61
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS (DPS)
Os DPS são usados na proteção contra elevações repentinas de tensão
(surtos). São, usualmente, dispositivos de impedância não-linear que em condições
normais de operação possuem uma impedância muito elevada, evitando assim a
sua interferência no circuito. Na presença de surtos de tensão, o dispositivo reduz
a sua impedância criando um caminho preferencial para controlar a corrente de
surto, evitando danos nos equipamentos conectados a jusante.
Dentre as características mais importantes para se observar nos DPS
estão: Máxima tensão de serviço contínuo da linha (Uc); Tensão de proteção do
DPS (Up); Máxima tensão que o equipamento a ser protegido suporta (Uw);
Corrente nominal do DPS (In); Corrente subsequente da fonte (If) e Máxima
corrente subsequente que o DPS consegue interromper (Ifi).
Existem três classes de DPS:
Classe 1: DPS’s da classe 1 são capazes de proteger os sistemas contra
sobretensões e contra altas correntes de surto, podendo ser provocados por
descargas elétricas (raios) diretas ou indiretas. (FINDER, 2012)
Classe 2: São para proteção contra descargas indiretas. Geralmente
usados em residências, construções comerciais pequenas, na maioria das vezes
protege contra tensões de manobra e ou também para auxiliar o de classe 1. São
comumente instalados em quadros de distribuição. (FINDER, 2012)
Classe 3: Os DPS’s da classe 3 são a combinação da classe 1 com a 2 e é
normalmente utilizada no interior de edificações, imediatamente a montante do
equipamento a ser protegido. (PAULINO et al., 2016)

DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CC
Os dispositivos utilizados para proteger a parte de corrente contínua são
os fusíveis, disjuntores (figura 3), chaves seccionadora, DPS e caixa de combinação
ou de junção.

62
Figura 3 - Disjuntores CC da schneider para uso em Sistemas fotovoltaicos

Fusíveis

Como dito no tópico anterior, os fusíveis servem para proteger contra


eventuais sobrecarga e correntes residuais. No sistema fotovoltaico, ele
desempenha a sua função geralmente para correntes reversas proveniente dos
módulos. (MELHO, 1014)

Chave de seccionadora

Sua função no sistema fotovoltaico consiste em conseguir desconectar as


strings de módulos dos inversores mesmo sobre carga, além de conseguir
aniquilar os arcos voltaicos. A possibilidade de desconectar o sistema com
segurança possibilita a manutenção dos módulos fotovoltaicos, a figura abaixo
ilustra um modelo da Schneider. (MELHO, 1014)

Figura 4 - Exemplo de chave seccionadora

63
DPS

Para proteção contra sobretensão são utilizados os DPS para corrente


contínua, como o mostrado na figura 5 e já discutidos no tópico anterior. No
sistemas fotovoltaicos eles possuem a função de proteger os módulos e as
entradas CC dos inversores. (MELHO, 1014)

Figura 5 - Protetor de surtos (DPS)

STRING BOX
A string box nada mais é que uma caixa onde é realizada a conexão das
strings e onde são instalados os elementos de proteção citados anteriormente.
A String Box é conectada ao inversor e permite isolar o sistema
fotovoltaico possibilitando uma manutenção segura. A figura 6 mostra um
diagrama de um sistema e o local onde a String Box é empregada e a figura 7 traz
uma String Box comercial

Figura 6 - Diagrama esquemático de sistema fotovoltaico e seus componentes

64
Figura 7 - String Box comercial

DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CA

Disjuntores

Conforme discutido nos tópicos anteriores, os disjuntores têm como


função proteger contra curto circuito e sobrecarga e, diferente dos fusíveis eles
não precisam de troca após a sua atuação. São geralmente usados no lado CA dos
inversores e podem ser utilizados como chave para desativar a alimentação de
corrente alternada. (MELHO, 2014)

Proteção contra sobre tensões

De forma similar ao lado CC, a parte de entrada de corrente alternada


também deve ser protegida contra sobretensões. São empregados DPS com
características específicas para CA.

ATERRAMENTO / SPDA
O aterramento dos sistemas fotovoltaicos acontece nos equipamentos e
no circuito elétrico (denominado de aterramento funcional), consiste em proteger
o equipamento contra correntes elétricas de surtos indesejáveis. Nos
equipamentos, o aterramento é feito ligando a carcaça à terra e no circuito
elétrico, o procedimento ocorre no lado de corrente contínua e no lado de
corrente alternada. (PINHO; GALDINO, 2014).
No lado CC, o procedimento do aterramento vai depender do tipo de
módulo ou do inversor utilizado. No lado CA, o aterramento acontece através do
condutor neutro. (PINHO; GALDINO, 2014).
As caixas dos equipamentos, estruturas metálicas de suporte dos
módulos e das baterias enfim, todos os metais expostos devem ser devidamente

65
aterrados. O processo de aterramento deve visar a equipotencialização de todas
estruturas condutoras do sistema. (PINHO; GALDINO, 2014).
O SPDA (sistema de proteção contra descarga atmosférica) consiste em
proteger o gerador e o suporte onde encontra os dispositivos de condicionamento
de potência contra descargas diretas e indiretas, assim como os outros
dispositivos de proteção, ele deve ser aterrado apropriadamente. (PINHO;
GALDINO, 2014).Sua instalação e necessidade é definida pela NBR 5419:2015.

REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.

[2] LENZ, André Luiz. Dispositivos de Proteção e Manobra para Comandos


Elétricos. 2009.

[3] SIEMENS. Guia Técnico: A ajuda teórica e prática para o Instalador Eletricista.
Berlim: Siemens, 2009.

[4] FINDER. Guia para aplicação de Dispositivos de Proteção contra Surtos-


DPS. Almese: Finder, 2012.

[5] MELHO, Fernando Cardos. PROJETO E ANÁLISE DE DESEMPENHO DE UM


SISTEMA FOTOVOLTAICO à REDE ELÉTRICA DE BAIXA TENSÃO EM
CONFORMIDADE COM A RESOLUÇÃO DE NORMATIVA 482 DA ANEEL. 1014. 14 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-graduação em Engenharia Elétrica,
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2014.

[6] CHAMMA, Bruno Cordeiro. PROJETO DE UMA MICROGERAÇÃO


FOTOVOLTAICA APLICADA A UMA RESIDÊNCIA. 2017. 77 f. TCC (Graduação) -
Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2017.

[7] PAULINO, José Osvaldo Saldanha et al.. Proteção de equipamentos elétricos


e eletrônicos contra surtos elétricos em instalações. Lagoa Santa: Editora
Clamper, 2016. 258 p. ISBN: 978-85-93065-00-2.

66
5. DIMENSIONAMENTO

ORIENTAÇÃO E INCLINAÇÃO
Para a máxima captação de energia ao longo do ano, as condições citadas
a seguir precisam ser observadas. [1]

Orientação

Os módulos fotovoltaicos possuem uma eficácia maior quando estão


instalados perpendicularmente aos raios solares. O posicionamento horizontal
mesmo sendo mais fácil para a instalação, não é a melhor posição para a
produção de energia pois, tal posicionamento faz com que os módulos
fotovoltaicos acumulem sujeira e resíduos, dificultando a autolimpeza no período
de chuva [2]. A figura 1 ilustra os casos com inclinação ótima e demais casos.

Figura 1 - Ângulo de inclinação dos módulos Fonte: [2]

Geradores que possuem um sistema de rastreamento do movimento


aparente do sol são utilizados para melhorar a captação da radiação solar de
forma mais eficiente. Esses sistemas são encontrados tanto na forma manual
quanto na forma automática, com o seguimento parcial do sol (variação somente
da inclinação ou do ângulo azimutal). Os sistemas manuais são mais baratos e de
fácil aplicação, porém, precisam de intervenções humanas. Já os sistemas
automáticos possuem melhor eficácia, no entanto possuem um preço elevado e
podem apresentar falhas, devido à presença de peças móveis. Além disso,
precisam estar conectados a uma fonte de energia. [1]
É possível encontrar no mercado os rastreadores (figura 2) de eixo simples
e rastreadores de eixo duplo que podem acompanhar o Sol de leste a oeste e o
seu movimento à medida que sobe e desce no céu. [2]

67
(a) (b) (c)
Figura 2 - Rastreadores solar (a) eixo simples vertical, (b) eixo simples horizontal e (c) eixo duplo.

Conforme exposto no parágrafo anterior, quando utilizado o sistema de


rastreamento o custo inicial do projeto fotovoltaico é elevado. É preciso balancear
esses custos adicionais contra os aumentos estimados no rendimento e com a
manutenção adicional. A utilização desse tipo de sistema é mais valiosa quando a
aplicação requer uma carga uniforme durante o dia. Um exemplo desse caso é o
bombeamento de água. [2]
Geralmente, para que haja uma operação adequada e eficaz, os módulos
precisam ser orientados em direção à linha do equador. Nas instalações realizadas
no hemisfério Sul, a face dos módulos fotovoltaicos deve ser direcionada em
relação ao Norte Verdadeiro, como visto na figura 3. Por sua vez, caso o sistema
seja instalado no hemisfério Norte, a face dos módulos fotovoltaicos deve ser
orientada com sua face voltada para o Sul Verdadeiro. [1]

Figura 3 - Orientação da face dos módulos fotovoltaicos para o norte verdadeiro em um dado local
no hemisfério sul Fonte: [2]

68
Em muitos locais, a direção do Norte Verdadeiro (ou do Sul Verdadeiro)
não é o mesmo do Norte Magnético (ou Sul Magnético) que é indicado pela
bússola, sendo necessário realizar a correção do referencial magnético. Para tal
correção, é utilizado a Declinação Magnética da área de instalação que é obtida
facilmente através de mapas e/ou programas computacionais. O Observatório
Nacional, instituto de pesquisa vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação, por exemplo, disponibiliza em sua homepage um mapa da declinação
magnética sobre o território brasileiro para download, além de um software para
sua determinação, bastando conhecer as coordenadas geográficas do local. Em
nível internacional, a NOAA3, órgão dos EUA, também disponibiliza em sua página
na internet os valores de declinação magnética para qualquer local do mundo. [1]
A figura 4 mostra a quais valores aplicar de correção do referencial
magnético para os diversos estados brasileiros.

Figura 4 – Valores para correção de orientação dos módulos em relação ao Norte

É preciso ficar atento ao fato de que a indicação da bússola pode sofrer


desvios consideráveis se a mesma for manuseada nas proximidades de grandes
objetos metálicos ou fontes de campos magnéticos. [1]

Inclinação

A Terra gira em um eixo de aproximadamente 23,5 graus. Tal inclinação


provoca dias mais longos e dias mais curtos em diferentes períodos do ano. De
uma parte do ano para outro a quantidade e a densidade de luz solar que uma
região recebe varia muito. A rotação da Terra em seu próprio eixo e a posição da
elipse provoca os dias mais curtos. Tal situação reduz drasticamente a quantidade
de radiação solar. Os ângulos que os raios deveriam percorrer para que assim
chegasse na Terra, são modificadas devido a órbita elíptica da Terra, fazendo com
que a intensidade dos raios seja limitada. [2]

69
Se fosse possível o painel seguir a trajetória do sol, a radiação cairia
perpendicularmente em sua superfície. Caso fosse utilizado um rastreador solar
multiaxial tal situação seria possível, sendo que esse equipamento obteria o nível
mais alto de irradiação da superfície. Entretanto, a grande maioria dos sistemas
fotovoltaicos não acompanha o Sol. Logo, torna-se necessário compreender o
desvio em relação à incidência perpendicular e como ela afeta a quantidade de
insolação que sistema terá à disposição para produzir energia elétrica. [2]
Para maximizar a geração de energia ao longo do ano, o ângulo de
inclinação do módulo fotovoltaico (figura 5) deve ser igual à latitude do local onde
o sistema será colocado. Contudo, mínimas variações na inclinação não ocasionam
mudanças consideráveis na energia gerada anualmente e a inclinação do gerador
pode estar dentro de 10o em torno da latitude da região de instalação. [1]
Em localidades próximas ao equador, com latitudes variando entre ±10 o, é
recomendado uma inclinação mínima de 10o, para favorecer a autolimpeza dos
módulos de acordo com a ação da chuva. Em regiões com muita poeira é preciso
limpar regularmente a superfície dos módulos, visto que a sujeira diminui a
captação da luz, e como consequência disso reduzindo o seu desempenho.
Entretanto, é necessário tomar cuidado para não causar danos ao vidro ou
qualquer outro material de cobertura do módulo. Aconselha-se usar apenas água
e um pano de tecido macio. Este processo deve ser realizado no início da manhã
ou no final da tarde, sendo esses períodos horários em que o gerador fotovoltaico
está frio e não está com muita produção.

Figura 5 - Ângulo de inclinação dos módulos fotovoltaicos.

70
SOMBRAS
As sombras diretas ocasionam uma drástica diminuição no desempenho
do sistema fotovoltaico. As linhas de transmissão e/ou de distribuição são um dos
tipos de sombras que podem provocar quedas no empenho do conjunto FV,
conforme ilustra a figura 6.

(a) (b)
Figura 6 – Sombreamento direto provocado por rede de distribuição urbana. (a) Aquecimento visto
através de termografia e (b) vista do local.

Esse tipo de sombreamento é mais preocupante em regiões urbanas,


visto que as áreas rurais possuem um espaço aberto muito maior, sendo esse uma
localidade muito adequada para os sistemas fotovoltaicos. Em localidades urbanas
é possível observar o sombreamento sendo causado por árvores e edificações. [2]

Sombreamento Temporário

Esse tipo de sombreamento ocorre devido ao acúmulo de resíduos nos


módulos solares. Sujeiras, excrementos de pássaros e folhas são as causas mais
frequentes de sombreamento temporário. Um pedaço de sombra que incidir
sobre um ou mais módulos pode reduzir o rendimento energético de um sistema
de forma significante. [2]
Em regiões muito secas podemos utilizar mangueiras para realizar a
remoção do pó. Para resíduos persistentes, normalmente são utilizadas esponjas
macias. É também importante saber quando usar produtos de limpeza ao invés de
um enxágue com água pressurizada. Os fabricantes recomendam que não se
utilize detergentes fortes ou outros abrasivos que poderiam causar arranhões na
superfície do módulo. [2]

Autossombreamento

A fileira frontal de módulos em um sistema montado em rack pode criar


sombra nas fileiras posteriores. Para que seja otimizado o sistema e assim seja
evitado o autossombreamento, pode-se melhorar o espaçamento entre as fileiras
(figura 7). Para que seja calculado esse espaço, use como base as sombras

71
ocasionadas no período das 8 a 16h ou de 9 a 15h durante 21 de dezembro, o
solstício de verão, e não para o meio-dia desta data. [2]

Figura 7 – Sombra e Distância entre os painéis

Análise do sombreamento

A análise do sombreamento deve ser considerada parte integrante da fase


de projeto do sistema. O contorno da sombra nos arredores é registrado em
relação aos pontos exteriores no sistema. A análise das sombras precisa abordar
todos os pontos no sistema. [2]
As ferramentas de análise de sombras podem ser valiosas ou incômodas.
Quando utilizada qualquer ferramenta de avaliação de sombras é de extrema
importância considerar os seguintes pontos:
▪ O uso da ferramenta de análise de sombras para aprender sobre o

sombreamento e não se basear somente nela;

▪ Quando chegar no local, o dispositivo deve funcionar. Caso não funcione,

você deverá voltar e isso pode parecer pouco profissional;

▪ É fácil abusar das ferramentas de análise de sombras. Porém, é preciso

dominá-las e não compreender apenas como ela funciona, mas o que os

dados realmente significam. Aprenda também o valor negativo dos

diferentes tipos de sombras nas diferentes horas do dia;

▪ Aprenda como fazer a localização do Norte, esboce o local

adequadamente com as suas dimensões e aprenda como determinar os

componentes produtores de sombra e o perfil do seu sombreamento sem

as ferramentas.

▪ Nunca se esqueça dos componentes produtores de sombra que não estão

lá. Considere as árvores que vão crescer ou que serão plantadas, pergunte

72
sobre mudanças nas propriedades e nas vizinhanças e investigue as

futuras edificações ou estruturas.

Algumas ferramentas muito conhecidas para esse tipo de propósito são os


aplicativos “SunSuveyor” ou “SunSeeker” ou o software PV*SOL.

O que o sombreamento pode causar

Quando uma ou mais células recebe uma quantidade de radiação solar


menor do que as outras da mesma associação, sendo uma associação em série,
sua corrente será limitada e assim afetará a corrente de todo o sistema. [1]
A redução de radiação incidente muitas vezes acontece devido ao
surgimento de um sombreamento parcial sobre o módulo, depósito de sujeira
sobre o vidro, ou algo que possa ter caído sobre o módulo, dentre tantas outras
possibilidades. Esse efeito de redução de corrente no conjunto de células
influência todo o módulo conectado em série. [1]
Além disso, é possível ocorrerem perdas de potência no gerador
fotovoltaico e também há o risco de ocorrerem danificações ao módulo
parcialmente sombreado, já que a potência elétrica gerada que não está sendo
direcionada ao consumo é dissipada no módulo afetado, até mesmo danificando
apenas algumas células. Quando ocorre tal situação, o fenômeno é conhecido
como “ponto quente” (“hotspot”), sendo que produz um calor excessivo sobre a
célula prejudicada, com ruptura do vidro e fusão de polímeros e metais, ver figura
8.[1]

(a) (b)

Figura 8 – Detecção de Pontos Quentes. (a) Termografia da traseira do painel mostrando ponto
quente. (b) Vista frontal do painel mostrando que o ponto quente foi devido a sombreamento
localizado.

A figura 9 ilustra o efeito do sombreamento sobre células de um módulo conectado em


série. Ao cobrir metade de uma das células, a corrente daquele módulo é drasticamente reduzida
pela metade. Consequentemente, os módulos nele conectados também têm suas correntes
reduzidas. [1]

73
Figura 9 - Curva I-V para 4 módulos conectados em série e sem sombreamento
(linha contínua); curva I-V para os mesmos 4 módulos na situação de
sombreamento de uma de suas células, que passa a receber 50 % da irradiância
original (linha tracejada); curva I-V com o mesmo sombreamento, mas com a
utilização de diodos de desvio (curvas com linha contínua e pontos).

É de grande importância ressaltar que os módulos de filmes finos de uma


forma geral possuem um melhor desempenho na presença de sombreamento do
que os produzidos de c-Si, pois sofre reduções menores no rendimento de uma
maneira geral. [1]

DIMENSIONAMENTO DO GERADOR FOTOVOLTAICO


O dimensionamento da potência do sistema está diretamente ligado ao
sistema de compensação regulamentado na região. No Brasil a Resolução
Normativa ANEEL 482/2012 estabelece as condições gerais para o acesso de
microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia
elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica, e dá outras providências.
Para que o gerador fotovoltaico de um sistema conectado à rede seja
dimensionado de forma otimizada, é preciso levantar o consumo médio diário ao
longo de um ano da edificação (Wh/dia) descontando o valor da disponibilidade
mínima de energia.
A potência de um microgerador que constitui um sistema fotovoltaico
conectado à rede pode ser calculado utilizando a equação 1.

Onde:

74
PPeak = Potência pico do painel fotovoltaico (kWp)
E = Energia consumida diariamente pelas cargas (kWh/dia)
Psol = Irradiância de referência (1 kW/m²)
GPOA = Irradiação diária no plano dos módulos (kWh/m².dia)
PR = Performance Ratio (Taxa de Desempenho) é uma característica que
mede o desempenho do sistema fotovoltaico.

A PR pode ser definida levando em conta a relação entre o desempenho


real sobre o desempenho máximo teórico. Em sistemas residenciais conectados à
rede, que são bem ventilados e não tem sombreamento, tem-se uma PR entre
70% e 80% aqui no Brasil devido às condições radiação solar. No entanto, esse
valor de PR é diretamente influenciado pela temperatura ambiente e a tecnologia
utilizada. Usualmente, para uma maior certeza sobre o desempenho do sistema,
são utilizados programas computacionais.
Após a realização do dimensionamento do gerador, é necessário analisar
qual tecnologia que mais se adequa ao projeto, levando em conta o custo da
energia gerada pelo sistema e as vantagens elétricas e estéticas (arquitetônicas).
Além de considerar a credibilidade da empresa que produz o painel em relação a
durabilidade e as características elétricas e a eficiência. Dando atenção também a
questão da área ocupada pelo painel.
É observado também que o gerador FV estabelece uma carga mecânica na
cobertura à qual o mesmo está fixado. Essa carga é uma função do somatório do
peso de todos os componentes do gerador fotovoltaico que estão fixados na
cobertura. A tabela 1 mostra a carga de três tipos diferentes de módulos
fotovoltaicos sobre a uma cobertura. É recomendado fortemente que a verificação
de uma cobertura que possivelmente receberá um SFCR seja realizada por um
engenheiro civil com conhecimentos sobre análise estrutural. [1]

Tabela 1 - Exemplos de cargas mecânicas impostas por três módulos FV distintos.

75
Eficiênci kgf/m²
kgf/m² Kgf/m²
Te Conf. do a da [mód.
Integração [estrutu [sistem
c. Sistema tecnolog fotovoltaico
ra] a]
ia ]
Sanduíche
Vidro-Vidro
a-
fixado em 6-8% 20,0 5,0 25,0
Si
estrutura de
alumínio

Módulo flexível
colado em
a-
manta 6-8% 3,6 3,4 7,0
Si
impermeabiliza
nte

Vidro com
moldura fixada
c-Si 14-18% 12,0 5,0 17,0
em estrutura de
alumínio

Dimensionamento do Inversor Isolado

Para que possamos estabelecer a demanda de máxima potência para


dimensionamento do inversor, é necessário que seja estimado o período do dia
em que os equipamentos estarão ligados para que então seja feito um
levantamento de curva de carga da instalação. A potência do inversor na maioria
dos casos deve ser igual ou superior a potência máxima de curva de carga. No
exemplo das figura 10 e figura 11, a potência mínima do inversor deve ser de 4.5
KW. [1]

76
Figura 10 – Exemplo de uma curva de carga de uma comunidade da Amazônia. Fonte: (PINHO et al.,
2008).

Figura 11 – Exemplo de curva de carga estimada para uma dada localidade.

De forma mais conservadora, a potência do inversor pode ser especificada


igual ou superior à potência da carga instalada (somatório da potência de todas
as cargas do usuário), caso haja a probabilidade de que estas possam operar
simultaneamente.
Para cargas que precisam de uma potência de pico, como motores
elétricos durante a partida, é necessário ter um prévio conhecimento dessa
potência, juntamente com a respectiva duração, para que seja possível estabelecer
a capacidade de surto necessária no inversor. Deve-se também analisar de forma
rigorosa a temperatura de operação.
O inversor precisa apresentar a tensão de entrada igual à tensão CC. do
sistema (tensão do banco de baterias) e tensão CA de saída conforme a

77
necessidade, corriqueiramente 127 ou 220V, 60 Hz. Geralmente, os inversores de
até 5 KW são monofásicos. No entanto, alguns modelos permitem a operação em
paralelo de mais de uma unidade, podendo ser integrados para criar circuitos
bifásicos e trifásicos. É recomendado de uma maneira geral que se utilize
inversores de forma de onda senoidal, especialmente no caso de cargas
eletrônicas que são muito sensíveis a ondas com distorções harmônicas.
Outra condição que deve ser verificada é a compatibilidade entre inversor
e controlador de carga da bateria, pois alguns modelos não aceitam trabalhar com
fabricantes distintos. [1]

Dimensionamento do inversor conectados à rede

Para que seja realizado dimensionamento de um inversor precisamos


considerar a potência do gerador FV e a tecnologia utilizada, além de
características elétricas do módulo escolhido para constituir o gerador. É de
grande importância levar em conta as características ambientais do local de
instalação, e o método utilizado para a instalação, como por exemplo inversor
central, inversor descentralizado, micro- inversor, instalação interna ou externa
etc. Os fabricantes dos inversores também devem ser levados em conta, dando
atenção a credibilidade da empresa em relação à garantia do equipamento, e
também a assistência técnica da mesma em território brasileiro.

FDI

O Fator de Dimensionamento de Inversores (FDI) descreve a relação entre


a potência nominal CA do inversor e a potência do pico do gerador FV, conforme a
equação 2:

(eq.2)

Onde:
FDI (adimensional) - Fator de dimensionamento do inversor;
PNca (W) - Potência nominal em corrente alternada do inversor;
PFV (Wp) - Potência pico do painel fotovoltaico.
A potência do gerador e do inversor são geralmente ajustadas para que o
FDI do inversor possua uma melhor relação entre custo/benefício. A análise da
literatura mostra que os valores inferiores de FDI recomendados por fabricantes e
instaladores situam-se na faixa de 0,75 a 0,85, enquanto que o limite superior
varia entre os fabricantes, chegando a até 1,20. [1]

78
TENSÃO DE ENTRADA

A tensão de entrada do inversor é a soma das tensões dos módulos


associados em série. Como a tensão possui forte dependência da temperatura, as
condições extremas de inverno e verão deverão ser utilizadas no
dimensionamento. Dizendo de outra forma, deve-se garantir a compatibilidade
entre as tensões do gerador FV com a faixa de tensão de operação do inversor.
O cálculo da máxima tensão de entrada deve ser realizado com cuidado
e atenção, pois ela nunca deve ser ultrapassada, sendo este um dos maiores riscos
de se danificar o equipamento.
A máxima tensão do sistema ocorre quando o painel FV está
ainda em circuito aberto (Voc) em baixas temperaturas. Isto
pode acontecer durante o período de inverno, ainda no nascer
do sol, quando a tensão do sistema se eleva em função da baixa
temperatura do gerador FV, e o inversor ainda não se conectou
à rede.

FAIXA DE TENSÃO DE OPERAÇÃO DO MPPT DO INVERSOR

O número de módulos conectados em série deve resultar em tensões que


atendam à faixa de tensão MPPT do inversor. Durante o verão, no Brasil a
temperatura dos módulos pode atingir valores superiores a 70 °C, tendo como
consequência a redução da tensão CC do sistema, em virtude do coeficiente
negativo de temperatura.
Deve-se, portanto, avaliar se o SFCR possui número suficiente de módulos
conectados em série, de modo que a tensão do painel FV seja superior à mínima
tensão de MPPT do inversor.
Caso a tensão do painel se reduza abaixo da mínima tensão de MPPT do
inversor, a sua eficiência ficará comprometida e poderá provocar a sua
desconexão. Da mesma forma nos períodos frios, a tensão de potência máxima da
série FV na mínima temperatura de operação prevista deve ser inferior a tensão
máxima de operação do MPPT do inversor.

CORRENTE MÁXIMA CC DO INVERSOR

O inversor FV possui uma corrente máxima de entrada CC. Para garantir


que este valor não seja ultrapassado, pode-se calcular o número máximo de
strings conectadas em paralelo, com auxílio da equação 3:

79
Onde:
– número máximo de strings conectadas em paralelo
(A) – Corrente máxima c.c. admitida na entrada do inversor;
(A) – Corrente de curto circuito do módulo FV nas STC.

Observar ainda se o fabricante indica o número máximo de strings em


paralelo que pode ser utilizada. Há casos ainda que o inversor disponibiliza mais
de uma entrada independente de MPPT. Neste caso o fabricante indica os limites
que devem ser observados para cada um (podem ser iguais ou não).

EXEMPLO

Dimensione um sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica para


atender a um consumo energético de 250 kWh por mês, em uma edificação
bifásica residencial localizada em Poços de Caldas/MG. O sistema fotovoltaico será
integrado em um telhado que será construído em uma expansão desta edificação,
logo a inclinação e orientação do telhado poderão ser projetados para a maior
geração anual de energia.
Inicialmente, determina-se a potência necessária do sistema para suprir a
residência através da equação 4.

Onde
, Energia consumida diariamente pelas cargas (kWh)
, Irradiância de referência (1 kW/m²)
, Irradiação diária no plano dos módulos (kWh/m².dia)
, Coeficiente de desempenho (adimensional)
, Potência pico do painel fotovoltaico (kWp)

Desta forma, a Energia Consumida (equação 5) será:

80
Para a irradiação diária no plano dos módulos ( , e inclinação dos
módulos adotou-se os parâmetros abaixo:
Coordenada Poços de Caldas: 21,78°S 46,57°O
Inclinação ótima do módulo1: 21°
5,101 (kWh/m².dia)
:

Para as perdas, adotou-se o índice de 75% para sistemas conectados,


conforme estudo [3], análise de longo prazo do PR.
Finalmente, substituindo os valores na equação 4 tem-se,

Com o resultado obtido na equação 6, prossegue-se para escolha e


compatibilização dos módulos e inversores.
Usando por exemplo um Inversor Fronius Galvo 2.0-1, cujo catálogo é
mostrado na figura 12.

Figura 12 – Catálogo Fronius Galvo

1
Para sistemas conectados à rede, a Inclinação ótima do módulo de ser igual à latitude
do local

81
Adotando um módulo FV da Canadian Solar de 260W, figura 13, temos os
seguintes dados:

Temperatura Referência do Módulo2: 25°C


Temperatura máxima – módulo: 80°C
Elevação máxima de temperatura:
Temperatura mínima na cidade: -6°C (histórico anual)
Queda máxima de temperatura:
Coeficiente Voc da Placa: -0,34 %/°C
Voc da Placa: 37,5 V
VMP da Placa 30,4 V

Figura 13 - Catálogo do módulo solar da Canadian Solar CS6P-255|260P

Prosseguimos então conferindo a tensão de entrada através do aumento


de Voc no dia mais frio do ano:

(eq.7)

(eq.8)

2
Ver figura 13

82
Ao verificar o catálogo do inversor, a tensão máxima suportada é de 420V.
Assim, para não excedermos o limite, calculamos Portanto pode-
se utilizar no máximo 10 de placas em série para não danificar o inversor no dia
mais frio.
Para que a tensão no dia mais quente esteja dentro da faixa de tensão de
operação do MPPT do inversor, fazemos:

(eq.9)

(eq.10)

Ao verificar o catálogo do inversor, a tensão mínima de entrada suportada


é de 120V. Assim, levando em conta os valores anteriores, temos
Logo deve-se utilizar no mínimo 5 de placas em série, para que no dia mais quente
o inversor funcione na sua faixa de MPPT.
Tendo-se em conta os resultados obtidos (equação 7 à equação 10), serão
empregados 8 painéis em série.
Por fim, deve-se verificar a corrente máxima permitida na entrada no
inversor, que neste caso é de 17,8 A (figura 12). A corrente máxima desta única
string é a corrente Impt dos módulos que é 8,56A (figura 13). Portanto, não haverá
problemas.

Uma sugestão de montagem é mostrada na figura 14.

Figura 14 - Sugestão de Montagem

83
PROJETO ELÉTRICO
Os projetistas também possuem desafios em relação ao
dimensionamento de sistemas fotovoltaicos, este são:
● Planejamento da interconexão dos diversos componentes do

sistema de forma eficiente, evitando perdas de energia;

● Adequação do projeto aos requisitos de segurança, visando torná-lo

seguro sob o ponto de vista elétrico, contemplando-se segurança do

próprio sistema e do usuário, bem como da rede elétrica, se for o

caso;

● Verificação da obediência às normas e aos regulamentos técnicos

aplicáveis para instalações elétricas (ABNT, Aneel, distribuidora local

etc.).

Os pontos citados fazem parte do projeto elétrico, que engloba desde a


escolha dos condutores até o dimensionamento e especificação de dispositivos de
proteção. Geralmente, os projetos com conexão em baixa tensão precisam
respeitar as condicionantes da Norma NBR5410 - Instalações Elétricas de Baixa
Tensão. É preciso também considerar as perdas relativas aos componentes que
são considerados básicos. Isso é conhecido como Balanço do Sistema (BOS), que
envolve os condutores, diodos de bloqueio, proteção, etc. [1]

Cabeamento

Regiões diferentes do sistema fotovoltaico têm funções e requisitos


diferentes. Basicamente tem-se três categorias em um sistema FV:
● Cabeamento das strings;

● Cabo principal CC;

● Cabo de conexão CA.

O mesmo tipo de cabo que é fornecido com o módulo, deve ser


empregado para a interligação das strings as string box do gerador.
Fios e cabos utilizados em sistemas fotovoltaicos precisam suportar uma
temperatura de até 90 graus Celsius e serem fabricados especificamente para este
fim. [2]
No mercado é possível encontrar cabos conhecidos como cabos solares
especiais sendo que esse tipo é altamente resistente ao ultravioleta (UV) e ao
clima, conseguindo então suportar até 125 graus Celsius no telhado. [2]

84
A escolha da bitola dos condutores é referenciada de acordo com o limite
de queda tensão, além de considerar se o sistema é de corrente contínua ou
alternada e as tensões nominais de operação. É comum a utilização da NBR 5410
e/ou programas para a realização da escolha da bitola do cabeamento, sendo que
esses métodos indicam a bitola que melhor se adapta aos condutores em função
do comprimento do ramal, da tensão nominal e do nível de perdas.
De forma alternativa se utiliza a equação 11, para encontrar a seção
mínima de condutor S, necessária para uma instalação em corrente contínua.

(eq.11)
Onde:
ρ - resistividade do material do condutor, geralmente cobre;
d - distância total do condutor, considerando o trecho de retorno (ida e
volta);
I - Corrente que passa pelo condutor;
ΔV - queda de tensão tolerada no cabeamento para o trecho analisado.

Nos sistemas fotovoltaicos é comum utilizar condutores de cobre, material


que a 20oC que possui uma resistividade em um valor de 0,01724Ωmm2/m e
coeficiente de variação com temperatura de 0,0039/ oC, tais informações nos
permite determinar a influência da temperatura na resistividade do material. Os
dados reais desse tipo de material são obtidos na documentação do respectivo
fabricante.
Os cabos precisam ser preparados para aguentar as mudanças climáticas,
pois os mesmos serão expostos a uma intensa radiação, calor, frio e chuva por um
longo período de tempo. É recomendado que o dimensionamento de cabos seja
de acordo com a temperatura efetiva de trabalho e o método escolhido de
proteção para os condutores utilize o fator de correção da temperatura contido na
NBR 5410. Além do mais, o material utilizado para a proteção e isolamento do
condutor precisa ter uma alta resistência às condições climáticas, especialmente à
radiação ultravioleta.
Em sistemas conectados à rede é possível observar uma faixa extensa de
tensão CC. A utilização de tensões maiores ou menores é relacionado ao fato do
tipo de inversor utilizado, sendo implicado algumas vantagens e desvantagens em
relação a instalação, proteção e principalmente a redução de perdas em CC.
Quando existem níveis de tensões CC baixos, tal sistema é mais seguro e
apropriado para baixas potências. No entanto, quanto maior o valor de tensão de
entrada do inversor, mais simples é a instalação do sistema, sendo que os
85
inversores são mais compactos e também mais eficientes. É extremamente
importante ressaltar que a elevação do nível de tensão CC demanda cautela, tanto
na instalação quanto na operação. Nos dias de hoje, as faixas de tensão CC mais
utilizadas nos inversores variam entre 100 e 1000 volts, dependendo diretamente
do tipo e o porte do sistema, além disso o cabeamento deve ter o isolamento
apropriado ao nível de tensão para que seja evitado futuros problemas. [1]

Cabeamento e dispositivos de segurança

Quando levamos em conta a qualidade do cabeamento, dispositivos de


segurança e demais acessórios dos sistemas fotovoltaicos, é preciso que sigamos
os seguintes procedimentos (consultar a NBR 16274/2014 para maiores detalhes) :
● As conexões e condutores (como, eletrodutos, canaletas, calhas, etc) de

um modo geral, que estão presentes no sistema fotovoltaico devem

estar bem firmes e com o mínimo de danos. É de grande importância

analisar a ocorrência de ligações frouxas, quebradas e oxidadas. Caso

seja necessário, deve-se limpá-las e apertá-las. Uma conexão ruim tem

como consequência o surgimento de arcos elétricos, aumentando

assim a temperatura e causar defeitos aos equipamentos.

● Deve-se realizar a verificação da existência de dispositivos de

segurança, tais como fusíveis e disjuntores, que possam estar

danificados.

● Verificar também a ocorrência de curtos-circuitos entre cabos

condutores de diferentes polaridades, como é observado na figura 15,

ou uma falta à terra (curto-circuito entre cabo condutor e carcaça ou

conduto metálico), como indicado na figura 16.

86
Figura 15 - Detectando um curto-circuito entre cabos.

Figura 16 - Detectando uma falta à terra.

● Analisar a existência de continuidade do aterramento. É necessário que

todos os objetos metálicos que estejam ligados ao sistema elétrico

(caixas, condutores e eletrodutos) sejam devidamente aterrados.

● Deve ser conferido se os cabos instalados no SFV foram devidamente

dimensionados de acordo com o projeto. É preciso verificar se a queda

de tensão entre os componentes do sistema não extrapole o limite de

3%.

● Verificar a fixação do cabeamento. Inspecionar o isolamento quando

houver o surgimento de desgaste, dando especial atenção às dobras e

pontos de fixação.

87
● Analisar a integridade das String Boxes. Se estas estiverem expostas ao

tempo, é necessário verificar seu estado após a ocorrência de

mudanças climáticas agressivas. Caso alguma caixa estiver muito

danificada, ela deve ser substituída o quanto antes. [1]

Proteção
As falhas nesse tipo de sistema são minimizadas se o projetista do sistema
fotovoltaico realizar um correto dimensionamento além de utilizar dispositivos de
proteção de qualidade.
Os componentes dos sistemas fotovoltaicos tiveram grande avanço
tecnológico, fazendo com que estes apresentem maior robustez e dispositivos de
proteção integrados. É possível observar um exemplo no caso de sistemas
fotovoltaicos conectados à rede, onde são integrados dispositivos anti-ilhamento.
A implementação de dispositivos de proteção de forma integrada ao
equipamento é de grande importância, no entanto, é possível realizar a instalação
de outros dispositivos de proteção de forma externa. Os dispositivos de proteção
externa mais comuns são disjuntores, fusíveis, DPS e SPDA.
Os sistemas fotovoltaicos isolados, por operarem em regiões remotas, os
defeitos e falhas inesperados muitas vezes não são detectados instantaneamente.
O mesmo problema pode ocorrer com os sistemas on-grid, por funcionarem em
paralelo com a rede, o defeito pode passar despercebido.
Assim, para detectar falhas são utilizados dispositivos auxiliares que
possuem como principal objetivo encontrar defeitos de forma mais rápida. Na
ocorrência destes, é preciso notificar imediatamente operador do sistema
fotovoltaico para que seja realizado a correção do problema de forma imediata. [1]

Software de dimensionamento
Como é impossível existir um padrão de características de saída dos
módulos fotovoltaicos, e as especificações elétricas são diretamente ligadas a
tecnologia das células, é muito comum a utilização de ferramentas computacionais
para a análise da viabilidade técnica e econômica do projeto. A geração
fotovoltaica precisa de um investimento muito grande inicialmente, que pode ser
reduzido drasticamente com um projeto de qualidade.
É muito importante que as informações de entrada sejam de boa
qualidade e que a pessoa que vai trabalhar nas simulações tenha total domínio
sobre a ferramenta.
De uma maneira geral, esses softwares podem ser utilizados para as
seguintes aplicações:
88
● Análise de viabilidade: A partir de informações gerais e consolidadas,

dão uma indicação da viabilidade técnica e econômica do projeto.

● Dimensionamento: Auxiliam o projetista na escolha dos componentes e

configuração do sistema, indicam a melhor orientação dos painéis, dentre

outras funções.

● Simulação de operação: A partir da descrição fidedigna da configuração

e equipamentos escolhidos, permite a simulação da operação do sistema,

dando idéia de variações sazonais, por exemplo. Alguns fabricantes

dispõem de programas que já incorporam modelos de seus

equipamentos. As simulações podem ocorrer com bases de tempo que

vão de minutos a meses.

● Localização: Em função das variações do recurso solar de local para local

e influência de objetos e prédios vizinhos, com o consequente

sombreamento do gerador fotovoltaico, é importante fazer uso de

programas que permitam a análise da incidência da radiação solar sobre o

plano considerado. Esses programas são especialmente úteis para

sistemas instalados em ambiente urbano e/ou que ocupam áreas

extensas.

● Monitoramento e controle: Sistemas de comunicação entre os sistemas

fotovoltaicos e centrais de controle permitem que os dados de

desempenho sejam analisados, em alguns casos, inclusive em tempo real,

e ações sejam tomadas. Os programas de monitoramento e controle

permitem a análise das informações provenientes da planta monitorada e

a execução de eventuais ações preventivas, corretivas ou de otimização da

operação.

● Curvas de Carga: Programas auxiliares podem ser utilizados para uma

composição da curva de carga a partir das especificações técnicas das

cargas e de seus regimes de utilização.

● Cabeamento: Em função das correntes que circulam em cada parte do

circuito, das características dos condutores, dos circuitos elétricos e do

89
nível admissível de perdas, esses programas auxiliam na escolha da bitola

dos condutores.

● Dados meteorológicos: Antes de iniciar qualquer análise, é importante

obter-se uma fonte confiável de dados meteorológicos e climáticos. Esses

programas podem auxiliar na escolha da orientação do painel. [1]

Mesmo com a existência de diversas ferramentas próprias para a


realização do dimensionamento e/ou simulação de SFV que estão disponíveis no
mercado é insubstituível o conhecimento básico da área, por parte do projetista.
Tal conhecimento é de grande valia para uma utilização adequada dos softwares e
interpretar os resultados por eles fornecidos. [1]
A seguir, são apresentadas descrições resumidas de alguns softwares
disponíveis no mercado.

PV-Sol

O programa PV-Sol Pro, desenvolvido pela empresa Di Valentin Energy


Software, é utilizado para a análise e simulação de sistemas isolados e também
conectados à rede.
Ele possibilita estudar a configuração de muitos geradores e possui uma
ampla base de dados de módulos, baterias, inversores e grupos geradores.
Permite também a criação de diferentes perfis de carga e, para ter em conta
possíveis elementos que interceptam a radiação solar, possui um gerador de
sombras. [1]

PVSyst

O PVSyst foi desenvolvido inicialmente pela Universidade de Genebra


(Suíça) e é comercializado atualmente pela companhia PVSyst SA. O projetista
pode trabalhar em diferentes níveis de complexidade, desde um estágio inicial de
representação até um detalhado sistema de simulação. Apresenta uma
ferramenta adicional, tridimensional, que leva em conta as limitações no horizonte
e possíveis objetos que possam projetar sombras.
O programa permite importar dados dos programas Meteonorm e TMY2,
o que facilita comparar valores simulados com valores medidos. Além do mais,
tem uma interface para dados e inclui base de dados de irradiação de 22
localidades na Suíça e de 200 localidades do resto do mundo. Possui uma ampla
base de dados de módulos e inversores. O programa apresenta as perdas do
sistema fotovoltaico e a sua taxa de desempenho. É principalmente utilizado para
SFCRs. Se o projetista adicionar o custo de cada componente à base de dados

90
existente, o programa pode projetar os custos de produção de energia em adição
a uma série de parâmetros técnicos, fornecidos no fim da simulação. [1]

PVSIZE

Desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é um


programa de simulação de SFIs, com base horária, cuja versão mais recente
permite inserir envelhecimento das baterias ao longo dos anos, e apresenta
gráficos de estado de carga das baterias e tensão ao longo do tempo, dentre
outros resultados. [1]
A tabela 2 apresenta uma lista mais completa de outros softwares
disponíveis no mercado.
Tabela 2 - Principais características dos programas pesquisados

91
REFERÊNCIAS

[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.

[2] BALFOUR, John. Introdução ao Projeto de Sistemas Fotovoltaicos. (L. C.


Faria, Trad.) Rio de Janeiro: LTC-Livros Técnicos e Científicos, 2016.

[3] NASCIMENTO, Lucas Rafael do. A AVALIAÇÃO DE LONGO PRAZO DE UM


SISTEMA FOTOVOLTAICO INTEGRADO À EDIFICAÇÃO URBANA E CONECTADO À
REDE ELÉTRICA PÚBLICA. 2013. 103 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Fotovoltaica Ufsc, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/130919.
Acesso em: 17 jul. 2017.

92
6. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

INVESTIMENTO
Para a implantação de um sistema fotovoltaico o investimento fica por
conta dos custos relacionados aos painéis fotovoltaicos, do inversor,
equipamentos elétricos auxiliares, estruturas mecânicas de sustentação, cabos e
conexões, e serviços de engenharia para o projeto elétrico e demais custos de
instalação e montagem. (EPE, 2016).
Uma forma usual de comparação de custos de investimento é o preço
(global com todo o sistema instalado) por watt pico (R$/Wp), na qual a potência de
pico (Wp) é a potência máxima nas condições de referência.

CUSTOS OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO (O&M)


Os custos de operação e manutenção (O&M) possuem uma porcentagem
sobre o investimento inicial bem menor, em comparação com outros custos,
variando de 1% a 2%.
O valor do custo depende tanto da vida útil do sistema, como também
depende da potência do sistema. Os custos de operação e manutenção englobam
o salário dos operadores, reposição de peças e manutenção das estruturas
comuns e os valores praticados pelo mercado variam de 0,2 a 0,3% do valor total
do investimento inicial. Ainda se faz necessário prever a reposição ou,
manutenção dos inversores em um período de aproximadamente 13 anos (vida
útil média do equipamento), este valor pode ser significante.

ANÁLISE DE INVESTIMENTOS (PAYBACK / TIR / VPL)


Em projetos de pequeno porte que são utilizados para eficientizar energia
em pequenas edificações, os projetistas encontram dificuldades em relação à
consciência real da quantidade de recursos financeiros necessários para a
implementação dos mesmos.
Na criação de projetos relacionados a energia é importante observar que
os mesmos demandam um longo tempo para sua implementação final, i.e., são no
geral de longa maturação. Do início do investimento até o primeiro retorno vai-se
um bom tempo e, para recuperar o investimento, vários anos.
Em um sistema fotovoltaico, é recomendável sempre pesquisar a
legislação aplicada no local para análise da viabilidade econômica do sistema.
Além disso, existem técnicas para a realização de avaliações em relação ao
investimento de capital, como o Payback, TIR (Taxa Interna de Retorno) e o VPL
(Valor Presente Líquido).
93
PAYBACK
O PayBack é o método utilizado para calcular o prazo para conseguir o
retorno do valor empregado no investimento. Muito utilizado com o propósito de
analisar a vantagem econômica em aplicações de eficiência energética e elétrica. O
método do payback avalia o tempo necessário para que os fluxos de caixa
esperados paguem os desembolsos do investimento. Portanto, por meio do
método do payback os investimentos (ou diferentes projetos) são comparados em
termos de quanto tempo se leva para recuperar o investimento inicial por
intermédio do cômputo de seus retornos. Do ponto de vista do método do
payback, os projetos de menor período de payback serão preferíveis aos de maior
período de payback
A fórmula para o seu cálculo é dada pela equação 1:

VPL
O VPL (Valor Presente Líquido) é um indicador mais utilizado para
avaliação econômica de projetos. Diferente do payback, o seu resultado é dado em
valor. O método de análise investimento por meio do VPL é tido como uma técnica
sofisticada e seu cálculo consiste no somatório de todos os valores de fluxo do
caixa no instante presente e é retirado o que foi investido inicialmente
(normalmente denominado de taxa mínima de atratividade,TMA), conforme
mostrado na equação 2.

Onde:

Se o valor dos cálculos der positivo, o investimento empregado foi


recuperado além de saber o valor do que seria ganho caso tivesse sido aplicado na
TMA. Além disso, se o valor for igual o projeto ainda é aceitável, caso for menor o
projeto é inaceitável.

94
O método do VPL é considerado o mais apropriado para analisar a
maioria dos projetos de investimento e também é visto como uma técnica
definitiva de tomada de decisões de investimento. Isso se deve apenas ao fato de
o método do VPL não apenas trabalhar com fluxos de caixa descontados, em
oposição aos fluxos nominais, como visto no payback, mas também porque seu
resultado, sendo em espécie (moeda corrente) e não apenas em tempo
transcorrido (anos para recuperação do investimento), revela a riqueza absoluta
decorrente da realização do projeto. (PARENTE, 2017)

TIR
A Taxa Interna de Rentabilidade ou de Retorno (TIR) é o indicador da
rentabilidade sobre um investimento pelo tempo. Dito de outra forma, a TIR é
definida como a taxa pela qual um investimento é recuperado por meio dos
rendimentos auferidos de um projeto. A TIR representa, por esse motivo, a taxa de
desconto que iguala os fluxos de entrada com os de saída de caixa, conforme
mostra a equação 3. Em outras palavras, trata-se da taxa que gera um VPL para o
projeto analisado igual a zero. Tal método assim como o VPL é considerado
sofisticado para avaliação de propostas de investimento de capital. (PARENTE,
2017)

Em que:

A TIR representa também um limite para a variação da taxa mínima de


atratividade, apesar de que possa ser utilizada como estimativa do limite superior
de rentabilidade do projeto.
Para uma análise do investimento o TIR é comparado com o TMA (Taxa
Mínima de Atratividade), sendo que quando o TIR for maior que o TMA, o projeto é
viável economicamente. (REVISTA ELETRÔNICA DE CONTABILIDADE, 2006)
Assim, uma decisão é feita em prol de um projeto se o TIR for maior que o
custo de capital. Seguindo então as seguintes regras:
1. Se a TIR > custo de capital: A empresa obteria uma taxa de retorno maior que
o seu custo de capital, portanto, aprovaria o projeto;

95
2. Se a TIR = custo de capital: A empresa obteria uma taxa de retorno
exatamente igual ao seu custo de capital, portanto, também aprovaria o
projeto;

3. Se a TIR < custo de capital: A empresa obteria uma taxa de retorno menor que
o seu custo de capital , portanto, o projeto seria rejeitado.

OUTROS GANHOS E BENEFÍCIOS ESPERADOS


Os sistemas fotovoltaicos podem operar em sinergia com o sistema de
distribuição, minimizando a demanda na rede. Além disso, os impactos ambientais
causados pelos sistemas fotovoltaicos são pequenos, pois não existe emissão de
C02 na produção de energia desse sistema. Depois que as células fotovoltaicas
atingem o limite da sua vida útil ou então apresentam perdas no processo
produtivo, existem tecnologias para a sua reciclagem, porém essas não estão
disponíveis em grande escala. Já o processo de reciclagem dos materiais dos
módulos, como o vidro, silício, película de EVA e alumínio, estão sendo utilizados
em alguns países. (Abinee, 2012)

INFLAÇÃO DE ENERGIA
Quando analisamos o retorno do investimento realizado em energia solar
fotovoltaica, a variável que denominamos como a mais importante é a tarifa de
energia. Sendo que, quanto maior a tarifa de energia, mais viável economicamente
é a instalação de energia solar, visto que, a energia produzida pelo seu sistema se
traduz em economia financeira. Tarifas de energia são medidas em R$/kWh, e
variam conforme:
● A distribuidora de energia local;
● O tipo de cliente (Grupo A ou B e suas variações);
● A bandeira tarifária vigente no período de apuração.
Caso o cliente se encontre no Grupo B, onde estão os consumidores de
energia de Baixa Tensão, certamente sua tarifa é muito alta e assim os mesmos
possuem uma viabilidade financeira para instalar um sistema de energia solar. São
clientes do Grupo B:
● todas as residências (B1);
● comércios de pequeno e médio porte (B3);
● outros diversos (Governo, Iluminação, Rural).
As residências (B1) e comércio de pequeno e médio porte (B3) são os que
maior possuem viabilidade financeira para a instalação de um sistema
fotovoltaico.

96
Uma outra variável que possui ligação com a tarifa de energia, é a inflação
energética, sendo que tal variável nos ajuda e realizar os cálculos do retorno do
investimento em um sistema fotovoltaico. A inflação energética é conhecida como
a variação da Tarifa de Energia.
De acordo com informações da Aneel, IBGE e FGV (ver figura 1), o
aumento médio da tarifa de energia elétrica foi de 10,6% ao ano no período de
1995-2010. Enquanto isso, a inflação média anual do mesmo período foi de 6,9%.

Figura 1 - Evolução do preço da energia comparado à inflação entre 1995-2010

Considerando a inflação registrada no período, podemos dizer que R$1,00


de 1995 valem o mesmo que R$2,73 de 2010. Por outro lado, a mesma quantidade
de energia elétrica que comprávamos com R$1,00 em 1995, em 2010 custava
R$4,50. Desta forma, observamos claramente um aumento real no preço da
energia, bem acima da inflação. Aliado a isso, a quantidade de kWh que
consumimos todo o mês também deu um grande salto nas últimas duas décadas.
Vê-se então que, com o passar dos anos, a energia elétrica vai assumindo
uma parcela cada vez maior do orçamento das empresas e das famílias brasileiras.

EXEMPLO

Para nosso exemplo de cálculo, considere os dados da tabela 1:

Tabela 1- Dados para o exemplo de cálculo


Potência do Sistema 5,94 kWp 22 módulos de 270 Wp
Índice de Geração Ideal 123 kWh/kWp*mês Campinas - NREL, 2014
Investimento Total R$ 34.000,00 Turn-key (telhado cerâmico)
Tarifa de Energia 0,59 R$/kWh CPFL Paulista, 2017

97
Inflação da Energia 8% Ao ano
Custo de Manutenção 0,3% Ao ano
Reposição dos Inversores 13 Anos
Custo dos Inversores R$ 6.813,93 2017
Perda de produção anual 0,73% Garantia de 20% em 25 anos
Taxa de Desconto 10,00% Custo do Capital

Usando as equações citadas anteriormente e os dados da tabela 1 pode-


se montar a tabela 2, apresentada na página seguinte com os cálculos. Na tabela 2,
podemos destacar na coluna “b“ a projeção da tarifa ao longo dos 30 anos, na
coluna “c” a produção estimada, na coluna “d” o custo de manutenção dentre
outros. Assim, ao aplicarmos a equação 2 na coluna “m” temos o VPL e a equação
3 temos o TIR. A coluna “j” mostra o Payback simples e a coluna “l”o payback
descontado. Resumidamente, temos:

VPL R$ 63.455,80

TIR 24,93%
Payback 5,7 anos

Conforme dito anteriormente, com o VPL positivo, o investimento


empregado foi recuperado e o valor de R$ 63.455,80 seria ganho caso tivesse sido
aplicado a uma taxa de 10%. Da mesma forma, como a TIR é maior que o custo de
capital, (24.93% > 10%), a taxa de retorno é maior que o seu custo de capital,
portanto, o projeto é economicamente viável.

CONTA DE ENERGIA / COMPENSAÇÃO


Em uma conta de energia estão contidos os custos cobrados pela
transmissão, a distribuição, encargos e tributos, além disso está contido a
bandeira tarifária.
A bandeira pode ser das cores, verde, amarela e vermelha, tendo como
função indicar o índice de geração de energia naquele mês.
Os encargos setoriais e os tributos são empregados por lei na conta. Os
tributos são divididos em estaduais e federais. O tributo estadual é o imposto
sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), no qual incide sobre as
operações relativas à circulação de mercadorias e serviços e é de competência de
cada estado e do Distrito Federal, por isso as alíquotas são variáveis. A alíquotas
de ICMS incidente sobre a energia elétrica são maiores do que as incidentes sobre
produtos supérfluos.
Existem também os tributos federais, Programas de Integração Social (PIS)
e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), no qual são

98
cobrados pela União para manter programas voltados ao trabalhador e para
atender a programas sociais do Governo Federal, sendo variados por mês e por
distribuidora.

Tabela 2 - Planilha de cálculo

99
REFERÊNCIAS

[1] EPE, Empresa de Pesquisa Energética. Energia Renovável: Hidráulica,


Biomassa, Eólica, Solar, Oceânica. Rio de Janeiro: EPE, 2016.

[2] TOYAMA, Alain Heizo; NEVES JUNIOR, Natalino das; ALMEIDA, Nelson Geraldo
de. ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS
FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA DE ENERGIA PARA
DIFERENTES REGIÕES NO ESTADO DO PARANÁ. 2014. 113 f. TCC (Graduação) -
Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),
Curitiba, 2014. Disponível em:
<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3058/1/CT_COELE_
2014_1_02.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2017.

[3] EPE, Empresa de Pesquisa Energética. SISTEMAS ISOLADOS: ENERGIA SOLAR


PARA SUPRIMENTO DE SISTEMAS ISOLADOS DO AMAZONAS. Brasília: Epe, 2016.
Disponível em: <http://www.epe.gov.br/geracao/Docu
ments/NT Sist Híbrido Grupo B AmE (EPE-DEE-NT-091_2016-r0).pdf>. Acesso em:
25 jul. 2017.

[4] REVISTA ELETRÔNICA DE CONTABILIDADE: ANÁLISE DE INVESTIMENTOS.


UFSM, 2006. Semestral. Disponível em:
<https://periodicos.ufsm.br/contabilidade/article/viewFile/21/3644>. Acesso em: 13
jul. 2017.

[5] Abinee, Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. Propostas para


Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasileira. KFDSF:
Abinee, 2012.

[6] PARENTE, Virginia. Análise de investimentos aplicada a projetos de energia. In:


MOREIRA, José Roberto Simões (Org.). Energias Renováveis, Geração Distribuída
e Eficiência Energética. Rio de Janeiro: Ltc, 2017. Cap. 16. p. 336-353.

[7] Tera Solar. Preço da Energia Elétrica x Inflação. (2016). Disponível em:
<http://www.terasolar.com.br/preco-da-energia-eletrica-x-inflacao/>. Acesso em:
30 agosto 2017.

100
7. REGULAMENTAÇÃO E NORMAS

INTRODUÇÃO
É de extrema importância para que possamos iniciar o procedimento de
instalação de um sistema fotovoltaico conhecer os aspectos legais e regulatórios
relacionados aos sistemas, sendo acrescentado a legislação vigente no Brasil,
tanto para os sistemas isolados individuais e com minirredes, quanto para os
conectados à rede. Além do mais, é preciso conhecer as normas técnicas vigentes
relativas aos Sistemas Fotovoltaicos de Conversão de Energia. Conhecer as
normativas existentes facilita a instalação de sistemas fotovoltaicos sem possíveis
problemas. (PINHO, 2014)

RESOLUÇÃO NORMATIVA 482/687 DA ANEEL


Em 2012, foi publicada a Resolução Normativa 482 da ANEEL
(posteriormente atualizada pela Resolução Normativa 687 de 2015), que permitiu
aos consumidores realizarem a troca da energia gerada com a da rede elétrica,
criando as regras e o sistema de compensação pela energia elétrica injetada na
rede. (PINHO, 2014)

Definições da REN
A REN 482 traz nas disposições preliminares diversas definições. Assim,
ficou definido que microgeração distribuída é a central geradora de energia
elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75kW e que utilize cogeração
qualificada, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de
distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. Minigeração
distribuída é a central geradora de energia elétrica, com potência instalada
superior a 75kW e menor ou igual a 5MW e que utilize cogeração qualificada, ou
fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio
de instalações de unidades consumidoras (ANEEL, 2012).
Além dessas citadas, temos as definições de melhorias e reforços de rede
além da definição de empreendimento com múltiplas unidades consumidoras 1;
geração compartilhada2 e autoconsumo remoto3.

1
Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras (condomínios):
caracterizado pela utilização da energia elétrica de forma independente, no qual cada fração com
uso individualizado constitua uma unidade consumidora e as instalações para atendimento das
áreas de uso comum constituam uma unidade consumidora distinta, de responsabilidade do
condomínio, da administração ou do proprietário do empreendimento, com microgeração ou
minigeração distribuída, e desde que as unidades consumidoras estejam localizadas em uma mesma
propriedade ou em propriedades contíguas, sendo vedada a utilização de vias públicas, de passagem
aérea ou subterrânea e de propriedades de terceiros não integrantes do empreendimento.
101
Compensação de Energia
Para fins de compensação de energia elétrica, os consumidores que
instalarem sistemas de micro e minigeração estão liberados a injetar na rede de
distribuição a energia que seja excedente da produção do mesmo e assim receber
créditos em kWh com validade de 60 meses para ser descontados da conta de
energia. Com isso, a rede elétrica funciona como uma bateria do sistema, já que a
energia produzida não precisa ser consumida instantaneamente.
Há ainda a possibilidade de o consumidor utilizar esses créditos em outras
unidades previamente cadastradas dentro da mesma área de concessão e
caracterizada como autoconsumo remoto, geração compartilhada ou integrante
de empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras (condomínios), em
local diferente do ponto de consumo.
Por fim, é importante ressaltar que, para unidades consumidoras
conectadas em baixa tensão (grupo B), ainda que a energia injetada na rede seja
superior ao consumo, será devido o pagamento referente ao custo de
disponibilidade – valor em reais equivalente a 30 kWh (monofásico), 50 kWh
(bifásico) ou 100 kWh (trifásico). Já para os consumidores conectados em alta
tensão (grupo A), a parcela de energia da fatura poderá ser zerada (caso a
quantidade de energia injetada ao longo do mês seja maior ou igual à quantidade
de energia consumida), sendo que a parcela da fatura correspondente à demanda
contratada será faturada normalmente (ANEEL, 2017).

Acesso ao Sistemas de Distribuição


As circunstâncias de acesso ao sistema de distribuição são estabelecidas
na seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST. As distribuidoras precisam obedecer às
solicitações de acesso para micro e minigeradores distribuídos seguindo os termos
do PRODIST e também definir as condições técnicas da instalação.

2
Geração compartilhada: caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da
mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa, composta por
pessoa física ou jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou minigeração
distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a energia excedente será
compensada;
3
Autoconsumo remoto: caracterizado por unidades consumidoras de titularidade de
uma mesma Pessoa Jurídica, incluídas matriz e filial, ou Pessoa Física que possua unidade
consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades
consumidoras, dentro da mesma área de concessão ou permissão, nas quais a energia excedente
será compensada;
102
PRODIST
O PRODIST, da ANEEL, é o instrumento regulatório que normatiza e
padroniza as atividades técnicas relativa ao funcionamento e desempenho dos
sistemas de distribuição de energia elétrica, aplicando-se à geração distribuída nos
sistemas de baixa tensão. O conjunto de regras deseja subsidiar os agentes e
consumidores do sistema elétrico nacional na identificação e classificação de suas
necessidades para o acesso ao sistema de distribuição, criando padrões,
condições, responsabilidades e penalidades relativas à conexão, planejamento da
expansão, operação e medição da energia elétrica, sistematizando a troca de
informações entre as partes, e também possui o objetivo de estabelecer critérios
e indicadores de qualidade.
Estão submetidas ao PRODIST todas as concessionárias, permissionárias e
autorizadas dos serviços de geração distribuída e de distribuição de energia
elétrica, consumidores conectados aos sistemas de distribuição em qualquer
tensão, cooperativas de eletrificação rural e importador/exportador de energia
conectado.

Módulo 3
O Módulo 3 trata das condições de acesso, compreendendo a conexão ao
sistema de distribuição, definindo critérios técnicos e operacionais, os requisitos
de projeto, as informações, os dados e a implementação da conexão dos
acessantes (ANEEL, 2016).
Para iniciar o processo, são obrigatórias as etapas de solicitação e de
parecer de acesso. A solicitação de acesso4 deve conter o Formulário de
Solicitação de Acesso para micro e minigeração distribuída, disponíveis nos Anexos
II, III e IV da seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST, determinados em função da
potência instalada da geração. O formulário específico para cada caso deve ser
protocolado na distribuidora, acompanhado dos documentos pertinentes.
Em resposta à solicitação de acesso, a distribuidora deverá emitir o
parecer de acesso, em que são informadas as condições de acesso e os requisitos
técnicos que permitam a conexão das instalações do acessante (consumidor) com
os respectivos prazos. Caso haja necessidade de alguma obra de melhorias ou
reforços no sistema de distribuição, o parecer de acesso deve também
apresentar o orçamento da obra, contendo a memória de cálculo dos custos
orçados, do encargo de responsabilidade da distribuidora e da eventual
participação financeira do consumidor.

4
A solicitação de acesso é o requerimento formulado pelo acessante (consumidor).

103
O prazo máximo para elaboração do parecer é de 15 dias para
microgeração e de 30 dias para minigeração. Se houver necessidade de obras,
esses prazos são dobrados (ANEEL, 2016).
A figura 2 apresenta um fluxograma para implantação de unidade de
geração solar fotovoltaica.

Figura 2 - Síntese dos procedimentos e prazos para implantação de unidade de geração


solar fotovoltaica. Fonte: (ANEEL, 2016).

NBR’s PARA TRABALHOS COM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

NBR 5410:2008 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão


Uma instalação elétrica mais segura e com maior qualidade é o que
garante a Norma Técnica ABNT NBR 5410: 2008 - Instalações elétricas de baixa
tensão.
Esta Norma estabelece as condições a que devem satisfazer as instalações
elétricas de baixa tensão, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o
funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens. Esta Norma
aplica-se principalmente às instalações elétricas de edificações, qualquer que seja
seu uso (residencial, comercial, público, industrial, de serviços, agropecuário,
hortigranjeiro, etc.), incluindo as pré-fabricadas.

104
NBR 5419:2015 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas
Fixa as condições de projeto, instalação e manutenção de sistemas de
proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), para proteger as edificações e
estruturas contra a incidência direta de raios. A proteção se aplica também contra
a incidência direta de raios sobre os equipamentos e pessoas no interior dessas
edificações e estruturas, ou no interior da proteção imposta pelo SPDA instalado.

NBR 14200:1998
A NBR 14200:1998 “Acumulador chumbo-ácido estacionário ventilado para
sistema fotovoltaico – ensaios”, prescreve os métodos de ensaio aplicáveis a todos
os tipos de construções de acumuladores de chumbo-ácido estacionários
ventilados, para aplicação em sistemas fotovoltaicos.

NBR 11704:2008 – Sistema fotovoltaicos – Classificação


Aborda a classificação dos sistemas FV quanto às suas características
elétricas. Os sistemas podem ser classificados em isolados ou conectados à rede.
Quanto à sua configuração, os sistemas podem ser puros ou híbridos.

NBR 10899:2013 – Energia Solar Fotovoltaica – Terminologia


Define os termos técnicos relativos à conversão FV e aborda a
nomenclatura e principais termos técnicos utilizados na área solar fotovoltaica,
mas não inclui os termos gerais de eletricidade, que são definidos na NBR 5456.

NBR IEC 62116:2012


A NBR IEC 62116:2012 – Procedimento de ensaio de anti-ilhamento para
inversores de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica, fornece o
procedimento de ensaio para avaliar o desempenho das medidas de prevenção de
ilhamento utilizadas em sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica.

ABNT NBR 16149:2013


A ABNT NBR 16149:2013 “Sistemas fotovoltaicos: Características da
interface de conexão com a rede elétrica de distribuição — Procedimento de
ensaio de conformidade” estabelece as recomendações específicas para a
interface de conexão entre os sistemas fotovoltaicos e a rede de distribuição de
energia elétrica e estabelece seus requisitos.
Seus principais tópicos abordam a injeção de componente cc na rede;
distorção harmônica; correção de fator de potência; variação de tensão; variação

105
de frequência; limitação de potência ativa/reativa e desconexão/reconexão do
sistema fotovoltaico da rede.

NBR 16274:2014
A NBR 16274:2014 “Sistemas fotovoltaicos conectados à rede -
Requisitos mínimos para documentação, ensaios de comissionamento,
inspeção e avaliação de desempenho” estabelece as informações e a
documentação mínimas que devem ser compiladas após a instalação de um
sistema fotovoltaico conectado à rede. Também descreve a documentação, os
ensaios de comissionamento e os critérios de inspeção necessários para avaliar a
segurança da instalação e a correta operação do sistema.
Dentre seus tópicos principais estão a Documentação do Sistema;
Verificação Inicial e Periódica; Inspeção; Ensaios de Comissionamento; Medição da
Curva IV; Ensaios Adicionais; Modelo de Relatórios e a Avaliação do Desempenho e
Geração de Energia.

FUTURA NBR DE INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA


Uma norma está sendo elaborada pelas comissões CE-03:064.015 e CE-
03:082.016 do comitê ABNT/CB-037. A nova norma definirá os requisitos de projeto
das instalações elétricas de arranjos fotovoltaicos, incluindo disposições sobre os
condutores, os dispositivos de proteção elétrica, os dispositivos de chaveamento, o
aterramento e a equipotencialização do arranjo fotovoltaico. O escopo da norma
deverá incluir todas as partes do arranjo fotovoltaico até, mas não incluindo, os
dispositivos de armazenamento de energia, as unidades de condicionamento de
potência ou as cargas.
Dentre os principais tópicos estão as configurações do arranjo FV; a
proteção contra choques elétricos; a proteção contra sobrecorrente e
sobretensões; a proteção contra falhas de isolamento; a instalação de
componentes elétricos; a instalação das linhas elétricas (cabos e conexões); os
dispositivos de proteção, seccionamento e comando e a coordenação da proteção.

5
Comissão de Estudo de Instalações Elétricas de Baixa Tensão
6
Comissão de Estudo de Sistemas de Conversão Fotovoltaica de Energia Solar
7
Comitê Brasileiro de Eletricidade
106
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.

[2] ANEEL. Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012. Estabelece as


condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos
sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia
elétrica, e dá outras providências. REN 482. Brasília, DF, Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/cedoc/bren2012
482.pdf>. Acesso em: 02 dez. 2017.

[3] ANEEL. Geração Distribuída. 2017. Disponível em: <http://www.ane


el.gov.br/informacoes-tecnicas/-/asset_publisher/CegkWaVJWF5E/content/geracao-
distribuida-introduc-1/656827?inheritRedirect=false>. Acesso em: 10 dez. 2017.

[4] ANEEL. Micro e minigeração distribuída: sistema de compensação de energia


elétrica. 2. ed. Brasília: ANEEL, 2016. 31 p. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/documents/656877/14913578/Caderno+tematico+Micro
+e+Minigeração+Distribuida+-+2+edicao/716e8bb2-83b8-48e9-b4c8-
a66d7f655161>. Acesso em: 10 dez. 2017.

[5] ABNT. Sistemas fotovoltaicos (FV). Disponível em: <http://www.ab


nt.org.br/noticias/3347-sistemas-fotovoltaicos-fv>. Acesso em: 18 agosto 2017.

107
8. OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO (O&M)

COMISSIONAMENTO
Depois da instalação dos equipamentos é preciso vistoriar o projeto,
através de testes e inspeções, para certificar que os componentes estejam
trabalhando adequadamente, atendendo às especificações de projeto e as normas
aplicáveis. Todo esse processo é denominado de comissionamento.
O comissionamento deve ser realizado antes do sistema fotovoltaico ser
colocado em operação e deve ser executado com equipamentos e profissionais
aptos. Deve ser feito um relatório contendo todos os processos que serão
realizados na inspeção, além de informações claras dos procedimentos a serem
aplicados e dos valores de tolerâncias máximas.

NBR 16274
A NBR 16274:2013, estabelece as informações e a documentação mínimas
que devem ser compiladas de um sistema fotovoltaico conectado à rede. Também
descreve a documentação, os ensaios de comissionamento e os critérios de
inspeção necessários para avaliar a segurança da instalação e a correta operação
do sistema. A Norma pode ainda ser utilizada para verificações periódicas ou
avaliação do desempenho de sistemas fotovoltaicos conectados à rede.
Seus principais tópicos são:
● Documentação do Sistema
● Verificação Inicial e Periódica
● Inspeção
● Ensaios de Comissionamento : Categoria 1 e 2
● Medição da Curva IV – Interpretação dos resultados
● Ensaios Adicionais
● Modelo de Relatórios
● Avaliação do Desempenho e Geração de Energia

Inspeção Visual
No comissionamento, a inspeção visual analisará os equipamentos e os
componentes, coletando informações como quantidade, qualidade e localização,
além de algumas sugestões para prevenção e adequação.
Analisa-se ainda, se os componentes de proteção (tanto para o sistema
em si, quanto para as pessoas que vão utilizá-lo ou operá-lo) estão presentes,
como por exemplo o aterramento elétrico e o SPDA, além de verificar se os avisos
de advertência de choque elétrico e demais placas de informação, foram

108
colocados. Ainda na parte de segurança, a inspeção deve verificar se os painéis
fotovoltaicos, os bancos de baterias, a estrutura de suporte e bandejas para
retenção de ácido (se for o caso) estão corretamente instalados.
Observa-se também se a orientação e a inclinação do gerador fotovoltaico
está conforme o projeto e se os módulos e outras estruturas estão sem nenhum
dano. Assim, é de praxe averiguar o invólucro das baterias, que devem estar sem
vazamentos e as estruturas de suporte das bandejas que devem estar em ótimo
estado.
Se, por acaso, houver estruturas em telhados é preciso analisar se o peso
está adequado de acordo com a cobertura e se a mesma não está danificada.
Por fim, deve-se verificar se a limpeza e organização do local da instalação
estão perfeitas. (PINHO; GALDINO, 2014)

Documentação
A inspeção também é realizada sobre a documentação do projeto
verificando se estão contidas informações como a capacidade do sistema, a sua
localização, datas de instalação e comissionamento, características e capacidades
dos equipamentos principais.
Deve conter, além das informações sobre o projetista e do instalador do
sistema, a anotação de responsabilidade técnica (ART) e dados do proprietário do
sistema. Faz parte da documentação, os manuais de manutenção e operação e as
garantias dos principais equipamentos. No caso da potência instalada ser superior
a 75 kW, o documento deve conter o prontuário de instalações elétricas, conforme
especifica a NR 10. (PINHO; GALDINO, 2014)
Além dos dados do sistema, a documentação deve incluir os diagramas
unifilares, os quais devem abordar as especificações gerais do arranjo fotovoltaico,
informações da série fotovoltaica, detalhes elétricos do arranjo fotovoltaico,
aterramento e proteção contra sobretensão e diagramas sobre o sistema CA.

Ensaios e testes
Outro processo é o de testes operacionais, mecânicos e elétricos, no qual
os sistemas de seccionamento devem permanecer fechados, diferente do
processo anterior de inspeção visual.
O processo consiste em realizar uma série de testes e medições para
verificar se o sistema está comportando como o esperado.
Verifica-se a continuidade dos circuitos de aterramento e
equipotencialização e faz-se o ensaios de resistência de isolamento dos circuitos
CC. Também devem ser incluídos nesse processo, a análise da polaridade do

109
gerador fotovoltaico e a medição da curva IxV do gerador fotovoltaico.
(PINHO;GALDINO, 2014)
Deve-se analisar se a operação do sistema está conforme o esperado.
Para isso pode ser realizado o teste de qualidade de energia, analisando
basicamente a distorção harmônica de corrente e o fator de potência no lado CA
do sistema. Além disso, em relação aos parâmetros elétricos, é apropriado
certificar-se que a tensão e a frequência do inversor estão em acordo com as
especificações das cargas e/ou da rede elétrica. Este processo deve ser repetido no
controlador de carga das baterias (se houver), porém analisando sua corrente.
Para sistemas de grande porte, deve-se realizar também a avaliação de
desempenho (performance ratio) e tem como objetivo analisar o comportamento
dos principais componentes do sistema para estimar parâmetros anuais de
desempenho, bem como a produção de energia. Esses dados são relevantes para
investidores e operadores do sistema.
Por fim, faz-se a averiguação de pontos quentes nos módulos, caso ocorra
e não tiver sombreamento, o módulo deve ser trocado. Além de analisar a
temperatura dos módulos, deve ser analisado se as temperaturas de operação do
controlador, inversor e baterias estão conforme foi informado pelo fabricante ou
pelo projeto.
A NBR 16274 agrupa todos estes procedimentos descritos acima segundo
categorias. Assim, a Categoria 1 fica com conjunto padrão de ensaios que deve ser
aplicado a todos os sistemas. Engloba:
● Ensaio dos circuitos CA;
● Continuidade da ligação à terra;
● Ensaio de Polaridade;
● Ensaio da série fotovoltaica (curto-circuito ou operacional);
● Ensaio da tensão de circuito aberto das séries fotovoltaicas;
● Ensaios Funcionais;
● Ensaio de resistência de isolamento dos circuitos CC.
Já a Categoria 2, seria a sequência expandida de ensaios que assume que
todos os ensaios da Categoria 1 já foram realizados. Destina-se a sistemas maiores
ou mais complexos e englobam o Ensaio de curva IxV da série fotovoltaica e a
Inspeção com câmara infravermelha.
Por fim, a NBR 16274, define como Ensaios Especiais os procedimentos de
verificação de Tensão ao Solo – sistemas com aterramento resistivo; do ensaio do
diodo de bloqueio; do ensaio de resistência de isolamento úmido e a avaliação de
sombreamento .

110
Fonte: HT Instruments
Figura 1 – Equipamentos para ensaios e testes do sistema fotovoltaico.

Relatório
Após toda a inspeção, um relatório de comissionamento deve ser feito e
apresentado, contendo o período do comissionamento, a data do relatório,
assinaturas dos responsáveis do projeto e do responsável pelo comissionamento.
Devem constar todos os processos citados nesse tópico com os resultados,
descrição de eventuais erros encontrados e possíveis soluções dos testes feitos e
uma estimativa sobre algum problema que pode chegar a ocorrer.
(PINHO;GALDINO, 2014)

LIMPEZA
A poeira, fezes de aves ou outros tipos de sujeira podem acabar
prejudicando a geração de energia de um sistema fotovoltaico, visto que podem
causar sombreamento pontuais. Assim, é preciso realizar uma limpeza dos painéis
com água, com o auxílio de uma esponja macia que não cause riscos no painel. Em
alguns casos pode ser utilizado o sabão neutro, porém é muito arriscado pois
pode causar reações químicas indesejadas. Além disso, o processo de limpeza
deve ser realizado com o sistema desligado e com o módulo frio.
Dependendo do local e da frequência de chuvas a limpeza pode ser
semanal, mensal ou até anual. Em casos em que o sistema esteja instalado em
locais próximos de construções ou com muita incidência de poeira e/ou poluição,
a limpeza pode ser até semanal. Já em locais de pouca incidência de poeira ou
então com muitas chuvas, a limpeza é casualmente realizada entre 3 ou 4 meses,
chegando a ser anual em alguns casos. (PINHO;GALDINO, 2014)

111
MANUTENÇÃO PREVENTIVA/CORRETIVA
A manutenção preventiva ou corretiva de um sistema garante que o seu
funcionamento será adequado, sem perdas significativas de eficiência. Assim, a
NBR 16274 recomenda que o sistema seja passado por uma inspeção periódica,
garantindo que problemas sejam detectados a tempo de não influenciar na
operação do sistema.

Manutenção Preventiva
A manutenção de módulos fotovoltaicos costuma ser coberto pela
garantia, sendo ela no período de 5 a 10 anos para problemas de fabricação e 25
anos para rendimento especificado.
A manutenção dos módulos fotovoltaicos consiste em verificar se os
módulos estão limpos, se as células não possuem descoloração ou algum risco, se
a fixação e dispositivos de proteção do painel estão adequados e se não possui
corrosão.
Também deve ser verificado a tensão de circuito aberto e corrente de
curto-circuito, levando em conta os procedimentos de segurança previstos na NR
10. (PINHO;GALDINO, 2014)
Através de uma câmera termográfica infravermelha é possível detectar
pontos quentes (hot spots) no módulo, caso seja detectado é preciso analisar se
não existe sombreamento, sujeira, ou célula com algum defeito, seja ele de
polarização inversa ou na solda dos condutores ou erro no diodo de desvio. Caso
ocorra no módulo inteiro é possível que o mesmo não esteja instalado
corretamente. A irradiação solar deve ser superior a 600 W/m² e a inspeção pode
ser tanto na parte frontal do módulo quanto na traseira. A câmera também pode
verificar se ocorrem temperaturas elevadas nos cabos e conexões que podem ser
frutos sobrecarga ou mau contato, precisando assim ser corrigido.
(PINHO;GALDINO, 2014)
Em sistemas autônomos, um dos componentes que causam mais
problemas é a bateria. Elas possuem vida útil menor e ainda precisam de mais
manutenção que o sistema. Baterias que necessitam de troca água, (por exemplo
as abertas, as OPzS, entre outras) precisam de uma atenção maior pois, é
necessário certificar-se que o nível da água e a densidade do eletrólito estão
adequados para não diminuir a sua vida útil. Dependendo das condições do
ambiente, de uso e do estado da bateria, a verificação da água pode ser de seis
meses a um ano.
O local onde as baterias ficarão deve ter uma ventilação apropriada, os
furos ou abertura no compartimento devem estar abertos, porém com uma tela

112
para proteção contra insetos, animais pequenos e vegetação. Outros cuidados
devem ser tomados em relação a bateria tais como limpeza, verificação do
desempenho, suas condições e aperto de conectores. No caso de banco de
baterias deve ser analisado a tensão de cada bateria e tensão total no banco, além
da densidade de cada bateria. Para a medir a carga da bateria deve se ter o maior
cuidado para não prejudicar o controlador de carga, o processo deve ser realizado
desconectando a carga, depois o gerador fotovoltaico e só assim desconectar o
banco de baterias. É recomendável que seja realizado o processo depois de um dia
ensolarado, pois assim garante-se que as baterias estarão totalmente carregadas.
(PINHO;GALDINO, 2014)
Os componentes de condicionamento de potência como os inversores,
conversores de corrente contínua para contínua, controladores de cargas e de
bombas devem ser inspecionados conforme as especificações do fabricante para o
seu perfeito funcionamento. Em situações que o equipamento apresentar alguma
falha é preciso que o mesmo seja retirado para análise e assim substituído. A
inspeção deve verificar se as conexões não estão corroídas ou se existem insetos
ou qualquer outra sujeira no compartimento dos equipamentos de potência.
No inversor deve se verificar a frequência, tensão e distorção harmônica
total da tensão de saída com carga máxima e sem carga para garantir que ele
esteja alimentando as cargas de corrente alternada. O mesmo deve se fazer tanto
para o lado de corrente contínua como para o lado de corrente alternada.
Outros equipamentos e dispositivos como os cabeamentos e dispositivos
de segurança devem ser analisados também. A análise deve certificar se estão em
funcionamento perfeito, sem danos ou com conexões ruins. No caso de
segurança, deve-se verificar se os dispositivos não estão danificados. Também
deve verificar se tem curtos-circuitos nos cabos condutores e se ocorreu o
chamado falta à terra, quando o cabo condutor encosta na carcaça ou em algum
condutor metálico. Certificar se todo o sistema elétrico está devidamente
aterrado. Atestar se os cabos não estão com falhas no isolamento, principalmente
nas dobras e nos pontos de conexão. Certificar se as caixas de controle e junção
estão em perfeito estado, no caso de ocorrer algum evento climático, verificar se
não agrediu a caixa e se não está com água, caso o evento for uma tempestade.
(PINHO;GALDINO, 2014)
Verificar se os dispositivos responsáveis por fornecer informações e dados
do sistema estão em funcionamento adequado.

Manutenção Corretiva
Diferente da manutenção preventiva, a corretiva consiste em consertar
falhas já ocorridas e assim prevenir que aconteçam novamente. Além disso, a

113
manutenção corretiva realiza a troca de equipamentos com defeitos de fabricação,
olhando sempre se o equipamento está na garantia para acioná-la caso for
necessário. No caso de não estar na garantia, deve-se planejar o orçamento para a
manutenção do sistema. (BALFOUR; SHAW; NASH, 2016)

MONITORAMENTO
Em um sistema sem um monitoramento completo, a identificação de um
problema pode demorar muito tempo, ultimamente a tecnologia tem avançado
cada vez mais nessa área de testes e monitoramento ajudando a reconhecer um
problema mais rápido. Em alguns casos, as informações oferecidas pela
concessionária não são suficientes para a inspeção e nem sempre o proprietário
realiza uma vistoria.
Existem alguns monitoramentos comumente usados hoje em dia,
facilitando o acesso frequente dos dados, por exemplo, como a maioria dos
inversores possui um controle acoplado ao equipamento, as informações podem
ser obtidas no sistema e, para alguns itens é colocado alarmes que são disparados
se ocorrer alguma falha. Outro monitoramento possível é o remoto, no qual o
instalador acompanha os dados através da internet fazendo com que o
proprietário tenha menos trabalho para ficar verificando o sistema. (BALFOUR;
SHAW; NASH, 2016)
Para maiores informações, ver o capítulo 3.

REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-cresesb, 2014.

[2] BALFOUR, John; SHAW, Michael; NASH, Nicole Bremer. Introdução ao projeto
de sistemas fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Ltc, 2016.

[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16274: Sistemas


fotovoltaicos conectados à rede - Requisitos mínimos para documentação, ensaios
de comissionamento, inspeção e avaliação de desempenho. 1 ed. Rio de Janeiro:
ABNT, 2014. 52 p.

114
9. DEMAIS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

SISTEMA FOTOVOLTAICO COM BACKUP DE BATERIAS


Podemos utilizar os painéis fotovoltaicos de diversas formas, uma delas,
cada vez mais requisitada devido constantes faltas de energia, é o sistema
fotovoltaico conectado na rede elétrica com um back-up de baterias.
De uma forma simples, ele funciona exatamente como o sistema
tradicional fotovoltaico conectado à rede, porém, utiliza um banco de baterias
para suprir a residência quando faltar energia da rede. [1]
Para o caso de quando houver falta de energia, o sistema com backup de
baterias será isolado automaticamente da rede elétrica e a casa terá energia por
um determinado número de horas de acordo com o tamanho do seu banco de
baterias e capacidade do inversor. A figura 1 ilustra um sistema fotovoltaico com
backup de baterias.

Figura 1 – sistema fotovoltaico com backup de baterias.

Características
Durante as horas do dia o sistema fotovoltaico produz energia, parte da
energia gerada pelo sistema vai direto para as cargas (parte de cor rosa na figura
2) , entretanto outra parte é utilizada para carregar completamente as baterias
(cor roxa na figura 2) para uso nas cargas críticas ou em momentos de
indisponibilidade da energia solar, como a noite por exemplo (cor azul na figura 2).
Se o dia estiver ensolarado e o consumo próprio baixo, a energia excedente é
jogada na rede (cor cinza na figura 2).
115
Figura 2 - Curva de carga do sistema híbrido. Fonte: Adaptado de Sharp Co.

Se houver uma carga crítica como, por exemplo, um sistema de


computador que seria afetado por variações de tensão, desligamento parcial da
rede elétrica ou falta total de energia, um sistema como armazenamento em
baterias pode fazer sentido, mesmo se não houver uma interrupção substancial
da quantidade de energia na rede. [2]

SISTEMA HÍBRIDO
No inverno a energia solar disponível pode ser insuficiente para atender o
consumo de eletricidade de uma residência, entretanto no verão temos a situação
inversa. Dessa forma, surgiu no mercado de sistemas fotovoltaicos a ideia de que
a combinação com uma outra fonte de energia, poderia constituir uma boa
solução para manter os níveis de produção. [4]
Qualquer sistema fotovoltaico que integre hidroturbinas ou turbinas
eólicas ou até mesmo geradores a diesel é considerado um sistema híbrido. Isso
quer dizer que o sistema utiliza mais de um método para criar eletricidade. [2]
A combinação com um gerador eólico (ver figura 3)poderá ser uma ótima
solução caso exista constância de ventos na região, além de um espaço sem
prédios nem árvores na área circundante. A energia solar e a energia eólica
podem com muita frequência complementarem-se entre si. [4]

116
Figura 3 - Esquema eléctrico de uma instalação híbrida com gerador eólico

É possível observar uma solução mais eficiente para combinar um gerador


de apoio nos sistemas FV, o inversor e o controlador de carga da bateria são
combinados numa única unidade (ver figura 4), e o gerador de apoio entrará
automaticamente quando for preciso, por meio de um controlador central.

Figura 4 - Conversores para sistemas híbridos.

117
Os sistemas híbridos em alguns casos não são uma opção econômica para
os sistemas conectados à rede. Porém, os sistemas híbridos são uma ótima
escolha quando se projeta sistemas de energia independentes, visto que podem
ser combinados dois ou mais fontes de energia para suprir as cargas. [2]

SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS


Existem dois tipos de sistemas isolados conhecidos como individuais ou
em minirredes. Sendo que, no primeiro caso, a geração é exclusiva para atender
uma unidade consumidora. No caso de minirredes, a geração é dividida para um
grupo de unidades consumidoras que se localizam perto uma das outras. [3]

SISTEMAS ISOLADOS EM MINIRREDE


Em regiões rurais de comunidades isoladas a eletrificação pode ser
realizada por meio de sistemas coletivos, conhecidos como MIGDI 1, conforme a RN
493/2012, ou minirredes. Em alguns locais isolados no Brasil se utilizam sistemas
com minirredes de distribuição para o fornecimento de eletricidade, onde a fonte
de geração de energia mais comum é o grupo gerador a diesel.
Este tipo de sistema possui um alto custo operacional, visto que é preciso
realizar manutenções periódicas no grupo gerador, gerenciar o consumo e o
transporte do óleo diesel. Estes custos são maximizados quando as comunidades
atendidas se localizam em regiões afastadas dos centros urbanos, vivendo em
situações precárias de acesso.
Por ter um alto custo operacional, alguns sistemas operam em situações
precárias de manutenção e fornecimento do combustível. Uma outra
desvantagem ligada aos grupos de geradores a diesel são as questões
socioambientais, relacionado ao transporte do óleo diesel, à possíveis vazamentos,
à emissão de gases poluentes e à produção de ruídos. [3]
Por esses motivos são aplicados sistemas fotovoltaicos isolados e/ou
híbridos de geração de energia elétrica. Sendo que o objetivo desse tipo de
sistema é fornecer energia elétrica de forma confiável e diminuir a dependência de
recursos externos.
O dimensionamento correto dos geradores de energia elétrica através de
fontes renováveis, do banco de baterias, e o uso de uma estratégia de operação
que melhore os recursos disponíveis, deve tentar ao máximo minimizar ou
eliminar a necessidade do uso do grupo gerador a diesel e aumentar a vida útil do

1
Microssistema Isolado de Geração e Distribuição de Energia Elétrica - MIGDI

118
banco de baterias, fazendo com que seja minimizado os custos de operação e
manutenção. [3]
A figura 5 mostra um diagrama básico de um sistema isolado híbrido
Fotovoltaico-Eólico-Diesel, onde a carga representada pode ser uma minirrede
com as unidades consumidoras de uma comunidade.

Figura 5 – Exemplo de sistema isolado híbrido.

Os tipos de fontes de geração usadas, devem privilegiar a utilização dos


recursos energéticos locais. Usar mais de uma fonte de energia, mesmo indicando
um maior custo na implementação do sistema híbrido, em alguns casos pode
contribuir para uma maior confiabilidade no atendimento dos consumidores, já
que a probabilidade de que todas as opções de geração de energia estejam
inoperantes, ou momentaneamente indisponíveis, é menor, quando comparada
com o caso de geração por uma única fonte de energia. [3]
Um sistema híbrido possui a vantagem de poder ser modular em sua
instalação, adequando sua capacidade de geração à disponibilidade de recursos
financeiros. Por outro lado, os sistemas híbridos aumentam a complexidade do
projeto, instalação e operação do sistema de geração que pode se tornar crítica
em comunidades isoladas remotas. [3]
A figura 6 apresenta os painéis fotovoltaicos e a edificação onde ficam os
inversores, controladores, baterias e equipamentos de monitoramento do sistema
119
MIGDI fotovoltaico de 13,5 KWp, que atende a 19 unidades consumidoras da
comunidade de Sobrado, no município de Novo Airão, no Amazonas. O MIGDI foi
instalado em 2011, junto a outros 11 sistemas similares em diversas comunidades
do estado, pela Eletrobras Amazonas Energia, no âmbito do Programa Luz para
Todos. [3]

Figura 6– Sistema MIGDI fotovoltaico da comunidade de Sobrado no Amazonas. Fonte: (Eletrobras.


o
Apresentação na 1 INOVA FV, 2011).

Os MIGDIs possuem um gasto maior de implantação por unidade


atendida por causa dos gastos com o abrigo para os equipamentos, com a
minirrede de distribuição e devido à necessidade de implantar uma maior
capacidade em painéis fotovoltaicos e baterias para compensar as perdas
energéticas na distribuição.
Ao se optar por sistemas coletivos, é recomendável a utilização de algum
tipo de controle para impedir que um usuário consuma mais que o devido e
prejudique os demais, situação não aplicada em sistemas individuais. Os MIGDIs
apresentam vantagem em relação à reposição de inversores e controladores, visto
que utilizam menor quantidade destes componentes por unidade consumidora
(UC) atendida e utilizam inversores maiores e mais robustos, fazendo com que o
custo das visitas de manutenção seja menor. Estas são determinadas pelas falhas
de inversores, controladores e ocorrências de outra natureza, normalmente mais
pertinentes aos sistemas individuais do que aos sistemas coletivos. Os MIGDIs são
beneficiados com o aumento do número de UCs, porque isto diminui o custo de
manutenção da rede e aumenta a diferença no número de controladores e
inversores dos sistemas individuais em relação à central. [3]
As principais cargas atendidas pelos sistemas SIGFI e MIGDI são lâmpadas
e TV/antena parabólica. O Programa Luz para Todos determina que o sistema

120
possa também alimentar um refrigerador. Outros eletrodomésticos encontrados
geralmente nas comunidades são: ventilador, aparelho de som, carregador de
celular, liquidificador ou similar para bater polpas. [3]

REFERÊNCIAS
[1] PORTALSOLAR (São Paulo). Como funciona o sistema fotovoltaico com
backup de baterias. Disponível em: <http://www.portalsol ar.com.br/blog-
solar/energia-solar/como-funciona-o-sistema-fotovoltaico-com-back-up-de-
baterias.html>. Acesso em: 20 julho 2017.

[2] BALFOUR, John. Introdução ao Projeto de Sistemas Fotovoltaicos. Rio de


Janeiro: LTC-Livros Técnicos e Científicos, 2016.

[3] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL-CRESESB, 2014.

[4] GREENPRO. Energia fotovoltaica: manual sobre tecnologias, projeto e


instalação. 2004.

121
10. SEGURANÇA DO TRABALHO

NR 10
A norma regulamentadora estabelecida pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, denominada NR 10, consiste em designar condições e exigências
mínimas para a segurança e saúde dos trabalhadores que trabalham com
instalações elétricas ou qualquer serviço que envolve a eletricidade,
implementando sistemas de prevenção e medidas de controle.
A NR 10 abrange desde a geração até a manutenção das instalações
elétricas, incluindo a transmissão, distribuição, construção, montagem, operação e
consumo, além de trabalhos realizados próximos a essas áreas, aplicando-se
normas técnicas de acordo com os órgãos responsáveis.
Podemos citar como elemento fundamental da NR 10 as medidas de
controle, a qual determina que uma empresa, responsável por executar os
serviços de instalações elétricas, deve incluir as medidas de prevenção contra os
riscos elétricos nas iniciativas da empresa, visando a segurança e saúde do
trabalhador. Além disso, a empresa deve manter os diagramas unifilares
atualizados, que devem especificar o nível de curto-circuito e as informações do
sistema de aterramento e outros equipamentos para a proteção. (NR 10, 2016)
Em estabelecimentos que possuem cargas superiores a 75 kW tem como
dever apresentar um Prontuário com informações sobre os procedimentos,
orientações técnicas e administrativas sobre a saúde e a segurança, além de
especificar sobre os equipamentos, ferramentais, individuais ou coletivos de
proteção. O prontuário também deve conter documentos com dados do
aterramento elétricos e sistemas de proteção contra descargas atmosféricas,
comprovantes de autorização, capacitação, qualificação, habilitação e dos
treinamentos executados pelos trabalhadores. Resultados de ensaios, como o
teste de qualificação dos equipamentos de proteção, devem ser incluídos no
prontuário e também relatórios acerca das supervisões devem estar atualizados
com cronogramas de adequações e recomendações. Para cada tipo de empresa é
especificado um prontuário adequado. Os mesmos devem ser realizados por
profissionais legalmente habilitados, de acordo com a NR 10 (2016).
A NR 10 abrange as medidas de proteção coletiva, que visam a proteção e
segurança dos trabalhadores nas atividades que serão desenvolvidas, como
exemplo, “a isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de
seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático”
(NR 10, 2016). Especifica também medidas de proteção individual, como
vestimentas adequadas para o trabalho, com inflamabilidade, condutibilidade e
influências eletromagnéticas adequadas. (NR 10, 2016)

122
A NR estabelece que um projeto elétrico deve englobar medidas de
segurança nos equipamentos, como o de garantia que o circuito não irá ser
reenergizado, para isso deve-se instalar um dispositivo de seccionamento de ação
simultânea; e medidas de segurança para os trabalhadores, como o de garantir
um espaço seguro para a manutenção e construção. (NR 10, 2016)
O projeto deve estabelecer uma representação da configuração do
aterramento e de outros equipamentos de proteção, tal como a conexão entre o
condutor neutro e o de proteção (PE), e a ligação à terra das peças metálicas. (NR
10, 2016)
Em relação a segurança na construção, montagem, operação e
manutenção, os equipamentos utilizados devem estar devidamente adequados à
segurança do funcionário, aqueles que possuem isolamento, deve ser verificado se
é compatível com a tensão aplicada no local do seu manuseio, além de serem
testados. Locais de riscos, como por exemplo, risco de explosão, altura,
confinamento, entre outros, devem ser sinalizados e locais de serviços elétricos
não podem ser usados para guarda objetos. A empresa é responsável por garantir
ao funcionário um local de iluminação adequado, e uma posição apropriada de
trabalho. (NR 10, 2016)
Para atuar em instalações elétricas energizadas, os trabalhadores devem
ser especializados e com experiência de acordo com a tensão. Ao implementar
tecnologias novas ou ao fazer uma nova instalação, deve-se, sempre que possível,
desenergizar o circuito e analisar os riscos novamente. Quando ocorre algo ou
uma condição não prevista de riscos, o operador deve suspender as atividades
naquele local, caso não seja possível um controle imediato. (NR 10, 2016)

NR 35
A Norma Regulamentadora NR 35 determina medidas de segurança para
trabalhos realizados em alturas acima de dois metros, tais medidas vão desde o
planejamento até a execução do trabalho, assegurando assim a saúde e segurança
do trabalhador.
O empregador deve realizar análises de risco e aplicar as medidas
necessárias para a segurança do funcionário, além disso a empresa deve manter o
trabalhador informado sobre os riscos e medidas de controle acerca de suas
atividades. O trabalhador também deve cumprir com os procedimentos de
segurança de sua empresa e, ao se submeter a uma condição de risco, o
funcionário tem o direito de suspender suas atividades comunicando à empresa
sobre o risco. (NR 35, 2016)
A empresa deve oferecer capacitação para os funcionários que irão
trabalhar em altura, com uma carga horária mínima de oito horas, na qual deve

123
ser informado sobre os regulamentos e normas cabíveis ao serviço realizado em
altura, além de instruir sobre os equipamentos e dispositivos de segurança e
proteção, apresentar sobre os acidentes possíveis em altura e ensinar sobre os
primeiros procedimentos de emergência caso ocorra um. (NR 35, 2016)
O empregador deve oferecer ao funcionário exames médicos para
garantir que ele está apto a trabalhar em altura. A empresa tem o compromisso
desenvolver procedimentos para a execução, como por exemplo, detalhes sobre o
trabalho a ser realizado, providenciar os equipamentos de proteção individual
e/ou coletiva, entre outros definidos pela NR 35. (NR 35, 2016)
O trabalhador deve usar sistemas de proteção contra queda seguindo as
condições previstas pela norma, sendo adequado para o seu serviço e revisado
por profissionais adequados. No caso dos dispositivos a serem utilizados, deve-se
consultar as normas técnicas nacionais se os mesmos podem ser reutilizados, os
equipamentos também devem ser adequados ao peso e altura da pessoa, além de
suportar a força da queda. (NR 35, 2016)

REFERÊNCIAS
[1] MINISTÉRIO DO TRABALHO. NR 10: SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS
EM ELETRICIDADE. 2016. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/
images/Documentos/SST/NR/NR-10-atualizada-2016.pdf>. Acesso em: 25 ago.
2017.

[2] MINISTÉRIO DO TRABALHO. NR 35: TRABALHO EM ALTURA. 2016. Disponível


em: < http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR35/
NR-35-2016.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2017.

124
ANEXO 1 - BATERIAS

INTRODUÇÃO
Na instalação de sistemas fotovoltaicos isolados da rede elétrica é comum
a utilização de dispositivos de armazenamento de energia para que seja atendido
a demanda em períodos onde a geração é nula ou insuficiente, sendo observado
tal situação à noite ou em dias chuvosos ou nublados, com baixos níveis de
irradiação solar. Dessa forma, a energia solar convertida em energia elétrica pelos
módulos durante o dia é armazenada para ser utilizada em outros momentos. [1]
É possível observar que alguns sistemas fotovoltaicos conectados à rede
também possuem baterias, para o caso de operação ilhada do sistema de geração,
caso ocorra falta da energia da rede elétrica. Sistemas dessa forma são
encontrados na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, para o caso de micro e
minigeração, regulamentado pela RN 482/2012 (ANEEL, 212b) não há
regulamentação pressupondo este tipo de operação e as distribuidoras não o
aceitam, sendo exigido, proteção para desligamento da geração em casos de
ilhamento. [1]
Existem diversas formas de armazenamento de energia, tais como campo
elétrico (supercondutores), campo magnético (indutores com supercondutores,
SMES – Superconducting Magnetic Energy Storage), energia mecânica (volantes de
inércia - flywheels, ar comprimido, bombeamento de água), vetores energéticos
(como o Hidrogênio) etc. no entanto a bateria eletroquímica é o dispositivo mais
usado em sistemas fotovoltaicos isolados, visto que a mesma é considerada uma
forma conveniente e eficiente de armazenamento de energia elétrica. [1]
A bateria é um conjunto de células ou vasos eletroquímicos, conectados
em série e/ou em paralelo, que armazenam energia elétrica na forma de energia
química através de um processo eletroquímico de oxidação e redução que
acontece no seu interior. Quando uma bateria carregada é conectada a uma carga
elétrica, ocorre o processo reverso, isto é, uma corrente contínua é produzida pela
conversão de energia química em energia elétrica. [1]
As baterias são classificadas, de acordo com o tipo de célula que as
compõem, em recarregáveis e não recarregáveis. Há dois tipos básicos de células:
as primárias e secundárias.
As baterias que são compostas por células primárias podem ser utilizadas
apenas uma vez, assim, estas baterias são conhecidas como não recarregáveis.
Quando as células primárias se descarregam totalmente, sua vida útil acaba e a
mesma deve ser descartada. As baterias não recarregáveis são geralmente
utilizadas como fonte de energia de baixa potência. No mercado é possível

125
encontrar baterias constituídas de células primárias que admitem recargas leves.
[1]
Já as células secundárias compõem as baterias recarregáveis, isto é, as
baterias que podem ser carregadas com a utilização de uma fonte de tensão ou
corrente, e assim podendo ser reutilizada várias vezes. São corriqueiramente
conhecidas como “acumuladores“ ou “baterias de armazenamento” e são as que
satisfazem os sistemas fotovoltaicos. [1]
Dos vários tipos de baterias eletroquímicas existentes, a bateria de
Chumbo-ácido (Pb-ácido) continua sendo a tecnologia mais utilizada. Baterias com
tecnologias mais modernas, tais como Níquel-Cadmio (NiCd), Níquel-hidreto
metálico (NiMH), íon de Lítio (Li-ion), dentre outras, embora apresentando
vantagens (maior eficiência, maior vida útil, maior profundidade de descarga),
geralmente não são ainda economicamente viáveis na maioria dos sistemas
fotovoltaicos. A tabela 1 mostra as principais características de alguns tipos de
baterias recarregáveis disponíveis comercialmente. [1]
Tabela 1 – Dados técnicos de catálogos de baterias recarregáveis disponíveis
comercialmente. Fonte: [1]

As baterias possuem inúmeras vantagens para sistemas fotovoltaicos


compostos com baterias de armazenamento, no entanto, elas apresentam os
seguintes riscos:
● A carga de baterias de chumbo-ácido libera gás hidrogênio;
● As baterias de armazenamento têm correntes de curto-circuito
elevadas;
● Muitas baterias possuem eletrólitos ácidos ou cáusticos perigosos;

126
● As baterias trazem o risco de choque elétrico se forem manipuladas
inadequadamente. [2]
As baterias de chumbo-ácido produzem gás hidrogênio sob algumas
condições. O gás hidrogênio é explosivo e deve ser ventilado adequadamente. As
baterias seladas não são exceção.
O hidrogênio é uma molécula leve e difícil de controlar. O volume criado
pela bateria depende dos seguintes fatores:
● Corrente de carga;
● Tensão;
● Tamanho do banco de baterias;
● Temperatura da bateria;
O hidrogênio pode se acumular rapidamente. É recomendado que seja
seguido todas as recomendações do fabricante quanto ao modo de ventilação
adequada do banco de baterias. A utilização de controladores de carga não
diminui a produção de hidrogênio e assim não exclui a ventilação. [2]
Recomenda-se também que não se coloque dispositivos que sejam
capazes de iniciar uma centelha no mesmo ambiente não ventilado ou pouco
ventilado de uma bateria. É preciso considerar a recomendação acima no projeto e
no posicionamento do equipamento no caso de:
● Controladores de carga;
● Relés;
● Interruptores;
● Outros equipamentos;

POSICIONAMENTO DAS BATERIAS


Caso haja um curto entre as baterias pode ser gerado milhares de
ampères. Para isso, são utilizados dispositivos de proteção contra sobrecorrente
para ajudar a diminuir o risco de:
● Derretimento de ferramentas;
● Derretimento de cabos das baterias;
● Derretimento dos terminais das baterias;
● Potencial para o metal quente derretido ser lançado no ambiente a
partir de uma explosão de chumbo e ácido.
Apenas os técnicos altamente qualificados ou os proprietários treinados
podem ter acesso às baterias. Os terminais, conexões e partes vivas expostas
devem ser protegidas. Uma caixa de bateria ventilada e dedicada ou uma sala

127
dedicada às baterias que permaneça trancada são as melhores opções para
proteção.

PERIGOS
Em grande parte das baterias é possível observar a formação de uma
película de eletrólitos ácidos ou cáusticos em cima ou em volta da mesma. O
contato desses eletrólitos com a pele provoca queimaduras químicas graves. Além
do eletrólito causar risco de choque, pois é um condutor de eletricidade. [2]
A limpeza esporádica da bateria e da área circundante reduz os riscos. É
de extrema importância a utilização de agentes de limpezas adequados. Sendo
que este depende do tipo de bateria utilizada. [2]
As luvas sempre devem ser utilizadas pelo técnico que faz a limpeza, além
da utilização de proteção dos olhos. O equipamento de proteção a ser utilizado
durante a manutenção das baterias de armazenamento inclui luvas; máscara facial
e avental de borracha.
Uma solução lava-olhos ou uma estação de lava-olhos autocontida devem
estar à mão se o local de trabalho não tiver uma estação integrada. Caso ocorra o
acidente de receber ácido ou eletrólito nos olhos a pessoa deve enxaguar bem
com água e procurar ajuda médica urgentemente.
As graxas e sprays de terminal de bateria protegem contra corrosão. Isso
diminui a necessidade de manutenção da bateria. Outro fator que diminui o
acúmulo de eletrólitos no exterior da bateria é o uso de controladores de carga
que mantém a tensão da bateria abaixo da gama de gaseificação principal.
Os cabos flexíveis são permitidos entre as células de bateria e até a caixa
de ligação. Eles precisam ser resistentes a umidade e serem certificados para uso
em serviços pesados. Nem todos os terminais são produzidos para aceitar cabos
flexíveis. [2]

BATERIAS RECARREGÁVEIS
Como visto anteriormente, baterias recarregáveis são aquelas que
apresentam uma constituição química que permite reações reversíveis. Com o
auxílio de uma fonte externa, pode-se recuperar a composição química inicial e
deixá-la pronta para um novo ciclo de operação. De acordo com a aplicação, elas
podem ser classificadas como:
Automotivas - também conhecidas em língua inglesa como SLI (starting,
lighting, ignition), são baterias projetadas fundamentalmente para descargas
rápidas com elevadas taxas de corrente e com reduzidas profundidades de
descarga. Esta condição é típica na partida de motores de combustão interna. Tem
maior número de placas e estas placas são mais finas, em relação aos outros tipos.

128
Não são adequadas ao uso em sistemas fotovoltaicos, pois tem baixa vida útil para
operação em regime de ciclagem. [1]
Tração - indicadas para alimentar veículos elétricos como, por exemplo,
empilhadeiras, e são projetadas para operar em regime de ciclos diários com
descarga profunda e taxa de descarga moderada. Possuem liga de Chumbo com
alto teor de antimônio e apresentam alto consumo de água. [1]
Estacionárias - são direcionadas tipicamente para aplicações em que as
baterias permanecem em regime de flutuação e são solicitadas ocasionalmente
para ciclos de carga/descarga. Esta condição é típica de sistemas de nobreak ou
UPS. Tem baixo teor de antimônio e baixo consumo de água. [1]
Fotovoltaicas - são projetadas para ciclos diários de profundidade rasa a
moderada com taxas de descarga reduzidas e devem suportar descargas
profundas esporádicas devidas à ausência de geração (dias nublados).
As baterias recarregáveis também podem ser diferenciadas quanto à
forma de confinamento do eletrólito em:
Baterias abertas - também denominadas algumas vezes de ventiladas. São
baterias que necessitam de verificação periódica e eventual correção do nível do
eletrólito. Seu eletrólito é líquido e livre (não é confinado no separador) e, por esta
razão, devem trabalhar na posição vertical. As baterias Chumbo-ácido desta
tecnologia são denominadas em língua inglesa de FLA – flooded lead acid, ou de
FVLA – free vented lead acid, ou ainda apenas de VLA. [1]
Baterias seladas - possuem o eletrólito confinado (absorvido) no
separador ou sob a forma de gel. Elas também são conhecidas como “livres de
manutenção” porque não necessitam de adição de água. As baterias chumbo
ácido desta tecnologia são denominadas em língua inglesa de VRLA – valve
regulated lead acid, sendo que, quando o eletrólito é absorvido numa manta de
vidro porosa que serve de separador, são denominadas AGM – absorbed glass
matt.
Os principais atributos para avaliação de baterias recarregáveis são:
densidade de energia (volumétrica ou por peso), eficiência, capacidade, vida cíclica,
taxa de autodescarga, reciclabilidade dos materiais e custo.
A eficiência das baterias recarregáveis depende de muitos fatores, dentre
os quais se destacam: estado de carga, temperatura de operação, taxas de carga e
descarga, além da idade.
Os fatores mais importantes que afetam o desempenho, a capacidade e a
vida útil de qualquer bateria recarregável são: profundidade de descarga (por
ciclo), temperatura, número de ciclos, controle da carga/descarga e manutenção
periódica. [1]

129
REFERÊNCIAS
[1] PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio (Org.). Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL-CRESESB, 2014.

[2] BALFOUR, John. Introdução ao Projeto de Sistemas Fotovoltaicos. Rio de


Janeiro: LTC-Livros Técnicos e Científicos, 2016.

130

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