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Em nossos dias, esquecer-se das coisas – por mais triviais que sejam, como
um número de telefone ou o lugar onde colocamos a chave do carro –
imediatamente nos leva a desconfiar da capacidade de nossa memória. Com
efeito, o problema do esquecimento tem recebido muita atenção dos
neurocientistas nas últimas décadas. Embora as falhas de memória possam,
em alguns casos, estar relacionadas a alguma doença, a verdade é que a
expectativa de que a memória jamais falhe é uma quimera moderna.
O Palácio da Memória
A autora nos fala sobre dois tipos de esquecimento: aquele que provém de
uma falha no ato de gravação – ou seja, a informação não chega a ser
retida pela memória, sendo nesse caso impróprio falar-se em
“esquecimento”, já que o dado sequer foi registrado – e o esquecimento
deliberado ou seletivo, que ocorre durante o ato de memorização. Para nos
lembrarmos do que importa, é preciso deixar de lado o que é secundário.
1) querer (devo ter bons motivos para querer memorizar alguma coisa);
2) confiar em minha capacidade;
3) utilizar métodos adequados.
O método de loci
A técnica que você vai aprender existe há cerca de 2.500 anos, tendo
passado por diversas adaptações ao longo do tempo. Ela consiste
simplesmente em transformar palavras em imagens mentais
extravagantes e associá-las, de maneira ordenada, a locais que nos
sejam familiares. Deste modo, quando visitarmos mentalmente esse local
familiar, iremos colhendo pelo caminho as imagens que conscientemente
depositamos ali, as quais, por sua vez, nos farão recordar dos conteúdos a
elas associados. Aplicando o método de loci, você será capaz de se lembrar
não apenas de todos os itens da lista, mas de todos os itens em ordem,
podendo enumerá-los até mesmo de trás para frente.
Imagine que você acabou de entrar na casa de alguém pela primeira vez.
(...) Você toca a campainha, a porta de entrada se abre, e você é
surpreendido por uma luz muito intensa que quase o cega e por um
barulho trovejante de coisas se quebrando. (Que recepção, hein? Isso é só
o começo.)
Você entra, olha para baixo, para os seus pés, e vê que o capacho da
entrada está falando. Não apenas ele está falando: está proferindo
palavrões raivosamente. Há uma janela de vidro rente à porta; olhando
por ela, você vê um belo dia ensolarado, o mais bonito que você já viu.
Voltando os olhos novamente para o salão, você se depara com um enorme
retrato dos seus pais na parede à sua direita. Na parede vizinha, você vê
um armário cheio de armas, lacrado por um gigantesco cadeado. No
centro do salão, você vê um adulto desconhecido, escondendo o rosto no
colarinho da camisa. Você então olha para cima e vê, por mais estranho
que pareça, um robe pendurado no lustre do teto. Voltando os olhos para a
esquerda, você vê seu próprio reflexo em um espelho na parede, mas sua
imagem está distorcida, como naqueles labirintos de espelhos. Abaixo do
espelho, sobre um puff baú, você vê um rosto familiar, pois ali está
sentada a esposa do seu vizinho. As gavetas do puff baú estão abertas,
transbordando de pacotes.”
Para ensinar o método a seus filhos, você pode aplicar as seguintes dicas
que Kevin Vost enumera em seu livro: