No início de 2018, como uma resposta histórica do meio universitário aos
acontecimentos políticos recentes do país, uma série de cursos, envolvendo intelectuais das mais variadas áreas, espalharam-se pelo país. O título da maioria, seguindo a ementa do professor Luis Felipe Miguel foi “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. Estes cursos visavam não apenas debater o golpe que foi orquestrado pelas forças conservadoras e neoliberais do país, as quais destituíram a presidente Dilma Roussef, mas também aprofundaram em suas discussões questões geopolíticas, problemas do autoritarismo, ascensão da direita, o lulismo, desigualdades sociais, o sistema político brasileiro, os meandros do direito constitucional e a fragilidade democrática do Brasil. A repercussão destes cursos, e mais ainda, a centralidade do problema tratado por eles, evidencia um sentimento de instabilidade institucional que talvez não ocorria no país desde o período militar (1964-1982). As exposições, as discussões, as bibliografias quando postas em confronto com a conjuntura do país, confirmam que há uma tensão social e política no país que leva a intelectualidade a se preocupar com os movimentos fascistas, a intensificação do projeto neoliberal aplicado à um país periférico do capitalismo e o estrangulamento das forças enérgicas de melhoria social. Assim, como não poderia deixar de ser quando ocorre golpes, o diagnóstico não poderia ser outro: o país caiu em uma instabilidade institucional que ameaça a já muito fragilizada representatividade política.
Mesmo assim, a máquina não para, e mesmo com a presença de um presidente
ilegítimo comandando o país, neste segundo semestre de 2018, ao que tudo indica, haverá eleições presidenciais, em que se corre o risco de ser um dos sufrágios mais fragmentados dos últimos tempos, diferentemente do que vinha ocorrendo com a polarização PTxPSDB dos últimos seis processos eleitorais (1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014). Ainda deve- se levar em conta o contexto eleitoral dos Estados brasileiros, que cada vez mais estão reféns de suas dívidas em tempo de crise financeira, que sufoca seus orçamentos e investimentos sociais, e a escolha dos parlamentares (federais e estaduais) que farão um curioso pleitos esquizofrênico de fugir da imagem de ser político (atualmente associado a corrupção) ao mesmo tempo que precisa fazer política para angariar votos. Foi pensando neste contexto que percebeu-se que é urgente repensar a conjuntura atual sob o signo de uma democracia engolida pelas mais variadas crises: a crise representativa, a crise econômica, a crise institucional, a crise financeira, a crise social, etc. Consegue a democracia resistir a tantas investidas contrárias ao seu funcionamento? Não parece haver uma normalidade democrática que possa sustentar um processo eleitoral minimamente tranquilo, quiçá legítimo. Mais ainda: como explicar que mesmo que a democracia brasileira esteja em frangalhos as pessoas continuam convencidas que um processo eleitoral, por pior que seja, recoloca os problemas nos eixos da representatividade e no ordenamento jurídico? A tese que pode ser sustentada é a de que em espaços onde a representatividade política só existe em termos formais, a concepção de democracia é simplificada e, devido a isso, as exigências políticas tal qual o próprio processo eleitoral, são tratados dentro desta concepção mínima de democracia, o que, por consequência direta, leva ao não reconhecimento dos processos anti-democráticos. Os processos não- democráticos se encontram tão presente na história do Brasil e do cotidiano do brasileiro que os ataques desferidos aos mínimos denominadores democráticos acabam sendo não percebidos ou aceitos sem o sentimento de grandes perdas.
Esta série de conferência sobre os qu
1. Democracia na sociedade de consumo – vamberto jr.
2. Democracia e políticas públicas - jairo
3. Democracia e consciência política -
4. Democracia e direito à cidade – Doralice e Nirvana
5. Democracia e representação de gênero - Mauriene
6. Democracia nas cidades pequenas e os donos do dinheiro - helber