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MARIA JOSÉ TEIXEIRA

O PENSAMENTO DE BOURDIEU SOBRE A EDUCAÇÃO

Sinop/MT
2014
RESUMO

O artigo destaca as contribuições e aponta alguns limites da Sociologia da


Educação de Pierre Bourdieu. Na primeira parte, são Analisadas as reflexões do autor
sobre o seu pensamento em relação à Educação. Na segunda parte, o indivíduo e sua
posição no espaço social e na terceira parte a transmissão do capital cultural.

Palavras- chave: Sociologia da Educação. Bourdieu. Família. Escola.

DESENVOLVIMENTO

Não é fácil fazer um balanço equilibrado das contribuições e dos limites da obra
de Bourdieu no campo da Sociologia da Educação. Bourdieu se formou nos anos de
1950, na Escola Normal superior de París, se deu bem no campo da Filosofia, viveu na
Argélia nos anos de (1955 – 1960), onde se dirigiu para as Ciências Sociais em
particular para a Antropologia e a Sociologia. Sua morte ocorreu em janeiro de 2002.
Bourdieu passou por dois Universos Culturais distintos (o familiar e o da elite escolar),
por si mesmo atribuía a um “habitus clivado entre uma baixa extração social e uma alta
consagração escolar”. Foi difícil se adaptar ao campo Filosófico. Fazendo, então, uma
crítica à “razão escolástica”, Bourdieu passou a ver o pensamento filosófico dominante
um obstáculo ao conhecimento do mundo social ( Nogueira. 2009, p.10).
No campo sociológico, Bourdieu se apresentou na França nos anos 60, ele
definiu por um via que rechaçava o empirismo positivista, imposto pelo modo Norte –
Americano de fazer sociologia. Sua obra é imensamente importante no campo da
educação. Para Bourdieu os novos desafios teóricos, eram muito importante para a
busca de novos horizontes, como o de visitar o estabelecimento de ensino, sala de aula e
o professor sobre as desigualdades escolares.

Bourdieu teve o mérito de formular, a partir dos anos 1960: uma resposta
original, abrangente e bem fundamentada, teórica e empiricamente, para o
problema das desigualdades escolares. Essa resposta tornou – se um marco na
história, não apenas na Sociologia da Educação, mas do pensamento e da
prática educacional em todo o mundo. ( Nogueira, 2009, p. 11).
Bourdieu tinha uma visão extremamente otimista, de inspiração funcionalista
que atribuía à escolarização, papel de superação no atraso econômico. Nas Ciências
Sociais e no Censo Comum, predominava até meados do século XX. Bourdieu
acreditava que através da escola pública e gratuita, seria atribuída a educação e
garantida a igualdade de oportunidades entre todos cidadões.

Para Bourdieu, Os indivíduos competiriam dentro do sistema de ensino, em


condições iguais, e aquele que se destacassem por seus dons individuais
seriam levados, por uma questão de justiça, a avançar em suas carreiras
escolares e, posteriormente, a ocupar as posições superiores na hierarquia
social. A escola seria, nessa perspectiva, uma instituição neutra, que
difundiria um conhecimento racional e objetivo e que selecionaria seus
alunos com base em critérios racionais. (Nogueira, 2009, p. 12).

Nos anos 60, chega um novo ensino secundário e para a nova geração é
beneficiada a Universidade. Um novo sistema educacional no pós – guerra. A nova
geração ganhou um sistema mais amplo do que as das tradicionais elites escolarizadas,
onde houve a desvalorização dos títulos escolares que acompanhou a massificação do
ensino. Nas expectativas de modalidade social, através da escola todos ficou frustrados
o que expressa Nogueira:
A decepção dessas “gerações enganada”, como diz Bourdieu, alimentou uma
crítica feroz ao sistema educacional e contribuiu para a eclosão do amplo movimento de
constatação social de 1968. ( Nogueira, 2009, p.13).
Na teoria de Bourdieu, a educação passa a ser vista, como privilégios sociais,
Bourdieu ofereceu um novo quadro teórico para a análise da educação, e nos anos 60
ganho uma nova interpretação. Onde se via , igualdade de oportunidades, meritrocacia,
justiça social, Bourdieu passa a ver produção e legitimação das desigualdades sociais.
Sua obra Les Herittiers (1964) (em coautoria com J. C. Passeron) dedicada à educação.
Que foi publicada há quarenta anos (1964) a qual foi sua primeira obra dedicada à
educação. Sua obra alcançou muito sucesso pela Sociologia da Educação de Bourdieu e
é uma das mais importantes na área da educação.

Tentando explicar tal sucesso, diferentes hipóteses são levantadas pelos


sociólogos. A primeira refere – se ao potencial crítico dessa teoria que logrou
revolucionar a visão dominante sobre o papel e a função ( libertadora) da
instituição escolar. A segunda diz respeito ao caráter abrangente e, até certo
ponto, coerente dessa teoria, capaz de dar conta – embora em um nível
macroscópico de análise – tanto das estatísticas relativas às desigualdades
escolares quanto de finemos inerentes ao processo de transmissão dos
saberes, englobando essas diferentes ordens de fatores sobre um mesmo
mecanismo dito de “produção cultural”. E, por fim, haveria uma razão
“sutil”, nos termos de Dubet (1998): trata- se de uma teoria que, em alguma
medida, consegue explicar até mesmo os fatos que a contradizem, como, por
exemplo, os casos improváveis de sucesso escolar em meios populares, os
quais são visto como exceções que confirmam a regra e que reafirma a
autonomia relativa do sistema escolar, alimentando a ilusão, tida como
necessária, de neutralidade em seu funcionamento. (Nogueira, 2009, p.14)

Seus primeiros textos publicados no Brasil, no começo dos anos 70, a


apropriação de sua obra pode ser categorizada em três diferentes
modalidades, a saber, “apropriação incidental”, “apropriação conceitual
tópica” e “apropriação do modo de trabalho”, cada uma delas,
correspondendo, grosso modo, a uma etapa própria do desenvolvimento do
campo educacional com suas lutas políticas e científicas. (Nogueira2009,
p15)

Só a partir dos anos 90, começaram a formular suas obras e só assim “vários
autores ampliaram sua obra nas dimensões analisadas de detalhar melhor certos
pensamentos de Bourdieu, ainda que não tenham a pretensão de esgotar o assunto”.

O INDIVÍDUO E SUA POSIÇÃO NO ESPAÇO SOCIAL

Na teoria de Bourdieu, os hábitos adquiridos aos longos dos tempos, por


meio de uma espécie, a adaptação da prática, ajuda em determinados limites às
possibilidades por sua posição social. Nos processos práticos da escolarização, o ser
humano só irá estudar, se as matérias aplicadas na escola fizer sentido para ele. Seria
necessário investigar, para compreender a trajetória da escolarização que o indivíduo
estabeleça com a escola e o saber. Só assim poderia saber o grau de mobilização escolar
dos indivíduos. Para Bourdieu “ter pais com um grande patrimônio econômico e
cultural, tenderia favorecer, mas não garantiria uma trajetória escolar” (Nogueira 2009,
p.90).
A família de classe média investe intensamente na escolarização dos filhos,
porque o seu principal recurso é o capital cultural.

No plano macrossociológico, utilizado predominantemente por Bourdieu, o


hábitos é algo abstrato, uma seleção de algumas disposições básicas que se
supõem compartilhadas pelos ocupantes de uma determinada posição social.
Já o habitus individual seria algo muito mais complexo, fruto de múltiplas e
nem sempre coerentes experiências sociais. (Nogueira 2009, p.93)
Para Nogueira, o que Se observa é que Bourdieu preocupa muito com os
estabelecimentos de ensino e com o sistema escolar em relação às estruturas de
dominação social, isso é um problema central apontado pelos críticos, que diz a respeito
do grau limitado de independência ou autonomia conferido por Bourdieu.

O autor Bourdieu, sugeria a possibilidade de se adotar uma “pedagogia


racional”, que em vez de supor como dados os pré-requisitos necessários à
decodificação da comunicação pedagógica (capital cultural e linguístico), se
esforçaria para transmiti-los metodicamente a quem não os recebeu na
família. (Nogueira 2009, p.98 e 99).

Para Bourdieu os professores deveriam usar métodos e técnicas de ensino a


partir, dos conhecimentos e das habilidades possuídas pelos alunos. Nas obras de
Bourdieu, o que prevalece é o argumento do sistema escolar, ele era o primeiro autor no
domínio, que produz e legitima os privilégios sociais.

A Sociologia da Educação de Pierre Bourdieu tem o grande Mérito de ter


fornecido as bases para um rompimento frontal com a ideologia do dom e
com a noção moralmente carregada de mérito pessoal. A partir de Bourdieu
tornou-se praticamente impossível analisar as desigualdades escolares,
simplesmente, como fruto das diferenças naturais entre os indivíduos.
(Nogueira 2009, p. 101)

O método de ensino era de forma mecânica, o aluno era considerado como uma
máquina. O jovem de classe superior tem 80% de chance de entrar na Universidade do
que os das classes inferiores.

A TRANSMISSÃO DO CAPITAL CULTURAL

O capital cultural é adquirido dos antepassados (avós, pais), a nobreza cultural


também tem seus graus de descendências. Há muitas vantagens observadas através das
práticas e dos conhecimentos culturais, (em matéria de teatro, música e cinema), ou
através da facilidade linguística. O nível cultural dos antepassados e a residência dão
para notar as novas mudanças mais importantes no resultado escolar, mesmo em um
nível de alta posição social do curso. As crianças herdam saberes, gostos que são
considerados como dom. O aluno deve ter aptidão para o manejo da língua e isso é
transmitido através dos meios menos favorecidos e é atribuído através da atmosfera
cultural.

A parte mais importante e mais ativa (escolarmente) da herança cultural quer


se trate da cultura livre ou da língua, transmite-se de maneira cosmética,
mesmo na falta de qualquer esforço metódico e de qualquer ação manifesta, o
que contribui para reforçar, nos membros da classe culta, a convicção de que
eles só devem aos seus dons esses conhecimentos, essas aptidões e essas
atitudes, que desse modo, não lhe parecem resultar de uma aprendizagem.
(Nogueira 2007, p 46)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Bourdieu Pierre contribuiu muito para a Sociologia da Educação, com seus


conhecimentos adquiridos aos longos dos tempos, hoje é reconhecido na escala
mundial. Seus argumentos ajuda muito para a educação, onde atribui muito no capital
cultural, social, econômico e família e principalmente na educação.

REFERÊNCIAS

NOGUEIRA, Maria Alice, Claudio, M. Martins Nogueira/ Bourdieu & a Educação 3


Ed . Belo Horizonte Ed Autentica 2009

BOURDIEU, Pierre. A Escola Conservadora: as desigualdades frente à escola e a


cultura. In: Escritos de Educação. Nogueira, Maria Alice, Catani. Afranio (orgs),
Petrópolis, RJ, Vozes, 2007

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