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INDICADORES DE VIABILIDADE FINANCEIRA E

ECONÔMICA DE SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO DE


OVINOS E CAPRINOS NO NORDESTE DO BRASIL1

Francisco Mavignier Cavalcante França


Consultor da EMBRAPA-Caprinos, E-mail: mavignierf@yahoo.com.br
Expedito Cezário Martins
Pesquisador da EMBRAPA-Caprinos, E-mail: cezario@cnpc.embrapa.br
Jaime Martins de Sousa Neto
Estudante de Agronomia da UFC, E-mail: jaime-martins@hotmail.com

Versão Preliminar

Outubro, 2006

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Estudo elaborado no âmbito do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento e Transferência de
Tecnologia (PRODETAB) e IICA.

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INDICADORES DE VIABILIDADE FINANCEIRA E ECONÔMICA
DE SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO DE OVINOS E CAPRINOS NO
NORDESTE DO BRASIL 2

Francisco Mavignier Cavalcante França


Consultor da EMBRAPA-Caprinos, E-mail: mavignierf@yahoo.com.br
Espedito Cezário Martins
Pesquisador da EMBRAPA-Caprinos, E-mail: cezario@cnpc.embrapa.br
Jaime Martins de Souza Neto
Mestrado em Zootecnica-UFC , E-mail: jaime-martins@hotmail.com

1. INTRODUÇÃO

1.1. Panorama atual da caprino-ovinocultura

A região nordeste do Brasil sempre se destacou na produção de ovinos e caprinos,


sendo que o rebanho caprino responde por 93% e o ovino por 49% do efetivo nacional.
Segundo do IBGE (2005), no ano de 2004 o efetivo de caprinos foi de 15.057 mil
cabeças, enquanto o de ovinos foi de 10.047 mil. É marcante os índices de crescimento
dos rebanhos de 2003 para 2004, quando se constata uma taxa de crescimento de 4,86%
para caprinos e 3,44% para ovinos. Estas taxas de crescimento nivelam a caprino-
ovinocultura ao excelente desempenho da bovinocultura nacional que cresceu 4,58%
entre os dois anos considerados.

Os principais pólos de criação de caprinos no Nordeste são as microrregiões de:


Juazeiro(BA), Euclides da Cunha(BA), Alto Médio Canindé(PI), Campo Maior(PI),
São Raimundo Nonato(PI) e Petrolina(PE), já as concentrações de ovinos ficam nas
regiões de: Juazeiro(BA), Alto Médio Canindé(PI), Euclides da Cunha(BA), Sertão dos
Inhamuns(CE), Sertão de Crateús(CE) e Serrinha(BA). Segundo VASCONCELOS &
VIEIRA (2005), “cerca de 50% do rebanho de ovinos e caprinos do Nordeste estão
localizados em propriedades de menos de 30 há.”

A caprino-ovinocultura, mesmo sendo explorada em moldes pouco tecnificados,


tem exercido, historicamente, um papel fundamental na geração de emprego, renda e
suprimentos de proteína animal, na forma de leite e carne, às populações interioranas.
Com a absorção de novas tecnologias orientadas para todos os elos da cadeia produtiva
e com a frenética demanda por carne, vislumbra-se um futuro muito promissor para a
atividade e para os atores envolvidos na sua exploração desde que esta oportunidade
seja potencializada por meio da introdução de inovações tecnológica, gestão
profissional e incorporação das estratégias do enfoque de cadeia produtiva.

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Estudo elaborado no âmbito do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento e Transferência de
Tecnologia (PRODETAB) e IICA.

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O grande impulso que a atividade vem experimentando é decorrente da crescente e
consistente demanda por carne, sobretudo de ovinos, que vem se verificando há mais de
10 anos, tanto no Nordeste como em grandes cidades do Brasil. É notável, também, a
demanda reprimida pela carne de ovinos e caprinos por parte, sobretudo, dos países
árabes. Estima-se que apenas 50% da demanda regional por carne de ovinos e caprinos
seja suprida pela produção regional. Essa oportunidade deverá ser explorada tendo em
vista o risco das importações de carne cresceram em detrimento da produção local.

Este despertar pela carne de ovinos e caprinos é conseqüência do fortalecimento do


regionalismo ensejado pela globalização e pela busca ao atendimento dos desejos dos
consumidores (novidade, saúde, tradição) que sempre ansiavam por tais carnes mas não
havia oferta na quantidade nem no padrão exigido. Hoje, tais carnes são encontradas em
todas as redes de supermercado, frigoríficos, feiras livres e outros pontos de venda. Em
qualquer restaurante de bom nível localizado em grandes centros do País, há pratos a
base de carnes de ovinos e caprinos.

O leite de cabra, considerado um produto nobre na Comunidade Européia, no Brasil


ainda é pouco significativo como um bem econômico, no entanto, se afigura como um
grande potencial de mercado caso seja feito um trabalho de disseminação do seu
consumo deste leite pelas suas características saudáveis para o consumo humano no
forma de leite “in natura”, queijos e iogurtes.

Vislumbra-se, no médio prazo, ganhos de importância para o leite de cabra a partir


de sua inclusão no Programa do Leite do Governo Federal em parceria com os governos
estaduais. No presente, os estado do Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará são os que o
leite de cabra é contemplado no Programa. No Rio Grande do Norte, o Programa do
leite absorve em torno de 10 mil litros/dia ao preço de R$ 1,03 recebido pelo ao
produtor, preço este que incorpora um subsídio de 30% tendo em vista que o preço de
mercado de R$ 0,70. No Estado do Ceará, apesar da autorização para a compra do leite
de cabra, ainda não há oferta na escala desejável.

Além do incentivo proporcionado pelo subsídio orientado para a expansão e


modernização, com competitividade, dos produtores de leite de cabra, o Programa
contribui para a disseminação do uso do leite de cabra criando demanda, mesmo que
seja para os atuais beneficiários, que são crianças, nutrizes e idosos.

1.2. Mudanças estruturais na cadeia produtiva

O grande destaque que o Brasil vem experimentando no mercado internacional de


carnes de bovinos, aves e suínos ensejou o aumento da competitividade da caprino-
ovinocultura por meio da explosão na demanda por carne destes animais. Além desse
fato macroeconômico, a valorização de alimentos saudáveis, o resgate da culinária
regional, as políticas públicas focadas para a atividade, o crédito rural barato, a
existência de tecnologias para todos os elos da cadeia produtiva e a grande vocação do

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semi-árido nordestino, estão consubstanciando um novo perfil estrutural da atividade
que está se alicerçando no enfoque de cadeia produtiva, no uso racional das pastagens
nativas e na competitividade sistemica da cadeia.

As forças exógenas que estão desafiando a atividade, com oportunidades e riscos,


provocaram uma salutar revolução entre os atores públicos e privados que estão se
empenhando para tornar a caprino-ovinocultura uma atividade econômica de grande
escala, competitiva, includente e ambientalmente sustentável. No momento, percebe-se
uma arregimentação em todas as instâncias da cadeia produtiva da caprino-ovinocultura
na busca dos parâmetros norteadores da competitividade.

Os programas, pesquisas, estudos e ações correlatas estão ocorrendo em todos os


níveis de governo, regiões produtores e elos da cadeia produtiva. O esforço ainda está
na fase caórdica (simbiose entre caos e ordem), porém, estudos como este e muitas
outros deverão alicerçar a atividade para trilhar as estratégias do desenvolvimento
sustentável.

A EMBRAPA-Caprinos, como a grande aglutinadora e direcionadora deste ciclo


virtuoso de tão importante atividade econômica, social e ambiental para o Nordeste
semi-árido, buscará a sinergia e a otimização dos vários esforços em curso para assentar
a atividade em bases competitivas, privilegiando, sobretudo, os agricultores familiares e
o uso sustentável da caatinga.

1.3. Oportunidades econômicas, sociais e ambientais

As oportunidades que a caprino-ovinocultura está oferecendo no presente tem duas


vertentes que se complementam numa sinergia sem precedentes na atividade. Uma é o
fato de o semi-árido ter perdido a competitividade na produção de algodão, de bovino
de corte e de grãos para os cerrados do Brasil central e a outra é a forte demanda por
carnes de ovinos e caprinos produzidas no nordeste do Brasil.

Esta esterilidade econômico do semi-árido e os problemas sociais e ambientais daí


decorrentes forçaram os governantes e os agentes produtivos a buscarem outras
alternativas econômicas sustentáveis. Duas opções ligadas aos agronegócios se
mostraram mais viáveis, uma foi a agricultura irrigada em manchas de solos mais férteis
com oferta de recursos hídricos e, a outra, é a caprino-ovinocultura. A exploração de
caprinos e ovinos, por sua vez, se configura como a principal alternativa econômica do
semi-árido, por sua vasta disseminação territorial e alcance social, apesar do baixo
nível tecnológico dos processos produtivos.

Segundo SIMPLÍCIO (2005), “O mercado de carne dos pequenos ruminantes


domésticos está em franca ascensão em todo o país. Os preços hoje praticados no
âmbito da unidade produtiva giram em volta de R$ 1,80 a 2,20 por kg de peso vivo, ao
passo que os preços pagos pela carne bovina, nas mesmas condições, estão em torno de
R$ 1,20 por quilo de peso vivo. Ressalte-se que a demanda está amplamente reprimida.

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No momento, cerca de 50% da carne ovina comercializada nas regiões Nordeste e
Centro-Oeste provém do estado do Rio Grande do Sul e, da Argentina, do Uruguai e da
Nova Zelândia.”

No campo social, é notória a aderência da atividade com o perfil do agricultor


familiar. No presente momento e com as experiências já disponíveis, pode-se afirmar
que a sobrevivência dos principais pólos de produção, localizadas no semi-árido, está
na dependência direta dos pequenos agricultores familiares. De um lado, os baixos
custos da exploração familiar viabilizando a exploração e, de outro, a rentabilidade do
negócio, assegura renda ao agricultor suficiente para a perpetuação da exploração e uma
vida digna à sua família.

No campo ambiental, é notável a contribuição que a caprino-ovinocultura dá para a


sustentabilidade da vegetação de caatinga. De um lado, a manipulação racional da
caatinga para suporte forrageiro evita a necessidade da queimada para cultivo agrícola,
exploração pecuária ou seu desmatamento para lenha e carvão. Neste aspecto, a
EMBRAPA-Caprinos vem desenvolvendo tecnologias de manejo racional da caatinga
que tem se configurando como as alternativas mais racionais e ecológicas de exploração
de ovinos e caprinos no semi-árido. Com base na experiência de campo e nos resultados
de pesquisas, pode-se afirmar que um dos principais fatores de competitividade da
caprino-ovinocultura é a oferta de forragens de elevado valor protéico, a baixos custos,
que a vegetação de caatinga oferece.

A confirmação científica da viabilidade econômica, social e ambiental da


exploração de ovinos e caprinos nos sertões do Nordeste pode ser constatada no artigo
“Agrossilvicultura para Regiões Semi-Áridas” de autoria do Dr. João Ambrósio de
Araújo Filho, do qual retirou-se uma passagem que resume o que é defendido no
parágrafo acima, ou seja, “os sistemas de produção agroflorestais, agropastoris,
silvopastoris e agrosilvipastoris foram desenvolvidos em resposta às pressões por
produção de alimentos, tanto para a população humana, como para os rebanhos e
integram a exploração de espécies lenhosas perenes associadas às culturas e à pastagem
a fim de garantir a estabilidade da produção e elevar a produtividade da terra,
diversificar a produção, melhorar a fertilidade do solo e aumentar a oferta de folhagens
de boa qualidade.”

2. SITUAÇÃO-PROBLEMA

2.1. Demanda por informações estratégicas

A atividade de criação de ovinos e caprinos, no Nordeste do Brasil, ainda não pode


ser enquadrada como uma cadeia produtiva dentro do enfoque de agronegócio, o máximo
que se pode afirmar é que seja uma cadeia em processo de estruturação. Várias instituições
e instâncias governamentais estão empenhadas na consolidação deste agronegócio por meio
de programas, estudos, capacitações, experimentos e outras políticas públicas. Esse esforço

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conjunto está gerando uma onda virtuosa para a atividade ensejando a atração de
investidores tradicionais e emergentes.

Portanto, a forte demanda do mercado por carne de ovinos e caprinos e as ações


para o fomento da promoção e da modernização da caprino-ovinocultura tem provocado
uma busca por informações estratégicas, para tomada de decisão, por parte de empresários
e pequenos produtores familiares, para entrarem na atividade ou ampliarem e/ou
modernizarem seus empreendimentos.

Objetivando atender essa demanda, o presente trabalho buscará gerar indicadores de


viabilidade financeira e econômica para dois dos nove diferentes modelos-tipo de
exploração de ovinos e caprinos no Nordeste. Estas informações são as a seguir elencados:

i. Composição e relações entre custos e receitas;


ii. Medidas de resultados a partir da renda gerada em cada modelo-tipo;
iii. Taxa interna de retorno financeira e econômica;
iv. Recuperação dos investimentos e lucratividade dos modelos-tipo.

Já os objetivos, de médio e longo prazos, consistem em: contribuir para a


modernização, para o crescimento e para a sustentabilidade da caprino-ovinocultura do
Nordeste e transformar o agricultor familiar em um pequeno empresário rural focado em
agronegócios.

2.2. Riscos e incertezas versus a decisão de investir

A procura por informações técnicas e por indicadores de viabilidade das


explorações de ovinos e caprinos é muito saudável e mostra a visão empresarial dos atuais e
dos pretensos investidores da atividade. A razão para tais atitudes reside na característica,
mais marcante das atividades rurais, que são os riscos de mercado e as incertezas
climáticas.

Em vista do exposto, as entidades envolvidas na consolidação da cadeia produtiva


da caprino-ovinocultura do Nordeste terão que gerar estudos econômicos que mostrem os
níveis de riscos de mercado, no longo prazo, e os efeitos das incertezas climáticas no
desempenho da atividade. A EMBRAPA-Caprinos, por meio deste estudo, contribuirá com
indicadores de viabilidade mais voltados para a unidade de produção, isto é, no campo da
microeconomia.

É lícito, portanto, afirmar que a consolidação do agronegócio de ovinos e caprinos


está na dependência direta da disponibilidade de informações estratégicas e focadas no
interesse dos atores envolvidos.

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2.3. Revisão de literatura

É notório a escassez de estudos de viabilidade financeira e econômica na literatura


disponível sobre sistemas de exploração de ovinos e/ou caprinos. Esta lacuna se afigura
ainda mais grave pelo fato de que os agentes financiadores da atividade, sobretudo o Banco
do Nordeste, exigem dos demandadores de crédito à atividade um projeto com a matriz de
custos e receitas apresentada num fluxo de caixa, que permita a identificação de uma série
de indicadores de resultados financeiros e econômicos, tais como: capacidade de
pagamento, ponto de equilíbrio, taxa interna de retorno financeira e econômica, tempo de
recuperação do investimento, e outros indicadores relevantes que permitam a visualização
“a priori” da viabilidade do empreendimento a ser financiado.

A partir da pesquisa bibliográfica sobre estudos focados na temática deste estudo,


foram identificados dois trabalhos da EMBRAPA-Caprinos, uma monografia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte e um estudo sobre a viabilidade da
ovinocultura no Distrito Federal, realizado pela UnB.

Num dos estudos da EMBRAPA, elaborado por WANDER et al(2003), foram


caracterizados dois modelos físicos de exploração tendo como variável mestra o suporte
alimentar. Um dos modelos foi definido para a produção de carne e peles, com três
variantes tecnológicas e, o outro, para produção de leite de cabra.

A tabela a seguir, mostra os principais resultados financeiros obtidos no estudo em


referência:

Área em Investi- Renda Remuner


Modelo-Finalidade há / Prod. Nível Tecnológico mento Líquida ação do
Leite/dia R$ 1,00 R$ 1,00 Capital
(%)
Carne e Peles – MF-1 145 ha Moderado 219.330 31.358 3,35

Carne e Peles – MF-2 45 ha Intermediário 155.197 25.115 0,72

Carne e Peles - MF-3 29 há Elevado 189.644 26.503 1,32

Leite de Cabra – MF-4 100 l/dia Intermediária 84.078 27.018 3,59


Fonte: WANDER et al. (2003)

Como pode ser visto na tabela acima, os resultados se mostraram muito aquém do
esperado para uma atividade econômica viável uma vez que foi estabelecido em 12% a taxa
mínima de remuneração do capital e os resultados obtidos não ultrapassaram 3,6%. Uma
alternativa que poderia ter sido testada seria utilizar alguns parâmetros mais conservadores
e usualmente praticados em atividades de pequenos produtores rurais no Nordeste. A taxa
de juros real ou custo de oportunidade poderia ser de 6% e não de 12% a.a., a
remuneração do empresário ser compatível com o salário de um administrador de um
empreendimento rural do porte dos modelos estudados, que gira em torno de R$ 1.000,00.

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Ademais, não foi utilizado um fluxo de caixa razão pela qual não foi possível contabilizar
as receitas de desinvestimento e a variação patrimonial, que normalmente giram em torno
de 30% do valor do investimento, em fluxos de 10 anos. Acredita-se, que numa simulação
utilizando tais parâmetros, a rentabilidade do capital poderia indicar melhores níveis de
viabilidade tais modelos.

No segundo estudo da EMBRAPA, elaborado por SOUZA NETO, ARAÚJO


FILHO & SOUSA (2000), é feita uma análise de viabilidade de um experimento com
quatro tratamentos para criação de ovinos em caatinga manipulada com a utilização das
técnicas de análise financeira por meio da identificação da taxa interna de retorno, do valor
presente líquido e da relação benefício/custo. Para um fluxo financeiro de 30 anos com taxa
de desconto de 10% a.a., apenas um dos tratamentos se mostrou viável financeiramente
tendo em vista que apresentou uma TIR de 16,09% para o preço do quilo do animal vivo
de R$ 1,30.

Considerando que o preço atual está na faixa de R$ 2,20, é provável que, se o


modelo utilizado no estudo fosse repetido hoje com o preço vigente, todos os quatro
tratamentos do experimento apresentariam TIR superiores a 10%, portanto viáveis.

A abordagem do estudo em tela será considerada no modelo-tipo “Produção de


Leite de Cabra por Agricultores Familiares” acrescido da análise econômica que fornece a
taxa interna de retorno econômica. Para se conhecer a TIRE aplica-se os fatores de
conversão (PLANA, 2005) sobre os itens de investimento, custos e receitas o que tornará a
TIR financeira menor que a TIR econômica, denotando que a atividade além de dar lucro
ao empresário, gera um benefício à sociedade igual à diferença entre as duas TIR.

A monografia oriunda da UFRN é de autoria de PEREIRA(2003) e trata de um


estudo de caso sobre a rentabilidade do sistema de produção de leite de cabra no Rio
Grande do Norte. A metodologia para a obtenção dos indicadores de resultados financeiros
é semelhante a que será usada neste estudo e os dados utilizados serão considerados na
análise dos modelo-tipo de produção de leite feita por agricultores familiares que se
fundamentará na mesma realidade agroeconômica, isto é, da região de influência do
município de Lages-RN.

Por fim, tem-se o estudo da UnB(2004) que trata da análise de rentabilidade de três
sistemas de referência de produção de ovinos com vários níveis tecnológicos. Os sistemas
considerados são:

Sistema A- “predominante nas fazendas de criação com módulos rurais reduzidos,


caracterizados por pequenos efetivos de rebanho, cujo objetivo principal é o consumo
próprio, com ingressos financeiros pela venda do excedente da produção ao mercado local”.

Sistema B – “é adotado, geralmente, em propriedades com módulos rurais maiores,


caracterizados por rebanhos comerciais cujo manejo do rebanho relativamente ao sistema A
apresenta melhoria significativa”.

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Sistema C – “trata-se de sistema de referência com elevado nível tecnológico e
altos índices de produtividade’.

A tabela a seguir, extraída de UnB(2004), apresenta uma seqüência lógica de


indicadores financeiros que será adotada, também, para os dois modelos-tipo selecionados
neste estudo.

Tabela 1 - Resultados Econômicos dos Sistemas de Referência numa Escala de 250


Matrizes

Sistema
Índices Econômicos A B C
Margem Bruta Anual (R$) 875,32 12.045,29 23.458,76
Margem Bruta (%) 3,8% 30,5% 38,7%
Margem Líquida Anual (R$) (2.593,66) 8.696,63 19.776,48
Margem Líquida (%) -11,3% 22,0% 32,6%
Lucro econômico Anual (R$) (13.380,09) (204,28) 10.018,62
Lucratividade (%) -58,3% -0,5% 16,5%
Margem Líquida Mensal Média (R$) (216,00) 724,72 1.648,04
Fonte: UnB (2004).

Dos três sistemas, apenas o C apresentou indicadores razoáveis, pois, a


rentabilidade foi de apenas 10,9%, quando deveria ser superior a 15%. Estes resultados
confirmam a competitividade dos sistemas de exploração do nordeste semi-árido onde o
fator básico de competitividade são os pastos nativos (caatinga) de baixíssimo custo,
disponibilidade não existente no Distrito Federal onde o suprimento alimentar é todo
originado de pastagens cultivadas e ração industrializada.

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1. Modelo de análise de custos e receitas

a) Caracterização dos itens de custos

A estrutura de custos e receitas a ser adotada neste estudo é a mesma utilizada pelo
Instituto de Economia Agrícola de Secretaria de Agricultura de São Paulo, por ser o
procedimento mais moderno e compatível com o enfoque de agronegócios. Tal
procedimento é adotados nos estudos “Análise Econômica da Ovinocultura no Distrito
Federal” da UNB e “Estudo da Rentabilidade de um Sistema de Produção de Leite de
Cabra no Estado do Rio Grande do Norte” da UFRN, citados na bibliografia. A
caracterização dos custos e receitas, a seguir, são alicerçados nos dois estudos acima.

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 Custo operacional efetivo: refere-se aos custos variáveis ou diretos e
alguns itens de custos fixos incorridos por meio de desembolso real.
Neste componente de custos estão incluídas as despesas normais para a
obtenção da produção no período considerado.

 Custo operacional total: é composto do custo operacional efetivo mais


os custos indiretos representados pela depreciação e pelo valor da
remuneração da mão-de-obra familiar.

 Custo total: é o mesmo que custo econômico e é representado pelo custo


operacional total acrescido do custo de oportunidade.

Dentre os componentes da estrutura de custos merecem ser caracterizados, por


apresentarem peculiaridades inerentes a atividade rural, os itens que segue:

 Capital fixo: engloba os bens de produção que possuem vida útil


superior a um ciclo produtivo, como terra, benfeitorias, máquinas,
equipamentos e animais. Neste trabalho, o capital fixo será dividido
em dois componentes, um que é o capital pré-existente constituído
pela terra, moradia, cercas e estrutura de recursos hídricos para
consumo humano e animal e, o outro que constitui os investimentos
necessários ao projeto ou modelo-tipo. Sobre todos os itens do
capital fixo incidem os seguintes custos: custo de oportunidade,
conservação e manutenção e depreciação. A exceção feita é para
terra e animais que não incide a depreciação. Nas demandas por
financiamento para investimento, o capital pré-existente é,
normalmente, usado como garantia do empréstimo.

 Capital circulante ou custeio: corresponde aos desembolsos


realizados e recuperados dentro de um ciclo produtivo. Sobre este
item de custo deve incidir apenas o custo de aquisição deste recurso
caso seja tomado em bancos.

 Depreciação: para UnB apud Gomes et al. (2004), “a depreciação é


o custo necessário para substituir os bens de capital, quando tornados
inúteis pelo desgaste físico ou quando perdem valor com o decorrer
dos anos em razão de inovações técnicas.” Neste trabalho será
utilizado o método de depreciação linear, onde é considerado o valor
do bem novo subtraído o valor residual e dividido pela vida útil do
referido bem.

 Remuneração do capital investido: segundo PEREIRA apud


CANZIANI (2003), a remuneração do capital é definida como a taxa
de retorno que o capital (fixo) empregado na produção obteria em
investimento alternativo. Este valor representa a oportunidade

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perdida pelo produtor ao deixar de aplicar o mesmo montante de
recursos numa outra alternativa. Na prática, as bases de comparação
para o custo de oportunidade do capital do produtor (pequeno
produtor rural) são aplicações tradicionais do mercado financeiro,
como a caderneta de poupança, cuja remuneração real é, em média,
de 6% a.a.

b) Indicadores de resultados financeiros

Estes indicadores de renda são utilizados para análise da eficiência


financeira de uso dos fatores de produção. Para PEREIRA apud GOMES
(2003), “são os seguintes os indicadores de resultado: margem bruta,
margem líquida e lucro. Justifica-se esses diferentes indicadores
econômicos (financeiros) porque eles têm mais ou menos importância
dependendo da unidade de tempo em questão. Assim, no curto prazo o
produtor deve estar mais preocupado com a margem bruta; no médio prazo
com a margem líquida e no longo prazo com o lucro.”

 Renda bruta total: corresponde ao valor de todos os bens produzidos e


vendidos diretamente pelo produtor num ano agrícola considerado.
Neste trabalho as fontes de renda são: venda de animais, de leite, de
esterco e variação patrimonial positiva.

 Margem bruta: é a receita bruta total menos o custo operacional


efetivo da exploração. Se a margem bruta for menor que zero a
atividade é inviável, sendo superior a zero, pode-se afirmar que, pelo
menos no curto prazo, a atividade tem viabilidade.

 Margem líquida: é representada pela diferença entre a renda bruta total


e os custos operacionais totais. Os critérios de análise da Margem
Líquida são apresentados a seguir conforme apresentado por UnB
(2004):

i. se a Margem Líquida da exploração for positiva, pode-


se concluir que a exploração é estável e com
possibilidade de expansão (lucro supernormal);

ii. se o valor da produção das explorações for igual ao


total dos custos, ou seja, Margem Líquida Total igual a
zero, a propriedade estará no ponto de equilíbrio e em
condições de refazer, no longo prazo, seu capital fixo
(lucro normal);

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iii. se a Margem Líquida for negativa, mas em condições
de suportar os custos operacionais efetivos (MB > 0),
pode-se concluir que o produtor poderá continuar
produzindo por determinado período, embora com um
problema crescente de descapitalização (prejuízo
econômico).

 Lucro: é a diferença entre a receita bruta total e o custo total. Quando o


lucro é positivo (supernormal) significa que a opção do produtor em
aplicar na atividade foi acertada porque gerou rendimentos superiores
aos que seriam obtidos em outra aplicação alternativa. Quando o lucro é
negativo (prejuízo) significa que o produtor obteria melhor retorno se
tivesse aplicado no uso alternativo de seus recursos. Por fim, quando o
lucro for zero a opção de investir na atividade em questão teve
rendimento igual ao da aplicação alternativa.

3.2. Modelo de análise econômico-financeira

Nas análises de empreendimentos econômicos é desejável se conhecer todos os


indicadores financeiros e econômicos. Cada uma delas utiliza instrumentos próprios que
permitem a avaliação do projeto por parte dos empreendedores e por parte dos tomadores
de decisões. Os primeiros, preocupam-se primordialmente com a ótica financeira, onde o
foco são as relações entre custos e receitas referenciados no item 3.1. Já o segundo, que é
pouco utilizado em análises da natureza deste estudo, identifica índices relacionados com a
ótica econômica que é mais abrangente por ter reflexos na dimensão social.

Pela ótica financeira são mostrados indicadores que mensuram o nível de


atratividade do projeto para o empreendedor, bem como as condições de sustentabilidade e
solvência. Para tanto, procede-se da seguinte forma:

 Fluxo de caixa líquido. Consiste na diferença entre as entradas e saídas do projeto no


horizonte de 10 anos. As entradas são obtidas pela soma das receitas/benefícios
auferidas e as saídas são os investimentos e custos realizados pelo produtor.

 Valor Presente Líquido (VPL) – “Como a seqüência de entradas e saídas do


empreendimento está distribuída ao longo do tempo, o valor do empreendimento numa
data específica é feito pelo cálculo do “valor presente líquido”. De maneira simplificada
pode-se dizer que este indicador converte valores monetários que ocorrem em
diferentes momentos do tempo em valores monetários equivalentes a uma data
previamente especificada, normalmente a data de início do empreendimento. Valores
negativos para o VPL indicam que o empreendimento não é atrativo. Quanto mais
elevado o VPL maior a atratividade do empreendimento”. PLENA (2005).

 Taxa Interna de Retorno (TIR) – Este indicador de rentabilidade do projeto tem como
referência a taxa mínima de atratividade(TMA) ou taxa de remuneração do capital.

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Quando a TIR é inferior à TMA, o empreendimento não é viável e vice-versa. Quando
os dois indicadores se igualam o projeto tem retorno econômico equivalentes, sendo
indiferente a aplicação dos recursos em projetos produtivos ou em aplicação na
caderneta de poupança. Para projetos rurais de pequenos produtores se adota a taxa real
de juros de 6% a.a. que a remuneração da caderneta de poupança. Para projetos de
médios e grandes produtores a TMA normalmente adotada é a taxa de juros real
adotada nas principais linhas de crédito rural para a caprino-ovinocultura.

 Relação Benefício Custo (B/C) – É a relação entre o valor presente das entradas e das
saídas que aparecem no fluxo de caixa líquido. Quando esta relação é superior à
unidade o empreendimento é atrativo.

Já pela ótica econômica ou social, procura-se determinar a atratividade do


empreendimento para a sociedade como um todo. Trata-se de avaliar os fluxos de entradas
e saídas levando em conta os custos efetivos, isto é, sem as distorções dos preços de
mercado introduzidas por intervenções do governo, tais como impostos, subsídios e outras
distorções do sistema de preços.

Na prática, é comum ao preço de mercado do recurso em questão vieses na


formação dos preços por meio da agregação de impostos, tarifas aduaneiras, subsídios e
outros formas de distorção dos preços efetivos. Esses elementos são simples transferências
dos produtores e consumidores ao estado e não representam o uso real dos recursos.

A transformação dos preços de mercado(financeiros) em preços


econômicos(sociais) é feita a partir da utilização de fatores de conversão já existentes e
aceitos mundialmente. Os fatores de conversão, para o Brasil, utilizados neste estudo
foram tirados de PLENA (2005) e são apresentados a seguir:

 Padrão (utilizado para receita) ........................ 0,9522


 Investimentos .................................................. 0,8134
 Custos agropecuários ...................................... 0,8396.

Determinados os fluxos de caixa líquidos, avaliados aos preços econômicos, pode


ser calculada a taxa interna de retorno econômica ou social (TIRE) do projeto. Esta taxa
indicará qual a remuneração dos recursos que o conjunto de produtores investiu na
atividade. Deste modo, a diferença entre a TIR financeira e a econômica é que esta última
mede a contribuição ou a apropriação de ganhos por parte, dos caprino-ovinocultores, para
com a sociedade.

Esta análise será feita aqui por duas razões. Uma porque os modelos-tipo
estudados são representativos de um grande grupo de caprino-ovinocultores caracterizando
um sub-setor do agronegócio regional. O outro é em razão de o Banco do Nordeste exigir
nos projetos que demandam financiamento rural e pecuário, a análise econômica ou social
do pleito por meio de seu Sistema de Elaboração e Análise de Projeto-SEAP.

13
A análise de sensibilidade que, modo geral, é uma análise de riscos, apresentará
alternativas de rentabilidade para variações para mais e para menos em componentes de
custos e receitas numa perspectiva probabilisticamente aceitáveis.

3.3. Variáveis basilares para definição dos modelos-tipo

É notório o fato de que a caprino-ovinocultura nordestina ainda ser, em sua


quase totalidade, explorada com baixos níveis tecnológicos, gestão arcaica e inserção
deficiente no mercado. A atividade é dispersa e de pequena escala, não se caracterizando
uma cadeia produtiva com foco em agronegócio. Em vista desta evidência, não há sistemas
de produção bem delineados há, no entanto, zonas de maior concentração de animais onde
se pode vislumbrar algumas características comuns entre os estabelecimentos que exploram
ovinos e caprinos. Apesar desse perfil, análises exploratórias apontam que tais explorações
geram boa parte da renda da propriedade, denotando o grande potencial da caprino-
ovinocultura, caso fosse explorada em bases modernas.

Por outro lado, as mudanças estruturais impostas pelo mercado estão


delineando, na região, modelos de exploração dentro do enfoque de agronegócio pautado
nas experiências da bovinocultura de corte e na suinocultura.

Para as explorações tradicionais, as variáveis que caracterizam os sistemas de


produção mais adotados são: agricultor familiar, uso da caatinga com fonte principal de
alimentação, reduzido tamanho do rebanho e baixo nível tecnológico. Para os sistemas
emergentes, focados em agronegócios, as variáveis caracterizadoras destes modelos de
exploração são: elevado nível tecnológico, inserção competitiva no mercado, qualidade e
regularidade na oferta da produção, escala de produção viável e gestão profissional.

3.4. Natureza e fonte das informações utilizadas

Considerando que as explorações de ovinos e caprinos nos estados do Ceará e Rio


Grande do Norte e, até mesmo do Nordeste, não seguem um padrão empresarial que
caracterize um segmento econômico profissional, para se delinear os modelos-tipos
existentes e os emergentes é uma tarefa a ser executado, muito mais pela experiência do
investigador, do que mesmo a utilização de técnicas de amostragem estatística e métodos
econométricos.

Pelo exposto, recorreu-se a uma séries de fontes primárias e secundárias para obter
informações no sentido de delinear os sistemas de exploração ou modelos-tipo tradicionais
e/ou emergentes que melhor retratem a realidade atual e perspectivas futuras. Procurou-se,
portanto, conhecer o perfil dessas unidades produtivas que, em seu conjunto, reflete o que
em estatística descritiva é denominado de “Moda”, que é uma medida de tendência central.

Para se chegar aos modelos-tipos com o máximo de realismo, os seguintes


procedimentos foram adotados:

14
a) pesquisa exploratória com visita aos pólos de maior concentração de ovinos e
caprinos, onde já há uma certa convergência de determinados atributos nas
unidades de exploração destes animais. Foram visitados as regiões de Tauá,
Sobral/Morrinhos, Quixadá e Baixo Jaguaribe, no Ceará, e Lages/Afonso
Bezerra/Angicos e Assu, no Rio Grande do Norte. Nessas viagens foram
visitadas mais de 30 propriedades, de vários portes, assentamentos do
Programa de Reforma Agrária e associações de produtores de ovinos e caprinos.

b) Entrevistas com agentes públicos e privadas que estão pilotando programas e


ações para o soerguimento da atividade, a exemplo de: prefeituras, BNB, Banco
do Brasil, Sebrae, Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Emater, CONTAG, associações de produtores, frigoríficos,
feiras, ONGs, restaurantes, Federação da Agricultura e Secretaria da Agricultura
do Estado do Ceará. E outros atores relevantes;

c) Visitas à EMBRAPA-CNPC e suas áreas experimentais objetivando a realização


de reuniões técnicas com pesquisadores e acessar todos os trabalhos já
publicados e em elaboração e os resultados preliminares dos experimentos de
campo;

d) Pesquisa bibliográfica aprofundada sobre o tema central deste estudo;

e) Buscou-se toda a experiência do BNB em termos de coeficientes técnicos,


estudos e pesquisas, análise, aprovação e acompanhamento de projetos de
financiamento de ovinos e caprinos. Esta tarefa foi facilitada tendo em vista que
um dos autores deste estudo foi analista de projetos do BNB, inclusive, de
caprino-ovinocultura, no período de 2002 a 2004. Saliente-se que mais de 80%
dos produtores são mutuários do BNB.

f) Realizou-se um seminário para discussão da versão preliminar deste estudo no


Centro Nacional de Pesquisa de Caprinos da EMBRAPA, em Sobral, com a
presença de seus pesquisadores e de representantes da Universidade Vale do
Acaraú.

Por meio de todos estes contatos e prospecções foram coletados as informações


locais de preços, índices zootécnicos, literatura atualizada, perfil tecnológico das
explorações e opiniões abalizadas dos atores do agronegócio. A partir de toda essa massa
de dados, foi feita a análise e discussão no sentido de se definir os modelos-tipos mais
realísticos e robustos sob o ponto de vista de um sistema de exploração agroeconômica bem
caracterizado. Em função de limitações de prazo do projeto de cooperação que financia este
estudo, dos nove modelos-tipo identificados, apenas para dois serão feitas as análise de
custos, receitas, rentabilidade, além da análise econômico-financeira que é mais complexa.

15
4. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS MODELOS-TIPO

4.1. Predominantes na atualidade

a) produção de leite de cabra por agricultores familiares

Este sistema de exploração é mais freqüente no maior pólo de produção de leite de


cabra do Nordeste e tem no município de Lages-RN seu centro de convergência. É
caracterizado por agricultores familiares, dependência total do Programa do Leite, uso
intenso da pastagem da caatinga, o tamanho médio de rebanho é de 80 animais com
produção de 50 litros de leite por dia. As instalações são rústicas, as cabras são mestiças e o
controle sanitário é razoável.

Pode-se afirmar que este modelo-tipo é caracterizado por uma exploração semi-
intensiva com baixa suplementação alimentar, pastagem sem uso de irrigação com o
suporte alimentar proveniente de um sistema agrosilvipastoril de baixo nível tecnológico.

b) produção de leite de cabra focada em agronegócios

Este modelo tem maior freqüência de uso na região do cariri ocidental da Paraíba
sendo o município pólo Monteiro. A produção do leite é destinada ao Programa do
Governo e aos laticínios locais para produção de leite longa vida, queijos e iogurtes. A
atividade tem um bom nível de integração com todos os elos da cadeia produtiva. O perfil
sócio-cultural dos produtores(pequenos e médios) é razoável para o padrão da caprino-
ovinocultura regional, o nível tecnológico é caracterizado por animais com bom padrão
genético, o controle sanitário, o manejo reprodutivo e das pastagens são razoáveis. O
rebanho gira em torno de 150 animais.

A alimentação natural é um misto de pastagem de caatinga melhorada, pastos


cultivados com irrigação, palma forrageira, leucena e algaroba. A suplementação com
ração, adquirida fora da propriedade, é utilizada em épocas criticas em termos climáticos e
da curva de crescimento/lactação dos animais. Portanto, a produção de leite dentro destes
parâmetros pode ser considerada como semi-intensiva.

c) produção de carne de caprinos/ovinos por agricultores familiares

A maior freqüência das explorações de ovinos e caprinos dentro desta referência é


verificada nas regiões dos Inhamuns-CE, nordeste da Bahia, Região de Picos-PI e região de
Petrolina-PE, que correspondem aos pólos de maior concentração de ovinos e caprinos do
Nordeste. O suporte forrageiro predominante é a caatinga natural com forte tendência para
a exploração silvopastoril.

16
O manejo genético, sanitário e de pastagens é incipiente o que torna a atividade
tecnologicamente muito baixa. A gestão das propriedades é precária e feita por
agricultores familiares de baixo poder aquisitiva e nível educacional.

d) produção de carne de ovinos/caprinos no sistema agrosilvipastoril

Este modelo proposto representa a incorporação de práticas de manejo sustentável


da caatinga nativa associada a práticas agrícolas e extrativistas. Se aplica a todos os quatro
modelos considerados predominantes hoje no Nordeste. É mais compatível com a
agricultura familiar e preconiza a auto-suficiente alimentar dos rebanhos no âmbito da
propriedade.

Pode ser praticado, em regime semi-intensivo, em todas as zonas com vegetação de


caatinga e, dependendo da configuração ecológica do estabelecimento, adota-se as práticas:
silvipastoril, agropastoril e agrosilvipastoril, em função da otimização dos ganhos
ecológicos e econômicos identificados pela pesquisa.

e) Ovinocultura de médio e grande porte

Esta modalidade de exploração está se expandindo nos últimos anos em função da


existência de mercado franco para a carne ovina e de linhas de financiamento com bases e
condições favoráveis. Tais produtores já possuem alguma ligação com o campo e podem
ser caracterizados como empresários familiares rurais. Não há nenhuma concentração
espacial de tais explorações pois estão espalhados em todo o Nordeste, tanto no semi-árido
como em outras regiões, inclusive zonas não tradicionais produtores de ovinos e caprinos.

O rebanho é superior a 250 matrizes, geralmente, de mestiços da raça Santa Inês e


explorados com manejo reprodutivo, alimentar e sanitário ainda baixo, no entanto, bem
superior ao padrão regional em função da gestão administrativa ser mais profissional e da
forte articulação com o mercado comprador. O suprimento alimentar é feito por meio de
três modalidades principais: uma que é o pasto nativo e cultivado, a segunda fonte é a
silagem e o feno e a terceira são os concentrados adquiridos no mercado para
suplementação alimentar.

Os pastos cultivados geralmente tem o suporte da irrigação e são usados tanto para
produção de silagem e feno como para pastejo direto. O pasto nativo é a caatinga raleada e
melhorada que é explorada, quase que exclusivamente, durante a quadra invernosa, sendo
portanto a fonte alimentar predominante por ser a de menor custo. O manejo dos animais no
pasto é feito durante o ano por meio de piquetes(divisão de pastos), inclusive os bancos de
proteínas.

17
4.2. Emergentes

a) terminação de borregos em sistema intensivo

Este modelo-tipo, que se assemelha às explorações de suínos e bovinos muito


difundidas no Brasil, ainda é pouco freqüente na ovinocultura. Há alguns projetos pontuais
no Nordeste mas, é forte a tendência da generalização deste modelo de exploração no longo
prazo.

Este modo de exploração consiste na produção de ovinos deslanados com


predominância da raça Santa Inês em sistema intensivo de recria e engorda de cordeiros
com elevadas produtividades. Em função da escala de produção seu porte é médio ou
grande com gestão técnico-administrativa de elevado nível a semelhando dos projetos
modernos de avicultura e suinocultura. A estratégia empresarial norteadora do negócio é a
qualidade do produto, a escala de produção e a regularidade da oferta. Já a estratégia
comercial consiste na parceria formal com fornecedores de cordeiros desmamados, com
fornecedores de insumos e com frigoríficos e abatedouros.

O modelo preconiza elevados investimentos em função do alto nível tecnológico


adotado em todas as fases do processo produtivo, do tamanho da planta do empreendimento
em função da escala de produção requerida e da gestão da qualidade do produto final.

b) cria e recria em unidades de negócios separadas

Este modelo já é freqüente na bovinocultura de corte sendo plenamente viável sua


prática na caprino-ovinocultura por apresentar parâmetros técnicos e econômicos
comparáveis. Por exigir uma escala de produção razoável para ser viável sua utilização é
mais apropriada para médios e grandes produtores com administração profissional. Tal
modelo seria uma reorganização da produção que hoje se pratica nos estabelecimentos que
exploram caprinos e ovinos com a separação, em unidades de produção independentes,
porém, integradas dos processos de cria e recria dos animais.

Tal modelo-tipo pressupõe uma gestão profissional com rigorosos controles


contábeis e zootécnicos. Na prática seriam duas empresas visceralmente integradas dentro
de um mesmo estabelecimento. Sua adoção é plenamente viável em zonas semi-áridas com
a utilização de pastagens nativas melhoradas e cultivadas. Esta afirmação é calcada no fato
de já existirem estabelecimentos exitosos, com algumas características deste modelo-tipo,
no semi-árido nordestino.

Neste modelo é patente os ganhos decorrentes das economias de escopo traduzidos


pela otimização das estruturas físicas e dos processos de produção e gestão, como ganhos
de escala pela capacidade de se produzir um maior número de animais com qualidade e
com escalonamento de vendas ao longo do ano, redunda em redução de custos e ganhos de
rentabilidade, conferindo ao estabelecimento maior solidez empresarial.

18
c) cria e recria de matrizes e reprodutores

Consiste no sistema de produção de “genética” que é muito freqüente na Paraíba,


no Ceará, na Bahia e em Sergipe. Tal Modelo-Tipo preconiza elevado nível tecnológico,
altos investimentos por animal e rigorosos procedimentos técnicos exigidos pelo
Ministério da Agricultura que faz inspeções e registros dos animais.

Além da gestão dos processos administrativos há também o livro de registro de


todo o rebanho, caracterizando uma exploração de razoável complexidade. Os proprietários
são pessoas esclarecidas e conhecedores do processo produtivo e de certificação.

O mercado é franco tendo em vista as taxas de crescimento da atividade e pelo fato


de os bancos financiadores, a exemplo do Banco do Nordeste, exigirem nos projetos de
financiamento de ovinos e caprinos animais a aquisição de reprodutores PO e matrizes
melhoradas geneticamente.

Há no Nordeste uma extensa rede de selecionadores que se inserem


competitivamente no mercado, tendo as feiras e exposições agropecuárias a vitrine para
seus animais. Os preços obtidos são, em média, elevados havendo casos freqüentes de
machos PO serem vendidos ao preço de R$ 3.000,00.

d) exploração de ovinos e caprinos em sistema de integração

É um sistema de produção muito freqüente nas atividades de criação de aves e


suínos, porém, ainda não utilizado na caprino-ovinocultura . “Tal modelo estabelece uma
relação contratual firme entre empresa e integrado, possibilitando uma inserção deste no
mercado de forma sustentada”. FAVERAT FILHO & DE PAULA (2002).

Segundo os autores acima, os conceitos usados pela empresa integradora para o


sistema de parceria são:
 Terceirização de parte do processo produtivo, onde o integrado não é
produtor, mas um prestador de serviços. Os animais são de propriedade da
empresa e o integrado é responsável por seu trato e pela estrutura física do
empreendimento.
 Parceria regida por contrato que especifica normas técnicas e jurídicas.
 Criação de uma fonte de renda estável para o produtor.
 Viabilização de um fluxo contínuo e padronizado de matéria-prima para a
indústria.

As vantagens deste modelo-tipo para o integrado é acesso fácil ao mercado, às


tecnologias e financiamento de custeio da produção. Já para a integradora é seu aumento de
escala sem investimento em infra-estrutura, que cabe ao integrado, e garantia na qualidade
do produto. Em função dos baixos investimentos, da regularidade no processo produtivo e
do baixo risco de mercado, os ganhos do integrado não são elevados, no entanto, são
suficientes para sobreviverem com dignidade.

19
5. ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE DOIS MODELOS-TIPO
SELECIONADOS

5.1. Pressupostos dos modelos, índices zootécnicos e informações econômicas


utilizadas

Considerando a alta representatividade espacial, econômica e social, foram


selecionados para análise de viabilidade financeira e econômica os modelos-tipo “Produção
de Leite de Cabra por Agricultores Familiares” e “Produção de Carne de Ovinos/Caprinos
por Agricultores Familiares”. Tais modelos deverão ser considerados como referência por
serem representativos do mundo real(representam a moda) e indicativos de como deve ser
explorada tais atividades por agricultores familiares de forma a gerar renda suficiente para
proporcionar uma vida condigna para suas famílias.

A estratégia adotada foi estabelecer, como objetivo do modelo-tipo, a geração de


uma renda familiar mensal em torno de R$ 1.000,00, renda esta composta da soma dos itens:
lucro líquido, remuneração do capital investido e remuneração da mão-de-obra familiar. A
partir deste parâmetro e adotando os índices zootécnicos e as informações econômicas
obtidas junto à EMBRAPA, ao Banco do Nordeste, na literatura disponível e nas entrevistas
realizadas junto aos produtores em várias zonas de produção e instituições é que se montou
toda a estrutura de custos e receitas de referidos modelos. Nos anexos encontra-se a base de
dados que subsidiou a construção das planilhas de custos, receitas e dos fluxos de caixa.

A planilha de custos e receitas utilizada para análise foi a do ano de estabilização do


fluxo financeiro(ano 4) que é de 10 anos, correspondente a três ciclos de produção. Este
prazo é o que normalmente os bancos financiadores aceitam nos projetos que demandam
crédito para tais atividades.

Os preços dos insumos, serviços e de venda adotados representam uma média do


que foi verificado no 2º. Semestre de 2005. Nos preços de venda não incidiram impostos e
nem custos de comercialização uma vez que correspondem a vendas na porteira da fazenda.

A estrutura de custos e receitas adotada é representativa de um nível tecnológico


razoável, superior a média geral vigente hoje, porém, compatível com o perfil sócio-
econômico-cultural dos agricultores familiares. Dois fatores são marcantes nos modelos-tipo
de estudo, um é a utilização de pastos nativos e o outro é a utilização da família como
supridora de 100% da mão-de-obra. No modelo-tipo para leite 96% do suporte forrageiro é
de pastos nativos e, no outro modelo, este percentual é de 74%.

Um outro pressuposto básico adotado aqui é o fato de os modelos preconizarem a


pré-existência de uma estrutura mínima para produção pecuária composta de terra nua,
cercas, moradia, infra-estrutura hídrica e cultura forrageira(algaroba). O complemento da
estrutura do estabelecimento para a exploração de pequenos animais é feito por meio de
novos investimentos, viabilizado com o aporte de recursos próprios ou de financiamentos.

20
5.2. Análise financeira dos resultados obtidos para o modelo-tipo “Produção de
Leite de Cabra por Agricultores Familiares”

A partir da Tabela 2 visualiza-se todos os componentes de custos, receitas e as


medidas de resultados necessárias para a análise de viabilidade do modelo-tipo em epígrafe.
Os valores dos itens constantes da referida tabela são decorrentes dos procedimentos
metodológicos, da sondagem de campo e de subsídios fornecidos pela Tabela 3 e pelos
Anexos 1, 3 e 5. A região de referência para este modelo-tipo é o maior pólo de produção
de leite de cabra do Nordeste que fica na região de influência dos municípios de Lages,
Afonso Bezerra e Angicos, no Rio Grande do Norte. Nesse região a média de leite
produzido por dia é de 5.000 litros, o que representa 50% da produção nordestina.

Sendo uma atividade leiteira, o percentual da receita com leite foi de 88,5% e o
percentual restante é decorrente da venda de animais descartados e de animais com até dois
meses de vida. A receita operacional foi de R$ 21.096,71 no ano, correspondendo a R$
1.758,06 por mês para uma produção diária de 50 litros. A produção média por cabra é de
um litro/dia.

O preço do leite recebido pelo produtor é de R$ 1,03 por força do Programa do


Leite do Rio Grande do Norte. O agravante aqui é o fato de que 100% do leite ser
absorvido pelo Programa em referência e que o preço médio do leite, sem Programa, seria
de apenas R$ 0,70 o litro para um custo total de produção de R$ 0,76.

A realidade acima, de um lado imputa uma certa vulnerabilidade à atividade mas,


por sua vez, funciona como um forte indutor(política pública) da consolidação da
caprinocultura leiteira e do fomenta ao surgimento, no médio e longo prazos, de uma
demanda espontânea pelo leite caprino. Na composição dos custos diretos não constam os
itens de assistência técnica, juros sobre empréstimos, encargos sociais e pastos cultivados
tendo em vista que não houve desembolso para os mesmos em função do caráter familiar e
do nível tecnológico da exploração ou porque o Governo os assumiu, no caso, dos dois
primeiros itens mencionados.

Dos custos diretos se destacam os gastos com a compra de concentrados para


suplementação alimentar necessária às cabras leiteiras e energia/combustível necessárias
para a preparação dos alimentos e transporte do leite. O custo médio operacional por cabeça
animal do plantel é de R$ 40,00. Já o custo operacional efetivo representa 18,2% da receita
total ficando o percentual restante do custo total representado pela mão-de-obra familiar,
depreciação e remuneração do capital investido.

As magnitudes das medidas de resultados denotam a viabilidade da exploração


dentro dos pressupostos estabelecidos tendo em vista que a margem líquida anual alcançou
o valor de R$ 5.115,67, representando uma lucratividade de 24,24%. A margem líquida
mensal foi de R$ 426,30. Estes valores indicam que o empreendimento obteve um lucro
supernormal pois foi de R$ 2.580,67. Tal valor é o prêmio pela decisão do produtor
investir na caprinocultura de leite pois além de cobrir a remuneração do capital investido de
R$ 2.535,00, obteve mais R$ 2.580,67 de lucro líquido.

21
A recuperação dos investimentos adicionais no valor de R$ 26.650,00 (Tabela 3)
dar-se-á em 7,3 anos e caso tais investimentos tenham sido tomados no BNB-FNE, num
prazo de 10 anos com encargos igual a zero por ser pequeno produtor localizado no semi-
árido nordestino, o reembolso seria de R$ 2.650,00/ano comprometendo 51,8% da margem
líquida que é uma situação confortável para o produtor e plenamente aceita pelos bancos
financiadores.

A renda disponível familiar mensal que é composta pela margem líquida e pela
remuneração da mão-de-obra familiar é de R$ 1.276,00 sem considerar o pagamento do
empréstimo bancário e, R$ 1.059,47 considerando este desembolso.

Tabela 2

Demonstrativo de Custos, Receitas e Medidas de Resultado do Modelo-Tipo


“Produção de Leite de Cabra por Agricultores Familiares”

Especificação Total da Atividade (R$)


Renda Bruta (RB) 21.096,71
Venda de Leite 18.684,71
Venda de Animais 2.412,00
Custo de Produção
Concentrado(suplementação) 1.839,60
Sal Mineral 73,54
Medicamentos/Assistência Veterinária 499,40
Energia/Combustível 1.000,00
Conservação/Manutenção 320,50
Outros Custos 100,00
Custo Operacional Efetivo (COE) 3.833,04
Mão-de-Obra Familiar 10.200,00
Depreciação 1.948,00
Custo Operacional Total (COT) 15.981,04
Remuneração do Capital Investido 2.535,00
Custo Total (CT) 18.516,04
Medidas de Resultado
Margem Bruta (RB - COE) 17.263,67
Margem Líquida (RB - COT) 5.115,67
Lucro Líquido (RB - CT) 2.580,67
Lucratividade - % 24,24
Recuperação do Investimento (Anos) 7,3
Custo de um Litro de Leite – R$ 0,76
Margem Líquida Mensal – R$ 426,30
Renda Disponível Familiar Mensal – R$ 1.276,00

22
Na Tabela 3 encontra-se a composição dos investimentos totais concebidos para o
modelo-tipo em análise. Estabeleceu-se, como é comum acontecer em atividades rurais,
que o produtor possui, a priori, a infra-estrutura básica para o empreendimento composta
de terra nua e algumas benfeitorias totalizando um valor de R$ 28.350,00. Os novos
investimentos necessários a viabilização do modelo-tipo selecionado seguem os parâmetros
técnicos e de custos que o Banco do Nordeste exigiria para financiá-los. O valor dos novos
investimentos é de R$ 26.650,00 que, somados aos investimentos pré-existentes, chega-se a
um capital empatado de R$ 55.000,00. Referido empreendimento seria implantado numa
área de, no mínimo, 100 há com um rebanho total de 96 cabeças. Do total do efetivo, 71
são cabras em lactação (50 cab.) e secas (21 cab.).

Tabela 3

Composição dos Investimentos do Modelo-Tipo “Produção de Leite de Cabra por


Agricultores Familiares”

Investimentos Pré-Existentes Valor do Investimento (R$)


Terra Nua 12.750,00
Cercas 4.000,00
Infra-estrutura hídrica 5.000,00
Moradia 6.000,00
Cultura da Algaroba 600,00

Sub-Total 28.350,00

Novos Investimentos
Animais 9.600,00
Aprisco 10.000,00
Kit Ordenha 150,00
Cerca 4.000,00
Forrageira 700,00
Motocicleta 2.000,00
Pequenos Equipamentos para Manejo 200,00

Sub-Total 26.650,00

Total dos Investimentos


55.000,00

23
5.3. Análise financeira dos resultados obtidos para o Modelo-Tipo “Produção
de Carne de Ovinos/Caprinos por Agricultores Familiares”

Assim como na análise da Tabela 3, para a análise dos dados contidos na Tabela 4,
os procedimentos foram os mesmos mudando-se apenas as fontes de informações que são a
Tabela 5 e os anexos 2, 4 e 5. Já a zona de produção que serviu de base para o modelo-tipo
em referência foi a região dos Inhamuns que é o maior pólo de produção de ovinos e
caprinos do Ceará e onde já existe um padrão de exploração muito semelhante a outras
zonas produtora do Nordeste.

A atividade fim do modelo é produção de carne com uma proporção de 60% ovinos
e 40 caprinos. Além da receita com a venda de animais vivos ao preço de R$ 2,20 o quilo,
computou-se também a receita com venda de esterco e um décimo do valor da variação
patrimonial decorrente do aumento de rebanho na estabilização, considerando um fluxo de
10 anos do projeto.

O preço da carne adotado foi uma média de R$ 2,20 para o quilo do animal vivo. O
grosso dos animais são vendidos com idade superior a um ano e com peso médio de 40
quilos. Os animais são vendidos sem uma programação prévia nem contratos de
fornecimento e seu custo de produção total é de R$ 1,73 o quilo de peso vivo.

Dos custos diretos se destacam os gastos com medicamentos/assistência veterinária


em função do tamanho do rebanho e energia/combustível necessárias para a preparação dos
alimentos e gestão da propriedade. O custo médio operacional por cabeça animal do plantel
é de R$ 13,61. Já o custo operacional efetivo representa 22,02% da receita total ficando o
percentual restante do custo total representado pela mão-de-obra familiar, depreciação e
remuneração do capital investido.

Os valores das medidas de resultados mostram a viabilidade da exploração a partir


do modelo tecnológico estabelecido uma vez que a margem líquida anual alcançou o valor
de R$ 3.204,92, representando uma lucratividade de 18,5%. A margem líquida mensal, por
sua vez, foi de R$ 267,07. Estes dados mostram o lucro supernormal que o
empreendimento obteve pois foi de R$ 368,84. Tal valor é o prêmio pela decisão do
produtor investir na caprinocultura de leite que, além de cobrir a remuneração do capital
investido de R$ 2.836,08, obteve ainda R$ 368,84 de lucro líquido.

O retorno dos novos investimentos, no valor de R$ 30.068,00 (Tabela 5), dar-se-á


em mais de 10 anos e caso tais investimentos tenham sido tomados no BNB-FNE, num
prazo de 10 anos com encargos igual a zero por ser pequeno produtor localizado no semi-
árido nordestino, o reembolso seria de R$ 3.006,80/ano comprometendo 93,8% da margem
líquida que é uma situação razoável para o produtor por não comprometer o valor da
remuneração da mão-de-obra familiar porém, os bancos financiadores não financiariam tal
empreendimento pois exigem um máximo de 60% de comprometimento da capacidade de
pagamento. Neste caso o produtor teria que aportar, no projeto de financiamento, recursos
próprios para viabilizar o orçamento do projeto.

24
A renda disponível familiar mensal que é composta pela margem líquida e pela
remuneração da mão-de-obra familiar é de R$ 942,07 sem considerar o pagamento do
empréstimo bancário e, R$ 691,51 considerando este desembolso.

Tabela 4
Demonstrativo de Custos, Receitas e Medidas de Resultado do Modelo-Tipo
“Produção de Carne de Ovinos e caprinos por Agricultores Familiares”

Especificação Total da Atividade (R$)

Renda Bruta (RB) 17.309,00


Venda de Animais 14.568,00
Venda de Esterco 2.501,00
Variação Patrimonial 240,00
Custo de Produção
Manutenção Capineira Irrigada (Orçam. BNB)* 303,64
Manutenção Cultura do Milho (Orçam. BNB)* 347,36
Sal Mineral 398,58
Medicamentos/Assistência Veterinária 1.448,00
Energia/Combustível 850,50
Conservação/Manutenção 363,00
Outros Custos 100,00
Custo Operacional Efetivo (COE) 3.811,08
Mão-de-Obra Familiar 8.100,00
Depreciação 2.193,00
Custo Operacional Total (COT) 14.104,08
Remuneração do Capital Investido 2.836,08
Custo Total (CT) 16.940,16
Medidas de Resultado
Margem Bruta (RB - COE) 13.497,92
Margem Líquida (RB - COT) 3.204,92
Lucro Líquido (RB - CT) 368,84
Lucratividade (%) 18,5
Recuperação do Investimento (Anos) Mais de 10 anos
Custo de um Quilo de Carne (peso vivo) 1,73
Margem Líquida Mensal Média – R$ 267,07
Renda Disponível Familiar Mensal – R$ 942,07
(*) Excluído o custo com mão-de-obra que se insere no item mão-de-obra familiar.

Na Tabela 5, abaixo, estão elencados os investimentos totais necessários para o


modelo-tipo em análise. Estabeleceu-se, como pressuposto e por ser o padrão do mundo
real no Nordeste rural que o produtor é detentor, a priori, de uma infra-estrutura básica

25
para o empreendimento composta de terra nua e algumas benfeitorias totalizando um valor
de R$ 50.350,00.

Os novos investimentos necessários à viabilização do modelo-tipo em tela seguem


os parâmetros técnicos e de custos que o Banco do Nordeste exigiria para financiá-los. O
valor dos novos investimentos é de R$ 30.068,00 que, somados aos investimentos pré-
existentes, chega-se a um capital empatado é de R$ 80.418,00. Tal perfil patrimonial é
compatível com o pequeno produtor rural e muito acima do perfil do pronafiano. Referido
empreendimento seria implantado numa área mínima de 193 há com um rebanho total de
280 cabeças. Do total do efetivo, as matrizes somam 100 cabeças.

Tabela 5

Composição dos Investimentos do Modelo-Tipo “Produção de Carne de


Caprinos/Ovinos por Agricultores Familiares”

Investimentos Pré-Existentes Valor do Investimento – R$

Terra Nua 28.950,00


Cercas 8.000,00
Infra-estrutura hídrica 5.000,00
Moradia 6.000,00
Cultura da Algaroba 2.400,00

Sub-Total 50.350,00

Novos Investimentos

Animais 11.400,00
Aprisco 4.500,00
Silo para 50 toneladas 1.400,00
Implantação de Capineira 1.368,00
Equipamentos de Irrigação 3.000,00
Cerca 4.000,00
Forrageira 700,00
Motocicleta 3.500,00
Pequenos Equipamentos para Manejo 200,00

Sub-Total 30.068,00

Total dos Investimentos 80.418,00

26
6. ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS A PARTIR DOS FLUXOS DE
CAIXA FINANCEIRO E ECONÔMICO PARA OS DOIS MODELOS-TIPO
SELECIONADOS

6.1. Modelo-Tipo “Produção de Leite de Cabra por Agricultores Familiares”

O fluxo de caixa financeiro deste modelo-tipo foi construído com base nos mesmos
pressupostos e procedimentos adotados para obtenção dos resultados contidos na Tabela 2,
sendo que o contido na referida tabela correspondo ao ano 4 do fluxo de caixa apresentado
na Tabela 7.

Três aspectos merecem esclarecimento para o melhor entendimento da contribuição


que os indicadores fornecidos por meio destes procedimentos darão ao investidor, são eles:

 o fluxo analisado neste item é financeiro enfocando a ótica privada ou


microeconômica do empreendimento;
 o valor da remuneração da mão-de-obra que é 100% familiar é computada
tanto na linha dos custos como na das receitas tendo em vista que não se
caracteriza como uma saída de recursos do âmbito do estabelecimento.
Caso houvesse custo com mão-de-obra contratada tal valor figuraria
apenas na linha dos custos.
 A Tabela 6 apresenta os indicadores de um fluxo de caixa base que é o
padrão adotado neste estudo e a partir desta situação são feitas cinco
simulações de situações de provável ocorrência.

A partir da Tabela 6 constata-se que a situação base apresenta indicadores


excelentes com TIR = 77% e relação benefício/custo = 1,57 quando um terço da magnitude
destes indicadores já seria uma situação confortável. Saliente-se que a taxa mínima de
atratividade é de 6% e que se a TIR fosse igual a este percentual o investidor seria
indiferente quanto a opção de investir na caprinocultura ou na caderneta de poupança.
Como a TIR foi de 77% fica patente o acerto na decisão de investir na caprinocultura de
leite pelos excelentes retornos oferecidos.

Em todas as cinco simulações orientadas para aumentos nos custos decorrentes de


eventos diversos a TIR oscilou entre 34 e 77% caracterizando a robustez da viabilidade
financeira deste modelo-tipo.

27
Tabela 6

Indicadores da Análise Financeira do Modelo-Tipo “Produção de Leite de Cabra por


Agricultores Familiares”

Simulações TIR (%) VPL (R$) Relação B/C

Situação Base 77,00 82.248,44 1,57

50% da mão-de-obra é contratada 38,00 44.761,99 1,31

Redução de 20% na receita com a queda do preço do


litro do leite para R$ 0,70 34,00 36.822,97 1,25

Acréscimo nos Custos com os serviços da dívida para a


realização dos investimentos (8,75%) 44,00 52.070,56 1,30

Substituição da taxa de remuneração de 6% para 12% 77,00 56.289,00 1,49

Aumento de 10% nos custos em decorrência de redução


no uso da pastagem nativa em 30% 55,00 67.790,55 1,42

28
Tabela 7

Fluxo de Caixa Financeiro do Modelo-Tipo “Produção de Leite de Cabra por


Agricultores familiares”

Fluxo de Caixa Financeiro do Modelo-Tipo "Produção de Leite Capr


ITEM
Unidade Preço Unitário Ano 1 Ano 2 Ano 3
Receita Total 26.389,90 27.039,57 31.596,71
Descarte de Matrizes ud R$ 100,00 600,00 700,00
Desfrute de Crias ud R$ 16,00 400,00 976,00 1.712,00
Venda de Leite L R$ 1,03 15.789,90 15.263,57 18.684,71
Remuner. M-de-O familiar verba R$ 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00
Descarte de Reprodutores ud R$ 150,00 300,00
Receita de Desinvestimento verba
Custo Total 43.699,87 16.009,21 16.581,08
Investimentos 26.650,00 0,00 600,00
Reprodutores ud R$ 300,00 600,00 600,00
Matrizes ud R$ 150,00 9.000,00
Forrageira ud R$ 700,00 700,00
Moto ud R$ 2.000,00 2.000,00
Cerca ud R$ 4.000,00 4.000,00
Aprisco ud R$ 10.000,00 10.000,00
Kit Ordenha ud R$ 150,00 150,00
Pequenos Equip. p/ Manejo verba R$ 200,00 200,00
Custos de Produção 17.049,87 16.009,21 15.981,08
Vacina Raiva dose R$ 0,55 67,10 46,75 46,20
Vacina Polivalente dose R$ 0,80 97,60 68,00 67,20
Vermífugo R$ 1,00 488,00 340,00 336,00
Outros Medicamentos verba R$ 50,00 50,00 50,00 50,00
Concentrado verba R$ 0,40 2.671,80 1.861,50 1.839,60
Sal Mineral kg R$ 0,30 106,87 74,46 73,58
Energia/Combustível verba R$ 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00
Outros Custos verba R$ 100,00 100,00 100,00 100,00
Depreciação verba R$ 1.948,00 1.948,00 1.948,00 1.948,00
Remuner. M-de-O familiar verba R$ 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00

Continua na página seguinte.

29
Continuação da Tabela 7

Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10


31.296,71 31.296,71 31.596,71 31.296,71 31.296,71 31.596,71 39.906,71
700,00 700,00 700,00 700,00 700,00 700,00 700,00
1.712,00 1.712,00 1.712,00 1.712,00 1.712,00 1.712,00 1.712,00
18.684,71 18.684,71 18.684,71 18.684,71 18.684,71 18.684,71 18.684,71
10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00
300,00 300,00
8.610,00
15.981,08 15.981,08 16.581,08 15.981,08 15.981,08 16.581,08 15.981,08
0,00 0,00 600,00 0,00 0,00 600,00 0,00
600,00 600,00

15.981,08 15.981,08 15.981,08 15.981,08 15.981,08 15.981,08 15.981,08


46,20 46,20 46,20 46,20 46,20 46,20 46,20
67,20 67,20 67,20 67,20 67,20 67,20 67,20
336,00 336,00 336,00 336,00 336,00 336,00 336,00
50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00
1.839,60 1.839,60 1.839,60 1.839,60 1.839,60 1.839,60 1.839,60
73,58 73,58 73,58 73,58 73,58 73,58 73,58
1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00
100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
1.948,00 1.948,00 1.948,00 1.948,00 1.948,00 1.948,00 1.948,00
10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00
320,50 320,50 320,50 320,50 320,50 320,50 320,50
15.315,63 15.315,63 15.015,63 15.315,63 15.315,63 15.015,63 23.925,63

30
6.2. Modelo-Tipo “Produção de Carne de Ovinos/Caprinos por Agricultores
Familiares”

As mesmas observações apresentados nos três parágrafos iniciais da análise do


fluxo financeiro do item 6.1 se aplicam ao presente item mas os indicadores estão contidos
na Tabela 8 e o fluxo na Tabela 9.

Portanto, a partir da Tabela 8 constata-se que a situação base apresenta bons


indicadores com TIR = 23,67% e relação benefício/custo = 1,27. Os valores dos
indicadores se situaram na faixa de maior freqüência verificados nos projetos analisados e
aprovados pelo Banco do Nordeste.

Assim como na análise do modelo-tipo para leite, a mesma análise pode ser feita
aqui quando se constata que para uma taxa mínima de atratividade de 6% e a TIR fosse
igual a este percentual o investidor seria indiferente quanto a opção de investir na
caprinocultura ou na caderneta de poupança. Como a TIR foi de 23,675 fica patente a
decisão acertada doem apostar na caprinocultura de leite pelos bons retornos oferecidos.

A partir das simulações realizadas ficou evidenciado a vulnerabilidade do modelo-


tipo a mudanças previsíveis nos custos e nas receitas que redundam em alterações nos
fluxos líquidos de caixa. Saliente-se, no entanto, que a vulnerabilidade está relacionada
mais a redução de ganhos do que propriamente na inviabilidade do modelo proposto. Isto é
um fato em razão de apenas a simulação que prevê custos com o serviço da dívida (juros
sobre os empréstimos) em que a TIR atingiu o percentual de 4,32 quando o mínimo seria de
6% para, pelo menos o investidor, ser indiferente em aplicar na poupança ou no
empreendimento pecuário.

Tabela 8

Indicadores da Análise Financeira do Modelo-Tipo “Produção de Carne Ovina e


Caprina por Agricultores Familiares”

Situação Base e Simulações TIR (%) VPL (R$) Relação B/C


Situação Base
23,67 35.689,19 1,27
50% da mão-de-obra é contratada
8,85 5.880,83 1,04
Aumento de 10% nas receitas (ganho de peso e idade) 31,47 52.482,44 1,40

Acréscimo nos Custos com os serviços da dívida para a


realização dos investimentos (8,75%) 4,32 -3.983,82 0,98

Substituição da taxa de remuneração de 6% para 12% 23,67 17.892,45 1,17


Aumento de 35% nos custos em decorrência de redução
6,77 1.584,51 1,009
no uso da pastagem nativa em 30%

31
Tabela 9

Fluxo de Caixa Financeiro do Modelo-Tipo “Produção de Carne de Ovinos e


Caprinos por Agricultores Familiares”

Unidade Preço Unitário Ano 1 Ano 2 Ano 3


Receita Total 9.794,00 17.042,00 23.729,00
Descarte de Matrizes ud R$ 126,00 2.016,00 2.520,00
Desfrute de M/F Jovens ud R$ 105,00 5.250,00 8.505,00
Venda de Esterco t R$ 60,00 1.694,00 1.676,00 2.054,00
Remuner. M-de-O familiar verba R$ 8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00
Descarte de Reprodutores ud R$ 150,00 150,00
Variação Patrimonial verba 2.400,00
Receita de Desinvestimento verba
Custo Total 43.183,95 13.792,14 14.703,72
Investimentos 30.068,00 0,00 600,00
Implantação de Capineira verba R$ 1.368,00 1.368,00
Sistema de Irrigação verba R$ 3.000,00 3.000,00
Reprodutores ud R$ 600,00 1.800,00 600,00
Matrizes ud R$ 120,00 9.600,00
Forrageira ud R$ 700,00 700,00
Silo para 50 toneladas Unidade R$ 1.400,00 1.400,00
Moto ud R$ 3.500,00 3.500,00
Cerca ud R$ 4.000,00 4.000,00
Aprisco ud R$ 4.500,00 4.500,00
Pequenos Equip. p/ Manejo verba R$ 200,00 200,00
Custos de Produção 13.115,95 13.792,14 14.103,72
Vacina Raiva dose R$ 0,55 98,45 128,70 154,00
Vacina Polivalente dose R$ 0,80 143,20 187,20 224,00
Vermífugo R$ 1,00 616,00 836,00 1.020,00
Outros Medicamentos verba R$ 50,00 50,00 50,00 50,00
Sal Mineral kg R$ 0,30 254,80 333,10 398,58
Energia/Combustível verba R$ 850,50 850,50 850,50 850,50
Manutenção Capineira verba R$ 303,64 0,00 303,64 303,64
Cultura do Milho verba R$ 347,36 347,00 347,00 347,00
Outros Custos verba R$ 100,00 100,00 100,00 100,00
Depreciação verba R$ 2.193,00 2.193,00 2.193,00 2.193,00
Remuner. M-de-O familiar verba R$ 8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00
Cons./Manutenção verba R$ 363,00 363,00 363,00 363,00
Fluxo Líquido verba -33.389,95 3.249,86 9.025,28

Continua na página seguinte

32
Continuação da Tabela 9

Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10


25.169,00 25.169,00 25.319,00 25.169,00 25.169,00 25.319,00 34.869,00
2.600,00 2.600,00 2.600,00 2.600,00 2.600,00 2.600,00 2.600,00
11.968,00 11.968,00 11.968,00 11.968,00 11.968,00 11.968,00 11.968,00
2.501,00 2.501,00 2.501,00 2.501,00 2.501,00 2.501,00 2.461,00
8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00
150,00 150,00

9.740,00
14.103,72 14.103,72 14.703,72 14.103,72 14.103,72 14.703,72 14.103,72
0,00 0,00 600,00 0,00 0,00 600,00 0,00

600,00 600,00

14.103,72 14.103,72 14.103,72 14.103,72 14.103,72 14.103,72 14.103,72


154,00 154,00 154,00 154,00 154,00 154,00 154,00
224,00 224,00 224,00 224,00 224,00 224,00 224,00
1.020,00 1.020,00 1.020,00 1.020,00 1.020,00 1.020,00 1.020,00
50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00
398,58 398,58 398,58 398,58 398,58 398,58 398,58
850,50 850,50 850,50 850,50 850,50 850,50 850,50
303,64 303,64 303,64 303,64 303,64 303,64 303,64
347,00 347,00 347,00 347,00 347,00 347,00 347,00
100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
2.193,00 2.193,00 2.193,00 2.193,00 2.193,00 2.193,00 2.193,00
8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00 8.100,00
363,00 363,00 363,00 363,00 363,00 363,00 363,00
11.065,28 11.065,28 10.615,28 11.065,28 11.065,28 10.615,28 20.765,28

33
6.3. Análise comparativa entre os resultados financeiros e econômicos a partir dos
fluxos de caixa para os dois modelos-tipo selecionados

Aqui a análise do fluxo de caixa é feita sob o ótica econômica ou social, sendo os
modelos-tipos considerados como representativos do universo de caprino-ovinocultores, ou
seja, numa perspectiva macroeconômica.

Nos dois fluxos (anexos 6 e 7) as receitas, os investimentos e os custos foram


transformados de financeiros em econômicos por meio da utilização de fatores de
conversão utilizados por todos os analistas econômicos. A partir deste procedimento o
fluxo líquido de caixa aumentou o que gerou novos indicadores de resultados. A Tabela 10
apresenta um comparativo dos indicadores financeiros e econômicos para os dois modelos
focados neste estudo.

A TIR do modelo-tipo para leite é de 77% na ótica financeira e 129% na ótica


econômica ou social. Esta situação significa que a diferença entre as duas taxas é a
contribuição que os produtores de leite de cabra dão à sociedade. Em outras palavras, os
caprinocultores geram um valor presente líquido anual de R$ 95.392,75 mas só se
apropriam de R$ 82.298,44 ficando a diferença de R$ 13.094,31 com a sociedade na forma
de impostos, transferências, câmbio desvirtuado etc. Imagine-se o volume de recursos que
são transferidos dos produtores para a sociedade ao se multiplicar esta diferença pelo
número total de estabelecimentos. A mesma linha de raciocínio poderá ser feita para o
modelo-tipo da produção de carne. Cabe destacar apenas que um produtor familiar de carne
de ovinos/caprinos transfere para a sociedade aproximadamente R$ 14 mil por ano.

A inferência que pode-se tirar destes indicadores é que os caprino-ovinocultores


nordestinos estão transferindo vultosos recursos para a sociedade razão pela qual podem e
devem reivindicar do Governo maior apoio à atividade por meio de políticas públicas
relacionadas a pesquisa, difusão, assistência técnica, crédito barato, promoção, marketing,
sistemas de informações, capacitação e outras ações necessárias a sustentabilidade da
caprino-ovinocultora nordestina.
Tabela 10

Comparativo dos Indicadores da Análise Econômica e Financeira dos Modelos-Tipo


“Produção de Leite de Cabra por Agricultores Familiares” e “Produção de Carne
Ovina e Caprina por Agricultores familiares”

Modelo-tipo para Leite Modelo-Tipo para Carne


Indicador Financeiro Econômico Financeiro Econômico
Taxa Interna de Retorno 77,00 129,12 23,67 35,17
Econômica ou Social - %
82.298,44 95.392,75 35.689,19 49.650,62
Valor Presente Líquido a
6% - em R$
Relação Benefício/Custo 1,57 1,79 1,27 1,45

34
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A viabilidade das explorações de ovinos e caprinos praticadas por agricultores


familiares está alicerçada nos fatores a seguir:

 Ausência de encargos sociais sobre a utilização de mão-de-obra familiar;


 Ausência de impostos e custos de comercialização da produção vendida;
 Baixo custo da alimentação animal em função da riqueza qualitativa e
quantitativa da pastagem nativa (caatinga);
 Baixo custo da terra nua;
 Baixo custo da infra-estrutura hídrica por ser de pequeno porte e por ter
apoio governamental;
 Baixo custo do crédito rural, especialmente do BNB-FNE, que para
pequeno produtor os encargos reais juntamente com o bônus de
adimplência torna os encargos igual a zero;
 Baixo custo com a administração da propriedade por ser pequena e
facilmente administrado pelo seu proprietário que também exerce o papel
de trabalhador rural.

A título de recomendações para o modernização da atividade, para sua inserção na


cadeia produtiva e para a gestão sustentável, sugere-se:

 organização empresarial e gestão sustentável dos processos produtivos;


 Sensibilizar e capacitar o agricultor familiar para os novos paradigmas
decorrentes do enfoque de agronegócio;
 Prestação de assistência técnica dentro dos requisitos de uma moderna
atividade pecuária e focada em produção integrada;
 Criar mecanismos que viabilize o acesso dos agricultores familiares a
novos financiamentos por meio da sensibilização dos agricultores que
temem a tomada de empréstimos e solucionar a situação daqueles que
estão inadimplentes ou impedidos por falta de garantias;
 Condicionar todo e qualquer apoio institucional ou parceria com agentes
privados à produção com qualidade e oferta regular e planejada.

35
8. ANEXOS

ANEXO 1 – Indicadores Técnicos, Zootécnicos e Econômicos para o Modelo-Tipo


“Produção de Leite de Cabra por Agricultores Familiares”.

Capacidade de Suporte
Item Hectares UA
Caatinga Nativa 80,0 9,6
Restolho de Culturas 1,0 0,2
Cultura da Algaroba (vagem) 0,5 0,2
Área de Construção 1,5
Reserva Legal 17,0
Total da Área 100 10,0

Receita na Estabilização
Item Valor (R$)
Descarte de Matrizes 700,00
Desfrute de Crias 1.712,00
Leite Produzido no Ano 18.684,71
Total da Receita 21.096,71

Animais na Estabilização
Categoria Quantidade
Reprodutor 2
Matriz 71
Crias 12
Fêmea Jovem 11
Total 96
Referente em UA/ano 8,34
Total UA (+30%) 10,0

Índices Zootécnicos Ano 1 Ano 2 Ano 3


Partos/ano 1 1,2 1,5
Nascidos/Parto 1 1,2 1,3
Ovelhas/Reprodutor 01:35 01:35 01:35
Taxa de Reposição 10% 10%
Mortalidade 0-1 ano 15% 15% 15%
Mortalidade mais de 1 ano 3% 3% 3%
Produção de Leite 1L 1L 1L
Cabras em Produção 70% 70% 70%
Troca de Reprodutores A cada 36 meses

36
ANEXO 2 – Indicadores Técnicos, Zootécnicos e Econômicos para o Modelo-Tipo
“Produção de Carne de Caprinos/Ovinos por Agricultores Familiares”.

Capacidade de Suporte
Item hectares UA/hectare
Pastos Nativos Melhorados 144,9 17,38
Capim de Vazante/Irrigação 1,5 3,0
Restolho de Culturas 2,0 0,4
Cultura da Algaroba (vagem) 2,0 0,8
Reserva Legal 38,6
Área de Construção 2,0
Cultura do Milho para Ração 2,0 2,0
Total da Área 193 23,6

Receita na Estabilização -
Item Valor
Descarte de Matrizes 2.640,00
Desfrute de Machos Jovens 7.040,00
Desfrute de Fêmeas Jovens 4.928,00
Variação Patrimonial – aumento do rebanho 240,00
Esterco Produzido no Ano 2.461,00
Total da Receita 17.309,00

Animais na Estabilização
Categoria Quantidade
Reprodutor 3
Matriz 100
Crias 156
Fêmea Jovem 21
Total 280
Referente em UA 18,4
Total UA (+30%) 23,92

Índices Zootécnicos Ano 1 Ano 2 Ano 3


Partos/ano 1,2 1,2 1,2
Nascidos/Parto 1 1,2 1,3
Ovelhas/Reprodutor 01:35 01:35 01:35
Taxa de Reposição 20% 20%
Mortalidade 0-1 ano 5% 5% 5%
Mortalidade mais de 1 ano 1% 1% 1%

37
Anexo 3 – Demonstrativo dos Cálculos de Alguns Itens de Custos e Receitas Utilizados
no Modelo-Tipo “Produção de Leite de Cabra por Agricultores Familiares”

Investimentos Valor do Bem Vida Útil (anos) Conservação/Manutenção Depreciação Remuneração do Capital Investido Receita de Desinvestimento
Pré-Existentes
Infra-estrut. Hídrica R$ 5.000,00 25 R$ 50,00 R$ 120,00 R$ 300,00 R$ 2.000,00
Cercas R$ 4.000,00 5 R$ 40,00 R$ 320,00 R$ 240,00 R$ 800,00
Algaroba R$ 600,00 x x x R$ 36,00 x
Moradia R$ 6.000,00 25 R$ 60,00 R$ 144,00 R$ 360,00 R$ 2.400,00
Terra Nua R$ 12.750,00 x x x x x
Novos Investimentos
Motocicleta R$ 2.000,00 10 R$ 20,00 R$
160,00 R$ 120,00 R$ 400,00
Kit Ordenha R$ 150,00 10 R$ 1,50 R$
12,00 R$ 9,00 R$ 30,00
Cercas R$ 4.000,00 10 R$ 40,00 R$
320,00 R$ 240,00 R$ 800,00
Aprisco R$ 10.000,00 10 R$ 100,00 R$
800,00 R$ 600,00 R$ 2.000,00
Animais R$ 9.600,00 x x x R$ 576,00 x
Forrageira R$ 700,00 10 R$ 7,00 R$ 56,00 R$ 42,00 R$ 140,00
Equip. para Manejo R$ 200,00 10 R$ 2,00 R$ 16,00 R$ 12,00 R$ 40,00
Total R$ 55.000,00 x R$ 320,50 R$ 1.948,00 R$ 2.535,00 R$ 8.610,00

Anexo 4 - Demonstrativo dos Cálculos de Alguns Itens de Custos e Receitas Utilizados


no Modelo-Tipo “Produção de Carne de Ovinos/Caprinos por Agricultores
Familiares”
Receita de Desinvestimento
Investimentos Valor do Bem Vida Útil (anos) Conservação/Manutenção Depreciação Remuneração do Capital Investido
Pré-Existentes
Infra-estrut. Hídrica R$ 5.000,00 25 R$ 50,00 R$ 120,00 R$ 300,00
Cercas R$ 8.000,00 5 R$ 80,00 R$ 640,00 R$ 480,00
Algaroba R$ 2.400,00 144
Moradia R$ 6.000,00 360
Terra Nua R$ 28.950,00
Novos Investimentos
Motocicleta R$ 3.500,00 10 R$ 35,00 R$ 280,00 R$ 210,00
Cercas R$ 4.000,00 10 R$ 40,00 R$ 320,00 R$ 240,00
Aprisco R$ 4.500,00 10 R$ 45,00 R$ 360,00 R$ 270,00
Animais R$ 11.400,00 R$ 432,00
Forrageira R$ 700,00 10 R$ 7,00 R$ 56,00 R$ 42,00
Equip. para Manejo R$ 200,00 10 R$ 2,00 R$ 16,00 R$ 12,00
Total R$ 74.650,00 R$ 259,00 R$ 1.792,00 R$ 2.490,00

38
Anexo 5 – Caracterização e Formação dos Valores dos Itens de Custos e Receitas
Utilizados nos Dois Modelos-Tipo Selecionados

ITEM DESCRIÇÃO
Aquisição/Venda de Animais Caprinocultura de Leite

Compra: Matriz R$ 150,00


Reprodutor: R$ 300,00
Venda: Matriz R$ 100,00
Reprodutor R$ 150,00
Crias R$ 16,00
Preço do Quilo Vivo: R$2,00

Caprino/Ovinocultura de Corte
Compra: Matriz R$ 120,00
Reprodutor: R$ 600,00
Venda: Matriz R$ 130,00
Reprodutor R$ 150,00
Macho/Fêmea Jovem: R$ 2,20 kg/PV.

___________________________ __________________________________________

Variação Patrimonial No terceiro ano do fluxo de caixa(Tabela 9) foi


contabilizado o valor de R$ 2.400,00 com receita
correspondente ao acréscimo de 20 matrizes no
plantel de animais decorrente da estabilização do
rebanho.
Venda de Esterco Caprino/Ovinocultura de Corte
Considerando-se que um animal adulto produz cerca
de 600 kg de esterco/ano, recolheu-se metade da
produção (50%) para a venda, pois a outra metade é
utilizada como adubo orgânico. O preço médio da
tonelada é, em média, de R$ 60,00.
Capineira Irrigada Caprino/Ovinocultura de Corte
Segundo orçamento do Banco do Nordeste do Brasil
(BNB), o custo com implantação de um hectare de
Capineira Irrigada é de R$ 912,00, sendo sua
manutenção anual de R$ 284,00. Como utilizamos
1,5 ha., o custo com implantação foi R$ 1.368,00 e a
manutenção anual R$ 426,00.

Cultura do Milho (para silagem Caprino/Ovinocultura de Corte


e pastejo) Segundo orçamento do BNB, o custo com
implantação de um hectare de milho em regime de
sequeiro é de R$ 245,50. Como são dois hectares, o

39
custo é de R$ 491,00.
Sal Mineral Considerou-se que os caprinos consomem, em
média, oito gramas de sal mineral por dia. Já os
ovinos consomem, em média, dezesseis gramas de
sal mineral por dia. Considerou-se o preço do sal
mineral a R$ 0,30/kg.

Medicamentos Caprinocultura de Leite


Vermifugação R$ 1,00 (quatro vezes ao ano).
Vacina Raiva R$ 0,55 (uma dose/ano)
Vacina Polivalente R$ 0,80 (uma dose/ano)
Verba de R$ 50,00/ano para outros gastos com
medicamentos.

Caprino/Ovinocultura de Corte
Vermifugação R$ 1,00 (2-4 vezes/ano)
Vacina Raiva R$ 0,55 (uma dose/ano)
Vacina Polivalente R$ 0,80 (uma dose/ano)
Verba de R$ 50,00/ano para outros gastos com
medicamentos.

Energia/Combustível Caprinocultura de Leite


Estimou-se uma verba de R$ 1.000,00/ano. A
energia contabilizada aqui se destina à forrageira e
às instalações e o combustível para a moto.

Caprino/Ovinocultura de Corte
Energia R$ 276,00/ano (R$ 23,00/mês)
Combustível R$ 574,50/ano (0,5 L/dia de gasolina
colocados na moto).
Total: R$ 850,50/ano.
A energia contabilizada aqui se destina à forrageira e
às instalações.

Outros Custos Nesse item contempla-se o ITR e a compra de algum


insumo ou equipamento que vier a faltar.
Conservação/Manutenção O BNB adota 2,5% do valor do bem como sendo
destinado para sua conservação e manutenção, para
qualquer tipo de empreendimento. Adotou-se 1% do
valor do bem, pois se trata de pequenos agricultores
rurais.

Mão-de-Obra Caprinocultura de Leite


2,0 homem/ano (um gerente/proprietário R$ 500,00;
um trabalhador R$ 350,00).
Caprino/Ovinocultura de Corte

40
1,5 homem/ano (um gerente/proprietário R$ 500,00;
0,5 trabalhador R$ 175,00).

Depreciação Neste trabalho foi utilizado o método de depreciação


linear, onde é considerado o valor do bem novo
subtraído o valor residual e dividido pela vida útil do
referido bem.

Aprisco (Infra-estrutura de Caprinocultura de Leite


manejo) O valor estabelecido foi de R$ 10.000,00, pois se
trata de uma estrutura melhor elaborada. Conta-se
com bebedouro, saleiro e cocho, além da estrutura
básica.
Caprino/Ovinocultura de Corte
O valor estabelecido foi de R$ 4.500,00, pois se trata
de uma estrutura rústica, feita com materiais da
propriedade. Conta-se com saleiro, cocho e bebedor,
além da estrutura básica.
Remuneração do Capital Utilizou-se o percentual de 6% do valor dos
Investido investimentos por tratar de pequeno agricultor. O
parâmetro é a remuneração real da caderneta de
poupança.
Terra Nua O preço médio do hectare de Terra Nua foi de R$
150,00. (no semi-árido nordestino).
Moradia Estimou-se o preço da propriedade de R$ 12.000,00,
sendo que, destes, apenas 50% são utilizados na
produção, ou seja, R$ 6.000,00.
Algaroba Estimou-se em R$ 1.200,00/há o valor da cultura.
Cercas Estimou-se o preço de R$ 4.000,00/km de cerca
nova. No investimento pré-existente as cercas já
tinham 5 anos de uso e seu valor foi estimado em
R$ 2.000,00/há..
Silo Segundo dados de projeto submetido ao BNB, um
silo trincheira para 50 t custa R$ 1.400,00.
Infra-estrutura hídrica Consiste em cacimbões, poços ou barreiros com vida
útil de 25 anos. Seu valor foi estimado em R$
5.000,00 por contar com subsídios do Governo.
Moto Caprinocultura de Leite
Obteve-se um valor médio de R$ 2.000,00 para a
compra da moto.
Caprino/Ovinocultura de Corte
Obteve-se um valor médio de R$ 3.500,00 para a
compra da moto.

Forrageira Caprinocultura de Leite


Utiliza-se para preparação da alimentação dos

41
animais (mandioca, vagem de algaroba, capim,
milho, xique-xique).

Caprino/Ovinocultura de Corte
Utiliza-se para preparação da alimentação dos
animais (mandioca, capim, vagem de algaroba,
milho)
Pequenos Equipamentos para Abrange burdizzo, facão, baldes, ferro para
Manejo descorna, descascador etc.
Equipamentos de Irrigação Orçamento segundo BNB. Utilizam-se
equipamentos simples para irrigação.
Concentrados Utilizam-se múltiplas misturas com milho,
mandioca, sorgo, leucena, além de misturas já
prontas como farelo de soja, torta de algodão e
farelo de milho.

42
Anexo 6 - Fluxo de Caixa Econômico do Modelo-Tipo “ Produção de Leite de Cabra
por Agricultores Familiares”

Fator de Conversão Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4


Receita Total 0,9522 25.128,46 25.747,08 30.086,39 29.800,73
Custo Total 35.992,18 13.441,33 13.905,76 13.417,72
Investimentos 0,8134 21.677,11 0,00 488,04 0,00
Custos de Produção 0,8396 14.315,07 13.441,33 13.417,72 13.417,72
Fluxo Líquido -10.863,72 12.305,75 16.180,63 16.383,01

Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10


29.800,73 30.086,39 29.800,73 29.800,73 30.086,39 37.999,17
13.417,72 13.905,76 13.417,72 13.417,72 13.905,76 13.417,72
0,00 488,04 0,00 0,00 488,04 0,00
13.417,72 13.417,72 13.417,72 13.417,72 13.417,72 13.417,72
16.383,01 16.180,63 16.383,01 16.383,01 16.180,63 24.581,45

43
Anexo 7 - Fluxo de Caixa Econômico do Modelo-Tipo “Produção de Carne de
Caprinos e Ovinos por Agricultores Familiares”

Fator de Conversão Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4


Receita Total 0,9522 9.325,85 16.227,39 22.594,75 23.965,92
Custo Total 35.469,46 11.579,88 12.329,52 11.841,48
Investimentos 0,8134 24.457,31 0,00 488,04 0,00
Custos de Produção 0,8396 11.012,15 11.579,88 11.841,48 11.841,48
Fluxo Líquido -26.143,62 4.647,51 10.265,23 12.124,44

Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10


23.965,92 24.108,75 23.965,92 23.965,92 24.108,75 33.240,35
11.841,48 12.329,52 11.841,48 11.841,48 12.329,52 11.841,48
0,00 488,04 0,00 0,00 488,04 0,00
11.841,48 11.841,48 11.841,48 11.841,48 11.841,48 11.841,48
12.124,44 11.779,23 12.124,44 12.124,44 11.779,23 21.398,87

44
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Sobral, EMBRAPA-Caprinos, 1992. (circular técnica nº 11)

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46

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