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ACÓRDÃO Nº: 20080522771 Nº de Pauta:226

PROCESSO TRT/SP Nº: 01014200626302002


RECURSO ORDINÁRIO - 03VT de Diadema
RECORRENTE: 1. JOSÉ DA SILVA 2. ARAGUAIA CONSTRUTORA BRASIL
RODOVIAS S/A
RECORRIDO: 1. VIGEL MÃO DE OBRA TEMPORÁRIA LTDA 2. POLO
LOCADORA DE BENS LTDA

ACORDAM os Juízes da 12ª TURMA


do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em:
por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso
ordinário do reclamante, para reconhecer o vínculo
empregatício com a empresa Araguaia Construtora Brasileira
de Rodovias S/A, a partir de 19/11/2001, na função de
operador de rolo, com salário conforme reajustes normativos,
acrescendo-se a condenação FGTS + 40%, horas extras, férias
em dobro acrescidas de 1/3 e 13º proporcional relativas ao
referido período, devendo a 3ª recorrida (Polo Locadora de
Bens Ltda.) responder solidariamente pelos créditos
deferidos; por igual votação, NEGAR PROVIMENTO ao recurso
interposto pela empresa Araguaia Construtora Brasileira de
Rodovias S/A. Mantém-se o valor arbitrado a condenação para
efeitos de custas processuais.

São Paulo, 12 de Junho de 2008.

NELSON NAZAR
PRESIDENTE E RELATOR

PROCESSO TRT/SP Nº 01014200626302002


RECURSO ORDINÁRIO
RECORRENTES: 01) JOSÉ DA SILVA
02) ARAGUAIA CONSTRUTORA BRASILEIRA DE RODOVIAS S/A
RECORRIDOS: 01) VIGEL MÃO-DE-OBRA TEMPORÁRIA LTDA.
02) POLO LOCADORA DE BENS LTDA.
ORIGEM : 3ª VARA DO TRABALHO DE DIADEMA

Inconformado com a r. sentença de fls. 311/318, complementada pelas


decisões proferidas em sede de embargos declaratórios (fls. 343 e
348), que julgou parcialmente procedente a reclamação trabalhista,
interpõe o reclamante o RECURSO ORDINÁRIO de fls. 339/342,
postulando, em resumo, o reconhecimento do vínculo empregatício a
partir de 19/11/2001. A reclamada ARAGUAIA CONSTRUTORA BRASILEIRA DE
RODOVIAS S/A, por sua vez, interpõe o RECURSO ORDINÁRIO de fls.
354/360, postulando a reforma da sentença nos seguintes aspectos: a)
horas extras; b) acordo de compensação; e c) férias.
Contra-razões da reclamada Araguaia Construtora Brasileira de
Rodovias S/A (fls. 350/353) e do reclamante (fls. 384/391).
É o relatório.

V O T O

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço dos recursos


ordinários.

DO RECURSO DO RECLAMANTE

Postula o reclamante o reconhecimento do vínculo empregatício no


período anterior ao reconhecido pelo Juízo de origem, qual seja, de
19/11/2001 a 01/03/20002.
Não obstante o posicionamento do Juízo a quo, da análise do conjunto
probatório realizado nos autos, não se verifica contradição entre o
depoimento prestado pela 2ª testemunha trazida pelo reclamante (Sr.
Sebastião dos Santos) e as informações prestadas na audiência de
instrução de sua própria reclamação trabalhista (fls. 289).
Assim, tem-se que restou plenamente demonstrado por meio do
depoimento da testemunha Sebastião dos Santos o labor, na função de
operador de rolo, no ano de 2001. Senão vejamos (fls. 93):

5) que quando chegava no canteiro de obras o reclamante sempre estava


trabalhando como rolista, inclusive em 2001;
Dessa forma, considerando a comprovação da prestação de serviços no
período anterior ao reconhecido pelo Juízo de origem, impõe-se a
reforma da sentença para reconhecer o vínculo empregatício com a
empresa Araguaia Construtora Brasileira de Rodovias S/A, a partir de
19/11/2001, na função de operador de rolo, com salário conforme
reajustes normativos, acrescendo-se a condenação FGTS + 40%, horas
extras, férias em dobro acrescidas de 1/3 e 13º proporcional
relativas ao referido período, devendo a 3ª recorrida (Polo Locadora
de Bens Ltda.) responder solidariamente pelos créditos deferidos,
tendo em vista pertencerem ao mesmo grupo econômico, conforme
reconhecido pelo Juizo a quo.

DO RECURSO DA RECLAMADA

HORAS EXTRAS

Sustenta a reclamada, inicialmente, que o depoimento da testemunha


Jocely Borges dos Santos não pode ser considerado válido, vez que
conflita com os termos de sua própria reclamação trabalhista no que
tange a jornada de trabalho. Alega a recorrente que referida
testemunha, na qualidade de autora, reconheceu a veracidade das
anotações de horário constantes dos cartões de ponto, enquanto, como
testemunha, afirmou a incorreção dos referidos registros. Postula,
por fim, a expedição de ofícios ao Ministério Público para apuração
de eventual crime de falso testemunho.
O inconformismo não prospera, na medida em que a pretensão da
reclamada quanto ao reconhecimento da jornada registrada nos cartões
de ponto é inócua por não ter a recorrente colacionada aos autos,
como lhe incumbia, os referidos cartões, o que leva a prevalência dos
horários descritos na inicial.
Nesse sentido a Súmula nº 338, inciso I, do C. TST:

338 - Jornada de trabalho. Registro. Ônus da prova.


(Res. 36/1994, DJ 18.11.1994. Redação alterada - Res 121/2003, DJ
19.11.2003. Nova redação em decorrência da incorporação das
Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SDI-1 - Res. 129/2005,
DJ. 20.04.2005)
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o
registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A
não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera
presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode
ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 - Res 121/2003,
DJ 19.11.2003) (grifo nosso)

Destarte, nenhum reparo está a merecer a r. decisão que acolheu como


corretos os poucos cartões de ponto acostados aos autos,
prevalecendo, para os períodos restantes, a jornada descrita na
exordial.
Melhor sorte não socorre a recorrente quanta a compensação de
jornada, vez que não foi acostado aos autos qualquer acordo com o
objeto em questão, descumprindo, portanto, os termos do art. 59 da
CLT.
Por fim, não há que se falar no deferimento de expedição de ofício ao
Ministério Público para apuração de eventual crime de falso
testemunho, já que inexistem indícios da prática de falsidade.

FÉRIAS

Alega a recorrente ser indevida a condenação, uma vez que restou


cabalmente comprovado nos autos o gozo de férias coletivas todo final
de ano.
Razão, contudo, não assiste a recorrente.
Como bem salientou o Juízo da Vara de origem, a reclamada não
comprovou o cumprimento das regras atinentes as férias coletivas
constantes dos arts. 139, 140 e 141 da CLT, in verbis (fls. 314):

Estabelece a CLT por meio dos artigos 139/141 as regras para a


concessão de férias coletivas, incluindo a comunicação ao Sindicato.
A reclamada em momento algum cuidou de juntar essa prova documental,
não havendo nos autos prova da comunicação prévia com fixação das
datas de descanso, nem o pagamento discriminado em documento próprio.
Note-se ainda, que a testemunha da ré nada prova sobre o tema,
havendo notícias da primeira testemunha do autor, Jocely, do trabalho
durante o final do ano. Assim, não há prova do descanso de qualquer
férias.
Assim, defiro os pedidos "4 e 6", com exceção do período anterior a
01 de março de 2002, autorizado a compensação de valores pagos sob
idênticos títulos.

Destarte, mantenho a decisão.

Em vista do exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso ordinário do


reclamante, para reconhecer o vínculo empregatício com a empresa
Araguaia Construtora Brasileira de Rodovias S/A, a partir de
19/11/2001, na função de operador de rolo, com salário conforme
reajustes normativos, acrescendo-se a condenação FGTS + 40%, horas
extras, férias em dobro acrescidas de 1/3 e 13º proporcional
relativas ao referido período, devendo a 3ª recorrida (Polo Locadora
de Bens Ltda.) responder solidariamente pelos créditos deferidos; e
NEGO PROVIMENTO ao recurso interposto pela empresa Araguaia
Construtora Brasileira de Rodovias S/A.
Mantenho o valor arbitrado a condenação para efeitos de custas
processuais.

NELSON NAZAR
Desembargador Federal do Trabalho
Relator
a/4

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