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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UERJ

AS ESTRUTURAS ELEMENTARES DAS


POLITICAS PÚBLICAS
(Questões)

Aluno:

 Uriel Ricardo de Almeida Daltro


Professora:

 Ângela Carrancho da Silva

Rio de Janeiro, 2018


Elabore uma síntese sobre as quatro estruturas elementares destacadas pelo autor.
Indique e justifique sua importância no campo das políticas públicas para o autor.

O autor Geraldo Di Giovanni, apresenta em seu texto “As estruturas elementares das
políticas públicas” como a expressão políticas públicas, bem como suas aplicações e
expansões se deram no mundo europeu no período que se iniciou no pós II Guerra,
acompanhando as mudanças que se sucederam no mundo contemporâneo. A expressão
Políticas públicas, segundo Di Giovanni, “parece ter entrado definitivamente no
vocabulário contemporâneo em função de quatro fatores”, sendo eles fatores de natureza
macro econômica; de natureza geopolítica; de natureza política e de natureza cultural e
sociológica.

O fator de natureza macro econômica que concretizou a expressão políticas públicas na


contemporaneidade, está diretamente ligado à derrota do modelo econômico liberal
adotado enquanto política econômica no período que se sucedeu a primeira guerra
mundial, modelo que se baseava na ideia de um mercado auto regulável, centrado
também em uma política não intervencionista do Estado, no que diz respeito ao mercado
econômico. Este fato, tornou necessária a implementação de novas medidas no plano
econômico, e por consequência, no plano social; as novas medidas adotadas pelas
potencias do bloco capitalista pós-guerra se centraram nos pensamentos Keynesianos,
onde diferentemente do modelo liberal, cabia ao Estado o papel de interventor na vida
econômica e social, através das politicas publicas, que passaram a fazer parte do dia a
dia da política dos países que adotara esse modelo econômico.

O mundo europeu viveu um período de tensões políticas e ideológicas no tempo em que


se sucedeu o fim da segunda guerra, com a polarização entre o bloco capitalista, com
suas políticas neoliberais, e o bloco dos países socialistas, que representavam uma
experiência de organização social alternativa ao capitalismo; a experiência socialista
nesse período representou não somente uma ameaça externa aos países capitalistas, mas
também interna, através dos partidos, sindicatos e outras figuras ligados ao trabalhismo,
essa ameaça interna colocou em cheque a relação Capital e trabalho, obrigando os
Estados a criarem novas medidas e ações no que dizem respeito as relações sociais de
trabalho, através sobretudo das políticas publicas, sob a forma de programas de proteção
social. Essa relação capital e trabalho, juntamente com a polarização do mundo europeu
representaram o fator de natureza geopolítica que foi um dos responsáveis por colocar
em cheque, bem como concretizar, o termo politicas publicas na contemporaneidade.

No que diz respeito ao fator de natureza política, Di Giovanni, defende que período que
compreende o segundo pós guerra até os dias atuais representaram a consolidação da
democracia ocidental, entendida aqui como a livre expressão política e
representatividade; o que se produziu uma nova relação da sociedade com o Estado,
onde um Estado democrático não deveria garantir o básico de uma democracia, mas
também deve dar uma resposta as demandas da sociedade. O Novo modelo de se fazer
política, que se estende até os dias atuais, leva também ao fator de natureza cultural e
sociológica, mais um dos fatores responsáveis pela consolidação do termo políticas
publicas na contemporaneidade, visto que desde o pós guerra a sociedade global passou
por modificações no modo de vida, nos mais variados níveis do plano social, cultural e
político, que vieram a influenciar diretamente no modo de se fazer politica, modificação
que foi descrita por Daniel Bell como a “revolução das expectativas”, onde a sociedade
passa a agir politicamente através da relação direito/demanda, demonstrando a clara
importância das politicas publicas nas sociedades contemporâneas, visto que essas ações
intervencionistas do Estado não devem se concretizar em um plano político vertical,
onde se ignora as demandas sociais, mas sim em um plano participativo da sociedade,
que deve expor suas demandas e participar ativamente nas politicas publicas que serão
adotadas pelo Estado.

Elabore uma síntese sobre as quatros estruturas elementar destacada pelo autor.
Indique e justifique sua importância no campo das políticas públicas para o autor

No tópico em destaque, a cerca das quatros estruturas elementares das politicas


públicos, Geraldo DI GIOVANI busca demonstrar em sua teoria, através de
observações históricas, as estruturas invariantes que norteiam as politicas publicas,
embora possa se manifestar de diferentes formas e especificidade. Para o autor, as
estruturas elementares são totalidades estruturadas, discretas, que surgem da relação dos
elementos invariantes presentes, sendo esses a teoria, prática e os resultados; embora
seja invariante, a análise de tais estruturas em um dado contexto, bem como se
relacionam, são subjetivos, pois estão associadas à visão de quem as estuda, que no caso
de DI GIOVANI se observou a estrutura formal, composta pelos elementos: “teoria”,
práticas e resultados; da estrutura substantiva, composta pelos elementos: atores,
interesses e regras; da estrutura material, composta pelos elementos; financiamento,
suportes, custos; e da estrutura simbólica, composta pelos elementos: valores, saberes e
linguagens e como essas estruturas se relacionam.

ESTRUTURA FORMAL
Estabelece as relações indissociáveis entre uma “teoria”, um conjunto de práticas e um
conjunto de resultados, e embora não seja capaz de se esgotar todos os elementos
envolvidos numa intervenção política, revela o resultado de um processo complexo de
interações que terminam em uma configuração especifica dessa intervenção, segundo
DI GIOVANI, “A ‘teoria’ pode condensar um grande rol de informações sobre os
conteúdos técnico, político, cultural e ideológico tanto da intervenção, quanto da
situação social na qual busca intervir. As práticas, por sua vez, revelam a natureza
prática da política; em outras palavras, quais e quantas medidas e ferramentas foram
selecionadas vis-à-vis o terceiro elemento estrutural que são os resultados, ou
almejados, ou efetivamente alcançados”.

ESTRUTURA SUBSTANTIVA
Se entendendo as políticas públicas como atividades, se entende também que tais
politicas se concretizam através de ações sócias de sujeitos movidos pelo que autor vai
definir como interesses, ou seja, o objetivo prático desses atores sociais, que no texto
em questão serão definidos como “todas as pessoas, grupos ou instituições que, direta
ou indiretamente participam da formulação, da implementação e dos resultados de uma
política”, que se farão respresentados em um conjunto de regras, que se concretizam na
forma de normas sociais, leis, padrões éticos, etc. que vão permear a concretização do
interesse do(s) grupo(s). Para uma maior clareza dos interesses e atores sociais a quem
interessam, DI GIOVANI agrupa esses interesses em três ordens que são os interesses
econômicos (empresariais, corporativos e/ou individuais), interesses políticos (de
agentes políticos e tecno-burocraticos) e interesses de reprodução social (portadores de
carências ou demandas específicas), que foram atribuídos a lógicas especificas, o
primeiro associado a logica da cumulação de capital; o segundo associado a lógica da
acumulação de poder político; e terceiro associado lógica da acumulação de recursos de
bem estar.

ESTRUTURA MATERIAL
Busca entender os aspectos econômicos presentes nas politicas públicas, compostos por
elementos que dizem respeito à sua exequibilidade e sustentação material: sendo eles o
financiamento, os custos e os suportes. A quantidade, os meios e as regras de
financiamento muito dizem sobre posicionamento adotado em uma política pública,
visto que os modos de financiamento de determinadas causas podem revelar a
relevância delas no eixo das políticas públicas e nas relações entre estado e economia.
Já o elemento custos se liga as condições que são dispostas para uma determinada ação,
podendo ser tanto uma fonte de viabilização, como também um meio de impor barreiras
para efetivação dessas ações. O elemento tem um papel de enorme relevância para a
compreensão das estruturas elementares que compõem as políticas públicas, pois tais
políticas não podem se isolar em si mesmas, pois necessitam de outros aparatos para sua
concretização, como os aparatos sociológicos e econômicos, que muitas vezes são
deixadas em segundo plano ao se analisar as estruturas.

ESTRUTURA SIMBÓLICA

É composta pelos elementos valores, saberes e linguagens. O elemento valores diz


respeito à interferência ideológica que compõe todos os espaços, bem como todas as
situações sociais e políticas que viabilizam essas ações. Já o campo dos saberes diz
respeito a todo o conhecimento racional que já foi desenvolvido em determinada área, é
de certa maneira também um norteador dos valores. O elemento das linguagens diz
respeito à forma de comunicação própria dos atores e de determinada área da política.
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Bibliografia:

-----DI GIOVANNI, Geraldo. As Estruturas Elementares Das Políticas Públicas.


Caderno de pesquisa nº 82, Campinas: NEPP/ UNICAMP, 2009.

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