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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 4ª

VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARAGUARI – MG

Autos nº.

EXECUTADOS, devidamente qualificados nos autos em epígrafe, por intermédio


de seu curador especial, conforme nomeação à f. 84 dos autos, vêm,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, XXXIV,
“a”, e XXXV, da Constituição Federal e na Súmula 393 do Superior Tribunal de
Justiça, apresentar:

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

nos autos da Execução Fiscal nº., movida pela UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica
de direito público, também qualificada nos autos, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos:

I. DO RELATÓRIO

Trata-se de execução fiscal promovida pela Procuradoria-Geral da Fazenda


Nacional, distribuída em 27 de junho de 2008, a fim de satisfazer os créditos
tributários oriundos das inscrições em dívida ativa n os. 60.6.08.002559-21,
60.6.08.002560-65, 60.6.08.002561-46, 60.6.08.002562-27 e 60.6.08.002563-08.
Quando da distribuição, o valor da causa estava em R$ 107.892,00 (cento e sete
mil, oitocentos e noventa e dois reais).
O despacho de citação, marco interruptivo da prescrição, foi proferido em 4
de julho de 2008 (f. 10), enquanto a primeira tentativa de citação ocorreu em 9 de
setembro de 2008 e restou frustrada (f. 11 verso). Após tal tentativa, foi requerido
pela Fazenda Nacional a inclusão do sócio no polo passivo da ação, pleito
indeferido pelo Douto Juízo à f. 24.
Realizada nova tentativa de citação por correspondência, à f. 29 verso
aportou outra comunicação de não realização do ato em 18 de agosto de 2009. Em
seguida fora determinada a citação por oficial de justiça, sendo certificado em 18
de outubro de 2010 que a empresa não mais funcionava naquele endereço e estava
desativada. Com base em tal informação, foi requerido pela Fazenda Nacional a
desconsideração da personalidade jurídica e a citação na pessoa do sócio-
administrador à época dos fatos, o senhor XX (ff. 40-41), sendo tal medida deferida
em 22 de fevereiro de 2011 (ff. 49-51).
Após a inclusão de XX na lide, foram promovidas três tentativas de citação,
conforme ff. 53 verso, 70 verso e 75. Diante das frustradas tentativas, em especial
a de f. 75, em que a irmã do requerido informou que este havia mudado para o
estado do Pará, foi determinada a citação editalícia em 24 de abril de 2013 (f. 77).
O edital foi expedido em 11 de setembro de 2013 (f. 78), mais de cinco anos
após a interrupção da prescrição. Não obstante, em 11 de fevereiro de 2014 foi
nomeado curador especial para os requeridos (f. 81), tendo sido certificado em 30
de abril de 2018 (f. 83) que os autos ficaram paralisados na secretaria do Juízo.
Convém destacar que, durante o período em que os autos estavam
paralisados, a Fazenda Nacional permaneceu inerte.

II. DO DIREITO

II.I. DA PRESCRIÇÃO

Tendo em vista a necessária limitação temporal para o exercício de todo e


qualquer direito, o sistema jurídico possui dois institutos hábeis a propiciar a
segurança jurídica nesse aspecto: a decadência e a prescrição. Uma vez que, no
caso em tela, a Fazenda Pública promoveu a constituição de seu crédito no prazo
previsto na legislação pátria, a única outra forma de fulminar tal pretensão estatal
seria por meio da prescrição.
A respeito de tal tema, o artigo 174 do Código Tributário Nacional, em seu
caput, assevera que a ação para cobrança do crédito tributário prescreverá em
cinco anos, enquanto o artigo 175, I, do mesmo diploma, dispõe que o despacho
que determina a citação é um marco interruptivo de tal prazo. Imperioso reforçar
que tal prazo aplica-se também à prescrição intercorrente, conforme valiosa lição
de Leandro Paulsen:

“A prescrição intercorrente é a que ocorre no curso da


Execução Fiscal quando, interrompido o prazo prescricional
pelo despacho do Juiz que determina a citação, se verificar a
inércia do Fisco exequente, dando ensejo ao reinício do prazo
quinquenal.” (PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário
completo, 8.ed., São Paulo: Saraiva, 2017, p.290)

No presente caso, o prazo prescricional iniciou nova contagem na data


de 4 de julho de 2008 (f. 10), tendo transcorrido mais de cinco anos quando
da efetiva publicação do edital de citação. Até a presente data, o transcurso
temporal atingiu a marca de nove anos, dez meses e dezessete dias.
Ou seja, ainda que seja invocada a controversa súmula 314 do Superior
Tribunal de Justiça – destaca-se que a controvérsia se dá pela validação de norma
notadamente viciada, como é o caso do artigo 40 da nº. 6.830/80, que oriunda de
processo legislativo ordinário dispõe sobre assunto reservado à legislação
complementar – o prazo prescricional de cinco anos foi, em muito, ultrapassado.
Mais uma vez preciosa a lição de Paulsen:

“Mas o TRF4 decidiu pela inconstitucionalidade parcial do art.


40, caput e § 4o, da LEF, por entender que a interpretação que
leva ao prazo de seis anos viola a reserva de lei complementar
para cuidar de prescrição. Sua Corte Especial entende que não
caberia ao legislador ordinário estabelecer hipótese de
suspensão da prescrição, tampouco levar ao aumento do
prazo quinquenal. Daí por que conta o prazo de cinco anos já
a partir do despacho que determina a suspensão da execução
e não do decurso de um ano.” (PAULSEN, Leandro. Curso de
direito tributário completo, 8.ed., São Paulo: Saraiva, 2017, p.291)

Tendo em vista o extenso lapso temporal entre o marco interruptivo e a


presente data, forçoso é o reconhecimento da prescrição e a consequente extinção
do crédito tributário, esta pautada no artigo 156, V, do Código Tributário Nacional.

II.II. DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

O Código de Processo Civil, em seu artigo 85, determina que a sentença


condene o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor, enquanto seu
segundo parágrafo dispõe sobre o cálculo de tal verba:

“§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o


máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para
o seu serviço.” [grifo nosso]

Por se tratar de causa em que a Fazenda Pública é parte, forçosa a aplicação


do parágrafo terceiro:

“§ 3o Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação


dos honorários observará os critérios estabelecidos nos
incisos I a IV do § 2o e os seguintes percentuais:
I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido até 200
(duzentos) salários-mínimos;” [grifo nosso]

Portanto, tendo em vista se encontrarem presentes todos os requisitos,


necessária é a fixação de honorários sucumbenciais em favor deste curador
especial em porcentagem não inferior a 10% (dez por cento) sobre o valor
atualizado da presente causa.

V. DOS PEDIDOS

Como decorrência dos fatos e fundamentos jurídicos expostos, não


prescindidos, todavia dos eméritos suplementos de Vossa Excelência, requer:

1) Seja a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional intimada para manifestar-


se sobre eventual causa suspensiva ou interruptiva da prescrição que não tenha
sido colacionada aos autos;
2) Seja reconhecida a prescrição intercorrente, tendo em vista o transcurso
de mais de nove anos e dez meses desde o despacho citatório;
3) Seja extinto o crédito tributário, com fundamento no artigo 156, V, do
Código Tributário Nacional;
4) Sejam fixados honorários de curador especial, tendo em vista a
constituição nos moldes do artigo 72, II, do Código de Processo Civil;
5) Sejam fixados honorários sucumbenciais em favor deste curador especial,
nos termos do artigo 85, §§ 2º e 3º, do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Araguari – MG, 21 de maio de 2018.


ADVOGADO
OAB

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